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8 ensino Angela Paiva Dionisio Anna Rachel Machado Maria Auxiliadora Bezerra lorgonizadorae} uando falamos ou escrevemos, seja em que si- tuacdo for, estamos sempre produzindo algun género textual. Essa constatacéo, por mais sin- gela e dbvia que possa parecer, ndo via sen- do levada em conta pelos manuais de ensino de lingua. Na reclidade, embora tenhamos certa cdo de muitos géneros textucie, essa habllidade pode e deve ser anali- sade, treinada e ampliada. E precisamente a imperdodvel (acuna nessa Grea que a presente coletinea de ensaios busca preencher com subs! dios teéricas e sugestdes de trabalho em vérias direcSes na andlise de rmidtiplos géneros textucis, nos diversos meios de comuricacéo. Aqui, 0 professor de portugués, o estudioso da lingua, os comunicadores @ todo leitor preocupado em conhecer como se constituem e funcionam os gé- neros textuais tém uma preciosa fonte de estudo e consulta. Assim, esta obra, tnica entre nés na especialidade, colabora de maneira eubstantiva com a titima geracée de manucis de ensino na perspectiva textual- discureiva, que concebe a lingua como atividade interativa de cardter socid, histérico © cognitivo. IM 88579 ron Moros Marre (Gon Porro Gun Anda Cust0 Forosncavsbance de imagen: Stockxpert ‘cowsvoEoromu: Ana thi Ze Unisines) Carlos Alberts Faro UFPA) gon de lier Range PUCSP) ivan Miller de Otel [UFSC po Henrique Monteagu (Universidade de Santiago de Compestea} anal Rojagopelan uricaryp) Marcos Bagno uns) Maria Marta Perv Scheme (UFES) Rachel Gazolade Andrade PUC SP) Rorane jo (Uricamp} ‘Salma Tonns Mucha PUC-S) Stella Mars Barront-Rcargo[Un8) GP-BRASI ATALOGAGHO A FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDTORES DE Lis, a os Gtveres teal enn Angel Paiva lon, na Rachel Machado Maria Aira Bera lorgaizadrs)Ss0 Pale: Priboa| Eitri 2010, {Esategis de ening 18) Incl biogas BEN 976-05: 7954 021.5 |-Lnguagemotnguss Etude «een? Anis do cua Fofssrs dling Fearia Pts dese Doni ge Pala Macrada va Rak zea Mai Addr Se ozs. oan i cov eco Diretos reservados 8 PARABOLA EDITORIAL ua Dr, Marlo Vicente, 396 Ipiranga (4270-000 So Paulo, SP Fone: 11] 5061-9262 | 5061-8075 | Fax: (1) 2588-8263, home page: wwvw:parabolseditoriaLcombr ‘e-mail: porebolagparabolaeditoralcom.br Tedos 0 dts reservados Neohume prt desta obra pode ser ‘eproduzia ou tansmtda por qualquer forme efou quae eos elewaic ou mecanca incndo fotocpi tng oo rquvada em qualquer stems ou banco de dos sem perso or eset de Parbala Eto Ld ISBN: 978-85-7938-021-5 1 edo pel Parola Eto | 2 reimpressio- conerme nove aco artogrfcn ds Lingus Portugues ©2002 by Angela Paiva Dionisio, Anna Rachel Machado ¢ Maria Auxiladora Bezerra © desta edicdo:Parsbola Editorial Sdo Paulo,junho de 2010 9 Parte! SUPORTES TEORICOS € PRATICAS DE ENSINO 19 39 51 63 81 95 Nota do Editor APRESENTACKO Angela B. Kleiman GENEROS TEXTUAIS: DEFINIGAO E FUNCIONALIDADE Luiz Antonio Mareuschi . ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA E CONTEXTOS "TRORICO-METODOLOGICOS Maria Auxiliadora Bezerra GBNEROS DISCURSIVOS E ENSINO DE LINGUA INGLESA Abuéndia Paditha Pinto . GRNEROS JORNALISTICOS NO LETRAMENTO F: Lusinete Vasconcelos de Souza .ELABORAGAO DE MATERIAL DIDKTICO PARA O ENSINO DE FRANCES Eliane Gouvéa Lousada O CHAT EDUCACIONAL: © PROFESSOR DIANTE DESSE GENERO EMERCENTE, Lilia Santos Abreu-Tardelli O GENERO QUARTA CAPA NO ENSINO DE ING Vera Lticia Lopes Cristévao Parte | suportes teoricos e PRaticas De ensino GeneROs TexTUaIs!: DeFINICdO e€ FUNCIONaLIDaDe Luiz ANTONIO Marcuscuti 1 GénerRos textuals Como praticas SOCIO-HIStORICAS & se tomou trivial a ideia de que os géneros textuais so fendme- nos histérieos, profundamente vinculados a vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os géneros contribuem pata ordenar € estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia. Sao entidades sociodiscursivas e formas de aco social incontorndveis em qualquer situagio comunicativa, No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo ¢ in- terpretativo das aces humanas em qualquer contexto discursivo, os géneros nao so instrumentos estanques ¢ enrijecedores da aco criativa. Caracteri- zam-se como eventos textuais altamente maleaveis, dinamicos e plasticos. Surgem emparelhados a necessidades c atividades socioculturais, bem como na relagio com inovagGes tecnolégicas, o que é facilmente perceptivel a0 se considerar a quantidade de generos textuais hoje existentes em relagio a sociedades anteriores & comuni * Bite trabalho, claborado especialmente para o presente livro, incorpora uma série de cbser- sagaes desenvolvidas com grande detalhe em iim lio de minha autoria(Marcusehi, no prelo, que estésendo finaizado sob titulo: G2nerstextusi:eonstituiedo e pritias sociodiscursivasa set Tangado pela Balitora Gortez em breve. Quanto a esse tiltino aspeeto, uina simples observagito histdrlea do su mento dos generos revela que, numa primeita fase, povos de cultura essen wente oral desenvolveram um conjunto limitado de géneros. Apés.a invengao escrita alfabética por volta do século Vil a.C, multiplicam-se os géneros, gindo os tipieos da escrita. Numa terceira fase, a partir do século XV, os eros expandem-se com o florescimento da cultura impressa para, na fase Nermediria de inclustralizagao iniciada no séeulo XVII, dar inicio a uma jane ampliaglo, Hoje, emplena fase da denominada cultura eletrinica, com telefone, 0 gravador, o ridio, a Tv ¢, particularmente o computador pessoal #¢ sua aplicagiio mais notivel, a intemet, presenciamos uma explosio de novos séneros € novas formas de comunicagao, tanto na oralidade como na escrita, Isto € revelador do fato de que os géneros textuais surgem, sittam-sc € integram-se fancionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Caracteri- zam-se muito mais por suas fungdes comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiarcades lingutticas e estruturais, Sao de dificil definigao formal, devendo ser contemplados em seus usos ¢ condicionamentos socio- pragindticos caracterizados como priticas sociodiscursivas. Quase intimeros em diversidade de formas, obtém denominagbes nem sempre univocas e, assim como surgem, podem desaparecer. Esta coletinea traz estudos sobre uma vatiedade de generos tentuais relacio- nados a algum meio de comunicagao e analisa-os em suas peculiaridades or- sanizacionais ¢ fumeionais, apontando ainda aspectos de interesse para o tra- balho em sala de aula. Nesse contexto, o presente ensaio caracteriza-se como luma introdugdo geral a investigagdo dos géneros textuais e desenvolve uma batcria de nogoes que podem servir para a compreensio do problema geral envolvido. Certamente, haveria muita outras perspectivas de andlise e muitos 6utros caminhes teéricos para a definigio e abordagem da questio, mas tanto © exiguo espaco como a finalidade didatica desta breve introdugio impedem aque se facam longas incursoes pela bibliografia técnica hoje disponivel. 2. NOVOs GéneROs € veLHas Bases Como afirmado, niio € dificil constatar que nos tiltimos dois séculos as avas tecnologias, em especial as ligadas ® dea da comunicacao, propicia- in osurgimento de novos gencros textuais. Por certo, nfo sto propriamente surgem fortnas "de fundo, noticias, telefonemas, telegramas, telemensagen Videoconferéneias, reportagens ao vivo, cartas eletrOnicas ( pais (chats), aulas virtuais (aulas chats) e assim por diante,, Seguramente, esses novos géneros nfio so’ inovagdes abso criagBes ab ovo, sem uma ancoragem em outros generos jf existe fora notado por Bakhtin [1997] que flava na ‘tansiutaca! dos g assimilagaio de um género por outro gerando novos. A tecnologia surgimento de formas inovadoras, mas ndo absolutamente novas. Vej do telefonema, que apresenta similaridade com a conversacdo que estratégias que lhe sio peculiares. O e-mail (comeio eletrOnico) gera mei eletronicas que term nas carlas (pesoais, comerciais etc.) ¢ nos bilhetes s tecessores. Contudo, as cartas eletrOnicas so géneros novos com ide prdprias, como se ver’ no estudo sobre géneros emergentes na midi virtu Aspecto central no caso desses ¢ outros géneros emergentes € a nova ‘¢do que instauram com os usos da linguagem como tal, Em certo sentido, sibilitam a redefinigio de alguns aspectos centrais na observagao da lingus em uso, como, por exemplo, a relagao entre a oralidade ¢ a escrita, desfazs ainda mais suas fronteitas, Esses generos que emergiram no iiltimo séeulo contexto das mais diversas midias criam formas comunicativas propria ¢ certo hibridismo que desafia as relagBes entre omalidade e escrita e inviabiliza dh forma definitiva a velha visio dicotdmica ainda presente em muitos ma de ensino de lingua. Esses generos também permitem observar a maior i ago enti os varios tipos de semioses:sgnos vrais sons, imagens e form em movimento. A linguagem dos novos géneros torna-se cada vez. mais plésti assemelhandose a uma coreografia e, no caso das publicidades, por exemplo nota-se uma tendéncia a servirem-se de maneira sistemitica dos formatos dl géneros prévios para objetivos novos. Como certos géneros ja tém determina p uso ¢ funcionalidade, seu investimento em outro quadro comunicativo ¢ neional permite enfatizar com mais vigor os novos objetivos.. Quanto a este xiltimo aspecto, € bom sulientar que embora os generos ais ndo se caracterizem nem se definam por aspectos formas, sejam cles ilurais ou linguisticos, e sim por aspectas sociocomunicativos e funcionais, Iifio quer dizer que estejamos desprezando a forma. Pois é evidente, como i, que em muitos casos so as formas que determinam o géneo e, em ffos tantos serdo as fungdes, Contudo, haverd casos em que ser4 o préprio Porte ou o ambiente em que os textos aparecem que determinam o género. gente, Suponhamos o caso de determinado texto que aparece numa revista tifica e constitui um gétiero denominado “artigo cientifico”; imaginemos ‘© mesmo texto publicado num jornal didrio e entio ele seria um “attigo ilgacao cientifica”. E. claro que hé distingdes bastante claras quarito aos dois , nas para a comunidade cientifica, sob o ponto de vista de suas clas- Kes, um trabalho publicado numa re a cientifica ou num jomal didrio fem a mesma classificago na hierarquia de valores da produgao cientifi- ‘emnbora seja o mesmo texto, Assim, num primeiro momento, podemos dizer expressdes “mesmo texto” e “mesmo género” nfo so automaticamen- allentes, desde quie no estejam no mesmo suporte, Esses aspectos su i cauitela quanto a considerar o’predominio de formas ou fingdes para a inagao e identificagao de um genero Finigao De tipo e género textual 0 te6rico ¢ terminolégico relevante é a distingio entre duas nogdes analisadas de modo claro na bibliografia pertinente. Trata-se de (© que se epnvertcionou chamar de tipo textual, de um lado, e de outro, Nao vamos aqui nos dedicar a observacao da diver ica existente nesse terreno, pois isso nos desviaria muito dos giie ¢ impossivel se comunicar verbal 1 se comunicar ver GRNEROS TEXTUAIS: DEFINIGAO E FUNCIONALIDADE pela maioria dos autores que tratam.a lingua em seus aspectos discursivos ¢ énunciativos, envio em suas peculiaridades formais, Essa visdo segue uma nogaio. de Ingua como ati jade social, historica e cognitiva. Privilegia a natureza funcional e interativa € nao o aspecto formal e estrutural da lingua. Afirma o cardter de indeterminacao e ao mesmo tempo de atividade constitutiva da Iingua, 0 que equivale a dizer que a lingua nao é vista como um espelho da realidade, nem como um instrument de representagio dos fatos. Nese contexto teérico, a lingua € tida como uma forma de ago social ¢ historica que, ao dizer, também constitui a re: ide, sem contudo cair num subjctivismo ou idealismo ingénuo. Fugimos também de um realismo extemalista, ‘mas ndJo nos situamos numa visio subjetivsta, Assim, toda a postura te6rica aqui desenvolvida insete-se nos quadros da hipétese sociointerativa da lingua. FE nesse contexto que os géneros textuais se constituem como agées sociodiscursivas para agir sobre mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo. Para uma maior compreensio do problema da distingdo entre géneros ¢ tipos textuais sem grande complicagao técnica, trazemos a seguir uma defini- ‘glo que permite entender as diferengas com certa facilidade. Essa distingio é fundamental em todo o trabalho com a produgao e a compreensio textual. Entre 08 autores que defendem uma posigdo similar a que aqui € exposta esto Douglas Biber (1988), John Swales (1990), Jean-Michel Adam (1990), Jean -Paul Bronckart (1999). Vejamos aqui uma breve definigao das duas nogdes: (a) Usamos a expressio tipo textual para designar uma espécie de sequén- cia teoricamente definida pela natureza linguistica de sua composiga0 {aspectos lexicais, sintiticos, tempos verbais, relagdes légicas). Em geral, 0s tipos textuais abrangem cerca de mela dizia de categorias conhe- 1s como: narragdo, argumentacdo, exposigdo, descri¢do, injungdo. (b) Usamos a expressio género textual como uma nogao propositalmente ‘vaga para referr os fextos materializados que encontramos em nossa vi dlidria ¢ que apresentam caracteristicas sociocomunieativas definidas por conteridos, Baars funsora estilo e composicio caracteristica. ein diizia, os génieros sio intimeros. GRNEROS TEXTUAIS: DEFINIGAO F FUNCIONALIDADE. 25 iz Antonio Marcuschi Compras, cardapio de restaurante, olicial, resenha, edital de concurso, onferéncia, carta eletrénica, bate-papo € assim por diante. generos textuais que, as vezes, Ihes so proprios (em certos casos ex- clusivos) como praticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas. ‘Vejase 0 caso das jaculatorias, novenas e ladainhas, que sao generos exclu- sivos do domtinio religioso e nao aparecem em outros dominios. ‘Tome-se 0 1a jaculatéria que parecia extinta, mas é altamente praticada por exemplo de pessoas religiosas, EXEMPLO 4: JACULATORIA (in: Rezemos otrgo. Aparecida, Ectore Santus- rio, 1977, p. 54) ‘Senhora Aparecida, milagrosa padroeira, sede nossa guia nesta mortal carreira! 6 Virgem Aparecida, sacrério do Redentor, dai @ alma desfalecida vosso poder e valor. 6 Virgem Aparecida, fiél e seguro norte, alcangai-nos gragas na vida, fa- vorecei-nos na morte! GENEROS TEXTUAIS 1. construtos tedricos definides por L. realizagdes tie definid : te teas coertsdethies DroplodadesIngusteasntrecas; por wopredadesscocmuniatven 2. conte seauncies ngustas ou | 2 constuom tetas emp Seauendes deenunadoso no seo Teles arin tng tes empticos Sto comunata 4%. suanemeacio abrange um coniunto | 3. sue nomeago ab ¥ : s sbrange um conjnto sberto bes. 09 cetera tedricas praticamente | Titado do ceign IGS. mina pr aspects ete, coneretasdetrminadas peo cana esti, Sintaticos, relagdes logicas, tempo verbal; ‘Contetido, composicao e fungao; 3 A jaculatéria & um genero textual que se caracteriza por um contetido de eee res GH ee Snariagée, 4 exemple de génores: eefonema, grande fervor religioso, estilo laudatorio ¢ invocat6rio (duas sequéncias injuntivas alcdo. eer ne ecaee bined some Jigadas na sua formulacao imperativa), composigdo curta com poucos enuncia- reunigo de condominio, oréscopo, eceita dos, voltada para a obtengao de gragas ou perdio, a depender da circunstincia, Culindra, bua de még, sta de Compras, cardio, nstupies do so, outdo, Em relagio as observagiies tedricas acima, deve-se ler 0 cuidado de no Inquérto pol reson, etal de eee concuso, pads, comversagaoespontanea, eonfundir fexto e discurso como se fossem a mesma coisa, Embora haja mu ‘conferéncia carta eletrbnica Date papo i discussio a esse respeito, pode-se dizer que texto é uma entidade concreta virtual, alas vita et. ‘ealizada materialmente e corporificada em algum gnero textual. Discurso Aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instancia dis- irsiva, Assim, o discurso se realiza nos textos. Em outros termos, os textos, izam discursos em situagées institucionais, hist6ricas, sociais e ideol6; textos so acontecimentos discursivos para os quais convergem ages lin- OF il expresso dominio discursivo para designar uma esfera ou lieas, sociais e cognitivas, segundo Robert de Beaugrande (1997) inci a pes ou de atividade humana. Esses do- ‘Observe-se que a definigao dada aos termos aqui utilizados € muito scursos, mas propiciam o surgimento de sacional do que formal. Assim, para a nogao de tipo textual, pre- uite espectficos, Do ponto de vista clos dom nios, falamos identificagao de sequéncias linguisticas tipicas como norteado- z curso reli i ‘ 7o textual, predominam os critérios de aga dle andlisarmos alguns géneros textuais ¢ algumas questées relativas ‘etia interessante definir mais uma nogao que vem sendo usada de tanto vaga. Trata-se da expresso dominio discursivo. ploao tie ‘ilo silo entidades formais, mas sim entidad 108 slo formas verbais de agio social relativamente A expressio “tipo de texto”, muito usada nos livros didéticos e no j, € equivocadamente empregada e nao designa um tipo, mas 0 de texto, Quando alguém diz, por exemplo, “a carla pessoal é texto informal”, ele nao esti empregando o termo “tipo de texto” eortela ¢ deveria evitar essa forma de falar, Uma carta pessoal pata sua mae é um género textual, asim como umn editorial, reoeita médica, bula de remédio, poema, piada, conversagao casual, jomalistica, artigo cientifico, resumo de um artigo, prefécio de um Hrevidente que em todos esses generos também se esto realizando tipos ido ocorrer que o mesmo género realize dois ou mais tipos. M texto 6 em geral tipologicamente variado (heterogeneo). Veja-se 0 pessoal, que pode conter uma sequéncia narraliva (conta uma J, na argumentacdo (argumenta em fungao de algo), uma descr uma situacdo) ¢ assim por diante. Ohitmos 0 caso da carta pessoal, tomemos o breve exemplo de @ amigos. Aqui foram suprimidos alguns trechos e mudados os [para a nifo identificagao dos atores sociais envolvidos (TUAL:GARTA PESSOML | ‘Manhete FM ~ ou radio dos funks ~ eu ‘adoro funk, prinelpalmente com pasos marcacos. ‘Aquino Rla 6oritmo do momento... vooe, gosta? Gosto também de house e dance music, sou fascinado por disootecas! sore vou aK. I ‘ontem mesmo (sexta-elra) eu fui e chegusl quase ‘quatro horas da macrugada. Dangar € muito bom, prinelpalmente em uma disco- ‘toca legal. Aqui no condominio onde moro tem muitos: jovens, somos todos muito amigos e sempre vamos to- {0s juntos. E muito maneiro! (G.fol ts vezes aK. pergunta s6 a ele como él Esté tocando agora 0 "Melb da Mina Sensual”, super demais! ‘Aqui cugotambém a Transaméricae RPC FM. E yoo}, quale radios curte? ‘Demorei um tempéio pra responder, espero sinoeramen. te que voce nao esteja chateada comigo. Eu me amarrei de verdade em voces ai, do Recife, principaimentea gale- ra da ET, vocés S40 multo maneirost Meu maior sonho é viajar ficar um tempo por af, conhecer legal vooés todos, ‘sais juntos... $6 que no sei 20 certo se vou real- mente no inicio de 1992. Mas pode ser que dé, quem B8DE /oeremnend 'N&o sel a0 certo se vou ou nao, mas fique certa que fa rel de tudo para conhecer voces 0 mais répido passive Posso te dizer uma ooisa? Adoro muito voces! ‘Agora, a minha rotina: Bs Segundas, quartas e sedasteras trata de 8:00 8s 17 00h, em Botafogo. De ké vou para OT ‘minha aula vai de 18:30 as 10:40h. Chego aqui em cas ‘quinze para meia-noe Eas teas € quntas foo 050 em 196 de 8:00 & 12:30h, Vou para 0 T; as 13:30 comega: meu curso de francés (you me formar ano que vem) @ i ‘até 15:30n, 16:00h vou dar aula e fico até 17:30. 47240h 118:20h faga natagdo (no T. também) ¢ até 22:40 “/Ontem eu @ Simone flzemos t ‘Luiz Antonio Marcuschi 0 ade« 3 formulacao da tipologia. Assim, sto desenvolvidas © problema é que ela é mute clumente,pincoaimén Ho aequada a formolagao da tipolos con te porque eu jsf afim da B., que mora aqui também, teméticas textuais tipicas que dardo origem aos tipos Nem posso falar com a garota que S. jé fica com raiva, clo acima para a segmentago das sequéncias observadas nit Eesieaieniennbes ala). Yejamos isto na figura a seguir: escreval oo Faz um fovor? Diga pra M., A P.€ C. que esperem, n8o Twos TEXTUAIS SEGUNDO WeRLICH (1973) demoro a escrever ‘Ado wosés! um belo! “Sobre a mesa havia mares de vidos.” okivel a variedade de sequéncias tipol6gicas nessa carta pessoal, em @ predominam descrigdes e exposigdes, 0 que € muito comum para esse ieee | Nao ha espaco aqui para maiores detalhes, mas esse modo de andlise ser desenvolvido com todos os generos e, de maneira geral, vai-se notar Este tipo de enunclado textual aterrissaramem | um verbo de mudanga no pasado, Nova York no um cicunstancial de tempo ei ‘meio da note.” Por sua referéncia temporal tuna grande heterogencidade tipoldgica nos géneros textuais caw cruncieds 6am Portanto, entre as caracteristicas bésicas dos tipos textuais, esté o fato de eles _enunclado indicativo de ag80. Alefinidos por seus tragos linguisticos predominantes. Por isso, um tipo Ura pae | Oa € dado por um conjunto de tragos que formam uma sequéncia e niio ae oe i ve aha A rigor, pode-se dizer que 0 segredo da coesio textual esta precisa- al om (0)0 cérebro, graus, em substituigdo aos antigos primario, gindsio e cientifico/clissico, também instituiu o ensino da matéria comunicacao e expresso, que tinha como contetido expecifico a lingua portuguesa (artigo 1°, § 1° da Resolugio n’ 8, de dezembro de 1971, que € um desdobramento da lei 5.692/71) ¢ amplia os limites do ensino de lingua para linguagem(ns). Jinsino DE LINGUA PORTUGUESA E CONTEXTOS TEORICO-METODOLOG! Artigo I § 1° da Resolugao 8/71 Para efeito da obrigatoriedade atribuida ao micleo comum, incluemse @ contetidos espeefficos das matérias fixadas: (a), em comunicagio ¢ expresso — a lingua portuguesa. i Artigo 3° da mesma resolugao ‘Alm dos conhecimentos, expertnciase hublidades inerentes as malts observado 0 disposto no artigo anterior, o seu ensino visaré: (a) em comunicagao ¢ expressio, a0 cultivo de linguagens que ensejem #0 contato coetente com os seus semelhantes ¢ a mamifestagaio harmonic personalidade, nos aspectos fsico, psfquico ¢ espiritual, ressaltandose al portuguesa como expresso da cultura brasileira, Ao apontar para oeultivo de inguagens, pode-se inferir que a ideia era a Jimites do ensino de lingua para linguagens; inclusive porque se d «lo em atividades (sem sistematizacdo de conhecimentos) até a 5 Do ponto de vista linguistico, concebia-se, nessa décatla de 1970, o instrumento de comunicacao, por influéncia da teoria da inform livulgava na época, Assim, a ingua era um cédigo através do qual jm mensagens dle emissores para receptores, com fungbes variadas, Hnfase dada a um dos elementos do circuito da comunicagio: fungao {mensagem centrada no emissor), fnedo conativa (mensagem eet ceptor), fanedo referencial (mensagem centrada no contexto), sagem centrada no canal), fangao metalinguistica (mensagem igo) ¢ undo poetic (mensagem centrada em si mesma (Jl “Sendo a lingua um cédigo e devendo o ensino ser de comunil través de pédigos variados (ndo s6 0 verbal, mas também 0 didaticos de portugués, que se mnultiplicam nessa décas féricas (como mencionado no item anterior, “renovagdes mh jean suas escolhas textuai iterdrios ¢, depois, noticias jornalisticas, para leitura (j ) e anzlise (estrutura textual, recursos linguisticos noticias Feportagens, entevistas, propagandas, . Os alunos devetlam Ils, Aanalislos e produa-los. A énfase nessa variedade de texto & motivada, prin Palmente, pela ideia de que os alunos precisariam ler textos mais atuais, mais Proximos de sua realidade (nfo s6 03 jornalisticos, mas também os itertos), tanto do ponto de vista da temstica quanto da linguagem, Nesses anes 1980, so publicadas obras de divulgacio cientfica, como apoio tedrico-metodoligico para o estudo de textos jomnalisticos, Podemos citar Esirutura da noticia (1987) e Linguagem jomatistica (1985) de Nilson Lage; € O jornal na sala de aula (1989) de Maria Alice Faria Nos anos 1990, com a ampliagdo dos meios de comunicagdo e de novas tecnologias, constatamos a preacupagto por parte de pesquisadores(Citeli, 2000; Marcondes, Menezes e Toshimitsu, 2000; Lino de Aragjo, 1999) com a introducto das diversas linguagens, dat decorrents, na sala de aula (nso apenas de portugués, como de outrs dsciplinas também) cinema, tlevisdo, informética, publicidade e outras Os textos jomalistcos esto eada vez mais presentes nas aulas e manuais de lingua, ais, ndo 6 no Brasil, mas também em outtos paises (0 que demonsta a influéncis da midia no mundo em geral e uma patica de letramento presente ¢ difundida entre vétios povos). Para citar alguns estudos/propostas de trabalho com essa variedade de texto, temos Faga seu prépriojomal de Chris e Ray Har 1 Publicagdo americana dstinada a eriangas (Make your Own Newspaper) em 1995, traduzida por Beatriz Marchesini e publicada pela editora Papirus; Des pPratiques de écrit, coordenada por Gisdle Kahn, publicagio francesa, de 1993; Escola litura e produgdo de textos de Ana Maria Kaufinan e Maria Elena Ro.

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