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O Quarto Grande Debate em Relações Internacionais

Positivismo x Pós-Positivismo ou
Racionalismo x Reflexivismo

● indo além da polarização:


● debate metateórico
● foco nas condições de produção teórica

Debate Metodológico

Relação Mente - Mundo


duas possibilidades/formas de conectar da mente do teórico com o mundo

➔ Dualismo (mente separada/independente do mundo) Presunção de que o mundo é


independente da mente do investigador; teoria “neutra”
➔ Monismo (produtor de conhecimento conectado ao mundo, mundo e mente se
conectam entre si) Presunção de que o mundo e a mente do investigador se interpenetram;
formam uma coisa só, o teórica traz para sua pesquisa suas próprias condições sociais,
seus valores

Relação Conhecimento - Observação


de que forma o conhecimento é produzido a partir do que é observado
➔ Fenomenalismo (objeto do conhecimento é limitado às coisas que podem ser
observadas e medidas) só pode estudar aquilo que se pode objetivamente observar
➔ Transfactualismo (nem todo objeto do conhecimento é observável, mensurável, ainda
que seja real)
* não é exclusivo dos estudos sociais, ex: na física se estuda os buracos negros
muito antes de ser observáve; em RI: o Estado, a sociedade, a anarquia

Dualismo, Monismo, Fenomenalismo, Transfactualismo: cada tipo de combinação


representa um tipo de produção teórica

FENOMENALISMO + DUALISMO:
POSITIVISMO (NEOPOSITIVISMO)
➔ mente e mundo são separáveis (objetividade do conhecimento – dualismo)
➔ só irá analisar aquilo que é possível observar/medir (fenomenalismo)
só pode produzir conhecimento objetivo e só pode analisar o que é observável/mensurável
Como se conecta mente e mundo? por meio da construção de uma hipótese
hipótese deve ser testada por meios fenomenalistas (empiricamente)
ortodoxia das ri

➔ Características Neopositivismo
- Objetividade / Neutralidade
- Empiricismo
- Teste empírico de hipóteses
- Métodos de escolha racional
- Generalizações / predições
➔ Teorias Positivistas:
- Liberalismo
- Realismo

MONISMO + TRANSFACTUALISMO:
REFLEXIVISMO
➔ não é possível fazer separação entre mente e mundo (monismo)
● mente está sempre impregnada por valores/ideias daquele que produz
o conhecimento
● não consegue isolar a mente do mundo, projetará suas condições
sociais/ valores sobre o mundo
➔ não é possível produzir conhecimento objetivo/neutro (transfactualismo)
● produção de conhecimento reflete os valores/condições daquele que produz o
conhecimento
● contexto de produção do conhecimento influencia própria produção do
conhecimento

➔ Características Reflexivismo
- Interpretação
- Reconhecimento do papel social do pesquisador e das condições sociais de
produção do conhecimento
- Conhecimento crítico

➔ Teorias Reflexivistas:
- Teoria crítica
- Pós-estruturalismo
- Pós-colonialismo
- Perspectivas de Gênero

DUALISMO + TRANSFACTUALISMO:
REALISMO CRÍTICO
➔ é possível isolar a mente/produzir conhecimento objetivo
➔ mas também é possível analisar objetos transfactuais

➔ Características Realismo Crítico


- Objetividade transfactual
- Análise empírica / Interpretação

➔ Teorias:
- Teorias Construtivistas convencionais

TEORIA CONSTRUTIVISTA
Alexander Wendt
“anarquia é o que os Estados fazem dela”
➔ estrutura anárquica (anarquia) é transfactual – depende das identidades, valores
➔ ideias, valores, cultura que constroem as identidades dos Estados vão determinar
a estrutura da anarquia
produção de conhecimento – pode ser objetivamente construído
FENOMENALISMO + MONISMO:
ANALITICISMO
➔ modelo analítico
➔ perspectiva monista – mente e mundo se interpenetram, constituindo-se
mutuamente)

➔ Carcteristicas Analiticismo:
- Modelo analítico
- Teoria como construto abstrato
- Destinado a guiar o ordenamento da experiência
- Não falsificável

➔ Teorias:
- Teoria Neorrealista (Waltz)
- Teoria de Securitização

A CORRENTE CONSTRUTIVISTA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

➔ Surgiu na passagem das décadas de 1980 para 1990


◆ Friedrich Kratochwil
◆ Nicholas Onuf
◆ Alexander Wendt

➔ Insatisfação com as teorias ortodoxas de RI.

➔ Propósito de investigar o papel das normas, regras, ideias, linguagem, identidades,


bem como suas interações com as estruturas nas Relações Internacionais:
◆ Debate “Agente-Estrutura”

➔ Vivemos em um mundo que construímos, nos quais somos os principais


protagonistas, e que é produto de nossas ideias, normas, identidades. Ou seja:
Vivemos em uma realidade socialmente construída.

● meio termo entre Neopositivistas e Reflexivistas


● realidade internacional é socialmente construída
○ não é fixa
○ não se define meramente pela sua estrutura material
■ ainda que a materialidade exista
○ depende de relações intersubjetivas entre agentes
○ a realidade internacional é filtrada pela forma como os agentes constroem
um sentido para aquela realidade
○ precisa ser interpretada – interpretação se dá pela análise das relações
intersubjetivas entre agentes políticos
● como a realidade internacional é construída pelo discurso político

discurso político entre EUA e URSS:


● alteração do discurso político – nova realidade internacional
● construção dentro do discurso político de relações de amizade – leva ao fim da
Guerra Fria

● relações internacionais – socialmente construídas – importância do discurso político


● relações de poder não se medem somente por capacidades militares (materiais)

● mesmo considerando papel do discurso e da linguagem, é possível produzir


conhecimento neutro/objetivo (dualismo)

passagem das décadas de 1980 para 1990


● crítica ao neopositivismo
○ porém – defendem possibilidade de produção de conhecimento teórico
objetivo, teoria dualista

● apresenta a proposta: trazer normas, ideias, identidades – como essas interagem


com a estrutura material? – constituição mútua – agentes constroem estruturas
materiais – estruturas passam a condicionar comportamento dos agentes
● há uma interação entre os agentes com suas ideias e suas linguagens e a estrutura
material que eles próprios constroem e a partir dessa construção adquire uma certa
permanência e passa a condicionar o seu comportamento

debate “agente-estrutura”
● não tem como estudar os dois separados, é preciso estudar a interação
● não há superioridade de uma em relação a outra
● como os agentes e as estruturas se relacionam – interagem entre si influenciando
um ao outro
● linguagem – modo como a linguagem constrói relações inter subjetivas
● relações criam as estruturas – essas passam a condicionar os agentes
● Estados constroem estrutura do sistema anárquica – a partir da sua construção, a
estrutura passa a condicionar o comportamento dos Estados – realidade
socialmente construída
● estrutura ganha certa estabilidade, mas não é imutável/eterna

Premissas do Construtivismo

➔ Nem tudo que se pode conhecer sobre a realidade internacional é material (ainda
que se deva reconhecer tal materialidade)

➔ “A realidade é socialmente construída”


Isto implica em reconhecer:
◆ Que aquilo que consideramos realidade não é meramente objetivo e material,
nem é predeterminado e imposto como se fosse um dado da natureza,
mas resulta de entendimentos coletivos (interpretações intersubjetivamente
compartilhadas) sobre tal realidade – Depende de fatores ideacionais
◆ Que o conhecimento dos elementos estruturais (materiais) da realidade
internacional depende de processos mentais (interpretações feitas pelos
agentes)
◆ Que a realidade pode ser modificada pelos agentes, ainda que as estruturas
tendem a ser “reificadas”

➔ Não há qualquer antecedência ontológica entre Agentes e Estruturas


Isto implica em reconhecer:
◆ Que as estruturas e os agentes se constituem mutuamente, ou seja, se
“coconstituem” (o que desafia as teorias ortodoxas de RI)

➔ Fatores materiais e fatores ideacionais interagem entre si na constituição da


realidade
Isto implica em reconhecer:
◆ Que a relação entre as ações humanas e o mundo material depende dos
elementos intersubjetivos de construção de significados
quem dá sentido a realidade são os agentes

Como fica a questão da Anarquia do ponto de vista Construtivista social?


➔ “A anarquia é o que os Estados fazem dela”
◆ Alexander Wendt (1992)
● a anarquia é o que os estados quiserem que ela seja
● ex: se os Estados quiserem que a estrutura seja competitiva, ela será
● ou se os Estados quiserem que a estrutura seja cooperativa, ela será
● a estrutura varia dependendo da vontade dos Estados

Friedrich Kratochwil e Nicholas Onuf


Centralidade dos discursos e normas
➔ Virada linguística;
➔ Teoria dos atos de fala: “Dizer é fazer”;
➔ Papel da linguagem na construção social da realidade;
➔ Regras e normas organizam e regem o discurso político, tornando-se central à
análise das RI;
➔ Não é a anarquia o principal atributo das RI, mas as regras e normas.

Nicholas Onuf e Alexander Wendt


Questão Agente-Estrutura
➔ Não há antecedência ontológica entre Agentes e Estruturas

● “agentes e estrutura são co-constitutivos uns dos outros, e nenhum precede o outro
nem no tempo, nem na capacidade de influenciar o outro.”

Alexander Wendt
➔ Foco na Identidade
➔ Mantém a centralidade do Estado
➔ Foco na anarquia 3 lógicas:
◆ Hobbesiana (inimizade)
◆ Lockeana (rivalidade)
◆ Kantiana (amizade)

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