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Processo 0001003-18.2017.8.24.

0012/SC, Evento 103, SENT178, Página 1


STJ-Petição Eletrônica recebida em 10/11/2020 21:43:02 (e-STJ Fl.346)

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Caçador
Vara Criminal

Autos n° 0001003-18.2017.8.24.0012
Ação: Ação Penal -Procedimento Ordinário/PROC
Réu preso: Marcelo Augusto Frutuoso

Vistos para sentença,

Ocupam-se os autos de Ação Penal Pública Incondicionada aforada pelo Ministério Público

do Estado de Santa Catarina contra Marcelo Augusto Frutuoso, imputando-lhe a prática dos delitos

previstos nos artigos 157, § 2°, inciso I, c/c art. 14, inciso I, ambos do Código Penal, por duas vezes,

bem como no art. 157, § 2°, inciso I, c/c art. 14, inciso II, também do Estatuto Repressor, consoante a

seguinte narrativa fática exposta na denúncia:

1° FATO DELITUOSO (roubo -Mercado Alto Bonito) No dia 1° de abril de 2017, por
volta das 18h0Omin, na Rua Antonio Bombassaro, n. 845, Bairro Martello, em
Caçador/SC, o denunciado MARCELO AUGUSTO FRUTUOSO, agindo com
expresso animus furandi, adentrou no estabelecimento comercial denominado
"Mercado Alto Bonito", situado no referido endereço, e, mediante grave ameaça
exercida com o emprego de uma faca (arma branca), contra a vítima Lindacir
Aparecida de Oliveira Duarte, proprietária, subtraiu, para si, a quantia aproximada
de R$ 300,00 (trezentos reais), dinheiro este que estava no caixa, evadindo-se do
local logo em seguida na posse da res furtiva. Apurou-se que o denunciado entrou
no estabelecimento, aproximou-se da vítima, que estava no caixa, anunciou o
assalto e abriu a gaveta do caixa. Quando a vítima tentou fechar a gaveta, o
denunciado sacou a faca, apontando para a vítima. Depois, pegou todo o dinheiro
que estava no caixa efugiu. (grifei)

2° FATO DELITUOSO (roubo tentado -Mercearia do Arripiado). No dia 1° de abril


de 2017, por volta das 20h3Omin, na Rua João Angeli, n. 184, Bairro Martello, em
Caçador/SC, o denunciado MARCELO AUGUSTO FRUTUOSO, agindo com
expresso animus furandi, adentrou no estabelecimento comercial denominado
"Mercearia do Arripiado", situado no referido endereço, e, mediante violência física
e grave ameaça exercida com o emprego de uma faca (arma branca), contra as
vítimas Andrio Rian Antonio Adamio (14 anos) e Edson André Adamio, deu início à
subtração, para si, de dinheiro e outros objetos de valor econômico guarnecidos no
estabelecimento, somente não logrando êxito por circunstancias alheias à sua
vontade, tendo em vista as vítimas reagiram ao assalto, impedindo a ação do
denunciado, que empreendeu fuga sem nada levar. Apurou-se que o denunciado
foi até a mercearia, que já estava fechada, e, ao ser atendido pelas vítimas, disse
que queria comprar um refrigerante. Em seguida, Edson foi buscar o refrigerante,
momento em que o denunciado sacou a faca e tentou golpear Andrio, que se
Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

defendeu. Logo após, Edson voltou e impediu a ação do denunciado, fazendo com
que fugisse. (grifei)

3° FATO DELITUOSO (roubo -Mercado Martello). No dia 2 de abril de 2017, por


volta das 09h2Omin, na Rua José loos Júnior, n. 704, Bairro Martello, em
Caçador/SC, o denunciado MARCELO AUGUSTO FRUTUOSO, agindo com

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STJ-Petição Eletrônica recebida em 10/11/2020 21:43:02 (e-STJ Fl.347)

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expresso animus furandi, adentrou no estabelecimento comercial denominado


"Mercado Martello", situado no referido endereço, e, mediante grave ameaça
exercida com o emprego de uma faca (arma branca), contra a vítima Jassiara
Bialeski, operadora de caixa, subtraiu, para si, aquantia aproximada de R$800,00
(oitocentos reais), dinheiro este que estava no caixa, evadindo-se do local logo em
seguida na posse da res furtiva. Apurou-se que o denunciado entrou no
estabelecimento empunhando afaca, dirigiu-se até onde estava avítima, encostou
a faca em sua barriga e anunciou o assalto, ordenando que ficasse quieta e
entregasse o dinheiro que estava no caixa, fugindo logo após. O fato foi
comunicado à Polícia Militar, tendo uma guarnição realizado rondas na localidade,
e, mediante informações de populares, lograram êxito em encontrar odenunciado
escondido em uma residência, debaixo de uma cama, sendo então preso em
flagrante" (fls. 1-5). (grifei)

O representante do órgão ministerial ofertou a denúncia em 10.04.2017, arrolando 8

testemunhas, tendo acompanhado adenúncia o respectivo Auto de Prisão em Flagrante lavrado por

ocasião dos fatos.

Recebida apeça acusatória em 11.04.2017, determinou-se acitação do réu (fl. 53).

Citada (fl. 58), aparte denunciada apresentou resposta àacusação (fls. 56/57), arrolando as

mesmas testemunhas indicadas pelo Ministério Público e alegando, de maneira sintética, que os

delitos haviam sido cometidos quando estava sob oefeito de drogas.

Inexistentes quaisquer das hipóteses de absolvição sumária previstas no art. 397 do Código

de Processo Penal, foi designada audiência instrutória (fl. 61).

Realizada a audiência de instrução ejulgamento, foram inquiridas 6testemunhas arroladas

pelas partes, tendo-se, ao final, interrogado oréu.

Encerrada a instrução da demanda, o representante ministerial ofertou alegações finais às

fls. 116/134, afirmando que as provas colhidas demonstram satisfatoriamente a materialidade e a

autoria dos crimes imputados ao acusado, requerendo, nessa medida, a condenação dele nas

sanções previstas no respectivo tipo penal.

Por seu turno, a defesa apresentou alegações derradeiras às fls. 141/148, asseverando a

ausência de provas que sustentem indícios de materialidade e autoria delitiva (aplicação do princípio

in dubio pro reo), bem como requerendo, em caso de condenação, o reconhecimento da continuidade

delitiva eaplicação da pena no mínimo legal, com aincidência da atenuante de confissão.

Vieram os autos conclusos para sentença.


Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

É orelatório. Decido.

Cuida-se de ação pública incondicionada objetivando a apuração dos fatos narrados na

denúncia que se amoldam àcapitulação dos artigos 157, §2°, 1, do Código Penal (roubo majorado) e

arts. 157, §2°, 1, c/c 14, II, ambos do Código Penal (roubo majorado tentado).

1) Roubo Majorado, Consumado eTentado:

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Assim dispõe o preceptivo imputado ao denunciado:

Art. 157 -Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência apessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: Pena -reclusão, de quatro adez anos, emulta. [..]
§2° -A pena aumenta-se de um terço até metade: I-se aviolência ou ameaça é
exercida com emprego de arma.

Como éconsabido, ocrime de roubo se trata de infração penal complexa, derivada da união

dos delitos de furto (art. 155 do Código Penal) ede constrangimento ilegal (art. 146 do CP), de modo

que, naturalmente, são exigidas as mesmas elementares daqueles delitos para sua materialização.

Com efeito, alinha de base contra aqual oconceito do delito se constrói éasubtração, pelo

agente, de coisa móvel alheia, com finalidade de assenhoreamento definitivo, para si ou para terceiro,

mediante o emprego de violência (própria ou imprópria) e/ou grave ameaça contra pessoa. Pessoa

esta que, por ser livre, não é obrigada a dispor de seus bens em favor do agente por força de lei,

sendo que somente ofaz em virtude da violência ou grave ameaça que lhe éinfligida/prometida.

O dolo épróprio, devendo oagente buscar conscientemente não apenas asubtração da res

furtiva, mas o uso de violência ou grave ameaça para que ocorra ainversão de detenção da coisa.

A deliberação sob a aplicação ou não da majorante relativa ao emprego de arma pelo

acusado resta prejudicada, uma vez que o §2°, inciso Ido Código Penal foi revogado por meio da lei

13.654 de 2018, aqual retirou do tipo penal arespectiva causa de aumento de pena.

Embora posterior à data em que cometido os fatos, a novel legislação merece integral

reconhecimento ao caso, haja vista que mais benéfica ao réu, pois deixa de aumentar a pena na

terceira fase de sua fixação (em eventual reconhecimento do emprego de arma). Com efeito, "a lei

posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que

decididos por sentença condenatória transitada em julgado", ex vi do disposto no parágrafo único do

art. 2° do Estatuto Penal vigente.

Nada obsta, obviamente, que autilização de arma branca seja considerada na primeira fase

da dosimetria da pena, a título de circunstância desfavorável, haja vista que, indubitavelmente, o

emprego do objeto impôs maior temor às vítimas efacilitou aconcretização dos delitos.

Tal compreensão foi adotada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, in tine:
Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA O


PATRIMÓNIO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA
BRANCA E EM DESFAVOR DE PESSOA COM MAIS DE 60 ANOS DE IDADE
(ART. 157, CAPUT E ART. 61, II, H, AMBOS DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA
CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PRELIMINAR. SUSCITADO O
CERCEAMENTO DE DEFESA ANTE A RECUSA DE SE DETERMINAR A
JUNTADA DAS FILMAGENS DA PRISÃO DO APELANTE. VÍCIO NÃO

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VERIFICADO. DECISÃO JUDICIAL DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA.


PRESCINDIBILIDADE PARA A ANÁLISE DO MÉRITO. INCIDÊNCIA DO ART. 400,
§1°, DO CP. [...] DOSIMETRIA. POSSIBILIDADE DE MIGRAÇÃO DO EMPREGO
DE ARMA BRANCA PARA A PRIMEIRA FASE, DIANTE DA ALTERAÇÃO
IMPOSTA PELA LEI 13.654/2018, NA FORMA DE UMA CIRCUNSTÂNCIA
JUDICIAL DESFAVORÁVEL. SEGUNDA FASE. ALMEJADO O AFASTAMENTO
DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA DIANTE DE SUPOSTA VIOLAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. NÃO ACOLHIMENTO. FACULDADE DO
MAGISTRADO EM RECONHECER, DE OFÍCIO, A EXISTÊNCIA DE AGRAVANTE,
NOS TERMOS DO ART. 385, DO CPP. TENSIONADA A INCIDÊNCIA DA
ATENUANTE DE CONFISSÃO ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. APELANTE
QUE NEGOU A SUBTRAÇÃO DA RES E NÃO CONTRIBUIU, DE MANEIRA
EFETIVA, PARA A ELUCIDAÇÃO DOS FATOS. PENA DE MULTA.
ARBITRAMENTO NA PROPORÇÃO DA REPRIMENDA CORPORAL. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. [...] (TJSC, Apelação Criminal n.
0002844-51.2017.8.24.0011, de Brusque, rel. Des. Hildemar Meneguzzi de
Carvalho, Primeira Câmara Criminal, j. 04-10-2018).

Feitas tais considerações e imergindo no exame da materialidade delitiva do roubo e sua

tentativa, além da autoria delitiva de ambos atribuída ao denunciado, entendo que ressaem do elenco

probatório elementos suficientes para se alcançar aconclusão de que os crimes foram perpetrados e

o réu foi o seu autor, o que se vislumbra no boletim de ocorrência de fls. 8/10, no auto de exibição e

apreensão de fl. 11, no termo de reconhecimento e entrega de fl. 15 e nos termos de

depoimento/declaração de fls. 13/14 e 16/20.

Por fim, demonstram inequivocamente aexistência das infrações penais as provas orais que

foram produzidas, não obstante a confissão espontânea do denunciado na audiência de instrução e

julgamento. Explico.

Analisando os referidos delitos, dentro da ordem cronológica em que foram perpetrados, ou

seja, ainiciar pelo roubo praticado contra Lindacir Aparecida de Oliveira Duarte, infere-se que avítima

afirma que estava trabalhando no caixa do mercado quando o acusado chegou anunciando oassalto,

momento em que empunhou uma faca epegou todo odinheiro do caixa.

Em virtude da grave ameaça empregada contra avítima, o acusado pôde, com sucesso, se

apoderar do dinheiro do caixa, fugindo do local do crime em posse da res furtiva. Apesar da vítima

Lindacir ter sido ouvida somente na fase policial, é notório que as versões trazidas em ambas as

fases processuais pelas demais vítimas e testemunha demonstram a inequívoca ocorrência do fato

delituoso, que se deu, inclusive, com autilização de arma branca.

Horas após o roubo contra a sobredita vítima, o denunciado, seguindo o mesmo modus
Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

operandi, adentrou o estabelecimento denominado como "Mercearia do Arrepiado", oportunidade em

que tentou subtrair dinheiro eoutros bens que proviam no estabelecimento comercial dos ofendidos,

mediante grave ameaça, representada pelo emprego de uma arma branca.

Porém, por motivos que escaparam de suas mãos, não conseguiu ele ser bem sucedido no

enredo criminoso, devido àreação das vítimas ao assalto.

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Transcrevo, nesse sentido, a suma da inquirição da vítima Edson André Adamio:

"Que no dia 1de abril, em torno de 8horas, um rapaz chegou na sua mercearia e
pediu um guaraná; que reconheceu ele como sendo o que tomou de assalto outro
dia; que a vítima entrou para pegar oguaraná e arottweiler pulou no indivíduo; que
o menino dele segurou a cadela e disse: "faz o seguinte, me dá o dinheiro que já
vamos acertando, enquanto meu pai traz o guaraná"; que dai ele disse para o
Andrio: "teu dinheiro está aqui", e puxou a faca; que ele gritou: "pai, pai, ele está
armado"; que nisso o indivíduo correu atrás do menino; que o Andrio passou pelo
Edson e desequilibrou ele, que o fez cair; que quando ele caiu no chão, o
assaltando tentou pular em cima dele, mas a vítima conseguiu se defender com as
pernas; que opiá pegou uma enxada que eles tinham e foi pra cima do rapaz; que
tentaram se defender; que pegou aenxada do piá ecorreu atrás dele; que deu uma
enxadada para acertar ele, mas acabou dando no chão e quebrou o cabo; que
nisso ele conseguiu escapar; que ele foi atingido na parte do peito; que tinha
reconhecido ele, pois ele morou no bairro uma semana; que no outro dia de manhã
estava saindo de carro para comprar algumas coisas e viu ele; que quando o
indivíduo reconheceu o carro pulou em cima; que nisso o Edson puxou o carro pra
pegar ele; que nisso apolícia já estava vindo econseguiram pegar ele".

A vítima Andrio Rian, por sua vez, assinalou que:

"Que no dia 1de abril de 2017, ele estava com seu pai na mercearia assando um
churrasco atrás da mercearia; que seu cachorro estava acoando bastante, quando
foi ver viu que tinha alguém mexendo no carro; que esse rapaz era o Marcelo; que
ele percebeu o Andrio, se disfarçou todo e perguntou se tinha uma coca; que na
hora já identificou ele, pois tinham fechado a mercearia mais cedo pelo fato de ter
ocorrido um assalto no bairro Alto Bonito e um policial veio pedir a eles se tinham
reconhecido o autor do crime; que na hora já viu que era ele; que ele queria passar
para o outro lado, tentando empurrar a cadela; que a vítima disse para ter cuidado,
pois acadela poderia morder; que oseu pai já tinha ido pegar acoca; que ele ficou
lá na frente, mesmo que seu pai tinha pedido para ir junto; que a vítima disse para
ele dar o dinheiro enquanto o seu pai pegava a coca; que no mesmo momento em
que a vítima disse isso o indivíduo pegou a faca e foi pra cima para dar um golpe;
que a vítima segurou amão dele; que a faca parou perto do peito da vítima, o qual
segurou e empurrou a mesma para longe; que conseguiu empurrar o Marcelo para
cima da cadela que acabou mordendo ele; que a vítima saiu correndo elogo que o
indivíduo escapou da cadela foi correndo atrás; que Andrio se jogou atrás de seu
pai epegou a enxada na mão; que no momento em que seu pai ia ser golpeado o
puxou para trás para livrá-lo da facada e deu uma enxadada no rapaz; que depois
disso oMarcelo saiu correndo do local; que ele tentou esfaquear a vítima no peito".

No dia posterior aos assaltos supramencionados, o denunciado, agindo com expresso

animus furandi, adentrou no estabelecimento "Mercado Martello", mediante grave ameaça exercida

com o emprego de uma faca e subtraiu para si o dinheiro que estava no caixa, o que se colhe, além
Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

da vasta documentação trazida aos autos, do depoimento pessoal da vítima Jassiara Bialeski:

"Que no dia 02 de abril de 2017 abriu omercado as 09:00 da manhã; que estava no
caixa e o dono do mercado estava no açougue; que o rapaz entrou no mercado
com atouca na cabeça; que não estava tampando orosto; que entrou efoi até uma
altura do caixa, deu uma olhadinha para trás e viu que a vítima estava sozinha na
frente; que deu uma volta no caixa; que estava com uma faca na manga da jaqueta

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dele; que chegou e anunciou o assalto; que disse: 'fique quieta que é um assalto,
me passe o dinheiro'; que a princípio ele mostrou só a ponta da faca; que achou
que fosse brincadeira e chamou o dono do mercado, só que ele não escutou; que
quando ela chamou o dono do mercado ele tirou mais a faca da manga; que tem
certeza que era uma faca; que ele tirou quase toda a faca debaixo da blusa e
repetiu: 'fique quieta e me passe o dinheiro'; que a vítima disse: 'tá bom, moço,
pode levar'; que a vítima entregou todo o dinheiro do caixa; que ele pegou rápido e
abriu o caixa epegou o restante que tinha dentro; que na delegacia reconheceu o
indivíduo; que ele não chegou a encostar a faca nela, mas ficou o tempo todo
apontando afaca para abarriga dela; que estava gestante no tempo dos fatos; que
acha que ele percebeu que ela estava grávida, pois estava de 5 meses e era
visível, apesar da blusa que usava; que não tinham contado o que tinha entrado no
caixa ainda, mas provavelmente passava de R$ 1.000,00 (um mil reais); que nunca
tinha visto ele; que no dia do depoimento em audiência, a vítima estava com 8
(oito) meses e 1(uma) semana de gravidez".

Ainda em relação aos fatos, o policial militar que atendeu a ocorrência esclareceu que no

momento da abordagem o acusado demonstrou resistência, e na revista pessoal foi encontrada com

ele certa quantia de dinheiro, mas não todo o quantum subtraído dos estabelecimentos.

Transcrevo, nesse aspecto, a suma da inquirição do policial militar Rafael Oliveira Pessoa,

colhida na audiência instrutória:

"Às perguntas formuladas pelo Ministério Público, respondeu: que se recorda do


ocorrido no dia 2 de abril de 2017; que fazia parte da guarnição que efetuou a
condução do preso; que foram via central de emergência ao mercado, no bairro
Martello; que chegaram perto da residência onde estava esegundo populares ele já
tinha entrado; que estavam em quatro policiais e entraram dentro da residência;
que ele estava escondido embaixo da cama do segundo quarto da esquerda; que
tiraram ele debaixo da cama e fizeram a revista local; que acharam certa
quantidade de dinheiro, porém não se recorda do valor exato, mas não foi todo o
dinheiro furtado do mercado; que não foi achado aarma do crime; que ele ofereceu
resistência aos policiais; que ele estava embaixo da cama eos policiais tiveram que
puxá-lo a força e mesmo assim ele não quis sair; que ele não queria deixar ser
pego; que ele tentou se desvencilhar; que não queria ser algemado; que tinham
mais dois masculinos que eram os donos da residência; que eles eram conhecidos
do Marcelo; que eles não ofereceram resistência contra a guarnição; que
posteriormente o Marcelo mencionou sobre os roubos que teria efetuado; que ele
era usuário de crack; que não sabe responder se no momento da abordagem ele
estava sob efeito de algum tipo de droga. Às perguntas formuladas pela defesa,
respondeu: ele falou que era usuário de crack; que no seu entender o furto do
dinheiro era para comprar adroga emanter o vício."

Nessa medida, detalhada a dinâmica dos fatos que levaram à prisão do denunciado,

observa-se que as provas judicializadas são adequadas para alcançar a conclusão de que os crimes
Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

existiram e que o denunciado foi o autor dos mesmos, notadamente pelo reconhecimento pessoal das

vítimas.

Nesse ponto, registro que a identificação do denunciado pelas vítimas é fidedigna, devendo

ser garantido ao referido reconhecimento o peso probatório necessário para concluir que o acusado

praticou as infrações penais. Aliás, em crimes deste jaez, a palavra da vítima, em consonância com

os demais elementos de prova, é suficiente para configurar as elementares do crime e a autoria, in

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fine:

CRIME CONTRA O PATRIMÓNIO. ART. 157, §2°, INCISOS I, II E V, DO CÓDIGO


PENAL. PRETENSÃO ABSOLUTÓRIA FUNDADA NA AUSÊNCIA DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. DECLARAÇ ÕES DA VÍ TIMA QUE ENCONTRAM
RESSON ÂNCIA NO CONJUNTO PROBAT ÓRIO. "Tendo o ilícito acontecido às
escondidas e à revelia de testemunhas, figurando como protagonistas do fato
apenas o agente e a pessoa ofendida, reveste-se de especial valor probatório a
palavra da vítima, que deve prevalecer sobre a do réu, quando firme e
amparada pelos demais elementos coligidos (APR n. 33.157, da comarca da
Capital, rel. Des. Álvaro Wandelli)." (TJSC, Ap. Criminal (réu preso) n.
2010.019587-4, rel. Des. Sérgio Paladino, j. 16-11-2010) (grifei)

Outrossim, não se pode esquecer que, com a apreensão da res furtiva na posse do

acusado, há inversão do ônus da prova, atraindo-se para ele a obrigação de demonstrar a origem

lícita do dinheiro apreendido, conforme o termo de apreensão de fl. 11 e os relatos das vítimas e

policial militar.

Acerca da inversão do ônus da prova, ajurisprudência orienta:

APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. EMPREGO DE ARMA.


CONCURSO DE PESSOAS. CÓDIGO PENAL, ART. 157, § 2.°, I E II.
CONDENAÇÃO. APELO DEFENSIVO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. PALAVRAS DA VÍTIMA, DE
TESTEMUNHA OCULAR E DE POLICIAIS MILITARES. AGENTE
SURPREENDIDO NA POSSE DA RES. INVERS ÃO DO ÔNUS DA PROVA.
ORIGEM LÍ CITA DO BEM NÃO DEMONSTRADA. A apreensão da res em poder
do acusado, aliada às palavras da vítima, de testemunha ocular e de policiais
militares, constitui elemento suficiente para a prolação do decreto condenatório,
ainda mais quando não demonstrada origem lícita do bem consigo apreendido [...1.
(TJSC, Apelação Criminal (Réu Preso) n. 2014.072120-0, de Itapema, rel. Des.
Roberto Lucas Pacheco, j. 12-2-2015). (grifei).

O acusado, no entanto, não comprovou a origem lícita do dinheiro apreendido. Muito pelo

contrário, ao ser interrogado em juízo, confessou a autoria dos três roubos, negando, somente, que

teria empregado violência e ameaça contra as vítimas (o que, conforme demonstram com

tranquilidade as provas carreadas aos autos, não é verdadeiro).

Nesse norte, colaciono o resumo do interrogatório do réu na audiência instrutória:

Às perguntas formuladas pelo Juízo, respondeu: que é casado e diarista; que


Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

nunca foi preso ou processado outra vez; que confirma a autoria dos delitos
cometidos por si; que foi ele quem praticou esses roubos; que praticou esses
roubos sozinhos; que estava com uma faca na mão; que não ameaçou as vitimas,
apenas chegou e disse que era um assalto; que não chegou amostrar a faca; que
a faca estava na sua cintura; que em nenhum momento apontou a faca para uma
criança de 14 anos, nem para opai dela; que foi mordido por um cachorro; que não
entrou no mercado que tinha o cachorro; que não pediu um guaraná, apenas
chegou e disse que era um assalto; que não percebeu que uma das vitimas estava
grávida; que nos três mercados foi ele quem praticou o roubo. Às perguntas

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Processo 0001003-18.2017.8.24.0012/SC, Evento 103, SENT178, Página 8
STJ-Petição Eletrônica recebida em 10/11/2020 21:43:02 (e-STJ Fl.353)

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Caçador
Vara Criminal

formuladas pelo Ministério Público, respondeu: que éusuário de drogas; que tinha
fumado crack; que no dia foi para casa eviu que tinha acabado odinheiro; que não
sabe porque fez oassalto, apenas "deu na cabeça"; ele foi sabendo que ia cometer
os três assaltos; que tomou "uns goles"; que não mostrou afaca; que mostrou na
cintura; que não tentou golpear oadolescente; que não tentou golpear um dono de
mercearia; que não tentou machucar ninguém, apenas chegou e fez o assalto e
disse que queria dinheiro; que não bateu em ninguém enão ameaçou ninguém;
que pega a droga na rua, quem tiver ele pega; que oElias eo Ismael são seus
conhecidos epor isso estava na casa deles; que acama estava de pé na parede e
ele estava atrás da cama; que no dia 2não usou drogas".

Sopesados tais argumentos, tona-se indubitável aexistência de materialidade eautoria dos

crimes.

Ademais, há existência inequívoca do animus rem sibi habendi na conduta perpetrada, pois

a própria postura adotada pelo acusado, com emprego de violência, ameaça e a retirada dos bens

das vítimas, deixa clara apresença do elemento subjetivo do réu.

Sobre o tipo subjetivo do delito, ensina Júlio Fabbrini Mirabete, que "o dolo é a vontade de

subtrair, com oemprego de violência, grave ameaça ou outro recurso análogo. Exige-se, como para o

furto, oelemento suLjetivo do tipo, ou s€ja, o 'animus rem sibi habendi' (Código Penal Interpretado, 2a

ed., SP: Atlas, 2001, p. 1.087), estando comprovadas todas as elementares do tipo penal.

Reitero o afastamento da majorante pleiteada pelo Ministério Público, tendo em vista a

recente revogação de aludido dispositivo legal (Lei 13.654/2018), o que não obstaculiza a majoração

da pena na primeira fase, como circunstância desfavorável.

De mais a mais, consigno que inexistem nos autos quaisquer indícios de que o réu não
possuía conhecimento acerca da ilicitude de suas condutas, tendo agido de forma voluntária e

consciente da reprovabilidade de suas atitudes, de modo que deveria se abster de praticá-las. Por tal
norte, rejeita-se o inicial argumento de que estava sob efeito de drogas quando da prática das

condutas, oque se configura, ainda, pela confissão espontânea trazida perante este juízo.

Logo, também não há que se falar em ausência de provas, o que incansavelmente restou

atacado eamplamente demonstrado no contexto narrado no presente decisum.

Assim, por exsurgirem dos autos todas as elementares do tipo incriminador e comprovadas

amaterialidade eautoria delitiva, épossível acondenação do réu, nos exatos termos da denúncia.

3) Continuidade Delitiva (art. 71, caput, do Código Penal)


Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

Na hipótese em tela, o acusado cometeu três crimes, todos em continuidade delitiva, no

mesmo contexto temporal eespacial, em um mesmo impulso criminoso, verificando-se que cada ação

foi um desdobramento lógico e direto daquela que lhe precedeu, não havendo rompimento temporal

ou modal na sequência dos crimes até aprática do último delito.

Sobre acontinuidade delitiva, Julio Fabbrini Mirabete leciona:

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STJ-Petição Eletrônica recebida em 10/11/2020 21:43:02 (e-STJ Fl.354)

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Adotou-se na lei a teoria objetiva pura (ou realístico-objetiva), que entende ser o
crime continuado uma realidade apurável objetivamente, através da apreciação dos
elementos constitutivos exteriores, independentemente da unidade de desígnio. Na
exposição de motivos da Lei n. 7.209, aliás, afirma-se expressamente que se
adotou ocritério da teoria puramente objetiva (item 59). São vários os elementos ou
requisitos do crime continuado. Em primeiro lugar é necessário que o mesmo
sujeito pratique duas ou mais condutas. [...]. Em segundo lugar, deve existir
pluralidade de resultados, ou seja, crimes da mesma espécie. [...] Por fim, é
indispensável que se reconheça o nexo da continuidade delitiva, apurado pelas
circunstâncias de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. [...]
Entretanto, não há critérios rígidos para a apuração da continuidade delitiva e
nenhuma das circunstâncias é decisiva nessa apreciação, quer para reconhecer,
quer para excluir acontinuação" (Manual de direito penal: Parte Geral. 12'. ed. São
Paulo: Atlas, 1997, p. 311).

Assim, definida afigura da continuidade delitiva para aplicação no caso em apreço, resta a

apurar oquantum de exasperação da reprimenda.

Nesse sentido, é consabido que o critério utilizado para determinação da quantidade de

exasperação devida nos casos de crime continuado está entre os patamares de 1/6 (um sexto) e2/3

(dois terços), sendo aopção do quantum balizada pelo número de infrações cometidas.

A esse respeito, verifica-se da lição de Alberto Silva Franco:

"O número de infrações constitui, sem dúvida, o critério fundamental para efeito de
determinação do aumento punitivo. Assim, em princípio, a existência de duas
infrações, em continuidade delitiva, significa o menor aumento, ou seja, o de um
sexto; a de três, o de um quinto; ade quatro, ode um quarto; ade cinco, ode um
terço; ade seis, ode metade; ade sete ou mais, ode dois terços, que corresponde
ao máximo cominável para a causa de aumento de pena em questão." (FRANCO,
Alberto Silva. Código Penal e sua interpretação: doutrina e jurisprudência. 8. ed.
rev. atual. eampl. São Paulo: Ed. RT, 2007, p. 345). [grifei]

No presente feito, em que pese os crimes praticados pelo acusado tenham sido perpetrados

em desfavor de vítimas distintas, e, não obstante o réu tenha se utilizado, para tanto, de violência ou

grave ameaça à pessoa, destaco que, ante a inexistência de antecedentes criminais ou outras

circunstâncias que lhe sejam desfavoráveis, incabível a incidência, neste ponto, da figura do crime

continuado específico, previsto no art. 71, parágrafo único, do Código Penal.

Portanto, tendo em vista que o réu praticou três crimes, todos em continuidade delitiva, deve

ser aplicada afração de 1/5 (um quinto) ao crime com a maior pena, na forma do art. 71, caput, do

Código Penal.
Petição Eletrônica protocolada em 11/11/2020 11:49:28

Destarte, diante dos argumentos alinhavados, evidenciando o cometimento dos crimes pelo

réu, surge ao Estado o poder-dever de aplicar as penas capituladas nos artigos infringidos, pelo que

passo adosar e aplicá-las, observando agarantia constitucional de individualização da pena (art. 5°,

XLVI, CF).

4) Dosimetria da Pena

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