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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS- UNIPAM

CURSO DE DIREITO – 5º PERÍODO DIURNO


DISCIPLINA: DIREITO PENAL III
PROFESSOR: ULISSES DE OLIVEIRA SIMÕES

DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

ANDRESSA BARBOSA PARANHOS


BIANCA CRISTINA SOUZA
CAMILLA LUISE SOUZA OLIVEIRA
CAROLINE OLIVEIRA ALMEIDA
IZABELLA SANT’ANNA BORGES
THAYLANA NAYARA SANT’ANA NOGUEIRA

PATOS DE MINAS
2018
ANDRESSA BARBOSA PARANHOS
BIANCA CRISTINA SOUZA
CAMILLA LUISE SOUZA OLIVEIRA
CAROLINE OLIVEIRA ALMEIDA
IZABELLA SANT’ANNA BORGES
THAYLANA NAYARA SANT’ANA NOGUEIRA

DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Trabalho apresentado como requisito


parcial de avaliação na disciplina Direito
Penal III do curso de Direito do Centro
Universitário de Patos de Minas, sob
orientação do professor Ulisses de
Oliveira Simões.

PATOS DE MINAS
2018
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO

O art. 197 visa proteger a liberdade individual ou pessoal de autodeterminação


quanto ao exercício de seu trabalho, assegurado também pela Constituição Federal em seu art.
5º, XIII. É importante mencionar que se trata de crime contra a organização do trabalho, de
competência da Justiça Federal, quando houver de violação a direitos dos trabalhadores como
um todo (coletividade), diferentemente do artigo em questão que trata de lesão individual, de
competência da justiça comum (estadual).

PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE COMPETENCIAS.


ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO (CP,
ART. 197) E CRIME DE DANO (CP, ART. 163). COMPETENCIA DA
JUSTIÇA COMUM DO ESTADO.
I - O RÉU IMPEDIU COLEGA DE ENTRAR NA EMPRESA PARA
TRABALHAR E AINDA LHE DANIFICOU O VEICULO. FOI
ENQUADRADO NOS ARTS. 197 E 163 DO CÓDIGO PENAL. COMO
SE VE, TRATA-SE DE LESÃO INDIVIDUAL. LOGO, O ATO
DELITIVO NÃO PODE SER TACHADO DE "CRIME CONTRA A
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO", QUE TEM COMO OBJETO
DIREITOS TRABALHISTAS COMO UM TODO. PRECEDENTES
DA TURMA.
II - COMPETENCIA DO JUÍZO SUSCITADO (JUIZ ESTADUAL). (STJ
– CC 4165 RJ 1993/0002593-7, Rel. Min. Adhemar Maciel. Data de
Julgamento: 18/03/1993, S3- Terceira Seção. Data de Publicação: DJ
03/05/1993 p. 7765) – destacamos.

O atentado contra a liberdade do trabalho é uma espécie de constrangimento ilegal


que preceitua como crime coagir (dolo – direto ou eventual) alguém a:

a) Exercer ou não exercer qualquer atividade econômica laborativa (I, 1ª parte)


b) Trabalhar ou não trabalhar em determinados dias ou períodos (I, 2ª parte)
c) Abrir ou fechar seu estabelecimento econômico (II, 1ª parte)
d) Participar de parede ou paralização de atividade econômica (II, 2ª parte) – vale
ressaltar que a segunda parte do inciso II foi revogada tacitamente pela lei 4.330/64,
art. 29, VII; entretanto essa lei também foi revogada pela Lei de Greve (nº 7.783/89)
que não prevê crimes especiais cabendo a responsabilização pela lei trabalhista, civil
ou penal.

Esta coação pode ser exercida através de violência (força física, material, vis
corporalis) ou através de grave ameaça (violência moral, força intimidativa, vis compulsiva)
Trata-se de crime comum, ou seja, como sujeito ativo pode-se figurar qualquer
pessoa, inclusive pessoa jurídica. No entanto como sujeito passivo, em relação ao inciso I
pode ser qualquer pessoa, desde que seja trabalhador, empregado ou patrão; e quanto ao
inciso II (1ª parte) somente pode ser o proprietário do estabelecimento. Destaca-se, no
entanto, que a pessoa jurídica não pode figurar como sujeito passivo desse crime.

Por ser um crime plurissubsistente e material, admite-se a tentativa.

Quanto a pena na hipótese do inciso I esta é de detenção, de um mês a um ano, e


multa. Na figura do inciso II, a pena é de detenção de três meses a um ano, e multa. Em todas
as hipóteses as penas são cumulativamente aplicadas com as penas correspondentes à
violência, que por si só constituírem crime.

A ação penal é publica incondicionada, e em razão das penas cominadas admite-se


a aplicação da transação penal e da suspensão condicional do processo (lei 9.099/95)

ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO E BOICOTAGEM


VIOLENTA

O art. 198, como crime pluriofensivo, visa tutelar dois bens jurídicos distintos: a
liberdade de celebrar contrato de trabalho e a normalidade das relações de trabalho, possuindo
competência da Justiça Federal.

Preceitua como crime forçar (dolo) alguém mediante violência (vis corporalis) ou
grave ameaça (vis compulsiva) a:

a) Celebrar contrato de trabalho – vale destacar que se o sujeito passivo for


obrigado a não celebrar o contrato de trabalho, não incide a proteção desse artigo, restando
subsidiariamente ao tipo do art. 146, CP (constrangimento ilegal)
b) Não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto
industrial agrícola – por taxatividade o boicote por dinheiro não figura esse crime.

É um crime comum, tendo como sujeito ativo qualquer pessoa independente de


condição ou qualidade especial. Por sujeito passivo abrange, também, qualquer pessoa. Por se
tratar de crime material, admite-se a tentativa.

A pena aplicada é detenção, de um mês a um ano e multa e semelhante ao artigo


antecedente é aplicável cumulativamente as penas correspondentes a violência. A ação penal é
pública incondicionada e pode-se aplicar a transação penal ou a suspensão condicional do
processo.

ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO

O art. 199 visa proteger a liberdade de associação e a filiação sindical ou


profissional, possuindo competência na Justiça Federal se a ação do agente atingir a existência
da associação e do sindicato; e na Justiça Estadual quando atingir o interesse individual do
trabalhador, não sendo protegido por este artigo. Como pressuposto de um Estado
Democrático de Direito a liberdade sindical também é assegurada pela Constituição da
República em seus arts. 5º, XVII e 8º, V.

Preceitua como crime a coação, o constrangimento, (dolo) mediante violência (vis


corporalis) ou grave ameaça (vis compulsiva) a algum indivíduo para que participe ou deixe
de participar de alguma associação ou sindicato, sendo importante diferenciá-los:

a) Associação profissional: define-se por união de indivíduos que tem por fim a
defesa, estudo e coordenação dos interesses profissionais de tal entidade
associativa. (art. 1º Dec. Lei 1.402/39 e art. 511, CLT)
b) Sindicato: é a espécie do gênero associação profissional que é reconhecida
pelo Poder Público como representante da classe de sindicalizados (art. 50,
Dec. Lei 1402/39 e art. 561, CLT).

A lesão que se produz através da infração prevista nesse artigo deve atingir as
relações de trabalho.

Como crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, no caso de
funcionário público atuar como sujeito ativo, este poderá também responder por crime de
abuso de autoridade (art. 3º, f, Lei 4.898/65). O sujeito passivo também pode ser qualquer
pessoa desde que se trate de trabalhador ou profissional que tenha a possibilidade de integrar
associação ou sindicato. No caso da conduta que força “deixar de participar” o sujeito passivo
deve ser integrante de sindicato ou associação.

Admite-se a tentativa, pois pode-se fracionar a conduta. Trata-se de um crime


permanente, pois sua execução prolonga-se no tempo.

Quanto a pena semelhante aos artigos anteriores essa é cumulada: detenção, de um


mês a um ano e multa, além da pena que corresponda a violência empregada. Vale ressaltar
que a contravenção penal, como vias de fato, não cumula pena.
A ação penal é pública incondicionada e esta infração admite transação penal e
suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95)

PARALIZAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU PERTURBAÇÃO


DA ORDEM

O direito a greve é garantido na Constituição da República em seu art. 9º. O


código Penal com a tipificação desta conduta não pretende reprovar a participação do
trabalhador em uma greve, mas sim a prática da violência contra a pessoa ou coisa.

O art. 200 visa tutelar a regularidade e a moralidade que deve orientar as relações
trabalhistas. Tipifica como crime participar, praticando dolosamente violência (real, no curso
da ação para garantir eficácia a pressão) contra coisa ou pessoa, de:

a) Abandono coletivo de trabalho: nesse caso, trata-se de crime de concurso


necessário, exigindo-se no mínimo 3 empregados. É definido como a
tradicional greve.
b) Suspensão do trabalho (lockout): nesse caso, não há necessidade de
multiplicidade de trabalhadores. É definida como a paralização promovida
pelos empregadores, “greve patronal”.

O sujeito ativo deve ser empregado ou empregador, sendo este o participante da


greve violenta. Já o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, sem que haja alguma condição
especial.

Por se tratar de crime material (só se consuma com o resultado), admite-se a


tentativa.

Por fim, a pena cominada é semelhante aos demais delitos, sendo


cumulativamente aplicada: detenção, de um mês a um ano e multa, somada a pena da
violência aplicada (ex. dano ou lesão corporal). Nesta última, só responderá quem concorrer
com a violência, os demais responderão apenas pelo art. 200, CP.

A ação penal é pública incondicionada e admite-se a transação penal ou a


suspensão condicional do processo (lei 9.099/95).
PARALIZAÇÃO DE TRABALHO DE INTERESSE COLETIVO

Semelhante ao artigo anterior, o art. 201 visa tutelar a regularidade e moralidade


das relações trabalhistas que se ligam com obras públicas ou serviços de interesse coletivo.
Mas aqui não é necessário que haja violência para que a conduta se adeque ao tipo penal,
basta a simples greve ou suspensão do trabalho, de forma dolosa (dolo direto ou eventual),
desde que estas condutas interrompam a obra pública ou o serviço de interesse coletivo.

O sujeito ativo deve ser o empregado ou empregador que tem responsabilidade


sobre obra pública ou serviço de interesse coletivo. Já o sujeito passivo pode ser qualquer
pessoa sem condição especial.

É importante mencionar os seguintes julgados do TJMG, os quais consideraram


como ilegal greve de servidores públicos da educação, saúde e segurança pública uma vez que
atingiram serviços de interesse da coletividade.

AGRAVO INTERNO. DIREITO DE GREVE POLICIAIS CIVIS DO


ESTADO DE MINAS GERAIS. ILEGALIDADE. SUPREMACIA DO
INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO . SERVIÇO PÚBLICO
ESSENCIAL À SEGURANÇA PÚBLICA E QUE NÃO PODE SER
PARALISADO OU SEQUER REDUZIDO. - A Suprema Corte, ao
apreciar a Rcl. nº 6.568, reconheceu que determinadas categorias que
compõem a estrutura do Estado não podem fazer uso do direito de
greve a que alude o texto constitucional, na medida em que são
essenciais à segurança pública, como é o caso da Polícia Militar, e,
analogamente, a Polícia Civil. - Hipótese na qual a supremacia do
interesse público sobre o privado justifica a determinação de
suspensão do movimento grevista dos Policiais Civis do Estado de
Minas Gerais. (TJ-MG - AGT: 10000160442414003 MG, Relator:
Alberto Vilas Boas, Data de Julgamento: 17/08/2016, Seção Cível-UG / 1ª
Seção Cível, Data de Publicação: 26/08/2016) – destacamos.

REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. GREVE


DOS PROFESSORES, SERVIDORES E FUNCIONÁRIOS
PÚBLICOS MUNICIPAIS DE SANTOS DUMONT. ART. 37, VII, DA
CF/88. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. EDUCAÇÃO. SERVIÇO
ESSENCIAL ILEGALIDADE DA GREVE RECONHECIDA. A
norma prevista no artigo 37, VII, da Constituição Federal é de eficácia
limitada e depende de ulterior regulamentação por lei específica.
Enquanto não editada a lei, mostra-se ilegal a greve de servidores
públicos, principalmente quando paralisam a prestação de serviços
essenciais. Em reexame necessário, reformar a sentença. (TJ-MG - REEX:
10607120034931001 MG, Relator: Albergaria Costa, Data de Julgamento:
25/04/2013, Câmaras Cíveis / 3ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
10/05/2013) – destacamos.

ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO. GREVE DOS


TRABALHADORES DA SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CONTAGEM.
SERVIÇO ESSENCIAL. NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DE
PERCENTUAL MÍNIMO . ART. 11 DA LEI Nº 7.73/1989. - A Lei nº
7.783/1989, cujas disposições são aplicáveis aos servidores públicos por
força de decisão do Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do
Mandado de Injunção n. 670, estabelece o dever do sindicato e dos
trabalhadores de garantir, durante o movimento grevista, a manutenção dos
serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da
população. - Hipótese na qual o serviço prestado pelos grevistas é
considerado essencial e não pode ser paralisado em sua plenitude, sob
pena de colocar em risco a vida e a saúde da população que depende
do serviço público de saúde no Município de Contagem . (TJ-MG -
AGT: 10000160216859001 MG, Relator: Alberto Vilas Boas, Data de
Julgamento: 05/10/2016, Seção Cível-UG / 1ª Seção Cível, Data de
Publicação: 14/10/2016) – destacamos.

Admite-se a tentativa, por ser um crime material, em que há possibilidade de


fracionar a conduta.

A pena também é cumulativamente aplicada: detenção, de um mês a um ano, e


multa, somada a pena correspondente à violência. A ação penal é pública incondicionada e
admite-se a transação penal ou a suspensão condicional do processo (lei 9.099/95).

INVASÃO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRUAL, COMERCIAL OU


AGRÍCOLA. SABOTAGEM

O art. 202, CP, trata-se de um crime pluriofensivo, visa proteger bens jurídicos
distintos: liberdade e organização do trabalho além do patrimônio do proprietário do
estabelecimento.

Tipifica como crime invadir (entrar a força) ou ocupar (apossar-se arbitrariamente


de estabelecimento), dolosamente, estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, visando
inviabilizar ou criar dificuldades para o curso normal do trabalho. Há também a tipificação da
sabotagem, que se dá por três modalidades:

a) Danificar o estabelecimento
b) Danificar as coisas existentes no estabelecimento
c) Dispor das coisas existentes no estabelecimento

O sujeito ativo, por se tratar de crime comum, pode ser qualquer pessoa. Já o
sujeito passivo é o proprietário do estabelecimento e a coletividade, de forma conjunta.
A tentativa é admissível, já que se é possível fracionar a fase executória.

A pena cominada é cumulativamente aplicada: detenção de um a três anos e


multa. A ação penal é publica incondicionada, sendo importante frisar que é necessário que o
agente tenha intenção de embaraçar o curso normal do trabalho. Se o dano for contra
propriedade particular, e não for demonstrado essa intenção, não figura a hipótese prevista no
art. 202. Admite-se apenas a suspensão condicional do processo (lei 9099/95)

FRUSTRAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA (ART. 203)

O caput desse artigo define que comente crime aquele que frustra, mediante
fraude ou violência, direito assegurada pela legislação do trabalho, e confere pena de detenção
e multa, além da pena corresponde à violência. Além disso, também incorre em crime
semelhante aquele que impede o trabalhador de se desligar de sua atividade, ou que coage
esse trabalhador a comprar mercadorias, reiteradamente, em um mesmo estabelecimento
como forma de impossibilitar a sua saída (§1°, incisos I e II).
Trata-se de uma norma penal em branco, visto que, é necessário complementação
através das leis trabalhistas que definem os direitos assegurados aos trabalhadores. O objeto
jurídico é a tutela da legislação trabalhista.
A doutrina classifica o crime de frustração de direito assegurado por lei trabalhista
como comum, doloso, material, comissivo, instantâneo ou permanente, unissubjetivo e
plurissubsistente. Excepcionalmente pode ser classificado como omissivo impróprio.
O §2º traz uma majorante de pena quando o crime for cometido contra menor de
dezoito anos, idoso, gestante, indígena ou pessoa portadora de deficiência física ou mental,
uma vez que, a possibilidade dessas pessoas se defenderem em face da agressão de seus
direitos é reduzida.

        

 FRUSTRAÇÃO DE LEI SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO (ART.204)

No art. 204 o crime ocorre com o ato de frustrar a, mediante fraude ou violência,
obrigação relativa à nacionalização do trabalho. Trata-se também de uma norma penal em
branco, já que, os direitos assegurados estão previstos nas leis trabalhistas. Tem como sujeito
passivo o Estado.
O tipo penal é exclusivamente doloso, não se admite a modalidade culposa. É um
crime comum devido à realização por qualquer pessoa, simples, porque só há o dolo e
material por sua ocorrência entre conduta e resultado para consumação.
As penas aplicadas a esse artigo são, cumulativamente, detenção, de um mês a um
ano, e multa, além a pena correspondente à violência. Trata-se de ação penal pública
incondicionada.
De acordo Heleno Fragoso, citado por BITENCOURT, “se frustrando, com
violência ou fraude, obrigação relativa à nacionalização do trabalho, o agente violar direito
individual assegurado pela lei trabalhista, praticará em concurso formal, igualmente, o crime
previsto no art. 203, CP".

 EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA


(ART.205)

O artigo 205 busca tutelar o interesse estatal nas funções de fiscalização exercida
por este, ou seja, ocorre o crime, quando o agente exerce atividade que esteja impedido de
fazê-la em virtude de decisão administrativa. O sujeito ativo é a pessoa que está impedida de
ser sua atividade, enquanto o sujeito passivo é o Estado.
É um tipo penal exclusivamente doloso, não se admitindo a modalidade culposa.
Não é admitido também a tentativa. Tem como pena detenção, de três meses a dois anos, ou
multa. A ação penal é pública incondicionada.
Classifica-se como crime próprio, uma vez que, só pode ser cometido por pessoa
que esteja impedida de exercer determinada atividade, doloso e de conduta habitual.
PENAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO
ADMINISTRATIVA. ARTIGO 205 DO CÓDIGO PENAL. TIPICIDADE.
HABITUALIDADE. A expressão típica "exercer atividade", constante no
artigo 205 do Caderno Criminal, requer a habitualidade do agente na
realização de atos inerentes à sua atividade durante o período no qual o
exercício dos mesmos se encontre obstado por decisão administrativa.(TRF-
4 - ACR: 8201 RS 2004.71.05.008201-0, Relator: LUIZ FERNANDO
WOWK PENTEADO, Data de Julgamento: 29/11/2006, OITAVA TURMA,
Data de Publicação: D. E. 10/01/2007)

ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO (ART. 206)

O bem jurídico tutelado nesse artigo é o interesse do Estado em garantir a estadia


dos trabalhadores brasileiros no Brasil, ou seja, manter a mão de obra no território nacional. O
sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, independentemente de qualidade ou condição especial,
tratando-se, assim, de crime comum, e o sujeito passivo é o Estado.
O caput se refere a “recrutar”, que tem o sentido de atrair, aliciar, seduzir as
pessoas com a finalidade de trabalho no exterior. A lei determina, agora, que haja fraude, ou
seja, que o agente induza ou mantenha em erro os trabalhadores, por exemplo, com falsas
informações ou promessas, convencendo-os a levá-los para territórios estrangeiro. Exemplo
típico ocorre com o aliciamento de mulheres para trabalhar no exterior, exercendo atividades
dignas, com altos salários, quando, na verdade, a finalidade é exercer a prostituição.
Classifica-se como crime doloso, de ação ou forma livre, comum, simples, formal,
plurissubsistente e de concurso eventual e instantâneo.
A sua consumação ocorre com o recrutamento, sendo assim, não é necessário a
efetiva ida ao exterior, sendo admitido também a modalidade na modalidade tentada, que
ocorre quando o sujeito tenta recrutar pessoas de forma fraudulenta, entretanto, não obtém
sucesso.
As penas cominadas, cumulativamente, são detenção, de um a três anos, e multa.
A natureza da ação penal é pública incondicionada.

ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA OUTRO DO


TERRITÓRIO NACIONAL (ART. 207)

O bem jurídico protegido é o interesse do Estado em evitar o êxodo de traba-


lhadores no território nacional, já que as mudanças dos trabalhadores causam desajustes
econômicos e sociais. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, enquanto, o sujeito passivo é
o Estado. Segundo Mirabete, não havendo aliciamento, não há crime e que mesmo que não
ocorra a migração, só o aliciamento já tipifica o delito. A conduta deve ocorrer dentro do
território nacional.
     Segundo BITTERNCOURT:
“O tipo descrito no § 1º é um misto das infrações descritas nos arts. 206 e
207, pelo menos em uma de suas modalidades, onde menciona como meio
executório ‘mediante fraude’. Daquele dispositivo contém a exigência de
‘fraude’, e, desse, o êxodo de trabalhadores limitasse ao território nacional.
Apresenta três formas: (a) mediante fraude; (b) cobrança de valores do
trabalhador; e (c) não assegurar condições de retorno ao local de origem..A
ação típica nuclear será o ‘recrutamento de trabalhadores’ ou ‘a não
facilitação do retorno à origem’? E se o trabalho no local recrutado durar dez
anos? Qual será o iter criminis? É de difícil configuração."
As penas são, cumulativamente, detenção de um a três anos e multa. Entretanto,
no § 2º, a pena deverá, obrigatoriamente, ser majorada entre um sexto e um terço. A ação
penal é pública incondicionada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direto Penal – Parte Especial – Volume 3.


13. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conflito de Competência. CC 416 RJ


1993/0002593-7. Justiça Pública e Antônio de Oliveira Melo. Relator: Ministro Adhemar
Maciel. 18 de março de 1993. Jusbrasil, s.d. Disponível em:
<https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/578692/conflito-de-competencia-cc-4165> Acesso
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BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo Interno. AGT 10000160442414003,


MG. Estado de Minas Gerais e Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas
Gerais. Relator: Desembargador Alberto Vilas Boas. 17 de agosto de 2016. Jusbrasil, s.d.
Disponível em: < https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/377825271/agravo-interno-cv-
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2018.

BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo Interno. AGT 10000160216859001,


MG. Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Contagem e FAMUC – Fundação
Assistência Médica Urgência Contagem. Relator: Desembargador Alberto Vilas Boas. 05 de
outubro de 2016. Jusbrasil, s.d. Disponível em: <
https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/394996032/agravo-interno-cv-agt-
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BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Reexame Necessário. REEX


10607120034931001, MG. Sindicato Professores Servidores e Funcionários Públicos
Prefeitura Santos Dumont e Município Santos Dumont. Relator: Desembargador Akbergaria
Costa. 25 de abril de 2013. Jusbrasil, s.d. Disponível em:
https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/115510872/reexame-necessario-cv-reex-
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BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação Criminal. ACR 8201 RS


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CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral (arts. 121 ao 361). 8.
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MOREIRA, ELEN. Os crimes contra a organização do trabalho. s.l. s.d. Disponível em:
<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6076/Os-crimes-contra-a-organizacao-do-
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