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DEBORA REGINA FERREIRA

ÁLGEBRA
051.946.299-82

SAINDO DA “MATRIX” EM BUSCA DO TESOURO PERDIDO DA CIDADANIA

RESUMO
O presente artigo relata a aplicação de uma experiência inovadora e singular
voltada à Aprendizagem da Matemática, desenvolvida na primeira fase da disciplina de
Álgebra, no Curso de Sistemas de Informação, da Faculdade Uniavan - campus
Balneário Camboriú-SC. No primeiro dia de aula, durante um debate construtivo sobre
o ensino e aprendizagem da Matemática, a importância da disciplina de Álgebra no
curso e na formação de exímios profissionais, diferenciados e competentes, constatou-se
grande aversão dos acadêmicos, sendo observado que essa ojeriza foi desenvolvida
justamente no lugar onde eles deveriam aprender a amar a Matemática: na ESCOLA.
Defronte a tal realidade, inicialmente foi necessária uma reavaliação das práticas
metodológicas de aprendizagem, observado principalmente o fato de que, com o
advento da pandemia, a instituição estava retornando às aulas presenciais, cujas
didáticas e metodologias são diferenciadas das práticas do Ensino à distância - a qual os
discentes se habituaram. Dessa forma, surgiu a problemática: “Como transcender a
“mera transmissão de conhecimentos” e promover (fomentar?) de maneira inovadora
um aprendizado real e significativo, atrelado ao desenvolvimento da cidadania e à área
de Sistemas de Informação?”. Assim, objetivando sobrepujar tal desafio, foi estruturado
o Projeto “Saindo da Matrix”, cuja aplicação utilizou-se de diferentes metodologias
ativas, tais como a aprendizagem baseada em problemas (ABP), o Peer Instruction (PI)
e Aprendizagem Maker, todas voltadas à aprendizagem de matrizes e atreladas à
cidadania.
Dentre as experiências desenvolvidas, a que denotou maior interesse,
envolvimento e compreensão dos acadêmicos, refere-se à utilização da criptografia,
conjunto de técnicas onde a informação pode ser modificada da sua forma inicial para
outra indecifrável, sendo muito utilizada em senhas, proteção pessoal ou empresarial,
áreas de segurança, assinatura digital, criptomoedas, dentre outros. Ao longo do
desenvolvimento do Projeto, foi realizada uma “caça ao tesouro” com o tema: “Em
busca da cidadania perdida”, envolvendo mensagens criptografadas, espalhadas em
diferentes locais do campus. Posteriormente, os acadêmicos desenvolveram seus
próprios projetos, cujos temas se relacionavam à cidadania, matrizes e criptografia.
A aplicação do Projeto “Saindo da Matrix” resultou não apenas no sucesso das
avaliações e notas finais, como principalmente, em um interesse notável, na motivação e
no envolvimento efetivo dos acadêmicos em todo o processo de Aprendizagem.
Palavras-Chave: Matrizes, Cidadania, Metodologias ativas, Caça ao tesouro,
Criptografia

INTRODUÇÃO (CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO)


“Por que preciso aprender isso?”;
“Aonde vou usar?”;
“Qual a importância e aplicação desse conhecimento em minha área de
atuação?”.
Essas são perguntas comuns não somente no primeiro dia de aula, mas defronte
à aprendizagem da maioria dos conceitos matemáticos, sendo indubitável a crença de
que a Educação Matemática é concebida, muitas vezes, como uma forma especial e
privilegiada de cognição, acessível somente por aqueles que possuem uma “mente
notória e superior”. Observa-se que a propagação dessa crença, ainda se faz presente,
sendo que a Matemática vem refletindo o que ficou desde a antiguidade greco-romana:
o selecionador das melhores mentes, ao ponto da mesma se tornar, como disciplina
escolar, a maior responsável por inúmeras frustrações, fracassos, desistências e em
último âmbito, pela manutenção de uma estratificação social injusta. (D’ AMBROSIO,
2001).
Avalia-se que, embora a Matemática requeira, por sua própria natureza e
especificidade, a compreensão de níveis acentuados de abstração, destaca-se que na
maioria das vezes, a Matemática apresentada aos discentes não possui relação direta
com a realidade que os cerca e, portanto, também não possui significados para eles,
sendo comum ao longo da vida escolar, os alunos compreenderem o “passo a passo”, e
até mesmo o desenvolvimento e a resolução dos “exercícios de fixação”, sem
compreenderem entretanto, “O quê” estão resolvendo, “Por que?” e qual a relevância e
aplicação dos conceitos Matemáticos estudados.
Defronte desta situação, os alunos iniciam o Ensino Superior com os mesmos
questionamentos listados acima e com a convicção de que os conceitos matemáticos são
desprovidos de um sentido e de uma aplicação real, sendo a disciplina estudada,
avaliada como irrelevante em sua formação profissional.
Contudo, denota-se que o motivo dos discentes não apreciarem o estudo e não
compreenderem à Matemática, não se refere à disciplina em si, mas com a forma como
ela é apresentada e trabalhada, uma vez que, mesmo diante de uma sociedade
impregnada de tecnologia, que requer novas abordagens, estratégias e ações, observa-se
que na maioria das vezes, as metodologias utilizadas pelos professores, são exatamente
as mesmas que eram execradas por eles enquanto discentes, ou seja, aquelas
metodologias cuja aplicação se inicia com o aluno no papel de um mero expectador, em
uma situação passiva, onde ele recebe do professor uma explicação e posteriormente,
realiza uma lista de exercícios - que se limita à aplicabilidade de um algoritmo, em
outras palavras, a execução de um mero “passo-a-passo”.
Diante disso, o eminente desafio é estruturar e aplicar novas metodologias,
desconstruindo as bases do ensino tradicional, tendo por objetivo não apenas despertar o
interesse real dos acadêmicos, mas tornar singular e significativo todo o processo de
aprendizagem.
Nessa perspectiva, as metodologias ativas vêm de encontro a essa busca, visto
que estas podem desenvolver a motivação e autonomia no estudante, uma vez que
trazem para as aulas elementos antes ignorados, estimulando o aluno a abandonar a
condição de agente passivo no processo de aprendizagem, para atuar de forma efetiva na
construção do próprio conhecimento. (MORAN, 2015).
Ciente dessa realidade, a primeira aula na disciplina de Álgebra, no curso de
Sistemas de Informação, iniciou-se com a apresentação da disciplina e um debate sobre
o “ódio natural” pela Matemática. Assim, foi solicitado que os acadêmicos que não
gostassem de Matemática, se manifestassem levantando as mãos, e, constatou-se que
uma fração considerável da turma possuía desgosto ou até mesmo aversão pela Ciência.
Durante a discussão, foi comum a pergunta: “Aonde eu usarei a Matemática em
minha profissão?”, e colocações específicas como: “Escolhi o curso porque gosto da
tecnologia, de jogar videogame, mas sou péssimo em Matemática”, e ainda “É possível
eu ser um bom profissional em minha área sem ser bom em Matemática?”.
Foi levantado então quais os motivos que levaram os acadêmicos a não gostarem
da Matemática e averiguou-se que dentre estes, os principais eram: o fato deles não
compreenderem verdadeiramente o que estudavam, a forma como era “imposto” o
conteúdo, a crença de que eles não eram capazes ou “inteligentes o suficiente” para
aprender e o fato de os acadêmicos não encontrarem aplicações “práticas” para os
conceitos ensinados.
Posteriormente a essas colocações, foi realizado um acolhimento aos educandos,
sendo ressaltado que, de acordo com a Ciência contemporânea e segundo a teoria do
renomado professor Howard Gardner, o ser humano possui nove tipos distintos de
inteligência e sendo assim, dentre os presentes, muitos possuiriam inclinações para
aprendizagens e habilidades especificas, como por exemplo, a música, o esporte e a
própria Matemática; Porém, apesar dessa facilidade, todos possuíam condições e a
capacidade para a aprendizagem real e efetiva da Matemática, observado que muitas
vezes, não foram apresentados subsídios que fomentassem um conhecimento
significativo, sendo que essa aversão à Matemática foi desenvolvida ao longo da vida
escolar, somada a uma acomodação e à aceitação da crença de que o ensino da
Matemática é voltado para “mentes especiais”, e sendo assim, “Se a Matemática não
para mim, vou me esforçar a aprender por quê?”.
Encerrou-se o debate com uma mensagem motivacional sobre rótulos, crenças
limitantes e estereótipos que nos colocaram e que também nós mesmos nos colocamos.
Subsequentemente foi realizado uma dinâmica sobre “pensar diferente”, sendo esta,
findada com um “juramento coletivo” sobre “Sair da caixinha”, ser mais, fazer mais e ir
além!
Após essa primeira aula e perante os questionamentos, expectativas e frustrações
apresentadas pelos acadêmicos e consciente de que, com o advento da pandemia,
retornar às aulas presenciais consistia em novos desafios, surgiram as problemáticas:
“Como fazê-los aprenderem e se interessarem verdadeiramente pela Matemática,
transcendendo à aversão já arraigada, adquirida no decorrer de toda uma vida escolar?”;
E, “como relacionar os conceitos estudados à área de atuação e à cidadania (Tema de
2022) de maneira criativa e inovadora?”.
Perante tais questionamentos e desafios, objetivou-se transcender a aquisição
dos conhecimentos previstos na grade curricular, almejando-se desenvolver nos
acadêmicos o verdadeiro interesse em estar presente nas aulas, originada por uma
motivação genuína e até mesmo o prazer em aprender, compreendendo enfim não
somente as diferentes aplicações, como também a importância da Matemática para a
área de Sistemas de Informação, transformando assim, o processo de aprendizagem em
uma experiencia única, notória, marcante e significativa.
Engendrado os desafios e objetivos, a etapa subsequente foi estudar a analisar as
diferentes metodologias ativas, sendo decidido pela aprendizagem baseada em
problemas (ABP), o Peer Instruction (PI), e Aprendizagem Maker como práticas a
serem implementas. Avaliou-se ainda as aplicações dos conceitos previstos na ementa à
área de Sistemas de Informação, voltando os mesmos para o desenvolvimento da
cidadania. Dessa forma, foi optado pelo estudo da criptografia, técnicas onde as
informações são modificadas da sua forma inicial para outra indecifrável, sendo muito
utilizada no sistema bancário, sistemas de proteção pessoal/empresarial, áreas de
segurança e cuja importância é imprescindível diante da sociedade altamente
tecnológica na qual estamos inseridos.
Findados os estudos das metodologias ativas e temas a serem trabalhos,
vislumbrou-se o Projeto “Saindo da Matrix”, uma vez que o estudo de Matrizes
compunha grande parte da ementa e fazendo alusão ao filme “Matrix” (1999), cujo
protagonista é um programador de computador, que se depara com experiencias além da
realidade que o cerca e com questões intelectuais, morais e filosóficas. A obra traz
diálogos, reflexões e críticas inteligentes referente ao modo de pensar, ao
comportamento humano e à sociedade, apresentando em sua ideia central, as
concepções do filósofo e matemático francês René Descartes, que defendia a autonomia
intelectual, ou seja, a capacidade de pensar por si mesmo, sendo esta, uma habilidade
precursora e necessária para a formação de cidadãos críticos e atuantes, bem como para
o desenvolvimento da cidadania.

MÉTODO UTILIZADO (DESCRIÇÃO DA PRÁTICA INOVADORA)


A disciplina de Álgebra iniciou-se com o juramento de que professora e
discentes “sairiam da caixinha”, fazendo mais do que é apenas esperado e indo além.
Defronte a todas as problemáticas apresentadas anteriormente e ciente de que,
após o advento do Coronavírus (COVID-19), que resultou em uma Pandemia Mundial,
os desafios com a retomada das aulas presenciais se evidenciariam, urgindo a
necessidade da implementação de metodologias atrativas, desafiadoras, motivacionais
fazendo com que os discentes abandonassem o posto de meros “receptores” e
assumissem uma postura mais ativa diante da construção do próprio conhecimento.
Dessa forma, com o objetivo de demostrar a aplicabilidade e importância dos
conceitos a serem estudados, optou-se inicialmente pela metodologia de aprendizagem
baseada em problemas (APB). Assim, todos os conceitos previstos na disciplina,
originavam de Modelos Matemáticos aplicáveis diretamente à área de Sistemas, sendo
estruturada em três etapas específicas: A primeira consistia na identificação da situação
problema, na familiarização e na contextualização com a área de Sistemas. Na segunda
etapa ocorria a “Matematização”, ou seja, a formulação do problema matemático e a
obtenção da solução matemática do modelo. Nessa etapa os acadêmicos analisavam as
informações relevantes e identificavam os fatos envolvidos, decidindo quais os fatores
deviam ser avaliados na problemática em questão, posteriormente, levantavam e
validavam as hipóteses e por fim, apresentavam quais os conceitos matemáticos
aplicados na situação problema.
A terceira e última etapa compreendia a interpretação da solução, comparação
com a realidade e validação do modelo, sendo que para a conclusão e utilização do
modelo era necessária uma checagem para verificar em que nível este se aproximava da
situação problema apresentada. Assim, a interpretação do modelo devia ser feita por
meio de análises das implicações da solução, para então, verificar se o mesmo estava
adequado (ou não) à situação problema investigada.
Além da metodologia ativa “APB” utilizou-se ainda a “Peer Instruction” (PI),
que consiste no estudo preliminar de materiais disponibilizados e no debate entre os
próprios alunos, promovendo a interação em sala de aula, objetivando envolver os
acadêmicos e abordar aspectos críticos dos conceitos estudados. (ARAUJO E MAZUR,
2013).
E, objetivando motivar os discentes para além dos debates proporcionados pela
metodologia “Peer Instruction” e aprofundando a aprendizagem baseada em problemas,
as atividades eram estruturadas através da “gamificação”, metodologia baseada em
jogos, sendo que, foram utilizados os recursos dos aplicativos “Socrative” e “Kahoot”,
que são plataforma de aprendizagem baseada em jogos, que permitem a construção de
“quizzes”, desafios e outros jogos personalizados e interativos.
Todos os conceitos ambicionavam relacionar a área de atuação, bem como
fomentar análises reflexivas voltadas à cidadania (Tema de 2022), dessa forma, ao ser
trabalhado a teoria dos conjuntos, abordou-se os diferentes grupos sociais e ao ser
estudado as relações entre as funções trigonométricas, discutiu-se sobre à
Acessibilidade e Inclusão, onde os acadêmicos calculavam e analisavam a construção e
eficácia das rampas de acesso.
Ao ser iniciado o tema “Matrizes” e perante o desafio de como relacionar os
conceitos à área de Sistemas de Informação, bem como à cidadania, de maneira criativa
e inovadora, surgiu o Projeto “Saindo da Matrix”, em alusão ao filme “Matrix”, que
apesar de ser do ano de 1999, traz reflexões e críticas extremamente atuais. A obra é
composta por diálogos inteligentes que não apenas sensibilizam, como também afetam e
até incomodam, uma vez que pondera sobre uma falsa liberdade, trazendo
considerações impactantes referentes ao comportamento, às crenças, às prisões mentais,
ao sistema político e à estrutura social. O filme expõe as ideias já manifestadas por
grandes Matemáticos e Filósofos como René Descartes, que defendia a autonomia
intelectual e autor da famosa frase: “Penso, logo existo”, e Platão, que apresentou a
célebre alegoria da Caverna e autor da frase: “Às vezes na vida, nós nos sentimos
acorrentados, sem sequer sabermos que temos a chave”.
Assim, antes da exposição do projeto, desenvolveu-se a metodologia “Peer
Instruction” (PI) e “sala de aula invertida”, onde os próprios acadêmicos ficaram
responsáveis por apresentarem estudos e aplicações sobre a Criptografia. Após o debate
e a compreensão do que é a criptografia, sua importância e aplicações e dado que os
acadêmicos já haviam iniciado o estudo de matrizes, foi iniciado o Projeto.
Preliminarmente os acadêmicos foram levados à analisarem questões reflexivas
reflexões motivacionais,

Mudança Substantiva (percepção dos sujeitos)


Inovação da Prática (criatividade no processo de aplicação)
Envolvimento dos Atores (papel do professor e dos alunos)*
Considerações Finais (conclusão
Referências (caso tiver usado no relato)

A análise das práticas inovadoras será realizada pela Comissão Julgadora a


partir de notas de 5 a 10, considerando os seguintes critérios e pesos:

a) Mudança substantiva: se há aspectos pedagógicos envolvidos na ação capazes


de potencializar a construção do conhecimento. (30%)
b) Método utilizado: consistência metodológica da prática inovadora realizada e
potencialidade de ser replicada. (30%)
c) Inovação da prática: quanto à criatividade e inovação no processo aplicado.
(40%)

Matemática dificuldades
Matrizes criptogrtafia
Cidadania
Metdolos

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