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Instituto Politécnico Geologia de Saúde

Delegação de Quelimane

Curso Técnico de Enfermagem de Saúde Materno Infantil

Turma: ESMI-10

Tema:

Crianças na idade escolar

Perturbações de Comportamento

Estudantes:

Alzira Caseiro

Elisa José

Estrela Arlindo

Eufrásia Eulipio

Evilisse Anuarite

Joana Augusto

Quelimane, Julho de 2022


Alzira Caseiro

Elisa José

Estrela Arlindo

Eufrásia Eulipio

Evilisse Anuarite

Joana Augusto

Tema:

Crianças na idade escolar

Perturbações de Comportamento

Trabalho de carater avaliativo a ser entregue ao Instituto


Politécnico de Geologia de Saúde no curso de
Enfermagem de Saúde Materno Infantil na cadeira de
Atenção Integrada a Doenças da Infância AIDI sob
orientação da Docente:

Drª. Maria Carolina

Quelimane Julho de 2022


Índice
1. Introdução...............................................................................................................................4

1.1. Objetivos..............................................................................................................................4

1.1.1. Objetivo geral....................................................................................................................4

1.1.2. Objetivos específicos........................................................................................................4

1.2. Metodologia.........................................................................................................................4

2. Crianças na idade escolar........................................................................................................5

2.1. A idade escolar.....................................................................................................................5

2.1.1. Desenvolvimento cognitivo..............................................................................................5

3. Situação da saúde Mental........................................................................................................7

4. Perturbações do comportamento.............................................................................................8

4.1. O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).........................................8

4.4. Causas de TDAH.................................................................................................................9

4.5. Sintomas de TDAH............................................................................................................10

4.6. Diagnóstico de TDAH.......................................................................................................10

4.6.1. Avaliação de um médico.................................................................................................10

4.7. Prognóstico de TDAH........................................................................................................11

4.8. Tratamento de TDAH........................................................................................................11

4.8.1. Modificação do comportamento.....................................................................................11

4.8.2. Controle do comportamento...........................................................................................11

5. Dificuldades de aprendizagem..............................................................................................12

6. Perturbação de ansiedade......................................................................................................13

7. Recusa Escolar......................................................................................................................14

8. Conclusão..............................................................................................................................16

Referências bibliográficas.........................................................................................................17
1. Introdução
Com este trabalho, pretendemos apresentar uma caracterização da criança em idade
escolar e do adolescente, possibilitando uma maior compreensão do desenvolvimento de seus
estudantes, a fim de subsidiar suas ações.

As teorias do desenvolvimento consideram que o comportamento é fruto tanto de


características hereditárias quanto de outras aprendidas no meio ambiente em que vivemos.
Entretanto, algumas dessas teorias divergem quanto à parcela de influência de cada uma
destas fontes. Quando falamos de ambiente, estamos nos referindo às influências da família,
da escola, do bairro, da cultura.

1.1. Objetivos
1.1.1. Objetivo geral
 Compreender no contexto geral aspectos referentes a idade escolar na criança
1.1.2. Objetivos específicos
 Identificar e avaliar a situação da saúde mental;
 Mencionar os tipos de perturbações do comportamento;
 Descrever a perturbação de ansiedade e de humor;
 Indicar as causas do recuso escolar

1.2. Metodologia
Para FONSECA (2002), métodos significa organização, e logos, estudo sistemático,
pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a
serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.
Etimologicamente, significa que o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para
fazer uma pesquisa científica. Para a elaboração deste trabalho, foram usados os manuais
eletrónicos.

No que concerne ao estudo, o mesmo é fundamentado com base na pesquisa bibliográfica, a


partir da leitura de obras teóricas e artigos científicos, no qual, para garantir a confiabilidade
das obras consultadas estão todas citadas nas referências bibliográficas.

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2. Crianças na idade escolar
Conhecer as características de cada etapa do desenvolvimento pode evitar que, ao lidar
com crianças, subestimemos ou exijamos habilidades cognitivas, sociais ou emocionais para
as quais eles ainda não estão preparados.

Constantemente nos deparamos com comportamentos de outras pessoas e nos


perguntamos: “por que ele faz o que faz? Aprendeu ou é uma característica que herdou de
alguém?” É relativamente comum atribuirmos comportamentos à herança, como fazemos com
características físicas, como cor dos olhos, altura ou alguma habilidade. Isso é o que
comumente chamamos de “senso comum”. Mas o que dizem as teorias do desenvolvimento
sobre os comportamentos serem desta ou daquela forma?

Essa relação entre o homem e o meio ambiente é única, o que faz com que sejamos
muito parecidos e, ao mesmo tempo, diferentes. Ainda que se observe algum consenso entre
as teorias quanto a explicações básicas do desenvolvimento humano, cada uma delas se
especifica em seus princípios explicativos. Além disso, os estudos evolutivos têm resultado na
divisão da Psicologia do Desenvolvimento baseada no ciclo vital: Psicologia da Infância,
Psicologia da Adolescência e Psicologia da Velhice, com ênfase nas características próprias
de cada fase.

2.1. A idade escolar


2.1.1. Desenvolvimento cognitivo
Jean Piaget (1896-1980) foi um dos grandes estudiosos do desenvolvimento cognitivo.
Ele parte do pressuposto de que o desenvolvimento mental não pode ser dissociado do
crescimento físico e defende que há um paralelismo entre eles. A inteligência, para Piaget,
modifica-se à medida que a criança se desenvolve e parte de um continuum entre reflexos
biológicos, movimentos espontâneos e hábitos adquiridos, que podemos localizar na fase de
bebê (no período sensório-motor), até alcançar as habilidades de realizar operações abstratas,
características do período operatório formal (final da adolescência).

É, portanto, um processo de conhecimento que tem como material tanto a informação


do meio em que vivemos quanto o que já está registrado na nossa memória, ou seja, a
inteligência se constrói a partir da interação entre o organismo e o ambiente.

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Piaget descobriu que o desenvolvimento da criança pode ser dividido em estágios mais ou
menos delimitados, de forma que um estágio anuncia o posterior, assim como é condição
necessária para ele. Piaget propôs quatro estágios do desenvolvimento cognitivo:

a) o sensóriomotor (de 0 a 2 anos), em que o bebê entende o mundo a partir dos seus
sentidos e das suas ações motoras;
b) o pré-operatório (de 2 a 6 anos), em que a criança passa a utilizar símbolos, classificar
objetos e utilizar lógica simples;
c) o operatório concreto (de 7 a 11 anos), em que inicia o desenvolvimento de operações
mentais como adição, subtração e inclusão de classes; e
d) o operatório formal (de 12 anos em diante), em que o adolescente organiza ideias,
eventos e objetos, imaginando e pensando dedutivamente sobre eles.

Os estágios seguem uma ordem fixa de desenvolvimento, mas as pessoas passam por eles
em velocidades diferentes (BEE, 1997; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).

Especialmente no início deste estágio, é imprescindível que as aprendizagens contemplem


oportunidades de contar, comparar, analisar, experimentar, rever. Uma estratégia interessante
é unificar áreas para otimizar o aprendizado. Estamos falando de, ao trabalhar um tema que
pode ser específico de qualquer área, utilizar a Matemática, a Língua Portuguesa e outras
áreas do conhecimento. Por exemplo, o tema de Ciências “A importância da água para a
sobrevivência humana” pode ser trabalhado em Ciências, enquanto pesquisa sobre a origem
da água, em Língua Portuguesa, na qual pode ser elaborado um texto sobre o assunto (grafia
correta das palavras, parágrafos, construção de frases etc.), em Matemática, com a realização
de problemas que envolvem questões do cotidiano (como analisar a conta de água, qual foi o
gasto de um mês para outro, análises de técnicas eficazes para a economia de água etc.).

Podemos observar que Piaget (1960), ao descrever comportamentos que as crianças


estão aprendendo dos sete aos 11, 12 anos, contempla comportamentos descritos no exemplo
acima. O autor defende que, ao final deste período, o rol de comportamentos descritos a
seguir deve estar instalado no repertório comportamental da maioria das crianças. Entre eles,
estão:

 Pensamento espacial (calcular distâncias, saber ir e voltar da escola, calcular o tempo


de ir e vir de algum lugar, decifrar mapas);
 Noção de causa e efeito (saber que atributos afetam um resultado);

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 Classificação e seriação (organiza objetos em categorias, em classes e subclasses);
 Raciocínio indutivo (parte de fatos específicos, particulares, para conclusões gerais);
 Noção de conservação (a quantidade é a mesma independente da forma) e
 Habilidade para lidar com números, solucionando problemas matemáticos envolvendo
as quatro operações (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).

Com essas habilidades, a criança em idade escolar está em uma fase de grande avanço
cognitivo e com capacidade para compreender os conteúdos abordados em sala de aula. Ela
apresenta também interesse em organizar coleções e está apta a participar de jogos com regras
complexas. Todo esse processo é gradual, mas o ambiente deve oportunizar situações
sistemáticas e organizadas para que isso aconteça.

3. Situação da saúde Mental


Quando falamos sobre saúde mental, a maioria das pessoas pensam em doença ou
transtorno. No entanto, a saúde mental é muito mais do que a ausência de doenças ou de
transtornos mentais. Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que ninguém é perfeito,
que todos possuímos limites e potencialidades. Afinal, as pessoas reagem a determinada
situação de diferentes maneiras.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde “é o estado completo


bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Podemos pensar que
estar saudável, nessa perspectiva, é um tanto quanto utópico, já que dificilmente estamos nos
sentindo plenos, completos, especialmente quando se trata de saúde mental. Por outro lado,
pensando no que é possível, podemos entender que manter uma vida em equilíbrio e harmonia
entre corpo e mente é o que nos faz sentir saudáveis. Assim, podemos entender que a saúde
mental está diretamente relacionada com o bem-estar físico do indivíduo e vice-versa. Quando
estamos desestabilizados fisicamente será pouco provável que estejamos bem psiquicamente.

Já o conceito de doença é caracterizado como ausência de saúde, um estado que, ao


atingir um indivíduo, provoca distúrbios das funções físicas e/ou mentais. Pode ser causada
por fatores externos (do ambiente) ou internos (do próprio organismo). Poderíamos então
entender a doença como um desequilíbrio das funções físicas e/ou mentais.

Nesse sentido, conclui-se que os conceitos de “saúde” e “doença” correspondem a


paradigmas bastante complexos e dinâmicos, devido a circunstâncias e estados passageiros,

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por exemplo. Parece mais razoável, portanto, compreender que os conceitos de saúde e
doença não são absolutos e que nenhuma pessoa é 100% saudável ou 100% doente.

De acordo com a OMS, saúde mental é “um estado de bem-estar no qual o indivíduo é
capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e
contribuir com a comunidade”. Ser produtivo, nessa perspectiva, diz respeito não só a ser
funcional no trabalho ou ocupação, mas também ser capaz de desempenhar os vários papéis
que se tem na vida: o de pai/mãe, esposo(a), filho(a), namorado(a), amigo(a), entre outros.

Pequenas ações, inseridas no cotidiano, podem provocar grandes mudanças ao longo


do tempo, com um impacto positivo no nosso corpo e mente. A saúde mental não pode estar
desconectada da saúde do corpo, pois saúde é uma só, conforme vimos anteriormente.

4. Perturbações do comportamento
4.1. O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)
Consiste em uma capacidade de concentração ruim e/ou excesso de atividade e
impulsividades impróprias para a idade da criança que interferem no desempenho ou no
desenvolvimento.

O TDAH é um distúrbio cerebral presente desde o nascimento ou que se desenvolve


logo após o nascimento.

Algumas crianças têm dificuldades principalmente com a atenção prolongada, com a


concentração e com a capacidade de concluir tarefas; algumas crianças são hiperativas e
impulsivas e algumas têm ambos os problemas.

Os médicos usam questionários preenchidos pelos pais e professores assim como


observação da criança para realizar o diagnóstico.

Medicamentos psicostimulantes ou outros tipos de medicamentos, além de ambientes


estruturados, rotinas, um plano de intervenção escolar e modificação das técnicas de educação
dos pais são, com frequência, necessárias.

O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do neuro


desenvolvimento. Embora crianças com TDAH geralmente se comportem de maneira
hiperativa e impulsiva, o TDAH não é um distúrbio de comportamento.

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Embora exista considerável controvérsia sobre o número de crianças afetadas, estima-
se que o TDAH afete 8% a 11% das crianças em idade escolar, e seja duas vezes mais comum
em meninos.

Muitas características do TDAH são notadas antes dos quatro e invariavelmente antes
dos 12 anos de idade, mas podem não interferir significativamente no desempenho acadêmico
e social até os anos escolares intermediários.

O TDAH era chamado anteriormente apenas transtorno do déficit de atenção (TDA).


No entanto, a ocorrência comum de hiperatividade nas crianças afetadas, que é na verdade
uma extensão física do déficit de atenção e impulsividade, levou a uma alteração da
terminologia atual.

4.2. Existem três tipos de TDAH

 Desatento
 Hiperativo/impulsivo
 Combinado

Os sintomas do TDAH vão de leves a graves e podem se tornar exagerados ou se tornar


um problema em certos ambientes, como em casa ou na escola. As restrições da escola e
estilos de vida organizados tornam o TDAH um problema, enquanto que em gerações
anteriores os sintomas podem não ter interferido significativamente no desempenho das
crianças porque as pessoas tinham expectativas diferentes sobre o comportamento infantil
normal. Embora alguns dos sintomas do TDAH possam também ocorrer em crianças sem esse
transtorno, eles são mais frequentes e graves nas crianças com o déficit.

Os adultos com TDAH podem se beneficiar dos mesmos tipos de medicamentos


estimulantes que as crianças afetadas. Eles possivelmente precisarão de terapia com o
psicólogo para ajudá-los a melhorar sua habilidade de administrar o tempo e desenvolver
outras técnicas para lidar com os problemas.

4.4. Causas de TDAH


O TDAH não tem uma causa única específica, mas fatores genéticos (hereditários)
estão com frequência presentes. Pesquisas indicam ser provável que o TDAH envolva
anomalias dos neurotransmissores (substâncias que transmitem impulsos nervosos no
cérebro). Alguns fatores de risco incluem baixo peso ao nascimento (abaixo de 1.500 g),

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traumatismo craniano, infecção cerebral, deficiência de ferro, apneia obstrutiva do sono e
exposição a chumbo, assim como exposição a álcool, tabaco ou cocaína antes do nascimento.

Algumas pessoas expressaram preocupação quanto à possibilidade de aditivos


alimentares e açúcar poderem causar TDAH. Ainda que algumas crianças pareçam se tornar
hiperativas ou impulsivas após comer alimentos contendo açúcar, estudos confirmaram que as
diferenças cerebrais que causam o TDAH estão presente ao nascimento e que alimentos e
fatores ambientais não causam o transtorno.

4.5. Sintomas de TDAH


O TDAH é principalmente um problema da atenção prolongada, da concentração e da
persistência (capacidade de terminar uma tarefa). As crianças afetadas podem ser também
superativas e impulsivas. As crianças em idade pré-escolar com TDAH podem ter problemas
com a comunicação e parecem ter problemas com as interações sociais. À medida que as
crianças atingem a idade escolar, elas podem parecer desatentas. Elas podem se remexer
nervosamente. Elas podem ser impacientes e falar impulsivamente. Durante as últimas etapas
da infância, essas crianças mexem constantemente as pernas e as mãos de forma nervosa,
falam impulsivamente, esquecem coisas com facilidade e podem ser desorganizadas. Elas
geralmente não são agressivas.

Cerca de 20% a 60% das crianças com TDAH têm transtornos de aprendizagem
afetando a leitura, a matemática ou a linguagem escrita, e a maioria tem problemas
acadêmicos como notas baixas devido à desorganização ou tarefa de casa incompleta
(habilidades executivas). O trabalho escolar pode ser desorganizado, com erros motivados
pelo descuido e falta de reflexão. As crianças afetadas comportam-se frequentemente como se
sua mente estivesse em outro lugar e elas não estivessem ouvindo. Elas frequentemente não
atendem a solicitações, nem terminam as tarefas escolares e domésticas ou outros deveres.
Pode haver constantes alternâncias de uma tarefa não concluída para outra.

As crianças afetadas podem ter problemas de autoestima, depressão, ansiedade ou


oposição à autoridade pela época em que alcançam a adolescência. Cerca de 60% das crianças
pequenas têm problemas como ataques de raiva e a maioria das crianças maiores possui baixa
tolerância à frustração.

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4.6. Diagnóstico de TDAH
4.6.1. Avaliação de um médico
O diagnóstico de TDAH se baseia no número, frequência e gravidade dos sinais. As
crianças devem ter seis ou mais sinais de desatenção ou de hiperatividade e impulsividade (ou
seis de cada grupo para diagnosticar o tipo combinado de TDAH; consulte Sinais de TDAH).
Os sinais devem estar presentes em, pelo menos, dois ambientes separados (tipicamente, casa
e escola). A ocorrência dos sinais apenas em casa ou apenas na escola, e em nenhum outro
lugar, não se qualifica como TDAH, porque esses sinais podem ser causados pela situação
específica.

Os sinais devem também ser mais pronunciados do que seria esperado para o nível de
desenvolvimento da criança e devem estar presentes por, pelo menos, seis meses. O
diagnóstico é geralmente difícil, pois depende da opinião do observador. Além disso, as
crianças que são principalmente desatentas podem não ser percebidas até o seu desempenho
acadêmico ser afetado de maneira adversa.

Não existem exames de laboratório para o TDAH. Questionários sobre diferentes


aspectos do comportamento e desenvolvimento podem ajudar os médicos e psicólogos a
estabelecer um diagnóstico. Como os distúrbios de aprendizagem são frequentes, muitas
crianças são submetidas a exames psicológicos para determinar se elas têm TDAH e para
detectar a presença de um distúrbio de aprendizagem específico, seja como causa da
desatenção ou como um problema coexistente.

4.7. Prognóstico de TDAH


A desatenção das crianças com TDAH geralmente não desaparece com a idade, ainda
que as crianças com hiperatividade tendam a se tornar umas tanto menos impulsivas e
hiperativas com a idade. Contudo, a maioria dos adolescentes e dos adultos aprende a se
adaptar à sua falta de atenção. Cerca de um terço das pessoas percebem que elas continuam a
se beneficiar do uso de medicamentos estimulantes.

Outros problemas que podem se manifestar e persistir na adolescência e na idade


adulta incluem baixo rendimento acadêmico, desorganização (conhecidas como habilidades
executivas ruins), baixa autoestima, ansiedade, depressão e dificuldade para aprender
comportamentos sociais apropriados.

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4.8. Tratamento de TDAH
4.8.1. Modificação do comportamento
As crianças são tratadas com terapia comportamental e com medicamentos
estimulantes. Os medicamentos ajudam a aliviar os sintomas e facilitam a participação das
crianças na escola e em outras atividades. A terapia combinada é especialmente benéfica para
crianças mais novas. Já nas crianças em idade pré-escolar, a terapia comportamental pode ser
suficiente.

4.8.2. Controle do comportamento


Para minimizar os efeitos do TDAH, são geralmente necessárias rotinas, estruturas,
um plano de intervenção na escola e modificação das técnicas de educação dos pais. Crianças
sem desafios comportamentais significativos podem se beneficiar do tratamento
medicamentoso sozinho. Contudo, estimulantes não funcionam durante todo o dia, por isso
adaptações podem ser necessárias para ajudar com as habilidades organizacionais e de outra
natureza. Terapia comportamental conduzida por um psicólogo infantil é às vezes combinada
com tratamento medicamentoso.

São consideradas como o conjunto de problemas de aprendizagem que afeta a forma


como a criança processa a informação, resultando em adversidades quanto à sua capacidade
de falar, soletrar, escutar, ler, escrever, raciocinar, organizar informação ou realizar cálculos
matemáticos, interferindo com o seu desempenho escolar. Podem, portanto, causar riscos
educacionais ou implicar necessidades educativas especiais. Estas manifestações não surgem
todas numa mesma criança, sendo importante abordar cada caso de modo individualizado.

5. Dificuldades de aprendizagem
As dificuldades de aprendizagem interferem com a capacidade do cérebro receber,
processar, armazenar, responder e comunicar informação. Estas correspondem a um grupo de
perturbações e não são, portanto, uma doença única.

Não devem ser confundidas com défice intelectual ou com os diversos graus de
autismo. Pelo contrário, estas pessoas apresentam inteligência média ou acima da média mas
têm problemas na aquisição de aptidões importantes para melhorar o seu desempenho na
escola, em casa, na comunidade ou no local de trabalho.

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Este quadro acompanha a pessoa ao longo de toda a sua vida e, quanto mais cedo for
reconhecido, mais precocemente se podem adotar os passos que permitam ultrapassar ou
minimizar os desafios que coloca.

De facto, o seu diagnóstico é importante porque, quanto mais cedo se identificar e


avaliar estes alunos, maiores oportunidades eles terão de se tornarem adultos bem-sucedidos e
produtivos, uma vez que o seu Quociente de Inteligência se encontra na média ou acima da
média.

As dificuldades de aprendizagem são uma desordem de carácter permanente que


afetam cerca de 15% das crianças e adolescentes americanos em idade escolar. Em Portugal, o
problema tem vindo a merecer mais atenção, aspeto importante para que estes alunos não
sejam negligenciados e se tornem vítimas de insucesso e abandono escolar.

O medo é uma emoção normal e com efeitos protetores, fundamental para a nossa
sobrevivência. A ansiedade faz-nos evoluir, preparar para o que nos põe em perigo e por isso
tem um efeito protetor. Os problemas surgem quando a emoção se prolonga além do
necessário para cumprir essa função.

Palpitações, insónias, dores no peito, falta de ar durante mais de 3 meses… são sinais
de perturbação de ansiedade só possíveis de combater com uma estratégia: enfrentando a
origem do próprio medo.

6. Perturbação de ansiedade
A ansiedade não é uma doença, no sentido em que não se pode constituir por si só
como um diagnóstico. O medo é uma emoção adaptativa, que funciona como um estímulo e
tem um efeito protetor. É normal sentirmo-nos ansiosos perante um novo desafio, é essa
ansiedade que nos torna mais alerta para avaliar a “ameaça” e conseguir agir rapidamente.

É esse sentimento que nos faz ultrapassar um desafio, procurar a solução, que nos
torna mais atentos, ou que motiva a recusa de uma situação potencialmente perigosa. É
quando esse medo se instala, exacerbado, prolongando-se muito além do que seria normal
para cumprir essa função adaptativa, que surgem diferentes tipos de problemas, as
denominadas perturbações de ansiedade.

As perturbações de ansiedade diagnosticadas normalmente surgem na infância e


depois vão evoluindo até à idade adulta. Quando se mantêm, isso significa que a pessoa não
está a conseguir gerir o medo.
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Além disso, implementar estratégias práticas como organizar as tarefas por ordem de
prioridade logo de manhã, permite começar o dia com uma maior sensação de controlo,
evitando um dos medos mais comuns, o de não ser capaz, de não conseguir estar à altura da
exigência.

Em qualquer caso, este tipo de atitude só produzirá o resultado desejado perante a


ansiedade comum, adaptativa, que geralmente a pessoa sente quando colocada perante novos
desafios.

Sempre tendo em conta a origem dessa ansiedade. Uma premência que se explica de
uma forma simples com um exemplo muito prático: Se na origem do medo está, por exemplo,
a sensação de não ser capaz de fazer um relatório ou cumprir o prazo de entrega do mesmo, a
primeira coisa a fazer é dedicar-se a essa tarefa, enfrentando o desafio, para que o medo
associado desapareça. A pessoa até pode passar a manhã inteira a fazer exercício físico, que a
ansiedade não irá desaparecer.

7. Recusa Escolar
A recusa em ir à escola é um problema que afeta muitas crianças em idade escolar. A
criança com Recusa Escolar sente-se ansiosa, assustada, e por vezes até mesmo em pânico
perante a necessidade de ir para a escola. Este medo e preocupação intensa causam muitas
vezes dificuldades em dormir e pesadelos, assim como sintomas físicos para os quais não é
encontrada uma justificação médica (ex. dores de barriga ou de cabeça, perda de apetite,
vómitos ou febre).

Estes sintomas são tipicamente mais frequentes e intensos nos dias de semana, com
maior frequência ao acordar e à hora de ir para a escola, e a sua intensidade tende a diminuir
ao longo do dia.

Estas situações são mais frequentes no início da escolaridade (entre os 5 e os 7 anos) ou na


transição do 1.º para o 2.º ciclo (10-11 anos). À Recusa Escolar da criança está
frequentemente associada a ansiedade de separação dos pais e do mundo que lhe é familiar e
no qual se sente protegido.

Nas crianças, o medo e a ansiedade podem ser expressos por choro, birras, imobilidade
ou retraimento. O seu medo, ansiedade e recusa escolar interferem significativamente na sua
rotina normal, bem como no funcionamento escolar, atividades sociais e relacionamentos.

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Com efeito, as crianças com Recusa Escolar tendem a apresentar dificuldades em
dormir sozinhas ou medo de ir para casa de amigos, por receio de se separar das suas figuras
de vinculação.

Para além disso, e em contexto escolar, estas crianças e adolescentes revelam por
vezes ansiedade de desempenho, que se caracteriza por um estado ansioso em situações
passíveis de gerar uma avaliação negativa do seu comportamento. Nestes casos, é comum
existir evitamento de situações em que o jovem se sinta exposto socialmente, quer na
interação com os adultos, quer com os pares, o que origina problemas académicos, sociais e
de ocupação de tempos livres.

7.1. Causas de Recusa Escolar

Os motivos que levam a criança a desenvolver Recusa Escolar podem ser muito
variados ou uma associação entre eles.

Na origem da recusa em ir à escola podem estar problemas ou alterações na dinâmica


familiar (ex. mudança de casa, nascimento de um irmão, divórcio dos pais, morte de um
familiar, conflitos familiares).

Em alguns casos, o motivo poderá também estar ligado à escola e relacionar-se por
exemplo com uma mudança de escola ou com situações em que a criança se sente rejeitada e
ameaçada pelo grupo de pares, com um professor autoritário e punitivo ou com dificuldades
de aprendizagem, que levam a que a criança se sinta menos capaz de acompanhar a turma e de
corresponder às expetativas dos adultos.

Embora o problema pareça centrar-se na escola, e tal como referido anteriormente,


com frequência a maior dificuldade da criança consiste em separar-se dos pais e da segurança
do meio familiar.

Geralmente, a criança é ansiosa, dependente dos pais, insegura e com falta de


confiança em si própria, evidenciando o estabelecimento de relações de dependência com os
pais e inseguranças construídas durante o seu desenvolvimento.

Alguns pais reforçam a atitude de Recusa Escolar devido, por exemplo, a um estilo
parental demasiado protetor, reforçando positivamente os filhos quando ficam em casa (ex. ao
dar-lhes mais atenção, mimos, ao deixá-los levantar-se tarde ou jogar no computador).

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Em qualquer das situações, é necessário que os pais estejam muito atentos, que
consigam perceber que criança precisa de ajuda para ultrapassar esse momento e não
permitam que a situação se prolongue, pois quantos mais dias estiver afastada da escola mais
difícil será o seu regresso.

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8. Conclusão
De forma significativa, concluímos que a grande maioria das crianças com TDAH se
tornam adultos produtivos e pessoas com TDAH parecem se adaptar melhor ao trabalho do
que à escola. Contudo, se o distúrbio não for tratado na infância, o risco de abuso de álcool ou
drogas e de suicídio pode aumentar. A desatenção das crianças com TDAH geralmente não
desaparece com a idade, ainda que as crianças com hiperatividade tendam a se tornar umas
tanto menos impulsivas e hiperativas com a idade. Contudo, a maioria dos adolescentes e dos
adultos aprende a se adaptar à sua falta de atenção. Cerca de um terço das pessoas percebem
que elas continuam a se beneficiar do uso de medicamentos estimulantes.

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Referências bibliográficas
BISQUERRA, R. (Org.). Como educar las emociones: la inteligencia emocional en la infancia
y la adolescencia. Barcelona: Hospital Sant Joan de Déu. 2012.

CARRARA, K. Introdução à Psicologia da Educação: seis abordagens. São Paulo: Avercamp,


2004.

DAVIS, C. Desenvolvimento cognitivo na adolescência: período das operações formais. In:


RAPPAPORT, C. R.; FIORI, W. R.; DAVIS, C. Psicologia do Desenvolvimento: a idade
escolar e a adolescência. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1982.

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências
para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.

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