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PRÁTICA SIMULADA V (CÍVEL) - CCJ0151

Estudo de Caso 14
CASO CONCRETO: (2008.3 - Exame da Ordem - Prova prático-profissional - Direito
Administrativo) Adaptado
Em 20/01/2016, foi instaurado procedimento administrativo disciplinar, por portaria
publicada no DOU, com descrição suficiente dos fatos, para apurar a conduta de Humberto,
servidor público estável, residente em Brasília, no Distrito Federal, que teria, de forma ilegal,
favorecido várias prefeituras que, embora em desacordo com as disposições da Lei de
Responsabilidade Fiscal, teriam voltado à situação de aparente legalidade para receberem
verbas públicas.
A comissão encarregada do processo disciplinar, designada pela autoridade competente, foi
composta pelos seguintes servidores, todos de nível hierárquico superior ao do indiciado:
Ana Maria, admitida, por concurso público, em 20/08/2003, Geraldo, admitido por concurso
público em 14/02/2004, e Cássio, não-concursado, que exerce, desde 20/06/2000, cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
O feito foi regularmente conduzido, tendo sido garantidos o contraditório e a ampla defesa.
O julgamento foi realizado em tempo hábil, segundo a legislação que rege a matéria, sendo
acolhidas as conclusões da comissão. Ao final, em ato do ministro do Trabalho e Emprego,
por meio da Portaria n.º 123, de 09/03/2016, publicada no DOU de 10/04/2016, Humberto
foi demitido do cargo público de administrador.
Em razão disso, impetrou, no prazo legal e no juízo competente, mandado de segurança, com
pedido de liminar, aduzindo, com a devida fundamentação, que o ato de demissão seria
inválido. A autoridade impetrada sustentou, nas informações, a impossibilidade de alteração
do mérito administrativo pelo Poder Judiciário, sob pena de violação ao princípio
republicano da separação de poderes.
A liminar foi indeferida e a ordem foi denegada após regular processamento. A decisão foi
publicada em 13/02/2017, uma segunda-feira. Em face dessa situação hipotética, redija, na
qualidade de advogado(a) contratado(a) por Humberto, a peça processual cabível à espécie,
datando-a no último dia do prazo.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Processo nº: …

HUMBERTO…, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu


advogado que esta subscreve, instrumento de mandato anexo, com endereço
profissional na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado..., local indicado para receber as
devidas informações nos termos do artigo 77, inciso V do Código de Processo Civil,
vem perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 102, inciso II, alínea “a”, da
Constituição Federal, interpor o presente

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

contra o acórdão de folhas nº..., proferido por esse Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do Mandado de Segurança..., impetrado contra ato do Ministro de
Estado do Trabalho e Emprego.

Requer que seja recebido e processado o presente recurso, desde já


encaminhado as razões de fato e de direito, comprovando-se o preparo, para ser
remetido ao Supremo Tribunal Federal.

Termos em que pede deferimento.

Brasília, Distrito Federal, 06 de março de 2017.

Assinatura...
Advogado/OAB nº...
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Recorrente: HUMBERTO
Recorrida: UNIÃO FEDERAL
Processo nº...

Egrégio Supremo Tribunal Federal,


Colenda Turma,
Ínclitos Ministros,
Douta Procuradoria da República.

O Recorrente, não se conformando com o acórdão de fls. …, que julgou o


Mandado de Segurança, vem, respeitosamente, apresentar as razões do presente
recurso extraordinário constitucional.

I – DOS FATOS

O recorrente, servidor público estável, foi demitido do cargo público de


administrador, através da Portaria n. 123, de 09/03/2016, publicada no DOU de
10/04/2016, por ato do Ministro do Trabalho e Emprego, tendo como motivação o
fato de que teria, de forma ilegal, favorecido várias prefeituras, que, embora em
desacordo com as disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal, teriam voltado à
situação de aparente legalidade para receberem verbas públicas.
Em razão disso, impetrou, no prazo legal, junto ao Superior Tribunal de
Justiça, mandado de segurança, com pedido de liminar, aduzindo, com a devida
fundamentação, que o ato de demissão seria inválido, tendo em vista irregularidade
na formação da comissão encarregada do processo disciplinar, o que afronta a Lei
8.112/90.
Em acórdão, o STJ denegou a segurança pleiteada, por essa razão o
recorrente maneja o presente recurso ordinário, sustentando, nas informações, a
impossibilidade de alteração do mérito administrativo pelo Poder Judiciário, sob
pena de violação ao princípio republicano da separação de poderes.
II – DO CABIMENTO DO RECURSO E DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL

Tendo em vista tratar-se de ato de Ministro de Estado, a impetração do


Mandado de Segurança contra o ato de demissão do recorrente dirigiu-se ao
Colendo Superior Tribunal de Justiça por força do artigo. 105, inciso I, alínea “b”,
da Constituição Federal, sendo competente para julgá-lo esse Pretório Excelso:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II – julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o
habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão;

III – DA TEMPESTIVIDADE

Cumpre destacar a tempestividade do presente recurso, uma vez que a


publicação da decisão, ora recorrida, ocorreu em 13/02/2017, conforme certidão de
fl. …, sendo, pois, apresentado o presente recurso no prazo legalmente previsto no
art. 33 da Lei 8.038/90, quer seja, 15 dias.

IV DO DIREITO

Como já demonstrado no Mandado de Segurança proposto contra ato do


Ministro de Estado, o Processo Administrativo Disciplinar do qual resultou a Portaria
de Demissão n. 123, de 09/03/2016, publicada no DOU de 10/04/2016, está eivado
de nulidade.
Analisando os autos do Processo Administrativo Disciplinar verifica-se que a
Comissão responsável pelo processamento foi irregularmente constituída, apesar
de todos os seus componentes serem de nível hierárquico superior ao do
recorrente, conforme segue: Ana Maria, admitida por concurso público em
20/8/2003; Geraldo, admitido por concurso público em 12/2/2004; e Cássio, não
concursado, que exerce, desde 20/6/2000, cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração.
Resta demonstrado que o componente Cássio é servidor público de cargo
em comissão, ou seja, não estável, o que viola o disposto no art. 149 da Lei
8.112/90, quer seja:

Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por


comissão composta de três servidores estáveis
designados pela autoridade competente, observado o
disposto no § 3º do art. 143, que indicará, dentre eles, o
seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

Cabe ressaltar que a inobservância dessa regra acaba por macular também
o respeito ao devido processo legal, lastreado no art. 5°, inciso LV, da CRFB.
Requer-se, portanto, a anulação da Portaria de 09/03/2016, do Processo
Administrativo Disciplinar que lhe deu origem e a imediata reintegração do
recorrente ao cargo anteriormente ocupado.

V – DO PEDIDO

Pelo exposto, o recorrente requer o processamento para dar provimento ao


recurso, para reformar a decisão recorrida, concedendo-se a segurança para a
anulação da Portaria 09/03/2016, do Processo Administrativo Disciplinar que lhe
deu origem e que seja determinada a imediata reintegração do recorrente ao cargo
anteriormente ocupado.

Termos em que pede deferimento.

Brasília, Distrito Federal, 06 de março de 2017.

Assinatura...
Advogado/OAB nº...

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