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Alimentar e
Nutricional
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Profª. Cristina Henschel de Matos
M433e
ISBN 978-65-5663-463-0
ISBN Digital 978-65-5663-464-7
CDD 610
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Educação Alimentar e
Nutricional, que tem como propósito auxiliar o seu processo de aprendizagem sobre a
ciência da Nutrição, que envolve diferentes conceitos e práticas.
Este livro servirá como guia para você, futuro nutricionista, saber como planejar
e executar ações de Educação Alimentar e Nutricional em unidades de ensino e saúde,
no consultório, no hospital, em unidades de alimentação e nutrição e nos demais
locais em que o nutricionista pode atuar. Para tanto, os conhecimentos abordados
permitirão uma melhor compreensão do comportamento e das escolhas alimentares
dos indivíduos, bem como os métodos e as técnicas para a execução de Programas de
Educação Alimentar e Nutricional.
O caderno de estudo está dividido em três unidades, cada qual com objetivos,
conteúdos, atividades de estudo, dicas, sugestões e recomendações.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 62
UNIDADE 2 — FUNDAMENTOS DE EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO ALIMENTAR
NUTRICIONAL (EAN) E PROGRAMAS E POLÍTICAS QUE
NORTEIAM A EAN......................................................................................... 69
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................123
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................193
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................195
UNIDADE 1 -
BASES DO
COMPORTAMENTO
ALIMENTAR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. 1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
BASES DO COMPORTAMENTO
ALIMENTAR
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITO E DEFINIÇÕES
O comportamento alimentar é determinado por uma série de fatores:
3
• os fatores ambientais, que vão desde a escolha e a seleção dos alimentos, os hábitos
familiares, a rotina de vida, o local de moradia e a influência da mídia (DIEZ-GARCIA;
CERVATO-MANCUSO, 2012).
NOTA
Taxonomia é o campo da ciência que engloba identificação e descrição
nomenclatura e classificação.
4
O Quadro 1 apresenta algumas das principais definições que envolvem o ato de
comer.
Conceito Definição
Alimentação Criação histórico-cultural, ligada às relações humanas
mediadas pela comida
Nutrição Ciência da modernidade com foco no estudo dos nutrientes
Alimento Funções destinadas à formação, ao desenvolvimento e à
manutenção do organismo
Comida Funções nutricionais, mas também culturais e simbólicas
Fome Necessidade fisiológica de comer sem relação com um
alimento específico, nunca é emocional
Fome hedônica ou apetite Desejo de comer um alimento ou grupo de alimentos em
particular para obter satisfação e prazer
Saciedade Sensação de plenitude gástrica, sem sensação de fome e
com sensação de bem-estar
Práticas alimentares Forma como os indivíduos se alimentam em diferentes
esferas
Motivação alimentar Causa que impulsiona nossa ação de escolher comer ou
não determinado alimento/comida
Escolha alimentar Ato dinâmico que determina o consumo alimentar
Consumo alimentar Ingestão de alimentos
Consumo nutricional Ingestão de energia e nutrientes
Padrão alimentar Análises estatísticas ou matemáticas dos alimentos como
eles são verdadeiramente consumidos
Estrutura alimentar Tipos, horários e regularidade das refeições
Atitude alimentar Crenças, pensamentos, sentimentos, comportamentos e
relacionamentos com os alimentos
Comportamento alimentar Ações em relação ao ato de se alimentar, como, quando e
de que forma comemos
Hábito alimentar Comportamentos aprendidos e repetidos de forma
automática
Tomada alimentar Toda a ingestão de produtos sólidos e líquidos que têm
valor energético
5
3 DIAGNÓSTICO DE PRÁTICAS E COMPORTAMENTOS
ALIMENTARES
Como visto anteriormente, muitos são os fatores relacionados à alimentação,
assim como ao comportamento alimentar, a escolha alimentar também é influenciada
por determinantes individuais e determinantes coletivos (BRASIL, 2012).
INTERESSANTE
Os determinantes individuais são relativos ao conhecimento do indivíduo
sobre alimentação e nutrição, suas percepções sobre alimentação saudável,
idade e situação de saúde, enquanto os determinantes coletivos estão
associados aos socioeconômicos (renda e escolaridade) e a fatores sociais
e culturais.
6
QUADRO 2 – CATEGORIAS DE DADOS: DEFINIÇÕES E EXEMPLOS
7
Valores Os valores são representações Comer muito pão aumenta
positivas ou negativas, mais ou a barriga, comer arroz com
menos racionais, associadas a feijão engorda, comer pão
uma prática ou a um produto torrado não engorda etc.
Sistemas simbólicos Conjunto de núcleos de Símbolo associado a um
sentido, mais ou menos produto: a carne vermelha
conscientes, estruturados e sustenta, peru é comida de
organizados em sistemas de natal, canja é comida de
representações doente etc.
Sistema de representações
inconscientes de, por
exemplo, posições à mesa ou
de sistemas de cocção
8
FIGURA 1 – TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS SOCIOLÓGICOS
3.2.1 Questionário
Provavelmente, um dos instrumentos de coleta de dados mais utilizados nas
pesquisas de comportamento e práticas alimentares, os questionários podem ser
administrados de três formas distintas, como sugere Poulain e Proença (2003):
9
• Por entrevista telefônica: é um método conveniente, elimina custos de transporte
e permite um alcance maior da população, embora não permita a apresentação de
listas ou imagens, além da necessidade de se atentar às questões culturais locais,
principalmente no que diz respeito aos alimentos regionais.
• Por autoadministração: o indivíduo preenche as informações, em lugares e em
contextos diversos. O questionário pode ser entregue pessoalmente, por e-mail
ou, até mesmo, ser enviado por meio de instrumentos de pesquisa on-line, como
o Google forms® ou o Survey Monkey® – esta solução tem a vantagem de evitar as
interferências entre os status social do entrevistador e do entrevistado. No entanto,
a aplicação em grande escala e com uma população pouco motivada pode gerar erro
de dados e/ou redução na devolução de questionários.
É importante salientar que não existe um tipo de questionário ideal, e sim aquele
que melhor se adapta ao objetivo da coleta dos dados, o público-alvo e o número de
entrevistados.
10
3.2.2.3 História alimentar
Consiste na associação nos métodos de recordatório 24 horas, registro
alimentar e um checklist dos alimentos consumidos no último mês, entretanto como
desvantagens depende da memória exige tempo, é de difícil padronização e não deve
ser aplicado em populações (FAGIOLI; NASSER, 2008).
11
A identificação dos estágios de mudança dos indivíduos é feita com base
em algoritmos, como mostra a Figura 2, proposta nos Cadernos de Cuidados para a
Obesidade, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014a). A classificação dos indivíduos nos
estágios de mudança permite direcionar melhor as ações e as metas das intervenções
nutricionais para cada indivíduo, considerando que apresentam diferentes percepções
e motivações para realizar mudanças em sua dieta ou em seu estilo de vida.
DICA
Para aprofundar os estudos em relação aos cuidados com a obesidade,
consulte a Biblioteca do Ministério da Saúde, acessando: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_doenca_cronica_obesidade_
cab38.pdf.
12
O modelo transteórico ou de estágios da vida, além de um importante
instrumento de coleta de dados de comportamento alimentar, como dito anteriormente,
pode auxiliar nas estratégias de intervenção propostas, auxiliando o profissional
nutricionista a se aproximar e acolher melhor população-alvo (Quadro 3).
13
Manutenção Desenvolver a Estimular a manutenção Não assumir que
habilidade do dos objetivos a ação inicial será
indivíduo para alcançados permanente, nem
enfrentar novas criticar recaídas
dificuldades
declaradas
Símbolos
Opiniões
Atitudes
Práticas
Práticas
Práticas
Práticas
Valores
O b s e r v a ç ã o + + + + + +
participante
Observação armada + + +
Questionário +- + + + + + +-
autoadministrado
Questionário por + + + + + + +
entrevista
E n t r e v i s t a s +- + + + + + +
semiestruturadas
História de vida +- + + + + + +
Tratamento de dados + + + +
secundários
FONTE: Poulain; Proença (2003, p. 374)
14
Considerando os elementos abordados na tabela, é importante destacar que,
dependendo do tipo de dado a ser coletado, pode ser necessário utilizar mais de uma
técnica, a fim de garantir a qualidade das informações.
DICA
Sugerimos a leitura do artigo de Poulain e Proença (2003), disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/rn/v16n4/a01v16n4.pdf.
15
16
Níveis de observação
Vias de
Práticas Práticas Práticas Práticas Normas
entrada Opiniões Atitudes Valores Símbolos
observadas objetivadas reconstruídas declaradas individuais
Observação
Equipamentos Como você
etnográfica Valores
domésticos. cozinha Escalas de Símbolos
das práticas positivos ou
Alimentos O que você preparou determinado atitudes associados
As práticas domésticas, Quem deve Cozinhar negativos
comprados nas X últimas alimento? relativas às técnicas e
domésticas eventualmente cozinhar? é? associados
ou estocados. refeições? Onde você a práticas aos objetos
assistidas pelo às práticas
Práticas culinárias compra os domésticas culinários
sistema de domésticas
observadas alimentos?
vídeo
17
Em relação às condições higiênico-sanitárias, foi elevado o número de
estabelecimentos comerciais com condições insatisfatórias. A condição higiênico-
sanitária do comércio é considerada um importante critério para a escolha do local
de compra de frutas e hortaliças. Condições insatisfatórias podem favorecer a
deterioração e a contaminação dos alimentos, sobretudo as frutas e hortaliças, levar
a perdas e riscos à saúde dos consumidores, além de fazer com que estes percorram
maiores distâncias para a compra de alimentos com boa qualidade. Acredita-se que
a presença de estabelecimentos que vendem produtos frescos e que apresentam
satisfatória qualidade higiênico-sanitária pode contribuir para o maior consumo de
frutas e hortaliças, sendo fundamental o investimento em fiscalização das condições
sanitárias dos estabelecimentos e na promoção de ações educativas com os
comerciantes – estratégias importantes nesse sentido.
FONTE: COSTA, B. V. L.; OLIVEIRA, C. D. L.; LOPES, A. C. S. Ambiente alimentar de frutas e vegetais no
território do programa de academia de saúde. Cad. Saude. Publica, v. 31, Suplemento 1, p. 159-69,
2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csp/v31s1/pt_0102-311X-csp-31-s1-0159.pdf. Aces-
so em: 6 ago. 2020.
18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
19
ou ainda as atitudes relacionadas com as compras; as práticas domésticas – nessa
abordagem, as práticas de compra, a autoprodução, a preparação e o consumo
alimentar, como o que o indivíduo preparou nas últimas refeições, como ele cozinha
um determinado alimento, o que, para ele, é cozinhar, suas atitudes em relação às
práticas domésticas, seus valores (positivos e negativos) e os símbolos associados
às técnicas e aos objetos culinários; as práticas alimentares de incorporação – com
destaque para o comportamento alimentar, que está associado às práticas à mesa
e suas representações, analisando restos de alimentos, desenvolvimento do dia
alimentar, o que o indivíduo comeu em um determinado período, o que, para ele,
é uma verdadeira refeição, o que é comer entre as refeições, valores positivos e
negativos associados às práticas alimentares e os símbolos associados ao princípio
de incorporação.
20
AUTOATIVIDADE
I- Práticas alimentares.
II- Hábito alimentar.
III- Estrutura alimentar.
IV- Consumo alimentar.
a) ( ) Práticas reconstruídas.
b) ( ) Práticas observadas.
c) ( ) Práticas declaradas espontaneamente.
d) ( ) Opiniões.
e) ( ) Normas e modelos coletivos.
21
esse caso, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Tratamento de dados secundários.
b) ( ) Semanário alimentar.
c) ( ) Questionário por entrevista.
d) ( ) Observação armada.
e) ( ) História da vida.
22
6 De acordo com o historiador gaúcho Carlos Antunes dos Santos, “Alimentar-se é um
ato nutricional, mas comer é um ato social”. Considerando os conceitos relacionados
ao ato de comer:
a) Discorra sobre três conceitos relacionados ao ato comer que são capazes de justificar
essa frase.
b) Dê um exemplo da vida cotidiana que representa a frase dita pelo historiador.
23
24
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
DIMENSÕES DO COMPORTAMENTO E DAS
PRÁTICAS ALIMENTARES
1 INTRODUÇÃO
Como visto no tópico anteriormente, os conceitos relacionados ao ato de comer,
bem como o seu diagnóstico, envolvem inúmeros fatores. Por isso, existem vários
descritores do comportamento alimentar, categorizados em dimensões para ajudar a
entendermos melhor as práticas alimentares.
25
QUADRO 5 – DESCRITORES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
Dimensões
• Período: manhã
Momento do dia • Período: meio-dia
Temporal
• Período: noite
Duração • Número de minutos
• Número de tomadas
Fora das refeições
• Tipos de alimentos
Estrutural
• Número de tomadas
Nas refeições
• Estruturas: prato principal, salada, arroz, feijão etc.
• Restaurante coletivo
• Restaurante comercial
Em local público
• Local de trabalho
Espacial • Local de estudo
• Pessoal
Em uma casa • De um parente
• De um amigo
• Oferta fechada
Pessoal
• Oferta aberta
Lógica de
• A alguém próximo
escolha
Delegada • A um profissional de cozinha
• A um profissional de saúde
Ausente Sozinho
• Amigos
Natureza • Colegas de trabalho
Meio ambiente
• Parentes
social
• Dupla
Número • Grupo
• Grande grupo
• Móvel
Em pé
• Imóvel
• Agachado
Posição corporal Sentado • Em uma cadeira
• No chão, de pernas cruzadas
• Com mobilidade
Deitado
• Sem mobilidade
• Dedos
Modo de pegar o
• Talheres
alimento
• Outro alimento (pão, folha de alface etc.)
Maneiras à mesa • Alimento inteiro
Forma de divisão
• Em pequenos pedaços moídos
Papel de gênero e de • Homem, mulher
idade • Criança, adolescente, adulto, idoso
FONTE: Adaptado de Poulain; Proença (2003)
26
É importante ressaltar que o conhecimento e os usos desses descritores
permitem, segundo Poulain e Proença (2003), estudar a alimentação no interior de uma
mesma cultura, mas, também, de uma perspectiva mais comparativa, possibilitando ao
pesquisador destacar as diferenças alimentares de uma cultura para outra.
3 ATITUDES ALIMENTARES
NOTA
Será que é possível identificarmos a razão pela qual comemos? O que
pensamos e até mesmo o que sentimos durante o ato de comer?
27
FIGURA 3 – ATITUDES ALIMENTARES E SEUS COMPONENTES COGNITIVO, AFETIVO E COMPORTAMENTAL
3.1.1 Família
Para as crianças, o ato de comer é um evento social, uma vez que elas dependem
da ajuda de pais, irmãos ou parentes para preparar os alimentos. Dessa forma, a atitude
alimentar dos membros da família é um importante preditor de preferências e aversões
alimentares das crianças (DIEZ-GARCIA; CERVATO-MANCUSO, 2012). Para Lucas (2002),
as companhias que frequentemente fazem parte de refeições e lanches tendem a
28
servir como modelo, bem como seu comportamento e suas reações aos alimentos. Por
isso, sempre deve-se levar em conta o papel da família nesse processo, já que ela é
responsável pelo desenvolvimento, pela educação, pela afetividade, pelo bem-estar,
pela proteção e segurança da criança. A família tem um papel vital na formação de cada
sujeito, e é um elo fundamental entre a criança e a sociedade (MORAES; DIAS, 2012)
3.1.2 Escola
Atualmente, devido à mudança no estilo de vida, a maioria das crianças passa
seus dias em creches e escolas, e, dependendo do tempo que elas permanecem no
estabelecimento de ensino, chegam a fazer cerca de quatro refeições diárias no local. O
Brasil mantém políticas, como o Programa de Nacional de Alimentação Escolar (PNAE;
BRASIL, 2013a), que abrangem a escola pública, garantindo a alimentação escolar de
acordo com determinados critérios nutricionais, no que diz respeito à variedade e à
qualidade da alimentação. Nesse contexto, a escola também participa da formação
do comportamento alimentar infantil, na medida em que a criança também molda seu
comportamento espelhando-se em amigos e professores (LUCAS, 2002; VITOLO, 2003).
3.1.3 Mídia
Sabe-se que um dos principais fatores que tem induzido famílias e, em especial,
as crianças e os adolescentes a realizarem mudanças no comportamento alimentar são a
mídia, as propagandas e o número de horas que as famílias passam em frente à televisão
(MORAES; DIAS, 2012; MOMM; HOFELMANN, 2014). Ao longo do tempo, toda a exposição
da criança aos meios de comunicação acaba influenciando no consumo de alimentos,
que nem sempre são saudáveis – além disso, o tempo excessivo de exposição contribui
para o sedentarismo e para a alteração do estado nutricional. Para Diez-Garcia e Cervato-
Mancuso (2012), outro aspecto importante que envolve os meios de comunicação e o
29
comportamento alimentar é a propagação de um padrão de beleza irreal, muitas vezes
inatingível. Por meio da mídia, são estabelecidos ideais de forma física que passam a ser
almejados e cultuados, por isso a não correspondência a esses padrões pode influenciar
na percepção da imagem corporal – no Tópico 3, será abordado o papel da publicidade
no consumo alimentar.
30
QUADRO 6 – EXEMPLOS DE ATITUDES POSITIVAS E NEGATIVAS RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO
31
4 DETERMINANTES DAS ESCOLHAS ALIMENTARES
A palavra escolha é definida como um processo mental de pensamento que
envolve julgamentos de méritos de várias opções e a seleção de uma delas para ação
(HOUAISS; VILLAR, 2009). Para Alvarenga et al. (2019), as escolhas alimentares são um
tipo de comportamento e significam a opção por determinado alimento em detrimento
de outro. Os autores afirmam ainda que, ao longo da história da humanidade, o objetivo
primário da busca por comida estava relacionado com a sobrevivência, a manutenção da
homeostase energética e a luta contra a inanição.
32
Além dos três elementos apresentados na primeira coluna do Quadro 8, não se
pode esquecer do significado simbólico do ato comer, que permite criar identidade de
classe, amor, carinho, reconhecimento, pertencimento, gênero, etnia e socialização –
esta representada, especialmente, nas celebrações sociais, fazendo parte da interação
e da comunhão entre os comensais (TRONCOSO PANTOJA et al., 2018).
A maioria das pessoas chega a fazer cerca de duzentas escolhas alimentares por
dia; por isso, entender como esse processo se dá é fundamental para que o nutricionista
atue no aconselhamento dietético (ALVARENGA et al., 2019). Para tanto, vários são os
modelos propostos.
33
Já o modelo proposto Por Furst et al. (1996) é mais completo e considera
outros elementos importantes no processo da escolha alimentar, visualizados em um
esquema com três grandes componentes: o curso de vida, as influências e o sistema
pessoal (Figura 5).
34
IMPORTANTE
A vulnerabilidade à insegurança alimentar deve-se a inabilidade de enfrentar fatores de
riscos outros além do puramente sanitário. Podemos nos lembrar da vulnerabilidade pela
necessidade de matar a fome sem perder tempo em preparar o alimento e comer. É aqui
que entra o ataque midiático para a aquisição dos alimentos industrializados e das comidas
prontas para rápido consumo. [...]
ÉTICA E REGULAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE DE ALIMENTOS DIRECIONADA A CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Vulneráveis são autônomos para as escolhas alimentares?
35
DICA
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de
referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas.
Brasília: MDS, Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional,
2012.
36
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
37
AUTOATIVIDADE
1 A utilização do termo “tomada alimentar” representa toda ingestão de produtos
sólidos e líquidos que tem um valor energético. No decorrer de um dia, as
diferentes tomadas alimentares, em refeições formais ou informais, constituem a
tomada alimentar diária. Assim, é possível distinguir sete dimensões que poderão
ser consideradas no diagnóstico das práticas e do comportamento alimentar.
Considerando algumas das sete dimensões da “tomada alimentar diária”, assinale a
alternativa CORRETA:
38
3 Com base em diversos fatores que influenciam a decisão do consumidor, foram
criados modelos para definir o seu comportamento relacionado aos alimentos.
Múltiplas perspectivas são necessárias, pois as decisões são frequentes, situacionais,
dinâmicas, complexas e multifacetadas, incluindo vários comportamentos alimentares
(ALVARENGA et al., 2019). Considerando os modelos dos determinantes alimentares,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
Joana tem 23 anos, é solteira e mora com os pais em uma pequena cidade do interior
de Santa Catarina. Joana trabalha como secretária de um consultório odontológico
durante o dia e estuda Direito à noite. Sua rotina pode ser resumida em: ela acorda
6h30min da manhã, se arruma e vai para o consultório, às 10h toma café com leite e
come um pão com margarina; durante toda a manhã, tem o hábito de chupar balas; às
12h30min, ela sai para almoçar, por 30 minutos, com as amigas no restaurante por quilo
em frente ao consultório; Joana volta para o trabalho e fica até às 17h30min; ao sair, vai
direto para casa, janta com seus pais e, às 18h45min, pega o ônibus para a faculdade;
na hora do intervalo, Joana e seus amigos comem um lanche na cantina; ela volta para
casa às 22h30min, toma um copo de leite e vai dormir.
39
40
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
MUDANÇAS ALIMENTARES
1 INTRODUÇÃO
Tomando como base a forma como a população mudou nas últimas décadas
e o quanto a tecnologia avançou, da mesma maneira que aumentou a expectativa de
vida e o acesso aos alimentos, também aumentou o número de doenças crônicas e
sedentarismo. Muitos acreditam que essas mudanças têm relação com a saúde da
população.
41
estilo de vida, fazendo com que fossem incorporados hábitos rápidos e
práticos (FRANÇA, 2011). Esse padrão de alimentação é denominado dieta do afluente e
caracteriza-se pelo excesso de alimentos de alta densidade calórica, ricos em gordura,
sal, açúcar refinado e pobre em fibras (OMS, 1990).
DICA
Acadêmico, você já refletiu como o Guia Alimentar é um instrumento da
EAN? Por meio das recomendações e regra de ouro, ou da classificação
de alimentos, é possível realizar diferentes atividades educativas. Além
disso, você consegue perceber como esse guia aborda questões de
comportamento alimentar, valorizando a cultura e os hábitos alimentares
regionais?
DICA
Caro acadêmico, aproveite para aprofundar seu conhecimento sobre o
PNAN com a leitura do documento na íntegra, acessando: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf.
42
3 CONTEXTO SOCIAL
A condição socioeconômica e o nível de escolaridade da população têm relação
direta com o seu consumo e explica as atuais mudanças alimentares da população
brasileira.
Entretanto, nas décadas de 2000 e 2010, houve uma inserção das classes
populares nos planos mercadológicos, as quais se tornaram potenciais consumidores.
Essa situação é reflexo das mudanças econômicas do período, quando ocorreu uma
diminuição na desigualdade de distribuição de renda e um aumento real do salário-
mínimo em relação à inflação, resultando na expansão do poder de compra desses
grupos sociais (PORTELINHA, 2018; POCHMANN, 2012). Como resultado de tal mudança,
esses indivíduos tornaram-se consumidores e expandiram seu consumo não só para
satisfação de necessidades, mas também como forma de status social, frente aos seus
pares e à comunidade que os cerca (PORTELINHA, 2018; BARROS; ROCHA, 2007).
43
FIGURA 6 – DISTRIBUIÇÃO DA AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS DOMICILIAR PER CAPTA ANUAL, DE ACORDO
COM A RENDA SALARIAL
10
9
8
7
6
5
44
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020, s.p.),
DICA
Caro acadêmico, se você quiser aprofundar ainda mais o seu conhecimento,
sugerimos que visite a página do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística,
que apresenta os dados sociodemográficos da população: https://www.
ibge.gov.br/.
Maia et al. (2017) argumentam que estudos realizados nos últimos anos
mostram que os alimentos anunciados na mídia apresentam baixa qualidade nutricional,
geralmente de alto valor calórico e contendo elevada quantidade de gorduras, açúcares
e sódio, bem como a utilização de estratégias publicitárias destinadas a explorar
populações mais vulneráveis, como o uso de personagens de desenhos animados e
anúncios destinados ao público infantil.
Para a OPAS, o consumo excessivo de alimentos com alto teor calórico e baixo
teor de nutrientes, alimentos processados, junto ao consumo de bebidas adoçadas com
açúcar, além de baixos níveis de atividade física, são os principais fatores responsáveis
pelo aumento da obesidade nas Américas e no mundo.
45
Assim, uma das propostas do plano de ação para a prevenção da obesidade foi
o aumento de impostos sobre junk food e restrições à comercialização e à publicidade
de alimentos não saudáveis para crianças. Destacam-se projetos de lei que buscam
proibir a “venda casada” de comida e brindes, com enfoque no público infantil (OPAS,
2014).
DICA
No site do Observatório de Publicidade de Alimentos (OPA), você encontra
legislação, artigos, guias e manuais sobre o tema.
Acesse: https://publicidadedealimentos.org.br/.
46
Como visto anteriormente, a mídia tem grande influência na formação do hábito
alimentar infantil. Assim, corroborando a necessidade de medidas protetivas em relação
à publicidade voltada a alimentos infantis, um estudo realizado por Mattos et al. (2010)
avaliou escolhas alimentares de crianças e adolescentes expostos e não expostos
a propagandas de alimentos veiculadas pela televisão, constatando a expressiva
preferência dos participantes por produtos promovidos por comerciais de alimentos e
sugerindo esse tipo de propaganda como um importante fator ambiental associado ao
consumo alimentar.
DICA
Acesse a Resolução Conanda nº 163/2014 na íntegra, acessando: https://
criancaeconsumo.org.br/normas-em-vigor/resolucao-no-163-do-conanda/.
47
Um estudo realizado por Ramos, Henn e Matos (2016) avaliou as propagandas
veiculadas pelas emissoras de TV fechadas, voltadas ao público infantil, com relação
ao cumprimento da Resolução Conanda nº 163/2014, verificando que a publicidade de
alimentos e bebidas é muito presente para esse público, que a maior parte é composta
por produtos ultraprocessados e não está de acordo com a regulamentação vigente,
utilizando de ferramentas que influenciam o consumo desses produtos com baixo valor
nutricional.
DICA
Para compreender a influência da mídia no comportamento de consumo
das crianças, assista ao vídeo “Criança, a alma do negócio”, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4.
Embora ainda não haja muitos estudos sobre o tema, atualmente, a internet,
representada pelas mídias e redes sociais, tornou-se um importante disseminador de
conteúdo. Os influenciadores digitais e “youtubers mirins” (vlogueiros) estão cada vez
mais populares no Brasil, principalmente entre crianças e adolescentes. Esse fenômeno
é tão ou mais preocupante que a influência das publicidades “formais” no consumo
alimentar dessa população, uma vez que esses indivíduos passam o dia mostrando sua
rotina, viagens, passeios e compras, estimulando desejo e hiperconsumo, na maioria
das vezes, sem nenhum tipo de controle por partes dos pais.
Ainda sobre as mídias sociais, outro aspecto a ser observado é a sua influência
sobre a imagem corporal e o comportamento alimentar de adolescentes. Um estudo
realizado por Lira et al. (2017) com 212 adolescentes, a maioria, eutrófica, entre 15 e 19
anos, demonstrou que o acesso diário maior que 10 vezes às redes sociais, Facebook e
48
Instagram, aumentou a chance de insatisfação em 6,57 e 4,47 vezes, respectivamente.
Ainda segundo os autores, 75,9% das jovens, independentemente da classe social,
viam benefícios em seguir as redes sociais, sendo os mais frequentemente citados:
estar informada, se comunicar com amigos e pessoas que estão longe, conhecer novas
pessoas, ter acesso a informações sobre dieta e exercício e divertir-se. Para 60%, não
havia nenhum malefício em seguir essas redes; entre as adolescentes que disseram
haver algum malefício, os mais citados foram: “viciar”, absorver informações sobre
padrão de beleza e casos de bullying.
49
DICA
Sugerimos a leitura da segunda edição do livro Alimentos regionais
brasileiros, do Ministério da Saúde, disponível em: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/alimentos_regionais_brasileiros_2ed.pdf.
50
Na Figura 8, fica evidente o aumento acentuado da população urbana em
relação à rural e a sua evolução em um curto período, além de ser possível observar que
esse aumento continua nos próximos 30 anos e que, provavelmente, trará ainda mais
transformações para o consumo alimentar da população brasileira.
Sabe-se que muitas são as diferenças alimentares entre os brasileiros que vivem
na área rural e urbana, as quais podem ser evidenciadas na Figura 9, que apresenta
resultados recentes da POF (relativos ao período de 2017-2018), realizado pelo IBGE (2019).
FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO DA AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS PER CAPITA ANUAL (KG) ENTRE A POPULAÇÃO
RURAL E URBANA NO BRASIL
DICA
Para compreender melhor os resultados preliminares da POF (2017-2018),
sugere-se a leitura do relatório na íntegra: https://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/livros/liv101670.pdf.
DICA
Para conhecer um pouco mais sobre o relatório e as publicações da OPAS,
visite o portal: https://iris.paho.org/.
52
6 MANIFESTAÇÕES NO ESTADO NUTRICIONAL
Nas últimas décadas, a população brasileira passou por grandes transformações
sociais, que resultaram em mudanças no seu padrão de saúde e consumo alimentar.
Essas transformações acarretaram diminuição da pobreza e exclusão social e,
consequentemente, da fome e da escassez de alimentos, com melhoria no acesso e na
variedade de produtos alimentícios, além da garantia da disponibilidade média de calorias
para consumo, embora ainda existam cerca de 16 milhões de brasileiros vivendo em
extrema pobreza. Entretanto, a diminuição da fome e da desnutrição veio acompanhada
do aumento vertiginoso da obesidade em todas as camadas da população, apontando
para um novo cenário de problemas relacionados à alimentação e à nutrição (BRASIL,
2011).
53
A reação aos resultados encontrados nos últimos anos é a ocorrência,
atualmente, de um deslocamento do foco para a mudança do estilo de vida da população,
uma mobilização que ocorre devido à identificação da má qualidade da alimentação
e ao aumento do sedentarismo e das principais doenças crônicas não transmissíveis,
que contribuem, substancialmente, para o aumento da morbidade, mortalidade e
incapacidade. Ações voltadas ao indivíduo e à comunidade de caráter nacional e global
envolvem diferentes segmentos da sociedade civil, dos setores público e privado, a fim
de promover uma alimentação saudável e a prática de atividade física (DIEZ-GARCIA;
CERVATO-MANCUSO, 2012).
54
LEITURA
COMPLEMENTAR
INFLUÊNCIA DOS MÍDIA SOCIAL NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR, ATIVIDADE
FÍSICA E SATISFAÇÃO CORPORAL EM JOVENS ADULTOS
O “Fitspiration” é um termo que surgiu na mídia social para definir que o corpo
saudável é aquele que, além de magro, é atlético. O fato de ser um padrão quase inatingível
para a maioria da população acarreta alguns efeitos negativos, nomeadamente de
insatisfação com a imagem corporal, baixa autoestima e distúrbios alimentares.
55
moda, que assistem regularmente à televisão e/ou que fazem comparações sociais
de corpo tendem a ter uma maior suscetibilidade para a adoção de comportamentos
alimentares de risco. Uma das principais características da sociedade contemporânea
é a grande importância que se dá à imagem corporal, apoiada, cada vez mais, pelo
fenômeno das mídias sociais.
56
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
57
• As transformações sociais resultaram em mudanças no padrão de saúde e no estado
nutricional da população brasileira. Segundo dados da Vigitel, em 2019, os percentuais
de obesidade passaram de 11,8%, em 2006, para 20,3%, em 2019, e os percentuais
de excesso de peso estão em 55,4%. Por outro lado, uma reação aos resultados
encontrados nos últimos anos é ocorrência de um deslocamento de foco para a
mudança de estilo de vida, já que a má alimentação e o aumento do sedentarismo
contribuem significativamente para o aumento da morbidade, da mortalidade e da
incapacidade da população brasileira. Diante desse quadro, reforça-se a importância
do nutricionista como promotor de saúde, fortalecendo a educação alimentar e
nutricional como instrumentos de mudança.
58
AUTOATIVIDADE
1 As mudanças no padrão de consumo de alimentos ocorreram em vários estágios,
desde o início da humanidade, desde a fome até a obesidade, e são ocasionadas
por diversas situações. No Brasil, a transição epidemiológica e nutricional tornou-
se evidente nas últimas décadas, refletindo no estado nutricional e de saúde da
população. Diante desse contexto, assinale a alternativa CORRETA:
59
FONTE: <https://www.reportercapixaba.com.br/comer-fora-de-casa-consome-um-terco-das-despesas-das-
-familias-com-alimentacao/>. Acesso em: 19 mar. 2021.
60
4 A agricultura familiar é aquela em que a propriedade, a gestão e a maior parte do
trabalho são compartilhadas por pessoas que mantêm vínculos de parentesco.
Representa a maior parte dos estabelecimentos agropecuários do Brasil,
respondendo por parte importante da oferta de alimentos e apresentando enorme
potencial de oferecer qualidade e diversidade. O fenômeno da urbanização,
ocorrido nos últimos anos, põe em risco esse tipo de agricultura, que recebe
cada vez menos estímulos do governo quando comparado com o agronegócio
(INSTITUTO IBIRAPITANGA, 2018). Assinale a alternativa que melhor representa a
consequência deste contexto.
62
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia Alimentar para
a População Brasileira: promovendo a alimentação saudável. Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2014b.
63
FISBERG, M. R. et al. Inquéritos alimentares – Métodos e Bases Científicos. São
Paulo: Manole, 2005.
FORTES, L. S. et al. Imagem corporal e Infância. In: FERREIRA, M. E.; CASTRO, M. R.;
MORGADO, F. F. (Eds.). Imagem corporal: Reflexões, diretrizes e práticas de pesquisa.
Juiz de Fora: Editora UFJF; 2014. p. 49-66.
64
INSTITUTO IBIRAPITANGA. 10 questões sobre alimentação no Brasil de hoje.
Petrópolis: Instituto IBIRAPITANGA, 2018. Disponível em: https://www.ibirapitanga.org.
br/wp-content/uploads/2019/06/Ibi_Relat%C3%B3rio_alimenta%C3%A7%C3%A3o_
online%C6%92.pdf. Acesso em: 24 out. 2020.
KRISTAL, A. R. et al. How can stages of change be best used in dietary interventions? J
Am Diet Assoc., v. 6, p. 678-684, 1999.
LIRA, A. G. et al. Uso de redes sociais, influência da mídia e insatisfação com a imagem
corporal de adolescentes brasileiras. J. Bras. Psiquiatr., v. 66, n. 3, p. 164-171, 2017.
65
NEVES, C. M. et al. Imagem corporal na infância: uma revisão integrativa da
literatura. Rev. Paul. Pediatr., v. 35, n. 3, p. 331-339, 2017.
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Dieta, Nutricion y prevención de
enfermidades crónicas. Genebra: OMS; 1990. n. 797. 228p. Série de Informes Técnicos.
PAULA COSTA, D. V. et al. Diferenças no consumo alimentar nas áreas urbanas e rurais
do Brasil: Pesquisa nacional de saúde. Cien Saude Colet. 2020. Disponível em: http://
www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/diferencas-no-consumo-alimentar-nas-
areas-urbanas-e-rurais-do-brasil-pesquisa-nacional-de-saude/17486?id=17486.
Acesso em: 19 mar. 2021.
66
SCAGLIONI, S. et al. Factors Influencing Children’s Eating Behaviours. Nutrients, v. 10,
n. 6, p. 706, 2018.
SILVEIRA, C. L. N. W.; HENN, R. L.; GONÇALVES, T. R. Alimentação saudável na infância:
representações sociais de famílias e crianças em idade escolar. Aletheia, v. 52, n. 2, p.
80-96, 2019.
SMOLAK, L. Body Image Development in Childhood. In: CASH, T. F.; SMOLAK, L. (Eds.).
Body image: A handbook of science, practice, and prevention. 2. ed. New York: The
Guilford Press; 2011. p. 67-75.
67
68
UNIDADE 2 —
FUNDAMENTOS DE EDUCAÇÃO
E EDUCAÇÃO ALIMENTAR
NUTRICIONAL (EAN) E PROGRAMAS
E POLÍTICAS QUE NORTEIAM A EAN
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
69
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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70
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CONSIDERAÇÕES GERAIS
SOBRE EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
NOTA
Caro acadêmico, você conhece o conceito de Educação? Entende o quanto
é importante valorizar o conhecimento anterior? Você sabia que, quanto
mais valorizamos a cultura e vivências do indivíduo ou coletividade na qual
atuamos, melhor é a adesão às ações educativas propostas?
Por fim, veremos os três tipos de planejamento que tornam o ensino mais
eficiente: plano de curso, plano de unidades didáticas e plano de aula. Ainda nesse
contexto, serão apresentados exemplos de planejamentos com seus respectivos
elementos para ajudar na compreensão de como aplicá-los nas atividades práticas.
2 ELEMENTOS DIDÁTICOS
“A educação é inerente à vida e assim o é também a educação alimentar”
(BOOG, 2013, p. 23). Segundo Nereci (1971, apud TURANO; ALMEIDA, 1999a, p. 79), “[...]
a educação é um processo que visa capacitar o indivíduo para agir conscientemente
diante de situações novas da vida, com o aproveitamento de experiência anterior,
segundo as necessidades de cada um, a fim de serem atendidos, integralmente, o
indivíduo e a coletividade”.
71
Dentro do contexto da educação, destaca-se a relação entre ensinar e
aprender, já que pode existir aprendizagem sem ensinamento, mas não existe ensino
sem aprendizagem, pois nada pode existir tendo uma causa sem efeito – em resumo,
quem ensina também aprende (LINDEN, 2005). Para Freire (1996, p. 26), “[...] Ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção”.
72
Na Figura 1, é possível perceber que o planejamento das ações educativas é
voltado para a resolução do problema do educando ou do grupo e de todo o processo
de ensino-aprendizagem; desde a formulação dos objetivos até a avaliação busca-se a
resolução dessa necessidade.
Para Linden (2005, p. 25), “[...] em uma situação de ensino, a didática é o estudo
planejado de ações de como irá ocorrer o processo de ensino-aprendizagem na escola,
na sala de aula, na comunidade e seus resultados”. Turano e Almeida (1999b) destacam
que a didática aponta caminhos e o professor deve usar recursos adequados a cada
momento, experimentando e pesquisando novas técnicas de ensino, estabelecendo
normas de ação e sugerindo formas de comportamento didático.
A didática pode ser dividida em duas áreas distintas: a didática geral, que
estuda os princípios, as técnicas e as normas que regulamentam qualquer tipo de
ensino, para qualquer tipo de aluno; e a didática especial, que estuda a aplicação dos
princípios da didática geral no ensino de diversas disciplinas, bem como nos diferentes
níveis de ensino (PILETTI, 2004).
73
• Aluno/educando/paciente – é aquele que aprende; a ação educativa deve atender
às necessidades do educando, de acordo com suas características e sem forçá-lo a
assumir comportamentos que estejam além das suas possibilidades e, sobretudo, em
discordância com as suas necessidades.
• Professor/educador/profissional – é o orientador, a fonte de estímulo que leva
o aluno a reagir para que se processe a aprendizagem, mas é um elemento que
também sofre a ação. Tem o papel de distribuir os estímulos uniformemente entre
seus alunos, de maneira que os leve a trabalhar segundo as suas peculiaridades e
possibilidades.
• Disciplina/conteúdo – é o que se ensina, são as informações técnicas, por meio
das quais serão atingidos seus objetivos educacionais. Para Linden (2005, p. 37), “[...]
Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos
valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente
visando à assimilação ativa e às aplicações pelos alunos na sua prática de vida”.
• Motivação de aprendizagem – a motivação deve preceder todo o trabalho educativo
e consiste em preparar o educando para o estudo. De acordo com Shimitz (1993), a
motivação é o estímulo interno que faz o educando assumir uma atitude positiva diante
do trabalho e dos objetivos que surgem e lhe são oferecidos.
• Objetivos educacionais – constituem na diretriz para toda a ação didática que se
pretende alcançar, itens como conteúdo, técnicas e recursos devem ser elaborados
de acordo com os objetivos didáticos. A formulação deve ser clara e objetiva. É
importante que os objetivos de ensino expressem os comportamentos esperados
dos alunos/educandos, os quais são divididos em:
ᵒ Geral: indica o propósito da atividade instrucional, de maneira bem ampla.
ᵒ Específico ou comportamental: indica o propósito da atividade instrucional de
maneira mais precisa, quase concreta.
DICA
Ao formular os objetivos, a pergunta a ser feita é: ao terminar essa atividade,
o educando será capaz de, por exemplo, conhecer os alimentos ricos em
proteína, diferenciar a proteína animal de proteína vegetal, e assim por
diante.
Além disso, os verbos podem ser modificados conforme a ação proposta (Quadro 1)
74
QUADRO 1 – VERBOS PARA ELABORAÇÃO DE OBJETIVOS DE ACORDO COM A AÇÃO DESEJADA
Vale destacar que, muitas vezes, somente o contexto poderá indicar o sentido
do verbo.
3 MOMENTOS DIDÁTICOS
A ação didática do processo de ensino é composta por etapas/momentos
distintos, que representam a dinâmica para o funcionamento dos elementos didáticos:
planejamento, execução e verificação da aprendizagem.
3.1 PLANEJAMENTO
Para Libâneo (2017), o planejamento é uma atividade essencial para orientar
a tomada de decisão do educador em relação às situações de ensino-aprendizagem,
tendo em vista alcançar melhores resultados. Para tanto, é importante refletir sobre o
75
que deve orientar a tomada de decisão, considerando-se requisitos como o problema
levantado pelo educando ou comunidade, objetivos, instrumentos necessários, local e
instalações e realidade de transformação.
76
Além do mapa conceitual apresentado na Figura 2, é necessário considerar
outros três elementos básicos (LINDEN, 2005):
3.2 EXECUÇÃO
É a dinâmica propriamente dita do ensino, compreende a motivação e a direção
da aprendizagem, a elaboração e a apresentação do conteúdo. Como elementos
fundamentais da execução, temos a linguagem didática, os métodos e as técnicas de
ensino e o material didático. É o caso mais dinâmico do ensino, pois logo passa ser
refletido e elaborado pelo educando, havendo compartilhamento de conhecimento
entre educador e educando, e impactando no processo de ensino-aprendizagem
(TURANO; ALMEIDA, 1999b). Para Turano e Almeida (1999b), a execução didática passa
por quatro etapas:
77
ᵒ Comparação – sempre que possível, comparar o novo com o que já é conhecido
pelo educando, resgatando conhecimentos anteriores.
ᵒ Evidenciar o fundamental – sempre que possível, chama a atenção para os pontos
que são mais importantes no processo de transformação do conhecimento.
ᵒ Ritmo – é importante estar atento ao ritmo da apresentação, uma vez que, se for
rápido demais, os educandos não conseguem acompanhar e, se lento demais, a
apresentação se torna cansativa e enfadonha.
ᵒ Participação – deve ser estimulada usando todos os meios possíveis, a partir de
perguntas, debates, estudos de caso e relatos de experiência.
ᵒ Espírito crítico – todas as oportunidades devem ser aproveitadas para dar
continuidade ao exercício de espírito crítico dos educandos. Dúvidas, contradições,
análises e conclusões obrigam os educandos a refletirem e criticarem.
ᵒ Fixação – deve-se realizar exercício que permita a fixação do conteúdo ao final de
cada assunto explanado.
ᵒ Fontes de informação – sempre que oportuno, realizar a indicação de referências
bibliográficas sobre o tema abordado. Visitas a instituições e universidades e
encontros com profissionais da comunidade ou experts no assunto também
auxiliam nesse quesito.
• Elaboração da matéria – o educando trabalha sobre o material apresentado,
refletindo, pesquisando, debatendo, experimentando e discutindo. Nesse caso,
é essencial a condução do educador utilizando, da melhor forma possível, os
recursos didáticos.
• Fixação de aprendizagem – item que depende do educando, porém o educador pode
oferecer oportunidades. Essa é a fase da direção da aprendizagem que visa a garantir a
permanência do que foi aprendido: dados, informações, atitudes, hábitos e habilidades.
78
• avaliação prévia: para determinar onde o educando deve ser integrado ao iniciar uma
nova fase de sua aprendizagem;
• avaliação diagnóstica: para diagnosticar dificuldades de aprendizagem do educando
no decorrer dessa nova fase;
• avaliação formativa: para aquilatar o progresso da aprendizagem ao longo dessa fase;
• avaliação formadora: contribui para que o educando aprenda a aprender;
• avaliação somativa: para avaliar as conquistas do educando no final de uma fase de
sua aprendizagem (VALADARES; GRAÇA, 1998, p. 44).
79
• Preparação/apresentação – são previstos os passos necessários para assegurar a
sistematização, o desenvolvimento e a concretização dos objetivos previstos.
• Desenvolvimento – a ênfase recai sobre a ação do aluno e do professor.
• Integração – fase em que se revê se todo o processo está integrado entre si e com a
proposta pedagógica a ser desenvolvida.
Segundo Conceição et al. (2019, p. 8), “[...] para que um plano de aula seja
considerado adequado deve seguir alguns princípios, como: Coerência e unidade;
Continuidade e sequência; Flexibilidade; Objetividade e funcionalidade e a Precisão”.
Como o planejamento requer que se pense no futuro, é formado, ainda, pelos
80
componentes básicos do planejamento de ensino, cujo objetivo é a descrição clara
do que se pretende alcançar como resultado da atividade, bem como nascem da
própria situação da comunidade, da família, da escola, da disciplina, do professor e,
principalmente, do aluno. Os objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno.
Turano e Almeida (1999b) sugerem alguns tipos de aula que podem ser utilizadas
como estratégias na execução da didática e devem ser colocadas no planejamento:
81
FIGURA 4 – MODELO DE PLANO DE AULA
82
No caso da aprendizagem baseada em problemas, as situações são preparadas,
previamente, de acordo com os conteúdos que os alunos precisam dominar. Cada
temática deve discutir um problema, geralmente em pequenos grupos (BERBEL, 1998).
Essa prática pedagógica deve levar em conta que os alunos possuem grande potencial
criativo e realizador, contribuindo para que, como profissionais, possam atuar de
forma mais consciente e humana. As metodologias ativas oportunizam o resgate da
valorização do contexto e das características individuais, elementos com os quais o
profissional de saúde precisa aprender a lidar no cotidiano laboral. As experiências
vivenciadas pelas metodologias ativas representam uma proposta pedagógica de
grande significado e que, certamente, possibilitará aos alunos e docentes, repensar
e reorganizar suas próprias práticas pedagógicas, e modos de ver suas realidades.
DICA
BERBEL, N. A. N. A problematização e a aprendizagem baseada em
problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface: Comunic,
Saude, Educ. 1998.
83
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A educação é um processo que visa a capacitar o indivíduo a agir conscientemente
diante das situações novas da vida, aproveitando experiências anteriores; a
educação popular é voltada à necessidade do indivíduo ou da população, o que faz
com esse processo seja mais efetivo. Para isso, foram apresentados os elementos
essenciais do processo educativo: educando, educador, meio e fins.
• A didática nada mais é que uma agenda de trabalho que deve fazer parte do dia a dia
dos profissionais, e que o ser didático organiza suas ações. Quando a ação cotidiana
se transforma em uma ação educativa, ela exige planejamento. Os elementos e
momentos didáticos fazem parte dessa ação.
84
• O plano de curso é dividido em dois momentos, vertical (objetivo carga horária e
avaliação final) e horizontal, sendo que este último está relacionado às unidades. O plano
de unidades envolve as seguintes partes: preparação/apresentação (sistematização,
desenvolvimento, concretização dos objetivos), desenvolvimento (ação do aluno e do
professor) e integração (revisão para observar se o processo está integrado).
85
AUTOATIVIDADE
1 Considerando os objetivos de aprendizagem de uma ação educativa voltada às
necessidades de uma população carente, que reside em casas de madeira, sem
saneamento básico e que apresenta um grande percentual de crianças desnutridas
e com verminose e mães obesas, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A técnica de ensino utilizada (aula expositiva) foi adequada para o tipo de público-
alvo, bem como para os objetivos de aprendizagem propostos por Patrícia.
b) ( ) A motivação de aprendizagem utilizada por Patrícia (falar de assuntos importantes
para o tratamento) foi fundamental para o aprendizado e a modificação de
comportamento dos pacientes.
c) ( ) No contexto explanado, os diabéticos são os educandos; a técnica utilizada é a
aula expositiva e o local geográfico é a Unidade de Saúde.
86
d) ( ) De acordo com os elementos de didáticos, Patrícia é a educanda e a disciplina ou
tema é o diabetes melito.
e) ( ) Patrícia, como educadora, utilizou técnicas que foram fontes de estímulo para os
seus educandos (diabéticos), levando-os à compreensão do tema ministrado.
3 A execução didática visa à prática efetiva do ensino por meio de aulas e atividades
extraclasse. Assim, para que a apresentação da matéria seja mais eficiente, são
necessárias algumas normas. Considerando algumas dessas normas, associe os
itens, utilizando o código a seguir:
I- Sentido psicológico.
II- Sentido lógico.
III- Evidenciar o fundamental.
IV- Ritmo.
V- Participação e discussão.
VI- Fontes de informação.
4 O planejamento didático pode se dar de diferentes formas, porém alguns aspectos são
fundamentais na escolha do tipo de planejamento a ser realizado, como o contexto
socioeconômico, o tempo para execução, o conteúdo e a necessidade do educando.
Considerando a forma de planejamento denominada plano de aula, responda:
87
5 A avaliação de aprendizagem é parte fundamental do processo de ensino-
aprendizagem e, na maioria das vezes, exige técnicas e instrumentos que possam
melhor avaliar se os objetivos da ação educativa realmente foram alcançados, motivar
os educandos e auxiliá-los a fixar o conteúdo e melhorar a aprendizagem. Diante
desse contexto, discorra sobre duas formas de avaliação que podem ser utilizadas
em uma ação educativa voltada para gestantes em um curso pré-natal.
88
UNIDADE 2 TÓPICO 2 - A
EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR
E NUTRICIONAL NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, conheceremos a história da Educação Alimentar e Nutricional
(EAN) no Brasil, como seu conceito foi construído e sua evolução no decorrer das décadas.
2 CONCEITO
No Brasil, a adoção de um conceito de EAN precisou considerar a evolução
histórica, social e política da nutrição, bem como os diferentes campos de saberes
que a envolvem. Nesse sentido, o Marco de Referência de EAN para Políticas Públicas,
instituído em 2012, estabeleceu o seguinte conceito:
89
Atualmente, os cursos de graduação seguem as Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Nutrição (BRASIL, 2001), um documento que
orienta o currículo, descreve o perfil profissional e as habilidades e competências a
serem adquiridas pelo estudante. Nas diretrizes, há a orientação de que, ao longo do
curso, o graduando deve adquirir conhecimentos para, posteriormente, quando tornar-
se um profissional nutricionista, poder “[...] desenvolver ações de prevenção, promoção,
proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo [...]” (BRASIL,
2001, p. 15).
Todavia, o Marco de Referência traz um novo ponto de vista para essa questão,
já que reconhece que as práticas alimentares são resultantes da disponibilidade de
alimento, do comportamento, práticas, atitudes e escolhas alimentares, bem como das
preferências e formas de preparo e consumo dos alimentos, requerendo, assim, uma
abordagem integrada (BRASIL, 2012a). Desse modo, defende que vários profissionais
podem desenvolver as atividades de EAN, embora determine que em contextos
que envolvam indivíduos ou grupos com alguma enfermidade e que a EAN deva ser
utilizada como um recurso terapêutico, as ações passam a ser de responsabilidade
exclusiva do nutricionista.
90
QUADRO 2 – DIFERENÇAS ENTRE EDUCAÇÃO E ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL
91
É possível observar uma discrepância no uso das nomenclaturas educação
nutricional × educação alimentar e nutricional. Isso se deve porque o termo utilizado
antes de sua definição no Marco de Referência era “educação nutricional” (BOOG, 1997).
Todavia, para que o termo abrangesse desde os aspectos relacionados a alimentação,
processos de produção, abastecimento e transformação dos aspectos nutricionais, foi
adotado, em 2012, o termo EAN, como mencionado na definição (BRASIL, 2012a).
DICA
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, sugerimos a leitura
do capítulo 6 do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional
para as Políticas Públicas, que irá detalhar cada um desses princípios. Acesse:
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/seguranca_alimentar/
marco_EAN.pdf.
O interesse pela educação nutricional surge nos anos de 1940, como um dos
pilares de programas governamentais de proteção ao trabalhador, com o intuito de
levar mudanças significativas às condições de alimentação da população trabalhadora
brasileira (BOOG, 1997, p. 6 apud BOOG, 1985). A EAN aparecia em meio a um governo forte
e autoritário e era liderada por médicos que acreditavam que o seu saber comunicado
às massas poderia reverter o quadro de desnutrição que assolava o país – essas ações
de intervenção eram implementadas por nutricionistas formados nos primeiros cursos
existentes no país, os quais foram criados especificamente para executar as ações
propostas nos centros de decisão política (BOOG, 2012).
92
Nos anos de 1950 e 1960, no pós-guerra, a educação nutricional estava
relacionada a campanhas para a introdução da soja nos hábitos alimentares do
brasileiros, visando a atender interesses econômicos que variavam entre estimular
o consumo de excedente de produção até induzir alguns grupos da população a
consumirem alimentos obtidos mediante convênios com agências de ajuda alimentar
dos Estados Unidos. Estes também tinham o papel de aliviar os excedentes agrícolas
norte-americanos, a fim de manter o preço dos cereais no mercado internacional,
fazendo com que a educação nutricional fosse uma estratégia para induzir a população
a consumir aquilo que legitimaria o recebimento dessa ajuda externa (BOOG, 1997).
“Em 1954, no Programa de ajuda alimentar ‘Food for peace’, foi incluído o tabaco
para ser distribuído aos países em vias de desenvolvimento. O Ministério da Agricultura
dos EUA expedia, anualmente, dez milhões de dólares de tabaco como quota destinada
aos países que sofriam fome” (BOOG, 2012, p. 69, apud COSTA, 1963).
DICA
Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos a leitura, na íntegra,
do artigo Educação Nutricional: Passado, presente e futuro (BOOG,
1997), disponível em: https://unifg.edu.br/wp-content/uploads/2015/06/
Educa%C3%A7%C3%A3o-Nutricional-passado-presente-e-futuro.pdf.
93
Durante a década de 1980, o discurso científico em relação ao nutriente
prevaleceu e, embora as publicações fossem restritas, em 1984, Boog e Motta publicaram
o livro Educação Nutricional. A partir dessa década, surgiu o Programa Nacional de
Aleitamento Materno e foram realizadas a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição e
a I Conferência Nacional de Alimentação e Nutrição, além do início das tendências
construtivistas de Paulo Freire (BRASIL, 2012a).
94
Ainda segundo a autora, a partir do final de 1990, “várias políticas públicas e
programas nacionais passam a utilizar a EAN como instrumento de ação, destacando-
se o Programa Nacional de Alimentação Escolar, a Política Nacional de Promoção da
Saúde, a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a Política Nacional de
Alimentação e Nutrição (PNAN)” (SOUZA, 2018, p. 23).
No início dos anos 2000, foi implementado o Programa Fome Zero (PFZ), uma
política pública de combate à fome, instituída no governo de Luiz Inácio Lula da Silva,
com o objetivo de promover a segurança alimentar dos brasileiros. Para tanto, tinha como
proposta atuar em três frentes: a elaboração de um conjunto de políticas públicas; a
construção participativa de uma Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;
e a realização de um grande mutirão contra a fome (RIBEIRO, 2006).
95
FIGURA 4 – LINHA DO TEMPO – EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
96
FONTE: BRASIL (2012a)
97
A Educação Alimentar e Nutricional, quando utilizada como estratégia nos cuidados
nutricionais do paciente com transtornos alimentares, permite ao profissional a
aplicação de diversos métodos, recursos e técnicas como empowerment, que visam
ao desenvolvimento de habilidades individuais, a fim de estimular no paciente a
tomada de decisões favoráveis à qualidade de vida e à saúde. No entanto, em virtude
desses pacientes apresentarem disfunções psiquiátricas, com profundas alterações
cognitivas que comprometem a relação corpo-mente, não é recomendada a
aplicação isolada da Educação Alimentar e Nutrição, devendo, portanto, ser aplicada
em conjunto com outros tratamentos no intuito de se alcançar a cura do paciente
(ALVARENGA, 2017; LATTERZA, 2004).
Os estudos apontam que estão disponíveis ao profissional da nutrição diversas
ferramentas para tratar os pacientes com os transtornos alimentares, sendo as
mais aplicadas a Educação Alimentar e Nutricional e a Técnica do Comportamento-
cognitivo. Segundo a literatura, ambas visam à reparação do estado nutricional, à
redução ou à cessação de comportamentos inadequados para a saúde do paciente,
assim como convergem para o bem-estar biopsicossocial do paciente.
DICA
ALVARENGA, M. S. Abordagens no Transtorno Alimentar – Anorexia, Bulimia,
Compulsão Alimentar Não Especificado. In: TRECCO, S. Educação alimentar
e nutricional: da teoria à prática. Vila Mariana, SP: Roca, 2017, p. 193-199.
98
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O conceito de educação nutricional considerou toda a evolução política e histórica
da nutrição no Brasil e que, a partir da implementação do Marco de Referência de
Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, o termo foi redefinido
para EAN e passou a ser considerado um campo de conhecimento e prática contínua
e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa a promover
a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis e contribuir para
assegurar o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
• A EAN envolve vários fatores relacionados ao alimento e à alimentação e, por isso, requer
uma abordagem mais ampla que a realizada por diversos profissionais, porém, quando
utilizada como recurso terapêutico, tanto para indivíduos como para grupos, deve ser de
responsabilidade exclusiva do nutricionista. Com relação às diferenças entre orientação
e educação, é possível perceber que a educação é um processo de construção contínuo,
enquanto as orientações são pontuais e baseadas em prescrições.
• Na história da EAN no Brasil, desde quando ela surgiu como um dos pilares de programas
governamentais de proteção ao trabalhador, nos anos de 1940, passando pelas décadas
de 1950 e 1960, quando suas ações eram voltadas a estimular o consumo de alimentos
excedentes, principalmente dos Estados Unidos, pela década de 1960, quando houve a
redução de publicações e a substituição do paradigma social pelo paradigma técnico; já
em 1970, com os resultados do Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), o binômio
alimentação/educação é substituído pelo binômio alimentação/renda, a EAN é acusada
de ser uma estratégia para ensinar pobres a “apertar o cinto sem doer”, sofrendo rejeição
e passando cerca de duas décadas ausente de programas de saúde pública.
99
AUTOATIVIDADE
1 Em outubro de 2012, foi lançado o Marco de Referência de Educação Alimentar e
Nutricional para as Políticas Públicas, com o objetivo de promover um campo comum
de reflexão e orientação da prática, no conjunto de iniciativas de Educação Alimentar
e Nutricional (EAN) que tenham origem, principalmente, da ação pública e que
contemplem os diversos setores vinculados ao processo de produção, distribuição,
abastecimento e consumo dos alimentos. Considerando o Marco de Referência,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) Entre as décadas de 1930 e 1940, a EAN teve uma abordagem muito positiva,
buscando ensinar os trabalhadores de baixa renda e suas famílias a se
alimentarem corretamente.
b) ( ) Nos anos 1970, com o golpe militar, a EAN apresentou um grande avanço no
campo científico, consolidando-se como uma importante estratégia para as
políticas públicas.
100
c) ( ) Na década de 1990, a partir das evidências das causas da transição nutricional
apontadas no Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), imediatamente foi
elaborado o Guia Alimentar para a População Brasileira.
d) ( ) No início dos anos 2000, com a implementação do Programa Fome Zero (PFZ),
a EAN passou a ser contemplada em campanhas publicitárias e palestras sobre
educação alimentar e educação para o consumo.
e) ( ) Nos anos 2000, os modismos nutricionais ganharam força, surgindo a figura da
“visitadora de alimentação”, a qual visita os domicílios visando à introdução de
alimentos que não são usualmente consumidos.
I- Educação nutricional.
II- Orientação nutricional.
( ) Mãe chega à Unidade Básica de Saúde com o filho apresentando diarreia aguda. A
enfermeira receita soro fisiológico e entrega um folheto com uma lista de alimentos
para a criança evitar nas próximas 48 horas.
( ) Um paciente chega à nutricionista com desejo de perder peso rápido. Após a
realização da antropometria completa, com um diagnóstico de obesidade, o
paciente recebe uma prescrição de dieta hipocalórica, com retorno agendado para
3 meses depois e um encaminhamento para o médico, para realização de exames
e possível uso de medicação.
( ) Nutricionista visita uma unidade escolar, faz o levantamento das necessidades, junto à
diretora, e traça um plano de atividades para realização de ações educativas durante 1
semestre – ao final desse período, será realizada uma avaliação dos resultados.
( ) Paciente procura nutricionista relatando excesso de peso e realização de inúmeras
dietas restritivas, com perda e reganho de peso. Após conversarem sobre as
preferências e as práticas alimentares, nutricionista e paciente decidem qual a
melhor estratégia a seguir, sendo realizado o agendamento para acompanhamento
em 20 dias.
4 A EAN, como área da Nutrição, percorreu um grande caminho até ser reconhecida
como importante agente de mudança de comportamento. Durante esse período,
permaneceu no “exílio” por duas décadas e também chegou a ter seu nome
modificado. Explique quando e por que a educação nutricional passou a ser chamada
de EAN.
101
5 O interesse pela EAN surgiu na década de 1940, como um dos pilares de Programas
da Saúde do Trabalhador, com o intuito de levar melhorias significativas. Nas duas
décadas seguintes, teve como principal função atender aos interesses econômicos
do mercado nacional e internacional, mas, a partir da década de 1970, passou por
grandes modificações e foi esquecida como área e chegando, inclusive, a sofrer
preconceito. Cite e comente o motivo que levou a educação nutricional a permanecer
ausente dos programas de saúde pública durante duas décadas.
102
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
POLÍTICAS PÚBLICAS QUE NORTEIAM A
EUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
(EAN) NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
2 GUIAS ALIMENTARES
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO, 2007), os Guias Alimentares Baseados em Alimentos (GABA) são
instrumentos que expressam os princípios da alimentação e da nutrição por mensagens
práticas, com o intuito de informar e educar a população, bem como guiar as políticas
públicas de alimentação e nutrição, saúde e agricultura.
103
Caldeiron e Moraes (1998, apud BARBOSA; COLARES; SOARES, 2008, p. 456)
ressaltam que as mensagens contidas nos guias alimentares devem ter as seguintes
características:
DICA
Para conhecer melhor os guias alimentares dos diferentes países, acesse o
site da FAO: http://www.fao.org/nutrition/education/food-dietary-guidelines/
regions/en/.
104
FIGURA 5 – IMAGENS DO GUIA DE ALIMENTAÇÃO INSTITUÍDO PELO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, EM 1960
Embora o GAPB (BRASIL, 2014) tenha amplo alcance no meio acadêmico, sabe-
se que, para projetos de educação alimentar e nutricional, a expressão gráfica do guia
alimentar tem um papel importante, já que, através de figuras, auxilia os indivíduos a
compreenderem e recordarem melhor os conteúdos, acessando a memória visual.
DICA
Para conhecer o delineamento do estudo de Almeida et al. (2018), bem
como as representações gráficas propostas, acesse o artigo em: https://
dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6985439.
106
DICA
Para conhecer o ícone proposto por Geraldi et al. (2017), acesse: https://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732017000100137.
107
O Art. 4º destaca que a segurança alimentar e nutricional abrange (BRASIL,
2006b):
DICA
Leia, na íntegra, a LOSAN – Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006 –,
acessando: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/
L11346.htm.
108
este é um momento relevante para as políticas públicas de
alimentação e nutrição no Brasil, em que se reconhece a importância
da educação alimentar e nutricional como estratégica para a
promoção da alimentação saudável dentro do contexto da realização
do direito humano à alimentação adequada e da garantia da
segurança alimentar e nutricional.
109
PRINCÍPIOS PARA AS AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
110
V- A promoção do autocuidado e da autonomia
O autocuidado é um dos aspectos do viver saudável. É a realização de ações dirigidas
a si ou ao ambiente, a fim de regular o próprio funcionamento de acordo com seus
interesses na vida; funcionamento integrado e de bem-estar. O exercício deste
princípio pode favorecer a adesão das pessoas às mudanças necessárias ao seu
modo de vida. O autocuidado e o processo de mudança de comportamento centrado
na pessoa, nas suas disponibilidades e necessidade são os principais caminhos para
se garantir o envolvimento dos indivíduos nas ações de EAN.
VIII- Intersetorialidade
Compreende-se intersetorialidade como uma articulação dos distintos setores
governamentais, de forma que se corresponsabilizem pela garantia da alimentação
adequada e saudável. O processo de construção de ações intersetoriais implica a
troca e a construção coletiva de saberes, linguagens e práticas entre os diversos
111
setores envolvidos com o tema, de modo que nele se torna possível produzir soluções
inovadoras quanto à melhoria da qualidade da alimentação e vida. Nesse processo,
cada setor poderá ampliar sua capacidade de analisar e de transformar seu modo de
operar, a partir do convívio com a perspectiva dos outros setores, abrindo caminho
para que os esforços de todos sejam mais efetivos e eficazes.
112
das políticas públicas atuais e dão suporte para a produção de instrumentos e materiais
educativos que fomentem escolhas alimentares mais saudáveis, bem como para os
processos educativos desenvolvidos nos serviços e espaços públicos (HENRIQUES et
al., 2018).
• Setor público:
ᵒ federal;
ᵒ estadual;
ᵒ municipal;
ᵒ local;
ᵒ regional.
• Áreas:
ᵒ saúde;
ᵒ assistência social;
ᵒ segurança alimentar e nutricional;
ᵒ educação;
ᵒ agricultura;
ᵒ desenvolvimento agrário;
ᵒ abastecimento;
ᵒ meio ambiente;
ᵒ esporte e lazer;
ᵒ trabalho;
ᵒ cultura.
• Equipamentos públicos:
ᵒ saúde: pontos da Rede de Atenção à Saúde, como Unidades Básicas de Saúde, que
contam com Equipes de Atenção Básica (Saúde da Família ou tradicional, NASFs),
academias da saúde, ambulatórios, hospitais, unidades de vigilância em saúde;
ᵒ assistência social: CRAS, CREAS, Centros de Convivência, Acolhimento
Institucional de Criança e Adolescentes, Acolhimento Institucional de População
de Rua, Plantão Social, Centro Comunitário, Conselho Tutelar, instituição de longa
permanência de idosos, entre outros;
ᵒ SAN: restaurantes populares, bancos de alimentos, cozinhas comunitárias, Central
de Abastecimento Municipal, feiras, Centros de Referência em SAN;
ᵒ educação: escolas, creches, universidades, restaurantes universitários;
ᵒ esporte e lazer: centros desportivos e de recreação, áreas de lazer e clubes;
ᵒ trabalho: empresas do Programa de Alimentação do Trabalhador e centros de
formação;
ᵒ ciência e tecnologia: centros vocacionais tecnológicos;
ᵒ abastecimento: Ceasas, feiras, mercados e sacolões;
113
ᵒ cultura: pontos de cultura e outras formas de fomento às atividades culturais.
• Sociedade:
ᵒ entidades e organizações: comunitárias, profissionais, religiosas, socioassisten-
ciais, associações e cooperativas de produtores rurais, associações de consumi-
dores, bombeiros e polícia militar;
ᵒ instituições de ensino e formação: escolas técnicas e tecnológicas e universidades;
ᵒ sistema S: SESC, SESI, SENAI e SENAC.
• Setor privado:
ᵒ meios de comunicação;
ᵒ setor publicitário;
ᵒ setor varejista de alimentos;
ᵒ setor de alimentação fora de casa;
ᵒ indústrias;
ᵒ empresas produtoras de refeições coletivas e suas associações;
ᵒ empresas participantes do Programa de Alimentação do Trabalhador;
ᵒ associações de restaurantes, bares, hotéis;
ᵒ associações da indústria de alimentos;
ᵒ unidades de alimentação e nutrição.
114
LEITURA
COMPLEMENTAR
OBESIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS ADOTADAS
PELO GOVERNO BRASILEIRO
116
maior articulação entre setores e ampliar os pontos potenciais de conflito. O fato de a
obesidade ser objeto da política intersetorial de segurança alimentar e nutricional no
Brasil pode favorecer a gestão dos múltiplos processos que condicionam o problema e
afetar também os termos das próprias políticas setoriais.
FONTE: Adaptado de DIAS, P. C. et al. Obesidade e políticas públicas: concepções e estratégias adotadas
pelo governo brasileiro. Cad. Saúde Pública, v. 33, n. 1, p. 1-12, 2017. Disponível em: https://www.scie-
losp.org/article/csp/2017.v33n7/e00006016/pt/. Acesso em: 26 set. 2020.
117
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O
s guias alimentares oficiais são considerados instrumentos para expressar as
mensagens de alimentação com o intuito de informar, educar e guiar políticas públicas.
Cada país possui o seu, em diferentes formatos, respeitando as características e os
hábitos da sua população, mas com o mesmo objetivo: transformar conhecimento
científico em conceitos básicos, de forma que a população possa compreender.
• O Marco de Referência fornece apoio aos diferentes setores do governo, a fim de que
cada um deles, dentro do seu contexto, possam realizar ações de EAN de forma mais
eficaz. Para tanto, destaca os princípios que considera importantes: sustentabilidade
social e ambiental; abordagem do sistema alimentar na sua integralidade; valorização
da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas; a comida e o
alimento como referências: valorização da culinária enquanto prática emancipatória;
118
a promoção do autocuidado e da autonomia; educação enquanto processo
permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos;
a diversidade dos cenários de prática; intersetorialidade; planejamento, avalição e
monitoramento das ações.
• É o Marco de Referência que reafirma que todas as estratégias têm como referência
o GAPB e que os setores envolvidos na agenda se encontram tanto no âmbito
governamental (em todas as suas esferas) como na organização civil e instituições
formadoras. Seus campos de prática são formados por: setor público, áreas,
equipamentos públicos, sociedade e setor privado.
119
AUTOATIVIDADE
1 Considerando o Marco de Referência de Educação Alimentar Nutricional para
Políticas Públicas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
120
3 A sociedade civil organizada tem potencial e instrumentos para desenvolver ações
de EAN, porém a questão a ser considerada é um possível conflito interesses.
Considerando os cuidados que o setor público pode tomar, assinale a alternativa
CORRETA:
a) ( ) Optar por empresas e indústrias que tenham grande poder financeiro para
realizar as ações de EAN, para que elas sejam bem estruturadas e abranjam
grande parte da população.
b) ( ) Estabelecer parcerias com organizações que tenham suas atividades pautadas
pelos princípios do Marco de Referência, além de ética e moralidade.
c) ( ) Obter o apoio de empresas que, mesmo que possuam interesses comerciais,
tenham ações com origem prática e atendam aos princípios definidos pelas
políticas públicas.
d) ( ) O desenvolvimento das ações deve ser coordenado por um nutricionista que
tenha vínculo com o governo do Estado ou do município.
e) ( ) Os vínculos estabelecidos com empresas e indústrias, para a realização das
ações de EAN junto à sociedade civil, devem ser supervisionadas pelo governo
federal e por entidades de classe.
121
122
REFERÊNCIAS
AHMED, S.; DOWNS, S.; FANZO, J. Advancing an Integrative Framework to Evaluate
Sustainability in National Dietary Guidelines. Front. Sustain. Food Syst., v. 3, n. 76, p.
1-20, 2019.
123
BRASIL. Regulando os conflitos de interesses públicos e comerciais em
nutrição e saúde coletiva. World Nutrition Rio 2012: Relatório de atividades do Grupo
de Trabalho. Rio de Janeiro, 2012b.
124
FISBERG, R. M. et al. Inquéritos alimentares: métodos e bases científicas. Barueri:
Manole; 2005.
PILETTI, C. Didática Geral. 23. ed. São Paulo: Editora Ática; 2004.
125
SOUZA, J. G. Dimensões contextuais na atuação da política: Marco de
Referência da Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas. 2018, 110
f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação,
Centro de Ciências da Educação, Artes e Letras, Universidade Regional de Blumenau,
Blumenau, 2018.
126
UNIDADE 3 —
PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO
DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO
ALIMENTAR E NUTRICIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
127
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
128
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
CONCEPÇÃO DE UM PROJETO DE
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
1 INTRODUÇÃO
2 PLANEJAMENTO
É comum a percepção de que todos têm sempre algo a falar sobre
alimentação, seja em casa, na rua, na academia ou no consultório; há sempre uma nova
receita, uma dieta milagrosa ou várias dúvidas sobre o assunto. Situações como essas
geram inúmeras oportunidades para promover a alimentação saudável, mas, para tanto,
é fundamental conhecer o papel que o ato de comer tem na vida do indivíduo e todas
as suas dimensões. A partir daí, é possível estabelecer espaços de diálogo, reflexões e
ações que podem propiciar o aprimoramento da alimentação e, por consequência, da
saúde da população (BRASIL, 2018).
129
O planejamento não possui fórmulas prontas a serem aplicadas com precisão
– como visto na Unidade 2, existem várias metodologias e sua escolha e aplicação
dependem do contexto e interesse dos envolvidos. Para Cervato-Mancuso (2012),
o planejamento de uma intervenção nutricional pode ser definido em três passos
fundamentais: a determinação dos problemas nutricionais, a definição dos fatores
causais e o diagnóstico educativo.
130
• Entrevista em um local de concentração de pessoas: escolha um lugar onde se
reúnam os membros da população-alvo elabore um formulário específico e aplique
com as pessoas que correspondem ao perfil requerido.
• Entrevistas individuais em profundidade: realizada com pessoas ou grupo de
pessoas que possuem um conhecimento mais aprofundado sobre um determinado
aspecto. Para tanto, um roteiro é importante para que a entrevista se mantenha
dentro do limite esperado, embora se deva considerar também a competência da
pessoa que responde sobre o assunto.
• Grupos de discussão ou focais: são utilizados para obter dados qualitativos sobre
opiniões, crenças, atitudes e valores relacionados a um aspecto ou tema específico.
Com um roteiro de um facilitador bem treinado, convocam-se grupos de oito a 13
pessoas para discutir um tema.
• Observação: técnicas sistemática e objetiva, pois deve contar com a frequência de
ocorrência de comportamento, estabelecer a ordem em que aparecem, o tempo
dedicado a cada um etc. Trata-se de elaborar um relatório detalhado sobre algumas
condutas específicas. Outro tipo de observação é a participativa, em que o pesquisador
se converte em parte da vida da comunidade que deseja estudar, observando e
fazendo anotações particulares.
• Inquérito de campo: um dos inquéritos muito utilizados para projetos educativos é o
CAP, que procura determinar o conhecimento (C), as atitudes (A) e as práticas (P) da
população. Baseia-se em um questionário utilizado com uma amostra representativa
da população estudada.
131
FIGURA 1 – CONHECENDO O TERRITÓRIO NO CONTEXTO DA EAN
IMPORTANTE
Como foi possível perceber, é fundamental investigar a realidade e as
necessidades dos educandos antes de propor as atividades educativas.
Destaca-se que a linguagem utilizada para implementar as técnicas
escolhidas também merece atenção.
132
Os objetivos podem ser divididos em gerais e específicos (ESPERANÇA;
GALISA, 2014):
• Objetivo geral: indica o propósito de uma atividade mais ampla (consultar lista de
verbos da Unidade 2). É redigido em termos de quem pretende a mudança e não
em termos de população-alvo. Ele é amplo, complexo e atingido a longo prazo.
Exemplo: Incentivar as nutrizes a adotarem práticas de amamentação exclusiva
adequadamente.
• Objetivo específico: indica o propósito da atividade da maneira mais precisa possível.
O cumprimento dos objetivos específicos leva ao objetivo geral – para tanto, convém
que um plano ou programa de EAN contenha:
ᵒ Inclusão de um comportamento – por exemplo, ingerir, listar, explicar, elaborar,
entre outros.
ᵒ Referência há um objeto ou conteúdo – por exemplo, “citar... o quê?”/“ingerir...
o quê?”.
ᵒ Demonstração, sempre que possível, da situação e adequação do comportamento
desejado – por exemplo, citar pelo menos três vantagens do aleitamento
materno.
ᵒ Para cada situação desejada, redigir pelo menos um objetivo específico para
cada nível de mudança do comportamento: cognitivo, habilidade e atitude –
por exemplo, citar três vantagens do aleitamento materno (cognitivo); elaborar
cartazes indicando a posição correta para amamentar (habilidade); amamentar
seu filho exclusivamente com leite materno até o 6º mês de vida.
• objetivos propostos;
• interesses e necessidades da população-alvo;
• nível de conhecimento da população-alvo;
• temas abordados:
ᵒ relevantes – despertar a conscientização, incentivar a organização social, a
linguagem participativa e facilitar o desenvolvimento de práticas saudáveis;
ᵒ motivacionais – apresentar as vantagens dos objetivos propostos;
ᵒ informativos – noções de nutrição contidas em referenciais teóricos como o Guia
Alimentar para a População Brasileira;
• conhecimento do educador.
133
De forma geral, os métodos podem ser classificados em (ESPERANÇA;
GALISA, 2014):
• Recursos humanos:
ᵒ professor – a maior fonte de estímulo para o aluno; deve apresentar conhecimento,
habilidade para ensinar, sociabilidade e liderança;
ᵒ alunos – muitas atividades são em equipe, o que exige a colaboração e a união de
todos, havendo a intervenção direta ou indireta dos alunos, como em debates e
seminários;
ᵒ comunidade – pais, profissionais e autoridades podem tornar-se fonte de
conhecimento e auxiliar o professor no processo de ensino-aprendizagem.
• Recursos materiais:
ᵒ naturais – natureza e os alimentos (frutas, hortaliças, cereais);
ᵒ ambiente – visuais e auditivos (tudo que está disponível para a realização da
atividade no local escolhido);
ᵒ comunidade – biblioteca, exposições e supermercados.
• custo;
• acessibilidade;
• facilidade e praticidade de uso;
• credibilidade;
• participação da comunidade;
• difusão da mensagem no tempo;
• relação com os objetivos de intervenção.
As estratégias devem seguir todos os itens relatados até o momento, sendo que
o Quadro 1 apresenta uma esquematização de métodos, da função do educador e dos
respectivos recursos de ensino (LINDEN, 2005).
134
QUADRO 1 – MÉTODO, FUNÇÃO DO EDUCADOR E RECURSOS APROPRIADOS
FUNÇÃO DO TÉCNICAS/RECURSOS
MÉTODO
EDUCADOR APROPRIADOS
• Livros guias ou livros textos
• Verbalização do educador
• Gravações
• Audiovisuais
• Álbum seriado
• Slides
Expositivo ou verbalizado • Filmes/vídeos
Comunicador
• Fotografias
• Demonstração
• Dramatização
• Posters/baners
• Mapas conceituais
• Cartazes
• Outros
• Laboratório de técnica
dietética
• Gravação de áudio
• Preparação de vídeo
• Objetos reais
Descoberta ou individual Orientador
• Confecção de desenhos,
alimentos, cartazes
• Preparo de receitas
• Portfólio
• Outros
• Estudos de caso
• Pesquisa em texto e internet
• Simulações de casos
• Jogos tendo como recursos
alimentos
• Discussões de temas
específicos ou filmes
• Discussão sobre uma
Coordenador ou líder da
Interação ou socialização exposição
discussão
• Mesa redonda
• Seminário
• Debates
• Entrevistas
• Philips 66
• GVGO
• Painel
• Outros
135
• Ensino programado ou dirigido
• Caderno de exercício
• Quebra-cabeça com
alimentos
Estudo independente ou Organização
• Multimeios
socioindividualizado da aprendizagem
• Criação de jogos com
alimentos
• Testagem de receitas
• Outros
FONTE: Moraes (1983, apud LINDEN 2005, p. 45-46)
136
Destaca-se a importância de se ter o planejamento preenchido, em mãos,
antes e durante a realização das atividades, e de entregar uma cópia a um membro da
comunidade (caso haja um representante, como coordenador pedagógico da escola,
responsável pela associação de moradores etc.). Essa prática dá credibilidade à ação e
auxilia na organização dos recursos necessários, bem como na orientação do que fazer
no momento da atividade, evitando a improvisação.
3 IMPLEMENTAÇÃO
Fase que corresponde à produção de materiais, ao treinamento dos agentes
de execução e à execução da intervenção propriamente dita. É nela que os materiais
de apoio serão elaborados e confeccionados em pequena e grande escala. É muito
importante que, antes de colocar as mensagens em prática, elas sejam cuidadosamente
avaliadas, considerando cinco características: atenção, compreensão, credibilidade,
pertinência e aceitabilidade; caso seja necessário, elas podem ser redefinidas (CERVATO-
MANCUSO, 2012).
137
• Considerar os aspectos afetivos, sociais, econômicos, culturais
e ambientais relacionados à alimentação, no sentido de criar
novos significados ao ato de comer.
• Considerar as individualidades, as necessidades e os valores
relacionados à comida, alimentação, à nutrição, à saúde e à
vida, visando o prazer e o autocuidado;
• Exercitar a escuta interpretativa e compreensiva dos relatos
dos indivíduos.
• Evitar abordagens normativas e autoritárias, que desconsideram
as vivências, os saberes e os desejos dos indivíduos ou
comunidades. Ou mesmo, falas que culpabilizam as pessoas
sobre situações de saúde ou de vida, pelas quais não têm total
responsabilidade ou condições de mudança.
• Cuidado com falas preconceituosas que reforcem a exclusão
social e estigmatização de grupos populacionais, pois
precisamos respeitar a diversidade e as diferenças.
• Procurar garantir a sustentabilidade das ações, por meio do
envolvimento permanente e fortalecimento da comunidade e
do desenvolvimento de ações articuladas entre os parceiros
em todas as etapas do processo.
DICA
Para aprofundar seu conhecimento a respeito do planejamento das práticas
de EAN, consulte o material elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento
Social, disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/
seguranca_alimentar/caisan/Publicacao/Educacao_Alimentar_
Nutricional/21_Principios_Praticas_para_EAN.pdf.
4 AVALIAÇÃO
A avaliação é a análise crítica, objetiva e sistemática dos resultados do projeto,
que pode ter caráter participativo, isto é, terá participação ativa dos principais
envolvidos na intervenção: os promotores, os comunicadores e a própria população.
Em todo o programa de educação nutricional, é importante que as avaliações sejam
realizadas sistematicamente, mesmo que de maneira simples (CERVATO-MANCUSO,
2012).
138
• retenção da mensagem (curto prazo);
• modificação do conhecimento, atitudes e valores (curto e médio prazo);
• prova da conduta proposta (médio prazo);
• adoção de novos hábitos (médio prazo).
DICA
Para que uma atividade educativa tenha mais chance de sucesso, é preciso
seguir uma sequência lógica, por isso todas as etapas são importantes,
desde o levantamento das necessidades do educando, planejamento das
atividades, implementação e avaliação.
139
“Semáforo Alimentar” como instrumento de promoção da saúde e qualidade
de vida
Metodologia
O material se apresentava fixado ao quadro escolar e se constituía de três cartazes
de papel escolar carmim coloridos, das cores verde, amarelo e vermelho, fazendo
alusão ao semáforo e seus significados, com dimensões de 48 cm e 66 cm. O cartaz
verde continha imagens de alimentos saudáveis, isto é, frutas, verduras e legumes,
comparando-os à cor verde do semáforo em que se tem liberdade de acesso,
ilustrando aos alunos e enfatizando que tais alimentos devem ser consumidos todos
os dias em quantidade adequada, destacando sua importância e seus benefícios
para o desenvolvimento e saúde das crianças. O cartaz amarelo continha ilustrações
de alimentos com os quais, como no semáforo, deve-se ter atenção, destacando
que eles podem ser consumidos com moderação e os fatores que fazem com que
se enquadrarem nessa categoria. Tais alimentos são pães, massas, laticínios e
carnes vermelhas. O cartaz vermelho continha ilustrações de alimentos que, como
comparado a cor do semáforo, precisam ser evitados por conta dos malefícios que
eles podem causar, embora o consumo não seja proibido. Tais alimentos são os
140
produtos industrializados, doces e fast food. Após a explicação, foram entregues,
aos alunos, ilustrações dos alimentos elucidados durante a apresentação, sendo
solicitado que colorissem cada alimento de acordo com a categoria correspondente.
Nesse momento, foram identificadas e sanadas suas dúvidas.
Resultados e discussão
Os universitários iniciaram sua apresentação aos alunos e explicaram o objetivo
da visita e a atividade a ser realizada, buscando vínculo e desinibição. A atividade
empregou linguagem acessível ao público, apoderando-se de materiais visuais, com
perfil lúdico e atrativo. Utilizando a metodologia do semáforo, explicando às crianças
a correlação entre suas cores, a frequência do consumo e o quão saudável são
determinados alimentos, foi perceptível uma rápida assimilação, compreendendo o
princípio básico da atividade. Os alunos demonstraram grande interesse na atividade
e concentração para fixar o conteúdo e repetição com as acadêmicas sobre o assunto
abordado quando questionados.
Durante a realização da ação, buscou-se promover diálogo a partir de perguntas,
proporcionando a percepção dos hábitos alimentares dos alunos, ocasionando,
assim, comparações quanto ao conteúdo explanado e suas práticas, o que resultou
na reflexão individual sobre o assunto. A atividade foi finalizada com perguntas
de fixação e avaliação do conteúdo adquirido, como: “Quais alimentos podem se
enquadrar no semáforo verde, amarelo e vermelho?”, “Quais devem ser consumidos
em maior quantidade?”, “Quais devem ser consumidos com atenção?”, “Quais devem
ser consumidos com maior moderação?”, “Quais benefícios temos ao consumir os
alimentos que estão no semáforo verde?”, entre outras.
FONTE: SILVA, M. J. F. et al. “Semáforo Alimentar” como instrumento de promoção da saúde e qualidade
de vida. Em Extensão, v. 18, n. 1, p. 145-153, 2019. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/
revextensao/article/view/44529. Acesso em: 17 out. 2020.
DICA
SILVA, M. X. Abordagem lúdico-didática melhora os parâmetros de educação
nutricional em alunos do ensino fundamental. Ciências & Cognição, v. 18, n.
2, p. 136-148, 2013.
141
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
142
improviso; vivenciar orientações partilhadas, contribuir para a ampliação do repertório
de informações, desenvolvimento de habilidades e a autonomia para escolhas
conscientes; exercitar a escuta ativa; evitar falas preconceituosas e abordagens
normativas e autoritárias e procurar garantir a sustentabilidade das ações.
143
AUTOATIVIDADE
1 A identificação da necessidade ou problema do público-alvo é o primeiro passo
para o planejamento e a realização de uma ação educativa. Uma Unidade de Saúde
localizada na periferia da capital apresenta um grande percentual de atendimento
a gestantes diabéticas. Para a realização de um trabalho de EAN na comunidade,
assinale a alternativa CORRETA:
144
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença I está correta.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
e) ( ) Nenhuma das sentenças está correta.
Identifique qual foi a mudança a curto prazo, descrevendo qual seria a avaliação
necessária para identificar se aqueles indivíduos terão sucesso a longo prazo.
145
146
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO
ALIMENTAR E NUTRICIONAL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, conheceremos as diferentes técnicas de abordagem para
realização de uma ação de EAN, divididas em ações individuais ou em grupo, bem como
os principais recursos didáticos que podem ser utilizados.
147
2.1 ACONSELHAMENTO DIETÉTICO
Técnica que tem como objetivo transformar as práticas alimentares, adaptando
seu consumo alimentar às características e às condições fisiológicas e socioeconômicas
do paciente, voltada ao indivíduo (TURANO; ALMEIDA, 1999).
• Fazer observações, e não avaliações: limitar nossas descrições ao que pode ser
percebido (visão audição, sabor, cheiro, toque), observação da comunicação não
verbal. Procurar não julgar ou criticar – por exemplo, em vez de dizer “Você errou em
não comer mais vegetais essa semana” (julgamento/avaliação), deve-se afirmar
“Você só comeu vegetais em duas refeições essa semana” (observação).
• Expressar sentimentos, e não pensamentos: alguns pensamentos mascarados
de sentimentos não são úteis na expressão da empatia, como: “Eu sinto que isto
é inadequado” – o “sentir”, nesse caso, foi empregado com uma conotação de
pensamento.
• Identificar necessidades, e não estratégias. A diferença entre necessidades
humanas e as estratégias para encontrar essas necessidades é crucial na CNV
– por exemplo, as seguintes frases não são necessidades: “eu preciso que você
pare no supermercado” e “eu preciso treinar todos os dias”, mas sim, estratégias
para as necessidades.
• Fazer pedidos, e não demandas: ao ter clareza das necessidades, é importante
confirmar sua compreensão ou concordar com uma ação, por exemplo: “Você pode
me contar o que me ouviu falar?”.
148
Como é possível perceber, a comunicação direta com o paciente/educando
é uma das habilidades necessárias para o trabalho no ambiente do consultório, mas,
segundo Rodrigues, Soares e Boog (2005), a CNV é tão importante quanto a verbal.
Ainda de acordo com os autores, o aconselhador deverá estar em sintonia com o
paciente, observando sua fala e suas atitudes linguagem corporal, expressões faciais,
tom de voz, velocidade da fala, afinação de voz, entre outros indícios, já que podem
mostrar a posição do paciente em relação ao seu problema.
De acordo com Knapp et al. (2013, apud ALVARENGA et al., 2019, p. 180), a
comunicação não verbal usada pelo nutricionista durante o aconselhamento nutricional
ou dietético também pode expressar muito sobre como o profissional conduz a consulta,
podendo ser dividida em:
149
• Características físicas: englobam forma e aparência, corpo, roupa e adornos.
• Fatores do ambiente: o local do atendimento também merece cuidados, deve ser
acolhedor, com móveis confortáveis, incluindo cuidados com o tipo de revistas e
imagens na sala de espera.
GIO
Caro acadêmico, reflita sobre como se dá a comunicação não verbal em
tempos de Pandemia, momento em que foi permitido pelo Conselho
Federal de Nutricionista, pela Resolução CFN nº 666, de 30 de setembro
de 2020, o atendimento não presencial (teleconsulta). Conheça melhor
os termos da resolução, acessando: https://www.cfn.org.br/wp-content/
uploads/resolucoes/Res_666_2020.html.
2.1.2.1 Perguntar
Normalmente, o atendimento nutricional começa com uma pergunta de
motivação, que irá direcionar a conduta, portanto, ela deve ser clara e objetiva. É
muito importante que se avalie a forma como essa questão será abordada, pois pode
servir de motivação ou dificultar a mudança de comportamento. Existem dois tipos
de perguntas: as abertas e as fechadas. As fechadas dão possibilidades de respostas
ilimitadas e, em sua maioria, são respondidas com sim ou não, ou ainda com apenas
uma palavra – por exemplo: “Quantas frutas você come por dia?” e “Já fez alguma
dieta?”. Nas perguntas abertas, dá-se ao paciente a oportunidade de contar um pouco
da experiência e percepção – por exemplo: “O que o fez perceber que algo não ia bem
com sua alimentação?” e “Como você começou a se incomodar com seu peso?”.
150
Para Alvarenga et al. (2019), não existe pergunta certa ou errada, mas a maioria
dos profissionais de saúde opta por perguntas fechadas, o que dificulta o processo de
vínculo e motivação do paciente. Outro aspecto importante nas perguntas abertas é
utilizar menos “por que”, que implica julgamento, e mais “como” e “o que”. O Quadro 2
apresenta as diferenças na forma de elaborar as perguntas abertas.
2.1.2.2 Escutar
Escutar não é o mesmo que ouvir. Seu significado, no dicionário, é ouvir prestando
atenção ou prestar atenção ou dar atenção a algo; resumindo, todos os três significados
têm relação com atenção. Alguns outros termos são utilizados, como escuta ativa e
escuta terapêutica, escuta compreensiva e escuta qualificada (ALVARENGA et al., 2019).
A escuta terapêutica é um método que visa a incentivar uma melhor comunicação e
compreensão das preocupações pessoais, é ativo e dinâmico, exigindo esforço por parte
do ouvinte, que busca identificar os aspectos verbais e não verbais da comunicação
(MESQUITA; CARVALHO, 2014).
2.1.2.3 Responder
Outro aspecto importante do atendimento nutricional é a resposta, que também
pode influenciar nas percepções e nos dados do nutricionista. Alguns profissionais
ouvem mais que perguntam, enquanto outros mais perguntam que informam; essas
características refletem o tipo de informação, que, segundo Rollnick, Miller e Butler
(2009, apud ALVARENGA et al., 2019, p. 189), se dividem em três estilos:
• Direcionar: mais comum entre os nutricionistas, sendo que o foco é informar com
o uso de perguntas fechadas, que geram respostas curtas, seguidas de muita
informação.
• Acompanhar: é menos comum. O foco está na habilidade de escuta. As perguntas
são abertas, o tempo de escuta é maior e as informações são poucas.
• Orientar: há um equilíbrio entre perguntar, escutar e informar. As perguntas são
abertas, há um tempo considerável para as respostas e uma quantidade de
informações administráveis.
É importante destacar que nenhum desses estilos está errado e pode variar
conforme a necessidade e as expectativas dos pacientes em relação ao aconselhamento.
O Quadro 3 apresenta o uso dos modelos de comunicação conforme as expectativas
dos pacientes.
152
QUADRO 3
Papel do
Expectativa do paciente Modelo de comunicação
profissional
Especialista
Solução Informar e explicar
“Direcionar”
Consultor
Conselho especializado Informar e escutar
“Acompanhar”
Instrutor Participativo/colaborativo na
Apoio no processo
“Orientador” resolução dos problemas
FONTE: Alvarenga et al. (2019, p. 189)
2.1.2.4 Informar
O foco do informar não deve ser somente transmitir informações, mas precisa
interagir e a linguagem, o teor e o tipo de informação devem ser ajustados de acordo
com a conversa com o paciente. Existem várias maneiras de informar: pedindo
permissão, oferecendo opções e conversando sobre o que os outros fazem; o Quadro 4
mostra alguns exemplos que podem ajudar principalmente no caso de pacientes mais
resistentes a mudanças (ALVARENGA et al., 2019).
153
O importante é ampliar a visão do paciente em relação ao processo de mudança
e, juntos, construir uma conduta que faça sentido para o paciente e que seja sustentável.
Para tanto, é necessário que o papel de ambos. nutricionista e paciente. estejam claros.
DICA
Para aprofundar e ilustrar o conteúdo aprendido até o momento, assista
ao vídeo Habilidades de comunicação no aconselhamento nutricional,
produzido pela Render Forest, disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=48cF3GTalg8.
154
• Preparação para a ação: estágio que pode causar certa ansiedade no cliente que
não está acostumado a aventar estratégias próprias para solucionar seus problemas.
Algumas barreiras devem ser rompidas, a fim de que o cliente tome decisões quanto
a como realizar os objetivos e as ações. A existência de um feedback autêntico,
por meio de elogios, pode ser um elemento constitutivo da boa relação cliente-
conselheiro. Como resultado final do aconselhamento, o cliente fará planos para
corrigir o problema, lembrando que as duas primeiras fases foram interrogativas para
ele. Esta etapa de formulação da solução pode exigir tempo, disciplina e paciência. É
importante ressaltar a necessidade de uma avaliação conjunta, pelo nutricionista e
pelo cliente, das estratégias selecionadas para enfrentar os problemas, dos resultados
obtidos e das mudanças conjunturais.
2.2 DEMONSTRAÇÃO
Técnica que pode ser apresentada de forma individual ou em grupo, e consiste
na apresentação pelo nutricionista de um objeto ou de um processo, para que o
educando conheça as características ou aprenda a realizar as etapas que compõem a
tarefa. Para tanto, é necessário:
3.1 BRAINSTORMING
A técnica do brainstorming também é conhecida como tempestade de ideias,
é realizada em grupo e tem por objetivo coletar ideias dos participantes, sem críticas
ou julgamentos. Metodologicamente, o processo de brainstorming segue as seguintes
fases (NÓBREGA; LOPES-NETO; SANTOS, 1997):
156
DICA
A técnica de brainstorming também pode ser utilizada como sondagem,
para identificar o quanto o educando conhece sobre determinado assunto,
ou também como um “quebra-gelo”, para estabelecer interação entre
educando/educador.
3.3 DISCUSSÃO
Consiste na apresentação de informações sobre um determinado tema
previamente estudado pelo grupo, ou sobre o qual haja um desejo comum de resolver
o problema, buscar informações ou tomar decisões. O grupo escolhe: um líder (que
coordena a discussão e orienta o objetivo); um secretário (que registra pontos
importantes e elabora o relatório); um perito (que apresenta os fatos técnicos – no caso,
o nutricionista) (TURANO; ALMEIDA, 1999). Como exemplo podemos citar a capacitação
de agentes de saúde para lidar um problema ou dificuldade que a comunidade tenha
em relação a alimentação. As formas de aplicar esta técnica pode apresentar variações.
157
maiores, também são necessários coordenador e secretário, sendo o educador
aquele que informa os objetivos e explica a técnica e o seu procedimento (LINDEN,
2005).
FONTE: A autora
158
3.3.3 Grupos rotativos
Os grupos rotativos também podem ser uma forma dinâmica de troca de ideias,
que se dá com a alteração sucessiva e contínua dos elementos do grupo, reunidos
em grupos menores, que formam ideias sobre uma situação problemática, proposta
pelo educador ou pelo próprio grupo. Nesse caso, o papel do educador é explicar a
técnica, apresentar o estímulo (assuntos a serem discutidos, e o formato – por exemplo,
perguntas), coordenar os movimentos rotativos dos componentes dos grupos, organizar
as discussões e retomar a análise das ideias. Já o educando reúne-se a um grupo,
discute o problema/tema ou pergunta, troca de grupo, comunica as ideias centrais do
grupo anterior, ouve os seus colegas e depois vai para o debate final (LINDEN, 2005)
3.5 DRAMATIZAÇÃO
Consiste na apresentação teatral de uma situação. Nesse caso, os atores
encenam a situação orientada pelo dinamizador (nutricionista). Essa técnica é muito
utilizada com crianças (TURANO; ALMEIDA, 1999).
159
Para que essas técnicas sejam eficazes, os autores listaram uma série de fatores
que devem ser considerados ao realizar as intervenções educativas, de acordo com a
faixa etária como mostra a Quadro 5.
QUADRO 5 – FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O SUCESSO DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E
NUTRICIONAL
160
QUADRO 6 – ATIVIDADES LUDOPEDAGÓGICAS
Faixa
Atividade Objetivos Metodologia
etária
1- Apresentar os personagens do
teatro para os alunos, através de
Explicar a uma história
importância 2- Explicar de forma simples a
Teatro de 3a6 da ingestão importância destes para a saúde e
fantoches anos dos alimentos informar quais as preparações são
presentes no teatro comumente realizadas com eles
de fantoches 3- Distribuir desenhos de alimentos
ou papel em branco para que as
crianças possam desenhar e pintar
1- Mostrar aos alunos algumas
variedades de legumes, verificando
Apresentar
se todos conhecem ou se existem
algumas variedades
alguns que não são reconhecidos
de legumes
Apresentando os 4 a 6 2- Demonstrar suas diferenças
demonstrando
legumes anos quanto a cor, textura e sabor
suas diferenças
(considerando o doce, o azedo e o
de cores, sabores,
amargo)
odores e preparo
3- Entregar um desenho de legumes
para pintar
1- Distribuir para cada aluno 1 folha
com desenho de 1 copo e outra com
o desenho de um prato
2- Entregar para os alunos panfletos
de supermercados com figuras de
Prato e copo Verificar as alimentos
(conhecendo 5a6 preferências 3- Orientá-los a recortar e colar
hábitos anos alimentares dos sobre desenho do prato e do copo,
alimentares) alunos os alimentos que mais gostam de
comer e de beber
4- Montar uma exposição com
desenho finalizados e conversar
com os educandos sobre suas
preferências
161
1- Formar um círculo com os alunos
sentados
2- Deixar 1 aluno de fora do círculo
e com os olhos vendados cantando
a música bata quente, quente...
queimou
Verificar o 3- Passar a batata de mão em mão
conhecimento dos e quando cantar queimou, o aluno
Jogo – batata 4a6 alunos em relação a que estiver com a batata deve falar o
quente anos variedade de frutas nome de uma fruta
e suas respectivas 4- Questionar a este aluno
funções informações como: cor, importância
para a saúde, entre outras
5- Recomeçar a brincadeira, sendo
que agora o aluno que respondeu as
informações é o que ficará fora do
círculo de olhos vendados e cantará
a música
1- Demonstrar dois tipos de verduras
Apresentar para
(alface e repolho)
os alunos os
2- Explicar a importância da higiene
Oficina – salada 3a6 tipos de verduras,
das mãos e dos legumes
de verduras anos demonstrando seu
6- Oferecer a salada para os alunos
preparo para que
poderem identificar o sabor e cor na
possa degustá-los
hora da degustação
7- Apresentar os alimentos por
Conhecer a
grupo, carnes, ovos leite e derivados
Visita ao 4a6 variedade
(construtores); farinhas, pães e
supermercado anos de alimentos
macarrão construtores; legumes e
disponíveis
verduras reguladores
1- Explicar os minerais e em quais
alimentos se encontram
Explicar a origem e
Dinâmica – 7 a 10 2- Elaborar um jogo da memória
função de alguns
minerais anos contendo alimento mineral e função
minerais
8- Escolher um aluno para explicá-
los
162
1. Distribuir os alimentos sobre a
mesa (simulando uma feira livre)
2. Oferecer sacolas aos alunos ou
Proporcionar o
grupo de alunos
contato dos alunos
3. Explicar o nome de cada alimento
com os alimentos
e suas principais características
7 a 10 in natura, visando
Minifeira 4. Orientar a escolha de um alimento
anos a aumentar a
de sua preferência
aceitação e
9- Verificar quais alimentos restaram
proporcionar
na mesa e explicar aos alunos a
escolhas
importância deste, enfatizando
que cada um possui uma função
diferente
Incentivar o 3- Apresentar os ingredientes aos
consumo de alunos
frutas e verduras, 4- Explicar a principal função deles
Oficina – Suco
7 a 10 mostrando a para o organismo
de abacaxi com
anos importância 5- Realizar o preparo do suco para
couve
e o sabor das que os alunos acompanhem o passo
combinações de a passo
alimentos 10- Oferecer o suco para degustação
1- Dividir a sala em grupos
2- Distribuir os temas (p. ex.:
carboidratos; dietas da moda;
obesidade; alimentação e atividade
Aumentar o física)
conhecimento dos 3- Estipular um prazo para que
Seminário 11 a 18
alunos em relação os alunos pesquisem o tema e
saudável anos
a alimentação e elaborem a apresentação a partir de
nutrição um roteiro prévio
11- Ao final das apresentações,
o educador deve comentar as
informações transmitidas pelos
alunos
163
1- Pedir para que os alunos
pesquisem sobre o valor nutricional
de alguns alimentos
2- Com os dados pesquisados
os alunos produzirão cartas para
compor o baralho, contendo o valor
dos nutrientes (calorias, fibras,
Facilitar o
carboidratos etc.)
entendimento dos
Jogo – super 3- Em seguida os alunos serão
11 a 18 alunos em relação
trunfo dos divididos em duplas
anos à composição
alimentos 4- O vencedor do par ou ímpar inicia
nutricional dos
a atividade escolhendo o nutriente
alimentos
que acha que tem em maior
quantidade em seu alimento
5- O aluno que apresentar o maior
valor de cada nutriente vence e fica
com a carta do colega
12- Ao final, vence o que ficar com o
maior número de cartas
Preparar, com os 1- Preparar um bolo de cenoura
alunos, um bolo de 2- Explicar os benefícios de todos os
cenoura e explicar nutrientes
Oficina – bolo de 11 a 18 a importância de 3- Iniciar a degustação do bolo
cenoura anos adicionar alimentos 13- Orientar uma pesquisa sobre
para aumentar o outras preparações que podem
valor nutritivo e o associar legumes e verduras
sabor
GIO
Para conhecer mais sobre estratégias que podem ser utilizadas para grupos,
consulte o Instrutivo – metodologia de trabalho em grupos para ações de
alimentação e nutrição na atenção básica, publicado pelo Ministério da
Saúde e Universidade Federal de Minas Gerais, disponível em: https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/instrutivo_metodologia_trabalho_
alimentacao_nutricao_atencao_basica.pdf.
164
4 MÉTODOS APLICADOS A POPULAÇÃO EM GERAL
Atualmente, o papel da mídia exerce grande influência em relação ao consumo
e ao comportamento alimentar da população, o número de informações advindos dos
meios de comunicação (rádio, televisão, internet e redes sociais) acaba por confundir e
interferir nas escolhas alimentares. Para Alvarenga et al. (2019), os meios de comunicação
em massa têm a característica de que o transmissor e o receptor nunca estão em
contato. Cabe ao nutricionista, como educador, conhecer as vantagens e desvantagens
relacionadas a esses meios de comunicação, buscar e aproveitar as oportunidades a
seu favor. Turano e Almeida (1999) citam algumas delas:
• Vantagens:
ᵒ comunicam informações para um grande número de pessoas;
ᵒ ajudam a difundir ideia;
ᵒ fazem parte da vida da maioria dos indivíduos;
ᵒ podem ser recursos auxiliares para outros métodos de ensino;
• Desvantagens:
ᵒ proporcionam poucos detalhes sobre um fato;
ᵒ não respondem perguntas imediatas;
ᵒ o conteúdo das informações sofre limitações pelas diferenças do público;
ᵒ sua utilização está quase sempre relacionada a interesses comerciais.
165
4.1 EXPOSIÇÃO E DEMONSTRAÇÃO
O educador expõe algo e, em seguida, demonstra passo a passo com auxílio de
recursos audiovisuais o que foi dito. Técnica muito utilizada nas mídias sociais, como
Instagram® ou Facebook®.
4.2 ENTREVISTA
Consiste em entrevistar, diante das câmeras (televisão) ou por “lives”
(Instagram®), um especialista em nutrição.
4.3 PAINEL
Reúne um grupo de especialistas em nutrição que irá discutir, diante de uma
plateia, um determinado assunto proposto pelo coordenador. Esse evento pode ser
transmitido via TV ou redes sociais (Instagram®, Youtube®, podcasts).
4.4 DOCUMENTÁRIO
Consiste em registrar cenas, fatos ou acontecimentos reais e depois apresentá-
los em televisão, canal de streaming ou Youtube® de forma comentada.
DICA
O uso de documentários pode ser um excelente recurso didático.
Sugerimos que você assista ao documentário “Por que açúcar?”, produzido
pela Maria Farinha Produções, com cerca de 5 minutos e direcionado aos
públicos adolescente e adulto. Trata-se de um exemplo de abordagem de
EAN que pode iniciar uma discussão sobre o consumo excessivo de açúcar
e a possibilidade de mudanças.
166
5 RECURSOS DIDÁTICOS
A utilização de materiais didáticos diversificados como recursos educativos é
fundamental para dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, fazendo com que
o educando tenha mais interesse e consiga absorver o conteúdo de forma produtiva
e significativa. Os recursos didáticos são mediadores do processo de ensino-
aprendizagem e, quando utilizados de forma adequada, proporcionam qualidade
(COSTA, 2019; RAMOS, 2012).
• Humanos:
ᵒ educador;
ᵒ educando;
ᵒ pessoal de apoio administrativo;
ᵒ pessoas da comunidade;
ᵒ pais ou responsáveis ou família.
167
• Materiais:
ᵒ ambiente;
natural – alimentos, água, folhas, pedras.
escolar – quadro, giz, cartazes.
• Comunidade:
ᵒ biblioteca;
ᵒ feiras;
ᵒ indústria de alimentos;
ᵒ supermercados.
• Visuais:
ᵒ projeções;
ᵒ cartazes;
ᵒ gravuras.
• Auditivos:
ᵒ rádio;
ᵒ podcast.
• Audiovisuais:
ᵒ cinema;
ᵒ televisão;
ᵒ internet.
168
5.3 RECURSOS DIDÁTICOS MAIS UTILIZADOS
169
5.3.3 Flanelógrafo
Confeccionado com feltro, tecido ou papel, todos com velcro no verso, esse
recurso facilita o transporte e permite a participação ativa do educando. Para utilizar
o flanelógrafo, é necessário um bom planejamento do educador; as ilustrações devem
ser arrumadas na sequência em que serão utilizadas, para evitar interrupções (PARRA;
BONATO, 2014; TURANO; ALMEIDA, 1999).
170
5.3.6 Projeções
As projeções são um recurso importante que podem aproximar o educando
de uma realidade distante ou de difícil apreensão e estão sob total controle do
educador, podendo apresentá-las, suspendê-las ou repeti-las conforme conveniência
e necessidade do processo de ensino-aprendizagem (TURANO; ALMEIDA, 1999).
Proporcionam uma visão conjunta, que concentra a atenção do grupo (PARRA;
BONATO, 2014) e podem ser realizadas por meio de um projetor multimídia (data show)
ou televisão (smart TV), porém, nem todos os locais possuem esses equipamentos, o
que limita o uso do recurso.
5.3.7 Jogos
Os jogos podem ser um importante recurso didático, devendo ser selecionados
conforme o número de indivíduos, faixa etária e capacidade de abstração. Podem ser
selecionados de livros, programas e sites interativos. Nesse caso, o nutricionista deve
certificar-se de que a escola tenha os equipamentos necessários para a inclusão do jogo
como recurso didáticos (PARRA; BONATO, 2014). Outra forma de acessar os jogos são
os aplicativos disponíveis nos celulares, porém deve-se conhecer o conteúdo, verificar
sua gratuidade e a disponibilidade de celular ou tablete, bem como o acesso à internet.
DICA
Conheça o aplicativo RangoMania®, lançado pelo Instituto AKATU consumo
consciente, um jogo gratuito cocriado por adolescentes, disponível nos
formatos IOS e Android. Acesse: https://www.akatu.org.br/noticia/instituto-
akatu-lanca-aplicativo-que-incentiva-alimentacao-saudavel-para-jovens/.
DICA
É possível a criação ou o uso de atividades tipo “passatempo” como palavras
cruzadas, caça-palavras, risque letras, entre outras. A grande vantagem é que
esse recurso dispensa equipamentos digitais e, dependendo do formato,
pode ser utilizado para todas as idades. Consulte a revista Coquetel, lançada
pelo Conselho Federal de Nutrição, disponível em: https://www.cfn.org.br/
wp-content/uploads/2018/05/Coquetel-abril-18.pdf.
171
5.4 TÉCNICAS PARA CONFECÇÃO DE RECURSO DIDÁTICOS
5.4.1 Cores
As cores são fatores importantes no recurso audiovisual pelo poder de despertar
atenção e exercer influência nos componentes físicos, mentais e emocionais. Além
disso, definem um contexto com significados variados (STAMATO; STAFA; VON ZEIDLER,
2013).
Para facilitar a visualização do recurso, devemos utilizar pelo menos três cores
em cada mensagem, além da cor do fundo. O círculo cromático (Figura 5) facilita a
escolha das cores a serem utilizadas.
• Cores análoga: apresentam uma cor primária em comum, mas são pouco usadas em
cartazes porque são harmônicas e se tornam monótonas.
• Cores complementares: ficam diametralmente opostas, provocam impacto e geram
contraste; são as mais utilizadas nos recursos audiovisuais.
• Trio harmônico: formado por três cores equidistantes; são muito utilizadas em
cartazes e murais.
• Escala monocromática: a mesma cor é utilizada em diversas intensidades,
intercalando-se o branco, o preto ou o cinza para evitar monotonia.
172
A escolha correta das cores ajuda a conectar o educando ao conteúdo, sendo
capaz de influenciar em suas atitudes e o ambiente em geral, além de atingir um maior
número de pessoas por não possuir barreiras linguísticas (STAMATO; STAFA; VON ZEIDLER,
2013). O Quadro 8 mostra os diferentes significados que as cores podem transmitir.
Cor Significado
Branco Paz, pureza e alma
Preto Morte, tristeza e sujeira
Cinza Velhice, pó e melancolia
Amarelo Luz, verão e alegria
Vermelho Guerra, violência, amor, calor e atenção.
Verde Natureza, calma e saúde
Azul Sonho, céu, masculino, tranquilidade, infinito e limpeza
Rosa Romance, feminino, sonho e infância
Marrom Terra, campo, melancolia
FONTE: Adaptado de Stamato; Stafa; Von Zeidler (2013)
5.4.2 Letras
As letras são elementos importantes que fazem parte do texto e realçam as
ilustrações, estando presentes na maioria dos recursos didáticos e podendo ser feitas à
mão ou utilizando computador ou de forma gráfica.
• O tamanho da letra deve ser adequado a distância de onde deverá ser lido. Por
exemplo: distância até 5 metros – letras de 1 cm; até 10 metros – letras com 2,5 cm;
até 20 metros – letras com 5 centímetros de altura.
• O espaçamento entre as letras, as palavras e as linhas facilita a visualização.
173
É importante destacar que a formatação do texto também influencia na
legibilidade, e fatores como alinhamento, comprimento das linhas, tamanho das
entrelinhas e espaços, que indicam começo de parágrafo, por exemplo, são decisivos
para o material ser legível e de leitura fácil e não cansativa (ALVES, 2014). Ainda de acordo
com Alves (2014), o alinhamento deve seguir as características do público-alvo, tipo e
tamanho do texto, no que diz respeito aos seguintes itens: o texto, quando centralizado,
por exemplo, fica com uma característica clássica e formal, mas pode ser interpretado
como estático e tedioso; quando justificado, o texto deixa a página limpa e organizada,
porém alguns vazios irregulares surgem quando esse é forçado a caber em determinadas
colunas de mesmo comprimento (LUPTON, 2006, apud ALVES, 2014, p. 64).
174
Ludicidade e método ativo na educação alimentar e nutricional do escolar
175
da atividade, um avaliador registrou o interesse e participação dos alunos, utilizando
como instrumento de avaliação a observação direta.
Na atividade do Teatro de Fantoches, foi trabalhado o tema “Reconhecimento
e apropriação da cultura alimentar regional e práticas alimentares saudáveis”.
Os escolares demonstraram estar atentos aos acontecimentos da encenação,
ao esboçarem reações de suspense, surpresa e alegria ou interagirem com os
personagens; após a encenação, iniciava-se uma conversa acerca das informações
contidas no folder educativo ilustrado e dos acontecimentos da encenação.
Na atividade Roda de Conversa com o tema “Consumo de alimentos regionais na
promoção da alimentação saudável e da segurança alimentar e nutricional”, notou-
se grande interesse dos escolares, pois, a cada pergunta formulada, os participantes
demonstraram vontade em responder e fazer novas perguntas. Na vivência do cenário
de “feirinha”, os alunos conheceram alguns alimentos não vistos ou não consumidos
ou reconheceram alimentos típicos da região Norte, alguns já consumidos.
Na atividade da Oficina Culinária de lanche saudável com alimentos regionais,
o tema trabalhado foi o “Desenvolvimento de habilidades culinárias e valorização
de alimentos regionais”. Os escolares elaboraram duas receitas: um cookie e um
suco de fruta regional; a atividade gerou grande satisfação e os alunos assimilaram
de forma satisfatória a maioria das informações repassadas desde a primeira
atividade realizada, uma vez que souberam reconhecer os alimentos regionais
utilizados na receita – a castanha do Pará e o cupuaçu – e souberam informar por
que é aconselhável o consumo dos alimentos regionais. Após o consumo do lanche
saudável, foi aplicado o Teste de Aceitação do lanche à base de alimentos típicos da
região.
As metodologias ativas aplicadas no desenvolvimento de EAN demonstraram ser
estratégias eficazes no processo de aquisição do conhecimento a respeito do que
são alimentos regionais, alimentação saudável e valorização da cultura alimentar
local, pois obtiveram-se ótimos resultados em sua utilização com o público escolar
infantil neste estudo.
FONTE: CONCEIÇÃO, A. et al. Ludicidade e método ativo na educação alimentar e nutricional do escolar.
Interdisciplinary Journal of Health Education, v. 4, n. 1-2, p. 34-41, 2019. Disponível em: https://
ijhe.emnuvens.com.br/ijhe/article/view/375. Acesso em: 18 nov. 2020.
176
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O uso da comunicação não verbal permite que o paciente se sinta mais confortável
e melhore a adesão ao tratamento, sendo os principais aspectos: paralinguagem
(ritmo de voz, velocidade, intensidade); cinésica (gestos e movimentos de cabeça,
entre outros); proxêmica (distância entre as pessoas); tacêsica (toque); características
físicas (aparência do corpo, roupa, adornos); ambiente (local de espera e atendimento).
• Como técnicas aplicada a grupos, é possível utilizar uma ou mais de acordo com a
necessidade dos objetivos de aprendizagem, podendo-se destacar o brainstorming,
que permite coletar ideias dos participantes; a aula expositiva, que transmite
informações aos educandos; a discussão, que pode ser feita de diversas formas
e permite maior interação entre os participantes; o estudo de caso, que ajuda na
discussão e na solução de problemas; a dramatização, que auxilia o educando a
ter uma percepção maior das suas atitudes; e as atividades ludopedagógicas, que
consistem em uma série de dinâmicas que facilitam a fixação e a transmissão da
mensagem.
177
• Os métodos aplicados ao público em geral apresentam vantagens e desvantagens,
tendo grande importância como complemento de uma ação educativa. Nesse caso,
pode-se utilizar as novas tecnologias, a exemplo da internet (redes sociais, streaming,
podcast) e dos aplicativos de celular e que, quando bem utilizados, podem motivar e
aproximar o educando da realidade.
• Existem diversas técnicas para elaboração dos recursos audiovisuais, como o uso de
cores, cujo círculo cromático apresenta as opções análogas, complementares, trio
harmônico e escala monocromática, além de ser possível relacionar as escolhas aos
possíveis temas desenvolvidos.
178
AUTOATIVIDADE
1 Para uma palestra sobre alimentação para 20 internos do Lar de Idosos, mantido pela
Prefeitura de Ilhéus, na Bahia, considere o recurso audiovisual que melhor se adapta
ao local e ao público-alvo e assinale a alternativa CORRETA:
2 A aprendizagem ocorre de maneira distinta por meio dos cinco sentidos. Existem
atividades que exploram a visão, a audição, o paladar, o tato e o olfato, sendo que
se deve utilizar o maior número de sentidos para tornar o processo mais eficiente.
Considerando as atividades descritas, qual desenvolve o maior número de sentidos?
179
3 As técnicas de ensino aplicadas para a apresentação da matéria ou assunto
são utilizadas como estratégias de aprendizagem ou de discussão, podendo ser
destinadas à educação nutricional de indivíduos e coletividades. Partindo dessas
considerações, analise as sentenças a seguir:
180
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
RELATO DE EXPERIÊNCIAS DE PROGRAMAS
DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, veremos um pouco mais sobre como as atividades de EAN podem
ser implementadas em diferentes situações e com públicos distintos, conhecendo
quem são os participantes, o uso de várias técnicas no mesmo programa, como e quais
recursos são utilizados, o número de encontros, a implementação e a forma de avaliação.
181
DICA
Conforme visto na Unidade 2, o Programa Nacional de Alimentação do
Escolar (PNAE) prevê ações e programas de EAN. O PNAE possui uma
rede de colaboração, chamada de Rede Brasileira de Alimentação e
Nutrição do Escolar (Rebrae), que tem por objetivo ser uma facilitadora da
interlocução entre os atores do PNAE – nutricionistas, gestores, agricultores
e conselheiros, além de merendeiras e outros agentes – e a promoção
das ações desenvolvidas por eles, que contribuem para a consolidação da
política pública.
No site do Rebrae, é possível encontrar experiências exitosas de EAN
realizadas nos centros de educação infantil, escolas e centros de educação
de jovens e adultos de todo o território brasileiro.
Acesse: https://www.rebrae.com.br/index.php/experiencias/experiencias-
exitosas.
182
Os cinco encontros foram realizados em grupo. Em todos eles,
no primeiro momento, as crianças participavam da roda de
conversa e, em seguida, eram divididas em grupos menores
para participarem de atividades ludopedagógicas com auxílio
de jogos educativos. Estes eram voltados ao tema abordado,
Implementação utilizando-se estratégias como as cores do sinal de trânsito,
montagem de uma refeição, quadro associando as frutas com
suas propriedades e a degustação de alimentos diferentes. Na
atividade oficina culinária, as crianças realizaram as preparações
com o auxílio das pesquisadoras e professoras e, em seguida,
degustaram
Para avaliar intervenção, foi utilizado a observação direta
através da frequência de frutas semanal presentes na
lancheira, constatando-se o aumento significativo ao final das
Avaliação cinco semanas de intervenção, sendo que metade das crianças
passou a levar a fruta na lancheira os cinco dias da semana.
Como limitação, observou-se, em uma das semanas, uma
redução no envio das frutas em função de uma festa na escola
FONTE: Adaptado de Cruz; Santos; Cardozo (2015)
DICA
Para conhecer o planejamento de ações educativas e diferentes técnicas
e recursos para pré-escolares e escolares, consulte os seguintes materiais
produzidos pelo Ministério da Saúde:
183
3 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
PARA PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS
A experiência relatada é parte das práticas de EAN realizada com usuários do
sistema de saúde da cidade de Palmas, conduzida por acadêmicos de nutrição em
conjunto com a nutricionista e farmacêutica do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e
Atenção Básica (NASF) (OLIVEIRA et al., 2020).
184
Foram realizados três encontros. O primeiro foi abordado
através de uma dinâmica com balões na qual os participantes
foram questionados quanto as atitudes em relação a hábitos
alimentares e de saúde no dia anterior. Na sequência foram
utilizados cartazes para abordar o processamento dos
alimentos e compará-los com os sinais de trânsito através
das cores, verde, amarelo e vermelho. Na segunda oficina, os
participantes foram estimulados recordar os conceitos do 1º
encontro e, em seguida, fez-se a relação entre os alimentos do
semáforo com a quantidade de fibras (em especial os da cor
Implementação verde), foram exemplificados os alimentos que contêm mais
fibra solúvel e explanado o benefício do seu consumo para
diabéticos. Na terceira oficina, os participantes foram alertados
sobre os sinais e sintomas da hiperglicemia e a importância da
hidratação. Para tanto, foi realizado uma dinâmica de perguntas
e respostas sobre o tema e, para cada afirmativa, todos
deveriam levantar uma plaquinha de “verdadeiro” ou “falso”. Na
sequência, as questões eram respondidas de justificadas pelos
educadores. Ao final, foi aberto um espaço para perguntas e
entregue folheto, identificando os principais sinais e sintomas
da diabetes melito (Figura 6)
Para avaliar intervenção ao final de cada oficina, os participantes
foram convidados a relatar suas impressões sobre o tema
desenvolvido, metodologia, bem como propostas de melhoria.
Avaliação Os depoimentos foram bastante positivos. Como limitação,
observou-se o baixo comparecimento dos indivíduos que
se enquadravam nos critérios de inclusão para participar do
programa
FONTE: Oliveira et al. (2020)
185
FIGURA 6 – FOLHETO – RELATO DE EXPERIÊNCIA DE EAN COM PORTADORES DE DIABETES MELITO
186
QUADRO 11 – RESUMO DO RELATO DO PROGRAMA PARA IDOSOS
187
Os encontros eram individuais, em cada um deles eram abordados
os respectivos temas, utilizando como referência a pirâmide
alimentar adaptada a população brasileira, sendo explanado a
importância e frequência de consumo. Durante os encontros
o idoso era estimulado a refletir sobre cada uma das situações
propostas, melhor forma de inserir estes hábitos no dia a dia, em
Implementação
seguida era oferecido a preparação para degustação e entregue o
folheto com a respectiva receita.
Para os idosos com dificuldade visual a iluminação do consultório
foi ajustada e as letras utilizadas nos folhetos de forma aumentada,
para aqueles com baixa escolaridade, os pontos mais importantes
das mensagens reforçados verbalmente.
O atributo utilizado para avaliar a intervenção foi a eficácia,
definida como o efeito potencial obtido após a aplicação de um
procedimento clínico. O nutricionista e o idoso compartilharam
desta parceria durante 7 meses e a cada 30 dias, eram discutidas
Avaliação
as facilidades e dificuldades das mudanças alimentares. Neste
estudo observou-se que os idosos modificaram alguns aspectos
da alimentação, como o consumo de líquidos e de leguminosas
que poderiam estar relacionados a diminuição dos sintomas.
FONTE: Salgueiro; Cervato-Mancuso (2012)
GIO
Para conhecer mais atividades direcionadas à família, a crianças e a
idosos, consulte o Caderno de Atividades desenvolvido pelo Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e intitulado de “Educação
Alimentar e Nutricional: o direito humano a alimentação adequada e o
fortalecimento de vínculos familiares nos serviços socioassistenciais”,
disponível em:encurtador.com.br/mTZ38
188
A literatura mostra inúmeras experiências relacionadas a Programas de
Educação Alimentar e Nutricional direcionados aos mais diversos públicos; seu sucesso
depende da adequação de métodos, técnicas e recursos, características do educando,
objetivo de aprendizagem e problema. Cabe ao profissional conhecer as necessidades
do seu público-alvo, realizar o planejamento da intervenção de acordo com o aprendido
e ter empatia e respeito pelo conhecimento prévio do educando/paciente.
189
LEITURA
COMPLEMENTAR
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL E ARTICULAÇÃO DE SABERES
Brasil
Ministério da Educação
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
Segundo Valla (2000), essa falta de diálogo possui duas razões centrais:
Nessa lógica, o profissional entende que a ação da população seria falha e que
a solução dos seus problemas necessitaria da intervenção do saber acadêmico e da
ação do profissional.
190
da realidade. Uma interpretação que pode divergir da compreensão do profissional, porque
se baseia primordialmente na experiência empírica; todavia, reveladora da visão de mundo
do saber popular e que contribui para a ampliação do olhar do profissional sobre a realidade,
no todo e em suas especificidades.
FONTE: BRASIL, Ministério da Educação. Educação Alimentar e Nutricional: Articulação de saberes – Brasília:
ME, Fundo Nacional do Desenvolvimento de Educação – FNDE, 2018. Disponível em: https://www.fnde.gov.
br/index.php/centrais-de-conteudos/publicacoes/category/116-alimentacao-escolar?download=12042:ed
uca%C3%A7%C3%A3o-alimentar-nutricional-articulacao-de-saberes. Acesso em: 21 nov. 2020.
191
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
192
AUTOATIVIDADE
1 No relato de experiência voltado a crianças do ensino fundamental, foram utilizadas
técnicas ludopedagógicas com seus respectivos recursos. Essa estratégia é
imprescindível para a aplicação e a fixação do conteúdo de nutrição transmitido
para crianças e adolescentes. Considerando o tipo de técnica com a faixa etária
recomendada, associe os itens, utilizando o código a seguir.
( ) 2 a 4 anos.
( ) 6 a 8 anos.
( ) 8 a 10 anos.
( ) 10 a 14 anos.
193
a) ( ) Balões, lápis, caneta e cartazes são recursos utilizados apenas para crianças e
adolescentes.
b) ( ) Para o público da experiência citada (portadores de diabetes melito), somente o
uso do recurso visual (folheto) é suficiente.
c) ( ) Independentemente do público, quanto maior o tempo destinado a cada
encontro, maior é o aprendizado.
d) ( ) A diversidade dos recursos visuais (oral, visual) aumenta a eficácia do processo
de ensino-aprendizagem.
e) ( ) Aula expositiva ou preleção são recursos didáticos adequados a qualquer público.
194
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, E. E. A. Como a imagem contribui para o processo de ensino-
aprendizagem nas aulas de geografia em turmas do ensino fundamental. Giramundo,
v. 3, n. 6, p. 63-71, 2016.
195
FAGIOLI, D.; NASSER, L. A. Educação nutricional na infância e na adolescência.
São Paulo. Roca; 2008. 241p.
196
STAMATO, A. B. T.; STAFA, G.; VON ZEIDLER, J. C. A Influência das Cores na Construção
Audiovisual. In: XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste,
2013, Bauru. Anais [...]. Bauru: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação, 2013.
197