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Fisioterapia Aquática

Profª. Natália Ferraz Mello

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Profª. Natália Ferraz Mello

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

M527f

Mello, Natália Ferraz

Fisioterapia aquática. / Natália Ferraz Mello. – Indaial: UNIASSELVI,


2021.

170 p.; il.

ISBN 978-65-5663-380-0
ISBN Digital 978-65-5663-381-7
1.Hidroterapia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da
Vinci.

CDD 615.853

Impresso por:

Fisioterapia Aquática.indb 2 12/03/2021 16:30:24


Apresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Fisioterapia Aquática!
Nesta disciplina, você entenderá como a imersão em meio líquido pode ser
uma ferramenta valiosa para o tratamento de diversas condições de saúde na
prática clínica do fisioterapeuta.

Na Unidade 1 deste livro didático, você conhecerá a história deste


recurso e a evolução do uso da hidrocinesioterapia na prática fisioterapêutica.
Além disso, conhecerá as principais propriedades físicas da água e seus
efeitos fisiológicos no corpo humano. Destacaremos também os benefícios e
indicações da hidroterapia.

Na Unidade 2 você conhecerá os métodos, técnicas e manuseios


que podem ser utilizados na fisioterapia aquática. Nesta mesma unidade,
você também aprenderá como planejar e aplicar os protocolos de exercí-
cios em imersão.

Já na Unidade 3 falaremos sobre os equipamentos, acessórios e


recursos necessários para a hidrocinesioterapia. Você conhecerá as diretrizes
que norteiam a elaboração de projetos das piscinas e os cuidados necessários
para sua manutenção.

Preparamos também, ao final de cada tópico, um resumo com as


principais evidências científicas destas técnicas na prática clínica. Isso per-
mitirá um uso mais eficiente e seguro das técnicas no seu dia a dia. Espera-
mos que este livro didático contribua na construção do seu conhecimento e
na sua evolução profissional. Uma ótima leitura e bons estudos!
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os
seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que
possuem o código QR Code, que é um código que
permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA..................................................... 1

TÓPICO 1 — BREVE HISTÓRICO DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA........................................ 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 A HISTÓRIA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA............................................................................ 3
RESUMO DO TÓPICO 1....................................................................................................................... 9
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 10

TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM


A FISIOTERAPIA AQUÁTICA................................................................................. 11
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 11
2 CONCEITOS BÁSICOS DA HIDROSTÁTICA........................................................................... 12
2.1 DENSIDADE RELATIVA.............................................................................................................. 13
2.2 EMPUXO......................................................................................................................................... 14
2.3 PRESSÃO HIDROSTÁTICA........................................................................................................ 16
2.4 VISCOSIDADE............................................................................................................................... 16
2.5 TENSÃO SUPERFICIAL . ............................................................................................................ 17
3 CONCEITOS BÁSICOS DA HIDRODINÂMICA...................................................................... 17
3.1 MOVIMENTO DE FLUXO........................................................................................................... 18
3.2 FORÇA DE ARRASTO.................................................................................................................. 19
4 CONCEITOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA...................................................................... 19
5 CONCEITOS BÁSICOS ÓTICOS .................................................................................................. 21
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 24
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 25

TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO......................... 27


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 27
2 SISTEMA CARDIORRESPIRATÓRIO.......................................................................................... 28
3 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO........................................................................................... 29
4 SISTEMA RENAL............................................................................................................................... 30
5 SISTEMA NEUROLÓGICO............................................................................................................. 31
6 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES.................................................................................... 31
7 BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA ......................................................................... 33
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 40
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 47
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 50

UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA


AQUÁTICA................................................................................................................ 53
TÓPICO 1 — PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA.......................................................... 55
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 55
2 AVALIAÇÃO DO PACIENTE.......................................................................................................... 55
3 TÉCNICAS E MANUSEIOS GERAIS............................................................................................ 60
3.1 POSICIONAMENTOS NA PISCINA ........................................................................................ 61
4 PROGRAMAÇÃO DO TRATAMENTO AQUÁTICO ............................................................... 64
5 EXERCÍCIOS E CARGA ................................................................................................................... 65
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 67
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 68

TÓPICO 2 — FISIOTERAPIA AQUÁTICA NAS DIFERENTES ÁREAS.................................. 69


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 69
2 DISFUNÇÕES NEUROFUNCIONAIS.......................................................................................... 69
3 DOENÇAS TRAUMATO-ORTOPÉDICAS E REUMATOLÓGICAS ..................................... 71
4 DISFUNÇÕES CARDIORRESPIRATÓRIAS .............................................................................. 73
5 IDOSOS................................................................................................................................................ 74
6 CRIANÇAS.......................................................................................................................................... 77
7 GESTANTES ....................................................................................................................................... 78
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 81

TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA........................................................ 83


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 83
2 MÉTODO BAD RAGAZ .................................................................................................................. 83
2.1 EXERCÍCIOS BAD RAGAZ ........................................................................................................ 86
3 MÉTODO HALLIWICK ................................................................................................................... 88
3.1 EXERCÍCIOS HALLIWICK . ....................................................................................................... 91
4 MÉTODO WATSU ............................................................................................................................. 92
4.1 EXERCÍCIOS WATSU................................................................................................................... 93
5 MÉTODO AI CHI .............................................................................................................................. 94
5.1 EXERCÍCIOS AI CHI..................................................................................................................... 95
6 MÉTODO AQUASTRETCHING.................................................................................................... 96
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 98
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 103

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 105

UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS........... 109

TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES........................................................................................................... 111


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 111
2 INFORMAÇÕES GERAIS.............................................................................................................. 112
2.1 LEGISLAÇÕES E DIRETRIZES................................................................................................. 117
2.2 DESIGN E DIMENSÕES............................................................................................................. 118
2.3 SISTEMA DE VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO.................................................................... 120
2.4 SISTEMA DE AQUECIMENTO................................................................................................. 121
2.5 VESTIÁRIOS................................................................................................................................. 122
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 125
TÓPICO 2 — ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO.......................................................................... 127
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 127
2 EQUIPAMENTOS ............................................................................................................................ 128
3 SISTEMA DE SEGURANÇA ........................................................................................................ 135
4 QUALIDADE DA ÁGUA................................................................................................................ 138
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 141

TÓPICO 3 — EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS................................................................................. 143


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 143
2 PROTOCOLOS E PROGRAMAS DE TREINAMENTO/ TRATAMENTO.......................... 143
3 ENTIDADES E SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA................................................ 148
4 CURSO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO................................................................. 150
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 152
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 157
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 158

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 159
UNIDADE 1 —

PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer a história da fisioterapia aquática e sua evolução;

• aprender as propriedades físicas da água utilizadas para prática


terapêutica;

• compreender os efeitos fisiológicos da imersão;

• conhecer indicações e contraindicações da Fisioterapia Aquática.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM A


FISIOTERAPIA AQUÁTICA

TÓPICO 3 – RESPOSTAS E EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS


EM IMERSÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

BREVE HISTÓRICO DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

1 INTRODUÇÃO

A Fisioterapia Aquática, também conhecida como Hidroterapia ou Hi-


drocinesioterapia, é uma intervenção que utiliza exercícios terapêuticos em
imersão no meio líquido através dos princípios físicos da água e efeitos fisio-
lógicos no organismo humano. Ela visa prevenir e tratar patologias, além de
promover a saúde.

Trata-se de um recurso utilizado há muitos séculos, no entanto, somente


em meados de 1900 foi consolidada como terapia de reabilitação e teve sua eficácia
científica comprovada.

O profissional fisioterapeuta devidamente regulamentado pelo CREFITO


está habilitado a usar para tratamento ou terapia pela água sob a forma sólida,
líquida e gasosa, utilizando como fins terapêuticos suas propriedades físicas.
Interessante, não é mesmo?

Como em todos os recursos utilizados pelo fisioterapeuta, realizamos uma


avaliação cinético funcional antes da sessão de Fisioterapia Aquática. Geralmente,
engloba várias fases de tratamento, envolvendo, principalmente, aquecimento,
alongamento, exercícios específicos e relaxamento.

Nesta unidade, entenderemos como surgiu esse recurso, os seus princípios


físicos e quais são os seus principais benefícios para os praticantes. Vamos lá?

2 A HISTÓRIA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA


O uso da água como um recurso terapêutico tem registros muito antigos,
porém, o seu verdadeiro início é desconhecido. Há registros no Antigo Egito,
perpassando a Grécia, Japão, Índia e tendo seu auge no Império Romano,
chegando até os dias atuais.

3
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

FIGURA 1 – ESCRAVOS DO ANTIGO EGITO DANDO BANHO EM SEU SENHOR

FONTE: <https://bit.ly/39JBdLV>. Acesso em: 22 jan. 2021.

Inicialmente, a utilização da água era atrelada ao misticismo e religiosidade,


de forma empírica. Só no final do século XV que as primeiras evidências científicas
sobre os benefícios da imersão começaram a ser produzidas (CUNHA et al., 1998).

DICAS

Vamos conhecer melhor a relação entre a humanidade e água?


Assista ao documentário Marcas da Água, que retrata a interação entre os seres humanos
e a água.

FONTE: <https://amzn.to/2LgjToj>. Acesso em: 2 fev. 2020.

4
TÓPICO 1 — BREVE HISTÓRICO DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 2 – JAPONESAS ADORAÇÃO A ÁGUA

FONTE: <https://creabain-energies.fr/wp-content/uploads/2017/05/bains-japonais.jpg>. Acesso


em: 15 jun. 2020.

Existem documentos sobre instalações higiênicas na cultura hindu que


datam de antes de 2400 a.C. Na Grécia, por volta de 334 a.C., foram desenvolvidos
centros de banhos que tinham como objetivo higiene e recreação (CUNHA et al.,
1998; BRANCO et al., 2006).

Somente em meados de 500 a.C., os gregos começaram explorar a água


de outra forma, procurando estudar as suas propriedades, deixando de ter
um caráter místico, passou a ser utilizada para tratamentos físicos específicos.
Hipócrates foi o primeiro a relatar os benefícios da imersão para reumatismos,
icterícia, paralisias, espasmos musculares e doenças articulares (CUNHA et al.,
1998; BRANCO et al., 2006).

Durante o império romano, o sistema de banhos desenvolvido pelos


gregos foi ampliado. Os Romanos se destacaram por sua habilidade na
arquitetura e construção. Foram construídos centros de banho para saúde,
repouso, atividades intelectuais, recreação e exercícios físicos. Além disso, por
volta de 330 d.C. criaram-se as modalidades de banho, com utilização de águas
frias (“frigidarium”), tépidas (“tepidarium”) e quentes (“caldarium”). Os banhos
do Imperador Caracalla cobriam uma milha quadrada com uma piscina que
media 1390 pés (CUNHA et al., 1998; BRANCO et al., 2006).

5
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

FIGURA 3 – BANHO ROMANO

FONTE: <https://bit.ly/2Lg0TpX>. Acesso em: 15 jun. 2020.

FIGURA 4 – THERMAS ROMANAS

FONTE: <https://bit.ly/39LPVSB>. Acesso em: 15 jun. 2020.

Entretanto, com o declínio do Império Romano e a influência religiosa na


Idade Média, os elaborados sistemas de banhos romanos foram extintos. Somente
no início dos anos 1700, Sigmund Hahn, um médico alemão, junto aos seus filhos,
propôs a ideia do uso da água com fins terapêuticos (BRANCO et al., 2006).

Foi quando surgiu a hidroterapia, assim definida por Wyman e Glazer,


que consistia na utilização da água em todos seus estados físicos para tratamento
de doenças (CUNHA et al., 1998).

Em 1697, na Grã Bretanha, Sir John Floyer, após anos de dedicação ao


estudo da hidroterapia, publicou o tratado intitulado An inquiry into the right use
and abuse of hot, cold and temperature baths (uma investigação sobre o uso correto e
o abuso de banhos quentes, frios e temperados).
6
TÓPICO 1 — BREVE HISTÓRICO DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Esse fato é apontado por Baruch (apud CUNHA et al., 1998) como o início
da hidroterapia científica, visto que os achados de Floyer foram incluídos nos
ensinamentos do professor Friedrich Hoffmann na Heidelberg University e
ensinados na França.

Na Inglaterra, o Dr. Currie aprofundou seus estudos por meio de


pesquisas, publicando-os em várias línguas, teve boa aceitação na Alemanha. Em
1747, John Wesley publicou um livro enfocando o uso da água como meio de
cura para doenças, passando a ser considerado como o fundador do metodismo
(CUNHA et al., 1998).

Nesse mesmo contexto, banhos frios seguidos de banhos de vapor quente


foram popularizados pelos russos e escandinavos, enquanto os banhos quentes
após frios tornaram-se tradição e assim permaneceram por várias gerações
(BRANCO et al., 2006).

Em meados do século XIX, a hidroterapia era uma técnica de caráter


passivo e incluía banhos de lençol, compressas úmidas, banhos frios de fricção
e banhos de dióxido de carbono. A técnica era usada para fins sociais e não
terapêutico, para as classes mais abastadas, até que médicos treinados na Europa
iniciaram a introdução da cura pela água (CUNHA et al., 1998).

Durante o Século XX, o uso da hidroterapia em spas foi diminuindo nos


Estados Unidos, até que, Baruch conquistou seu espaço de hidroterapia em 1907
e, na década de 1930, produziu um livro sobre o assunto, evidenciando para a
população o uso terapêutico do meio aquoso (CUNHA et al., 1998).

Nesta mesma época, na Europa, os spas prosperavam e os pacientes eram


exercitados na água através da flutuabilidade, surgindo, em meados de 1900, o
médico Walter Blount descreveu um tanque que incluía turbilhão (Tanque de
Hubbard) (CUNHA et al., 1998).

FIGURA 5 – TANQUE DE HUBBARD

FONTE: <https://bit.ly/2MyV3jU>. Acesso em: 23 jan. 2021.

7
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

Alguns anos depois, surgiram dois dos métodos atualmente mais


utilizados: Bad Ragaz e Halliwick. Com a epidemia de poliomielite, em 1916,
a hidroterapia começava a ganhar popularidade na Geórgia, devido a um fato
imprevisto: um jovem, portador de sequelas da doença, caiu em uma piscina
e conseguiu movimentar suas pernas, o que lhe era impossível em solo. Esse
jovem permaneceu em tratamento com exercícios terapêuticos na água e passou
da condição de cadeirante para a deambulação independente com apenas uma
bengala (CUNHA et al., 1998; BRANCO et al., 2006).

Após as duas grandes guerras, a hidroterapia passou a ser mais empregada


em programas de reabilitação nos Estados Unidos, mas não somente em spas,
como também em clínicas, tornando-se uma modalidade terapêutica térmica e
química. Em meados do século XX começaram a surgir na Europa novas ideias
e técnicas de reabilitação aquática, muitas das quais ainda hoje são utilizadas
(CUNHA et al., 1998).

FIGURA 6 – LINHA DO TEMPO DA EVOLUÇÃO DO USO DA ÁGUA

FONTE: A autora

No Brasil, a Fisioterapia Aquática teve início em 1922, na Santa Casa do


Rio de Janeiro, com o Dr. Artur Silva, eram utilizados banhos de água doce e
salgada de origem marítima (CUNHA et al., 1998).

Atualmente, a hidrocinesioterapia é consolidada como uma importante


técnica de reabilitação, sua evolução foi considerável e consta como disciplina
na matriz curricular de vários cursos de graduação em Fisioterapia. Muitas
patologias são tratadas em ambiente aquático paralelamente a outros serviços
de reabilitação, embora as pesquisas científicas na área sejam escassas, o que
prejudica o desenvolvimento de protocolos de tratamento.

8
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Inicialmente, o uso da água era atrelado ao misticismo e a religiosidade.

• Civilizações japonesas, hindus e chinesas faziam menção honrosa e de adoração


à água corrente.

• Em meados de 500 a.C., os gregos começaram explorar a água de outra forma,


procurando estudar as suas propriedades, deixando de ter um caráter místico,
passou a ser utilizada para tratamentos físicos específicos.

• Na Roma Antiga, as termas passaram a ser um costume romano, um ato tão


importante na vida social de Roma como as artes.

• Os romanos utilizavam os banhos para atletas, para higiene e prevenção de


doenças. Os romanos frequentavam diariamente as termas e permaneciam nas
suas dependências por várias horas.

• Piscinas imensas foram criadas no Império Romano, suas atividades eram


voltadas para aspectos intelectuais além de tornarem-se centros de saúde,
higiene, repouso, atividades recreativas e de exercícios onde os banhos não
eram só para atletas, mas também para a nobreza.

• Em 1697, na Grã Bretanha, Sir John Floyer, publicou o tratado intitulado An


inquiry into the right use and abuse of hot, cold and temperature baths o qual é
considerado o início da hidroterapia científica.

• Em 1700, o médico alemão Sigmund Hahn e seus filhos defenderam a utilização


da água para tratamento de úlceras nas pernas.

• O “Tanque de Hubbard” foi descrito pelo médico Walter Blount. Ele descreveu
o uso de um tanque com turbilhão ativado por motor.

• No Brasil, a hidroterapia científica teve início na Santa Casa do Rio de Janeiro,


com banhos de água doce e salgada. Naquela época, a entrada principal da
Santa Casa era banhada pelo mar (em meados de 1922).

9
AUTOATIVIDADE

1 A hidroterapia passou por várias evoluções e eventos históricos que


marcaram o surgimento da hidroterapia no Brasil e no Mundo. Sobre o
exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Arquivos históricos constam que civilizações japonesas e chinesas


antigas faziam menções de culto (adoração) para a água corrente.
( ) No Brasil, a hidroterapia científica, teve início na Santa Casa de São
Paulo, com banhos de água doce e salgada.
( ) Os gregos criaram dois tipos de banhos: Caldarium, e Frigidarium
( ) A civilização grega foi a primeira a reconhecer a relação entre os
benefícios para o corpo e a mente através dos banhos e recreação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) F – F – V – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) V – V – F – F.

2 O uso terapêutico da água começou a ressurgir gradualmente e, só a partir


de 1.800 surgiram as primeiras evidências de métodos e tratamentos de
hidroterapia. Com base nesta afirmação, analise as sentenças a seguir:

I- O “Tanque de Hubbard” foi descrito pelo médico Walter Blount em 1900.


Ele descreveu o uso de um tanque com turbilhão ativado por motor.
II- Durante a primeira metade do século na Europa, os tratamentos foram
baseados em duas técnicas: Bad Ragaz e Halliwick.
III- Baruch foi considerado o melhor especialista em hidroterapia na América.
Em 1907, ele ocupou a primeira cadeira de hidroterapia na Columbia
University.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença III está correta.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença I está correta.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

10
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM


A FISIOTERAPIA AQUÁTICA

1 INTRODUÇÃO

A fisioterapia aquática é embasada pelas propriedades físicas da água


e pelos efeitos fisiológicos da imersão. Estes conhecimentos são fundamentais
para compreender as vantagens, limitações, indicações e contraindicações
da água como meio de reabilitação, bem como os fundamentos das técnicas
terapêuticas utilizadas.

Por isso, é muito importante que você, acadêmico, entenda-os, pois,


essa compreensão associada ao uso de movimentos e exercícios pode favorecer
a atuação da fisioterapia aquática e potencializar o processo de intervenção
fisioterapêutica. Vamos lá?

NTE
INTERESSA

A hidrostática, a hidrodinâmica e a termodinâmica são as bases do emprego


da fisioterapia aquática. Por isso, relembraremos os seguintes conceitos:

• Hidrostática é quando os fluídos estão em equilíbrio estático, ou seja, em repouso.


• Hidrodinâmica é quando os fluídos estão sujeitos a forças externas diferentes de zero,
em movimento.
• Termodinâmica é quando ocorre troca entre o corpo e o meio líquido.

Interessante, não é mesmo?

FONTE: <http://bit.ly/2YDTunv>. Acesso em: 23 jan. 2021.

11
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

2 CONCEITOS BÁSICOS DA HIDROSTÁTICA


As principais propriedades físicas da água da Hidrostática sobre o corpo
imerso são:

QUADRO 1 – PROPRIEDADES HIDROSTÁTICAS DA ÁGUA

Propriedade Conceito Efeito

Corpo humano tem densidade


aproximada de 0,97,
Densidade þ=m/V
determinando a característica de
flutuação do corpo.

Todo corpo que esteja


submerso em um fluido Determina a porcentagem de
em repouso experimenta descarga de peso corporal, que
Empuxo
um empuxo vertical, e varia conforme a profundidade
para cima, igual ao peso na qual o indivíduo se encontra.
de fluido deslocado.

Age nos tecidos e exerce


uma compressão de vasos
Pressão
P= F / A sanguíneos, podendo auxiliar no
hidrostática
retorno venoso e na redução de
edemas.

Promove resistência
tridimensional com movimentos
lentos, favorece a propriocepção,
Resistência de um fluido
Viscosidade a cocontração e uma maior
em deslocar-se.
estabilização postural e dos
movimentos de segmentos
corporais.

Camada superficial de
um líquido venha a se
A coesão cria uma resistência ao
Tensão comportar como uma
movimento, isto é, uma tensão
superficial membrana elástica,
superficial.
devido à força de coesão
das moléculas

Legenda: densidade (ρ); pode definir-se como a massa (m); por unidade de volume (V); pressão
(P) pode entender-se como uma força (F); atuando perpendicularmente sobre uma área (A).
FONTE: A autora

12
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM A FISIOTERAPIA AQUÁTICA

2.1 DENSIDADE RELATIVA


A água, assim como todos os compostos orgânicos, apresenta uma
determinada densidade, a qual é definida pela relação entre a sua massa e seu
volume (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

A densidade é a resultante da divisão da massa pela unidade de volume,


em que:

D = M/V

É mensurada pelo sistema internacional (S.I.) como quilograma por metro
cúbico (kg/m3) ou grama por centímetro cúbico (gr/cm3).

QUADRO 2 – DENSIDADES DE DIFERENTES MATERIAIS

Material Densidade (Gr/cm³

Água Pura (4°C) 1,00

Água Pura (0°C) 0,92

Água do Mar (10°C e salinidade de 3,3%) 1,03

Ar 0,001

Corpo Humano (média) 0,97

Massa Magra ( ossos e músculos) 1,10

Tecido Adiposo 0,90

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3rfOCRJ>. Acesso em: 23 jan. 2021.

Já a gravidade específica é a relação entre a densidade de uma substância


com a densidade da água. Deste modo, a gravidade específica da água sendo
igual a 1, todo corpo que for colocado no ambiente aquático, e apresentar uma
densidade menor do que a da água, flutuará. Caso a sua densidade seja maior o
corpo afundará (CARREGARO; TOLEDO, 2008; RUOTI; MORRIS; COLE, 2000).

O corpo humano, conforme a figura 6, tem densidade aproximada de 0,97


e, por esse motivo tende a flutuar na água. A densidade pode variar conforme a
temperatura e de substância para substância. Sendo assim, normalmente idosos
apresentam menor densidade que adultos (em torno de 0,86), em função da
sua composição corporal, que em decorrência do processo de envelhecimento,
tende a acumular mais tecido adiposo e menos massa muscular (CARREGARO;
TOLEDO, 2008; IDE et al., 2004; RUOTI; MORRIS; COLE, 2000).

13
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

Cada segmento corporal, devido à composição de tecidos, apresenta


variações na sua densidade. Você já percebeu ao entrar em uma piscina que seus
membros superiores flutuam mais facilmente que os inferiores? Isso ocorre em
função deles possuírem menor densidade (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

NTE
INTERESSA

Você sabia que os pulmões também podem influenciar nessa variação?


Uma respiração calma provoca pouca variação na densidade relativa do corpo e menor
desequilíbrio durante a flutuação!

No uso da fisioterapia aquática é importante também consideramos a


massa muscular do paciente quando analisamos sua densidade. Quando um
músculo se encontra hipotônico ou sofre atrofia, ocorre diminuição da sua
densidade e, portanto, tenderá a flutuar mais. Ao contrário, quando há hipertonia
ou hipertrofia, a densidade do segmento aumenta e ele tende a afundar
(CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

Isso é uma questão importante, pois a interação entre os conceitos de


densidade e flutuação, determina a necessidade de equipamentos de assistência,
como flutuadores, durante a terapia (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

2.2 EMPUXO
O Empuxo, ou também chamada Força de flutuação, pode ser definido
como uma força que age contra a gravidade, e está relacionado ao volume de
água deslocado pelo corpo submerso (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

É em decorrência dessa propriedade que na água, a gravidade pode ser


relativamente anulada e ocasionar uma menor descarga de peso corporal. É
originada pelo fato de que a pressão de um líquido aumenta com a profundidade.

Para compreender como isso ocorre, precisamos entender a relação entre


o centro de gravidade (CG) e o centro de flutuação (CF).

O CG é o ponto em torno do qual a massa corporal é distribuída igual-


mente em todas as direções e, em pé, localiza-se próximo ao nível da segunda
vértebra lombar. Já o CF é o ponto ao redor do qual a flutuação está distribuída de
maneira uniforme, e normalmente localiza-se no meio do tórax (CARREGARO;
TOLEDO, 2008).
14
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM A FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 7 – INTERAÇÃO ENTRE A FORÇA DE GRAVIDADE E FLUTUAÇÃO

FONTE: Caromano e Nowotny (2002, p. 3)

Além disso, conforme a profundidade, a flutuação determina a


porcentagem de descarga de peso corporal. Observe na figura 8:

FIGURA 8 – INFLUÊNCIA DA FLUTUAÇÃO NA ELIMINAÇÃO DE PESO CORPORAL COM BASE


EM DIFERENTES GRAUS DE IMERSÃO

FONTE: Carregaro e Toledo (2008, p. 24)

Devemos levar em consideração este fato durante a reabilitação, pois


podemos utilizar de como evolução gradativa para o aumento da descarga de
peso (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

15
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

2.3 PRESSÃO HIDROSTÁTICA


O meio aquoso exerce uma pressão em todas as direções em um corpo
submerso, e este então está exposto a um determinado grau de pressão, que é
determinada pela força por unidade de área (CARREGARO; TOLEDO, 2008).
Conforme a equação matemática:

P= F / A

Caromano e Nowotny (2002, p. 4) discorrem que segundo a Lei de Pascal:


“(...) a pressão hidrostática P é definida como a força (F) exercida por unidade
de área (A), em que a força por convenção é suposta, e é exercida igualmente
sobre toda área da superfície de um corpo imerso em repouso, a uma dada
profundidade”.

A pressão é influenciada pela densidade do líquido e pela profundidade,


quanto maior a profundidade, maior a pressão exercida. Essa propriedade age
nos tecidos e exerce uma compressão de vasos sanguíneos, podendo auxiliar no
retorno venoso e na redução de edemas. (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

Além disso, auxilia no desenvolvimento da coordenação motora e melhora


o suporte e a sustentação do corpo em situações que requerem mais equilíbrio.
Também promove uma maior resistência à musculatura inspiratória e favorece a
expiratória (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

2.4 VISCOSIDADE
Representa uma medida importante no que refere à resistência ao
movimento, pois refere-se ao atrito que o líquido exerce em um corpo, quando
ele se movimenta (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

O coeficiente de viscosidade mostra que, quanto mais viscoso um líquido,


maior a força requerida para se criar um movimento, quando imerso neste líquido
(CARREGARO; TOLEDO, 2008).

Para compreendermos melhor é importante destacar que resistência


na água é até 800 vezes maior que no ar e é inversamente proporcional à
temperatura, isto é, a viscosidade diminui conforme a água é aquecida. Além
disso, é proporcional a velocidade do movimento e com a área de atrito do corpo.
Assim, quanto mais rápido o movimento ou maior a área de atrito, maior será a
resistência. Essa propriedade auxilia na propriocepção, cocontração e uma maior
estabilização postural e dos movimentos de segmentos corporais (CARREGARO;
TOLEDO, 2008).

16
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM A FISIOTERAPIA AQUÁTICA

2.5 TENSÃO SUPERFICIAL


Esta propriedade deve-se à coesão de atração entre moléculas vizinhas,
a qual provoca resistência pequena, quando um segmento está parcialmente
submerso, além de ser proporcional ao tamanho do corpo a sua distância em
relação à superfície da água.

Esse princípio não tem muita interferência na Hidroterapia, mas é


fundamental em caso de saltos ornamentais, onde é necessário romper a tensão
superficial quando o indivíduo atinge a superfície da água. Além disso, é essa
propriedade que permite que um inseto caminhe sobre água sem afundar
(CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

FIGURA 9 – INSETO SOBRE A ÁGUA

FONTE: <https://bit.ly/3tjPHdb>. Acesso em: 23 jan. 2021.

3 CONCEITOS BÁSICOS DA HIDRODINÂMICA


Na Fisioterapia Aquática, o conceito de Hidrodinâmica relacionada
ao movimento é importante, visto que a cinesioterapia é uma das principais
condutas do fisioterapeuta. São propriedades de hidrodinâmica: movimento de
fluxo e fluxo de arrasto.

QUADRO 3 – PROPRIEDADES DA HIDRODINÂMICA

Propriedade Conceito Efeito

É determinado pela veloci-


dade, oscilação e formato do Aumenta a Resistência
Movimento de Fluxo
corpo, podendo ser laminar ao movimento.
ou turbulento.

17
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

Diferença na pressão à fren-


te e na traseira do objeto em
Facilita ou dificulta a
Fluxo de Arrasto deslocamento, sendo que
marcha.
a pressão traseira se torna
menor que a dianteira.

FONTE: A autora

3.1 MOVIMENTO DE FLUXO


Durante a imersão, quando um corpo se movimenta, estará exposto
a peculiaridades de fluxo do líquido, que são determinadas pela velocidade,
oscilação e formato do corpo (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

Assim, durante a movimentação suave e lenta, o fluxo da água ao redor do


objeto é chamado de fluxo laminar. As moléculas se movimentam paralelamente
e não se cruzam. Já quando o movimento é rápido, formam-se cruzamentos e
oscilações, formando um fluxo turbulento (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

FIGURA 10 – FLUXO TURBULENTO E LAMINAR

FONTE: <https://docplayer.com.br/docs-images/95/123536684/images/29-0.jpg>. Acesso em:


25 jan. 2021.

Durante o movimento, a resistência friccional é maior no fluxo turbulento.


No fluxo laminar, a resistência é diretamente proporcional à velocidade – isso
devido ao atrito entre as camadas de moléculas do líquido; enquanto no fluxo
turbulento é proporcional ao quadrado da velocidade, em decorrência do
atrito entre as moléculas individuais do líquido e entre o líquido e a superfície
do continente. Assim, é mais difícil equilibrar-se ou deslocar-se em um fluxo
turbulento do que em um fluxo contínuo.

18
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM A FISIOTERAPIA AQUÁTICA

3.2 FORÇA DE ARRASTO


Durante o movimento, cria-se uma diferença na pressão à frente e na
traseira do objeto, sendo que a pressão traseira torna-se menor que a dianteira.
Nesse sentido, ocorre o que chamamos de esteira, um deslocamento do fluxo de
água para dentro da área de pressão reduzida (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

Na região da esteira forma-se redemoinhos, que tendem a arrastar para


trás o objeto. Quanto mais rápido o movimento, maior o arrasto.

FIGURA 11 – FORÇA DE ARRASTO

ESTEIRA

REDEMOINHO

FONTE: Shirabe (2017, p. 21)

O coeficiente de arrasto está relacionado com a forma como o corpo


está alinhado com a correnteza. Assim, a resistência ao movimento depende da
velocidade e da forma do objeto (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

Este princípio não afeta diretamente a imersão ou movimento de um


corpo na água, mas é importante para lembrar de alguns cuidados a serem
prestados aos pacientes durante e após a sessão de hidroterapia (CAROMANO;
NOWOTNY, 2002).

4 CONCEITOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA


Quando trabalhamos com imersão, impomos ao corpo uma temperatura
diferente da sua, ocasionando uma troca energética entre o meio e o corpo. Vamos
entender como isso acontece?

Segundo Branco et al. (2006), os benefícios da água também se devem a


sua capacidade de conservar e transferir calor. Os autores postulam que:

19
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

Como todas as substâncias, a água possui energia armazenada sobre a


forma de calor. Esta energia, expressa em calorias, pode ser libertada
(arrefecimento) ou captada (aquecimento), segundo a expressão: Q
= mc ΔT° Na qual “m” equivale à massa da água, “c” à capacidade
térmica específica do fluido e “ΔT°” à variação de temperatura
(BRANCO et al., p. 28).

Assim, um corpo imerso no meio líquido forma um sistema dinâmico. Se


a temperatura da água exceder a do corpo imerso, o sistema reequilibra-se atra-
vés do aquecimento do corpo e do arrefecimento da água (BRANCO et al., 2006).

É importante destacar que a água é um excelente condutor, transferindo


calor 25 vezes mais depressa do que o ar. Branco et al. (2006) afirmam que os
efeitos térmicos da água permitem a troca de calor com o corpo imerso por duas
vias: condução e convecção.

A primeira ocorre pelo movimento normal de energia do corpo mais


quente em direção ao mais frio, enquanto a segunda consiste na perda que ocorre
pelo movimento da água contra o corpo, mesmo em temperaturas idênticas.

FIGURA 12 – CONDUÇÃO DE CALOR

FONTE: <https://bit.ly/3oGMYGV>. Acesso em: 1º out. 2020.

Os efeitos variam com a duração do exercício, seu tipo, progressão e


intensidade, temperatura da água, postura adotada e patologia do paciente.

Segundo Caromano e Nowotny (2002), a temperatura do nosso corpo varia


por região, em torno de 0,6°. Nesse sentido, podemos dividir em temperatura
central e temperatura superficial. A temperatura normal média é considerada
como sendo de 37°C, quando medida oralmente.

Os mesmos autores destacam que a realização de exercícios vigorosos em


água aquecida (35°C), resulta em aumento da temperatura central para 39°C e
fadiga prematura.

20
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM A FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Já o exercício vigoroso em água fria (18°C) resulta em diminuição da


temperatura corporal central para aproximadamente 36°C, associada com a
inabilidade de realizar contração muscular (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

NTE
INTERESSA

Você sabia que a água retém 1.000 vezes mais calor que um volume equivalente de ar? O
corpo humano, por sua vez, tem capacidade calórica específica igual a 0,83.
A capacidade do ar de reter água é conhecida como umidade. Umidade relativa é a relação
entre a quantidade que estaria presente se o ar estivesse saturado na mesma temperatura.
Se a umidade e a temperatura estiverem elevadas, o corpo terá muita dificuldade em perder
calor e o ambiente torna-se desconfortável.
Por esse motivo, aconselha-se temperatura ambiente entre 20 e 21°C e umidade de 55%
em piscinas terapêuticas (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

Quando consideramos o resfriamento, a lei de Newton, afirma que a


velocidade de resfriamento de um corpo, em um dado tempo, é proporcional
à diferença de temperatura entre o corpo e sua vizinhança. Quanto maior a
diferença, maior a velocidade de resfriamento (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

5 CONCEITOS BÁSICOS ÓTICOS


A Ótica é o ramo da Física que se dedica ao estudo de fenômenos
relacionados à luz. Um dos conceitos dessa área discorre sobre a refração uma
propriedade que deve ser considerada na atuação do fisioterapeuta.

Ela consiste em uma deflexão de um raio, quando ele passa de um meio


mais denso para um menos denso ou vice-versa. Quando um raio de luz é refletido
no fundo da piscina, será refratado afastando-se do normal, ao passar da água
para o ar, portanto, o ponto A parece ocorrer no ponto B, porque o observador
imagina que a luz viaja em linha reta (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

21
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

FIGURA 13 – REFRAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3jeFHNo>. Acesso em: 25 jan. 2021.

A piscina parece ser mais rasa do que realmente é, e os membros inferiores


de um paciente, quando imersos, parecem deformados, e quando parcialmente
imersos parecem quebrados. Isto dificulta a observação do paciente, a partir da
superfície da piscina (CAROMANO; NOWOTNY, 2002).

FIGURA 14 – REFRAÇÃO

FONTE: Caromano e Nowotny (2002, p. 6)

22
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA QUE FUNDAMENTAM A FISIOTERAPIA AQUÁTICA

E
IMPORTANT

Você percebeu como as propriedades físicas da água são importantes para a fisioterapia
Aquática?
Todos os princípios são uteis e cabe a você, futuro fisioterapeuta, analisar as situações
clínicas, adicionando ou retirando equipamentos da sua intervenção. Segundo Caromano
e Nowotny (2002), vale ressaltar que:

• De forma geral, a densidade pode ser alterada para facilitar ou resistir movimentos e
auxiliar na sustentação e flutuação do corpo.
• A força de flutuação poder auxiliar em técnicas de mudança de decúbito e facilitar o
deslocamento de todo corpo, como por exemplo, durante a marcha.
• A pressão hidrostática auxilia na diminuição da descarga de peso sobre os membros
inferiores, na resolução de edemas e pode servir como exercício respiratório em algumas
doenças respiratórias.
• A viscosidade provoca resistência ao deslocamento.
• Variações no ambiente aquático, como a produção de turbulência, criam um meio
interessante para o trabalho do equilíbrio estático e dinâmico.
• O fluxo também pode ser modificado por equipamentos como palmares, que,
dependendo de como são utilizados, podem dificultar ou facilitar um determinado
movimento.
• O movimento em meio aquoso, sendo dependente da forma do corpo, ao se deslocar
na água e da velocidade pode ser modificado de inúmeras maneiras, criando as mais
diversas situações terapêuticas.
• A força de arrasto pode ser utilizada para facilitar os movimentos, tanto do paciente
quando do terapeuta. Uma vez o paciente posicionado atrás do terapeuta, o movimento
de resistência é vencido pelo terapeuta e facilitado para o paciente.
• A utilidade da temperatura tépida da água depende de sua grande capacidade de reter
e transferir calor.

23
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A fisioterapia aquática é embasada pelas propriedades físicas da água e pelos


efeitos fisiológicos da imersão.

• As principais propriedades físicas da água da Hidrostática sobre o corpo imerso


são: densidade, empuxo, pressão hidrostática, viscosidade e tensão superficial.

• As principais propriedades físicas da água da Hidrodinâmica são: movimento


de fluxo e arrasto.

• A refração é uma propriedade ótica, que consiste em uma deflexão de um raio,


quando ele passa de um meio mais denso para um menos denso ou vice-versa.

• Os benefícios da água também se devem a sua capacidade de conservar e


transferir calor.

• A densidade pode ser alterada para facilitar ou resistir movimentos e auxiliar


na sustentação e flutuação do corpo.

• No uso da fisioterapia aquática é importante também consideramos a massa


muscular do paciente quando analisamos sua densidade.

• A pressão hidrostática auxilia na diminuição da descarga de peso sobre os


membros inferiores.

• A viscosidade provoca resistência ao deslocamento.

24
AUTOATIVIDADE

1 Para compreender as adaptações fisiológicas de um corpo em imersão


é necessário o entendimento sobre os princípios da hidrostática, da
hidrodinâmica e da termodinâmica. Nesse sentido, sobre os princípios
físicos da água, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Pressão hidrostática.
II- Turbulência.
III- Flutuação.

( ) Cria um meio interessante para o trabalho do equilíbrio estático e dinâmico


( ) É a força experimentada como empuxo para cima, atuando em sentido
contrário ao da ação da gravidade, aparentando que todo corpo submerso
possui menor peso do que em terra.
( ) É proporcional a sua profundidade e densidade, portanto, quanto mais
profunda, maior a pressão.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – III – II.
b) ( ) II – III – I.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – II – I.

2 O reconhecimento dos benefícios da hidroterapia sobre as mais diversas


patologias leva a sua incorporação nos programas de reabilitação da
fisioterapia, devido às propriedades físicas da água e os ganhos fisiológicos
dos exercícios aquáticos. Nesse sentido, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) A viscosidade facilita os movimentos e auxilia na sustentação e flutuação


do corpo.
( ) A turbulência, pode ser utilizada para o trabalho do equilíbrio estático e
dinâmico.
( ) O fluxo pode ser modificado por equipamentos como palmares, que
dependendo de como são utilizados, podem dificultar ou facilitar um
determinado movimento.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.
25
3 As forças físicas da água que agem sobre um organismo imerso, provocam
alterações fisiológicas extensas, atuando em quase todos os sistemas do
organismo. Com base no exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A hidrostática, hidrodinâmica e a turbulência são áreas da física que


fundamentam a hidroterapia.
b) ( ) A hidrostática estuda o comportamento do dos líquidos em movimento.
c) ( ) A hidrodinâmica estuda o comportamento dos líquidos em repouso.
d) ( ) As principais propriedades físicas da água de maior alcance clínico
sobre o corpo imerso são: densidade, empuxo, pressão hidrostática,
turbulência, viscosidade, tensão superficial e refração.

4 A Fisioterapia Aquática, também conhecida como Hidroterapia ou


Hidrocinesioterapia, é o emprego de exercícios terapêuticos utilizando os
princípios físicos da água e seus efeitos fisiológicos, visando proporcionar a
cura e a prevenção de doenças, além da promoção da saúde. Nesse sentido,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A flutuação permite que o paciente realize movimentos em diversos


planos, proporcionando atividades que até então poderiam ser
impossíveis de serem realizadas em solo.
( ) A água aumenta o impacto de movimento das articulações, aumentando
o risco de causar lesões em pacientes com doenças articulares ou
degenerativas.
( ) A fisioterapia aquática traz benefícios exclusivamente psicológicos para
a saúde do paciente.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

26
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

1 INTRODUÇÃO

Agora que já compreendemos as propriedades físicas da água,


entenderemos quais são os resultados dela no nosso organismo: os efeitos
fisiológicos. Estes dependem de fatores como temperatura da água, profundidade
da piscina, tipo e intensidade da atividade realizada, duração da fisioterapia
aquática, postura do paciente e sua condição clínica. A imersão pode provocar
respostas cardíacas, respiratórias, renais, musculoesqueléticas, entre outras.

FIGURA 15 – SISTEMAS ALTERADOS NA IMERSÃO

FONTE: A autora

27
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

Os mecanismos de adaptação ao exercício são semelhantes dentro e fora


de água, porém podem existir grandes diferenças quantitativas. O consumo
energético durante o exercício aeróbico submáximo em imersão pode ser superior,
idêntico ou inferior ao verificado, para o mesmo tipo de exercício fora de água
(BRANCO et al., 2006).

Como a relação entre o consumo de oxigênio e a frequência cardíaca


varia com as características do exercício e do próprio meio aquático, o uso deste
parâmetro para monitorizar a intensidade do exercício exige precauções especiais
(BRANCO et al., 2006).

Branco et al. (2006) discorrem que apesar dos volumes pulmonares serem
influenciados pela imersão, a resposta ventilatória ao exercício é semelhante
à verificada fora de água. As adaptações induzidas pelo exercício aquático
submáximo são parecidas com as realizadas fora de água. Isso ocorre pelo fato
que a água impede a evaporação do suor, a dissipação eficaz do calor depende
essencialmente da temperatura da água, da intensidade do exercício e da massa
gorda do indivíduo.

2 SISTEMA CARDIORRESPIRATÓRIO
Um dos principais efeitos no sistema cardiorrespiratório é provocado
pela pressão hidrostática, conforme a diminuição da profundidade proporciona
o deslocamento do sangue em uma via de mão única, que aumenta o fluxo nos
maiores vasos da cavidade abdominal e para o coração (CAROMANO; FILHO;
CANDELORO, 2003).

Além disso, o fluxo sanguíneo no pulmão também aumenta, devido ao au-


mento da pressão sanguínea. Esta resposta favorece uma maior troca gasosa, devido
ao aumento de sangue na circulação pulmonar (CARREGARO, TOLEDO, 2008).

Ocorre também um aumento no consumo energético, pois o coração deve


aumentar a força de contração e aumentar o débito cardíaco, em resposta ao
aumento de volume de sangue (CAROMANO; FILHO; CANDELORO, 2003).

Aumentos do débito cardíaco parecem estar relacionados a variações da


temperatura da água, podendo atingir aumentos de 30% a uma temperatura de
aproximadamente 33°C (CARREGARO, TOLEDO, 2008).

Ainda, a imersão na altura do tórax afeta significativamente o ritmo


respiratório e ocasiona aumento do trabalho respiratório, devido à compressão
da caixa torácica e deslocamento do centro diafragmático cranialmente. A
capacidade vital sofre uma redução de 6,0% e o volume de reserva expiratória
fica reduzido de 66,0% (CAROMANO; FILHO; CANDELORO, 2003).

28
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

FIGURA 16 – ALTERAÇÕES CARDIORRESPIRATÓRIA

FONTE: Arca et al. (2012, p. 428)

3 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
Na imersão em temperaturas acima de 37°C ocorre vasodilatação e au-
mento o fluxo sanguíneo muscular. Além disso, o auxílio da flutuação diminui
a sobrecarga articular e favorece uma atuação equilibrada dos músculos, pro-
porcionando um meio de fácil movimentação e potencializando a realização de
exercícios que não seriam possíveis em solo, principalmente em indivíduos com
limitações de força e movimento (CAROMANO; FILHO; CANDELORO, 2003).

Como já visto anteriormente, a viscosidade provoca uma resistência


tridimensional, fazendo com que as contrações musculares sejam sincrônicas.

Nesta perspectiva, com menor descarga de peso, o fisioterapeuta pode


usar equipamentos específicos e aumentar a resistência durante os movimentos
na água.

FIGURA 17 – USO DE EQUIPAMENTOS PARA POTENCIALIZAR AÇÃO MUSCULAR

FONTE: <https://bit.ly/3pMdVdO>. Acesso em: 25 jan. 2021.

29
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

4 SISTEMA RENAL
No sistema renal ocorre um aumento do fluxo sanguíneo renal,
ocasionando aumento da liberação de creatinina. Não obstante, a distensão atrial
esquerda diminui a atuação simpática e ocasiona maior transporte de sódio
tubular, com diminuição de aproximadamente um terço da resistência vascular
renal (CAROMANO; FILHO; CANDELORO, 2003).

A excreção de sódio aumentada gera uma parte do efeito diurético da


imersão. Outro fator é que a função renal é largamente controlada pelos hormônios
renina, aldosterona e hormônio antidiurético (CARREGARO, TOLEDO, 2008).

A aldosterona controla a reabsorção de sódio nos túbulos distais,


atingindo um máximo após três horas de imersão. A regulação do peptídeo
atrial natriurético é suprimida em 50% de sua função no solo, após a imersão
(CAROMANO; FILHO; CANDELORO, 2003).

Acompanhando as alterações no controle renal ocorrem alterações em


alguns neurotransmissores do sistema nervoso autônomo. As catecolaminas
agem regulando a resistência vascular, a frequência cardíaca e a força de
contração cardíaca e são ativadas logo após a imersão (CAROMANO; FILHO;
CANDELORO, 2003).

Os efeitos combinados no sistema renal e cardiovascular, em temperaturas


neutras, contribuem para a diminuição da pressão em longas imersões, gerando
diminuições da pressão sanguínea que duram até horas, pós-imersão.

FIGURA 18 – ALTERAÇÕES RENAIS

FONTE: Arca et al. (2012, p. 428)

30
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

5 SISTEMA NEUROLÓGICO
No sistema nervoso, a imersão influencia na percepção dos níveis de
dor, por um mecanismo de redução de sensibilidade das terminações nervosas
livres, causado por um extravasamento sensorial, dado pela temperatura, atrito e
pressão, o qual pode aumentar o limiar da dor (CARREGARO, TOLEDO, 2008).

Não obstante, ocorre o relaxamento do tônus muscular, que pode ser de-
vido à vasodilatação e diminuição da sobrecarga corporal, benéfico nos casos de
espasticidade ou tensão muscular exacerbada (CARREGARO, TOLEDO, 2008).

Durante os exercícios aquáticos, o sistema vestibular é bastante requisitado


pela instabilidade provocada pela água, o que possibilita o tratamento de
pacientes portadores de distúrbios do equilíbrio.

6 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
A fisioterapia aquática tem inúmeros indicações, principalmente em
condições que necessitam a redução ou a eliminação total da sustentação do
peso corporal, em processos inflamatórios, quadros álgicos, retração e espasmo
musculares, amplitudes de movimentos reduzidas, promovendo uma restauração
funcional eficaz.

Assim, podemos destacar como indicações terapêuticas gerais as


disfunções neurológicas em casos de espasmos ou dificuldade de equilíbrio/
deambulação, disfunções reumáticas, traumato-ortopédicas, e em populações
como gestantes, crianças e idosos, dentre outros.

DICAS

Quer conhecer um pouco mais sobre a área de atuação do fisioterapeuta na


Fisioterapia Aquática? Acesse o Site da Associação Brasileira de Fisioterapia Aquática, em:
https://abfaquatica.com.br/.

31
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

FONTE: <https://abfaquatica.com.br/>. Acesso em: 26 jan. 2021.

O fisioterapeuta deve analisar na avaliação os principais objetivos de suas


condutas associando aos efeitos terapêuticos esperados na imersão.

FIGURA 19 – EFEITOS TERAPÊUTICOS ESPERADOS COM A IMERSÃO

FONTE: A autora

As intervenções utilizadas vão depender da disfunção e do quadro


clínico de cada paciente, bem como dos objetivos traçados para cada tratamento.
Os manuseios e métodos empregados na reabilitação aquática diferem em
conformidade com as necessidades individuais e a área da fisioterapia, mas todas
se utilizam das propriedades físicas da água e seus efeitos no corpo humano.

32
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

Os autores sustentam ainda que a imersão na água provoca redução


do tônus muscular, enquanto a dor pode ser reduzida por ambos os estímulos
térmicos. Além disso, a imersão na água facilita a amplitude de movimento
articular e força, demonstrando a eficácia do programa, e destacam o importante
benefício da facilitação dos exercícios de amplitude em um ambiente aquático
(CARREGARO, TOLEDO, 2008).

As contraindicações podem ser divididas em relativas, absolutas e


relacionadas com o estado clínico do paciente. As relativas dizem respeito a
cuidados especiais com relação a: período menstrual, tímpano perfurado, uso de
bolsa de colostomia, epilepsia, disfagia e medo de água. Processos infecciosos e
inflamatórios agudos da região da face e pescoço, tais como inflamações dentárias,
amigdalites, faringites, otites, sinusites e rinites costumam apresentar piora com
a imersão, por isso deve ser avaliadas caso a caso (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Há algumas contraindicações absolutas, como feridas infectadas, infecções


de pele e gastrointestinais, sintomas agudos de trombose venosa profunda, doença
sistêmica, tratamento radioterápico em andamento e incontinência urinaria e/ou
fecal (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Micoses e infecções por fungos graves também requerem afastamento do


paciente de ambientes úmidos (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Deve-se ter atenção especial aos portadores de problemas cardíacos graves,


além de hipo/hipertensão descontrolada, bem como insuficiências respiratórias e
epilepsia ou uso de válvulas intracranianas (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Pacientes com fobia à água devem ter um acompanhamento criterioso,


enquanto pacientes com aparelhos de surdez não devem utilizá-lo na piscina
(BIASOLI; MACHADO, 2006).

7 BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA


Os benefícios terapêuticos do meio líquido são promovidos pelas
modificações fisiológicas durante a realização de exercícios em água aquecida,
pelo desvio de calor somado aos princípios físicos da água, como já destacamos
anteriormente.

Podemos elencar muitos benefícios, e cabe ao profissional fisioterapeuta


avaliar a relação custo/benefício do uso da Fisioterapia Aquática no tratamento de
cada paciente. Na figura a seguir destacaremos os principais benefícios descritos
na literatura atual.

33
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

FIGURA 20 – PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FONTE: A autora

Lima e Cordeiro (2020) destacam que a experiência prévia com a imersão


deve ser considerada para o uso do recurso da fisioterapia aquática, pois
indivíduos que são familiarizados e se sentem confortáveis no meio aquático
participam com mais intensidade das atividades propostas em comparação
àqueles menos adaptados.

34
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

FIGURA 21 – PACIENTE SENDO FAMILIARIZADO COM O MEIO LÍQUIDO

FONTE: <https://interfisio.com.br/fisioterapia-aquatica-no-tratamento-da-paralisia-cerebral-em-
adultos-revisao-da-literatura-e-relato-de-caso-2/>. Acesso em: 27 jan. 2021.

Castro, Barbosa e Braga (2018) após analisarem a intervenção com


fisioterapia aquática em crianças com paralisia cerebral, afirmam que os benefícios
com esta população são inúmeros. Os autores discorrem que a turbulência é
uma grande aliada ao tratamento da dor, pois fornece estímulos sensoriais que
podem ser intensificadas com manuseios realizados pelo terapeuta, diminuindo
a desconforto articular.

Os mesmos autores destacam que durante a imersão, o fisioterapeuta


consegue realizar uma estabilização articular mais eficaz do que no solo, em
função da pressão em todas as direções. Essa estabilidade favorece a permanência
desses pacientes em pé, situação realizada com dificuldades fora deste ambiente.

Assim, utiliza-se da força vertical oposta à gravidade dada pelo empuxo,


auxiliando as musculaturas enfraquecidas que não são capazes de vencer a força
da gravidade.

Esse fato é particularmente importante quando pensamos na inserção


social e fator psicológico desses indivíduos, a maioria destes pacientes passa
muito tempo da sua vida sentado em uma cadeira de rodas ou utilizando
um dispositivo auxiliar de marcha, e a fisioterapia aquática permite que eles
experenciem a posição em pé e a deambulação com auxílio contribuindo muito
para o fator motivacional de seu tratamento.

35
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

FIGURA 22 – FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA PARALISIA CEREBRAL

FONTE: <https://fisioteraloucos.com.br/conheca-os-beneficios-da-fisioterapia-aquatica-para-
tratar-criancas/>. Acesso em: 27 jan. 2021.

Ide et al. (2009) destacam em seu estudo que o meio líquido possibilita
a aquisição e vivências de diversas posturas para populações especiais, como
idosos e crianças.

As brincadeiras e os equipamentos utilizados propiciam a terapia um


meio lúdico, fator importante na adesão ao tratamento.

FIGURA 23 – USO DO LÚDICO COM CRIANÇAS NA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FONTE: <https://www.amaralnatacao.com.br/brincar-ajuda-desenvolvimento-dos-bebes-e-
criancas/>. Acesso em: 27 jan. 2021.

Além disso, observa-se melhora das condições cardiorrespiratórias,


através da influência direta da atividade na água na capacidade aeróbica, trocas
gasosas e condição respiratória geral.

36
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

Não obstante, há melhora psicológica, provavelmente pelo relaxamento


físico, descontração, prazer, integração e socialização que a atividade aquática
proporciona.

Segundo Ide et al. (2009), pode-se observar benefícios psicológicos em


mulheres que adotam a atividade aquática como forma de atividade saudável
durante o período gestacional.

FIGURA 24 – FISIOTERAPIA AQUÁTICA EM GESTANTES

FONTE: <https://bit.ly/3pOvERZ>. Acesso em: 27 jan. 2021.

A imersão exerce efeitos particulares em pacientes com disfunções de


locomoção, segundo Ide et al. (2009) isso deve-se ao efeito térmico da água, que
diretamente diminui a dor e o espasmo muscular, e da flutuabilidade da água,
que alivia o estresse mecânico nas articulações.

Os mesmos autores discorrem que indica-se fisioterapia aquática


para pacientes com quadros subagudos e crônicos de dor, espasmo muscular,
edema, diminuição da amplitude de movimento e força muscular, déficit de
equilíbrio e propriocepção, alterações posturais ou no retorno às condições
cardiorrespiratórias prévias a algum problema, como em pós-operatórios ou
pós-imobilizações prolongadas, especialmente quando não se permite a descarga
total de peso por um motivo ou outro.

A Fisioterapia Aquática pode ser usada como recreação e manutenção da


saúde geral, promovendo saúde e auxiliando portadores de alguma patologia
crônica ou grupos especiais, como idosos e gestantes.

37
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

Além de todos os benefícios fisiológicos do meio aquático, as atividades


realizadas neste ambiente por si só, oferecem um momento de lazer e descontração,
que promove a interação social e o bem estar psíquico aos seus adeptos (BIASOLI;
MACHADO, 2006).

FIGURA 25 – INTERAÇÃO SOCIAL NA HIDROTERAPIA

FONTE: <http://bit.ly/36IJJIT>. Acesso em: 27 jan. 2021.

Segundo Revisão Integrativa realizada por Abreu et al. (2020) a fisioterapia


aquática possui benefícios significativos, em especial aos idosos, incluindo
melhora da funcionalidade, independência, controle da coordenação corporal,
melhora da aptidão física, diminuição de dores, musculares e articulares, e
diminuindo comorbidades.

Silva et al. (2013) destaca que o meio líquido permite o atendimento


individual e em grupo, e diminui a ação da gravidade. Traz possiblidades para
realização de exercícios tridimensionais, sem risco de quedas, e com ambos os
membros, superiores e inferiores ao mesmo tempo.

Não obstante, este tipo de recurso está associado à atividade prazerosa de


relaxamento, num ambiente agradável e de fácil socialização. Todos esses fatores
em conjunto contribuem para a melhora da confiança e autoestima dos pacientes

A fisioterapia aquática tem como finalidade o bem-estar social do


indivíduo, e proporciona uma integração do corpo e da mente para a obtenção
de resultados ideais, levando a uma perfeita condição de exercício da cidadania.

Segundo Motta et al. (2015), as atividades em grupo realizadas no meio


líquido, proporcionam benefício psicológico que encorajam a interação social
e troca de experiências, proporcionando apoio, motivação aos participantes,
restituição da autoestima, alívio das tensões e aprendizado de novas habilidades.

38
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

FIGURA 26 – ATIVIDADES EM GRUPO E INTERAÇÃO SOCIAL

FONTE: A autora

39
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

LEITURA COMPLEMENTAR

EFEITOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA DOR E NO ESTADO DE


SONO E VIGÍLIA DE RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO ESTÁVEIS
INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

Carine Vignochi
Patrícia P. Teixeira
Silvana S. Nader

Resumo

Objetivos:  avaliar os efeitos da fisioterapia aquática na dor e no ciclo de


sono e vigília de bebês prematuros estáveis hospitalizados. Métodos: a pesquisa
caracterizou-se como ensaio clínico não controlado de séries temporais. Foram
incluídos 12 recém-nascidos clinicamente estáveis com idade gestacional inferior
a 36 semanas internados em unidade de terapia intensiva neonatal. Após serem
selecionados, os recém-nascidos foram colocados no meio líquido, onde foi iniciada
a fisioterapia aquática, com duração de 10 minutos, na qual foram realizados
movimentos que estimulam as posturas flexoras e a organização postural. Foram
avaliados os ciclos sono e vigília por meio da escala de avaliação do ciclo de sono
e vigília adaptada de Brazelton (1973), a presença de sinais de dor por meio da
escala Sistema de Codificação da Atividade Facial Neonatal (NFCS), além de
parâmetros fisiológicos. Resultados: com relação aos estados de sono e vigília, antes
da fisioterapia, os recém-nascidos apresentaram comportamentos que variaram
entre totalmente acordados, com movimentos corporais vigorosos e choro. Após
a fisioterapia, os estados de sono variaram entre sono leve com olhos fechados e
algum movimento corporal. Esses valores apresentaram diferenças estatisticamente
significativas (p<0,001). O escore da escala de avaliação de dor também diminuiu
de 5,38±0,91 para 0,25±0,46 com p<0,001 após a intervenção. Os sinais vitais
mantiveram-se estáveis. Conclusões: sugere-se que a fisioterapia aquática pode ser
um método simples e efetivo na redução da dor e na melhora da qualidade do sono
de bebês prematuros em UTI Neonatal. Tornam-se necessários estudos controlados
e com maior número de indivíduos para a generalização dos resultados.

Introdução

Segundo Gaspardo, Linhares e Martinez, há evidências de que os recém-


nascidos possuem capacidade neurológica para perceber a dor, mesmo os pré-
termos. A redução da dor, além de evitar riscos potenciais, evita que os recém-
nascidos, em uma fase difícil de adaptação à vida extrauterina, gastem energia para
compensar essa adaptação. Anand, ao estudar a dor em crianças recém-nascidas,

40
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

explica que ela é um dos fatores mais prejudiciais do ambiente extrauterino e


que, quando não tratada, provoca inúmeros efeitos deletérios, como alterações
metabólicas, elevação nos níveis de hormônios circulantes, suscetibilidade às
infecções, alterações do fluxo sanguíneo cerebral, hipoxia, alteração dos padrões
de sono e vigília, além de alterações comportamentais.

Procedimentos de alívio da dor melhoram a homeostase e estabilidade dos


recém-nascidos e são essenciais para o cuidado e suporte aos neonatos imaturos.
Assim, como os procedimentos de alívio da dor, os ciclos do sono são essenciais
para o neurodesenvolvimento, o aprendizado, a memória e a preservação da
plasticidade cerebral para a vida do indivíduo. Pesquisas indicam que técnicas de
banho podem promover tanto a redução do choro e da angústia como a melhora
do comportamento e qualidade do sono. A estimulação tátil e cinestésica, por sua
vez, tem mostrado efeitos benéficos na redução da dor.

Em decorrência do grau de complexidade do ambiente de UTI Neonatal,


faz-se necessária a utilização de medidas terapêuticas multidisciplinares associa-
das ao conforto do recém-nascido, além de procedimentos de alívio da dor.

Esta pesquisa, portanto, tem como objetivo avaliar os efeitos da


fisioterapia aquática na melhora da qualidade do sono e na redução da dor em
bebês prematuros estáveis hospitalizados em UTI Neonatal.
 
Materiais e métodos

O delineamento do estudo foi um ensaio clínico não controlado de


séries temporais, sendo o paciente seu próprio controle antes da intervenção
fisioterapêutica. A amostra foi selecionada por conveniência por meio de seleção
consecutiva de indivíduos que preencheram os critérios de inclusão.

A pesquisa foi realizada na UTI Neonatal do Hospital Luterano de Porto


Alegre (RS), Brasil, no período de julho de 2005 a junho de 2007. Foi estimado
um  número  de 12 indivíduos baseados no desvio-padrão de 0,313, referente à
média da diferença da avaliação antes e após os 60 minutos do procedimento na
escala do Sistema de Codificação da Atividade Facial Neonatal (NFCS) em estudo
piloto realizado previamente, com alfa de 0,05 e poder estimado em 80%.

Os critérios de inclusão foram: recém-nascidos prematuros com idade


gestacional inferior a 36 semanas, clinicamente estáveis, que já haviam tido
liberação do pediatra para banho e que estavam apresentando anormalidades
comportamentais, como intolerância ao toque, choro excessivo, sinais de dor
de acordo com a escala NFCS e dificuldade de sair da fase de choro e agitação
para uma fase de sono profundo durante um período igual ou superior a 60
minutos. Esses critérios são acompanhados na rotina da unidade pelos pediatras
e fisioterapeutas.

41
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

Os critérios de exclusão foram: bebês prematuros clinicamente instáveis,


com alterações de temperatura, contraindicações ao banho de imersão, problemas
neurológicos, necessidade de suporte ventilatório, apresentação de processo
infeccioso e crianças com malformações congênitas faciais que inviabilizam a
aplicação da escala de avaliação NFCS.

Neste estudo, foram avaliados parâmetros fisiológicos como frequência


cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), pressão arterial média (PAM),
saturação de oxigênio (SaO2) e temperatura corporal (TAX). Foi adotado o NFCS,
desenvolvido por Grunau e Craig, que foi utilizado para o estudo da dor. A
escala NFCS é definida pela presença ou ausência de oito movimentos faciais:
testa franzida, fenda palpebral comprimida, sulco nasolabial aprofundado, lábios
entreabertos, boca esticada vertical ou horizontal, língua tensa e tremor do queixo.
Para cada movimento facial presente, atribui-se um ponto, considerando-se que
existe dor quando a pontuação é superior a três.

A Escala de Avaliação do Estado de Sono e Vigília, adaptada de Brazelton,


foi utilizada para análise do comportamento dos prematuros em relação às fases
do sono e vigília. Essa escala fornece uma pontuação para cada estado de sono ou
vigília da criança.

Para realizar a fisioterapia aquática, utilizou-se um berço de plástico


padrão, posicionado ao lado da incubadora após assepsia com solução de
clorexidina e álcool 70%. A temperatura da água foi mantida em 37 °C, utilizando
um termômetro aquático modelo zls-1270.

Para verificação das variáveis fisiológicas (PAM, FR, FC e SaO2 e


temperatura), foi utilizado um monitor da marca Dixtal com adaptador pediátrico.
As pesquisadoras responsáveis pela aplicação da técnica, ambas especialistas em
neonatologia, realizaram 30 dias de treinamento do protocolo de fisioterapia
aquática e escalas de avaliação.

Os recém-nascidos selecionados receberam apenas uma intervenção após


preencherem os critérios de inclusão estabelecidos para a pesquisa. Após serem
selecionados, foram enrolados em uma toalha com o corpo semiflexionado e
colocados gentilmente no meio líquido, onde foi iniciada a fisioterapia aquática
com duração de 10 minutos.

A fisioterapia aquática foi realizada com movimentos leves e lentos


de dissociação de cinturas, deslizando no meio líquido, o qual era usado para
promover estimulação tátil e cinestésica, além de postura flexora de organização
corporal por meio do enrolamento do corpo promovido pela ação do empuxo. Ao
final do procedimento, os recém-nascidos foram retirados da banheira, mantendo
a organização postural, enrolados em toalha e levados para incubadora. As
variáveis relacionadas à dor, à qualidade do sono e aos parâmetros fisiológicos
foram coletadas 15 minutos antes da fisioterapia aquática, durante o procedimento,
logo após o término e 30 e 60 minutos depois do encerramento da sessão.

42
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

[...]

Resultados

A amostra foi constituída de 12 recém-nascidos prematuros, sendo seis


do sexo feminino e seis do sexo masculino, com idade gestacional média de
31,25 semanas

Variáveis fisiológicas

Pressão arterial média – A variável PAM antes do procedimento apresentou


média de 56,63±8,03. Após a fisioterapia aquática, obteve-se uma média de
55,57±4,5. Não houve alteração significativa em relação à pressão arterial antes e
após o procedimento (p=0,228).

Temperatura corporal – A TAX antes do procedimento apresentou uma


média (medida em graus celsius) de 36,23±0,49 e, após o procedimento, obteve-se
o valor de 36,57±0,19, não apresentando alterações significativas antes e após o
procedimento (p=0,76).

Frequência cardíaca – Antes do procedimento, a média da FC (medida em


batimentos por minuto) foi de 172,13±12,12. Cinco minutos após a intervenção,
a média diminuiu para 157,25±16, 21, sendo essa diferença considerada signi-
ficativa (p=0,013). No decorrer de 30 minutos, a média da FC reduziu-se para
147,63±1,10 (p=0,001).

Saturação de oxigênio – O valor médio da SaO2  aumentou significati-


vamente no decorrer do período pré-intervenção até 60 minutos pós-terapia
(p<0,001). A média antes do procedimento apresentou valores de 91%±3,66%.
Após cinco minutos da intervenção, a média da SaO2 aumentou para 95,75%±3,24%
(p=0,002).

Frequência respiratória – A FR sofreu uma redução estatisticamente


significativa após o término do procedimento (p<0,001). A média da FR (medida
em movimentos respiratórios por minuto) antes da intervenção foi de 54±3,54.
Após cinco minutos, houve redução da média para 48,88±5,24 (p=0,006). Após 30
minutos do procedimento, a média diminuiu para 45,88 (p=0,001) em comparação
à média anterior à intervenção. Sessenta minutos após a intervenção, a média foi
de 44,38±4,77.

[...]

Discussão

Com relação à escala de avaliação do ciclo de sono e vigília adaptada


de Brazelton, durante o procedimento, os recém-nascidos apresentaram uma
variação de estado choroso para estado acordado, com olhos abertos e movimentos

43
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

corporais de organização. Esse achado condiz com o estudo de Sweeney, que


observou a manutenção do estado alerta e quieto com a hidroterapia em contraste
com o estado sonolento apresentado nos banhos de imersão sem movimentos
corporais. A mesma autora observou, em sua série de casos realizada com recém-
nascidos com alterações de tônus, uma melhora da espasticidade quando eles
foram submetidos à fisioterapia aquática, obtendo, com menos tempo e esforço,
posturas semifletidas e melhora da movimentação espontânea no meio líquido.
Outras pesquisas realizadas utilizando técnicas de banho obtiveram como resultado
redução do choro e da angústia e melhora do comportamento em recém-nascidos.
Béziers e Hunsinger  acrescentam que o meio aquático permite maior amplitude
de movimentos, além de permitir que o bebê reencontre as sensações de seus
movimentos fundamentais e continue a desenvolver sua "coordenação motora".

[...]

Na avaliação da dor por meio do NFCS, houve uma redução significa-


tiva no seu escore após a fisioterapia aquática. Os efeitos fisiológicos da água
produzem alívio da dor e relaxamento muscular geral por meio da redução da
sensibilidade dos terminais nervosos e do aumento da circulação periférica, o
qual provê maior suprimento de sangue para os músculos. Segundo Sobrinho
Kreulish e Habib, como os receptores de dor se encontram na pele, as abordagens
físicas da redução da dor agem basicamente ao nível do corno posterior da me-
dula. Estimulando-se os aferentes maiores que veiculam mensagens menos noci-
vas, pode-se diluir o impacto dos aferentes menores que veiculam mensagens de
dor. Portanto, estímulos não dolorosos, como o toque, podem ser utilizados para
amenização da dor.

Com relação aos sinais vitais, o método mostrou-se seguro. Sweeney,


em 1983, comparou exercício na água com imersão somente, observando em
ambos, valores dentro da normalidade, porém somente em imersão houve
uma diminuição da pressão arterial média, o que não ocorreu no grupo com
exercícios. A temperatura manteve um padrão dentro da normalidade, sem
variações. Esse achado pode estar relacionado à temperatura da água, próxima
à temperatura dos bebês. De acordo com Masi, se a água estiver como a TAX, os
mecanismos de condução e convecção não estarão atuando na perda de calor,
sendo que esses dois mecanismos são muito importantes para a dissipação do
calor no exercício aquático devido à grande superfície corporal em contato com
a água e à capacidade de condução do meio. Segundo Cloherty e Stark, colocar o
bebê frouxamente envolvido com um pano em água morna, da maneira realizada
nesta pesquisa, auxilia no relaxamento da criança bem como na estabilidade de
sua temperatura.

Os bebês apresentavam-se taquicárdicos antes do procedimento, com


média da FC de 172,13±12,11 bpm, provavelmente em função do comportamento
choroso e/ou da presença de dor. Esse achado condiz com Cloherty e Stark, que
estudaram alterações fisiológicas de recém-nascidos durante o choro, observando
que a FC aumenta quando o bebê está chorando. Pesquisas sugerem que a dor

44
TÓPICO 3 — EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO

e o estresse potencializam a instabilidade clínica do recém-nascido em cuidados


intensivos. No presente estudo, após a intervenção fisioterapêutica, a FC reduziu-
se, principalmente nos 30 e 60 minutos pós-fisioterapia, correspondendo aos
achados de Sweeney, que observaram diminuição dos batimentos cardíacos após
a hidroterapia. Caromano et al. observaram que os exercícios em água aquecida
modificam as respostas fisiológicas, como aumento da FC, o que não ocorreu
neste estudo. Sugere-se que a diminuição esteja associada à mudança do estado
comportamental de choroso para sono profundo.

A FR apresentou redução significativa após a intervenção aquática,


principalmente após os 60 minutos do término do procedimento. Esse achado
pode estar ligado à alteração do comportamento neonatal para um estado de
sono profundo, bem como pela redução da dor, pois estudos demonstram que a
taquipneia pode ocorrer em consequência da ansiedade ou da dor.

Antes da fisioterapia aquática, os bebês encontravam-se agitados e choro-


sos (critério de inclusão), apresentando uma média de SaO2 de 91%±3,66%. Após
a fisioterapia aquática, houve aumento estatisticamente significativo na SaO2,
sobretudo após 60 minutos da intervenção. Acredita-se que esse dado esteja re-
lacionado à diminuição do choro e da dor no neonato. Autores relatam que a
SaO2 diminui em função do ambiente estressor da UTI Neonatal. De acordo com
Campion, os efeitos terapêuticos, tanto dos exercícios na água aquecida quanto
na simples imersão, produzem uma melhora na circulação e na musculatura res-
piratória. Beziers, Getz, Hutzler e Vermer complementam que o ambiente aquáti-
co proporciona aumento da capacidade vital, além da redução do peso corporal,
o que permite que o recém-nascido reencontre os movimentos de sua vida fetal.

Apesar de os resultados terem demonstrado que a fisioterapia aquática


mostrou-se segura para recém-nascidos pré-termos, e o banho ser realizado
na rotina dos recém-nascidos, a técnica deve ter indicações precisas, de acordo
com critérios de utilização bem estabelecidos, além de cuidados relacionados à
temperatura da água, à assepsia da banheira e à vigilância de sinais vitais.

O presente estudo possui diversas limitações que devem ser apontadas.


Inicialmente existe a possibilidade da ocorrência de um viés do observador na
aplicação da escala de avaliação de dor em virtude da dificuldade de identificar
e pontuar os movimentos faciais relacionados à dor nos recém-nascidos. Além
disso, o grupo analisado ainda é pequeno para que haja validade externa, havendo
dificuldade de generalização dos resultados obtidos, pois a possibilidade de erro
relacionado ao tamanho da amostra pode impedir que algumas diferenças reais
sejam encontradas. O poder calculado para a amostra deste estudo (n=12) foi
de 77,3%, com alfa de 0,05. A estimativa de número para um poder maior que
80% é de 14 pacientes e para poder superior a 90% é de 24 pacientes. A principal
limitação do estudo é a ausência de um grupo controle. Assim, as alterações
encontradas poderiam ter outras explicações além do efeito da intervenção (ex:
mudanças nas condições ambientais, efeito do horário das avaliações, oscilações

45
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA

do ciclo circadiano etc.). Com base nas discussões levantadas e nas limitações
deste estudo, sugere-se a condução de estudos controlados e com maior número
de indivíduos para examinar a presença de possíveis fatores de confusão que
poderiam interferir nos resultados.

 Conclusões

A fisioterapia aquática foi efetiva e segura para reduzir os sinais de dor e


melhorar a qualidade do sono de bebês prematuros na UTI Neonatal, podendo,
quando bem indicada, ser utilizada como um método não farmacológico para o
alívio de dor e para a melhora da qualidade e do tempo de sono profundo, contri-
buindo com os princípios multidisciplinares de humanização em UTI Neonatal.

A dor é uma experiência sensorial, e abordagens farmacológicas e não


farmacológicas podem ser utilizadas, sendo que as pesquisas sobre o tratamento
da dor enfatizam o uso simultâneo de ambas. As intervenções não farmacológicas,
como abordagens táteis, massagens, sucção não nutritiva e banhos de imersão
objetivam, principalmente, prevenir a intensificação de um processo doloroso,
a desorganização do neonato, o estresse e a agitação, ou seja, minimizar as
repercussões da dor. Os resultados do presente estudo indicam que a melhora
dos parâmetros fisiológicos, dos sinais de dor e da qualidade de sono após a
intervenção sugerem que a técnica pode ser benéfica aos recém-nascidos pré-
termo estáveis, contribuindo para a redução dos seus efeitos nocivos, sem privá-
los da estimulação tátil e cinestésica necessária ao seu neurodesenvolvimento.
São necessários mais estudos controlados para comprovação desses benefícios.

FONTE: Adaptado de <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-


35552010000300013&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 28 jan. 2021.

46
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• No sistema cardiovascular observa-se, como consequência da pressão


hidrostática, o deslocamento do volume sanguíneo dos membros inferiores
para a região do tórax e coração, proporcionando maior retorno venoso e
redução de edema.

• No sistema respiratório as alterações são originadas pela compressão da caixa


torácica e abdome. A pressão intratorácica aumenta e há o deslocamento do
diafragma cranialmente. Tais alterações elevam o trabalho respiratório.

• No sistema musculoesquelético há redução do espasmo e da fadiga muscular,


analgesia, facilitação do alongamento, melhora da amplitude de movimento,
do condicionamento físico e da força muscular, assim como uma recuperação
das lesões em função do maior fluxo sanguíneo.

• No sistema renal ocorrem alterações hormonais que tem efeito diurético.

• Os efeitos predominantes no sistema nervoso são a sensação de relaxamento e


a diminuição da percepção da dor.

• Além dos benefícios físicos, podemos destacar melhora psicológica e interação


social quando realizada em grupo.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

47
AUTOATIVIDADE

1 A Fisioterapia Aquática, também conhecida como Hidroterapia ou


Hidrocinesioterapia, é o emprego de exercícios terapêuticos utilizando os
princípios físicos da água e seus efeitos fisiológicos, visando proporcionar a
cura e a prevenção de doenças, além da promoção da saúde. Nesse sentido,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A flutuação permite que o paciente realize movimentos em diversos


planos, proporcionando atividades que até então poderiam ser
impossíveis de serem realizadas em solo.
( ) A água aumenta o impacto de movimento das articulações, aumentando
o risco de causar lesões em pacientes com doenças articulares ou
degenerativas.
( ) A fisioterapia aquática traz benefícios exclusivamente psicológicos para
a saúde do paciente.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

2 As propriedades físicas da água oferecem muitas vantagens em um


programa de reabilitação. Nesse sentido, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) A promoção de relaxamento muscular, redução da sensibilidade à dor,


redução dos espasmos musculares, aumento da facilidade do movimento
articular são alguns benefícios da imersão.
( ) São efeitos da hidroterapia: diminuição da força e resistência muscular,
diminuição da circulação periférica, melhora da musculatura respiratória,
melhora da consciência corporal e equilíbrio.
( ) As alterações fisiológicas provocadas pela imersão não são prejudiciais a
nenhum paciente e não há contraindicações para sua utilização.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

48
3 O tratamento de pacientes através da fisioterapia aquática é muito eficiente
e ajuda na melhora da qualidade de vida das pessoas com diversos tipos de
patologias. No entanto, há alguns cuidados que o fisioterapeuta precisa ter
na hora de indicar ou aplicar uma sessão de fisioterapia na piscina. Nesse
sentido, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A febre é uma contraindicação absoluta para realização de atividades


aquáticas, pois a água provoca aumento do metabolismo
( ) A realização dos exercícios, podem favorecer proliferação de bactérias
e fungos em qualquer tipo de infecção, sendo uma contraindicação as
atividades hidrocinesioterapeuticas.
( ) Feridas abertas, áreas hemorrágicas e outras erupções cutâneas são
contraindicações relativas.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – V – V.

49
REFERÊNCIAS
ABREU, J. B. et al. Efeitos da fisioterapia aquática em pacientes idosos: revisão
integrativa. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60078-
60088, ago. 2020. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/
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tratamento integrante do controle da hipertensão arterial. Rev Bras Clin Med.,
São Paulo, v. 10, n. 5, p. 427-30, set-out. 2012. Disponível em: http://files.bvs.br/
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BIASOLI, M. C.; MACHADO, C. M. C. Hidroterapia: aplicabilidades clínicas.


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Hidrocinesiterapia.pdf. Acesso em: 28 jan. 2021.

CAROMANO, F. A.; FILHO, M. R. F.; CANDELORO, J. M.; Efeitos fisiológicos


da imersão e do exercício na água. Revista Fisioterapia Brasil. Ano 4, n.1,
jan/2003. Disponível em: http://www.sld.cu/galerias/pdf/sitios/rehabilitacion-
bal/caromanof_et_al.pdf. Acesso em: 2 fev. 2021.

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hidroterapia. Rev. Fisioterapia Brasil. v. 3, n. 6, p. 72, nov./dez. 2002.

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aquática no pós-operatório de quadril em crianças com paralisia cerebral GMFCS
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50
LIMA, A. A. R. de; CORDEIRO, L. Fisioterapia aquática em indivíduos com
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MOTTA, L. et al. O efeito da fisioterapia aquática na interação social de idosos.


Cinergis, v. 16, n. 2, p. 97-101, 2015.

RUOTI, R. G.; MORRIS, D. M.; COLE, A. J. Reabilitação aquática. São Paulo:


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Dissertação (Mestrado em exercício físico) – Programa de pós-graduação stricto
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sujeitos com doença de Parkinson. Fisioter. Pesqui., São Paulo, v. 20, n. 1, p. 17-
23, Mar. 2013. 

51
52
UNIDADE 2 —

APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS
E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA
AQUÁTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender a importância da avaliação na prática da fisioterapia aquática;

• aprender as diferentes formas de atuação no meio líquido;

• planejar intervenções utilizando a Fisioterapia Aquática;

• conhecer os principais métodos utilizados no meio líquido.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

TÓPICO 2 – FISIOTERAPIA AQUÁTICA NAS DIFERENTES ÁREAS

TÓPICO 3 – MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

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54
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

1 INTRODUÇÃO

Os objetivos e condutas utilizadas na Fisioterapia Aquática dependerão


da disfunção, quadro clínico e avaliação cinético funcional de cada paciente,
como na utilização de qualquer outro recurso fisioterapêutico.

É importante destacarmos que as diversas técnicas de reabilitação


aquática diferem em conformidade com as necessidades individuais, mas todas
se utilizam das propriedades físicas da água e seus efeitos no corpo humano, as
quais já discutimos anteriormente.

2 AVALIAÇÃO DO PACIENTE
A avaliação representa uma das ações mais importantes da prática
clínica. Geralmente é dividida em anamnese e exame físico, e é através dela que
o profissional se torna apto a prescrever as intervenções e recursos necessários.

Por se tratar de um recurso que utiliza a água, um meio não usual, com
os pacientes, inicialmente, é preciso saber a gravidade da disfunção apresentada
e determinar se ele será beneficiado com o exercício aquático terapêutico ou não.

A anamnese deve ser ampla e minuciosa, pois ela que nos fornecerá as
primeiras informações, que serão imprescindíveis para a construção de um plano
de tratamento efetivo dentro das necessidades e limitações de cada paciente
(BARBOSA et al., 2006).

Segundo Barbosa et al. (2006), a primeira parte da avaliação deve ser


feita no solo, e posteriormente na água, pois é preciso levar em consideração um
número adicional de fatores que envolvem o indivíduo em movimento no meio
líquido, tais como forma, intensidade, ritmo, entre outros fatores, com atenção
especial à atividade aquática.

Nesse sentido, como o corpo apresenta comportamentos diferentes em água


e solo, é importante a verificação das capacidades e limitações do paciente em am-
bos os meios, para que a efetividade dos exercícios aquáticos seja acompanhada.

55
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Dentro da avaliação em solo são necessários alguns itens como: dados


pessoais, história da moléstia atual, atividades aquáticas prévias, contraindicações
relativas e absolutas com relação à terapia aquática, dados vitais, avaliação
postural, avaliação funcional, exame físico geral e escala de graduação da dor.

É preciso destacarmos que a verificação dos Sinais Vitais deve ser feita
antes e depois da imersão, pois, como visto anteriormente, a imersão provoca
alterações no Sistema Cardiorrespiratório.

Também devemos mensurar o tônus muscular no solo, essa medição pode


ser efetuada de várias maneiras, porém, quando em imersão, torna-se mais difícil,
visto que a temperatura da água e o suporte do paciente alteram esse estado
muscular.

Na avaliação aquática, Barbosa et al. (2006) discorre que é necessária a


avaliação dos efeitos da flutuação e do calor sobre, por exemplo, a força muscular
do paciente, amplitude de movimentação das articulações, equilíbrio, atividades
funcionais e teste de força muscular, segundo a escala de Oxford, adaptada para
a água.

FIGURA 1 – ESCALA OXFORD ADAPATADA PARA ÁGUA

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2PjGaTG>. Acesso em: 28 jan. 2021.

A Escala de Oxford foi modificada para uso aquático, sendo graduada de


um a cinco, onde esse valor (cinco) não significa normalidade, pois essa função
não pode ser realmente testada em meio líquido.

Barbosa et al. (2006, p. 137) discorre que segundo autores renomados a


avaliação no meio líquido deve contemplar:

Habilidade do paciente em entrar na piscina, a flutuabilidade do


paciente na água, habilidade do paciente em caminhar na água, a
posição ou posições de conforto do paciente, a resposta do paciente
a diferentes padrões de movimento, a habilidade do paciente de sair
da piscina, habilidade de submergir o rosto (controle da respiração),
habilidade de entrar em água profunda, habilidade de flutuar em
supino ou prono e de ficar em posição vertical a partir de ambas as
posições, habilidades combinadas necessárias para executar braçadas
de natação recreacional, conhecimento básico de segurança na água.

56
TÓPICO 1 — PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

DICAS

BARBOSA et al. (2006) elaboraram um roteiro de avaliação, conforme as figuras,


que pode servir como um modelo para que você elabore o seu. Você pode visualizar na
integra no link: https://periodicos.pucpr.br/index.php/fisio/article/view/18723/18144.

57
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

58
TÓPICO 1 — PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

É interessante destacarmos que a avaliação não é estática e você, como


futuro profissional, conforme achar necessário, pode incluir itens para sua prática
clínica.

Além disso, segundo Batista et al. (2017), durante a realização dos exercícios
terapêuticos o fisioterapeuta deve verificar o tamanho do esforço das atividades,
e para isso pode utilizar a escala de Borg, inclusive para progredir em sua sessão.

FIGURA 2 – ESCALA DE BORG

FONTE: <https://bit.ly/3qa71hQ>. Acesso em: 28 jan. 2021.

59
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

3 TÉCNICAS E MANUSEIOS GERAIS


Para o início do tratamento aquático, o paciente deve apresentar condição
clínica estável. Também não podemos esquecer a necessidade de complementar o
tratamento aquático com o solo, pois é preciso sempre adaptar o paciente ao meio
em que ele vive.

Alguns autores discorrem que um programa de tratamento é mais


bem organizado quando obedece à sequência de aquecimento, alongamento,
resistência ou força e relaxamento muscular, cada qual com uma porcentagem de
tempo (ALENCAR; MATIAS, 2010; COELHO, LEMOS; LUZES, 2015).

O aquecimento pode incluir uma simples caminhada na água, ou utilizar


equipamentos como bicicleta, jump e step, por exemplo. Enquanto o alongamento
pode ser feito ativo, realizado pelo paciente e passivamente com o auxílio de
flutuadores ou terapeuta.

FIGURA 3 – AQUECIMENTO EM BICICLETA

FONTE: <https://bit.ly/2Pto7us>. Acesso em: 29 jan. 2021.

FIGURA 4 – AQUECIMENTO COM JUMP

FONTE: <https://www.amaralnatacao.com.br/wp-content/uploads/cama_elastica_.jpg>. Acesso


em: 29 jan. 2021.

60
TÓPICO 1 — PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 5 – ALONGAMENTO COM AUXÍLIO DE FLUTUADORES

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 106)

Nesse sentido, os protocolos e programas de tratamento devem ser


elaborados para atender às necessidades individuais de cada paciente, podendo
variar o tempo e intensidade de cada sequência de treinamento.

3.1 POSICIONAMENTOS NA PISCINA


Você já parou para pensar como seu paciente com dificuldade de
deambulação entrará na piscina? Existem algumas técnicas padronizadas que
podem lhe ajudar a pensar, mas é importante lembrarmos que isso vai depender
de cada paciente, e cabe a você, futuro terapeuta, definir a melhor forma.

Segundo Cechetti et al. (2019), a forma de entrada e saída dependerá se


o paciente tiver atividade motora preservada, com controle cervical, de tronco e
de membros inferiores. Nesse sentido, a entrada convencional pode ser feita pela
escada da piscina, o terapeuta deve sempre estar próximo garantindo a segurança
do paciente mesmo que ele tenha motricidade preservada.

FIGURA 6 – ENTRADA CONVECIONAL

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 33)

61
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Quando o paciente possui controle de cervical, porém apresenta algum


déficit em tronco ou membros inferiores, a entrada pode ser realizada com o
paciente sentado na borda da piscina. As pernas do paciente devem estar dentro
da água, joelhos fletidos e segurando no antebraço do terapeuta. Enquanto o
fisioterapeuta deve estar em pé na frente do paciente dentro da piscina, segurando
abaixo nos cotovelos. Ao mesmo tempo em que auxilia a entrada do paciente, o
terapeuta deve dar um passo para trás, evitando sobrecarga lombar (CECHETTI
et al. 2019).

FIGURA 7 – ENTRADA PARA PACIENTES COM CONTROLE CERVICAL PRESERVADA

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 34)

Outra forma de entrada é a reversa, que é utilizada quando os pacientes


que não têm controle cervical. O paciente deve estar deitado na beira da piscina
sobre um tapete, o terapeuta apoia um braço na altura da fossa poplítea e o
outro na cintura escapular, dando um passo para trás com um pé na frente do
outro (CECHETTI et al., 2019). Além disso, também pode ser acoplado a piscina
um guincho, que auxilia o paciente que tem déficit no controle motor entrar na
piscina e também facilita o trabalho do terapeuta.

FIGURA 8 – ENTRADA REVERSA

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 36)

62
TÓPICO 1 — PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 9 – GUINCHO PARA PISCINA

FONTE: <https://bit.ly/2NNemqE>. Acesso em: 20 jan. 2021.

Já para saída da piscina, assim como na entrada, dependerá das condições


do paciente. Uma forma de saída que depende controle mínimo de tronco, é a
qual o paciente é posicionado de frente para a borda da piscina com os braços
apoiados sobre ela. Então, o terapeuta realiza a pegada no quadril do paciente
e impulsiona-o para fora da piscina. Em seguida, o paciente fica em decúbito
ventral na borda.

Após, o terapeuta deve auxiliá-lo a realizar uma flexão do membro inferior


e promover a rotação de tronco pela pegada em joelho semifletido e quadril,
entrando na postura de decúbito dorsal. A seguir os membros inferiores devem
ser flexionados na borda da piscina com pés dentro da água. O paciente passa da
posição em decúbito dorsal para a posição sentado com rotação de tronco e apoio
no membro superior (CECHETTI et al., 2019).

FIGURA 9 – SAÍDA DA PISCINA

63
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FONTE: Adaptado de Cechetti et al. (2019)

Durante a realização de sua sessão, você pode adotar diversas posturas


com seus pacientes, que irão variar de acordo com as características do paciente,
com o tipo de exercício a ser realizado e com o objetivo do tratamento.

FIGURA 10 – EXEMPLOS DE POSTURAS ADOTADAS EM MEIO LÍQUIDO

FONTE: Adaptado de Cechetti et al. (2019)

4 PROGRAMAÇÃO DO TRATAMENTO AQUÁTICO


A duração e número de sessões de terapia dependerão da patologia
em questão, bem como dos resultados esperados. É importante a realização de
avaliações constantes com a finalidade de rever as condutas utilizadas.

Os objetivos devem ser reais e flexíveis e as condutas realizadas dentro do


limite de cada paciente. Estabeleça prioridades quando planejar seu tratamento,
quanto mais focado for sua intervenção, mais fácil será de atingir as suas metas
(CECHETTI et al., 2019).

64
TÓPICO 1 — PRÁTICA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Para a introdução dos exercícios aquáticos, em primeiro lugar, deve ser


feita uma observação das normas de segurança tanto do ambiente da piscina
quanto do paciente e terapeuta dentro dela.

A partir daí, as fases de tratamento incluem o ajuste à água, que é a


ambientação ao meio líquido através das propriedades físicas da água, para que
se conquiste a confiança do paciente. A sessão aquática, além dos exercícios,
pode incluir outros métodos utilizados no solo, como a terapia manual (tração e
liberação miofascial), que é auxiliada pela turbulência e pela temperatura da água
(CECHETTI et al., 2019).

Além disso, o meio líquido propicia treinos de tomada de peso,


dissociações de cinturas e troca de decúbitos em pacientes com déficits motores,
que muitas vezes só são possíveis em imersão em função do empuxo e flutuação
que auxiliam na movimentação.

5 EXERCÍCIOS E CARGA
Segundo Kruel et al. (2018), os exercícios utilizados em meio líquido podem
reproduzir o modelo aplicado no meio terrestre, utilizando número predefinido
de repetições e de séries. Além disso, pode-se empregar diferentes equipamentos
que impõe resistência maior ao movimento com o objetivo de maximizar a carga
dentro da água.

FIGURA 11 – EXERCÍCIOS COM EQUIPAMENTOS

FONTE: <https://bit.ly/2OaW2HD>. Acesso em: 29 jan. 2021.

Os mesmos autores destacam que atualmente tem se proposto a utilização


da velocidade máxima para a execução dos movimentos e o controle do tempo de
execução da série para enfatizar as vias metabólicas desejadas como uma forma
de controlar a intensidade do exercício.

65
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Outro benefício da fisioterapia aquática é a flutuação, que proporciona a


realização de movimentos na horizontal, com o auxílio de flutuadores.

FIGURA 12 – EXERCÍCIOS REALIZADOS NA HORIZONTAL

FONTE: <https://bit.ly/3uQpEe7>. Acesso em: 29 jan. 2021.

DICAS

Quer visualizar mais exemplos de exercícios que podem ser realizados em


meio líquido? Acesse o guia “Guia prático aplicado à Fisioterapia Aquática”, em que os
autores demonstram vários exercícios que podem ser utilizados na água. Vale a pena dar
uma olhadinha! Confira: https://bit.ly/308Rgx7.

Kruel et al. (2018) destacam em seu estudo que atualmente, na literatura


científica, os estudos propõem intervenções com exercícios de força em meio
aquático com aumento significativo dos níveis de força em sujeitos sedentários
com durações variando entre oito semanas e 12 semanas de treinamento.

66
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A avaliação é uma das ações mais importantes da prática clínica.

• A avaliação é dividida em anamnese e exame físico, e é através dela que o


profissional se torna apto a prescrever as intervenções e recursos necessários.

• Os protocolos e programas de tratamento devem ser elaborados para atender


às necessidades individuais de cada paciente, podendo variar o tempo e
intensidade de cada sequência de treinamento.

• A forma de entrada e saída dependerá se o paciente tiver atividade motora


preservada, com controle cervical, de tronco e de membros inferiores.

• A sessão aquática, além dos exercícios, pode incluir tração, liberação miofascial,
dissociação de cinturas, descarga de peso, treino de equilíbrio e marcha.

• Os exercícios utilizados em meio líquido podem reproduzir o modelo aplicado


no meio terrestre, utilizando número predefinido de repetições e de séries.
Além disso, pode-se empregar diferentes equipamentos que impõe resistência
maior ao movimento com o objetivo de maximizar a carga dentro da água.

67
AUTOATIVIDADE

1 A avaliação é considerada pelo fisioterapeuta com um dos critérios mais


importantes para elaboração de seu plano de tratamento, haja vista
que a avaliação evita que técnicas desnecessárias e inadequadas sejam
administradas pelo profissional, diminuído possíveis agravos ao paciente.
Sobre a avaliação em fisioterapia aquática, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A avaliação deve ser realizada somente no solo.


b) ( ) A avaliação deve ser feita em ambos os meios, sólido e líquido.
c) ( ) A avaliação deve ser realizada exclusivamente em meio líquido.
d) ( ) A avaliação não é necessária na fisioterapia aquática, pois normalmente
o paciente já foi avaliado pelo médico.

2 A hidroterapia ou fisioterapia aquática é considerada uma das possibilidades


de reabilitação que pode ser utilizada pelo fisioterapeuta, trazendo muitos
benefícios para o paciente. Sobre os exercícios que podem ser utilizados na
fisioterapia aquático, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A sessão aquática deve incluir somente exercícios de fortalecimento,


pois não é possível realizar outras intervenções em meio líquido.
b) ( ) Os exercícios podem incluir alongamento, fortalecimento, tomada de
peso, dissociação de cinturas, equilíbrio, troca de decúbitos e treino de
marcha.
c) ( ) Deve incluir somente métodos utilizados no solo, não sendo necessárias
adaptações.
d) ( ) Não é possível inserir exercícios de carga no meio líquido visto que
água oferece muita resistência.

3 A sessão de fisioterapia aquática deve ser adaptada às necessidades motoras


e psicológicas de cada paciente. Nesse sentido, sobre as entradas e saídas
da piscina, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A entrada deve ser feita exclusivamente pela escada da piscina, visto


que ela é adaptada a todos os tipos de pacientes.
b) ( ) O terapeuta deve sempre auxiliar o paciente nas entradas e saídas,
mesmo que ele não necessite.
c) ( ) A forma de entrada e saída dependerá se o paciente tiver atividade
motora preservada, com controle cervical, de tronco e de membros
inferiores.
d) ( ) O paciente que não tiver controle de cervical não pode realizar
fisioterapia aquática quando não houver um elevador de acesso.

68
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

FISIOTERAPIA AQUÁTICA NAS DIFERENTES ÁREAS

1 INTRODUÇÃO

Em geral, a fisioterapia aquática pode ser utilizada com muitos pacientes,


por apresentar poucas contraindicações, como vimos anteriormente, porém
existem alguns manuseios e técnicas que são utilizadas em público específico,
justamente por apresentar maior efetividade.

Assim, para atuação independente do contexto é importante a compre-


ensão das propriedades físicas da água e das respostas fisiológicas à imersão,
associadas ao uso de movimentos e exercícios, pois podem favorecer a atuação e
potencializar o processo de intervenção fisioterapêutica.

Nesse sentido, discorreremos a seguir sobre os principais recursos utiliza-


dos em cada subárea da fisioterapia e também relembrar a atuação das proprie-
dades físicas.

2 DISFUNÇÕES NEUROFUNCIONAIS
Segundo a Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional
(ABRAFIN, c2021), a Neurofuncional é a área que atua de forma preventiva,
curativa, adaptativa ou paliativa nas sequelas resultantes de danos ao Sistema
Nervoso, abrangendo tanto o Sistema Nervoso Central como o Periférico, bem
como àqueles com doenças neuromusculares.

Assim, um dos principais benefícios da fisioterapia aquática para


as disfunções neurológicas envolve a flutuação, pois as alterações que mais
acometem esses pacientes são motoras, sensoriais, de percepção ou de cognição,
que variam dependendo da lesão.

A flutuação permite menor esforço seja necessário para a realização dos


movimentos de extremidades em direção à superfície da água, com amplitudes
são maiores em relação ao solo, fornecendo condições para fortalecimento,
alongamento e reeducação muscular.

69
Nesse sentido, segundo Pastrello, Garcão e Pereira (2009), que avaliariam
crianças com paralisia cerebral submetidos à fisioterapia aquática, a diminuição
da força de gravidade facilita a execução dos movimentos e os efeitos combinados,
com o empuxo levam ao movimento rotacional que formam a base um método
específico da fisioterapia, o que conheceremos no próximo tópico, apresentando
muitos benefícios a esses pacientes.

Além disso, Oliveira et al. (2018) destacam que a turbulência oferece resis-
tência para promover fortalecimento muscular, aumentar o estímulo sensitivo para
facilitar o padrão de movimento e melhoria nas reações de equilíbrio do corpo.

Os mesmos autores destacam que as demandas das tarefas e as


características do ambiente estimulam adaptações e criação de estratégias de
interação, interferindo no aprendizado, melhora dos aspectos psicomotores,
auxiliando na aquisição e transferência para novas posturas.

FIGURA 13 – POSTURA EM PÉ COM AUXÍLIO DO TERAPEUTA E EQUIPAMENTOS

FONTE: <https://www.efdeportes.com/efd128/equipa3.jpg>. Acesso em: 30 jan. 2021.

Esta é uma grande vantagem do meio líquido, a maior facilidade de adotar


algumas posturas, com a em pé, pois muitas vezes esses pacientes passam a maior
parte do tempo em cadeiras de roda. A fisioterapia aquática, em decorrência do
empuxo, permite o ortostatismo e o trabalho de tomada de peso, o qual é muito
importante nesta área de atuação.

Por meio da pressão hidrostática e da viscosidade e da temperatura da


água, segundo Bonomo et al. (2007), o fuso muscular é estimulado, aumentando
a propriocepção do segmento trabalho, proporcionando input sensorial para
uma melhor consciência corporal sendo eficaz como instrumento terapêutico na
aquisição e melhora da capacidade funcional em crianças com paralisia cerebral.

70
Com isso, as estratégias sensório/motoras são mais eficazes para o treino
do equilíbrio, bem como permitem melhor ajuste tônico necessário para evitar
uma queda. Nessa perspectiva, Costa, Boas e Fonseca (2018) destacam em seus
estudos que o treino de marcha na água tem efeito positivo para indivíduos
com Doença de Parkinson, com relação à velocidade da marcha e mobilidade
funcional.

Todavia, um estudo realizado por Gimenes et al. (2005), afirma que as


evidências na literatura são fracas quanto aos benefícios da fisioterapia aquática
quando aplicada aos pacientes com doença neurológica e comprometimento
motor, porém justifica-se a continuidade da prática da fisioterapia aquática,
pois, os estudos já realizados não apontaram malefícios desta intervenção nos
pacientes com doença neurológica.

3 DOENÇAS TRAUMATO-ORTOPÉDICAS E
REUMATOLÓGICAS
Essa área espeífica da fisioterapia atua em disfunções agudas e crônicas,
decorrentes de disfunções musculoesqueléticas e pré/pós-operatória de problemas
osteomioarticulares.

Nesse sentido, os principais objetivos de tratamento compreendem


analgesia, redução de edema, estabilização articular, manutenção ou aumento
de amplitudes de movimento, reequilíbrio muscular e postural, restauração da
propriocepção e condicionamento físico (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Uma das disfunções que mais acometem os indivíduos, a hérnia de disco


lombar, pode ser tratada na fisioterapia aquática. O relaxamento no meio líquido
é eficaz na sintomatologia dolorosa, em função da associação de mobilizações
passivas, alongamentos, controle postural e movimentos rítmicos e os estímulos
sensoriais impostos pela imersão (OLIVEIRA et al., 2019).

Além disso estresse, o empuxo pode auxiliar no aumento milimétrico do


espaço entre as vértebras e diminuir a pressão sobre elas devido à diminuição da
atuação da gravidade sobre a coluna vertebral (OLIVEIRA et al., 2019).

Scheuchuk, Malysz e Wisniewski (2016) discorrem em seu estudo que


esse recurso terapêutico é eficiente e seguro em casos de pós-operatório de
prótese total de joelho, uma vez que as propriedades físicas da água agem sobre
as estruturas corporais de forma a reduzir as forças externas, possibilitando o
início do tratamento mais precocemente quando comparado ao tratamento em
solo; e permite o início imediato da marcha e dos exercícios de fortalecimento,
devido à diminuição da carga, além de diminuir custos e tempo de reabilitação.

Os mesmos autores destacam que o tratamento deve englobar o


aquecimento, alongamento, fortalecimento, propriocepção e o relaxamento.
71
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 14 – RELAXAMENTO PÓS-SESSÃO DE HIDROTERAPIA

FONTE: <https://www.vitalizze.com.br/images/blog/main/large/os-beneficios-da-hidroterapia-
para-o-tratamento-de-doencas.jpg>. Acesso em: 21 jan. 2021.

Silva, Marques e Brito (2018) postulam que o tratamento fisioterapêutico


em piscina aquecida facilita a reabilitação dos pacientes com Osteoartrose,
contribuindo com resolução da dor e consequentemente melhorando a capacidade
funcional e execução das atividades de vida diária, contribuindo na melhora da
qualidade de vida.

Já quando analisamos as doenças reumatológicas, grande parte das


complicações ocorre nas articulações. No meio líquido, o calor da água que
circunda a articulação alivia a dor e relaxa a musculatura periarticular.

Como já destacamos anteriormente, a flutuação também proporciona a


diminuição da tensão sobre articulações, além disso, a limitação da movimentação,
assim como a rigidez articular são reduzidas devido ao alívio da dor e à sustentação
das articulações pela flutuação, durante a movimentação.

Segundo Biasoli e Machado (2006), a deformidade articular e a alteração


postural podem ser corrigidas ou reduzidas devido à turbulência da água que
auxilia os músculos a se relaxar. Estes autores ainda discorrem que a capacidade
funcional é restabelecida gradativamente com a melhora da atividade muscular
e articular do paciente, edificando a sua confiança e capacidade de realizar
movimentos também fora da água.

Biasoli e Machado (2006, p.85) afirmam que:

A rotina terapêutica dos pacientes pode incluir a hidrocinesioterapia,


que é constituída de:
1 Exercícios isolados de membros superiores, membros inferiores e
tronco para fortalecimento e ganho de amplitude de movimento;
2 Exercícios de alongamento para aumentar a flexibilidade;
3 Treinamento deambulativo para reeducação da marcha,
propriocepção e iniciação de sustentação do peso;

72
TÓPICO 2 — FISIOTERAPIA AQUÁTICA NAS DIFERENTES ÁREAS

4 Técnicas de posicionamento usadas para diminuir a dor;


5 Trabalho de condicionamento geral;
6 Padrões complexos de movimentos para coordenação, equilíbrio,
agilidade e simulação de habilidades atléticas ou de trabalho.

4 DISFUNÇÕES CARDIORRESPIRATÓRIAS
A fisioterapia aquática pode ser uma forma segura e muito eficiente em
programas gerais de reabilitação cardíaca. Contribui para a transformação do
comportamento do paciente cardíaco, conduzindo-o a uma vida melhor e mais
saudável após o evento cardíaco.

FIGURA 15 – REABILITAÇÃO CARDÍACA EM MEIO LÍQUIDO

FONTE: <https://bit.ly/2NVsIFh>. Acesso em: 31 jan. 2021.

Sant’Anna et al. (2019) discorrem que a hidroterapia traz benefícios a estes


pacientes em razão do enchimento diastólico precoce e redução da frequência
cardíaca, o que leva a melhorias no volume sistólico e fração de ejeção do
ventrículo esquerdo, vasoconstrição periférica (período inicial) e vasodilatação
(após alguns minutos da atividade).

Gimenes et al. (2008) afirmam que logo após a imersão do corpo, em


função da pressão hidrostática, 700 ml de sangue são deslocados dos membros
inferiores para a região do tórax, o que causa aumento no retorno venoso e
promove aumento do volume central, como já vimos no capítulo interior.

Na pressão intratorácica, a pressão no átrio direito e a pressão venosa


central aumentam, sendo que a pressão arterial pulmonar aumenta de 5,0 mmHg
no solo para aproximadamente 22,0 mmHg em imersão em nível de processo
xifoide (GIMENES et al., 2008).

73
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

O débito cardíaco aumenta. Ele é associado a uma diminuição de aproxi-


madamente 10 batimentos por minuto ou de 4,0% a 5,0% da frequência cardíaca
em bipedestação no solo. As alterações cardiocirculatórias decorrentes da imer-
são são atribuídas ao reflexo de mergulho, que inclui bradicardia, vasoconstrição
periférica e desvio de sangue para órgãos vitais (GIMENES et al., 2008).

Sales, Moraes e Araújo (2011) destacam que a aplicação da imersão como


complemento terapêutico na fase de recuperação cardíaca gera nenhuma melhora
significativa do nível de tolerância dos pacientes diante das suas atividades.

5 IDOSOS
A fisioterapia aquática apresenta inúmeras vantagens para os idosos,
como uma maior independência funcional, melhora amplitude de movimento
e força muscular, diminuir a dor e o espasmo muscular, além de promover
melhora na socialização, autoconfiança e qualidade de vida (CAROMANO;
CANDELORO, 2001).

FIGURA 16 – FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA REABILITAÇÃO DO IDOSO

FONTE: <https://bit.ly/3q7Wsfi>. Acesso em: 31 jan. 2021.

Segundo Resende, Rassi e Viana (2008), é um meio seguro e eficaz na


reabilitação do idoso, pois há diminuição da sobrecarga articular, menor risco de
quedas e de lesões.

Além disso, a flutuação possibilita ao indivíduo realizar exercícios


e movimentos que não podem ser realizados no solo. Biasoli e Machado
(2006) destacam que essa população apresenta condições crônicas que podem
contribuir para dependência e incapacidades, com doenças cardiovasculares,
músculoesqueléticas, neurodegenerativas, neuropsiquiátricas entre outras.

74
TÓPICO 2 — FISIOTERAPIA AQUÁTICA NAS DIFERENTES ÁREAS

Nessa perspectiva, a fisioterapia aquática é um dos recursos para o


a prevenção e reabilitação do idoso nas diferentes doenças que ele venha a
apresentar, como já descritas anteriormente.

Além disso, qualquer tipo de exercício físico pode reduzir a prescrição de


medicamentos, prevenir o declínio cognitivo, diminuir a incidência de quedas,
que podem levar a fraturas, e melhora da autoestima, sendo a hidroterapia
uma ótima opção de exercício aeróbico, por promover além de melhorias no
condicionamento físico e aumentar a capacidade cardiovascular (CAROMANO;
THEMUDO FILHO; CANDELORO, 2003).

Com o avançar da idade, a estabilidade corporal é prejudicada em decor-


rência as alterações fisiológicas inerentes ao processo de envelhecimento, desgas-
tes naturais do corpo humano, fator que gera modificações funcionais e estrutu-
rais no organismo e, em especial, do sistema nervoso central, ossos e músculos, os
quais perdem massa muscular e a capacidade de responder às mudanças, poden-
do gerar perca da autonomia, medo/insegurança, inatividade física e maior risco
de quedas (CAROMANO; CANDELORO, 2001; BIASOLI; MACHADO, 2006).

Nesse sentido, deve-se planejar um programa de reabilitação aquática


para idosos com intuito de melhorar sua qualidade de vida, socialização, redução
de patologias, deficiências ou mesmo morte prematura, aumentando sua
expectativa de vida (CAROMANO; CANDELORO, 2001; BIASOLI; MACHADO,
2006). Assim, podemos destacar como principais objetivos:

FIGURA 17 – OBJETIVOS DA FISOTERAPIA AQUÁTICA NO IDOSO

FONTE: A autora

75
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

E
IMPORTANT

A Fisioterapia Aquática caracteriza-se tanto pela sua importância social quanto pelo caráter
intervencionista, isto porque proporciona uma maior independência funcional, promove a
melhora da socialização, autoconfiança e qualidade de vida dos idosos (MOTTA et al., 2015).
Existem vários projetos que utilizam a hidroterapia como recurso de interação social.
Você conhece ou ouvir falar de algum?
Faça uma pesquisa rápida na internet e você verá muitos exemplos, que tal visitar algum se
tiver pertinho de você? Tenho certeza de que será uma ótima experiência.

Abreu et al. (2020) destacaram em seu estudo que a fisioterapia aquática


possui uma enorme magnitude na vida do idoso, atribuindo diversos benefícios
para a funcionalidade, independência, controle da coordenação corporal, melhora
da aptidão física, diminuição de dores, musculares e articulares, intervindo no
auxílio de comorbidades que causam desgaste na vida do idoso, efetivando o uso
da marcha, do equilíbrio corporal, a fisioterapia aquática por meio deste estudo
mostrou destaque e prestígio como mais uma forma de tratar o paciente idoso.

Caromano e Candeloro (2001) afirmam que a água é, certamente, um


meio diferenciado e bastante apropriado para a prática de fisioterapia de
pessoas idosas, permitindo o atendimento de grupos e a facilitação da recreação,
socialização e treinos de domínio da água como movimentos básicos da natação,
que associadas a melhoras funcionais melhoram a autoestima e autoconfiança.

As mesmas autoras destacam que:

- O exercício é menos doloroso;


- A capacidade de se movimentar rapidamente através da água
permite a prática de exercícios aeróbicos, como corridas e até saltos;
- A liberação de endorfinas ajudará a reduzir possíveis sensações de
dor e produzir sensação de bem-estar, mesmo após o final da terapia;
- Para prevenir ou reduzir a osteoporose, é necessário exercício com
descarga de peso, sugerindo-se exercícios na água até os joelhos, onde
a descarga de peso é diminuída parcialmente (de 15 a 20% do peso
corporal). Esta conduta deve ser acompanhada de controle hormonal
e metabolismo de cálcio, além de banhos de sol
- O trabalho aeróbico também promove melhora do equilíbrio e
coordenação motora, reduzindo o risco de quedas;
- O relaxamento é bem-vindo e pode diminuir o estresse, que tem suas
peculiaridades no idoso (CAROMANO; CANDELORO, 2001, p. 5).

É interessante destacar que nessa população parece que o que realmente


afeta o comportamento do idoso aumentando sua autoestima e confiança são a
sensação de ausência de peso e dor, o domínio de um meio diferente ou nunca ex-
perimentada anteriormente e a melhora física (CAROMANO; CANDELORO, 2001).

76
TÓPICO 2 — FISIOTERAPIA AQUÁTICA NAS DIFERENTES ÁREAS

O meio líquido possibilita ao sistema neuromotor uma nova possibilida-


de de aprendizagem, aquisição de habilidades motoras e mesmo a recuperação
parcial ou total de habilidades perdidas. Assim, a realização regular de exercícios
físicos tanto de alta quanto de baixa intensidade mantém as funções cardiopul-
monar, musculoesquelética e neuromotora em níveis superiores ao encontrados
em sujeitos sedentários pareados (CAROMANO; CANDELORO, 2001).

6 CRIANÇAS
O meio líquido pode ser utilizado tanto para recreação quanto para terapia
com crianças, por meio de variados programas, inclusive o ensino de habilidades
aquáticas adaptadas em sistemas escolares.

FIGURA 18 – ENSINO DE HABILIDADES AQUÁTICAS

FONTE: <https://bit.ly/3uQDayk>. Acesso em: 31 jan. 2021.

Entretanto, o uso de equipamentos de flutuação deve ser constante, os


quais não têm a função de proteção, mas sim de auxílio nas atividades. Para
estabelecer os objetivos e o plano de tratamento, é necessário que as habilidades e
os problemas da criança sejam conhecidos, adequando-se a cada caso de maneira
divertida, estimulante e diferente de outras terapias.

Segundo Andrade et al. (2009), a fisioterapia aquática é um importante


recurso para o trabalho lúdico com crianças, pois estimula o desenvolvimento
neuropsicomotor, estimula as reações de equilíbrio, coordenação, postura,
promove benefícios psicológicos, diminuição da dor, entre outras características
que não seriam fáceis de conseguir no solo.

A aprendizagem motora na infância é consequência de diferentes


estímulos, por exemplo, o estímulo de brincar. Toda criança necessita de algum
envolvimento, que o motive a realizar as atividades propostas pelo fisioterapeuta,
para que ela adquira interesse em executar determinados movimentos para

77
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

chegar até o brinquedo, ou para conseguir manipulá-lo; utilizando bola, jogos,


associados a atividades que proporcionem deslocamento, estabilidade postural,
que estimulem o raciocínio e a atenção, entre outros.

FIGURA 19 – USO DO LUDICO NO MEIO LÍQUIDO

FONTE: <https://bit.ly/3bNAFUM>. Acesso em: 31 jan. 2021.

7 GESTANTES
Apesar de os efeitos fisiológicos e de as alterações emocionais e mecânicas
por meio das propriedades físicas da água serem comprovados cientificamente,
a Fisioterapia Aquática durante a gestação não tem muitas evidências científicas,
apesar de ser muito utilizada na prática clínica.

Contudo, pelas alterações fisiológicas que ocorrem durante a imersão, o


estado gravídico é beneficiado pelos exercícios aquáticos, visto que os principais
objetivos visam:

FIGURA 20 – OBJETIVOS NA FISIOTERAPIA AQUÁTICA COM GESTANTES

FONTE: A autora

78
TÓPICO 2 — FISIOTERAPIA AQUÁTICA NAS DIFERENTES ÁREAS

Além disso, as alterações fisiológicas da gravidez são potencializadas pela


imersão, como o aumento do volume plasmático e do débito cardíaco, da natriurese
e diurese, redução da frequência cardíaca e da pressão arterial. Entretanto, o tônus
da musculatura uterina e a frequência cardíaca fetal permanecem sem alterações
e, em geral, as tensões físicas e emocionais são reduzidas, estimulando o vínculo
materno-fetal.

FIGURA 21 – TRATAMENTO FISIOTERAPIA AQUÁTICA PARA GESTANTE

FONTE: <https://bit.ly/383BaJD>. Acesso em: 31 jan. 2021.

Cabral et al. (2013) relata que em um dos estudos pioneiros realizados


com essa temática foram avaliados os efeitos da prática de hidroterapia nos pa-
râmetros cardiovasculares de gestantes. Segundo ela, os resultados desse estudo
puderam inferir que a prática de exercícios aquáticos otimizou a adaptação cir-
culatória materna, favorecendo aumento significativo do volume sistólico e do
débito cardíaco.

Além disso, postulam que há probabilidade desse aumento estar


influenciado pela manutenção do consumo de oxigênio (VO2max) e pelo
incremento da pré-carga, decorrente do retorno venoso elevado em resposta à
pressão hidrostática da água.

79
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Fisioterapia Aquática proporciona inúmeras vantagens em disfunções


neurofuncionais, pois as propriedades físicas da água auxiliam na
movimentação e diminuem a espasticidade.

• Nas doenças ortopédicas e reumatológicas, a fisioterapia aquática traz


benefícios, como diminuição da dor, a incapacidade, a rigidez articular, desuso,
atrofia e perda funcional.

• A reabilitação cardíaca em meio líquido tem por objetivo o retorno do paciente


cardiopata ao seu estilo de vida completo, com melhor qualidade de vida.

• A fisioterapia aquática apresenta inúmeras vantagens para os idosos, como


uma maior independência funcional, melhora amplitude de movimento e força
muscular, diminuir a dor e o espasmo muscular, além de promover melhora na
socialização, autoconfiança e qualidade de vida.

• O meio líquido pode ser utilizado tanto para recreação quanto para terapia com
crianças, por meio de variados programas, inclusive o ensino de habilidades
aquáticas adaptadas em sistemas escolares.

• Na gestação, a fisioterapia aquática traz benefícios como diminuição de tensões


e redução do edema.

80
AUTOATIVIDADE

1 Quais são as vantagens da Fisioterapia Aquática nas doenças neurológicas?

2 A Fisioterapia Aquática objetiva principalmente o retorno do paciente


cardiopata ao seu estilo de vida completo, com melhor qualidade de vida.
Quais são vantagens prioritárias da fisioterapia aquática na reabilitação
cardíaca?

a) ( ) Diminuição das dores articulares.


b) ( ) Maior amplitude de movimento.
c) ( ) Redução da espasticidade.
d) ( ) Enchimento diastólico precoce e redução da frequência cardíaca.

3 A fisioterapia aquática traz benefícios para diversas populações. Nesse


sentido, é INCORRETO afirmar que:

a) ( ) A fisioterapia aquática pode ser utilizada mesmo que o paciente


cardíaco não esteja em quadro estável.
b) ( ) O meio líquido traz muitos benefícios a idosos, crianças e gestantes,
e pode ser utilizada para promoção e prevenção da saúde dessas
populações.
c) ( ) Apesar de poucos estudos, gestantes são beneficiadas pela imersão,
reduzindo edemas e diminuindo lombalgias, que são alguns sintomas
que podem afetar essa população.
d) ( ) A imersão traz maior motivação a crianças, por ser considerado um
meio lúdico que possibilita além da reabilitação a exploração de suas
habilidades motoras.

81
82
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

1 INTRODUÇÃO

Os métodos terapêuticos específicos para a fisioterapia aquática surgiram


principalmente em países da Europa e nos EUA. Exemplos destes, são: Halliwick
(Inglaterra), Bad Ragaz (Suíça), Burdenko (Rússia), Watsu (EUA), Osteopatia
Aquática (França e Canadá), entre outros. Atualmente, são empregados em todo
mundo e através deles podemos obter inúmeros ganhos funcionais, promover e
prevenir a saúde como um todo.

É importante destacar que podemos utilizar vários métodos com o mesmo


paciente, pois o que vai definir suas condutas é o seu diagnóstico funcional através
da avaliação. Na sequência, discorreremos acerca dos principais e que têm maior
evidência científica.

2 MÉTODO BAD RAGAZ


Este método surgiu em meados de 1930, nas águas termais da cidade
de Bad Ragaz, na Suíça, a qual deu origem ao seu nome. Tem por finalidade a
reeducação e fortalecimento musculares, tração ou alongamento da coluna
vertebral, relaxamento e inibição do tônus muscular aumentado (BIASOLI;
MACHADO, 2006).

Atualmente, ganhou destaque em função do emprego das técnicas de


facilitação neuromuscular proprioceptiva em meio líquido. Os manuseios têm por
objetivo o relaxamento, estabilização e exercícios resistivos progressivos, através
da utilização das propriedades físicas da água, como flutuação, turbulência,
pressão hidrostática, tensão superficial e capacidade térmica.

83
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 22 – MÉTODO BAD RAGAZ

FONTE: <https://bit.ly/3rbW6pf>. Acesso em: 1º fev. 2021.

É um método versátil e pode ser adaptado a pacientes neurológicos,


ortopédicos e reumatológicos, os objetivos de tratamento visam buscar a
funcionalidade corporal, através de:

FIGURA 23 – OBJETIVOS DO BAD RAGAZ

FONTE: Adaptado de Fiorelli et al. (2002)

84
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

O sistema composto por paciente, terapeuta e piscina, são a base da


técnica. O paciente é apoiado por flutuadores na região do pescoço, tronco e
extremidades, o terapeuta auxilia na realização dos exercícios, devendo estar com
base estável e a piscina deve ter de 0,90 a 1,20 metros de profundidade e a água
aquecida em torno de 33,3 e 36,6 ºC (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Moraes (2005) discorre que os exercícios podem ser de quatro formas:


isocinéticos, isotônicos, isométricos e passivos.

QUADRO 1 – FORMAS DE REALIZAÇÃO DOS EXERCÍCIOS

Tipo Execução

Fixação é feita pelo terapeuta ao mesmo


tempo em que o paciente se move na
Isocinéticos
água com movimentos de afastamento e
aproximação.
Ponto de fixação móvel é fornecido pelo
Isotônicos terapeuta, o qual gradua a resistência ao
empurrar ou aproximar o paciente.

Paciente mantém-se fixo enquanto o


Isométricos terapeuta a empurra contra a água para
produzir contrações estabilizadoras.

O terapeuta está fixo e movimenta


o paciente pela água para produzir
Passivos
relaxamento, alongamento muscular ou
inibição do tônus.

FONTE: Adaptado de Lambeck apud Moraes (2005)

O tratamento inicial deve durar de cinco a 10 minutos para evitar fadiga,


pois os exercícios produzem contrações e esforços máximos para o paciente.
Conforme a progressão, a duração da terapia pode ser aumentada para 30
minutos no máximo.

No entanto, atividades que aumentam o tônus do paciente neurológico


devem ser evitadas, e as técnicas de relaxamento antes dos exercícios ativos
podem ser empregadas.

Quando um corpo é movido ou move-se na água, gera uma pressão nega-


tiva atrás dele que, somada com o atrito a sua frente, provoca resistência. Portan-
to, como a turbulência gerada é diretamente proporcional à velocidade do movi-
mento, essa resistência é aumentada pela maior rapidez do exercício, sendo que
o paciente pode regular a resistência opondo-se à força aplicada pelo terapeuta.

85
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Essa resistência também pode ser aumentada progressivamente com a


utilização de anéis, flutuadores ou palmares, com a aplicação de movimentos de
maior amplitude ou alteração do braço de alavanca, pela alteração de direção ou
aumento da velocidade do movimento, pelo uso de menor número de flutuadores
ou apoios, bem como pela mudança de apoio proximal para distal.

2.1 EXERCÍCIOS BAD RAGAZ


Vamos entender como o método funciona na prática? A seguir vamos
discorrer alguns exemplos de manuseios.

Segundo Cechetti et al. (2019), a diagonal primitiva de membro superior


em flexão tem por finalidade o ganho de força muscular e de amplitude de
movimento ativo de flexão, abdução e rotação externa de ombro, extensão de
punho e dedos.

Para a execução o paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal,


utilizando três flutuadores. Já o fisioterapeuta deve estar posicionado cranialmente
ao paciente, com a mão no dorso da mão do paciente. O ponto fixo é o terapeuta
e somente o paciente se move na água, afastando-se do terapeuta.

O Comando dado ao paciente de ser para levar todo o braço para cima, es-
ticando-o, ao mesmo tempo que abre os dedos e estende o punho até tocar a água.

FIGURA 24 – DIAGONAL PRIMITIVA PADRÃO FLEXOR

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 56)

Já para a realização em Membro inferior, o exercício bilateral recíproco


ou assimétrico, tem por objetivo o ganho de força muscular e de amplitude de
movimento ativo das articulações envolvidas (CECHETTI et al., 2019).

Inicialmente o paciente deve estar em decúbito dorsal, utilizando dois


flutuadores. Enquanto o terapeuta posicionado na frente do paciente, segurando
ambos os pés, sua mão deve segurar o pé da perna em extensão e realizar a pegada
na planta do pé.
86
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

A mão do terapeuta que estiver segurando no pé que realizará o exercí-


cio deve realizar a pegada no dorso do pé. O terapeuta é o ponto fixo, e somente
o paciente se move na água. O comando dado deve ser para deixar a perna di-
reita sempre esticada durante a realização do exercício. O joelho deve apontar
para fora. Com relação à perna esquerda, puxe-a e empurre-a, mas sempre com
o joelho direcionado para fora. Manter ambas as pernas fechadas (CECHETTI
et al., 2019).

FIGURA 25 – EXERCICIO BILATERAL RECIPROCO

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 94)

Para a realização da flexão lateral pura da coluna lombar que tem


finalidade de ganho de força muscular e de amplitude de movimento ativo de
flexão lateral da coluna lombar.

O paciente deve estar em decúbito dorsal utilizando três flutuadores. O


terapeuta pode realizar a pegada em regiões distintas, nas mãos, nos cotovelos
ou nos membros inferiores do paciente. O comando deve ser para deixar ambas
as pernas esticadas, com os dedos apontados para cima durante a realização do
exercício e tentar trazer os pés em direção a sua mão direita.

FIGURA 26 – FLEXÃO LATERAL DA COLUNA

87
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 115)

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3 MÉTODO HALLIWICK
Este método foi desenvolvido por James McMillan, em meados de 1949,
na Halliwick School for Girls, Inglaterra. Tem como filosofia o entretenimento e
enfatiza a independência e inclusão de pacientes com incapacidades motoras e/
ou portadores de necessidades especiais, através de suas habilidades em meio
líquido e não de suas dificuldades em solo (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Segundo Garcia et al. (2012), os principais objetivos do método são:


o controle da respiração, do equilíbrio e a liberdade de movimentos. Quando
adquirida a habilidade para manter ou mudar a posição do corpo, de forma
controlada, o participante torna-se capaz de responder com flexibilidade a
diferentes situações, estímulos e tarefa criando ou solicitando movimentos com
eficiência e independência.
88
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 27 – MÉTODO HALLIWICK

FONTE: <https://bit.ly/3uO6TYV>. Acesso em: 1º fev. 2021.

Segundo Biasoli e Machado (2006), o Halliwick segue os princípios da


adaptação ambiental, restauração do equilíbrio, inibição e facilitação.

QUADRO 2 – PRINCÍPIOS DO HALLIWICK

Princípio Conceito

Reconhecimento da gravidade e empuxo que,


Adaptação ambiental
combinados, levam ao movimento rotacional.

Grandes padrões de movimento,


principalmente com os braços, para mover
Restauração do equilíbrio
o corpo em diferentes posturas e ao mesmo
tempo manter o equilíbrio.

Através da inibição dos movimentos


indesejados, uma postura mentalmente
Inibição
desejada é criada e mantida.

Através de qualquer meio sem o recurso da


flutuação, um movimento é mentalmente
Facilitação
criado e fisicamente controlado dentro da
capacidade do paciente, como nadar.

FONTE: Adaptado de Biasoli e Machado (2006)

89
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Nesse método, o uso de flutuador é contraindicado por manter a face fora


da água, o que não permite um controle respiratório, pois esse é elemento vital
em todos os aspectos do trabalho na piscina. Segundo Garcia et al. (2012, p. 145):

Inspirar é uma reação automática, a expiração oral e nasal deve ser


controlada por questões de segurança: expirar evita a inalação de
água. A expiração deve ser automática toda vez que o rosto se aproxi-
mar da água.
O controle da respiração estabelece:
• Momento.
• Ritmo.
• Ajuste de acordo com a demanda e atividade.
• Possibilita um padrão regular e relaxado. Padrão respiratório:
Torácico - Abdominal - Misto. Simétrico ou Assimétrico.

Além disso, os mesmos autores destacam que manter a cabeça fora da água
dificulta a aprendizagem da posição corporal e inibe a aquisição ou a execução de
habilidades como submergir ou rolar.

Garcia et al. (2012) discorrem em seu estudo sobre o Programa de 10


pontos que pode ser dividido em adaptação mental (ajuste em entrar no meio
líquido e acostumar-se), desligamento (aos poucos garantir a independência do
paciente), controle da rotação sagital, controle da rotação transversal, controle da
rotação longitudinal, Controle da rotação combinada, Inversão mental e empuxo,
equilíbrio estático e deslizamento turbulento.

Esses pontos são embasados no processo de aprendizagem motora, sendo


que o indivíduo precisa, antes de tudo, ajustar-se mentalmente ao meio líquido
para depois equilibrar-se nele, através de movimentos amplos das extremidades.

É importante destacarmos que, segundo Garcia et al. (2012), a qualidade de


vida individual está no centro da abordagem holística de saúde usada no modelo
Biopsicossocial da Classificação Internacional de Funcionalidade Deficiência e
Saúde (CIF) da Organização Mundial de Saúde, e que este método é inclusivo e
eficaz vindo ao encontro destes conceitos, por ensinar as pessoas a participar de
atividades aquáticas, mover com independência e a nadar.

90
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 28 – MÉTODO HALLIWICK COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO

FONTE: <https://www.clinicaceccato.com.br/fotos/hidroterapia/4.jpg>. Acesso em: 1º fev. 2021.

3.1 EXERCÍCIOS HALLIWICK


Um exercícios simples do método é chamado “nado simplificado”.
O paciente deve estar em decúbito dorsal na superfície da água, sem utilizar
nenhum flutuador.

Na sequência, deve-se movimentar os braços, as pernas ou até mesmo


o tronco para se deslocar na água. O comando dado pelo terapeuta deve ser
para tentar manter todo o corpo na superfície da água, trazer os braços rente à
superfície da água até a altura dos ombros e, posteriormente, com os braços na
água, movê-los até o lado do corpo (CECHETTI et al. 2019).

FIGURA 29 – NADO SIMPLIFICADO

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 12)

91
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Já para a postura em sela aberta para pacientes dependentes do terapeuta,


também chamada de controle da rotação transversal, o terapeuta deve posicionar
o paciente em sela aberta, segurando de frente, para que ele tente realizar flexão
e extensão de tronco (CECHETTI et al., 2019).

Na sequência, deve afastar e aproximar o seu tronco do terapeuta,


lentamente. O comando dado deve ser para afastar o corpo e depois retornar. É
um manuseio que trabalha reto abdominal, oblíquo interno e oblíquo externo,
muito importantes para esses pacientes (CECHETTI et al., 2019).

FIGURA 30 – POSIÇÃO DE SELA

FONTE: Cechetti et al. (2019, p. 128)

4 MÉTODO WATSU
O Método Watsu, termo derivado das palavras water e shiatsu, foi criado
em 1980 por Harold Dull, a partir do emprego de movimentos, alongamentos
passivos, mobilização de articulações e “hara-trabalho”, bem como pressão sobre
acupontos para equilibrar fluxos de energia através dos meridianos (BIASOLI;
MACHADO, 2006).

Segundo Pastrello, Garcão e Pereira (2017), o Watsu é composto de


movimentos contínuos, rítmicos rotacionais e em espirais, trações e manipulações
articulares, ora livres ora sequenciais, nos quais o terapeuta oferece apoio total,
assemelhando-se a uma dança na água.

As transições posturais são de suma importância, pois criam um sentido


de continuidade e fluxo, que desenvolve confiança e ajuda o paciente a relaxar.
Segundo Parizotto (2016, p. 35):
92
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Há dois tipos de posições no Watsu: simples e complexas.


Os movimentos simples incluem os movimentos básicos e a flutuação
livre. Outras posições simples são nomeadas pela parte do corpo que
é suportada pelo ombro do terapeuta ou posição superior do braço,
incluindo: acima da cabeça, abaixo do braço, abaixo do quadril e
abaixo da perna. As posições complexas são chamadas de berço. No
berço, o terapeuta captura ou embala o paciente entre seu corpo e um
de seus braços, assim libertando a outra mão para trabalhar o resto do
corpo do paciente. As sessões são sequenciadas de maneira que cada
berço seja mais difícil que o anterior.

Como a imersão em água aquecida é um meio propício para o aumento da


amplitude de movimento articular devido, principalmente, à flutuação combinada
com a pressão hidrostática, empuxo e fluxo laminar, favorece o relaxamento
muscular e diminui o mecanismo de proteção muscular por contração.

O Watsu é um método que promove bem-estar, pois alterações emocionais


e mentais podem ser provocadas por movimentos corporais. Sendo indicado para
o tratamento de ansiedade, depressão e estresse.

FIGURA 31 – MÉTODO WATSU

FONTE: <https://bit.ly/384wnHC>. Acesso em: 1º fev. 2021.

4.1 EXERCÍCIOS WATSU


A Sanfona é um movimento básico, em que o terapeuta lentamente abre os
braços do paciente, enquanto ambos participam da inspiração. Com o antebraço
esquerdo no occipital, o paciente é puxado para longe do antebraço direito, o qual
é colocado sob os joelhos.

93
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Durante a expiração, deve-se permitir que o tronco do paciente afunda


um pouco. A cada ciclo respiratório repete-se a manobra. Enquanto os joelhos
são trazidos mais próximos do tórax, com a expiração, deve-se aumentar o tempo
em que os braços estão juntos, permanecendo mais longe do ápice da respiração.
Similarmente, os braços abrem-se mais a cada inspiração (PARIZOTTO, 2016).

FIGURA 32 – REALIZAÇÃO DA SANFONA – INICIAL

FONTE: <https://bit.ly/3bUDDai>. Acesso em: 1º fev. 2021.

FIGURA 33 – REALIZAÇÃO DA SANFONA - FINAL

FONTE: <https://bit.ly/3kF3eIn>. Acesso em: 1º fev. 2021.

5 MÉTODO AI CHI
Em meados de 1990, Jun Konno criou a técnica Ai Chi, onde Ai significa
amor e Chi energia, que é baseada nos princípios do Shiatsu, Watsu e T’ai-Chi. Esta
intervenção combina movimentos de grande amplitude do tronco e de membros
superiores e inferiores com a respiração profunda (SANTANA, ALMEIDA,
BRANDÃO, 2010).
94
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FIGURA 34 – MÉTODO AI CHI

FONTE: <https://bit.ly/307XnBS>. Acesso em: 1º fev. 2021.

O Método Ai Chi é considerado como uma técnica suave, que propícia a


integração corpo e mente. A progressão dos exercícios é realizada a partir de uma
respiração simples, para a incorporação de movimentos da extremidade superior
e para a incorporação de movimentos do tronco, seguidos da incorporação de
movimentos da extremidade inferior e, finalmente, para o envolvimento total do
corpo (CUNHA et al., 2010).

Caso o paciente apresente dificuldades para manter seu equilíbrio, podem


ser utilizados movimentos alternativos, como apoio dos membros superiores
para realizar movimentos de tronco e membros inferiores, o uso de algum apoio,
como bastão, para aumentar sua estabilidade na água.

5.1 EXERCÍCIOS AI CHI


Segundo Cunha et al. (2010), um exercício básico pode ser realizado em pé
na piscina, utilizando o tronco o paciente deve levar um membro superior ao outro
e fazer um círculo, o membro inferior da frente deve estar com joelho semifletido
e membros superiores elevados, posteriormente realizar movimentos de abdução
dos membros superiores e elevação do membro inferior que estava à frente.

FIGURA 35 – EXERCICIO MÉTODO AI CHI

95
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

FONTE: Cunha et al. (2010, p. 412)

6 MÉTODO AQUASTRETCHING
O Método Aquastretching foi desenvolvido em 1986 na França por Ber-
nard Lebaz e caracteriza-se pela reeducação do tronco, tendo seu embasamento
no Método Isostretching, criado em 1974 por Bernard Redondo (FORNAZARI,
2012).

FIGURA 36 – MÉTODO AQUASTRETCHING

FONTE: <https://bit.ly/3ba1Udj>. Acesso em: 1º fev. 2021.

96
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Tem como finalidade melhorar a flexibilidade para promover maior


amplitude de movimento articular, além de alongamento e fortalecimento
muscular e equilíbrio de tronco (FORNAZARI, 2012).

Os exercícios são realizados com auxílio de pranchas fixadas no chão da


piscina e palmares. São preconizadas posições que mantenham a postura ereta,
inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca, fazendo o freno labial, ou seja,
bem devagar (FORNAZARI, 2012).

97
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

LEITURA COMPLEMENTAR

FISIOTERAPIA AQUÁTICA EM INDIVÍDUOS COM DISTROFIA


MUSCULAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO TIPO ESCOPO

Ana Angélica Ribeiro de Lima


Luciana Cordeiro

Resumo

O objetivo deste estudo foi mapear o uso da fisioterapia aquática em


indivíduos com distrofias musculares, de forma a caracterizar as intervenções
no meio aquático e identificar componentes mensurados (variáveis estudadas e
instrumentos utilizados nos estudos). A revisão sistemática do tipo de escopo
incluiu estudos experimentais, descritivos e observacionais (em inglês, português
e espanhol). As buscas foram realizadas nas plataformas Medline (PubMed),
CINAHL, Embase, PEDro, Lilacs, ERIC, Scopus, Web of Science e Google Scholar.
Os dados extraídos foram alocados em três categorias: (1) caracterização dos
registros, (2) informações referentes à fisioterapia aquática e (3) componentes
mensurados. Foram encontrados 556  registros e, destes, selecionados  20. As
amostras dos estudos selecionados incluíram, na maioria, indivíduos com distrofia
muscular de Duchenne, com idade entre 5 e 22  anos, que fizeram fisioterapia
aquática com duração média de 45  minutos uma ou duas vezes por semana,
por 21  semanas. Essas características corroboram estudos feitos em diferentes
populações. A maioria dos estudos investigou alterações pulmonares e controle
postural/desempenho funcional, poucos avaliaram os efeitos no sistema cardíaco.
Recomenda-se usar a Egen Klassifikation, a North Star Ambulatory Assessment e
fazer o teste de caminhada de seis minutos. Descritores | Distrofias Musculares;
Distrofia Muscular de Duchenne; Hidroterapia; Modalidades de Fisioterapia.

Metodologia

Inicialmente, realizou-se uma busca  nas bases de dados JBI Database


of Systematic Reviews and Implementation Reports, Cochrane Database of
Systematic Reviews, CINAHL, PubMed e PROSPERO de algum tipo de revisão
sobre fisioterapia aquática com indivíduos portadores de DM. Nenhum estudo
foi identificado. Esta revisão de escopo foi baseada no Joanna Briggs Institute
Reviewer’s Manual, que preconiza a formulação da pergunta de pesquisa,
definida por “Como a fisioterapia aquática vem sendo utilizada em indivíduos
com DM?”. Os critérios de inclusão foram estabelecidos de acordo com o
acrônimo PCC para revisão de escopo: os participantes (indivíduos com DM,
de todas as idades e ambos os gêneros, submetidos a fisioterapia aquática),

98
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

os conceitos (distrofia muscular; fisioterapia aquática) e o contexto (todas as


terapias realizadas em meio aquático). Foram incluídos estudos experimentais,
observacionais e descritivos, sem limitação de data, nos idiomas inglês, espanhol
e português, por serem idiomas de domínio das pesquisadoras. Foram excluídos
estudos com populações mistas e outros diagnósticos, uma vez que as DM
apresentam características específicas de progressão, impactando na prática
clínica. Em sequência buscou-se nas bases de dados Medline (PubMed) e CINAHL
com os descritores (MeSH terms) e palavras-chaves definidos, interpostos pelos
boleadores “AND” e “OR”. Prosseguindo para a revisão das palavras contidas no
título, no resumo e nos descritores nos registros encontrados na etapa anterior,
verificou-se a necessidade de adequação dos termos. Então, realizou-se a busca
nas demais bases de dados e sites de busca selecionados. A seleção dos registros
foi feita entre novembro e dezembro de 2017 e a revisão em setembro de 2019.
Novamente os registros foram revisados por meio das palavras contidas no
título, no resumo e nos descritores, com o objetivo de excluir aqueles que não se
enquadravam nos critérios predeterminados. Os artigos selecionados foram lidos
na íntegra; foi verificada a existência de outros registros relevantes por meio da
investigação das referências dos artigos selecionados. Os dados extraídos foram
classificados em três categorias: (1) caracterização dos registros (autor, ano de
publicação, país de origem, objetivos do estudo, tipo de estudo, tipo de DM,
características da população, tamanho da amostra); (2) informações referentes
aos procedimentos adotados na fisioterapia aquática (objetivo da terapia, tipo de
atividades, frequência e duração da terapia, duração do programa, temperatura
da água, nível de imersão e terapias associadas); e (3) componentes mensurados
(variáveis estudadas e instrumentos de mensuração utilizados nos estudos, como
escalas, testes, equipamentos).

Resultados e discussão

A revisão de escopo permitiu identificar que nos últimos dez anos existe
número crescente de estudos que avaliam os efeitos da fisioterapia aquática em
pacientes com DM, principalmente com DMD. Entretanto observou-se predomínio
de estudos com pequenas amostras (até três indivíduos) do tipo descritivo e quase-
experimental. O único ensaio clínico randomizado controlado detectado trata-
se de estudo piloto que verificou a viabilidade de um programa de fisioterapia
aquática associado à fisioterapia de solo em seis centros do Reino Unido. Barnett
et al. evidenciam que estudos quase-experimentais e projetos experimentais
com pequeno número de indivíduos são ideais para pesquisas clínicas, a fim de
entender a situação da pesquisa em questão e ajustar quando necessário. Com
base nesta revisão de escopo, identificamos que dados dos indivíduos como idade
e estadiamento da doença, são informações importantes para caracterização
da amostra e previsão de mudanças funcionais em pacientes com DMD, como
demonstrado por Ferreira et al. por meio da escala Vignos. Afinal a literatura
aponta correlação da idade com o quadro clínico do paciente, com redução da
função de acordo com o aumento da idade. Observou-se também que não existe
nos estudos experimentais investigados padronização da intervenção. Por isso,
são necessários estudos descritivos relacionados às intervenções de fisioterapia

99
UNIDADE 2 — APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS E MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

aquática de acordo com o quadro clínico do paciente com DM. A classificação


de intervenção para pacientes com DMD de Bushby et al. pode ser um guia para
essa descrição. O controle postural/desempenho funcional foi mensurado por
instrumentos validados ou confiáveis para DMD, como a escala EK para avaliação
do acometimento funcional em atividades de vida diária, e o TC6M6,19,20,30 para
avaliação do desempenho da marcha. A North Star Ambulatory Assessment foi
sugerida por Hind et al. como um teste viável e adequado para acompanhamento
de pacientes com DMD. Informação que corrobora o manual de manejo da DMD
de Birnkrant et al., que recomenda o uso do instrumento a partir dos três anos de
idade. Além disso, os autores sugerem o uso exploratório da medida da função
motora grossa e da Hammersmith Functional Motor Scale Expanded; a escala
motora infantil de Alberta e a escala Bayley-III para crianças pequenas; e para
indivíduos não ambulatoriais, a Brooke Upper extremity scale. Com a evolução da
doença existe aumento do risco de alterações pulmonares e cardíacas. Por isso faz-
se necessário acompanhamento e avaliações periódicas desses indivíduos, assim
como determinação de medidas de segurança para esses pacientes. Os estudos
de Silva et al.19 e Silva et al.20 utilizaram valores de saturação de oxigênio como
medidas de segurança durante o TC6M, tanto em solo como em imersão. O teste
era interrompido se o indivíduo apresentasse um valor de saturação de oxigênio
abaixo de 90%. DiBiasio et al. calcularam a FC alvo por meio da fórmula Karvonen
modificada para o ambiente aquático e utilizaram monitor de FC durante as
sessões com o objetivo realizar exercícios dentro de um intervalo de segurança.
Destacamos que não existe consenso com relação aos parâmetros de segurança,
tanto das alterações do sistema respiratório quanto do sistema cardíaco em
imersão. Contudo, os parâmetros estabelecidos nos três estudos podem garantir
maior segurança e cuidado para as terapias desenvolvidas no meio aquático.
Apesar dessas indicações, se fazem necessárias maiores discussões sobre os
parâmetros pulmonares já mensurados e mais estudos acerca dos parâmetros
cardíacos. Outro aspecto relevante para estudos com indivíduos com DM é a
fadiga muscular que ocorre em virtude da fraqueza muscular, a qual não foi
investigada quantitativamente em nenhum estudo desta revisão. Ademais, já foi
demonstrado que imersão em diferentes temperaturas pode alterar a percepção
de esforço em indivíduos saudáveis, mensurada por meio da escala de Borg. Com
relação à caracterização da intervenção, dos estudos que associaram a fisioterapia
de solo com a aquática, apenas Hind et al. compararam essa relação e realizou
follow-up de seis meses. Oito meninos fizeram terapia aquática duas vezes por
semana e terapia de solo (grupo experimental) quatro vezes por semana e quatro
meninos fizeram apenas terapia de solo (grupo-controle). Os autores observaram
mudança média na North Star Ambulatory Assessment aos seis meses de −5,5
(DP: 7,8), no grupo-controle e −2,8 (DP: 4,1) no grupo experimental. Já Ferreira et
al. avaliaram o desempenho motor em solo e em água de indivíduos com DMD
por dois anos; observaram a manutenção no desempenho das atividades aquáticas
e piora na função motora de solo. Provavelmente o meio aquático promove a
manutenção do movimento ativo e a consequente independência por maior
período. A experiência prévia no meio aquático é um fator a ser considerado para
estudos no meio aquático, pois indivíduos que são familiarizados e se sentem
confortáveis no meio aquático participam com mais intensidade das atividades

100
TÓPICO 3 — MÉTODOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA

propostas em comparação àqueles menos adaptados. Fragala-Pinkham, Haley e


O’Neil confirmaram que crianças mais adaptadas ao meio aquático eram capazes
de se exercitar por maior tempo dentro da FC alvo. Os achados desta revisão
de escopo em relação ao tempo de sessão, frequência da sessão e duração do
programa de tratamento corroboram a revisão sistemática de Roostaei et al.
em indivíduos com paralisia cerebral, que relata maior eficácia em sessões de
45-60  minutos por duas a três vezes por semana, por no mínimo seis  semana,
podendo chegar a 16  semanas. Reconhece-se por meio dessa revisão certa
padronização dos componentes mensurados e dos procedimentos adotados na
fisioterapia aquática, porém ainda existe escassez de estudos de alta evidência
científica. Provavelmente, essa situação pode ser exemplificada pela experiência
de Hind et al., que tiveram grande perda amostral ao longo do estudo, pois muitos
participantes tinham dificuldade em acessar os centros de reabilitação, estavam
inseridos em outros ensaios clínicos ou não havia piscinas disponíveis. Devido
a isso os autores sugeriram diferentes abordagens para futuros estudos, como
aumentar o número de sessões de fisioterapia aquática oferecidas pelos sistemas
de saúde, fazer terapias com crianças com outras condições neuromusculares,
inserir os pais na piscina com a orientação de um fisioterapeuta, e que o sistema
de saúde e centros de voluntariado se unam e compartilhem os custos de aluguel
da piscina. Advoga-se que tais sugestões possam ser acatadas também pelo
Sistema Único de Saúde e por diversas associações do território brasileiro. Apesar
de discutir um número considerável de estudos, as limitações deste estudo
foram: não ter pesquisado literatura cinzenta em bases de teses e dissertações que
discutam o objeto em questão, e restrições nas buscas nos idiomas português,
inglês e espanhol.

Conclui-se que a caracterização da amostra com o uso da escala Vignos ou


outro instrumento de estadiamento da doença são fundamentais para identificar
os efeitos da fisioterapia aquática em diferentes fases do comprometimento
da doença e futuramente identificar os efeitos dessa intervenção. Além disso,
recomenda-se usar a EK, a North Star Ambulatory Assessment e fazer o TC6M.
Diversos estudos investigaram as alterações pulmonares e o controle postural/
desempenho funcional em pacientes com DM, e poucos estudos avaliaram os
efeitos no sistema cardíaco. Uma vez que essa revisão sistemática do tipo escopo
não se propôs a discutir a eficácia da fisioterapia aquática, sugere-se novo estudo
a fim de discutir os dados já existentes e analisar a eficácia do tratamento. Com
base nas informações obtidas neste estudo, recomenda-se sessões de fisioterapia
aquática de 45 minutos, duas vezes por semana, com média de 21 semanas e com
a temperatura da água em média de 32,7°C.

FONTE: <https://www.scielo.br/pdf/fp/v27n1/2316-9117-fp-27-01-100.pdf>. Acesso em:


10 fev. 2021.

101
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O Método Bad Ragaz é versátil e pode ser utilizados em diversas patologias,


tem como base as diagonais funcionas utilizadas pelo FNP, objetiva promover
a reeducação, o fortalecimento, o alongamento, o relaxamento muscular e a
inibição do tônus.

• O Halliwick tem como filosofia o entretenimento e enfatiza a independência


e inclusão de pacientes com incapacidades motoras e/ou portadores de
necessidades especiais, através de suas habilidades em meio líquido e não de
suas dificuldades em solo.

• O Watsu é composto de movimentos contínuos, rítmicos rotacionais e em


espirais, trações e manipulações articulares, ora livres ora sequenciais, nos
quais o terapeuta oferece apoio total, assemelhando-se a uma dança na água. É
indicado principalmente para problemas psicológicos como estresse, depressão
e ansiedade.

• O Ai chi é considerado como uma técnica suave, que propícia a integração


corpo e mente. É realizado através da combinação de movimentos de grande
amplitude do tronco e de membros superiores e inferiores com a respiração
profunda.

• O Aquaestreching tem suas bases no Isoestreching, e os principais objetivos


são melhorar a flexibilidade para promover maior amplitude de movimento
articular, além de alongamento e fortalecimento muscular e equilíbrio de
tronco.

CHAMADA

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102
AUTOATIVIDADE

1 Os objetivos da fisioterapia aquática devem ser reais e flexíveis e as


condutas realizadas dentro do limite de cada paciente. Nesse sentido, sobre
os métodos utilizados, analise as sentenças a seguir:

I- Bad ragaz é indicado exclusivamente casos de estresse físico e mental,


medo, ansiedade, insônia, dores musculares, enxaqueca, falta de
disposição, depressão e tensões agudas e crônicas.
II- O método Halliwick leva em conta os princípios físicos da água e da
Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF) e suas diagonais
funcionais.
III- O método Watsu considera o relaxamento muscular promovido pela
água aquecida e os movimentos corporais que permitem o alongamento
muscular e o aumento da amplitude de movimento.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

2 Os exercícios terapêuticos aquáticos dependem de avaliações constantes


da condição do paciente, do seu nível de ambientação, dos objetivos
desejados, sendo que a programação deve ser flexível e sequencial,
com o estabelecimento de dificuldade progressiva de execução.
Sobre o método  Watsu  de hidroterapia, analise as sentenças a seguir:

I- Foi desenvolvido na Suíça, por volta de 1930 e utiliza as propriedades


físicas da água. É utilizado para o fortalecimento, reeducação muscular,
alongamento de tronco e inibição de tônus. 
II- É uma técnica de relaxamento que age em nível psicológico, espiritual,
emocional e físico, tido como terapia de reconexão tanto para o paciente
quanto para o terapeuta.
III- É conhecido pelo emprego da maioria das técnicas de facilitação
neuromuscular proprioceptiva.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

103
3 A água é um recurso usado pelo fisioterapeuta para tratar vários tipos de
patologias. Um dos métodos utilizados como terapia é o Bad Ragaz. Quanto
ao método terapêutico, assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Tem como objetivo redução do tônus, reeducação e relaxamento


muscular, aumento da amplitude de movimento articular.
b) ( ) Consiste em técnicas de alongamentos à manipulação pontual
realizada com os polegares sobre canais de energia e mais meridianos
aos já existentes.
c) ( ) É um método versátil e pode ser adaptado a pacientes neurológicos,
ortopédicos e reumatológicos.
d) ( ) Leva em conta os princípios físicos da água e da Facilitação Neuro-
muscular Proprioceptiva (PNF) e suas diagonais funcionais.

104
REFERÊNCIAS
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em: 1º fev. 2021.

107
108
UNIDADE 3 —

INSTALAÇÕES DA PISCINA
TERAPÊUTICA E
EQUIPAMENTOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as regras e legislação sobre a prática da fisioterapia aquática;

• aprender cuidados que devem ser tomados em ambientes terapêuticos;

• planejar instalações da piscina terapêutica;

• conhecer os principais equipamentos utilizados no meio líquido;

• explorar as principais evidências científicas sobre a fisioterapia aquática.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – INSTALAÇÕES

TÓPICO 2 – ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

TÓPICO 3 – EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E FORMAÇÃO CONTINUADA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

109
110
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

INSTALAÇÕES

1 INTRODUÇÃO

Imagine que você decidiu depois de formado que quer utilizar os recur-
sos da fisioterapia aquática. Por onde você começa? É importante que seu início
seja pelo projeto, o planejamento de suas atividades garante melhor execução
e segurança ao seu trabalho. É preciso estar atento às legislações que regula-
mentam as instalações, bem como um ambiente acessível e confortável para seu
cliente/paciente.

O conceito de local com desenho universal de acessibilidade está definido


conforme legislação vigente e pelas normas técnicas. Este propõe uma arquitetura
e um design mais centrados no ser humano e na sua diversidade.

É muito importante que todo seu ambiente de tratamento seja acessível,


visto que a fisioterapia aquática trabalha com os mais diversos públicos.
Segundo manual de acessibilidade da ABNT (2015), as edificações, ambientes
internos, urbanos e produtos que atendam a um maior número de usuários,
independentemente de suas características físicas, habilidades e faixa etária,
devem favorecer a biodiversidade humana e proporcionar uma melhor ergonomia
para todos.

Nesse sentido, foram definidos sete princípios do Desenho Universal:

1) uso equitativo: deve ser passível de ser utilizados por diversas pessoas,
independentemente de idade ou habilidade.
2) uso flexível: atenda grande parte das preferências e habilidades das pessoas.
3) uso simples e intuitivo.
4) informação de fácil percepção.
 5) tolerância ao erro: possibilita que se minimizem os riscos e consequências
adversas de ações acidentais ou não intencionais na utilização do ambiente ou
elemento espacial.
6) baixo esforço físico: condições de ser usado de maneira eficiente e confortável.
7) dimensão e espaço para aproximação e uso: com sinalização em elementos
importantes e tornar confortavelmente alcançáveis todos os componentes para
usuários sentados ou em pé, acomodar variações de mãos e empunhadura e,
por último, implantar espaços adequados para uso de tecnologias assistivas ou
assistentes pessoais (ABNT, 2015).

111
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

2 INFORMAÇÕES GERAIS
A reabilitação efetiva é resultado não somente de um terapeuta
competente, mas também de uma instalação aquática cuidadosamente planejada,
sendo de extrema importância o cuidado com a limpeza do local, prevenindo,
assim, a disseminação de doenças, o que pode ser evitado pela solicitação do
exame dermatológico antes da admissão do paciente.

O projeto da instalação de um ambiente aquático inclui uma planta baixa


funcional que atenda às necessidades da equipe e dos usuários. Deve conter os
seguintes espaços:

• Área de recepção e saguão.


• Escritórios da administração da piscina e direção.
• Sala de aula para educação de usuários e reuniões da equipe em serviço.
• Áreas de vestiários femininos, masculino, vestiário de família.
• Salas da equipe de pessoal.
• Sala de primeiros-socorros e salva-vidas.
• Salas mecânicas e químicas.
• Almoxarifado de equipamento de apoio.
• Cubículo de zeladoria e suprimentos.

DICAS

O Conforto e a Segurança do paciente são primordiais, por isso você deve


sempre pensar no público que irá atender!
O SEBRAE tem alguns materiais que podem ajudar você a definir o seu público:
Acesse: http://bit.ly/3rcfx1e.

Um ambiente aquático bem projetado e com um design mais simples


possível garante segurança e conforto, tanto para os pacientes e terapeutas,
como para os acompanhantes, além da sua funcionalidade ser maior (SOUZA
et al. 2005).

O delineamento dos principais pontos relativos a um design mais


apropriado vem evoluindo constantemente, sendo considerados fatores
importantes:

112
TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES

FIGURA 1 – PONTOS IMPORTANTES

FONTE: A autora

Alguns países possuem normas vigentes para orientação de construção


de piscinas terapêuticas, como Portugal, na Região de Lisboa e Vale do Tejo, que
redefiniu o Programa de Vigilância Sanitária, trazendo como principais objetivos
(AMORIM, 2017):

FIGURA 2 – OBJETIVOS DO PROJETO DE PORTUGAL

FONTE: A autora

113
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

No Brasil, toda a construção destinada à área da saúde deve obedecer


à legislação em vigilância sanitária, disponibilizada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, ANVISA, por meio da RCD-50 (AMORIM, 2017).

Esse regulamento é pertinente à aprovação do Regulamento Técnico


destinado ao planejamento, programação, elaboração, avaliação e aprovação
de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde e, em relação
à acessibilidade, as normas a serem obedecidas estão contidas na NBR 9050,
de 2021, que diz respeito à acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos (AMORIM, 2017).

Como todo e qualquer serviço de fisioterapia, a piscina terapêutica deve


ser planejada e construída preferencialmente em andar térreo e sem escadas.

FIGURA 3 – ENTRADA ACESSÍVEL

FONTE: <https://bit.ly/3rf9fh8>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Havendo mudança de nível, o acesso deve ser permitido por meio de


rampas revestidas de material antiderrapante e corrimão. O ideal é estar abaixo
do nível do piso e ter o formato retangular, para facilitar a entrada e a saída dos
pacientes, seja através de escada ou rampa de inclinação suave sempre na sua
parte mais rasa. A área de circulação à volta da piscina deve permitir a circulação
de cadeiras de rodas e de pacientes portadores de deficiências (BIASOLI;
MACHADO, 2006).

114
TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES

FIGURA 4 – PISCINA ACESSÍVEL

FONTE: <https://bit.ly/3qlntMt>. Acesso em: 5 fev. 2021.

A legislação vigente que regulamenta os serviços de fisioterapia não


estabelece o número de pacientes a serem atendidos simultaneamente em piscina
terapêutica, porém é aconselhado até três com patologia e faixa etária similares
por fisioterapeuta (FORNAZARI, 2012).

As dimensões da piscina são diretamente proporcionais à demanda, ou


seja, quanto maior o número de pacientes em um mesmo atendimento, maior
deve ser seu tamanho. Entretanto, a profundidade deve variar de 0,60 a 2,10 m,
para permitir o desenvolvimento da reabilitação aquática de crianças e adul-
tos, já que um chão de piso uniforme não permite a execução de práticas com
diferentes níveis de água ou traz desvantagens, conforme a altura do paciente
(FORNAZARI, 2012).

O ideal é que esse desnivelamento seja em ângulo reto, isto é, sem declives,
para não causar instabilidade e insegurança aos pacientes. Em todas as instalações
adjacentes e na própria piscina, o piso deve ser de material antiderrapante, para
dar maior segurança aos usuários (FORNAZARI, 2012).

Tanto o sistema de ventilação quanto o de iluminação dependerão da


localização física, porém a refração da água deve ser considerada e, portanto, é
fundamental uma boa claridade na piscina (FORNAZARI, 2012).

Todavia, a constante evaporação da água requer um sistema de ventilação


eficiente, enquanto a visibilidade deve ser satisfatória em toda a área da piscina,
principalmente a sua profundidade. Uma iluminação artificial posicionada
adequadamente soluciona problemas de refração (FORNAZARI, 2012).

115
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

A qualidade da água deve ser constantemente monitorada e está


diretamente relacionada com sua salubridade, sem a presença de microrganismos
patogênicos. A água da piscina deve possuir baixa turbidez e apresentar condições
físico-químicas que não provoquem corrosões ou danos aos equipamentos e,
principalmente, não prejudiquem a saúde dos usuários (SANTOS et al., 2016).

Essas características são obtidas por meio de dispositivos de recirculação e


tratamento, que incluem toda a tubulação e os sistemas de filtração, aquecimento
e desinfecção da água (SANTOS et al., 2016).

FIGURA 5 – FILTROS DE LIMPEZA

FONTE: <https://limpaforte.com.br/wp-content/uploads/2017/06/l.png>. Acesso em: 5 fev. 2021.

Além da tubulação, os componentes necessários para garantir boa


qualidade da água são: filtro, bombas de recirculação, pré-filtros, drenos e ralos
de fundo, coadeiras, dispositivos de retorno e de aspiração, dosadores químicos,
visores de retrolavagem e aquecedores.

O acesso ao prédio deve ser facilitado por rampas com corrimão, desde
o estacionamento até o seu interior. Caso haja portas de vidro, elas devem estar
devidamente marcadas em sua superfície e as maçanetas devem ser em forma de
barras ou trincos, nunca redondas (FORNAZARI, 2012).

Os vestiários devem ser espaçosos e permitirem privacidade aos pacientes,


assim como os chuveiros, que devem ser privativos e instalados em boxes amplos e
a instalação de corrimões em todas as áreas físicas é essencial (FORNAZARI, 2012).

Materiais acústicos devem ser utilizados na construção dos ambientes


para que os ruídos não se tornem excessivos e provoquem situações de ansiedade
ou tensão nos pacientes, principalmente quando a terapia é realizada em grupo
(FORNAZARI, 2012). A área de recepção e saguão devem ser próximos da área
de estacionamento, e permitir aos usuários uma entrada fácil. O acesso não deve
ser dificultado por obstáculos aos usuários de cadeiras de rodas (ABNT, 2015).

116
TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES

Nos pavimentos onde houver sanitários, deve ser garantido no mínimo


um sanitário acessível. Pelo menos uma das salas de avaliação e ou piscina, para
cada tipo de serviço prestado, deve ser acessível e estar em rota acessível (SOUZA
et al., 2005).

A sala de primeiros socorros deve ficar adjacente à área da piscina. A área


é uma combinação de estação de trabalho e área de equipamento e suprimentos
de primeiros socorros de fácil acesso à equipe (SOUZA et al., 2005).

A sala mecânica e química contém a bomba de circulação de água, filtros


controladores químicos, sistema de vácuo, sistema desinfetante, aquecedor
de água, sistema de desumidificação e substâncias químicas. O aquecedor e a
unidade de desumidificação podem ficar na sala mecânica da piscina ou em uma
sala separada (SOUZA et al., 2005; BIASOLI; MACHADO, 2006).

A sala deve ter acesso direto ao lado de fora do edifício, onde há uma
entrada de serviço. Isso possibilita acesso fácil para reparos e manutenção
preventiva (SOUZA et al., 2005; BIASOLI; MACHADO, 2006).

A sala de armazenamento de substâncias químicas deve satisfazer


às regulamentações federais, saúde e segurança estaduais, e do código local
de construções para armazenagem química (SOUZA et al., 2005; BIASOLI;
MACHADO, 2006).

A zona de tratamentos deverá ter uma temperatura (húmida) mínima


de 23 °C e uma temperatura (seca) máxima de 26 °C. A temperatura nas
áreas envolventes da piscina não deverá ser inferior, em mais de 10 a 15 °C, à
temperatura da água, para permitir um arrefecimento lento e gradual (SOUZA et
al., 2005; BIASOLI; MACHADO, 2006).

2.1 LEGISLAÇÕES E DIRETRIZES


Além da RDC N° 50/2002/ANVISA (BRASIL, 2002), deverão ser
consultadas outras normas complementares como:

• ABNT NBR 9050:2021: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e


equipamentos urbanos. Esta é uma das principais normas que aborda a 13
maioria dos os temas a respeito das questões ergonômicas para a perfeita
adaptação dos equipamentos, mobiliário e materiais, para os usuários.
• ABNT NBR 10339:1988: Projeto e execução de piscina – Sistema de recirculação
e tratamento – Procedimento.
• ABNT NBR 10818:2016: Qualidade da água de piscina – Procedimento.
• ABNT NBR 10819:1989: Projeto e execução de piscina (casa de máquinas,
vestiários e banheiros.
• ABNT NBR 11238:1990: Segurança e higiene de piscinas – Procedimento.

117
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

• ABNT NBR 11239:1990: Projeto e execução de piscina (equipamentos para a


borda do tanque) – Procedimento.
• ABNT NBR 9816:1987: Piscina – Terminologia.
• ABNT NBR 9818:1987: Projeto de execução de piscina (tanque e área
circundante).

Além disso, o manual de acessibilidade obriga que os ambulatórios


no qual fazem parte as clínicas de fisioterapia devem ter pelo menos 10 % de
sanitários acessíveis (AMORIM, 2017; ABNT, 2015; SANTOS et al., 2016).

2.2 DESIGN E DIMENSÕES


As dimensões da piscina dizem respeito ao tamanho, formato e profundi-
dade. Os principais fatores a serem considerados (BIASOLI; MACHADO, 2006):

• Piscina abaixo do nível do piso com a distância entre a superfície da água e da


borda variando entre 7 a 15 cm (distâncias maiores dificultam a entrada e saída
do paciente e dificulta o manejo em caso de emergência).
• O formato deve ser simples, retangular para evitar muita turbulência e permitir
atividades recreativas como a natação.
• A profundidade deve variar de 0,60 cm a 2,10 m.
• O acesso à piscina deve permitir várias formas de entrada como: degraus (devem
estar na extremidade mais rasa com 15 cm de altura, 30 de profundidade e 60
de largura; deve haver corrimão) e rampas (facilitam a entrada de cadeira de
rodas).
• A inclinação deve ser pequena e a superfície não escorregadia), guindastes
(mecânico, hidráulico ou elétrico) e lateral.

O piso no entorno das piscinas não pode ter superfície escorregadia ou


excessivamente abrasiva, devendo ter coeficiente de atrito úmido acima de 0,70
cm em referência a pés descalços, devendo ser livre de obstáculos para prática e
procedimento de evacuação de emergência.

As bordas, degraus de acesso à água, corrimãos e barras de apoio devem


ter acabamento arredondado. O piso ao redor da piscina ou deque é construído
de material antiderrapante (BIASOLI; MACHADO, 2006).

O acesso à água deve ser garantido através de uma das quatro seguintes
formas (ABNT, 2015):

a) Bancos de transferências.

118
TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES

FIGURA 6 – BANCO DE TRANSFERÊNCIA

FONTE: <http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2016/06/piscinas-quatro-formas-de-garantir.
html>. Acesso em: 4 fev. 2021.

b) Degraus submersos.

FIGURA 7 – DEGRAUS SUBMERSOS

FONTE: <http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2016/06/piscinas-quatro-formas-de-garantir.
html>. Acesso em: 4 fev. 2021.

119
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

c) Rampas submersas.

d) Equipamentos de transferência para piscinas com profundidade máxima de


1,20 m.

FIGURA 8 – GUINCHO

FONTE: <http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2016/06/piscinas-quatro-formas-de-garantir.
html>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Quando forem instaladas duas barras, a distância entre elas deve ser de
no mínimo 0,60 m; a fim de garantir área para aproximação e manobra, sendo
que a área para transferência junto ao banco não pode interferir com a área de
circulação (ABNT, 2015).

Os degraus submersos devem ter o piso variando de 0,35 m a 0,43 m e


espelho de no máximo 0,20 m, além da instalação de corrimãos em cada degrau
ou contínuo (ABNT, 2015).

Provavelmente, o item de projeto mais inovador disponível para


construtores de piscina hoje é o fundo móvel. Esse tipo de sistema permite que
ocorram mudanças de profundidade em questão de minutos e que pacientes em
cadeira de rodas sejam trazidos diretamente do deque para o piso da piscina, que
em seguida pode ser abaixado a profundidade desejada (ABNT, 2015).

2.3 SISTEMA DE VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO


A ventilação é importante para evitar a condensação que ocorre em função
da evaporação da água. É preciso manter umidade em aproximadamente 50%,
devendo existir um sistema de desumidificação e ventilação, para que não ocorra
uma condensação excessiva.
120
TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES

O caudal de ar renovado por utilizador deverá ser de 6 L/s e a velocidade


de ar insuflado deverá ser inferior a 0,2 m³/s. As áreas anexas, incluindo vestiários
e balneários, deverão ter uma temperatura (seca) de 22 a 24 °C e uma renovação
do ar de quatro volumes/hora. A área de serviços técnicos deverá ter uma
temperatura (seca) de 18 °C e uma renovação do ar de quatro volumes/hora.

A iluminação das instalações deverá ser abundante e preferencialmente


indireta, para evitar a existência de reflexos à superfície da água e a refração como
vimos anteriormente que é um dos princípios da água. Deverá privilegiar-se,
sempre que possível, a iluminação natural.

2.4 SISTEMA DE AQUECIMENTO


A temperatura ideal para a piscina oscila entre 33º e 34º C. Com relação
ao sistema de aquecimento da água, existem várias opções no mercado, com
diversos tipos de alimentação, por exemplo, resistência elétrica, bomba de calor,
solar, a gás, a óleo combustível, carvão ou lenha.

FIGURA 9 – AQUECIMENTO SOLAR

FONTE: <http://www.cbesolar.com.br/aquecimento-de-piscinas/>. Acesso em: 5 fev. 2021.

121
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

FIGURA 10 – AQUECIMENTO A GÁS

FONTE: <https://www.equigas.com.br/aquecimento-gas-piscina>. Acesso em: 5 fev. 2021.

A mais apropriada vai depender da relação custo/benefício, dimensões e


finalidades da piscina.

2.5 VESTIÁRIOS
Os vestiários devem ser amplos, que permitam a entrada de cadeira de
rodas e tenham macas e corrimão. Um bom projeto de vestiário é aquele que
proporciona visibilidade para a área exterior, não requer que os usuários andem
no deque e permite acesso direto para a piscina. Isso evita a disseminação de
doenças infecciosas que podem ser levadas para o deque nos calçados de passeio
(FORNAZARI, 2012; AMORIM, 2017).

Deve ter um vestiário tanto para os pacientes quanto para a equipe. Os re-
gulamentos do código de construções especificam que cada pessoa disponha de
um espaço de 0,45 m² para vestir-se. Entretanto, uma instalação bem planejada
concede até 1,8 m² para vestiário por pessoa (FORNAZARI, 2012; AMORIM, 2017).

O número de vestiários e chuveiros é determinado pelas necessidades dos


usuários e pelo número total de pessoas que passam pela unidade (FORNAZARI,
2012; AMORIM, 2017).

Pias, toaletes e chuveiros são acessórios exigidos pelo código. As duchas


devem ser posicionadas de modo que a água saia na transversal em vez de
diretamente do chuveiro. Isso ajuda a manter a água longe do piso e permite ao
usuário determinar a temperatura antes de molhar o corpo (FORNAZARI, 2012;
AMORIM, 2017).

122
TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES

Corrimões de aço inoxidável devem ser instalados nas áreas do chuveiro e


vestiários. Os chuveiros e sanitários devem estar localizados em áreas separadas
das dos vestiários, porém essas áreas necessitam de um acesso fácil e devem ser
suficientemente grandes de modo a receber as cadeiras de rodas (ABNT, 2015).

O piso indicado para estas áreas é o texturizado e ou antiderrapante.


Tapetes de náilon de alta densidade também pode ser colocados (ABNT, 2015).

123
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• As dimensões da piscina são diretamente proporcionais à demanda, ou seja,


quanto maior o número de pacientes em um mesmo atendimento, maior deve
ser seu tamanho.

• Construções direcionas à área da saúde devem obedecer à legislação em


vigilância sanitária, disponibilizada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, ANVISA, por meio da RCD-50 e as normas da Associação Brasileira
de Normas e Técnicas.

• É preciso definir o perfil do paciente, localização, custos da construção,


exigências de pessoal, fontes de renda e fatores de ruídos.

• O espaço disponível deve ser grande e deve possuir locais para deque, sala de
máquinas, vestiários, escritórios e outros locais.

124
AUTOATIVIDADE

1 O que deve ser priorizado ao elaborar um projeto de piscina terapêutica?

2 Associação Brasileira de Normas técnicas estabelece critérios e parâmetros


técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação
e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de
acessibilidade. Sobre a acessibilidade da piscina, assinale a alternativa
INCORRETA:

a) ( ) As bordas, degraus de acesso à água, corrimãos e barras de apoio


devem ter acabamento arredondado.
b) ( ) Os equipamentos de transferência para piscinas devem ser usados em
profundidade máxima de 1,20 m.
c) ( ) O piso ao redor da piscina ou deque é construído de material
antiderrapante.
d) ( ) O acesso da piscina deve ser feito exclusivamente pela rampa.

3 O Projeto de piscina deve atender às exigências da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária e às normas da Associação Brasileira de Normas e
Técnicas. Sobre o projeto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O espaço disponível não deve ser grande pois é necessário somente


instalar a piscina.
b) ( ) As legislações brasileiras não prevê necessidade de acessibilidade.
c) ( ) As dimensões da piscina são fixas, não dependendo da demanda.
d) ( ) O projeto da instalação de um ambiente aquático correto inclui uma
planta baixa funcional que atenda às necessidades da equipe e dos
usuários.

125
126
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Para que o tratamento atinja seu objetivo, existem dois pontos importantes:
a utilização de acessórios/equipamentos para tirar proveito das propriedades
físicas da água, aumentando os benefícios do exercício, e a manutenção tanto da
piscina quanto dos acessórios e demais espaços utilizados (ROVEDA, 2004).

A preservação das condições de segurança, higiênicas e sanitárias é


essencial para a prestação de um serviço de fisioterapia aquática, pois sabemos
que muitas vezes os pacientes já têm uma saúde fragilizada e que podem ser mais
facilmente acometidos por doenças infectocontagiosas, além de ser uma medida
de biossegurança para o próprio terapeuta (SOUZA et al., 2005).

Há inúmeros materiais auxiliares utilizados para atendimento fisiotera-


pêutico em meio aquático. Esses equipamentos podem ser usados para facilitar a
flutuação, para desafiar ou assistir o equilíbrio e para gerar resistência ao exercí-
cio (FORNAZARI, 2012).

DICAS

Além dos equipamentos já existentes, você pode usar sua imaginação, adaptar
outros equipamentos utilizados no solo para que possam ser utilizados com segurança na
piscina ou também utilizar materiais reaproveitados e recicláveis.

127
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

FONTE: <https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/12/Design-
sem-nome-14.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2021.

2 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos utilizados na fisioterapia aquática têm inúmeras
funções, oferecem suporte para a flutuação ou aumentam a intensidade de um
exercício ou adicionam variedade a um programa tornando-o mais agradável e
diversificado (FORNAZARI, 2012).

FIGURA 11 – EQUIPAMENTOS VARIADOS

FONTE: Adaptada de <http://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

128
TÓPICO 2 — ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

QUADRO 1 – TIPOS DE EQUIPAMENTOS

TIPO FINALIDADE

Flutuação Oferecer suporte e facilitar ajustes.

Diminuir efeito da flutuação e aumentar


Equipamentos de peso a resistência em movimento em direção
a superfície.

FONTE: A autora

Os equipamentos de auxílio à flutuação geram um ambiente aquático


mais confortável e seguro para o paciente. Eles são utilizados para obter posição
correta do corpo, fornece estabilidade, promover meio de tração, graduar forças
compressivas, assistir movimentos e aumentar a resistência do movimento
(FORNAZARI, 2012).

Os equipamentos para exercícios aquáticos que intensificam a resistência


normalmente são elaborados em cima de um aumento da área de superfície que é
puxada ou empurrada através da água (BIASOLI; MACHADO, 2006).

A quantidade de resistência é determinada por três fatores: o tamanho da


peça e o espaço na água que a peça ocupa, proporcionando um arrasto maior ou
menor; a forma que o objeto apresenta na água, variando a respectiva aerodinâmica;
e a velocidade do movimento da peça na água (BIASOLI; MACHADO, 2006).

Os equipamentos mais utilizados de uma forma geral são: esteiras


rolantes, equipamentos de acesso à piscina, equipamentos de flutuação, pesos,
equipamentos de resistência baseado em arrasto, aquatoner, hidrotone, sistemas
de amarração, estações de exercícios submersas, brinquedos e equipamentos
recreativos, equipamentos de segurança, vestuário aquático e aparelhos de
medição (BIASOLI; MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).

FIGURA 12 – HALTER

FONTE: <https://bit.ly/387Ecwi>. Acesso em: 8 fev. 2021.

129
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

FIGURA 13 – BRINQUEDOS PARA IMERSÃO

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

FIGURA 14 – ESPAGUETE OU AQUATUBE

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

Outros materiais utilizados para aumentar a resistência ao movimento


baseiam-se no conceito de resistência hidrodinâmica, aumentando de forma uni
ou bidireccional a superfície de ataque do segmento corporal. Estes materiais
incluem os “pés de pato”, as “pás de mão” entre outros (BIASOLI; MACHADO,
2006; FORNAZARI, 2012).

130
TÓPICO 2 — ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

FIGURA 15 – AQUATONER

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

Além dos equipamentos adicionais de segurança, os hidroterapêuticos


são necessários para auxiliar na execução das técnicas de fisioterapia aquática
e são facilmente encontrados em lojas especializadas. Estes materiais incluem
coletes, cintos, colchões, tapetes flutuantes, pranchas de “styrofoam”, “halteres
flutuantes”, bolas e suportes para membros ou tronco em forma de “U” (BIASOLI;
MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).

FIGURA 16 – COLETE PARA TRONCO

FONTE: <https://bit.ly/2Pxm8oY>. Acesso em: 9 fev. 2021.

131
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

FIGURA 17 – TAPETE FLUTUANTE

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

Os materiais de lastro, como calçado, “pulseiras” e cintos de pesos são


utilizados como acessórios de estabilização e equilíbrio, aumentando a resistência
ao movimento em direção à superfície da água e assistindo o movimento contrário
(BIASOLI; MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).

FIGURA 18 – CINTA

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

É possível fazer dos flutuadores objetos de resistência, dependendo da


forma de realização do exercício. Existem vários tipos de resistores de movimento,
como os aquahands, os aquafins, os palmares, os sorrisos, os aquaplates, os
aquajumps e as nadadeiras (BIASOLI; MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).

132
TÓPICO 2 — ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

FIGURA 19 – SORRISOS

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

Os degraus podem ser usados para a realização de exercícios, para ganho


de força em cadeia fechada ou em treinos de condicionamento cardiovascular,
por exemplo (BIASOLI; MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).

Os degraus também são úteis para o próprio fisioterapeuta obter um


melhor posicionamento na água.

A cama elástica e o disco proprioceptivo podem ser usados na elaboração


de exercícios para propriocepção ou, no caso na cama elástica, para exercícios
aeróbios (SOUZA, 2005).

FIGURA 20 – DEGRAUS E CAMA ELÁSTICA

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

133
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

Existem também outros tipos de materiais, como bolas maiores e menores,


muito utilizadas em diversos exercícios, além de objetos para massoterapia
e dessensibilização, como os rolos e as bolinhas com espículas (BIASOLI;
MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).

FIGURA 21 – USO DE BOLAS

FONTE: <http://www.portalagita.org.br/images/users/morisehta/b.jpg>. Acesso em: 8 fev. 2021.

Os materiais fixos incluem as barras de apoio, as plataformas de marcha


e as plataformas de imersão variável (sistema de fundo móvel de piscina) que
permitem modificar o nível de imersão dos doentes em tratamento (BIASOLI;
MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).

Podem ainda ser inseridas barras de apoio para treino de marcha, ca-
deiras de rodas para imersão (com estrutura de aço inoxidável e assento de
plástico perfurado para permitir a saída da água), sistemas de tração do ráquis,
plataforma verticalizadora submergível, toucas, óculos, outros dispositivos im-
permeáveis e equipamento para monitorização (BIASOLI; MACHADO, 2006;
FORNAZARI, 2012).

FIGURA 22 – BARRA PARA APOIO

FONTE: <https://bit.ly/3uOLjmZ> Acesso em: 8 fev. 2021.

134
TÓPICO 2 — ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

FIGURA 23 – CADEIRA IMERSÃO

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

FIGURA 24 – AMBIENTE AQUÁTICO

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3c1Tt2X>. Acesso em: 9 fev. 2021.

3 SISTEMA DE SEGURANÇA
O acesso à água pode ser feito através de plano inclinado, escadas com
barras de apoio e elevador. O plano inclinado deve permitir o acesso dos pacientes
em cadeira de rodas, pelo que o ângulo de inclinação terá que ser reduzido
(BRANCO et al., 2006).

135
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

Nas escadas com barras de apoio, o bordo de cada degrau deve estar
devidamente assinalado. Os elevadores podem apresentar cadeira ou maca
acoplada (BRANCO et al., 2006; BIASOLI; MACHADO, 2006).

Todo o equipamento de acesso deve ser seguro, funcional e resistente à


água. As medidas de segurança incluem a prevenção de quedas, mediante a utili-
zação de revestimentos anti-derrapantes e barras de apoio (BRANCO et al., 2006).

Embora os afogamentos em piscinas de reabilitação sejam muito raros,


é aconselhável a presença do terapeuta no interior da piscina e de uma segunda
pessoa na proximidade dela, principalmente nas atividades de grupo (BRANCO
et al., 2006).

Os apetrechos de salvamento, como boias circulares, cordas e tubos de


resgate, devem estar localizados na área envolvente da piscina. Outras medidas
consistem nas marcas de segurança e nos sinais de aviso (BRANCO et al., 2006).

As marcas de segurança comunicam ao paciente informação para o respeito


das regras das instalações. Deve notificar localização do elevador, a presença de
degraus, níveis de profundidade ou plataformas submersas (BRANCO et al., 2006).

Os sinais de aviso comunicam mensagens específicas relacionadas com


normas de comportamento e perigos físicos, químicos e ambientais. A iluminação,
a acústica e o sistema eléctrico devem também obedecer a regras de segurança
(BRANCO et al., 2006).

FIGURA 25 – RISCO FÍSICO

FONTE: <https://bit.ly/3uMAO3P>. Acesso em: 9 fev. 2021.

136
TÓPICO 2 — ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

Deverá igualmente existir um sistema de comunicação que permita,


nomeadamente em casos de emergência, a transmissão rápida das orientações
necessárias (BRANCO et al., 2006).

E
IMPORTANT

É muito importante que o fisioterapeuta tenha noções de primeiros socorros para caso
aconteça algum imprevisto.
A garantia de segurança é tão importante quanto a aplicação da técnica correta!
Você pode buscar na biblioteca virtual da UNIASSELVI alguns materiais sobre esse assunto.
Aqui nesse link você encontra um caderno de estudos:
https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.
php?codigo=24836.

Outros dispositivos de segurança incluem sistemas de abertura e encer-


ramento de portas, alarmes e sistemas de controle de incêndio. É também fun-
damental a correta formação de funcionários e clientes com respeito às regras e
procedimentos de segurança (BRANCO et al., 2006; BIASOLI; MACHADO, 2006).

As marcas de segurança interna na piscina, assim como ao redor devem ser


colocadas para comunicar os riscos aos usuários (BRANCO et al., 2006; BIASOLI;
MACHADO, 2006).

Há quatro tipos de aviso de risco:

1) riscos comportamentais: não comer, não utilizar a piscina além do horário


permitido, não mergulhar ou saltar;
2) perigos físicos: água turva, superfície do deque molhada ou escorregadia,
profundidade maior etc.;
3) perigos químicos: armazenar produtos químicos de limpeza;
4) riscos ambientais: fios elétricos ou de energia, equipamento de comunicação,
rádio ou outros elementos.

137
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

A iluminação no deque da piscina também faz parte das considerações


de segurança e deve ter uma intensidade mínima de 100 pés-velas. A verificação
da qualidade dos serviços é da competência do Serviço Nacional de Saúde, que
deverá ter acesso a todos os dados relevantes para o efeito.

FIGURA 26 – INSTALAÇÕES TERAPÊUTICAS

FONTE: <https://bit.ly/3e3M99t>. Acesso em: 9 fev. 2021.

4 QUALIDADE DA ÁGUA
A temperatura da água varia de acordo com os objetivos terapêuticos
pretendidos. A avaliação da turvação é realizada mediante o controlo da
transparência. Esta deve ser visualmente controlada em contínuo, através de uma
marca negra (marca de Secchi) colocada no ponto mais fundo do tanque ou da
piscina (SANTOS et al., 2016; BIASOLI; MACHADO, 2006).

O pH deve estar compreendido entre 7,4 e 7,6 (com valores limite entre 7
e 8). O cloro residual livre das piscinas de reabilitação deve situar-se entre 0,5 e
2 mg/L. Os tanques ou piscinas onde sejam utilizados equipamentos, como por
exemplo: materiais de flutuação, devem ter valores de cloro residual livre entre 1
e 3 mg/L (SANTOS et al., 2016).

O cloro residual total não deve exceder em 0,6 mg/L o cloro residual livre.
É fundamental a realização de um controlo microbiológico da água (BRANCO et
al., 2006).

Devem ser pesquisados vários agentes, entre os quais se destacam: colifor-


mes totais, Escherichia coli, Enterococos fecais, Pseudomonas aeruginosa, Estafi-
lococos totais, Estafilococos produtores de coagulase e microrganismos viáveis
em meio nutritivo gelosado, em aerobiose, a 37 °C (BIASOLI; MACHADO, 2006).

138
TÓPICO 2 — ACESSÓRIOS E MANUTENÇÃO

A água utilizada em hidrocinesioterapia não deve conter vestígios de


microrganismos patológicos (em 100 mL) em 90% das amostras, devendo existir
ausência total de coliformes fecais em 100 mL.

A avaliação da temperatura, pH, cloro livre e turvação deve ser realizada


diariamente enquanto a avaliação bacteriológica deve ser feita quinzenalmente.
As duchas devem ser avaliadas trimestralmente quanto à presença de Legionella
pneumophila (BIASOLI; MACHADO, 2006; SANTOS et al., 2016).

Nas piscinas com sistema fechado, a água proveniente da rede pública é


regenerada de forma contínua, devendo ser submetida a processos de filtração
e desinfecção que permitam a manutenção das características físicas, químicas
e biológicas dentro dos parâmetros exigidos (BIASOLI; MACHADO, 2006;
SANTOS et al., 2016).

As medidas de higiene incluem a utilização, por parte de visitantes e


pessoal de manutenção, de proteção plástica e antiderrapante para sapatos. Os
utilizadores, por seu lado, devem usar touca, roupa de banho e calçado adequados
(BIASOLI; MACHADO, 2006; SANTOS et al., 2016).

Quando necessária, a cadeira de rodas deverá também ser adequada à


utilização na piscina. Antes de entrarem na água, os utilizadores deverão tomar
ducha (com aplicação de um sabão) e usar o sistema de lavagem de pés e, se
necessário, da cadeira de rodas, devendo repetir estes procedimentos à saída
(BIASOLI; MACHADO, 2006; SANTOS et al., 2016).

139
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A preservação das condições de segurança, higiênicas e sanitárias é essencial


para a prestação de um serviço de fisioterapia aquática.

• A água utilizada em hidrocinesioterapia não deve conter vestígios de


microrganismos patológicos.

• Os equipamentos utilizados na fisioterapia aquática têm inúmeras funções,


oferecem suporte para a flutuação ou aumentam a intensidade de um exercício
ou adicionam variedade a um programa tornando-o mais agradável e
diversificado.

• Todo o equipamento de acesso deve ser seguro, funcional e resistente à água. As


medidas de segurança incluem a prevenção de quedas, mediante a utilização
de revestimentos antiderrapantes e barras de apoio.

140
AUTOATIVIDADE

1 As piscinas terapêuticas devem seguir parâmetros de segurança rígidos


a fim de minimizar os riscos. Sobre o exposto, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Os riscos comportamentais são armazenar produtos químicos de


limpeza.
b) ( ) Os perigos físicos são não comer, não utilizar a piscina além do horário
permitido, não mergulhar ou saltar.
c) ( ) Os perigos químicos são água turva, superfície do deque molhada ou
escorregadia, profundidade maior etc.
d) ( ) Os riscos ambientais são fios elétricos ou de energia, equipamento de
comunicação, rádio ou outros elementos.

2 Os riscos à saúde decorrentes do tratamento inadequado das piscinas


podem ser de sua natureza, assim como da higiene pessoal e do estado
imunológico dos usuários. Sobre a qualidade da água, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) A avaliação da turvação é realizada mediante o controle da cor, não


sendo necessário realizar todos os meses.
b) ( ) A água utilizada em hidrocinesioterapia não deve conter vestígios de
microrganismos patológicos.
c) ( ) A preservação das condições de segurança, higiênicas e sanitárias não
é essencial para a prestação de um serviço de fisioterapia aquática.
d) ( ) A qualidade da água deve ser realizada anualmente.

3 Os equipamentos utilizados na fisioterapia aquática têm inúmeras funções


e adicionam variedade a um programa terapêutico. Sobre os equipamentos
utilizados na fisioterapia aquática, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) É impossível realizar uma sessão fisioterapia aquática sem


equipamentos.
b) ( ) Podem oferecer suporte para a flutuação ou aumentar a intensidade
de um exercício ou adicionam variedade a um programa tornando-o
mais agradável e diversificado.
c) ( ) Somente auxiliam o posicionamento do paciente.
d) ( ) Os equipamentos de resistência são os mesmos utilizados no solo.

141
142
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

1 INTRODUÇÃO

Durante a realização do processo de intervenção da Fisioterapia Aquática,


é importante que o terapeuta tenha clareza dos itens a serem avaliados e dos
desfechos clínicos desejados, com o intuito de se verificar melhoras de um quadro
clínico ou disfunção específica (CARREGARO; TOLEDO, 2008).

A revisão sistemática de Geytenbeek (apud CARREGARO; TOLEDO,


2008), agrupou um grande número de ensaios clínicos sobre Fisioterapia Aquática
e avaliou a eficácia da fisioterapia aquática para diferentes desfechos. A autora
sugere cautela, pois existem muitas questões que ainda precisam ser respondidas
acerca da real eficácia da fisioterapia aquática.

Entretanto, mesmo com a ressalva, foi possível determinar fortes e


moderadas evidências para efeitos positivos da fisioterapia aquática na dor, no
aumento da mobilidade articular e força muscular, na melhora da funcionalidade
e do equilíbrio e no aumento do condicionamento físico.

Nesse sentido, é importante que mais estudos sejam realizados na área,


e que protocolos sejam testados para que esse recurso tenha maior visibilidade
entre profissionais e meio acadêmico.

2 PROTOCOLOS E PROGRAMAS DE TREINAMENTO/


TRATAMENTO
Como discorremos anteriormente, existem diversos protocolos, porém
ainda com pouca comprovação científica. Normalmente, os estudos realizados
têm uma amostra pequena, o que dificulta a análise dos resultados. Cada
terapeuta pode elaborar seu protocolo conforme avaliação realizada e embasado
nas evidências da literatura atual.

A seguir exemplificaremos protocolos que já foram usados anteriormente.

Ramalho et al. (2019) realizaram um protocolo de controle de tronco em


ambiente aquático em indivíduos com paralisia cerebral e obtivem resultados
positivos e ganhos motores relacionados ao controle de tronco e funcionalidade.

143
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

FIGURA 27 – PROTOCOLO PARA TRONCO EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL

FONTE: Ramalho et al. (2019, p. 26).

Wajchemberg et al. (2002) desenvolveram um protocolo com três atletas


do sexo masculino, submetidos a tratamento cirúrgico de hérnia discal lombar,
com o objetivo de avaliar de acelerar sua reabilitação, tendo resultados positivos
com esse público.

144
TÓPICO 3 — EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

FIGURA 28 – PROTOCOLO PARA HERNIA DE DISCO EM ATLETAS

FONTE: Wajchemberg et al. (2002, p. 51)

Resende, Rassi e Viana (2008) desenvolveram um programa de fisioterapia


aquática para equilíbrio de idosas, iniciando pela adaptação ao meio aquático,
hidrocinesioterapia e inclusão de exercícios aquáticos que desafiam o equilíbrio.

Os autores dividiram seu protocolo em três fases: fase de adaptação ao


meio aquático, fase de alongamento e fase de exercícios para equilíbrio estáticos
e dinâmicos. Cada série foi realizada de forma contínua e, entre elas, houve
repouso de 1 minuto.

145
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

Eles discorrem que os resultados indicam que o programa de exercícios


de fisioterapia aquática proporciona aumento do equilíbrio e redução do risco de
quedas em idosas.

QUADRO 2 – PROTOCOLO DE RESENDE, RASSI E VIANA

Fase I – Adaptação ao meio aquático


Exercício 1: controle respiratório

• Posicionamento: posição semissentada sem apoio posterior, com imersão


no nível dos ombros. Ombros em flexão de 90º e cotovelos em extensão.
• Atividade: expirar lenta e prolongadamente pela boca sobre a água, com
boca imersa e posteriormente com boca e nariz imersos (2').

Fase II – Alongamento. Os alongamentos são mantidos por 30 segundos


Exercício 2: alongamento dos músculos isquiotibiais

• Posicionamento: posição ortostática com as costas apoiadas na parede.


• Atividade: elevar um dos membros inferiores, manter extensão do joelho e
flexão dorsal do tornozelo.

Exercício 3: alongamento dos músculos tríceps sural e íliopsoas

• Posicionamento: posição ortostática com as mãos apoiadas na borda da


piscina.
• Atividade: realizar um passo largo à frente, manter o joelho anterior em
flexão, o joelho posterior em extensão e os pés em contato com o fundo da
piscina.

Fase III – Exercícios para equilíbrio estáticos e dinâmicos. As velocidades e frequências


indicadas são médias aproximadas
Exercício 4: marcha em círculo com as mãos dadas e mudanças de sentido
esporádicas
• Atividade: marchar lateralmente, de frente e de costas, alternando nos
sentidos horário e anti-horário, três vezes em cada tipo de marcha (1' para
cada tipo de marcha, velocidade: 0,40 m/s).
Exercício 5: marcha em fila

• Posicionamento: apoiar as mãos na cintura do indivíduo da frente.


• Atividade: deslocar-se na piscina realizando curvas e mudanças de direção.
Atividade conduzida pelo fisioterapeuta (3', velocidade: 0,40 m/s).

Exercício 6: Marcha para frente impulsionando os membros inferiores com


vigor

146
TÓPICO 3 — EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

• Atividade: marchar com maior velocidade e impulsão (45 m, velocidade:


0,50 m/s).

Exercício 7: Marcha para trás. (45 m, velocidade: 0,50 m/s)


Exercício 8: Marcha lateral com passos largos. (45 m, velocidade: 0,55 m/s)
Exercício 9: Marcha com um pé à frente do outro

• Atividade: marchar apoiando um pé imediatamente à frente do outro, e


assim sucessivamente (45 m, velocidade: 0,20 m/s).

Exercício 10: Marcha com rotação de tronco

• Atividade: caminhar para frente levando a mão ao joelho oposto em flexão,


de forma alternada (45 m, velocidade: 0,30 m/s).

Exercício 11: Marcha com paradas em apoio unipodal

• Atividade: realizar a marcha e, ao comando do fisioterapeuta, manter o


apoio unipodal com o joelho oposto em flexão durante 10 segundos (12
paradas em 45m, velocidade: 0,50m/s).

Exercício 12: Flexo-extensão de ombros bilateral

• Posicionamento: posição semissentada.


• Atividade: realizar flexão e extensão de ombros mantendo cotovelos em
extensão. Iniciar em hiperextensão máxima dos ombros até flexão a 90º
(dez repetições, frequência: 12 repetições por minuto).

Exercício 13: Abdução-adução horizontal dos ombros bilateral

• Posicionamento: posição semissentada, ombros fletidos a 90º, cotovelos


estendidos.
• Atividade: iniciar em adução até 90º de abdução horizontal (dez repetições,
frequência: 12 repetições por minuto).
Exercício 14: Bombeamento de tornozelo

• Posicionamento: postura ortostática, com imersão no nível do processo


xifoide.
• Atividade: realizar extensão dos joelhos associada à flexão plantar, manter
esta posição por cinco segundos, e em seguida, flexão dos joelhos associada
a dorsiflexão, mantendo também por cinco segundos (dez repetições,
frequência: três repetições por minuto).

FONTE: Resende, Rassi e Viana (2008, p. 60-61)

147
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

DICAS

Quer encontrar mais protocolos? Procure em base de dados da internet, ou até


mesmo na biblioteca virtual disponibilizada pela UNIASSELVI.
Sugiro as bases Scielo (https://scielo.org/), Google Acadêmico (https://scholar.google.com.
br/?hl=pt), Pedro (https://pedro.org.au/), Pubmed (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/) e
Bireme (https://www.paho.org/pt/bireme).
Temos certeza de que essa busca fará diferença na sua trajetória acadêmica.

3 ENTIDADES E SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA


Devido à dificuldade de acesso à fisioterapia aquática em função do custo
tanto para a manutenção do espaço terapêutico quanto do público em geral.
Existem algumas instituições que tornam o recurso mais acessível.

A Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) é um exemplo


de entidade, sendo uma organização sem fins lucrativos focada em garantir
assistência médico-terapêutica de excelência em Ortopedia e Reabilitação. A
Instituição atende pessoas de todas as idades, recebendo pacientes via Sistema
Único de Saúde (SUS), planos de saúde e particular. Além disso, realiza cursos de
formações que podem ser acessados pelos fisioterapeutas.

DICAS

Que tal dar uma olhada no site da AACD, conhecer o trabalho dessa entidade
e também ficar por dentro dos cursos disponíveis!?
Acesse: https://aacd.org.br/.

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae)  também é


uma entidade que muitas vezes oferce o serviço de fisioterapia aquática para
portadores de necessidades especiais.

148
TÓPICO 3 — EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

FIGURA 29 – APAE

FONTE: <http://apaescsul.org.br/estrutura/hidroterapia>. Acesso em: 5 fev. 2021.

Os Centros Especializados em Reabilitação (CER) são unidades voltadas


para o atendimento especializado de pessoas com deficiência que necessitam de
reabilitação.

O atendimento no CER é realizado de forma articulada com os outros


pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde, através de Projeto Terapêutico
Singular, cuja construção envolverá a equipe, o usuário e sua família.

FIGURA 30 – CER SÃO BERNADO – SP

FONTE: <https://bit.ly/3c7D90K>. Acesso em: 9 fev. 2021.

149
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

4 CURSO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO


A Fisioterapia Aquática é uma especialidade fisioterapêutica muito
antiga, recomendada por profissionais da saúde, por sua reconhecida eficiência
no tratamento de diversas patologias.

Todavia, esta é uma modalidade rara e de alto custo, o que a torna


extremamente elitizada.

No Brasil, pouquíssimos convênios de saúde cobrem o tratamento de


Fisioterapia Aquática, o que restringe o seu acesso a muitos pacientes necessitados.

Além disso, há poucos serviços especializados e pouquíssimos


fisioterapeutas especialistas em fisioterapia aquática no mundo.

O COFFITO regulamenta o título ao profissional fisioterapeuta de


Especialista Profissional em Fisioterapia Aquática. Segundo órgão este é
profissional:

Art. 3º Para o exercício da Especialidade Profissional em Fisioterapia


Aquática, é necessário o domínio das seguintes Grandes Áreas de
Competência:
I – Realizar consulta fisioterapêutica no ambiente externo e no
ambiente da Fisioterapia Aquática, para prescrever parâmetros de
indicação e intervenção;
II – Avaliar a condição física e cinesiológica-funcional específica do
cliente/paciente/usuário de Fisioterapia Aquática, e sua acessibilidade
no ambiente e contexto da Fisioterapia Aquática;
III – Avaliar as habilidades aquáticas, individuais ou em grupo e o nível
de adaptação ao meio líquido, com vistas a estabelecer o programa de
intervenção em Fisioterapia Aquática;
IV – Solicitar, aplicar e interpretar escalas, questionários e testes
funcionais;
V – Solicitar, realizar e interpretar exames complementares,
como: ergoespirometria subaquática, eletromiografia subaquática,
dinamometria subaquática, cinemetria subaquática, entre outros;
VI – Determinar diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico e prescrição
em Fisioterapia Aquática;
VII – Planejar e executar medidas de prevenção e redução de risco;
VIII – Prescrever, montar, testar, operar, avaliar e executar recursos
tecnológicos em ambiente e contexto da Fisioterapia Aquática;
IX – Prescrever, confeccionar, gerenciar órteses, próteses, adaptações
e tecnologia assistiva relativos ao ambiente e contexto da Fisioterapia
Aquática;
X – Prescrever cuidados paliativos ao cliente/paciente/usuário em
Fisioterapia Aquática;
XI – Prescrever, analisar, aplicar métodos e técnicas para preservar,
manter, desenvolver e restaurar a integridade de órgão, sistema ou
função do corpo humano em Fisioterapia Aquática;
XII – Avaliar e monitorar vias aéreas naturais, artificiais e ostomias
de cliente/paciente/usuário em ambiente e contexto da Fisioterapia
Aquática;

150
TÓPICO 3 — EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

XIII – Avaliar, prescrever, analisar, aplicar métodos e técnicas nas


várias especialidades fisioterapêuticas e áreas de atuação no ambiente
e contexto da Fisioterapia Aquática;
XIV – Monitorar parâmetros cardiovasculares, respiratórios e
metabólicos do cliente/paciente/usuário em ambiente e contexto da
Fisioterapia Aquática;
XV – Avaliar, prescrever, analisar, aplicar recursos tecnológicos,
realidade virtual e/ou práticas integrativas e complementares em
saúde no que tange à Fisioterapia Aquática;
XVI – Utilizar recursos de ação isolada ou concomitante de agente
hidrocinesiomecanoterapêutico, termoterapêutico, crioterapêutico,
cromoterapêutico, eletroterapêutico, sonidoterapêutico,
aeroterapêutico, entre outros, em Fisioterapia Aquática;
XVII – Aplicar medidas de controle e contra a contaminação da água
em ambiente e contexto da Fisioterapia Aquática;
XVIII – Utilizar os recursos da Fisioterapia Aquática para orientar e
capacitar o cliente/paciente/usuário visando à sua funcionalidade;
XIX – Determinar as condições de alta fisioterapêutica;
XX – Prescrever a alta fisioterapêutica;
XXI – Registrar em prontuário consulta, avaliação, diagnóstico,
prognóstico, tratamento, evolução, interconsulta, intercorrências e alta
fisioterapêutica;
XXII – Emitir laudos, pareceres, relatórios e atestados fisioterapêuticos;
XXIII – Realizar atividades de educação em todos os níveis de atenção
à saúde e na prevenção de riscos ambientais, ecológicos e ocupacionais
em ambiente e contexto da Fisioterapia Aquática;
XXIV – Realizar atividades de segurança ambiental, documental,
biológica e relacional em ambiente e contexto da Fisioterapia Aquática.
Art. 4º  O exercício profissional do fisioterapeuta especialista em
Fisioterapia Aquática é condicionado ao conhecimento e domínio das
seguintes áreas e disciplinas, entre outras:
I – Mecânica dos fluidos (estática e dinâmica);
II – Fisiologia geral, de imersão e do exercício em ambiente e contexto
da Fisioterapia Aquática;
III – Biomecânica Humana no contexto da Fisioterapia Aquática;
IV – Instrumentos de medida, de avaliação e de controle em Fisioterapia
Aquática;
V – Farmacologia em Fisioterapia Aquática; 
VI – Identificação e manejo de situações complexas e críticas no
contexto da Fisioterapia Aquática;
VII – Primeiros socorros, técnicas de resgate, salvamento e suporte
básico de vida em ambiente e contexto da Fisioterapia Aquática;
VIII – Técnicas, metodologias e recursos tecnológicos em Fisioterapia
Aquática;
IX – Próteses, órteses e tecnologia assistiva no contexto da Fisioterapia
Aquática;
X – Humanização;
XI – Ética e bioética (COFFITO, 2014, s. p.).

Além, da especialização existem diversos cursos de formação e atualiza-


ção disponíveis em centros de referência. Como já citado na Unidade 2, existem
formações nos métodos Bad Ragaz, Watsu, Haillick, Ai Chi, Aquaestreching.
Também são ofertados cursos de extensão direcionados para públicos especí-
ficos e patologias, como gerontologia, pediatria, neurofuncional e ortopedia,
entre outros.

151
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

LEITURA COMPLEMENTAR

ADEQUAÇÕES DO SETOR DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA DA AACD NA


PANDEMIA DE COVID-19

Douglas Martins Braga


Rafael Santos Ferreira da Silva
Caio Roberto Aparecido de Paschoal Castro

Resumo

Introdução: a pandemia causada pelo novo Coronavírus acometeu e le-


vou ao óbito muitas pessoas no Brasil. Por conta da gravidade da crise, as empre-
sas criaram programas de adequações. A AACD interrompeu seus atendimentos
entre 23 de março de 2020 a 15 de junho 2020. O setor de fisioterapia aquática
necessitou criar um protocolo de retorno às atividades com segurança, baseado
em relatos científicos de outros países e associações. Os atendimentos na piscina
voltaram a ser realizados dia 17 de agosto de 2020. Objetivo: compartilhar as
medidas de segurança adotadas para o retorno das atividades no setor de fisio-
terapia aquática da AACD durante a pandemia de COVID-19. Método: foi de-
senvolvido um protocolo de retorno aos atendimentos na piscina, baseado nos
órgãos mundiais de saúde e na legislação nacional, pensando em aspectos fun-
damentais como elegibilidade do paciente e adequação do ambiente. Resultados:
foram incluídos pacientes mais independentes na piscina, que aceitassem a utili-
zação da máscara. A elegibilidade foi definida pela equipe de fisioterapeutas. Os
parâmetros de cloro, pH e alcalinidade da água foram adequados para inativação
e aferidos a cada duas horas. Foram modificados os horários das terapias para a
higienização adequada dos materiais. Os terapeutas utilizaram as máscaras ci-
rúrgicas e face shield e o distanciamento mínimo de 2 m² para cada paciente e
terapeuta. Regras de utilização de vestiários e armários foram definidas, além da
continuidade da utilização do sistema de exaustão. Conclusão: o protocolo de
retomada às atividades do setor de fisioterapia aquática foi realizado de forma
segura e teve o intuito de servir como referência para outros serviços.

Introdução

A Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) é uma insti-


tuição brasileira sem fins lucrativos, criada em 1950 e é referência na reabilita-
ção física de crianças e adultos com desordens neurológicas. Ela é composta por
unidades, em quatro estados do Brasil. A AACD realiza atendimentos médicos
e terapêuticos através de convênios de saúde, atendimentos particulares e aten-
dimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo de forma expressiva
com a sociedade. A unidade central está localizada na cidade de São Paulo (SP)
e é composta pelo Hospital Abreu Sodré, Oficina Ortopédica e Centro de Reabi-
litação (CR).
152
TÓPICO 3 — EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

O setor de Fisioterapia Aquática (FA) da unidade central, localizado no


CR, é formado por uma equipe de 25 fisioterapeutas, além de profissionais e
voluntários que auxiliam na higienização de equipamentos, transferências de
pacientes e aferições dos parâmetros da qualidade da água das duas piscinas
existentes. No setor de FA, são atendidos, em média, 680 pacientes por mês,
totalizando aproximadamente 2.800 atendimentos mensais e cerca de 180
atendimentos diários.

As atividades realizadas dentro da piscina foram suspensas desde o dia


25 de março de 2020, por conta da pandemia causada pela COVID-19. O novo ví-
rus é causado pelo SARS-CoV-2 e pode desencadear múltiplas infecções e aco-
metimentos respiratórios, desde casos assintomáticos, até casos graves e ao óbito.

A transmissão do vírus ainda não está bem definida, porém existem


relatos de transmissão através do ar, superfícies infectadas, alimentos e água
contaminada e contato com as mãos. Dados atuais (03/08/2020) do Ministério
da Saúde do Brasil demonstram que 2.733.896 pessoas já foram acometidas pelo
vírus e 94.104 pessoas morreram.

Na cidade de São Paulo já foram confirmados 230.375 casos e 339.980


pessoas estão sendo monitoradas e aguardam resultados de exames (02/08/2020).
Além disso, 9.863 mortes já foram confirmadas na cidade de São Paulo e 5.777
óbitos ainda não tem resultados dos testes para a confirmação ou não de
COVID-19.

Por conta do alto número de casos e óbitos na cidade, a Secretaria da


Saúde do Município de São Paulo criou um plano para a retomada das atividades
de forma gradativa em todas as áreas da sociedade. Para atividades realizadas em
piscinas, foi deliberada pela Portaria Pref 724, de 10 de julho de 2020, a diretriz
de distanciamento interpessoal durante as atividades e a redução do tempo da
atividade de cada indivíduo.

Para o retorno dos atendimentos de forma segura, o setor de FA


desenvolveu um protocolo de prevenção baseado no Serviço de controle de
infecção hospitalar da AACD e relatos científicos de outras associações e países:
Associação Brasileira de fisioterapia aquática (ABFA) – Brasil; Asociación española
de profesionales del sector piscinas (ASOFAP) – Espanha; International aquatic
therapy faculty (IATF) – Suiça; International organisation of aquatic physical
therapists (IOAPT) – Reino Unido; Associazione italiana fisioterapisti (AIFI) –
Itália; Associação portuguesa de fisioterapeutas (APFisio) – Portugal. O número
de terapeutas (25) realizando atendimentos ao mesmo tempo no setor de FA da
AACD central, é um caso atípico. Não encontramos referências de locais com esta
quantidade de profissionais e com este volume de atendimento na piscina.

Portanto, o objetivo deste relato de experiência é compartilhar as medidas


de segurança adotadas pelo setor de FA da AACD durante a pandemia, a fim de
servir como uma referência para outros centros e profissionais desta área.

153
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

Relato de retorno aos atendimentos

A FA, é uma modalidade terapêutica que promove benefícios específicos


aos pacientes e trabalha em conjunto com a fisioterapia convencional (em solo)
para a reabilitação adequada do paciente com desordens neurológicas.

Através dos princípios físicos e termodinâmicos da água e de outras


variáveis, como inclinação da piscina e nível de imersão, é possível que o paciente
obtenha ganhos funcionais que possam ser transferidos para o solo. Além disso, o
ambiente aquático é lúdico, estimulador e desafiador, fato este que torna a terapia
motivadora. Por estes motivos, a FA é indispensável no programa de reabilitação
de pacientes neurológicos.

Em alguns países, como Estados Unidos, Itália e Espanha, foram desen-


volvidos protocolos preventivos de higienização e de distanciamento interpesso-
al para o retorno de atividades esportivas e prática de exercícios dentro de pisci-
nas. No Brasil, os estados e municípios planejaram o retorno destas atividades.

O protocolo de retorno das atividades no setor de FA da AACD central,


baseou-se nos órgãos mundiais de saúde e na legislação nacional, levando em
consideração dois aspectos fundamentais: Elegibilidade do paciente e Adequação
do ambiente.

Elegibilidade do Paciente

Foram selecionados para o retorno dos atendimentos os pacientes


adultos e adolescentes em período pós-operatório. Estes apresentavam maior
independência na piscina e necessitavam de mínimo de contato corporal durante
a terapia. As crianças com alto nível funcional e com bom comportamento para
seguir as orientações, também foram elegíveis para o retorno.

Os pacientes que não se encaixaram nos critérios de elegibilidade foram


atendidos em solo. Após a seleção dos pacientes, a equipe assistencial realizou
uma triagem de saúde, na qual foram feitos contatos telefônicos, em todos os dias
anteriores às terapias de cada paciente. Esta triagem contemplou questionamentos
referentes ao estado de saúde do paciente e familiares/cuidadores, através das
seguintes perguntas e orientações:

• As pessoas que moram em sua casa estão bem de saúde?


• Alguma pessoa que mora na sua casa teve algum sintoma de resfriado nas
últimas duas semanas?
• Há alguém na sua casa com diagnóstico ou suspeita de Covid-19?
• Se essas situações ocorrerem hoje ou até o dia da sua próxima terapia, por
favor, não compareça e telefone para o setor, explicando o motivo da sua falta.
• Lembre-se de separar uma máscara devidamente limpa, para que você venha
para a terapia na próxima semana, pois não é permitida a entrada na AACD
sem ela, o paciente irá realizar a terapia na piscina somente com o uso de
máscara própria.
154
TÓPICO 3 — EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

Além da triagem telefônica, ao chegar na portaria da instituição, foi


realizada a mensuração da temperatura corpórea do paciente e do acompanhante.
Caso fosse observado estado febril, o paciente e o acompanhante eram orientados
a procurar o pronto socorro mais próximo.

Adequação do ambiente

Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia o vírus não é transmissível


através da água, assim como o Center of Diseases Control and Prevention (CDC),
nos EUA, que citou não existirem evidências de que o vírus seja transmitido em
piscinas, desde que esta seja higienizada adequadamente com cloro, o vírus é
inativado. Outro estudo verificou que o hipoclorito de sódio, com concentração
mínima de 0,21%, apresenta uma eficácia de 99,8% na desinfecção. O vírus causador
da COVID-19, o SARS-CoV-2 é classificado como um vírus “envelopado”, como
os Cloxsackievirus, Poliovirus e Rotavirus, que são inativados pelo cloro.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que uma concentração


residual de cloro livre menor ou igual a 0,5ml/L na água da piscina, após pelo
menos 30 minutos em contato a um pH menor que é suficiente para inativar os
vírus “envelopados”, como o SARS-CoV-2. A operação de desinfecção adequada
deve estarem conformidade com as normas locais, incluindo testes dos parâmetros
físico-químicos da água e testes bacteriológicos.

A manutenção das piscinas da FA da AACD central é realizada a cada duas


horas e compreende as atividades de limpeza (aspiração e limpeza de bordas),
tratamento da água, visando manter os parâmetros adequados para as atividades
terapêuticas: pH: de 7±0,4, cloro entre 1 e 5 ppm e alcalinidade entre 30 e 120.

São realizadas, mensalmente, análises físico-químicas e microbiológicas


da água da piscina, por um laboratório credenciado à AACD. Em caso de qualquer
alteração, as atividades são interrompidas imediatamente até a adequação dos
parâmetros da água.

O sistema de exaustão é fundamental para a prevenção do contágio,


pois exerce a função de eliminar o excesso de umidade no ambiente da piscina,
realizando a troca do ar, pois sabe-se que o vírus se propaga pelo ar por meio de
gotículas suspensas.

Todos os materiais da piscina e cadeiras de banho, utilizados para as


transferências e para os atendimentos, são alocados em locais apropriados
para higienização com peroxido de hidrogênio acelerado (AHP) e desinfetante
hospitalar (bactericida, fungicida, virucida e tuberculicida).

155
UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES DA PISCINA TERAPÊUTICA E EQUIPAMENTOS

Outra adequação, foi o aumento do horário de terapia, de 35 minutos


para 45 minutos. Isto reduziu o número de atendimentos diários (60 por dia) e
o número de pessoas frequentando o setor de FA. Entre os atendimentos, foram
reservados 15 minutos para a higienização do ambiente, vestiário e materiais.
A jornada de trabalho dos fisioterapeutas foi reduzida para15 horas semanais
durante os meses de junho e julho de 2020.

Durante as terapias, o acompanhante ficava na sala de espera, do lado


de fora da área das piscinas. Nesta área, o número de cadeiras foi diminuído e
só foi permitida a entrada de um acompanhante por paciente. Os pertences dos
pacientes, durante a terapia, deviam ficar com os seus respectivos acompanhantes.

O artigo 16 – SP, Lei nº 13.166, de 23 de janeiro de 1979 – relata que o


número máximo de pessoas dentro de uma piscina ao mesmo tempo, não pode
exceder a uma pessoa por metro quadrado. No entanto, devido à pandemia, este
número mudou para uma pessoa para cada dois metros quadrados. A IATF,
através da nota técnica de 30 de abril de 2020, recomenda uma pessoa por metro
quadrado no ambiente da piscina.

O aumento gradual de terapeutas e pacientes, acontecerá somente após


novas diretrizes do plano da secretaria municipal de saúde. Estipulamos o
distanciamento de dois metros por dupla (paciente e terapeuta). Os atendimentos
em grupo foram interrompidos.

O uso de equipamento de proteção individual (EPI) durante o atendimen-


to, se faz necessário. Algumas discussões indicam que a utilização do protetor
face shield, associado à máscara N95, ou a máscara cirúrgica, é mais eficiente.
Durante a análise da eficácia das máscaras, foi realizada a quantificação do vírus,
capacidade de bloqueio do vírus em aerossóis, com os seguintes resultados: Más-
caras N95 (99,98%), máscara cirúrgica (97,14%), máscara caseira (1 camada de
tecido + 4 folhas de papel toalha) (95,15%). Os fisioterapeutas foram orientados a
utilizar o protetor face shield associado à máscara cirúrgica. A troca das máscaras
(paciente/fisioterapeutas) devia ser realizada em casos de umedecimento.

FONTE: Adaptado de <https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/


view/11119/8204>. Acesso em: 22 fev. 2021.

156
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• É importante que o terapeuta tenha clareza dos itens a serem avaliados e dos
desfechos clínicos desejados, com o intuito de se verificar melhoras de um
quadro clínico ou disfunção específica.

• Cada terapeuta pode elaborar seu protocolo conforme avaliação realizada e


embasado nas evidências da literatura atual.

• No Brasil, pouquíssimos convênios de saúde cobrem o tratamento de Fisioterapia


Aquática, o que restringe o seu acesso a muitos pacientes necessitados.

• O COFFITO regulamenta o título ao profissional fisioterapeuta de Especialista


Profissional em Fisioterapia Aquática.

CHAMADA

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157
AUTOATIVIDADE

1 Segundo as evidências científicas, é preciso ter cautela na utilização da


fisioterapia aquática, pois existem muitas questões que ainda precisam ser
respondidas acerca da real eficácia. Qual é a importância das evidências
científicas na prática clínica?

2 O COFFITO regulamenta o título ao profissional fisioterapeuta de


Especialista Profissional em Fisioterapia Aquática. Sobre a atribuição do
especialista, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Deve executar somente atividades clinicas em fisioterapia aquática.


b) ( ) Não precisa ter cursos de primeiros socorros, técnicas de resgate,
salvamento e suporte básico de vida em ambiente.
c) ( ) Não pode emitir laudos, pareceres, relatórios e atestados
fisioterapêuticos
d) ( ) Pode realizar consulta fisioterapêutica no ambiente externo e no
ambiente da Fisioterapia Aquática, para prescrever parâmetros de
indicação e intervenção

3 A Fisioterapia Aquática é uma especialidade fisioterapêutica, recomendada


por profissionais da saúde, porém nem todos têm acesso. Sobre os motivos
que levam à dificuldade de acesso à fisioterapia aquática, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) A Fisioterapia Aquática não é reconhecida e não tem eficiência no


tratamento de patologias comprovadas.
b) ( ) É uma modalidade rara e de alto custo, e poucos convênios de saúde
cobrem o tratamento.
c) ( ) Existem muitos serviços especializados e diversos fisioterapeutas
especialistas em fisioterapia aquática no mundo.
d) ( ) Não existem estudos nesta área sendo totalmente empírica a prática
desse profissional.

158
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR 9050: 2015. Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a
edificação, espaço mobiliário e equipamentos urbanos. Rio de janeiro: ABNT, 2015.

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