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MÓDULO 02

PLANEJAMENTO PARA O
CULTIVO DAS TERRAS
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Abertura do Módulo 2
Ao final dos estudos deste módulo, esperamos que você conheça os requisi-
tos básicos para o cultivo das terras a fim de prever possíveis custos e inves-
timentos técnicos necessários à sua propriedade.

Você aprenderá também um pouco sobre os sistemas de preparo do solo e


poderá optar por aquele mais adequado ao tipo de solo e relevo da sua re-
gião, além de conhecer um pouco sobre as classes de capacidade de uso das
terras a fim de facilitar o planejamento agrícola.

Avance para a Aula 1 sobre os fatores que fazem a diferença para a pro-
dução agrícola!

BONS ESTUDOS!

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AULA 1
FATORES
CONDICIONANTES
DA PRODUÇÃO
AGRÍCOLA
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Considerações iniciais
Você conheceu um pouco sobre morfologia dos solos e seus fatores de for-
mação no módulo anterior. Agora, é hora de avançar e conhecer alguns as-
pectos que também precisam ser levados em conta antes de iniciar o cultivo
das terras.

Segundo a Companhia Nacional de


Abastecimento (Conab), para uma
gestão eficiente da produção agríco-
la, é necessário conhecer os gastos
com insumos e serviços na lavoura.

A identificação desses gastos impacta em redução dos custos na produção,


além de evitar o uso indiscriminado do solo, que provoca a sua degradação e
a perda da capacidade produtiva.

Podemos citar como aspectos importantes e básicos para o cultivo das terras
a necessidade de alguns elementos específicos, tais como:

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

ASSISTÊNCIA TÉCNICA
A assistência técnica é uma prestação de serviços de profissionais qualificados,
como técnicos e engenheiros agrônomos, que o produtor pode requerer em
qualquer uma das fases de produção.

Podem ser empresas particulares ou órgãos públicos (Emater, Prefeituras...).

No SENAR, há a Assistência Técnica e Gerencial - ATeG.

A ATeG é uma assistência continuada com possibilidade de 24 visitas, dentro do período


de 2 anos.

AMOSTRAGEM E ANÁLISES DO SOLO


EM LABORATÓRIO
A análise do solo é o ponto de partida para qualquer tipo de manejo e é se-
melhante a um exame de sangue que você faz:

Uma amostra de solo é coletada


e enviada a um laboratório cre-
denciado (importante que seja um
laboratório credenciado para que o
resultado das análises seja válido).

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Todos os resultados obtidos são impressos e entregues ao produtor. Essas


análises podem ser de dois tipos:
• químicas: com análise da fertilidade do solo; e

• físicas: com análise da textura, da porosidade, da estrutura e da agregação.

Para que seja possível coletar o material e obter resultados que realmente cola-
borem com a sua produção, é importante seguir um plano de amostragem. In-
clusive, o plano de amostragem é um dos temas debatidos na rede Papo Agro.

Rafael @rafael Pesquisar em PapoAgro


Olá @rodolfo!
Conversei com alguns produtores da região e eles
me aconselharam a fazer um plano de amostragem Sugestões
para melhorar minha produção.
Rafael Seguin...
Mas acontece que não faço ideia de como começar @rafael
isso. Você pode me ajudar, por favor?!
Madalena Seguin...
@madalena
Rodolfo @rodolfo
Olá @rafael! Opa! É claro! Com prazer! Lucas
Seguin...
@lucas
O vídeo que vou compartilhar com você tem um passo
a passo bem legal sobre como o produtor deve fazer
para trabalhar com um bom plano de amostragem.
Compartilhe também com seus amigos produtores. Principais discussões
#Hojeediadeplantar

#HeyAgroboy

Veja, a seguir, o conteúdo na íntegra do vídeo compartilhado pelo Rodolfo.

Amostragem e análises do solo em laboratório


Plano de amostragem

Olá! Tudo bem? É importante que


você saiba que a coleta das amos-
tras de solo deve englobar toda
a propriedade.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Vamos analisar juntos um plano de amostragem para auxiliar na coleta


das amostras?

Primeiro, separe sua propriedade em áreas semelhantes, ou seja, áreas pla-


nas, áreas de encosta, áreas de várzea. Essas áreas devem englobar, no má-
ximo, vinte hectares.

Depois, retire uma amostra composta de terras pertencentes ao mesmo tipo


de relevo.

Atenção: uma amostra composta é constituída por, aproximadamente, quin-


ze amostras simples coletadas em zigue-zague.

Retire os galhos e as pedras da superfície do solo de onde será coletada


a amostra.

Abra uma cova com cerca de 20 centímetros de profundidade e retire toda a


terra de dentro.

Com uma pá, corte uma fatia de solo da borda dessa cova, com uma espessu-
ra de 5 centímetros. Em seguida, fracione essa fatia de solo em três partes, ain-
da na pá. Descarte as parcelas laterais e reserve a porção central em um balde.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

As amostras também podem ser


coletadas com um trado. Introduza-
-o a 20 centímetros de profundidade
no solo e retire-o sem torcer.

Por fim, misture todas as amos-


tras simples em um balde, reco-
lha 500 gramas e envie ao labora-
tório credenciado.

Com um bom custo-benefício, em poucos dias você recebe o resultado da aná-


lise. Até a próxima!

Com o resultado da análise física do solo, você terá conhecimento sobre o teor
de argila, silte e areia que influenciarão algumas propriedades e o comporta-
mento do solo.

As análises possuem um baixo custo em relação aos benefícios que proporcionam. Geral-
mente, o resultado é entregue entre 7 e 21 dias.

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É importante compreender os parâmetros para a classificação da textura e


a propriedade que cada tipo de textura confere ao solo.

CLASSIFICAÇÃO DA TEXTURA PROPRIEDADES DE CADA TEXTURA


GRUPAMENTO TEXTURAL DEFINIÇÃO DO SOLO

Muito argilosa Mais de 60% de argila.

Argilosa Entre 35 a 60% de argila.

Menos de 35% de argila e menos de 15%


Siltosa ou limosa
de areia.

Menos de 35% de argila e mais de 15% de


Média ou franca
areia, e que não seja de textura arenosa.

Arenosa Quatro possibilidades:

1. Maior ou igual a 70% de areia e


sem argila.

2. Maior ou igual a 75% de areia e menos


de 5% de argila.

3. Maior ou igual a 80% de areia e menos


de 10% de argila.

4. Maior ou igual a 85% de areia e menos


de 15% de argila.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

PROPRIEDADES AREIA SILTE ARGILA


Capacidade de armazenar água Baixa Média Alta

Drenagem da água Alta Lenta a média Muito lenta

Porcentagem de matéria orgâ-


Baixa Média a alta Alta a média
nica

Vulnerabilidade à compactação Baixa Média Alta

Solo agregado: baixa.


Vulnerabilidade à erosão Baixa Alta
Solo não agregado: alta.

Capacidade de cultivo após a Boa Média Baixa


chuva

Potencial de armazenamento Baixa Média a alta Alta


de nutrientes

Potencial de armazenar po- Baixo Médio Alto


luentes

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS E PREPARO DO SOLO


Implemento agrícola é todo equipamento usado para correção e preparo do
solo, plantio, manutenção, colheita e pós-colheita da cultura.

As máquinas agrícolas são muito


importantes para preparar o solo e
precisam de cuidados que podem
acarretar altos custos na produ-
ção, tais como:
• necessitam de manutenção;
• operador (mão de obra);
• combustível.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

ARAÇÃO
A aração do solo é o ato de cortar e revolver a camada superficial do solo por
meio do arado, implemento agrícola que pode ser de discos lisos, recortados
ou de aivecas. Veja a seguir um exemplo:

discos lisos Corta e revolve parcialmente as camadas de solo.

aivecas Ocorre o corte e a inversão total da camada de solo


(enterrando totalmente a vegetação e as plantas da-
ninhas da superfície do terreno) e a preservação dos
agregados.

Arado de aivecas

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Desde que não seja feita de forma


costumeira, a aração descompacta
o solo, tornando-o mais solto, aerado.

Esse procedimento possibilita que as raízes das plantas se desenvolvam,


além de melhorar a infiltração de água no solo, evitando, por consequência,
sua erosão.

Aplicando a técnica!
Em solos argilosos (solos pesados), as aivecas devem ser compri-
das, estreitas e pouco curvadas para conseguirem atravessar o solo
sem danos no implemento.

Para solos leves (solos arenosos), as aivecas podem ser mais curtas
e com maior curvatura.

É preferível usar o arado de discos às aivecas em áreas onde existem muitos


resíduos de raízes e galhos do cultivo anterior sobre a superfície do terreno,
mas, nas áreas onde existe muita quantidade de resíduo de milho e aveia, o
aprofundamento do arado dos discos fica dificultado.

ESCARIFICAÇÃO
É um tipo de preparo do solo que quebra a camada superficial, mas sem o
revolvimento e a inversão da camada de solo, como acontece na aração.

Quando a camada compactada é mais profunda, não sendo possível utilizar


escarificadores, recomenda-se fazer a subsolagem.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

SUBSOLAGEM
A subsolagem é usada para descom-
pactar camadas mais profundas do
solo em até 30 centímetros.

Na subsolagem, não há o revolvi-


mento do solo, como na aração. O
implemento agrícola utilizado nesse
caso é o subsolador.

GRADAGEM
A gradagem pode ser utilizada antes ou depois da aração.

Existem diversos modelos de grades que podem ser utilizados como imple-
mento agrícola. Vejamos alguns exemplos:

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

OUTROS FATORES NECESSÁRIOS


À PRODUÇÃO AGRÍCOLA
É importante ter em mente que é necessário realizar a irrigação, fazer o uso
de fertilizantes e defensivos agrícolas e ter mão de obra para realizar todas
as atividades da propriedade rural relacionadas ao cultivo das terras.

IRRIGAÇÃO
A irrigação é o ato de suprir a necessidade de água das plantas e pode ser de
diversos tipos. Veja a seguir:

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Aspersão: aplicação de água pelos as-


persores, os quais simulam a chuva, por
exemplo, pivôs centrais. Demanda um
investimento alto, no início, com equipa-
mentos, energia e manutenção. É limita-
do pela declividade do terreno.

Localizada: quando se aplica a água


diretamente nas raízes das plantas, por
exemplo, a técnica é de gotejamento.

Superficial: aplicação da água direta-


mente no solo, por exemplo, a irrigação
por inundação.

A escolha do método de irrigação vai depender da disponibilidade de água


do local, da declividade do terreno, do tipo de cultura e do quanto você está
disposto a gastar.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Lá vem dica boa…


A captação de água pode ser feita em reservatórios, poços artesia-
nos ou rios, sendo que, dependendo do volume diário necessário
para a irrigação, deve-se solicitar a outorga de uso da água no
órgão competente do seu estado.

FERTILIZANTES, DEFENSIVOS AGRÍCOLAS E MÃO DE OBRA

Lucas @lucas Pesquisar em PapoAgro


Olá @rodolfo! Tudo certo?

Estou com dificuldades com o pessoal que contratei


para ajudar na minha produção. Sinto que estamos Sugestões
desperdiçando fertilizantes e defensivos agrícolas.
Além disso, qual a melhor forma para contratar ter- Rafael Seguin...
ceiros para trabalhar durante uma safra? Um abraço, @rafael
@rodolfo!
Madalena Seguin...
@madalena
Rodolfo @rodolfo
Olá @lucas, tudo bem? Poxa, muito interessante sua Lucas
Seguin...
pergunta. Tenho um material que vai servir muito @lucas
bem para você!
Há algum tempo, participei de uma roda de conversa,
a convite do Senar, em que abordamos um pouco
sobre o manejo do solo. Principais discussões
#Hojeediadeplantar
Ouça e depois me conte se o áudio ajudou.
#HeyAgroboy

Veja, a seguir, o conteúdo na íntegra do podcast compartilhado pelo Rodolfo.

Olá, sejam todos bem-vindos à roda de conversa sobre manejo do solo. Es-
pero ajudá-los neste bate-papo.

Os fertilizantes, como sabemos, fornecem os nutrientes que o solo não tem


disponível para as plantas.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Já os defensivos controlam as bactérias, os fungos, as plantas daninhas e os


insetos.

Acho interessante vocês entenderem um pouco mais sobre esse assunto


para colocar em prática.

Esses produtos devem ser levados em conta, pois aumentam significativa-


mente o custo do cultivo das terras.

Ah, não posso deixar de comentar sobre a contratação de terceiros, que tam-
bém é um ponto importante desta nossa conversa.

Então, mais uma dica...

Com a contratação de terceiros, são necessárias as normas reguladoras do


trabalho. Aqui é preciso atenção, porque envolve outras pessoas para traba-
lhar na terra.

A contratação pode ser de vários tipos, como: tempo determinado, indeter-


minado, temporário ou por safra.

A última opção, por safra, é a mais favorável, pois, para quem está começan-
do, é interessante contratar apenas no período da safra.

Encerramos aqui, a apresentação dos temas desta aula, mas é importante


que você ir adiante com seus estudos para atingir o objetivo do módulo. Siga
em frente! Avance para a Aula 2 e saiba mais sobre formas para melhora-
mento do solo!

BOA LEITURA!

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AULA 2
VIABILIDADE E
RECOMENDAÇÕES
PARA MELHORAMENTO
DO SOLO
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Sistemas de preparo do solo


O preparo do solo significa, basicamente, deixar o solo preparado para o seu
cultivo. Podemos apontar três sistemas básicos de cultivo:

• sistema de preparo convencional;

• sistema de cultivo mínimo;

• sistema de plantio direto (SPD).

SISTEMA DE PREPARO CONVENCIONAL


O sistema de preparo convencional é o método mais antigo e ainda bastante
utilizado no Brasil. É a aração do solo seguida da gradagem, em que os resí-
duos da cultura anterior e as plantas daninhas são incorporados ao solo.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Rosa @rosa Pesquisar em PapoAgro

Olá @rodolfo! E aí, como vai?

Estou pesquisando, para as aulas do meu curso,


Sugestões
como funciona o sistema de preparo convencional.
Você tem algum material para compartilhar comigo? Rafael Seguin...
@rafael
Muito obrigada, @rodolfo!
Madalena Seguin...
@madalena
Rodolfo @rodolfo
Lucas
Olá @rosa, como vai? @lucas
Seguin...

Vou enviar a você um áudio que disponibilizei na


minha plataforma de podcast. Fiz uma edição para
atender objetivamente as suas dúvidas. Principais discussões
#Hojeediadeplantar
Conte comigo!
#HeyAgroboy

Veja, a seguir, o conteúdo na íntegra do podcast compartilhado pelo Rodolfo


na rede Papo Agro.

Seja bem-vindo ao Rodolfocast, informações diárias sobre solos e nutrição de


plantas.

Você conhece o termo “pé de grade” ou “pé de arado”? Hoje, vou comentar
um pouco sobre esse fato importante para sua terra, vamos lá?

O pé de grade é um preparo convencional do solo que pode trazer danos


para a sua terra.

A compactação do “pé de grade” impede o crescimento de raízes, as quais


não alcançam os nutrientes e a água para a planta.

Com isso, ela não crescerá nem desenvolverá como o esperado, baixando a
produção.

Outro ponto importante do pé de grade é que ele impede a infiltração da


água, que escoará, causando erosões.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Sem contar que a água que escoa carrega os nutrientes, a matéria orgânica e
as partículas de solo, e isso só prejudica o ambiente...

Isso porque ocorre a perda da produção e a poluição dos cursos de água.

Acredito que este canal de podcast vai agregar muito à sua terra!

Estou aqui para ajudá-los no que for preciso, até mais...

SISTEMA DE CULTIVO MÍNIMO


O próprio nome já diz: nesse sistema de preparo do solo, existe o mínimo de
mobilização do solo e de máquinas agrícolas. O preparo é feito com apenas
uma operação, podendo ser feito por grade ou escarificador.

Os resíduos da cultura anterior são


parcialmente incorporados ao solo
e a outra parte funciona como uma
camada protetora, evitando erosões.

A gradagem ou a escarificação do solo também pode ser feita apenas na


linha de semeadura, caso em que a mobilização do solo é mínima, evitan-
do a compactação do pé de grade e, consequentemente, evitando
perdas na lavoura.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

SISTEMA DE PLANTIO DIRETO (SPD)


Esse sistema é definido como o processo de semeadura do solo sem o seu
revolvimento (com mobilização mínima da terra), de maneira que sempre es-
tará coberto, seja pelo cultivo atual ou pelos resíduos vegetais da cultura ante-
rior. Veja, a seguir, alguns pontos em destaque sobre esse sistema quanto à:

Incidência de erosão

A incidência de erosão nesse tipo de cultivo é muito baixa porque o solo sempre estará
vegetado, contribuindo para a proteção contra o impacto das gotas de chuva, favorecendo
a infiltração de água e evitando o escoamento superficial.

Temperatura

A vegetação torna sua temperatura interna agradável para o desenvolvimento das semen-
tes e plantas e o armazenamento de água no solo.

Redução de custos

Pelo fato de as operações de preparo serem mínimas, os custos com as máquinas agríco-
las diminuem bastante porque há uma economia com combustível e o aumento da vida
útil da máquina.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Esta aula se encerra aqui, mas ainda temos muito estudo pela frente! Siga
para a próxima aula a fim de atingir os objetivos deste módulo! Avance para
a Aula 3 e veja como planejar o uso das terras!

BOA LEITURA!

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

AULA 3
PLANEJAMENTO
DE USO DAS TERRAS

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Considerações iniciais
O planejamento de uso das terras tem por objetivo garantir um aproveita-
mento maior da área agrícola. Por meio alguns critérios, as parcelas de solo
da sua propriedade podem ser divididas, basicamente, em terras cultivá-
veis e não cultiváveis. Veja o esquema a seguir:

O sistema de classes de capacidade de


uso das terras agrícolas
De acordo com os critérios descritos anteriormente, você consegue separar a

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

sua propriedade em glebas de solo conforme suas aptidões agrícolas, obten-


do a máxima capacidade de uso da terra sem o risco de degradação (erosão)
do solo. Entenda um pouco sobre cada uma dessas classes de capacidade
de uso para depois visualizar esses detalhes em imagens:

Classe 1

A parcela da propriedade pode ser classificada como classe 1 quando puder ser usada para
qualquer tipo de cultura sem necessidade de adotar alguma prática conservacionista.

Classe 2

A parcela da propriedade pode ser classificada como classe 2 quando puder ser usada para
qualquer tipo de cultura desde que seja usada alguma prática simples de conservação
do solo.

Classe 3

A parcela da propriedade pode ser classificada como classe 3 quando puder ser usada
para qualquer tipo de cultura, desde que sejam usadas em conjunto duas ou mais
técnicas de conservação do solo (assunto do próximo módulo) para que haja uma
produção segura.

Classe 4

A parcela da propriedade pode ser classificada como classe 4 quando puder ser usada
para o cultivo com a adoção de duas ou mais técnicas de conservação do solo a fim
de evitar a erosão.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Classe 5

A parcela do solo classificada como classe 5 é indicada para culturas, pastagens e reflores-
tamento, mas apenas em situações especiais.

Classe 6

A parcela do solo classificada como classe 6 é indicada para culturas permanentes,


como pastagens e reflorestamento associado a práticas de conservação do solo.

Classe 7

A parcela de solo classificada como classe 7 é indicada para culturas arbóreas de ciclo
longo, com utilização de práticas conservacionistas complexas ou para o reflorestamento
e as pastagens.

Classe 8

A parcela de solo classificada como classe 8 é imprópria para culturas, pastagens ou


reflorestamentos. São as áreas de uso restrito, como APPs (áreas de preservação perma-
nente) e áreas de reserva legal.

Agora que você já conhece um pouco sobre cada uma das classes de capaci-
dade de uso do solo, é importante saber identificá-las e conhecer suas carac-
terísticas específicas.

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 81


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Classe 1: Classe 2:

a) Tem áreas planas ou quase planas. a)Tem declividade suficiente para for-
mar enxurradas.
b) Tem nutrientes e água disponível
para as plantas. b)É pouco profunda.

c) Não tem problema com erosão. c)Tem pequena deficiência quanto à


drenagem das águas.
d) Não tem problema com drenagem
da água ou inundação. d)Tem pequeno risco de inundação.

e) Não sofre danos relacionados e)Tem pedregulhos e mudança textural


às chuvas. repentina nos horizontes superficiais.

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 82


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Classe 3: Classe 4:

a) Tem declividade elevada suficien- a) Tem declividade muito alta.


te para formar fortes enxurradas.
b) Tem probabilidade de ocorrer
b)É pouco profunda. erosão severa (sulcos e voçorocas).
c) Tem deficiência considerável
c) Tem muitas pedras.
quanto à drenagem das águas.
d) Tem deficiência para drenar a
d) Tem risco de inundação.
água do solo.
e) Tem pedregulhos e mudança
e) Tem baixa profundidade.
textural repentina nos horizontes
superficiais.

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 83


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Classe 5: Classe 6:

a) Não armazena água, mas enchar- a) Tem declividade elevada (maior


ca com facilidade. que 20%).
b) Tem elevado risco de inundação. b) Tem muitas pedras, as quais im-
c) Tem muitas pedras. pedem o uso de máquinas agrícolas.

d) É muito vulnerável à erosão hídrica. c) Possui baixa umidade.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Classe 7: Classe 8

a) Possui alto declive. A parcela de solo classificada como


b) Possui alta vulnerabilidade à erosão. classe 8 não é cultivável.

c) É muito raso.

d) Possui deficiência de água.

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Madalena @madalena Pesquisar em PapoAgro


Olá @rodolfo! E aí, como vai?

Nesta semana estive apresentando um seminário em uma


aula sobre manejo do solo. Depois da apresentação, surgiu Sugestões
uma dúvida entre os colegas e a professora pediu que a gente
pesquisasse mais sobre o assunto. Então, @rodolfo , diz aí, por Rafael
favor. Você tem alguma dica que ajude a reconhecer as parce- Seguin...
@rafael
las de solos quanto à sua classificação? Como sabemos quais
são cultiváveis e quais não são? Muito obrigada pela atenção!
Madalena Seguin...
@madalena
Rodolfo @rodolfo
Oi, @madalena! Tudo bem, e com você?!
Lucas
Seguin...
@lucas
Olha que maravilha! É muito legal quando um trabalho serve
de base para novos conhecimentos, não é mesmo?

Coincidentemente, tenho um vídeo excelente que tem resumi-


dinha essa questão das classes de capacidade de uso que as Principais discussões
glebas ou parcelas de uma propriedade podem ter. Espero que #Hojeediadeplantar
o vídeo possa ajudar você e aos seus colegas. Até logo!
#HeyAgroboy

Veja, a seguir, o conteúdo na íntegra do vídeo compartilhado pelo Rodolfo na


rede Papo Agro.

Olá! Tudo bem? Podemos resumir as classes de capacidade de uso que as


glebas ou parcelas que uma propriedade pode ter.

As parcelas de solo que tiverem classificação um, dois, três ou quatro são
todas terras cultiváveis.

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 86


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

As parcelas de solo com classifica-


ção cinco, seis e sete também são
cultiváveis, mas apenas para culti-
vos permanentes, como pastagem.

E a parcela de solo encontrada


como classe oito não é cultivável.

Essa classificação é feita por meio


de um levantamento em campo e
a partir de algumas características
que você mesmo pode observar.

Declividade do terreno, presença


de pedregulhos, inundações, pro-
cessos erosivos...

Mas, para outras, como profun-


didade do solo, armazenamento
de água e textura e análises dos
horizontes, é necessária uma in-
vestigação técnica para auxiliar nas
separações das parcelas de terras
em classes.

Isso reforça a necessidade de ter


uma assistência técnica em sua
propriedade, principalmente antes
do início do cultivo.

E lembre-se de que um bom plane-


jamento de uso das terras faz toda
a diferença! Até a próxima!

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 87


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

E assim, finalizamos o estudo desta aula!

Conclusão do módulo
Até aqui, vimos os requisitos básicos para o cultivo das terras a fim de que você
possa projetar possíveis custos, tais como:

contratação de um análises de solo


técnico agrônomo; em laboratório;

utilização de imple- compra de fertilizantes


mentos agrícolas; e defensivos;

investimento em um de
sistema de irrigação.

Além disso, é possível que o solo da


sua propriedade seja classificado con-
forme a capacidade de uso, que varia
desde as classes cultiváveis com um
preparo simples ou complexo do solo,
até as classes não cultiváveis.

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 88


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Antes de avançar para o Módulo 3 sobre erosão dos solos cultivados, você
deve responder à atividade de aprendizagem na próxima tela.

Utilize as setas de navegação e siga em frente!

BOA SORTE!

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 89


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

MÓDULO 2
ATIVIDADE DE
APRENDIZAGEM

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 90


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Foi uma experiência incrível refletir um pouco sobre os detalhes que podem
envolvem o cultivo das terras. Passamos por diversos pontos que, com cer-
teza, poderão contribuir para o seu cotidiano, atuando como produtor. Mas
ainda estamos aquecendo, hein? Siga firme em seus estudos!

Antes de avançar e testar seus conhecimentos com as atividades, é impor-


tante rever os principais assuntos abordados, não é mesmo?

No AVA, você pode acompanhar a revisão em um vídeo, não deixe de assistir!

E atenção! O conteúdo do módulo 3 só será liberado após a conclusão da ativi-


dade dentro do AVA.

As respostas devem ser enviadas obrigatoriamente por lá. Dessa forma,


você terá um feedback confirmando se você respondeu corretamente ou se
deverá tentar novamente. Depois da segunda tentativa, a resposta correta
será apresentada.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do Portal


EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Revendo o tema: do manejo à conservação

Olá! Vamos relembrar o planejamento para o cultivo das terras?

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 91


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Antes de iniciar o cultivo, devemos levar em consideração alguns fatores con-


dicionantes da produção agrícola, como assistência técnica, análise e pre-
paro do solo, implementos e defensivos agrícolas, irrigação, fertilizantes
e mão de obra.
A análise do solo pode ser química e física. Esta última avalia o teor de argila, sil-
te e areia que vai influenciar algumas propriedades e o comportamento do solo.
Solos muito argilosos têm mais de 60% de argila.
Argilosos têm de 35% a 60% de argila.
Siltosos ou limosos têm menos de 35% de argila e 15% de areia.
Médios ou francos têm menos de 35% de argila, mais de 15% de areia e não
têm textura arenosa.
Arenosos têm 70% ou mais de areia e não têm argila; 75% ou mais de areia
e menos de 5% de argila; 80% ou mais de areia e menos de 10% de argila; ou
50% ou mais de areia e menos de 15% de argila.

GRUPAMENTO TEXTURAL DEFINIÇÃO


Muito argilosa Solos com mais de 60% de argila

Argilosa Solos com 35 a 60% de argila

Siltosa (ou limosa) Solos com argila < 35% e areia < 15%

Solos com menos de 35% de argila, mais


Média (ou franca) de 15% de areia e que não sejam de textu-
ra arenosa

Arenosa Solos com areia ≥ 70% e sem argila


areia ≥ 75% e argila < 10%
areia ≥ 80% e argila <10%
ou areia ≥ 85 e argila <15%

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 92


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

O passo seguinte para o cultivo da terra é o preparo do solo.


Existem três sistemas de preparo: convencional, cultivo mínimo e plantio direto.

1. 2. 3.

Convencional Cultivo Mínimo Plantio Direto

O planejamento de uso das terras garante um aproveitamento maior da área


agrícola, considerando alguns critérios:
• susceptibilidade dos solos à erosão;

• capacidade produtiva dos solos;

• potencial de mecanização da área; e

• condições climáticas.

A partir deles, é formulado o sistema de classes de capacidade de uso das terras


agrícolas, que classifica as parcelas de solo de uma propriedade em terras culti-
váveis e não cultiváveis. Esse sistema é formado por oito classes.
Classes 1, 2, 3 e 4 são todas terras cultiváveis.
Classes 5, 6 e 7 são terras cultiváveis, mas apenas para cultivos permanentes,
como a pastagem.
O solo de classe 8 não é cultivável.

Agora que você reviu o tema, leia os enunciados da atividade com atenção e
analise a informação trazida em cada alternativa.
Trouxemos as perguntas para cá. Assim, caso precise, antes de responder no
AVA, você poderá rever o conteúdo estudado.

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 93


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

1.Marcílio, agrônomo da propriedade do senhor Nelson, solicitou uma aná-


lise química e física do solo antes de realizar qualquer tipo de atividade na
fazenda. Sabe-se que:
• a propriedade não é totalmente plana;

• ela possui locais com relevos declivosos; e

• a área total da propriedade é de 18 hectares.

Com base nas informações fornecidas, assinale a alternativa correta:


a. Marcílio coletará uma amostra simples pelo fato de a propriedade possuir
menos que 20 hectares.
b. Marcílio coletará duas amostras simples, uma para a área plana e outra
para a área declivosa.
c. Marcílio coletará duas amostras compostas, uma para a área plana e outra
para a área declivosa.
d. Marcílio coletará uma amostra composta, pelo fato de a propriedade pos-
suir menos de 20 hectares.

2. A imagem seguinte ilustra a separação do solo em parcelas de classes de


capacidade de uso semelhantes. Observe as marcações:

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 94


MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

A partir do que é possível observar na imagem, assinale a alternativa correta:

a. A classe 8 corresponde às áreas restritas ao cultivo por serem APPs e de


vegetação nativa.
b. A classe 1 é indicada para cultivo de pastagens e reflorestamento apenas
em situações especiais porque possuem excesso de água e necessitam de
práticas de conservação do solo e água.
c. A classe 2 possui declividade acentuada e é indicada para culturas perma-
nentes, como pastagens e reflorestamento associado a práticas de conserva-
ção do solo.
d. A classe 8 pode ser usada para qualquer tipo de cultura, desde que sejam
usadas práticas complexas de conservação do solo para que haja uma produ-
ção segura.

PARABÉNS!

Você finalizou a análise da atividade de aprendizagem do Módulo 2.

SIGA EM FRENTE PARA O MÓDULO 3!

MÓDULO 02 | PLANEJAMENTO PARA O CULTIVO DAS TERRAS 95

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