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Neste tema, são abordadas a distinção entre linguagem verbal e linguagem não verbal, as
principais concepções de linguagem e as implicações dessas concepções no uso da língua.
Esses elementos
são fundamentais para compreensão da linguagem e de suas interferências
no uso da Língua Portuguesa.
PREPARAÇÃO
Este tema tem como propósito a compreensão da diferença entre linguagem verbal e não
verbal, as concepções de linguagem que geralmente adotamos, e as consequências de tais
concepções no uso cotidiano da língua.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar em quantos anos estudou a Língua Portuguesa na escola?
Sabe a quantidade de regras gramaticais que tentou decorar ou de páginas que escreveu nas
aulas de redação?
Para muita gente, estudar Português é algo chato, relacionado à decoreba de regras
gramaticais ou à produção de textos com pouca conexão com o mundo real da comunicação.
Se essa foi a sua experiência, já adiantamos que você
é convidado a olhar a Língua
Portuguesa de outra forma. Caso sua relação com o idioma ao longo de vários anos na escola
tenha contribuído para melhorar o uso da nossa língua, aqui você vai aprender ainda mais.
MÓDULO 1
O título do poema é Aula de Português e foi escrito por Carlos Drummond de Andrade.
Poeta mineiro, foi um dos principais nomes do Modernismo brasileiro. Entre suas principais
obras, estão os livros: Alguma Poesia (1930), Sentimento do Mundo (1940) e A Rosa do
Povo (1945). Um
de seus poemas mais conhecidos é No meio do caminho, que tem os
famosos versos No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho.
AULA DE PORTUGUÊS
A linguagem
na ponta da língua,
e de entender
A linguagem
e vai desmatando
LINGUAGEM INFORMAL
LINGUAGEM FORMAL
Assim como os signos podem ser de diversas naturezas ou tipos, há diferentes tipos de
linguagem. A linguagem humana, por exemplo, pode ser verbal e não verbal.
SAIBA MAIS
Gestos, imagens e sons são exemplos de linguagem não verbal. O semáforo é outro exemplo
de linguagem não verbal.
Vejamos mais detalhes sobre a relação das linguagens verbais e não verbais na galeria a
seguir:
A música, a pintura, a dança, o teatro e o cinema usam signos que pertencem a outro tipo de
linguagem humana, já denominada aqui como linguagem não verbal. Por isso, são comumente
usadas expressões como
linguagem da música, linguagem corporal, linguagem pictórica>
etc.
ASSOCIAÇÃO INERENTE
“Que outro ser tem gestos significativos, pinta, fotografa, faz cinema? Compreende-se, assim,
que o homem e a linguagem se relacionam de forma a não se conceberem um sem o outro e
que a linguagem está indissoluvelmente associada com a atividade mental humana, a qual,
absolutamente, não se manifesta só pelo verbal”
(PALOMO, 2001).
LINGUAGEM PICTÓRICA
A distinção entre linguagem verbal e não verbal não deve levar você a concluir que a
comunicação acontece sempre e apenas por meio de um único tipo de linguagem.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Com as tecnologias digitais e a internet, essa integração entre linguagem verbal e não verbal
fica muito evidente e interessante, pois usamos palavras, imagens, sons e outros recursos para
interagir nas redes sociais. É cada
vez mais comum trocarmos mensagens em que a escrita se
mistura com emojis ou emoticons.
ATENÇÃO
Tudo isso é possível por causa de outra integração: convergência entre diferentes mídias
formando o que tem sido chamado de hipermídia. É como se o livro impresso, o rádio, a
televisão e o computador estivessem todos reunidos
com suas diferentes linguagens. Assim,
hoje em dia, fala-se de uma linguagem hipermidiática, um bom exemplo dessa integração de
linguagem verbal e não verbal.
É verdade que a linguagem verbal, falada ou escrita, predomina nos atos de comunicação. Mas
você deve reconhecer que a linguagem não verbal está associada intimamente a nossas
atividades e possui também sua relevância. Nossos
gestos ao falar ou uma imagem ilustrativa
num texto escrito também dizem muito e, às vezes, até contradizem o que falamos ou
escrevemos.
Imagine alguém dizendo que está calmo e tranquilo, mas, ao mesmo tempo, pisca os olhos
num ritmo acelerado, tem as mãos trêmulas ou balança pernas e pés num movimento
frenético. Dificilmente essa pessoa vai convencer o outro
de que está calma.
Assim, ao fazermos a distinção entre linguagem verbal e não verbal não queremos sugerir que
apenas uma delas seja importante e precise ser cuidada.
Até aqui, você aprendeu que a linguagem é constituída de sinais ou signos, que permitem a
comunicação entre os seres humanos. Quando o signo é centrado na palavra escrita ou oral,
ele é identificado como linguagem verbal. Os
demais tipos de signos formam outro conjunto de
linguagens denominado linguagem não verbal, como é o caso da pintura e dos gestos.
A integração entre diferentes tipos de linguagem é algo muito antigo, mas que se intensificou
com as tecnologias digitais ou a chamada linguagem hipermidiática.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Depois de fazer a distinção entre linguagem verbal e não verbal, é hora de prosseguir e
apresentar as três principais concepções de linguagem.
MONOLÓGICO
O uso do termo monológico (mono = um, único; logos = discurso racional) não se apresenta
como a fundamentação de um tipo de teoria da comunicação, que defende o discurso como ato
centrado apenas no emissor
da fala. Apenas quer mostrar que, nesta concepção da linguagem,
tal ato ainda está centrado na necessidade individual de se comunicar.
Não há preocupação sobre como o outro vai ler ou ouvir nossa mensagem. Assim, a
exteriorização do “pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada” depende
da capacidade de organizar, de maneira lógica, esse mesmo
pensamento (TRAVAGLIA, 2003,
p. 21).
Nessa concepção de linguagem, a correção no uso da língua (falar e escrever bem conforme a
gramática normativa) depende das regras às quais o pensamento lógico deve estar sujeito.
Dessa forma, se as pessoas não se expressam
bem ou não usam a língua corretamente, isso
acontece porque elas não estão pensando corretamente. A solução, então, para expressar
adequadamente o que se está pensando é a internalização das regras gramaticais e de seu
adequado uso.
ATENÇÃO
Mas há um problema: esta concepção acaba sendo uma forma parcial de entender como a
linguagem funciona, pois há outros aspectos envolvidos além da intenção de exteriorizar o que
pensamos. Não é o caso
de afirmar que a concepção está errada. Precisamos avançar e
verificar outras formas complementares de compreender a linguagem.
A língua é tomada predominantemente como um código, que deve ser utilizado com eficiência,
ou seja, deve tornar inteligível a mensagem que se quer comunicar, levando o receptor a
responder adequadamente ao objetivo da comunicação.
CÓDIGO
O código é entendido como “um conjunto de regras que permite a construção e a compreensão
de mensagens. É, portanto, um sistema de signos. A linguagem é, por conseguinte, um dentre
outros códigos (código marítimo, código rodoviário)”. Dentre todos os
outros códigos, a
linguagem verbal, seja escrita ou oral, é o único código que “pode falar dos próprios signos que
os constituem ou de outros signos” (VANOYE, 1987).
Para que haja a comunicação, o código que utilizamos, seja ele a língua ou outro, precisa ser
conhecido ou dominado pelo nosso interlocutor para que a comunicação se realize. O uso do
código, no caso, a própria língua, “é um
ato social, envolvendo consequentemente pelo menos
duas pessoas”. Por isso, “é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante,
preestabelecida, convencionada para que a comunicação se efetive” (TRAVAGLIA,
2003, p.
22).
ATENÇÃO
Quem utiliza a língua não expressa apenas o pensamento, não comunica somente alguma
coisa, na verdade, ao usar a língua, o indivíduo ou os interlocutores “interagem enquanto
sujeitos que ocupam lugares sociais e ‘falam’ e ‘ouvem’
desses lugares de acordo com as
formações imaginárias (imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais”
(TRAVAGLIA, 2003, p. 23).
Isso ocorre, por exemplo, quando estamos em um espaço e observamos mãe e filha
interagindo, em que a primeira faz referência ao comportamento da segunda, com uma ordem
direta.
A reação da filha cria em nós, observadores, uma série de julgamentos, leituras, valores e
interações que nos remetem à própria relação familiar.
Se um agente da lei, dirigindo-se a uma pessoa, dá voz de prisão e diz “esteja preso!”, ele não
está simplesmente exteriorizando seu pensamento ou comunicando uma novidade, não é
mesmo?
Quando consideramos as palavras de um juiz ao proferir essa célebre frase clássica, temos um
exemplo de que o uso da língua pode ser mais do que expressão do pensamento ou
comunicação de uma informação.
Nesse caso, a fala da autoridade faz surgir ou realiza um ato social e jurídico.
ATENÇÃO
DIÁLOGO
(Dia = separação, confronto; logos = discurso racional) apresenta-se como a exigência de,
pelo menos, dois interlocutores no ato da fala, que é diferente da concepção monológica vista
anteriormente. Trata-se, sem
dúvida, de apresentar uma intencionalidade por parte daquele
que fala.
Como você viu até aqui, é preciso avançar na compreensão da linguagem para além da sua
finalidade de comunicação e da divisão entre linguagem verbal e não verbal. A linguagem pode
ser concebida como expressão do pensamento,
como instrumento de comunicação e, mais
adequadamente, como lugar de interação humana.
EXPRESSÃO DO PENSAMENTO
A expressão se constrói no interior da mente
Para quem se fala, em que situação e para que se fala não são preocupações no uso da
língua
COMUNICAÇÃO
Meio objetivo para a comunicação
INTERAÇÃO HUMANA
Experiência de interação humana
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
No módulo anterior, tratamos dos diversos tipos de linguagem. Para perceber como elas
possuem um aspecto prático no uso cotidiano do idioma, compreendemos como a concepção
da linguagem como interação pode nos auxiliar nessa
construção.
Se a linguagem é interação, então, o que ouvimos pode afetar muito nossa vida e nosso
humor. O que falamos também provoca efeitos e reações no outro.
Veja o que diz a linguista Ingedore Villaça Koch em seu livro A interação pela linguagem
sobre esse aspecto:
Fonte: Escavador.
(KOCH, 2003)
Se a linguagem é interação, pois produz reações e resultados, alguns elementos podem ser
desejáveis no seu uso:
Abertura ao diálogo
Se queremos manter o diálogo e construir pontes, devemos cuidar da maneira como falamos,
escolhendo as palavras e o tom mais apropriado.
Por isso, ao estudar a linguagem é preciso compreender que não basta escrever e falar com
correção gramatical, coerência, coesão e clareza. Além dessas qualidades importantes, nosso
texto escrito ou oral deve promover o diálogo,
a interação e as condições para mantermos
relações civilizadas. É interessante lembrar, por exemplo, que há concursos ou exames em que
o candidato pode ser desclassificado ao escrever de forma desrespeitosa aos direitos
humanos
ou usando linguagem antissocial e inadequada.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que tenhamos uma experiência enriquecedora e proveitosa com a Língua Portuguesa na
expressão do nosso pensamento, nas situações de comunicação e nas interações com as
pessoas, precisamos conhecer a língua e aproveitar
os recursos que ela nos oferece. Aqui,
você pôde observar parte desse conhecimento. Use o que você aprendeu para vivenciar novas
experiências com a Língua Portuguesa.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
DA SILVA. Filosofia da linguagem (1) - Da Torre de Babel a Chomsky. Disponível em:
https://educacao.uol.com.br/ disciplinas/ filosofia/filosofia-da-linguagem-1- da-torre-de-babel-a-
chomsky.htm. Acesso em: 08 dez. 2019.
KOCH, Ingedore. V. A interação pela linguagem. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2003.
ORLANDI, Eni P. O que é Linguística. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.
TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed.
São Paulo: Cortez, 2003.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo:
Martins Fontes, 1987.
EXPLORE+
Assista:
Vídeo Comunicação animal da Khan Academy para uma breve e interessante abordagem da
Biologia Comportamental. Disponível no Youtube.
CONTEUDISTA
Luis Claudio Dalier Saldanha
CURRÍCULO LATTES