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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO – CEP

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ANÁLISE COMPARATIVA DE INTEGRIDADE DE POÇO ENTRE O


REGULAMENTO TÉCNICO SGIP E A NORSOK STANDARD D-010

Discente: Matheus Medeiros de Azevedo

Orientador: Profº Msc. Gustavo Arruda Ramalho Lira

NATAL/RN

2016
MATHEUS MEDEIROS DE AZEVEDO

ANÁLISE COMPARATIVA DE INTEGRIDADE DE POÇO ENTRE O


REGULAMENTO TÉCNICO SGIP E A NORSOK STANDARD D-010

Trabalho de conclusão de curso (TCC) faz


parte da grade curricular do curso de
Engenharia de Petróleo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,
sendo este requisito obrigatório para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia de
petróleo.

Orientador: Profº Msc. Gustavo Arruda


Ramalho Lira

NATAL/RN
2016
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Maria Silvana Gomes Medeiros de Azevedo e Dilson


Gonçalves de Azevedo e ao meu irmão Marcos Vinícius Medeiros de Azevedo por
sempre estarem junto a mim, apoiando nos maus e bons momentos, bem como, a
toda minha família que sempre acreditou e torceu pelo meu sucesso.
Meu agradecimento também ao meu orientador Prof. Msc Gustavo Arruda
Ramalho Lira por dar todo o suporte para a conclusão do presente trabalho.
DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente a Deus, pois sem ele nada disso teria sido possível, já
que foi com fé no senhor que recebi forças para superar todos os obstáculos que
foram impostos ao longo da vida.
Dedico especialmente a meus pais por terem me apoiado durante toda a
minha trajetória e por sempre me mostrarem o caminho ideal a ser trilhado.
Dedico aos meus amigos de universidade, em especial a Úrsula Britto,
George Henrique, Elder Santos, Clóvis Macêdo, Jady Medeiros e Bárbara câmara
que contribuíram muito durante minha formação e por sempre estarmos juntos nos
maus e bons momentos.

”Seja um sonhador apoiado na ação. ”


Bruce Lee
RESUMO
A integridade de poço refere-se à capacidade deste em evitar fluxo descontrolado de
fluidos entre as formações ou destas para a superfície por meio de um conjunto de
técnicas e equipamentos que estabeleçam barreiras de segurança, sendo muito
importante no que se diz respeito à proteção da vida humana, do meio ambiente e
dos ativos da união, do operador do contrato e de terceiros. Existem no mundo
alguns documentos que regulam a indústria do petróleo quanto à integridade de
poço, onde serão destacados neste trabalho o Regulamento Técnico do Sistema de
Gerenciamento de Integridade de Poço (SGIP) e a diretriz NORSOK D-010. Apesar
de tratarem do mesmo assunto e de seus objetivos finais serem iguais, estes
apresentam algumas visões e definições diferentes. Este trabalho consiste em
realizar uma análise comparativa e de abrangência entre o SGIP e a NORSOK D-
010 durante as fases de vida de um poço, bem como dos conceitos que os
documentos tratam, permitindo assim ter-se um panorama de como a integridade de
poço é tratada nos dois países, possibilitando, dessa forma uma visão mais ampla a
respeito do tema tratado. A diretriz apresenta um caráter prescritivo, influenciando na
forma com que a empresa gerencia os seus projetos, dando maior conformidade a
estes, enquanto que o SGIP deixa a critério da empresa, mediante avaliação de
riscos, a forma com que o operador do contrato estabelece seu gerenciamento de
integridade de poço, demonstrando um caráter mais liberal.

Palavras chaves: Integridade de poço, Barreira de segurança, Análise comparativa,


NORSOK D-010, Sistema de gerenciamento de integridade de poço.
ABSTRACT
Well integrity refers to its ability to prevent an uncontrolled flow of fluid across the
formations or between the reservoir and the surface by means of a set of techniques
and equipment to establish safety barriers and It is very important for protection of
human life, the environment and union assets, the contract operator and third parties
involved. Around the world, there are some documents that regulate the oil industry
regarding integrity well. In this paper will be highlighted the Regulamento Técnico do
Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poço (SGIP) and the guideline
NORSOK D-010. Although they treat the same subject and their ultimate objective
are the same, they present some different views and definitions. This paper consists
in performing a comparative and comprehensiveness analysis between the SGIP and
NORSOK D-010 during the life stages of a well, as well the concepts that the
document deal with, thus allowing a view of how the well integrity is treated in both
countries, thus allowing a broader view on the subject. The Guideline presents a
prescriptive character influencing the way in which the company manages their
projects, giving greater conformity between them, while the SGIP gives freedom to
the company, by means of risk assessment, the way in which the contract operator
establishes Its well Integrity management, demonstrating a liberal character.

Key words: Well integrity, Safety barriers, Comparative analysis, NORSOK D-010,
Sistema de Gerenciamento de Integridade de poço.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema das operações realizadas no poço, adaptado de ISO (2013). ............... 24
Figura 2: Principais caminhos para vazamento de fluido, adaptado de Fonseca (2012)
................................................................................................................................................26
Figura 3: Barreira de poço para um caso de abandono temporário em poço não canhoneado,
adaptado de NORSOK (2011)................................................................................................28

Figura 4: Vazamento de fluido em caso de formação permeável ou não competente,


adaptado de NORSOK (2011)...............................................................................................31

Figura 5: Planilha de avaliação de criticidade de poço, ANP (2016).....................................36

Figura 6: Esquemas de barreira de poço para cenário de perfuração, testemunhagem e


descida de coluna com equipamento de perfuração cisalhável, adaptado de NORSOK
(2004).....................................................................................................................................42

Figura 7: Esquema das regiões anulares do poço.................................................................44

Figura 8: Situação de múltiplas zonas produtoras, adaptado de NORSOK (2004)..............49


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Incidentes de perda de integridade de poço no mundo, adaptado de ANP (2016)


....................................................................................................................................................11

Tabela 2: Incidentes de perda de integridade de poço no Brasil, adaptado de ANP (2016)


................................................................................................................................................12
Tabela 3: Descrição das barreiras e seus elementos, adaptado de NORSOK (2004)
................................................................................................................................................ 29
Tabela 4: Descrição das barreiras e seus elementos para cenário de perfuração,
testemunhagem e descida da coluna com equipamentos de perfuração cisalháveis,
adaptado de NORSOK (2004) .............................................................................................. 42
.
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 10
1.1–JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................................... 15
1.2–OBJETIVO .............................................................................................................................................. 15
1.3-OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................................................. 15
2–ASPECTOS TEÓRICOS .............................................................................................................................. 16
2.1–CONTEXTO DA REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA ..................................................................... 16
2.2–CONTEXTO DA REGULAMENTAÇÃO NORUEGUESA ................................................................ 17
2.3-INTEGRIDADE DE POÇO .......................................................................................................... 18
2.4-FASES DE VIDA DE UM POÇO ................................................................................................. 20

2.4.1-PROJETO .............................................................................................................................21

2.4.2-CONSTRUÇÃO ....................................................................................................................21

2.4.3-PRODUÇÃO ........................................................................................................................22

2.4.4-ABANDONO.........................................................................................................................23

2.5-CAMINHO PARA FLUXO DE FLUIDO ................................................................................25


3-BARREIRA DE POÇO E CONJUNTO SOLIDÁRIO DE BARREIRA ..................................................... 27
3.1-DEFINIÇÕES .......................................................................................................................................... 27
3.2-ANÁLISE COMPARATIVA .................................................................................................................... 28
4–PROJETO DE POÇO ........................................................................................................................ 34
4.1-DEFINIÇÕES .............................................................................................................................. 34

4.1.1- POÇOS CRITÍCOS.................................................................................................... ...34


4.2-ANÁLISE COMPARATIVA .......................................................................................................... 37
5-PERFURAÇÃO .................................................................................................................................. 41
5.1-DEFINIÇÕES .............................................................................................................................. 41
5.2-ANÁLISE COMPARATIVA .................................................................................................................... 41
6–PRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 44
6.1 - DEFINIÇÕES ........................................................................................................................................ 44
6.2-ANÁLISE COMPARATIVA .................................................................................................................... 45
7–ABANDONO ................................................................................................................................................... 46
7.1 - DEFINIÇÕES ........................................................................................................................................ 46
7.2-ANÁLISE COMPARATIVA ..................................................................................................................... 47
7.2.1-ABANDONO TEMPORÁRIO DE POÇOS.......................................................................47
7.2.2-ABANDONO PERMANENTE DE POÇOS...........................................................................48
8–CONCLUSÃO ................................................................................................................................................ 51
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................. 54
Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

INTRODUÇÃO
Os riscos associados à exploração e produção de petróleo se apresentam em
um grau elevado de importância tanto para a segurança do meio ambiente como da
vida humana. Em 2010 ocorreu o pior desastre ambiental da história que foi o
vazamento de óleo acontecido no Golfo do México, no poço de Macondo. A
plataforma Deepwater Horizon, operada pela empresa inglesa Transocean, explodiu
e provocou a perda do poço, da plataforma, além de prejuízos ambientais,
financeiros, sociais e com perda de vidas humanas (ITOPF, 2013). Neste acidente, o
petróleo vazou no Golfo do México durante 87 dias, se espalhou por mais de 1.500
km no litoral norte-americano, contaminou e matou milhares de animais (ITOPF,
2013). O dano causado devido ao vazamento está presente até os dias atuais e
compostos químicos do petróleo são encontrados nos seres vivos locais, inclusive,
em ovos de pássaros que se alimentam na região. Existem também os impactos
socioeconômicos como a perda de dezenas de bilhões de dólares das indústrias da
pesca e do turismo na costa sul dos Estados Unidos (Greenpeace, 2015). A
empresa viu o seu valor despencar de quase U$ 190 bilhões antes do acidente para
U$ 85 bilhões em dois meses (Tharp, 2010).

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)


realizou um levantamento, onde foram apresentados os principais acidentes
ocorridos no mundo e no Brasil devido a perda de integridade de poço, conforme
mostrado na tabela 1 e tabela 2 respectivamente, atentando para o fato de que a
integridade de poço está sempre relacionada com a composição dos elementos de
barreira de segurança ao longo dos ciclos de vida do poço.

Matheus Medeiros de Azevedo 10


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Tabela 1: Incidentes de perda de integridade de poço no mundo, adaptado de ANP (2016).


Principais Causas
Área/Ano Incidente Cacterização
Identificadas
Reino Unido, Campo de Elgin,  Vazamento de gás na  Corrosão no
2012. Poço G4. cabeça do poço durante revestimento.
Etapa do Ciclo de operação de  Falha no anular levando
Vida: Produção descomissionamento. ao vazamento.
Nigéria, 2012 Campo de Funiwa  Perda da Jackup KS  Falha em equipamentos
Etapa do Ciclo de Endeavour de superfície.
Vida: Construção  Morte de dois
trabalhadores
Austrália, Campo de Montara,  Vazamento descontrolado  Trabalho de
2009. Poço H1. de óleo e gás (blowout) de cimentação falho
Etapa do Ciclo de 1.000 barris por dia, (barreira primária).
Vida: Abandono 30.000 no total.  Instalação incompleta
 Incêndio na sonda durante da barreira secundária.
operação de abandono.  Operações fora dos
padrões internacionais
da indústria.
Noruega, 2004. Campo de Snorre-A,  Vazamento de gás  Falha de planejamento,
Poço 32A. proveniente de kick procedimentos e
Etapa do Ciclo de durante a intervenção no avaliação de risco.
Vida: Intervenção poço (retirada da coluna  Falha no extintor do
de produção). flare (nitrogênio
insuficiente).
 Falha em handover.

Matheus Medeiros de Azevedo 11


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Tabela 2: Incidentes de perda de integridade de poço no Brasil, adaptado ANP (2016).


Principais Causas
Área/Ano Incidente Caracterização
Identificadas
Campo de Underground  Vazamento de 55 litros de  Pressão de
Frade, Área 2, blowout do Poço 8- petróleo. injeção maior
2012. FR-28D-RJS  Fratura do reservatório que a resistência
Etapa do Ciclo de até o leito marinho. da rocha.
Vida: produção  Gestão de
mudança
inadequada.
 Não
atendimento às
boas melhores
práticas.
Campo de Kick/ Underground  Vazamento de3.700  Falha de projeto
Frade, blowout do Poço 9- barris de petróleo. na estimativa da
Área 1, 2011. FR-50DP-RJS.  Underground blowout. pressão de
Etapa do Ciclo de poros.
Vida: projeto/  Limite de
construção resistência
mecânico
superado.

Cancã, 2009 Campo de Cancã  Blowout  Cimentação de


Poço 7-CNC-3-ES  Perda da sonda. zona portadora
de gás.
Etapa do Ciclo de  Falha na
Vida: construção cimentação.
 Falha na
detecção do
kick.
 BOP sem
pressão
hidráulica
(sonda em
DMT).
 Torque
insuficiente nos
parafusos das
portas do BOP.
 Falha do
material do selo.
 Teste
inadequado do
BOP.

Matheus Medeiros de Azevedo 12


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Como visto nas tabelas 1 e 2, ocorreram muitos acidentes pelo mundo devido
a perda de integridade de poço, então surgiu a motivação e a necessidade para o
desenvolvimento de regulamentos técnicos e diretrizes que tratassem do
gerenciamento de integridade de poço e dessa forma pudessem alinhar as
atividades realizadas durante toda a vida do poço com as melhores práticas
industriais. Desenvolveram-se então, regulamentos, como por exemplo, Oil and Gas
UK Well integrity guidelines, ISO/TS 16530-2:2013(E)- Well Integrity for the
Operational Phase, e os dois documentos que serão foco de estudo deste trabalho,
o Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poço (SGIP) e a NORSOK Standard
D-010 rev. 04, Well Integrity in Drilling and Well Operations.

O SGIP foi idealizado baseado em normas, regulamentos internacionais e nas


melhores práticas da indústria, para tentar manter sempre o melhor desempenho
possível do sistema de gerenciamento de integridade desde a fase de projeto de
poço até o seu abandono.

Por meio de auditorias de conformidade legal da resolução ANP n° 43/2007


em unidades marítimas de perfuração teve início o desenvolvimento da gestão da
integridade de poço.

Após o acidente de Cancã (2009) e Macondo (2010), a Coordenadoria de


Segurança Operacional (CSO) da ANP identificou a necessidade de criação de um
grupo específico para tratar das disciplinas relacionadas à perfuração de poços.
Assim foi desenvolvido de forma paralela, foram iniciados estudos para o
estabelecimento de um regulamento específico para a perfuração de poços
terrestres.

A partir dos incidentes de underground blowout ocorridos no Campo de Frade


em 2011e 2012, onde as causas raiz e fatores causais apontaram essencialmente
para falhas no atendimento das melhores práticas da indústria e dos procedimentos
elaborados pelo próprio agente regulado, foi identificada pela ANP a necessidade de
desenvolvimento de mecanismos para verificação da adequação dos projetos de
poço às melhores práticas da indústria.

Matheus Medeiros de Azevedo 13


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Naquele momento, a Agenda Regulatória da ANP passou a contemplar o


desenvolvimento das resoluções de: (i) perfuração de poços terrestres; (ii) projeto de
poços e (iii) revisão da portaria ANP n° 25/2002, que trata do abandono de poços
(ANP, 2016).

Ao longo do tempo, todas essas regulamentações foram unificadas em uma


única resolução que trataria do gerenciamento de integridade de poço em todas as
etapas de ciclo de vida de poço, culminando no SGIP.

Um dos regulamentos em que o SGIP se baseou para o seu desenvolvimento


foi na diretriz norueguesa NORSOK D-010, portanto esta foi escolhida como
instrumento para comparação com o regulamento brasileiro. Em 1993, a indústria do
petróleo na Noruega desenvolveu um conjunto de diretrizes chamadas NORSOK
com o objetivo de aumentar a competitividade do país no que se refere ao
fornecimento de soluções para campos de petróleo. A partir disso uma série de
diretrizes foram desenvolvidas, baseadas em regulamentos internacionais
reconhecidos com o objetivo de tornar as operações mais eficientes.

Em 2003 foi lançada a terceira revisão da norma, a D-010 (Rev.3) e neste


regulamento foi notória uma significativa mudança para focar na integridade de poço
e na execução de todas as operações durante todos os ciclos de vida do poço. A
revisão foi realizada por especialistas de empresas norueguesas e internacionais
(Bizley, 2014).

O acidente ocorrido no poço de Macondo em 2010 mostrou a necessidade de


uma nova revisão da diretriz D-010. Muitos relatórios foram publicados em todo o
mundo, onde nestes estavam lições aprendidas com o acidente e que continham
algumas recomendações muito úteis para atualizar o padrão D-010. A nova revisão
foi publicada em junho de 2013, fornecendo mais informações a respeito de
abandono de poço, mais informações a respeito de poços de alívio e mais nove
elementos de barreira de poço para maior segurança quanto à integridade do poço
(Bizley, 2014).

Matheus Medeiros de Azevedo 14


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

1.1-JUSTIFICATIVA

Todas as operações realizadas pela indústria do petróleo brasileira e


norueguesa, que prezam pelo estabelecimento e a preservação da integridade de
poço, devem seguir, respectivamente, as recomendações explicitadas pelo
Regulamento Técnico SGIP e pela diretriz NORSOK D-010. Dessa forma
garantindo que as operações estejam de acordo com as melhores práticas
presentes na indústria petrolífera. Os documentos mostram pontos de
conformidades de cada sistema de gerenciamento de integridade que podem ser
utilizados para qualquer sistema de gestão, como também visões diferentes que se
analisadas de maneira coerente permitirá uma visão mais ampla do tema.

1.2–OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo principal realizar uma análise comparativa da
diretriz NORSOK D-010 e do Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento
de Integridade de Poço (SGIP), permitindo uma visão mais ampla do panorama de
integridade de poço, além de realizar uma análise de abrangência do tema tratado.

1.3-OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Delinear análises comparativas entre o SGIP e NORSOK D-010.

b) Definir tópicos para alinhar o regulamento técnico com a diretriz.

Matheus Medeiros de Azevedo 15


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2–ASPECTOS TEÓRICOS

2.1– CONTEXTO DA REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA

A partir de 6 de agosto de 1997, se dava início a um marco na indústria


brasileiro do petróleo com a quebra do monopólio da Petrobrás mediante aprovação
da lei 9.478 e a criação da Agência Nacional do petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis. A função da ANP, que é vinculada ao Ministério de Minas e
Energia, é de regular, fiscalizar e contratar todas as atividades que regem o setor
petrolífero brasileiro, promover a implementação da política setorial e proteção dos
interesses do consumidor. Portanto, a ANP possui como atribuição o
estabelecimento de regras que fomente a criação de um mercado competitivo,
trazendo dessa forma maiores vantagens tanto para o país como para os
consumidores.

A ANP então engloba toda a política do setor petrolífero brasileiro para


cumprir a realização das melhores práticas da indústria, garantindo melhor uso e
conservação do petróleo, gás natural e seus derivados, bem como também do meio
ambiente. Na regulação destas práticas que vão desde os estudos realizados na
obtenção de dados das bacias sedimentares, passando pela exploração,
desenvolvimento e produção, refino, distribuição e revenda são sempre levados em
consideração à preservação do meio ambiente, cumprindo as exigências do
licenciamento ambiental, respeitando as competências legais de cada órgão
regulamentador.

A ANP ainda tem por finalidade promover licitações e constituir contratos em


nome da União com os concessionários em atividades de exploração,
desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, transporte e estocagem do
gás natural, bem como promover a fiscalização das atividades e das especificações
do produto e dos preços praticados no mercado. Na fiscalização a agência atua em
parceria com a polícia federal, os ministérios públicos de todos os estados e do
Distrito Federal, corpo de bombeiros, prefeituras, entre outros.

Matheus Medeiros de Azevedo 16


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2.2– CONTEXTO DA REGULAMENTAÇÃO NORUEGUESA

Na Noruega, o Ministério do Petróleo e Energia (MPE) possui a incumbência


de administrar os recursos petrolíferos da plataforma continental norueguesa e
garantir que todas as operações que envolvem esta indústria sejam realizadas com
os princípios e normas implementadas pelo parlamento e pelo governo, além disso,
esse ministério possui a responsabilidade de monitorar algumas companhias
estatais.

Dentre os cinco departamentos que existem no MPE, o de petróleo e gás tem


a responsabilidade de estabelecer as políticas de exploração, bem como
acompanhar o desenvolvimento, a produção e o abandono dos poços na plataforma
continental norueguesa.

Outra importante função atribuída ao MPE é de conduzir a rodada de


licenciamento para permissão de licenças de produção aos blocos oferecidos pelo
governo.

Ligado ao MPE existe a Petroleum Safety authority Norwegian (PSA), que é


um órgão administrativo independente e que tem atuação considerável no
gerenciamento dos recursos petrolíferos, além de aconselhar e assessorar o MPE.

O PSA possui autoridade de gestão em relação a exploração e explotação


das bacias da plataforma continental norueguesa. Esta atribuição, executada de
forma conjunta com a PSA, inclui a edição de atos normativos e tomada de decisões
em todas as operações realizadas durante as fases de vida que constituem a
indústria petrolífera de acorda com os regulamentos associados a essas atividades
(NORSOK D-010, 2004).

Matheus Medeiros de Azevedo 17


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

2.3– INTEGRIDADE DE POÇO

A integridade de poço como foi discutido anteriormente pode ser definida


como a capacidade que o poço possui em manter controlado o fluxo de petróleo,
evitando vazamento entre as formações ou do reservatório para a superfície. A
preservação da integridade é muito importante no que diz respeito à segurança do
poço, da vida humana, do meio ambiente e da imagem da empresa.

A barreira de segurança é um item fundamental para manter a integridade do


poço, , pois é ela quem irá impedir o vazamento dos fluidos para o meio ambiente.
De uma forma geral, elas podem ser definidas como um obstáculo formado por
elementos de barreiras, os quais se constituem em objetos que sozinhos não
consegue desempenhar a função de vedação, visto a necessidade da união de
elementos para formar uma espécie de envelope envolta da estrutura poço-
reservatório, como é definida pela NORSOK D-010.

A partir de um conceito análogo, o SGIP define um conjunto solidário de


barreiras (CSB) como o conjunto de um ou mais elementos de barreira em um poço
com o mesmo objetivo de vedá-lo contra fluxo descontrolado de fluido entre as
formações e para a superfície. É muito importante mapear e caracterizar todas as
barreiras existentes e seus elementos durante todos os ciclos de vida de poço com
base em avaliações de risco, tentando mantê-lo sempre em um nível tão baixo
quanto razoavelmente possível ou ALARP (As Low As Reasonably Practicable).

Portanto percebe-se que o conceito de elemento de barreira é comum ao


SGIP e a NORSOK D-010. Já o conceito de CSB para o SGIP é igual ao de barreira
de poço para a diretriz norueguesa. Neste trabalho o termo barreira de poço será
utilizado quando tratarmos da NORSOK D-010 e CSB quando fizermos referência ao
regulamento técnico brasileiro e o termo elemento de barreira será tratado
indistintamente.

Matheus Medeiros de Azevedo 18


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Os elementos de barreiras devem ser projetadas, construídas e


selecionadas, de acordo com a NORSOK D-010 E SGIP de tal maneira que:
 Possam resistir ao diferencial de pressão a que serão submetidas no
ambiente de trabalho;

 Possa ser testada quanto a possibilidade de vazamento, para que não haja
nenhuma fuga de fluido para o meio ambiente;

 Possibilite seu restabelecimento em caso de perda;

 Possa resistir as condições do ambiente a que serão expostas (temperatura,
fluidos do poço);

 Possam ter sua localização física e estado de integridade monitorados a todo
tempo;

 Todos os equipamentos utilizados para monitorar os parâmetros das barreiras
de poço devem ser avaliados e calibrados de forma frequente;

 Não haja nenhum sinal de falha de barreira de poço ou de algum de seus
elementos que conduza a um fluxo descontrolado do poço para o ambiente
externo.

A partir da validação dos principais parâmetros citados anteriormente, os


elementos barreiras poderão ser implementadas com o auxílio de uma equipe
técnica especializada para manter sua funcionalidade dentro do padrão, desta forma,
diminuindo a probabilidade de danos durante execução das atividades de poço.

Estas barreiras de poço ou CSB, bem como seus elementos, podem ser
verificadas por meio de um teste ou confirmação. Esta avaliação pode ser feita após
a instalação ou durante a partir do registro de dados observados.

Caso a verificação seja realizada por meio do método da confirmação o


elemento da barreira será avaliado através da análise dos dados coletados durante
ou após a sua instalação.

Matheus Medeiros de Azevedo 19


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

O elemento de barreira pode ainda ser verificado por meio do ensaio de


pressão, para detectar possíveis falhas que possam vir a provocar vazamentos e
consequentemente fluxo indesejado de fluido. Tal teste deve ser realizado, segundo
recomendação da NORSOK D-010 :

 Antes que o elemento seja exposto a qualquer diferencial de pressão;



 Quando houver suspeita de vazamento;

 Quando algum elemento se torna exposto a um diferencial de
pressão ou carga diferente do qual ele foi projetado;

 Após a substituição de componentes da barreira de poço.

Este teste é realizado aplicando um diferencial de pressão no sentido do fluxo


no elemento de barreira que seja igual ou maior a carga prevista no projeto de modo
a simular situações reais e/ou adversas no poço. Todos os testes devem ser
documentados.

Uma prática muito importante e que deve ser sempre realizada para os todos
os poços de petróleo é o monitoramento das barreiras de poço e de todos os seus
parâmetros de modo a evitar qualquer fluxo indesejado. Todos os instrumentos
utilizados para monitoramento dos parâmetros devem ser frequentemente
calibrados. Qualquer método que seja utilizado para verificar a condição dos
elementos devem ser definidos e documentados (NORSOK D-010, 2004).

2.4- FASES DE VIDA DE UM POÇO

Um poço de petróleo passa por diversas etapas durante sua vida que vão
desde a fase de projeto até o seu abandono, e cada fase será tratada
resumidamente nos subtópicos a seguir.

Matheus Medeiros de Azevedo 20


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

2.4.1- PROJETO

Fase que compreende o desenvolvimento dos projetos do poço relacionados


à sua construção, produção, intervenção, caso seja preciso, e por fim abandono.
Nesta fase deve-se estabelecer, avaliar e documentar a seleção das técnicas e
modo de operação com a equipe de trabalho envolvida para desenvolvimento das
atividades no poço, seguindo os requisitos técnicos das normas buscando sempre
manter o nível de risco o menor possível para manter a segurança tanto da vida
humana como do meio ambiente, levando em consideração o fator econômico.

É importante a análise de riscos enquanto o poço está na fase de projeto, de


forma a tentar garantir a sua integridade, evitando premissas inadequadas de projeto
quanto a carga em que o poço está submetido como no caso do acidente ocorrido
no campo de Frade na área 1 em 2011 (tabela 2) ou ainda dimensionamento
inadequado de revestimento, não utilização da norma adequada, entre outros riscos.

2.4.2 – CONSTRUÇÃO

Etapa onde é iniciada a construção do poço. Para começar a construção de


um poço de petróleo necessita-se, ainda na fase de projeto, realizar a seleção do
tipo de plataforma ou sonda compatível com as características da região onde o
poço será perfurado. As atividades realizadas em áreas terrestres são chamadas de
On Shore, enquanto que as realizadas em território marítimo são denominadas de
Off Shore.

A perfuração hoje se baseia principalmente no método rotativo, constituído


da ação conjunto de rotação e peso aplicados sobre broca que se apresenta na
extremidade inferior da coluna de perfuração, a qual consiste principalmente de
comandos, tubos pesados e tubos de perfuração.

Ao atingir determinada profundidade, é retirada então a coluna de perfuração


do poço e é descida uma coluna de revestimento de aço de diâmetro inferior ao da

Matheus Medeiros de Azevedo 21


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

broca, então realiza-se a cimentação do espaço anular entre o revestimento e a


parede do poço para isolar as rochas perfuradas. Após serem realizadas as
operações de cimentação, a coluna de perfuração é novamente descida ao poço,
tendo na sua extremidade uma nova broca de diâmetro menor do que a do
revestimento para o prosseguimento da perfuração.

Depois, se instalam, no poço, os equipamentos necessários para ser a


realizada a produção dos fluidos desejados contidos no reservatório, bem como
permitir a instalação de eventuais equipamentos de monitoração do poço. Esta
operação também está prevista para poços injetores e de teste (Gomes, 2007).

Nesta fase de vida do poço podem existir riscos inerentes a operação que
comprometem a integridade do poço como, por exemplo, pressão de poros
anormalmente alta, dimensionamento inadequado do fluido de perfuração ou ainda
como ocorreu no caso de Macondo (EUA) em 2010, onde foi detectada uma
cimentação inadequada e ainda falha do BOP. Portanto é necessário o
desenvolvimento de um programa de treinamento relacionado as principais
operações que envolvem a fase de construção, de modo a evitar o risco de
acidentes, garantindo assim a integridade do poço.

Esta etapa é concluída com a atualização e passagem da documentação de


entrega de poço para o responsável pela próxima etapa do ciclo de vida do poço.

2.4.3- PRODUÇÃO

Etapa que abrange a monitoração e garantia do fluxo dos fluidos do


reservatório para a superfície bem como o seu envio para os sistemas de transporte
ou armazenagem. Na linha de produção são analisadas as propriedades dos fluidos
e o comportamento de fases, escoamento com fluxo multifásico, as instalações e
equipamentos de produção onshore e offshore, entre outros aspectos.

Matheus Medeiros de Azevedo 22


Trabalho de Conclusão de Curso – CEP/UFRN

Durante esta fase podem ser realizadas intervenções ou workovers como são
comumente chamadas na indústria, podendo ser uma operação de limpeza,
restauração, recompletação, teste, mudança no método de elevação, entre outras.

Os avanços na complexidade no cenário produtivo do petróleo culminaram no


desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas para acompanhar tal evolução da
produção e consequentemente melhorar a coleta de dados e de incertezas inerentes
ao reservatório, reduzindo assim a probabilidade de riscos. Entretanto, o aumento na
complexidade dos projetos de coluna de produção, também aumentam os riscos de
falha durante a instalação ou no momento da produção ou injeção. É necessária a
implementação de uma equipe técnica capacitada e de um programa de treinamento
para os principais cenários que envolvem esse ciclo de vida do poço, de modo a
evitar falhas que comprometam a integridade do mesmo, como ocorrido no campo
de Frade em 2012 (tabela 2), resultando no vazamento de petróleo, trazendo desta
forma prejuízo moral e financeiro à empresa.

A etapa é concluída com a passagem da documentação de entrega do poço


para o responsável pelas atividades de tamponamento e abandono de poço.

2.4.4- ABANDONO

O regulamento técnico nº 2/2002 da ANP, anexo à portaria nº 25/2002 (Brasil,


2002), define abandono de poço como “série de operações destinadas a restaurar o
isolamento entre diferentes intervalos permeáveis (...)”. Porém, cabe ressaltar que
após a publicação do SGIP esta portaria foi revogada.

O abandono de poço pode ser classificado em dois tipos:


 Temporário: Quando por qualquer razão houver interesse de retorno ao
poço.

 Permanente: quando não houver interesse de retorno ao poço.

Matheus Medeiros de Azevedo 23


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Quando o limite econômico do poço é alcançado e ele se encontra exaurido,


então o poço pode ser abandonado. Neste processo, a tubulação é removida do
poço e as zonas expostas para produção são isoladas com cimento para prevenir o
fluxo dos fluidos entre as formações permeáveis, assim como para a superfície.

Nesta fase de vida do poço é importante atentar para os riscos que podem vir
a comprometer a integridade do poço, podendo ser citado como exemplo o acidente
ocorrido no campo de Montara em 2009 (tabela 1). Um esquema das operações
explicitadas acima pode ser observado na figura 1:

Figura 1: Esquema das operações realizadas no poço, adaptado de ISO (2013)

Matheus Medeiros de Azevedo 24


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

2.5- CAMINHOS PARA FLUXO DE FLUIDO

Durante as fases de vida de um poço, este deve estar sempre protegido


contra vazamento de fluido, porém há casos em que a barreira de segurança falha,
permitindo o fluxo indesejado de fluido por alguns caminhos existentes na estrutura
poço-reservatório.

Miura (2004) define oito caminhos por onde pode haver fluxo indesejado de
fluido, sendo eles:

 Poço aberto.

 Anular revestimento x poço.

 Anular revestimento x revestimento.

 Interior do revestimento

 Anular revestimento x coluna

 Interior da coluna de trabalho

Ou ainda no caso de vazamento pela rocha, podendo ser devido a duas


situações:

 Rocha não competente: Situação em que a rocha acaba fraturando por não
suportar as pressões de trabalho desenvolvidas.

 Rochas permeáveis: Quando a rocha apresenta capacidade de permitir o
fluxo do petróleo até a superfície. Esta situação pode ocorrer quando, o fluido
flui pelos canhoneados para dentro do poço e havendo um furo no
revestimento, ele irá fluir para dentro da rocha, podendo assim vazar para o
meio ambiente.

Para o propósito deste trabalho, iremos definir quatro caminhos principais,


como demonstrado na figura 2:
 Rocha : Caminho definido entre o reservatório e o meio ambiente formado por
diferentes tipos de formações dispostos sob camadas;

Matheus Medeiros de Azevedo 25


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

 Poço : O interior do último revestimento assentado e cimentado. No caso da


presença da coluna, é o anular entre este revestimento e a coluna;

 Coluna : É o caminho em que o fluxo segue em qualquer coluna pelo interior
do poço;

 Anular externo: É o espaço anular externo ao último revestimento cimentado
e assentado.

Figura 2: Principais caminhos para vazamento de fluido, adaptado de Fonseca (2006),


pag.41.

Matheus Medeiros de Azevedo 26


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

3- BARREIRA DE POÇO E CONJUNTO SOLIDÁRIO DE BARREIRA

3.1-DEFINIÇÕES

Para o propósito deste trabalho são adotadas as seguintes definições


desenvolvidas pela NORSOK D-010 :

 Barreira de poço: É o envelope de um ou mais elementos de barreira


com o objetivo de impedir o fluxo não intencional de fluidos entre as
formações e da formação para a superfície (NORSOK D-010,
2014.Tradução do autor).

 Barreira primária de poço: É o primeiro obstáculo que impede o fluxo
de fluido para o meio ambiente.

 Barreira secundária de poço: É o segundo obstáculo que impede o
fluxo de fluido para o meio ambiente.

 Elemento comum de barreira de poço: É um elemento de barreira que
é compartilhado entre a barreira primária e secundária (NORSOK D-
010, 2014.Tradução do autor).

O SGIP traz em seu regulamento técnico a seguinte definição importante para


a sequência deste trabalho:

 Conjunto solidário de barreira (CSB): É união de um ou mais elementos


com o objetivo de impedir o fluxo não intencional de fluidos da
formação para o meio externo e entre intervalos no poço, considerando
todos os caminhos possíveis (SGIP, 2016).

Existe uma definição em comum para o SGIP e para NORSOK D-010:

 Elemento de barreira de poço: É um objeto que compõe a barreira de


poço ou CSB e que sozinho não consegue impedir o fluxo
descontrolado de fluido para o meio ambiente.

Matheus Medeiros de Azevedo 27


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

3.2- ANÁLISE COMPARATIVA

Pode-se perceber a partir da análise de cada uma das definições


apresentadas anteriormente que, tanto a diretriz norueguesa como a norma
brasileira apresentam suas respectivas definições de barreira de segurança de poço
e CSB como um envelope de um ou mais elementos de barreira, mostrando desta
forma uma preocupação em envolver a energia contida nos fluidos presentes no
reservatório. Ambas as visões mostram uma preocupação para tratar da integridade
do poço de uma forma contínua, pois da maneira como elas discorrem em suas
definições é possível perceber uma preocupação em conter possíveis vazamentos
de fluido por todo o caminho desde o reservatório até a planta de processamento na
superfície, bem como entre as formações. Um exemplo de como a NORSOK e o
SGIP tratam as suas definições pode ser ilustrado na figura 3.

Figura 3: Barreira de poço para um caso de abandono temporário em poço não canhoneado,
adaptado de NORSOK (2011).

Matheus Medeiros de Azevedo 28


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Para casos como estes a NORSOK D-010 descreve o melhor arranjo de


barreira de segurança de poço, como sendo: Tampão de cimento, cimentação do
revestimento e revestimento (liner de produção) para formar a barreira primária de
segurança. De forma alternativa pode-se desenvolver a barreira primária com os
seguintes elementos: Tampão de cimento, cimentação do revestimento e
revestimento de produção.

De forma adicional, foram determinados pela NORSOK D-010 os seguintes


elementos para constituir uma barreira secundária: Revestimento, cimentação do
revestimento e tampão de cimento ou tampão mecânico. De forma alternativa a
diretriz ainda define: Cimentação do revestimento, revestimento, cabeça de poço,
revestimento de produção e tampão mecânico ou de cimento.

Tabela 3: Descrição das barreiras e seus elementos para caso de abandono temporário em poço não
canhoneado, adaptado de NORSOK (2004).
Elemento de barreira de poço Comentários
Primeira barreira de poço
Tampão de cimento Sapata guia
Cimentação do revestimento
Revestimento (Liner de produção) Não canhoneado com 2 válvulas flutuantes

Ou
Tampão de cimento Sapata guia
Cimentação do revestimento
Revestimento de produção Não canhoneado com 2 válvulas flutuantes
Barreira secundária de poço
Revestimento
Cimentação do revestimento
Tampão mecânico ou tampão de cimento Tampão raso
Ou
Cimentação de revestimento
Revestimento Intermediário
Cabeça de poço
Revestimento Revestimento de produção
Tampão de cimento ou tampão mecânico Tampão de superfície

Matheus Medeiros de Azevedo 29


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

A partir da figura 3 é evidente a forma como a NORSOK D-010, bem como o


SGIP, tratam da sua filosofia de barreira de poço e CSB, como sendo um envelope
de elementos que são interligados entre si assegurando a integridade do poço em
todos os caminhos passíveis de vazamento de fluidos para o meio ambiente. A
NORSOK D-010 descreve esquemas barreiras de poço para vários cenários que
envolvem as etapas de ciclo de vida do poço, desde fase de projeto até abandono
permanente. Tais esquemas poderiam ser implementados no SGIP, já que tanto a
diretriz norueguesa como o regulamento técnico brasileiro demonstram
conformidade entre as definições de barreira de poço e CSB, e a partir do
estabelecimento dos esquemas, os projetos entrariam em maior consonância,
facilitando desta forma a gestão da avaliação pelo operador do contrato.

O regulamento técnico do SGIP, estabelece no capítulo 1 que:

O CSB permanente deve estar posicionado numa formação


impermeável através de uma seção integral do poço, com formação
competente na base do CSB. Cimento ou outro material de desempenho
similar (incluindo formações plásticas selantes) devem ser usados como
elementos de barreira (SGIP, 2016).

Então a partir do desenvolvimento do conceito de CSB permanente e da


indicação do SGIP para o posicionamento deste numa formação impermeável e
competente, cria-se uma espécie de envelope de elementos interligados formando
um cerco mecânico íntegro para o petróleo. A exigência do regulamento é plausível,
pois caso a formação não fosse competente e a rocha fraturasse, devido a esta ser
exposta a uma pressão elevada, isto poderia acabar danificando o CSB instalado na
base da formação. Caso ocorra a fratura na rocha, a recomendação do SGIP
garante uma proteção natural advinda da formação ser impermeável garantindo
assim maior prevenção quanto ao vazamento de fluido. A situação adversa à
descrita no SGIP levaria a ocorrer fluxo descontrolado de fluido para o meio
ambiente como mostra a figura 4.

Matheus Medeiros de Azevedo 30


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Figura 4: Vazamento de fluido em caso de formação permeável ou não competente, adaptado de


NORSOK (2011)

Tanto o regulamento técnico como a diretriz adotam a premissa de que são


necessárias duas barreiras de segurança de poço ou CSB em cada caminho e que
estes devem ser independentes, ou seja, o funcionamento de cada um deles não
dependa de componentes em comum, isto para garantir que em caso de falha de um
dos elementos, o outro possa garantir a segurança da operação, portanto, apenas a
premissa de garantir duas barreiras de poço em cada caminho não dá total garantia
da sua integridade. Existem muitos atalhos entre os caminhos descritos no capítulo
anterior por onde poderia haver possibilidade de vazamento de fluido, como por
exemplo, uma falha na cimentação em frente a rocha selante ou um furo no
revestimento, e estes caminhos são de difíceis de se mapear ou prever. Porém,
tanto a visão da NORSOK D-010 como o conceito de conjunto solidário de barreira
garantem maior segurança operacional.

Matheus Medeiros de Azevedo 31


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Uma operação durante os ciclos de vida de poço é considerada segura


quando houver duas barreiras ou CSB independentes e testados. Tanto o SGIP
como a NORSOK D-010 exigem a verificação das barreiras, realizando a
comprovação de cada elemento por meio de avaliação que é feita após a instalação
ou por observações registradas durante a sua instalação. Esta verificação se divide
em dois tipos de processo:

 Confirmação: Os elementos da barreira ou CSB são verificados por meio de


avaliação de dados registrados durante e/ou após a sua instalação (SGIP,
2016).

 Teste: Os elementos da barreira ou CSB são verificados através de ensaio de
pressão (teste de vazamento) no sentido do fluxo, onde eles são submetidos
a um diferencial de pressão igual ou maior em relação à máxima prevista no
projeto do poço. Caso o teste desta maneira seja impraticável, então ele pode
ser realizado no sentido contrário, contato que o elemento de barreira de poço
seja construído para vedar em ambas as direções de fluxo (SGIP,2016).

Diferentemente do SGIP, a NORSOK D-010 especifica como a documentação


de teste de verificação de barreira de poço deve ser caracterizada. Nesta deve
conter:
 Tipo de teste,

 Fluido de teste,

 Pressão de teste,

 Componentes e sistemas testados,

 Estimativa do volume do sistema pressurizado,

 Volume bombeado e retornado,

 Tempo de teste e dados.

Matheus Medeiros de Azevedo 32


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Ambos os regulamentos exigem ainda que o poço esteja em condição de


segurança quanto a integridade e que uma das barreiras de segurança contenha
elemento(s) que possuam capacidade de cortar tubulares, cabos ou quaisquer
ferramentas que possa penetrar na barreira e que possam garantir a vedação do
poço após o corte. Este caso se aplica a perfuração de poços em que o BOP é um
elemento de barreira ou no caso do BOP de arame em operações do tipo wireline ou
slickline.

Caso algumas das condições de segurança descritas acima não possam ser
atendidas, ambos os regulamentos exigem uma avaliação de risco e a
implementação e documentação dos planos e das medidas corretivas de forma a
reduzir o risco a nível ALARP. Tanto a NORSOK como a ANP não explicitam
nenhum método para se realizar tal avaliação, deixando a critério das empresas
adotarem a melhor metodologia diante análise de uma equipe técnica capacitada.

Portanto, a partir da análise realizada é perceptível que tanto o regulamento


técnico da ANP como a diretriz norueguesa tratam de conceitos iguais entre barreira
de poço e conjunto solidário de barreira, desta forma, ambas garantindo a
integridade de poço de uma forma contínua de acordo com as melhores práticas da
indústria petrolífera e é perceptível também que a NORSOK D-010 por ser
apresentar como uma diretriz é mais específica em seus detalhamentos, enquanto
que o SGIP por ser um regulamento técnico se apresenta de forma mais objetiva e
dando maior liberdade a empresa para gerir seu projeto, mediante o estabelecimento
de uma avalição de risco.

Matheus Medeiros de Azevedo 33


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

4–PROJETO DE POÇO

4.1-DEFINIÇÕES

Para o propósito deste trabalho são adotadas as seguintes definições:

 Mitigação: Ato que provoca limitação ou redução das chances de ocorrência


ou da expectativa da consequência para um determinado evento.

 Kick: Fluxo indesejado da formação para o poço devido a um diferencial de
pressão que favorece o fluxo no sentido da formação para o poço.

 Poços de alívio: São poços que tem por objetivo realizar controle do poço em
subsuperfície por meio da interceptação do poço em condição de blowout com a
injeção de um fluido de amortecimento.

4.1.1- POÇOS CRÍTICOS

No SGIP não está explicita a definição de poços críticos.Com o objetivo de


direcionar o envio das informações referentes a projetos de poços offshore e
onshore considerados críticos, foi enviado pela ANP um ofício circular de nº
004/SSM/2015, aos concessionários com os critérios de referencia para criticidade
de poço, aonde este deve atender a pelo menos um dos critérios descritos abaixo e
como pode ser visto a partir da figura 5 :

 
 Para todos os projetos de poços marítimos e terrestres:
 Poço que necessita de Autorização de Início de Atividade
Antecipada (DAIA)
 
 Para todos os projetos de poços marítimos:
 Primeiro poço de uma nova DSO (Documentação de Segurança
Operacional) de uma unidade de perfuração marítima submetida
para a aprovação da ANP.
 
 Para projetos de perfuração de poços marítimos :
 Pressão máxima de poros no reservatório acima de 14000 psi.

 Temperatura no reservatório acima de 150 º C.
Matheus Medeiros de Azevedo 34
Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

 Janela operacional menor que 1lb/gal em qualquer fase do poço,


a partir do assentamento do BOP( blow out preventer).

 Teor de CO2 acima de 50%.

 Teor de H2S acima de 100 ppm.

 Densidade do fluido de perfuração maior que 14 lb/gal, a partir
do assentamento do BOP.

 Previsão de perdas severas maiores que 40 bbl/hr para a
formação em fases que contenham hidrocarboneto.

 Influência de injetores na pressão de poros do trecho a ser
perfurado.

 Presença de Shallow hazards, onde existem de seis tipos,
sendo elas: gás raso, falha geológica próximo a superfície, força
dos sedimentos, rios velhos e geleiras, anomalias submarinas e
objetos feitos pelo homem.

 
 Para projetos de avaliação ou completação de poços marítimos:
 Pressão máxima de poros no reservatório acima de 14000 psi.

 Temperatura no reservatório acima de 150 ºC.

 Teor de CO2 acima de 50 %.

 Teor de H2S acima de 100 ppm.

 Previsão de perdas severas maiores que 40 bbls/hr para a
formação em fases que contenham hidrocarbonetos.

 Influência de injetores na pressão de poros do trecho a ser
completado/avaliado.

 Pressão na superfície acima de 5000 psi.

 Pressão de fraturamento na superfície acima de 10.000 psi.

Matheus Medeiros de Azevedo 35


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

Figura 5: Planilha de avaliação de criticidade de poço, ANP (2016).

A NORSOK também não trata do conceito de poço crítico de uma forma


explícita, porém implicitamente, pode-se iniciar um modelo base a partir dos pré-
requisitos estabelecidos abaixo coletados na NORSOK D-010 :
 Enfraquecimento ou falha da barreira de poço ou de um de seus
elementos;

 Alta probabilidade de exceder o limite operacional dos equipamentos de
controle de poço e outros equipamentos críticos;

-6
 Teor de H2S no ar ultrapassa a concentração de 10x 10 num tempo
-6
médio ou leitura instantânea de 20 x 10 por um período máximo de 10
minutos;

 Teor de hidrocarboneto gasoso no ar exceder o limite especificado em
NORSOK S-011;

 Conteúdo de gás H2S de fluidos ou gases excede o limite operacional dos
equipamentos de controle de poço ou outros equipamentos críticos;

 Teor de CO2 no ar ultrapassa a concentração do alarme de baixo nível de
-6 -6
gás de 5000x 10 ou leitura instantânea de 15000 x 10 ;
 Teor de CO no ar ultrapassa a concentração do alarme de baixo nível de
-6 -6
gás de 30x 10 ou leitura instantânea de 200 x 10 .
Matheus Medeiros de Azevedo 36
Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

4.2- ANÁLISE COMPARATIVA

Ambas as normas exigem que sejam estabelecidos e documentados manuais


e procedimentos para o desenvolvimento do projeto que estejam em conformidade
com os requisitos legais, garantindo dessa forma o cumprimento da finalidade do
poço e a sua integridade durante todas as suas fases de vida.

Num comparativo rápido entre o capítulo 4 da NORSOK D-010 no subitem


4.7.1 e o capítulo 10 no requisito 10.1.2 DO SGIP, é notório que tanto o regulamento
técnico como a diretriz passam toda a responsabilidade ao operador do contrato,
entretanto, uma prática recorrente na Noruega conforme citado no artigo Review and
Comparison of Petroleum Safety Regulatory Regimes for the Commission Energy
Regulation, é a exigência da verificação do projeto por terceiros, mesmo com o
envolvimento de um grande contingente de pessoas no processo de avaliação de
projeto, buscando tornar a avaliação mais independente. Da mesma, apesar de o
SGIP passar a maior parte da responsabilidade para o operador do contrato, exige o
envolvimento das contratadas na realização das atividades do poço bem como em
seu planejamento, garantindo maior conformidade com as melhores atividades
desenvolvidas pela indústria.

A NORSOK exige que seja desenvolvido e estabelecido um projeto base,


constando como uma documentação contendo:

 Estado atualizado do poço;



 Objetivo do poço;

 Temperatura, pressão de poros e prognóstico da resistência da formação,
incluindo incertezas;

 Requerimentos de projeto das fases de vida do poço, incluindo cenários de
abandono;

 Prognóstico da geologia com expectativa da estratigrafia e litologia do poço,
incluindo incertezas;

 Riscos potenciais que possam causas perda da integridade de poço;

Matheus Medeiros de Azevedo 37


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

 Descrição dos fluidos da formação;



 Trajetória do poço, alvo e análise de anti-colisão de poços;

 Resumo dos dados de poços de referência e retorno da experiência;

 Segurança da vida humana, ambiente de trabalho e do ambiente marinho
devem ser consideradas com relação à seleção do tipo de fluido de trabalho e
seu descarte.

O SGIP não discorre em seu regulamento técnico de forma mais detalhada


sobre a implementação de um projeto base de poço que possibilitasse maior
conformidade entre os projetos desenvolvidos, facilitando assim sua avaliação pelo
gestor do projeto, no entanto, de uma visão mais abrangente da prática de gestão
nº10, pode-se notar que ao longo dos quesitos ele discorre sobre quesitos que
possam vir a modelar um projeto base:

 Possa ser controlado em caso de Kick ou blowout;



 Possa ser abandonado conforme o SGIP;

 Os potenciais impactos aos seres humanos e ao meio ambiente sejam
minimizados;

 Suporte os efeitos oriundo dos fluidos de reservatório, devido a sua
composição química;

 Promova o isolamento entre aquíferos e zonas produtoras de petróleo ou
fluidos distintos, de forma a evitar influxo indesejado.

Ambas as normas exigem uma avaliação de risco que devem ser


desenvolvidas nos seguintes casos:
 Operações de risco;

 Mudanças nas condições atuais das operações projetadas e seus métodos;

 Operações envolvendo novas tecnologias ou modificação do equipamento;

Deve ser realizada diante destes casos uma análise de risco para poder
estabelecer medidas mitigatórias de forma a reduzir o risco ao nível ALARP. A
NORSOK Z-013 descreve uma metodologia para auxílio à realização de tal análise,

Matheus Medeiros de Azevedo 38


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

enquanto que as normas regulamentadas pela ANP deixam a critério do operador do


contrato a identificação do melhor método de avaliação por meio de metodologias
reconhecidas e com resultados devidamente documentados.

Ambas as normas exigem uma avaliação de possíveis cenários de cargas


para os equipamentos críticos instalados ou usados no poço e que estes sejam
dimensionados para resistir aos efeitos térmicos, tração, tensão de ruptura, cargas
tri-axiais, corrosão bem como a combinação destes efeitos ao longo das etapas do
ciclo de vida do poço. A NORSOK estabelece que para cálculo de carregamentos
nas tubulações e também nas suas devidas classificações, a probabilidade de falha
–3,5
seja menor que 10 , enquanto que o SGIP não especifica nenhum valor, deixando
dessa forma, o critério de aceitabilidade do projeto na responsabilidade do operador
do contrato.

O Regulamento Técnico de Sistema de Gerenciamento de Integridade de


Poço (SGIP) dá uma atenção específica no subitem 10.1.2.7 para poços críticos,
determinando a descrição de pré-projetos e análise risco dos poços de alívio, no
mínimo as informações a seguir:
 Estimativa da vazão máxima do blowout do poço;

 Quantidade de poços de alívio para controlar o poço;

 Locação das cabeças dos poços de alívio;

 Requisitos de sonda(s) habilitada(s) para a perfuração dos poços de alívio.

Na NORSOK não há especificidades a respeito do desenvolvimento de


alguma documentação referente a poços críticos, no entanto ela traça um plano de
esboço para análise de risco de poços de alívio, onde determina além das
características descritas acima pelo SGIP, a adição de:
 Identificação de no mínimo 2 locais para perfuração de poços de alívio,
incluindo interpretação sísmica do poço;

 Identificação do método de amortecimento de poço preferível baseado na
vazão de blowout, o qual deve ser iniciado o mais rápido possível;

 Capacidade de bombeamento;

Matheus Medeiros de Azevedo 39


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

 Implementação de um método alternativo de amortecimento de poço para o


caso de falha do primeiro.

O SGIP no subitem 10.1.2.2 avalia o revestimento do poço, onde determina


que deve-se analisar a adequação das profundidades de assentamento dos
revestimentos, na contra partida que na NORSOK se apresenta um projeto base
muito mais detalhado para revestimentos, onde inclui:
 Planejamento da trajetória de poço e estresses de flexão;

 Adequação das profundidades de assentamento dos revestimentos;

 Estimativa da temperatura, pressão de poros desenvolvida e da resistência da
formação;

 Programa de cimentação e fluidos de perfuração;

 Estimativa de cargas induzidas durante as operações e estimativa do
desgaste do revestimento;

 Considerações metalúrgicas e potencial de produção do poço em H2S e CO2;

 Requerimentos do projeto de completação.

Visto isto é válido dizer que o SGIP poderia reescrever este item de forma a
projetar melhor os revestimentos com maior riqueza de detalhes, dando assim maior
consonância entre os projetos desenvolvidos no país. Para ambos os regulamentos
é aconselhável a adição de co-requisitos que descrevam os métodos de preparação
de superfície, estabelecimento de testes bem como realização de avaliações e
procedimentos de reparo.

Tanto o regulamento técnico brasileiro como a diretriz norueguesa exigem a


preparação de um documento de programa de poço, ou programa de atividades
como é designado pela NORSOK D-010, onde toda a responsabilidade de
desenvolvimento fica a cargo do operador do contrato. O SGIP não apresenta em
seu regulamento um período máximo para atualização do programa e do projeto do
poço da mesma forma que a NORSOK D-010, pois a filosofia do regulamento
técnico brasileiro é de que as contratadas junto com o operador gerenciem seu
projeto mediante análise de risco, dando desta forma total credibilidade a elas.

Matheus Medeiros de Azevedo 40


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

5-PERFURAÇÃO

5.1-DEFINIÇÕES

Para propósito deste trabalho são adotadas as definições a seguir:

 Força de trabalho: Todo o pessoal envolvido na gestão da integridade de


poços, podendo ser empregados do operador do contrato ou das
contratadas;

 Modelo de avaliação de risco: Documento estabelecido para reger diretrizes
e implementação de ações onde existe a possibilidade de perda da
segurança do poço;

 Critério de aceitação de barreira de poço: Critérios que estabelecem a
adequação para uso das barreiras de poço;

5.2-ANÁLISES COMPARATIVA

Ambas as cláusulas presentes no capítulo 5 da NORSOK e na prática de


gestão número 10 no subtópico 10.2, apresentam o objetivo garantir o
estabelecimento das atividades de integridade de poço nesta fase de uma maneira
segura.

A NORSOK D-010 apresenta esquemas de barreira de poço que são


desenvolvidos para auxiliar na conformidade entre os projetos, onde nestes estão
presentes as representações para vários cenários típicos da fase de perfuração,
como por exemplo, retirada de testemunho, perfilagem a cabo, descida de
equipamentos de perfuração não cisalháveis, entre outras atividades. Nestes
esquemas são estabelecidas e identificadas as barreiras primárias e secundárias
para cada cenário, como pode ser visto como exemplo na figura 6 e na tabela 4.

Matheus Medeiros de Azevedo 41


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Figura 6: Esquema de barreira de poço para cenário de perfuração, testemunhagem e descida da


coluna com equipamento de perfuração cisalhável, adaptado de NORSOK (2004).

Tabela 4: Descrição das barreiras e seus elementos para cenário de perfuração, testemunhagem e
descida da coluna com equipamentos de perfuração cisalháveis, adaptado de NORSOK (2004).
Elemento de barreira de poço Comentários

Primeira barreira de poço

Coluna de fluido

Barreira secundária de poço


Cimentação do revestimento

Revestimento Configuração do último revestimento

Cabeça de poço

Riser de alta pressão

BOP

O SGIP não apresenta em seu regulamento técnico tais esquemas, então é


recomendável que se possível este seja revisado e seja feita a implementação
destes esquemas para que os operadores do contrato bem como as contratadas
sejam auxiliados no estabelecimento das barreiras de segurança, como também,
para que os projetos desenvolvidos estejam em maior consonância. Desta forma
Matheus Medeiros de Azevedo 42
Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

permitindo maior controle quanto ao estabelecimento das barreiras e um


gerenciamento de integridade mais prático para o operador do contrato, contratadas
e suas respectivas forças de trabalho.

Tanto a NORSOK como o SGIP se preocupam com as cargas as quais os


equipamentos estão submetidos, porém percebe-se a necessidade no SGIP de um
maior detalhamento por parte dos critérios de avaliação e descrição destas, visto
que na NORSOK D-010 está presente um anexo trazendo os principais cenários de
carregamentos possíveis, bem como um quesito abordando fator de projeto mínimo
para cada caso, de tornando possível o cálculo das cargas, tornando dessa forma
muito mais prática a acessibilidade de tal informação para a força de trabalho e para
o gestor do projeto de integridade na fase de perfuração.

É notório que tanto o SGIP como a NORSOK D-010 reforçam sua


preocupação para casos em que estas consideram os poços com provável
ocorrência de cenários perigosos, como é visto na NORSOK no quesito 5.7.2 a
exigência da elaboração de um modelo de avaliação de risco para os casos de gás
raso, bem como o estabelecimento das ações necessárias para mitigar ou prevenir
eventuais consequências. Enquanto que o SGIP no subquesito 10.2.2.2 exige que o
operador do contrato, sempre que for tecnicamente viável, garanta uma avaliação e
o monitoramento contínuo para poços onshore considerados críticos e poços
offshore.

A NORSOK apresenta um programa de treinamentos para a equipe técnica


para operações de perfuração, como para casos de Kick, presença de H 2S, poços
com presença de gás raso, entre outros casos. Nesta tabela são apresentadas a
frequência com que devem ser realizados os treinamentos bem como seus objetivos
e observações pertinentes para seu desenvolvimento. Enquanto que o regulamento
Técnico de Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poço (SGIP) apresenta
uma filosofia não tanto descritiva como a NORSOK, dando credibilidade a empresa
para gerir seu programa de treinamento e atividades relacionadas a perfuração de

Matheus Medeiros de Azevedo 43


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poços, mediante apresentação da devida análise de risco documentada e aprovada


por alguém de nível hierárquico superior aos responsáveis pela elaboração.
6– PRODUÇÃO

6.1 – DEFINIÇÕES

Para propósito deste trabalho são adotadas as definições a seguir referentes


a fase de vida da produção de poço baseadas no Regulamento Técnico do Sistema
de Gerenciamento de Integridade de Poço e na NORSOK D-010.

 Anular do poço: São os espaços vazios existentes entre quaisquer


tubulação, tubo ou revestimento e comumente são designados três
tipos:


Anular A: 
Espaço anular entre tubulação e o revestimento de
 produção;

 entre o revestimento de produção e o
Anular B: Espaço anular
revestimento anterior;
 
Anular C: Espaço anular externo ao anular B.

Figura 7: Esquema das regiões anulares do poço.

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6.2-ANÁLISE COMPARATIVA

A partir da análise da cláusula 8 da NORSOK D-010 e do subcapítulo 10.3 do


SGIP, ambos tratando da fase de produção do poço, é notória a importância da
necessidade do regulamento técnico brasileiro em estabelecer o desenvolvimento de
esquemas de barreira de segurança bem como um tópico abordando os critérios de
aceitação dos principais elementos constituintes dos conjuntos solidário de barreiras
(CSB) para os principais cenários da fase de produção de um poço, explicitando o
CSB primário e secundário para facilitar e auxiliar a gestão do projeto pelo operador
do contrato bem como pela força de trabalho. Em caso de haver elementos comuns
entre os CSB, o SGIP deve explicitar a necessidade de estabelecer, documentar e
implementar procedimentos operacionais para mitigar o risco a nível ALARP.

É verificada a partir da concordância entre o SGIP e a NORSOK D-010, o


quão importante é a implementação do gerenciamento das pressões dos anulares,
pois normalmente o projeto baseia o estabelecimento do sistema de proteção (como
por exemplo, a válvula de segurança de subsuperfície ou down hole safety valve) de
um poço em produção, para o sentindo do fluxo (anular para a coluna). Pode-se
verificar a importância de tal monitoramento, por exemplo, no caso de ocorrer a falha
em um packer, onde a pressão da coluna de fluido no anular irá atuar diretamente na
cabeça do poço, sendo que agora existe apenas uma barreira de segurança neste
caminho adequada ao uso, sendo esta a válvula do anular. Então caso haja um
monitoramento adequado, o incremento de pressão na cabeça do poço poderá ser
identificado, dessa forma podendo indicar a perda ou falha de um elemento de
barreira e o seu restabelecimento. Como já foi estabelecido no capítulo 3, é
importante que hajam sempre duas barreiras de poço independentes e em bom
estado funcional para manter os riscos, sempre que possível, nos menores níveis
possíveis, logo é de grande importância para o desenvolvimento de esquemas de
barreira de poço o gerenciamento das pressões nos anulares.

Tanto a NORSOK D-010 e o SGIP estabelecem que deve haver a atualização


e a passagem da documentação de entrega de poço (Well Handover) da equipe de
Matheus Medeiros de Azevedo 45
Trabalho de Conclusão de Curso – CEP/UFRN

construção para a equipe de produção, ambos explicitam claramente os requisitos


mínimos necessários para garantir a segurança operacional e eficiência de
desempenho, pois apresentam clareza de informações em suas documentações
para auxílio do operador do contrato e da gestão das atividades realizadas pelo
responsável técnico pela fase de produção do poço.

De forma a garantir maior riqueza de detalhes em seu regulamento técnico


para com o operador do contrato, bem como garantir um melhor gerenciamento da
segurança operacional do poço, o SGIP poderia implementar itens abordando os
principais problemas que possam vir a ocorrer durante essa fase de vida do poço
(produção de areia, hidratos, asfaltenos, elevada razão gás-óleo, entre outros),
contendo requisitos e recomendações consideradas pertinentes, desta forma então
garantindo melhor controle das zonas produtoras e assegurando melhor
gerenciamento da integridade de poço.

7– ABANDONO

7.1 - DEFINIÇÕES

Para propósito deste trabalho são adotadas as definições a seguir referentes


à fase de vida de abandono do poço :

 Tampão de cimento: É um determinado volume de pasta de cimento


bombeado para o poço com o objetivo de tamponar um determinado
trecho específico;

 Cabeça de poço: É a parte do poço constituída de diversos
equipamentos que permitem a ancoragem e vedação das colunas de
revestimento na superfície;

 Múltiplas zonas de reservatório: Situação em que há a existência de
mais de uma zona produtora.

Matheus Medeiros de Azevedo 46


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7.2 – ANÁLISE COMPARATIVA

Assim como foi indicado nos outros capítulos, a partir da análise do SGIP e da
NORSOK D-010, é notória a importância do primeiro em estabelecer a necessidade
do desenvolvimento de esquemas de barreira de segurança para demonstrar de
forma prática a presença dos CSB primário e secundário para os principais cenários
e operações que envolvem a fase de abandono de poço, permitindo ter-se uma base
de projeto para o estabelecimento dos CSB para os casos reais envolvendo as
operações ou atividades realizadas no poço.

O SGIP, assim como a NORSOK D-010 explicita a necessidade do


desenvolvimento de treinamento e procedimentos para controle de poço, porém a
norma norueguesa apresenta uma abordagem mais descritiva, apresentando um
quadro de treinamento para os principais cenários que envolvem esta fase de vida
do poço, como por exemplo, o corte do revestimento, a reentrada em poços
abandonados temporariamente, perda de CSB durante a realização de um teste de
fluxo, entre outros, enquanto que o SGIP deixa a critério das empresas a gerencia
do treinamento da força de trabalho e de sua formação acadêmica.

7.2.1- Abandono Temporário de poços

É importante o estabelecimento de diretrizes e recomendações referentes a


abandono temporário de poços de forma a tentar garantir a volta às operações de
uma maneira segura, mantendo a integridade física do poço, a segurança do
ambiente e da vida humana.

É notória a importância da avaliação do revestimento para casos de


abandonos por longos períodos, pois é um material que está exposto a muitas
cargas e pode se degradar e acabar comprometendo a integridade do poço, pois
tanto a NORSOK D-010 como o SGIP apresentam um quesito explicitando a
necessidade do estabelecimento um programa de inspeção visual no entorno do
poço, de forma a garantir o monitoramento da condição de segurança deste.

Matheus Medeiros de Azevedo 47


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Ambas as normas programam em seu regulamento a necessidade da


preservação da integridade da cabeça de poço, dada a sua devida importância, pois
a partir do seu conjunto de equipamentos, esta pode prover vedação das colunas de
revestimento, suporte de cargas e o fechamento do poço no caso de um fluxo
indesejável de fluido por meio do BOP instalado sobre a cabeça de produção, sendo
que a norma norueguesa dá um enfoque maior a poços submarinos, pois grande
parte destes são offshore, presentes no Mar do Norte e no Mar da Noruega.

7.2.2- Abandono Permanente de poços

Tanto o SGIP como a NORSOK D-010 apresentam em suas normas a


necessidade do estabelecimento de, no mínimo, uma barreira ou CSB permanente
de forma a prevenir fluxo cruzado de fluido entre as formações com potencial de
fluxo ou de intervalos sobrepressurizados, porém como já foi supracitado, a maioria
dos casos reais irão exigir, pelo menos, duas barreiras de poço independentes em
cada caminho para mantê-lo numa condição segura.
Dessa forma está explicito em ambas as normas que as barreiras de
segurança ou CSB permanentes são partes primordiais para garantir a integridade
do poço e se mostram componentes que devem ser projetados de forma minuciosa,
devendo atender no mínimo aos quesitos descritos abaixo:

 Impermeáveis;

 Propriedade de vedação que não deteriorem ao longo do tempo;

 Tenham propriedades mecânicas adequadas para acomodação de
cargas a que estarão sujeitas, como por exemplo, ductilidade,
resistência a corrosão, entre outras;

 Resistam aos diferentes fluidos da formação (H2S, CO2,
hidrocarbonetos, entre outros);

 Sejam aderentes aos revestimentos e formações no seu entorno;

 Capazes de não sofrer contração que comprometam sua integridade.

Matheus Medeiros de Azevedo 48


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É notória a preocupação de ambas as normas com as barreiras de poço e


seus estabelecimentos bem como de seus critérios de aceitação, entretanto a
NORSOK D-010 explicita uma maior riqueza de detalhes e objetividade de
informações, recomendações e diretrizes, além de buscar tornar o projeto muito
mais prático. Uma observação muito interessante para tal simplificação de projetos
para estabelecimento das barreiras de segurança é apresentada pela norma
norueguesa, onde esta define que na presença de múltiplas de zonas portadoras de
fluido, os intervalos situados em um mesmo regime de pressão, podem ser
considerados como um reservatório único, havendo a necessidade de estabelecer
uma barreira primária e uma secundária como demonstra a figura 8, onde vê-se no
gráfico que as zonas que apresentaram comportamento semelhante na curva de
pressão foram designadas como um reservatório unificado, portanto isto poderia ser
explicito no SGIP de modo a garantir maior praticidade aos projetos de integridade
de poço.

Figura 8: Situação de múltiplas zonas produtoras, adaptado de NORSOK (2004).

Matheus Medeiros de Azevedo 49


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Tanto a NORSOK D-010 como o SGIP estabelecem medidas de segurança


para garantir uma operação eficiente de abandono permanente de poço, buscando
concretizar este objetivo por meio do estabelecimento de conjuntos solidários de
barreira ou barreiras de poço permanentes bem como monitoramento de seus
principais parâmetros de forma a garantir o seu uso adequado. Entretanto, é
recomendável que o SGIP programe um tópico abordando situações de riscos
presente nas operações de abandono, de forma a garantir maior auxílio e clareza de
informações ao gestor do contrato da mesma forma que a norma norueguesa
explicita para tentar garantir que não hajam brechas para perda da integridade do
poço.

Matheus Medeiros de Azevedo 50


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8–CONCLUSÃO

Neste trabalho foi realizada uma análise comparativa entre o Regulamento


Técnico de Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poço (SGIP) e a NORSOK
D-010, bem como recomendações que podem ser implementadas por ambas as
normas, para os temas: Barreira de poço e conjunto solidário de barreira, projeto de
poço, construção de poço, produção e abandono. Todos os procedimentos,
operações e atividades do setor petrolífero brasileiro e norueguês devem seguir as
diretrizes e recomendações estabelecidas por ambas as normas para garantir que
as tarefas realizadas estejam de acordo as melhores práticas industriais de ambos
os países. Sendo assim, é de suma importância a comparação entre os principais
pontos do Regulamento Técnico brasileiro e da diretriz norueguesa, abordando as
semelhanças e as diferenças para que possam ser propostas melhorias na
confecção de ambos os regulamentos quando futuras revisões forem realizadas.

É notório que ambas as normas apresentam pontos semelhantes, pois elas


possuem o mesmo objetivo de manter a integridade de poço através do
estabelecimento de barreiras de segurança ou CSB e monitoramento de parâmetros
operacionais, porém existem alguns pontos em que os conceitos ou diretrizes se
mostram diferentes e ainda quesitos presentes em uma norma e que sejam
considerados relevantes, mas que não é explicitado pela outra devido a diferença de
filosofias presentes entre elas. A NORSOK apresenta uma abordagem mais
descritiva, o que acarreta no modo de gerenciar as ações de planejamento e projeto
de uma empresa, pois todas elas terão de seguir a mesma prescrição da NORSOK
D-010.

Desta forma as empresas podem não apresentar um diferencial competitivo


no mercado mantendo o mesmo requisito de segurança, devido justamente a
uniformidade dos projetos existentes pela filosofia da norma norueguesa. Já o SGIP
apresenta uma abordagem mais abrangente, permitindo que a empresa gerencie
seu projeto mediante sua própria análise de risco e planejamento, dessa forma,

Matheus Medeiros de Azevedo 51


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dando também mais responsabilidades ao operador do contrato e para as


contratadas.

Pode-se recomendar para o SGIP a implementação de alguns tópicos para


suas práticas de gestão nº10 que abordam os ciclos de vida do poço, de forma a
tentar garantir maior objetividade e clareza nos detalhes, como demonstrado abaixo:

 Exposição dos principais riscos inerentes às operações desenvolvidas


durante estas fases;

 Demonstrar esquema de barreira de poço para os principais cenários,
de modo a garantir uma orientação mínima ao projeto;

 Implementar em seu regulamento técnico um projeto base para cada
fase de vida do poço.

A NORSOK D-010 apresenta uma riqueza e clareza de detalhes e


informações pertinentes para melhor desenvolvimento do poço, bem como uma
estrutura organizacional mais prática abordando as principais práticas de gestão
explicitadas no SGIP dentro de suas cláusulas que envolvem cada fase de vida de
poço ou operações pertinentes à indústria. No entanto recomenda-se a norma
norueguesa a implementação de:

 Uma cláusula de preservação ambiental de forma a auxiliar e garantir à


estatal a conformidade necessária com as melhores práticas
recorrentes na indústria quanto a gestão dos materiais, equipamentos
e resíduos resultantes dos poços e também com as autorizações
advindas dos devidos órgãos ambientais;

 Explicitar de forma mais objetiva os principais fatores para que um
poço possa ser considerado como crítico;

 Uma cláusula abordando recomendações mínimas quanta à fase de
intervenção do poço.

Matheus Medeiros de Azevedo 52


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Portanto a partir da análise de cada regulamento, é notório que tanto o


regulamento técnico brasileiro como a diretriz norueguesa se preocupam em manter
a integridade do poço atendendo as melhores práticas presentes na indústria
petrolífera, e que apesar das diferentes filosofias , de uma certa maneira, elas
podem se complementar, apresentando uma visão mais ampla à respeito de
integridade de poço.

Matheus Medeiros de Azevedo 53


Trabalho de Conclusão de Curso - CEP/UFRN

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Matheus Medeiros de Azevedo 55

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