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ÉTICA

Toda vez que consideramos bom, justo ou moralmente correto, estamos diante de uma decisão
que envolve um julgamento moral da realidade. Aristóteles já dizia: A característica específica do
homem em comparação com os outros animais é que somente ele tem o sentimento de bem e do
mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais.

Assim o homem age no mundo de acordo com valores, isto é, para ele, as coisas do mundo e as
ações sobre o mundo não são indiferentes, não se equivalem, as são hierarquizadas de acordo com
as noções de bem e de justo que os homens compartilham em um determinado momento. Em
outras palavras, o home é um ser moral, um ser que avalia a sua ação partir dos seus valores.

Moral e Ética
Embora os termos moral e ética por vezes sejam usados como sinônimos, há uma distinção entre
eles.
A moral é o conjunto de normas e condutas reconhecidas como adequadas ao comportamento
humano por uma dada comunidade humana. A moral estabelece princípios da vida capazes de
orientar o homem para uma ação moralmente correta.

• Podemos dizer que pertencem ao vasto campo da moral a reflexão sobre perguntas
fundamentais como:

• O que devo fazer para ser justo?

• Quais valores devo escolher para guiar minha vida?

• Há uma hierarquia de valores que deve ser seguida?

• Que tipo de ser humano devo ser nas minhas relações comigo mesmo, com meus
semelhantes e com a natureza?

• Que tipo de atitudes devo praticar como pessoa e como cidadão?

A ética é um estudo sistematizado da diversas morais, no sentido de explicitar os seus


pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser humano e a existência humana que sustentam
uma determinada moral.

Nesse sentido, a ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana, que é o comportamento
moral. No entanto, as reflexões éticas não se restringem apenas à busca de conhecimento teórico
sobre valores humanos, cuja origem e desenvolvimento

Nesse sentido, a ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana, que é o comportamento
moral.

Nesse sentido, a ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana, que é o comportamento
moral.

levantam questões de caráter sociológico, antropológico, religioso etc. A ética tem também
preocupações práticas. Ela orienta-se pelo desejo de unir o saber ao fazer.

Como filosofia prática, isto é, disciplina teórica com preocupações práticas, a ética busca ampliar o
conhecimento sobre o ser para construir aquilo que deve ser. E, para isso, é indispensável boa
parcela de conhecimento teórico.

Moral e direito

A esfera da moral é mais ampla, atingindo diversos aspectos da vida humana, enquanto a esfera do
direito se restringe a questões específicas nascidas de interferência de condutas sociais;

• A moral não se traduz em um código formal, enquanto o direito sim;

• O direito mantém uma relação estreita com o Estado, enquanto a moral não apresenta
essa vinculação.

De todas essas diferenças, talvez uma mereça maior destaque: a norma jurídica se caracteriza pela
sua coercibilidade, ou seja, ela conta com a força a e repressão potencial do Estado (através da ação
da justiça e da polícia) para ser obedecida pelas pessoas; já a norma moral se caracteriza, em tese,
pela liberdade, ou seja ela depende da escolha individual para se fazer aceita e ser cumprida.

(Fundamentos da filosofia. Gilberto Cotrim)

ÉTICA E MORAL
Em Aristóteles

A Moral
A moral é o corpo de preceitos e regras que dirigem o comportamento dos homens segundo
conceitos de justiça e de equidade. Esse corpo forma os costumes e estabelece o modo de proceder
do homem nas relações com seu semelhante.

A Moral estabelece regras que são assumidas por uma sociedade, como uma forma de tentar
garantir o seu bem-viver.

Contudo, os sistemas morais criados pelas comunidades não se prendem a uma fundamentação
racionalmente construída, de forma laica ou até mesmo com critérios racionais de justiça.

A análise da construção desses sistemas morais caberá à Ética.

Diante disso, a corrente mais aceita atualmente na conceituação da moral, é a que define moral
como sendo os sistemas variáveis de normas e valores estudados pela ética (disciplina autônoma da
filosofia), caracterizados por organizarem a vida das múltiplas comunidades humanas, diferenciando
e definindo comportamentos proscritos, desaconselhados, permitidos ou ideais.

Portanto, usar a palavra moral como antônimo de devasso ou libertino, é fazer uso pejorativo do
termo. Pois dizer que uma coisa não tem fundamento moral é dizer simplesmente que a construção
de determinada norma, preceito ou valor foi refutado pela ética por não ter uma fundamentação
suficiente.

A Ética
A ética é então, a parte da Filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam,
distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente a
respeito da essência das normas, de suas causas motoras, eficientes e teleológicas. É a
investigação dos valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.

Em outras palavras é dizer que ela é o estudo dos significados e das propriedades lógicas das
palavras morais. E ela faz isso analisando se os argumentos morais são bons ou ruins a partir da
lógica dos discursos e da análise da definição das palavras e de seu significado.

O principal objetivo da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral. A ética
não estabelece regras. Ela julga as regras, dizendo se as mesmas têm ou não condições lógicas de
verdade.
Moral e liberdade
Pode parecer estranho vincular a ideia de norma moral à ideia de liberdade, a consciência talvez seja
a melhor característica que distingue o ser humano dos outros animais ela permite o
desenvolvimento do saber e da racionalidade, que se empenha em separar o falso do verdadeiro.
Além dessa consciência racional, lógica, o ser humano possui também consciência moral, isto é, a
faculdade de observar a própria conduta e julgar (isto é, formular juízos) sobre os atos passados,
presentes e as intenções futuras. Observe que a palavra julgar vem do latim judicare, “avaliar”,
“ponderar” – ou seja, julgar é atribuir um valor, um peso para cada coisa que se apresenta note
também que é somente depois de julgar que a pessoa tem condições de escolher, entre as
circunstâncias possíveis, suas ações e seu próprio caminho na vida e é justamente essa possibilidade
que cada indivíduo tem de escolher seu caminho, de construir sua maneira de ser e sua história que
chamamos liberdade.

Liberdade e responsabilidade
Assim, se consciência moral e liberdade estão intimamente relacionadas, só tem sentido julgar
moralmente a ação de uma pessoa se essa ação foi praticada em liberdade. Quando não se tem
escolha (ou liberdade), quando se é coagido a praticar uma ação, é impossível decidir entre o bem e
o mal (que é o que faz a consciência moral). A decisão, nesse caso, é imposta pelas forças coativas,
isto é, que determinam uma conduta. Exemplo: tendo o filho sequestrado, o pai cumpre ordens do
sequestrador; portanto, sua ação é determinada pela coação do criminoso. Quando, porém,
estamos livres para escolher entre esta ou aquela ação e fazemos uma escolha, tornamo-nos
responsáveis pelo que praticamos e podemos ser julgados moralmente por isso. Observemos que
o termo responsabilidade vem do latim respondere, “responder”, e significa estar em condições de
responder pelos atos praticados, isto é, de justificá-los e assumi-los.

É essa responsabilidade, enfim, que pode ser julgada pela consciência moral do próprio indivíduo ou
do seu grupo social. Virtude e vício uma propriedade comumente atribuída à consciência moral é a
de que ela nos fala como uma voz interior, geralmente nos inclinando para o caminho da virtude.
Mas o que é virtude? A palavra virtude deriva do latim virtus – “ força ou qualidade essencial” – e
significa, no contexto da moral, a qualidade ou a ação que dignifica o ser humano. E qual é essa
qualidade ou ação? Há muitas interpretações sobre esse tema, mas podemos dizer, basicamente,
que é a prática constante do bem de forma consciente, livre e responsável. Assim, por exemplo, são
consideradas virtudes a polidez, a lealdade, a prudência, a justiça, a coragem, a generosidade.

À ideia de virtude opõe-se à de vício, que consiste na prática do mal, correspondendo ao uso da
liberdade sem responsabilidade moral. Assim, são considerados vícios a violência, a deslealdade, a
insensatez, a injustiça, a covardia, a mesquinhez etc. Analisando essa relação entre responsabilidade
e virtude, Erich Fromm concluiu que a responsabilidade primordial do ser humano está relacionada
com a própria condição humana, isto é, com a realização de suas potencialidades de vida. Assim: A
temperança (século XVI) – Hendrick Goltzius e Cornelis de Visscher. De acordo com a tradição desde
Platão, as virtudes capitais são a justiça, a prudência, a fortaleza e a temperança esta última é a
qualidade de quem é moderado. É pela moderação que dominamos os prazeres, em vez de a eles
nos submetermos.
O bem é a afirmação da vida, o desenvolvimento das capacidades do homem. A virtude consiste em
assumir a responsabilidade por sua própria existência. O mal constitui a mutilação das capacidades
do homem; o vício reside na irresponsabilidade perante si mesmo.
Fonte:COTRIM, Gilberto, FERNANDES, Mirna: Fundamentos da Filosofia. Volume único-Saraiva

IDADE MÉDIA:

Ética cristã o que diferencia radicalmente a ética cristã da ética grega são dois pontos:

• abandono da visão mundana – a ética cristã deixa de lado a ideia de que o fim último da vida
humana está neste mundo. Com isso, centrou a busca da perfeição moral no amor a deus;

• emergência da subjetividade – acentuando a tendência já esboçada na filosofia de estoicos e


epicuristas, a ética cristã tratou a moral do ponto de vista estritamente pessoal, como uma relação
entre cada indivíduo e Deus, isolando-o de sua condição social e atribuindo à subjetividade uma
importância até então desconhecida.

Os filósofos medievais herdaram alguns elementos da tradição filosófica grega, reconfigurando- os


no interior de uma ética cristã.
Santo Tomás de Aquino (século XIII), por exemplo, recuperou da ética aristotélica a ideia de
felicidade como fim último do ser humano, mas cristianizou essa noção ao identificar Deus como a
fonte dessa felicidade.

Ética do livre-arbítrio Santo Agostinho (354-430) transformou a ideia de depuração da alma da


filosofia de Platão na ideia da necessidade de elevação ascética para compreender os desígnios de
deus, também a ideia da imortalidade da alma, presente em Platão, foi retrabalhada pelo filósofo
sob a perspectiva cristã.

Os sete pecados capitais: Para o catolicismo, os sete vícios principais do ser humano são: soberba
(ou vaidade), ganância (ou avareza), luxúria, ira, gula, inveja e preguiça – dá-se mais importância aos
bens materiais que aos espirituais, o que constituiria uma inversão grave dos valores cristãos,mas a
ética agostiniana destaca-se por outro conceito. Ao tentar explicar como pode existir o mal se tudo
vem de deus – e deus é bondade infinita –, santo Agostinho introduziu a ideia de liberdade como
livre-arbítrio, isto é, a noção de que cada indivíduo tem a possibilidade de escolher como agir, de
acordo com sua própria vontade. Portanto, pode optar livremente por aproximar-se de deus ou por
afastar-se dele. O afastamento de deus seria o mal, de acordo com o filósofo, isso significa que, com
a noção de livre-arbítrio, de escolha individual, Agostinho acentuou o papel da subjetividade
humana nas coisas do mundo. O livre-arbítrio seria o meio pelo qual o ser humano exerce sua
liberdade, que consiste em escolher entre o bem e o mal, de outro lado, esse conceito esvaziou a
noção grega de liberdade como possibilidade de realização plena dos indivíduos em seu meio social.
em outras palavras, diminuiu a importância da dimensão social da liberdade, e esta passou a ter um
caráter mais pessoal, subjetivo, individualista.

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