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CÓDIGO DE

DEFESA DO
CONSUMIDOR
CDC – Arts. 1º ao 3º

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CDC – Arts. 1º ao 3º

Sumário
Cristano Sobral

Código de Defesa do Consumidor – Arts. 1º ao 3º.. ................................................................... 3


Introdução......................................................................................................................................... 3
Artigo 1º.............................................................................................................................................. 5
Artigo 2º........................................................................................................................................... 10

Artigo 3º............................................................................................................................................21
Parágrafos 1º e 2º.......................................................................................................................... 25
Questões Comentadas.................................................................................................................. 33
Gabarito............................................................................................................................................ 54
Referências...................................................................................................................................... 55

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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CDC – Arts. 1º ao 3º
Cristano Sobral

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – ARTS. 1º AO 3º


Introdução
A defesa do consumidor passou por vários marcos importantes até culminar na sua inclu-
são na Constituição de 1988 e posteriormente a edição do Código de Defesa do Consumidor.
Além dos atos que normatizaram a matéria, várias mudanças sociais, políticas e econô-
micas surgiram e aumentaram a importância deste assunto.
Segundo o livro o Manual de Defesa do Consumidor, distribuído pelo Departamento de
Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça:

O processo inflacionário e a consequente elevação do custo de vida desencadearam importantes


mobilizações sociais. Assim, na década de 1970, surgem os primeiros órgãos de defesa do consu-
midor. Em 1976, foram fundadas a Associação de Proteção ao Consumidor de Porto Alegre (APC),
a Associação de Defesa e Orientação do Consumidor de Curitiba (ADOC) e o Grupo Executivo de
Proteção ao Consumidor, atual Fundação Procon São Paulo.
A década de 1980, conhecida pela recessão econômica e pela redemocratização do País, foi tam-
bém marcada pelo crescimento do movimento consumerista, o qual almejava incluir o tema da
defesa do consumidor nas discussões da Assembleia Nacional Constituinte.
Resultado do engajamento de vários setores da sociedade, por meio do Decreto n. 91.469, de 24
de julho de 1985, foi criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, do qual fizeram parte
associações de consumidores, Procons, a Ordem dos Advogados do Brasil, a Confederação da
Indústria, Comércio e Agricultura, o Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária, o Ministério
Público e representações do Ministério da Justiça, Ministério da Agricultura, Ministério da Saúde,
Ministério da Indústria e do Comércio e Ministério da Fazenda, com o escopo de assessorar o Pre-
sidente da República na elaboração de políticas de defesa do consumidor.
O Conselho Nacional de Defesa do Consumidor teve destacada atuação na elaboração de pro-
postas na Assembleia Constituinte e, principalmente, por ter difundido a importância da defesa do
consumidor no Brasil, participando, inclusive, da elaboração do Código de Defesa do Consumidor.
No mesmo período, a Organização das Nações Unidas, por meio da Resolução n. 39.248 de 1985,
estabeleceu as Diretrizes das Nações Unidas para a Proteção do Consumidor, ressaltando a impor-
tância da participação dos governos na implantação de políticas de defesa do consumidor.1

O Código de Defesa do Consumidor foi criado seguindo as tendências de conscientização


e respeito ao consumidor, inovando na proteção e cuidado com o mesmo. Por isso a termi-
nologia “Defesa do Consumidor” empregada a Lei n. 8.078/1990 é perfeita, pois não se trata
de um código para gerir o consumo, mas um para realmente defender o usuário da relação.
Este código representou uma enorme conquista civilizatória para o Brasil. E apesar do
tempo, mais de 30 anos de existência, ainda é atual, consegue abarcar e aproximar bem as

1
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de; SILVA, Juliana Pereira da (coord.). Manual de Direito do Consumi-
dor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

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mudanças sociais e sanar problemas de milhões de pessoas no cotidiano. É, sem sombra de


dúvidas, uma das leis mais bem elaboradas do país.
Fundamentado no art. 5º, inciso XXXII da CF que estabelece que o Estado promoverá na
forma da lei, a defesa do consumidor. Resta inequívoco que não foi dada uma mera faculdade,
mas, sim, um dever ao Estado para proteger o elo mais frágil na relação de consumo.
No art. 170, inciso V da Carta Magna, a defesa do consumidor é considerada princípio ge-
ral da atividade econômica, essencial para que haja justiça social:

A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios: […]
V – defesa do consumidor

Além dessas duas menções, também encontramos na CF, em seus artigos 24, VIII e 150, §
5º, disposições acerca da defesa do consumidor.
E ainda, no Ato de Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, seu artigo 48 versava
que “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição,
elaborará Código de Defesa do Consumidor”.
Destacando desta forma a relevância que o poder constituinte deu para o assunto e ur-
gência em criar medidas para salvaguardar os consumidores.
A ordem trazida para a promulgação de um código específico de proteção dos consumi-
dores foi cumprida com a colaboração de vários juristas de alto preparo, e resultou no ante-
projeto do Código de Defesa do Consumidor (CDC) com 119 artigos, aprovado pelo Congresso
Nacional, cuja vigência se deu em 11 de março de 1991.
A Lei n. 8.078/1990 ostenta regras e princípios que a tornaram uma das leis mais avança-
das de defesa dos consumidores em todo o mundo.
Ela foi organizada na forma de um Código (conjunto estruturado de leis) e está dividida
fundamentalmente em uma parte geral com as disposições de regras e princípios gerais (do
art. 1º ao 7º) e regras específicas sobre os mais variados instrumentos e institutos de prote-
ção ao consumidor, harmonizando a disciplina de assuntos relativos ao Direito Civil, ao Direito
Penal, ao Direito Administrativo, ao Direito Processual Civil e Processual Penal.
Em razão disto podemos dizer que o CDC se trata de um microssistema jurídico multidis-
ciplinar, ou simplesmente, microssistema legislativo.
Mas o que é um “microssistema legislativo”? Por muitos e muitos séculos, a disciplina
jurídica foi monotemática, ou seja, havia um código para cada tema, um para o direito civil,
outro para o direito penal, outro para o direito processual civil, outro para o direito processual
penal e assim por diante.
Não havia, e os legisladores acreditavam que não deveria haver matérias de ramos jurídi-
cos distintos em um código somente. Embora esses diplomas legais específicos continuem a
existir, eles não mais se limitam a uma divisão temática restrita.

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Ademais, diversas leis são criadas incluindo várias disciplinas jurídicas. Estas são cha-
madas de microssistemas legislativos. E cada vez, esta técnica está sendo utilizada pelos
juristas contemporâneos.
Além do Código de Defesa do Consumidor, existem vários outros: o Estatuto da Criança e do
Adolescente, o Estatuto do Idoso, a Lei das Locações, e outros. Estes microssistemas trazem
normas de variados ramos do direito, não se importando com a divisão e sim, com a efetividade.
Mas, atenção, por ser um microssistema, isto não significa que está isolado e se mantém
sem interferência dos outros sistemas. O ordenamento jurídico brasileiro deve ser integral-
mente considerado, o CDC é subordinado a CF, não podendo contrariá-la e deve estar em
harmonia com o direito brasileiro por completo.
Todavia, é evidente que o Código preza pela defesa do consumidor, portanto, suas dispo-
sições são destinadas a maior proteção deste vulnerável. Para maior adequação e articula-
ção entre o CDC e os demais ramos, seus artigos por meio de tutelas específicas, como nos
ramos: civil (arts. 8º a 54), administrativo (arts. 55 a 60 e, ainda, 105 e 106), penal (arts. 61 a
80) e jurisdicional (arts. 81 a 104), auxiliam nesta uniformidade e integração.
Após essa abordagem prévia sobre o surgimento e sintonização de como foi esquemati-
zado o CDC, começaremos a analisar seu texto.

Artigo 1º
Como já falamos na introdução, o CDC tem sua fundamentação na Constituição de 1988,
e em seu art. 1º vemos justamente isso:

Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem públi-
ca e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e
art. 48 de suas Disposições Transitórias.

Convém destacar que o código estabelece normas de “ordem pública e interesse social”,
e que isto significa? A expressão revela que estamos diante de normas cogentes, ou seja, que
não toleram renúncia, de observância obrigatória. Tornando, assim, inválidos contratos ou
acordos que afastem sua incidência.
Nesse sentido, o STJ se pronunciou:

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NORMA DE ORDEM PÚBLICA. DERROGAÇÃO DA LIBERDA-


DE CONTRATUAL. O caráter de norma pública atribuído ao Código de Defesa do Consumidor derro-
ga a liberdade contratual para ajustá-la aos parâmetros da lei […] (STJ, REsp. 292942/MG, Rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 07/05/2001)

É tão essencial a apreciação do CDC que o juiz está autorizado a conhecer de ofício suas
normas, sem que seja necessária a provocação das partes. Este é o posicionamento pacífico
da doutrina consumerista.

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Assim ocorre com o consumidor, assim ocorre com o trabalhador. A lei os tem como hipossufi-
cientes, como a parte mais fraca da relação, a parte que depende da proteção legal. E tal proteção
legal de pouco ou nada valeria se tais normas pudessem ser objeto de renúncia. Bastaria que a
parte economicamente mais forte, por meio de contratos de adesão (CDC, art. 54, adiante estuda-
do), dispusesse unilateralmente prevendo condições que lhe são favoráveis, esvaziando assim as
generosas normas do CDC.2

No entanto, a jurisprudência que também vinha seguindo essa orientação; depois de de-
cisão do STJ, no REsp. 541.153/RS:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. DESCA-


RACTERIZAÇÃO. EXAME DE OFÍCIO. JUROS REMUNERATÓRIOS. CAPITALIZAÇÃO MENSAL. – Des-
caracterização do contrato. Incidência do verbete n. 293 da Súmula/STJ. Exame de ofício de cláu-
sulas contratuais pelo Tribunal de origem. Impossibilidade, por ofensa ao art. 515 do CPC. Princípio
“tantum devolutum quantum appellatum.” Precedentes. – Não estando as instituições financeiras
sujeitas à limitação da Lei de Usura, a abusividade da pactuação dos juros remuneratórios deve
ser cabalmente demonstrada em cada caso, com a comprovação do desequilíbrio contratual ou
de lucros excessivos, sendo insuficiente o só fato de a estipulação ultrapassar 12% ao ano ou de
haver estabilidade inflacionária no período (REsp’s ns. 271.214/RS, 407.097/RS e 420.111/RS). –
Capitalização mensal. Inadmissibilidade na hipótese. – Recurso parcialmente conhecido e, nessa
extensão, provido.
(STJ – REsp: 541153 RS 2003/0073220-8, Relator: Ministro CESAR ASFOR ROCHA, Data de Julga-
mento: 08/06/2005, S2 – SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: --> DJ 14/09/2005 p. 189RSTJ
vol. 197 p. 245)
(Grifos nossos)

O STJ, por meio da Segunda Seção, pacificou o entendimento no sentido da impossibili-


dade de rever, de ofício, cláusulas consideradas abusivas, com o apoio do CDC. Consequen-
temente, a jurisprudência segue consolidada neste sentido:

CONTRATO BANCÁRIO. JUROS REMUNERATÓRIOS. NÃO LIMITAÇÃO. SÚMULA 596/STF. COMIS-


SÃO DE PERMANÊNCIA. POSSIBILIDADE. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. SÚMULA 5. DISPOSIÇÃO DE
OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS CAPAZES DE IN-
FIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.
– Os juros remuneratórios não sofrem as limitações da Lei da Usura. – A simples interpretação de
cláusula contratual e o reexame de prova não enseja recurso especial.
– É permitida a cobrança da comissão de permanência, não calculada pela taxa média de mercado
apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do contrato, não cumulada com juros remu-
neratórios, correção monetária, juros moratórios e multa contratual. – A Segunda Seção desta Cor-
te firmou entendimento no sentido da impossibilidade de rever, de ofício, cláusulas consideradas
2
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de Direito do Consumidor: à luz da jurisprudência do STJ. Salvador, BA: Edições
Juspodivm, 2014.

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abusivas, em homenagem ao princípio do tantum devolutum quantum appelatum. – Não merece
provimento recurso carente de argumentos capazes de desconstituir a decisão agravada.
(STJ – AgRg no REsp: 949082 RS 2007/0105041-5, Relator: Ministro HUMBERTO GOMES DE BAR-
ROS, Data de Julgamento: 04/09/2007, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 24.09.2007
p. 308)
Agravo regimental no Recurso Especial. Afastamento de ofício de cláusulas abusivas. Impossibili-
dade. Cobrança do coeficiente de equiparação salarial. Possibilidade desde que pactuado. Agravo
regimental a que se nega provimento.
1. Encontra-se consolidado no Superior Tribunal de Justiça o entendimento acerca da impossibi-
lidade de revisão de ofício de cláusulas consideradas abusivas em contratos que regulem relação
de consumo.
2. Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, a cobrança do Coeficiente de Equiparação
Salarial – CES é legal, mesmo antes do advento da Lei n. 8.692/1993, desde que previsto contra-
tualmente.
3. Agravo regimental a que se nega provimento (AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 957.158/RS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 21-8-2012, DJe de 29-8-2012)”.
(Grifos nossos)

Este posicionamento fica ainda mais notório diante do enunciado da Súmula n. 381 do
STJ, que dispõe: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abu-
sividade das cláusulas”.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL – AÇÃO DECLARATÓRIA C/C PEDIDO CON-
DENATÓRIO – DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. IRRESIGNAÇÃO
DA PARTE AUTORA.
1. Eventual vício na decisão monocrática que julga o recurso com base no art. 932 do NCPC é su-
perado pelo exame colegiado da pretensão.
2. Não se verifica violação aos arts. 128 e 460 do CPC/73, quando o Tribunal local pronuncia-se de
forma fundamentada, clara e coerente sobre as questões postas para análise, ainda que contraria-
mente aos interesses da parte recorrente. Precedentes.
3. Sem pedido expresso da parte autora, configura julgamento extra petita a declaração de nulidade
de cláusulas de contrato bancário.
4. Agravo interno desprovido.
(STJ – AgInt no AREsp: 442974 PR 2013/0396311-0, Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data de Jul-
gamento: 01/06/2020, T4 – QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/06/2020)

Segue trecho do acórdão do julgado acima: “[…] a tese firmada na Súmula 381/STJ, ve-
dando-se a declaração de nulidade de cláusulas de mútuo bancário sem pedido das partes,
está consolidada na Segunda Seção desta Corte Superior […]”.
Este posicionamento do STJ encontra muitas críticas na doutrina, que considera um con-
trassenso jurídico e viola a lei consumerista.

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Entendemos que houve um retrocesso no posicionamento do STJ. Conforme exposto, as normas
do CDC são de ordem pública e o art. 51 é expresso ao declarar que são “nulas de pleno direito”
as cláusulas abusivas nas relações de consumo. O consumidor é vulnerável na relação com o
fornecedor e por isso é necessário permitir que o magistrado intervenha na relação, de ofício, para
manter o equilíbrio contratual.3

Leonardo Garcia ainda justifica seu ponto de vista baseando-se nas críticas feitas pela
Ministra Nancy Andrighi na Palestra proferida no III Ciclo de Palestras sobre Jurisprudência
do STJ no Âmbito do Direito Público e Privado, realizado no Auditório Antônio Carlos Amorim
– Palácio da Justiça – Rio de Janeiro, 02/12/2005, que disse:

Vedar o conhecimento de ofício, pelas instâncias originárias (juízes e tribunais) de nulidades que
são reputadas pelo CDC como absolutas, notadamente quando se trata de matéria pacificada na
jurisprudência pelo STJ, órgão uniformizador da jurisprudência, é privilegiar demasiadamente os
aspectos formais do processo em detrimento do direito material”.

Mesmo com tanta discordância, o que ainda prospera nos tribunais é o ordenamento do
STJ, que até o atual momento não alterou seu pensamento.
Como já destacado, as normas do CDC também são de interesse social, isto é, as normas
de proteção aos consumidores são extremamente primordiais para a sociedade como um
todo, não interessando somente aos consumidores e fornecedores envolvidos.
Cláudia Lima Marques afirma que as leis consumeristas são “leis de função social”, pois
além de assegurar uma série de novos direitos aos consumidores, possuem a função de
transformar a sociedade de modo a se comportar de maneira equilibrada e harmônica nas
relações jurídicas.
Aparentemente, a situação particular entre consumidor e fornecedor não interessa à so-
ciedade. No entanto, quando o fornecedor comete abusos e não é apenado pela prática abu-
siva, isto repercute para que outros hajam da mesma maneira e mais consumidores sofram
com os mesmos abusos.
Destarte, o art. 1º da legislação consumerista descreve que norma de interesse social é
aquela que visa à proteção de interesses individuais relativos à dignidade da pessoa humana
e interesses metaindividuais, ou seja, da coletividade. O STJ proferiu:

Direito do consumidor. Administrativo. Normas de proteção e defesa do consumidor. Ordem pública


e interesse social. Princípio da vulnerabilidade do consumidor. Princípio da transparência. Prin-
cípio da boa-fé objetiva. Princípio da confiança. Obrigação de segurança. Direito à informação.
Dever positivo do fornecedor de informar, adequada e claramente, sobre riscos de produtos e ser-
viços. Distinção entre informação-conteúdo e informação-advertência. Rotulagem. Proteção de
consumidores hipervulneráveis. Campo de aplicação da lei do glúten (Lei n. 8.543/1992 ab-rogada

3
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor comentado: artigo por artigo. 15. ed. Rio de Janeiro: Edi-
tora Juspodivm, 2020.

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pela Lei n. 10.674/2003) e eventual antinomia com o art. 31 do Código de Defesa do Consumidor.
Mandado de segurança preventivo. Justo receio da impetrante de ofensa à sua livre-iniciativa e à
comercialização de seus produtos. Sanções administrativas por deixar de advertir sobre os riscos
do glúten aos doentes celíacos. Inexistência de direito líquido e certo. Denegação da segurança.
(REsp 586.316/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 17-4-2007, DJe de
19-3-2009)

Os direitos fundamentais entranham-se nas relações privadas, provocando a necessida-


de de que os princípios constitucionais sejam observados nas relações interpartes (“eficácia
horizontal dos direitos fundamentais”). Ou seja, o princípio constitucional fundamental da
dignidade da pessoa humana, por exemplo, é incompatível com disposições contratuais de-
siguais, que não observam a boa-fé objetiva, a transparência e o equilíbrio nas relações con-
tratuais, tornando tais disposições ilegais sob a ótica do CDC.
A respeito da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, a decisão do STF versa:

EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS.


As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cida-
dão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito
privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não
apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face
dos poderes privados.
(STF, RE 201819/RJ, Rela. Mina. Ellen Gracie, Rel. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 11/10/2005)

Tal eficácia não exclui a “eficácia vertical dos direitos fundamentais”, em que determina o
respeito aos direitos fundamentais nas relações entre indivíduo e Estado.
Nelson Nery considera que ser de interesse social denota a possibilidade de o Ministério
Público poder atuar em toda e qualquer lide coletiva de consumo, inclusive as que se referem
aos direitos individuais homogêneos.
Há de se dizer que, como princípio fundamental que passou a ser, a garantia constitu-
cional de proteção e defesa do consumidor é considerada cláusula pétrea, por conseguinte,
impossível de ser suprimida ou restringida pelo legislador. José Ernesto Furtado de Oliveira
ensina que:

O Código de Defesa do Consumidor, por ser legislação complementar à Constituição, criou direitos
que já definitivamente pertencem ao patrimônio de todo consumidor, de modo que nenhuma lei que
venha a alterar in pejus tal situação jurídica ou restringir esses direitos consagrados será recepcio-
nada pelo ordenamento jurídico, e muito menos com ele viverá.4

Nesse sentido, não se pode aceitar a involução na proteção ao consumidor, de modo que
nova norma que venha a suprimir direitos ou garantias do consumidor deve ser declarada in-
4
OLIVEIRA, José Ernesto Furtado de. Reformatio in pejus do Código de Defesa do Consumidor: impossibilidade em face das
garantias constitucionais de proteção. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 42, 2002.

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constitucional, precisamente por violação ao art. 5º, XXXII da CF, aplicando-se o princípio do
não retrocesso na defesa do consumidor.

Impossibilidade de retroatividade de norma de ordem pública. Retroatividade mínima. “Em nosso


sistema jurídico, a regra de que a lei nova não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada, por estar inserida no texto da Carta Magna (art. 5º, XXXVI), tem caráter constitu-
cional, impedindo, portanto, que a legislação infraconstitucional, ainda quando de ordem pública,
retroaja para alcançar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada, ou que o Juiz
a aplique retroativamente. E a retroação ocorre ainda quando se pretende aplicar de imediato a lei
nova para alcançar os efeitos futuros de fatos passados que se consubstanciem em qualquer das
referidas limitações, pois ainda nesse caso há retroatividade – a retroatividade mínima –, uma vez
que se a causa do efeito é o direito adquirido, a coisa julgada, ou o ato jurídico perfeito, modifican-
do-se seus efeitos por força da lei nova, altera-se essa causa que constitucionalmente é infensa a
tal alteração”
(STF, RE 188.366/SP, Rel. Min. Moreira Alves, j. 19/10/1999, Primeira Turma, DJU, 19/11/1999)”.

Resumindo:

Artigo 1º
Estabelece normas de proteção e defesa do
consumidor, de ordem pública e interesse social.
Ordem pública: normas cogentes, de observância
obrigatória, que não aceitam renúncia.
Interesse social: importantes para toda a sociedade,
não só para os particulares das relações.

Entendendo a dimensão do art. 1º, passaremos a analisar os artigos seguintes do CDC.

Artigo 2º
Antes de adentrar ao texto do art. 2º, cabe fazer seguinte consideração: a relação de con-
sumo fica especificada com a presença de elementos subjetivos e objetivos. Os elementos
subjetivos dividem-se em duas partes: consumidor e fornecedor. Já os objetivos, referem-se
à prestação em si, isto é, o produto e o serviço.

Relação de Consumo

Elementos SUBJETIVOS Elementos OBJETIVOS


Consumidor e + Produto e
Fornecedor Serviço

Dito isto, iniciamos a falar dos sujeitos:


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Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo”.

Há três componentes no conceito de consumidor segundo a redação do CDC. O primeiro


deles é o subjetivo (pessoa física ou jurídica), o segundo é o objetivo (aquisição ou utilização
de produtos ou serviços) e o terceiro e último é o teleológico (a finalidade pretendida com a
aquisição de produto ou serviço) caracterizado pela expressão destinatário final.5

CONSUMIDOR

Aquisição ou utilização Destinatário final =


Pessoa física
de produtos ou finalidade pretendida com a
ou jurídica + serviços
+ aquisição do serviço ou produto
Subjetivo
Objetivo Teleológico

Importante ressaltar que o consumidor não é somente aquele que adquire, mas também
aquele que utiliza o produto ou serviço como destinatário final, ou seja, aqueles que ganha-
ram de presente, por exemplo, se enquadram como consumidor e pode exigir seus direi-
tos como tal.
A definição estampada no caput do supracitado artigo é denominada pela doutrina de
“consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraste aos consumidores equiparados fixa-
dos no parágrafo único do art. 2º e nos arts. 17 e 29.
Conforme o caput do art. 2º do CDC, a única característica restritiva para se alcançar o
conceito de consumidor seria a aquisição ou utilização do bem como destinatário final. Con-
tudo, como o texto legal não especifica o que é destinatário final, a da doutrina se encarregou
de explicar.
Duas correntes se formaram a respeito do tema na doutrina consumerista: finalistas e
maximalistas.
Os maximalistas interpretam essa expressão assentindo que o simples ato de retirar o
produto ou serviço do mercado (destinatário fático) já qualifica uma proteção da lei de consu-
mo, pouco importando o rumo que será dado ao mesmo. A corrente maximalista (ou objetiva)
se baseia no conceito jurídico de consumidor, abarcando maior número de relações, aceitan-
do que as normas do CDC regulem a sociedade de consumo como um todo.
Para os maximalistas, a definição de consumidor é puramente objetiva, não interessando
a finalidade da aquisição ou do uso do produto ou serviço, suportando até objetivar o lucro.

5
NERY JÚNIOR, Nelson. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 6. ed. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2000.

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CDC – Arts. 1º ao 3º
Cristano Sobral

Em contrapartida, os finalistas não entendem adequada a aplicação da lei de consumo


quando a aquisição de produtos ou serviços for feita por pessoa física ou jurídica que os uti-
lizam para dar-lhes novas finalidades econômicas.
A doutrina finalista (ou subjetiva) parte do conceito econômico de consumidor, interpre-
tando “destinatário final” de modo mais restrito, justificando que somente quando for usuário,
parte mais vulnerável na relação contratual, merece a tutela especial. Em síntese, consumi-
dor seria o não profissional, aquele que adquire ou utiliza um produto para uso próprio ou de
sua família.

FINALISTA MAXIMALISTA

Conceito Destinatário Conceito


Conceito Conceito Destinatário
econômico de final e jurídico de
subjetivo objetivo fático
consumidor econômico consumidor

Acerca das doutrinas maximalista e finalista, seguem, respectivamente os acórdãos:

Processo civil. Conflito de competência. Contrato. Foro de eleição. Relação de consumo. Contrata-
ção de serviço de crédito por sociedade empresária. Destinação final caracterizada.
Aquele que exerce empresa assume a condição de consumidor dos bens e serviços que adquire
ou utiliza como destinatário final, isto é, quando o bem ou serviço, ainda que venha a compor o
estabelecimento empresarial, não integre diretamente – por meio de transformação, montagem,
beneficiamento ou revenda – o produto ou serviço que venha a ser ofertado a terceiros.
O empresário ou sociedade empresária que tenha por atividade precípua a distribuição, no atacado
ou no varejo, de medicamentos, deve ser considerado destinatário final do serviço de pagamento
por meio de cartão de crédito, porquanto esta atividade não integra, diretamente, o produto objeto
de sua empresa.
(CC 41.056/SP, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, rel. p/ acórdão Ministra Nancy Andrighi, Se-
gunda Seção, julgado em 23-06-2004, DJ 20-09-2004, p. 181)
Conflito positivo de competência. Medida cautelar de arresto de grãos de soja proposta no foro
de eleição contratual. Expedição de carta precatória. Conflito suscitado pelo juízo deprecado, ao
entendimento de que tal cláusula seria nula, porquanto existente relação de consumo. Contrato
firmado entre empresa de insumos e grande produtor rural. Ausência de prejuízos à defesa pela
manutenção do foro de eleição. Não configuração de relação de consumo.
A jurisprudência atual do STJ reconhece a existência de relação de consumo apenas quando ocor-
re destinação final do produto ou serviço, e não na hipótese em que estes são alocados na prática
de outra atividade produtiva.
A jurisprudência do STJ entende, ainda, que deve prevalecer o foro de eleição quando verificado o
expressivo porte financeiro ou econômico da pessoa tida por consumidora ou do contrato celebra-
do entre as partes. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito
da 33ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo – SP, suscitado, devendo o juízo suscitante cumprir

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CDC – Arts. 1º ao 3º
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a carta precatória por aquele expedida. (CC 64.524/MT, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Se-
ção, julgado em 27-09-2006, DJ 09-10-2006, p. 256)
(Grifos nossos)

A jurisprudência do STJ tem utilizado uma saída interessante, ou uma linha segura de in-
terpretação, para determinar ou não pela aplicação do CDC às empresas ou aos profissionais
que dedicam os produtos e serviços para fomento de suas atividades: examinar, em cada
caso específico, se há realmente a situação de vulnerabilidade, em outras palavras, se ao con-
tratar estão em situação clara de fragilidade frente aos fornecedores que possuem maiores
conhecimentos específicos do produto.
Desta forma, o STJ entendeu que um pequeno agricultor que compra sementes de uma
multinacional de alimentos e um dentista que almeja uma máquina de moderna radiografia
para seu consultório, devem ser protegidos pelo CDC, principalmente, em razão da grande
vulnerabilidade entre as partes.

Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC (Nota Técnica n. 298 – CGAJ/


DPDC/2006, de 1º de setembro de 2006): como se percebe, no entendimento do STJ, pessoa jurí-
dica somente poderá ser classificada como consumidora se provar a sua vulnerabilidade in con-
creto. Essa interpretação do Tribunal foi denominada por Cláudia Lima Marques de ‘interpretação
finalista aprofundada’, por concentrar-se nos conceitos de consumidor final imediato e de vulnera-
bilidade. Essa concepção, além de ser condizente com o art. 2º do CDC, propicia adequada prote-
ção ao consumidor, tendo em vista que, ao mesmo tempo em que limita o campo de aplicação do
CDC àqueles que realmente necessitam de proteção, também logra proteger pessoas jurídicas que
comprovem a sua vulnerabilidade no caso concreto.6

Em consonância com a “Teoria Finalista Aprofundada”, segue o teor do julgado:

Direito do consumidor. Consumo intermediário. Vulnerabilidade. Finalismo aprofundado. Não ostenta a qua-
lidade de consumidor a pessoa física ou jurídica que não é destinatária fática ou econômica do bem ou
serviço, salvo se caracterizada a sua vulnerabilidade frente ao fornecedor. A determinação da qualidade
de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese
restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econô-
mico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da proteção
do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as ca-
deias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem
ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pelo CDC, aquele
que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado
de consumo. Todavia, a jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por
equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria
finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando “finalismo

6
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de; SILVA, Juliana Pereira da (coord.). Manual de Direito do Consumi-
dor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

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aprofundado”. Assim, tem se admitido que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adqui-
rente de um produto ou serviço possa ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar
frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional
das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda
a proteção conferida ao consumidor. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três mo-
dalidades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou
serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de
seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física
ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor).
Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes
sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). Além disso,
a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC
à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade
já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes
frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação
do CDC, mitigando os rigores da teoria finalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica
compradora à condição de consumidora
(Precedentes citados: REsp 1.196.951/PI, DJe de 9-4-2012, e REsp 1.027.165/ES, DJe de 14-6-
2011. REsp 1.195.642/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13-11-2012).
(Grifos nossos)

Como destacado na ementa acima, a doutrina aponta três espécies de vulnerabilidade.


Segundo Cláudia Lima Marques, para a exata descrição de consumidor e delimitação de
abrangência de aplicação do CDC nas relações contratuais, é preciso fazer uma interpretação
teleológica da regra do art. 2º com o sistema tutelar consumerista, buscando a ratio principal
da norma, ou seja, a intenção, razão essencial que o legislador quis atribuir a norma.
Desta maneira, a autora expõe que destinatário final seria somente aquele que, segundo o
art. 4º, fosse discernido como “vulnerável” numa relação contratual, visto que somente estes
merecem receber a tutela especial do CDC. Havendo três tipos de vulnerabilidades são iden-
tificáveis: a técnica, a jurídica (ou científica) e a fática (ou socioeconômica).
Sumamente, a vulnerabilidade técnica é aquela na qual o comprador não possui conheci-
mentos específicos sobre o produto ou o serviço, podendo facilmente ser enganado no mo-
mento da contratação.
A vulnerabilidade jurídica seria a própria falta de conhecimentos jurídicos, ou de ou-
tros pertinentes à relação, como conhecimentos técnicos de contabilidade, matemática e
economia etc.
Por fim, a vulnerabilidade fática é a vulnerabilidade real ante ao parceiro contratual, seja
proveniente de grande poder econômico, seja por este ter o monopólio, ou em virtude da es-
sencialidade do serviço que presta, decretando uma posição de superioridade na relação.

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Cláudia Lima Marques ainda aponta outro tipo de vulnerabilidade: a informacional. Tam-
bém citada na ementa como uma nova modalidade apresentada pela doutrina. Embora possa
ser reconhecida como tipo de vulnerabilidade técnica, a autora dá destaque à imprescindibi-
lidade da informação na sociedade atual.
Para ela, as informações estão crescentemente mais valorizadas e cruciais e, em compen-
sação, a carência informacional dos consumidores está cada vez maior. Dessarte, de modo
a compensar este desequilíbrio, deve o fornecedor viabilizar o máximo de informações ao
consumidor sobre a relação contratual, seja acompanhando o produto nas embalagens, seja
sendo prestada de forma clara e precisa diretamente entre fornecedor e cliente.
Resguardando tal necessidade, foi editado o Decreto n. 4.680, de 24/04/2003, substituin-
do o Decreto n. 3.871/2001, regulamentando o direito à informação “quanto aos alimentos
e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou
sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do cum-
primento das demais normas aplicáveis.” Nesse sentido, a Lei n. 12.849, de 2 de agosto de
2013, versa sobre a obrigatoriedade das fábricas de produtos que contenham látex natural
estampem em suas embalagens advertência sobre a presença dessa substância.7
O STJ já tem reconhecido esta necessidade em alguns casos:

CARTÃO DE CRÉDITO.
Contrato. Revisão. Dever de informação da Administradora. Código de Defesa do Consumidor. É
possível a revisão de contrato de cartão de crédito, cabendo à Administradora informar o juízo
sobre os valores, sua origem, taxas de juros, comissões, despesas, e o mais que interessa para que
se tenha a noção exata dos critérios segundo os quais está sendo executado o contrato de adesão.
Recurso conhecido e provido, a fim de cassar a sentença e reabrir a instrução, determinando-se à
Administradora que informe o juízo sobre os elementos de que dispõe acerca do contrato objeto
da demanda.
(STJ, REsp. 438700/RJ, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 26/05/2003)
(Grifos nossos)

Portanto, a apreciação da vulnerabilidade seria o marco central para que sejam aplicadas
as regras especiais do CDC, que objetivam, sobretudo, fortalecer a parte que se encontra em
inferioridade, restaurando o equilíbrio contratual. Assim, o destinatário final somente pode ser
aquele que está vulnerável, fato que somente pode ser averiguado no caso concreto pelo juiz,
não se limitando apenas a preencher os requisitos de destinatário final econômico do produto
ou serviço para ser alcançado pela tutela especial do Código.

Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC (Nota técnica n. 298 – CGAJ/


DPDC/2006, de 1º de setembro de 2006): Desse modo, a partir de uma interpretação que restringe

7
Código de defesa do consumidor comentado: artigo por artigo; Leonardo de Medeiros Garcia. 15ª ed. Rio de Janeiro: Edi-
tora Juspodivm, 2020.

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a aplicação do CDC ao grupo mais vulnerável da relação de consumo, é possível aumentar o grau
de proteção dessas pessoas que adquirem produtos para o seu uso próprio e de sua família. Tan-
to na esfera administrava, quanto na esfera judicial, não é recomendável, diante da limitação de
recursos públicos, ampliar indefinidamente o âmbito de aplicação do Código. Importa ressaltar,
no entanto, que o posicionamento a favor da interpretação finalista ou maximalista depende da
política de atendimento de cada órgão administrativo de proteção e defesa do consumidor, ficando
a seu critério definir, com base nas normas do CDC, se haverá a caracterização de pessoa jurídica
como consumidora e em que hipóteses isso irá ocorrer.8

Vulnerabilidade não é a mesma coisa que hipossuficiência. A vulnerabilidade nada mais é do


que a condição de inferioridade e está vinculada ao direito material, enquanto a hipossufici-
ência é a vulnerabilidade amplificada e está ligada ao direito processual.

Um assunto que merece destaque é com relação ao proprietário de imóvel que contrata
uma imobiliária para gerenciar seu bem, porque o proprietário do imóvel é destinatário final
fático e também econômico do serviço prestado, podendo gerar dúvidas sobre a aplicação do
CDC. No entanto, a jurisprudência afirma que ela é possível neste caso:

É possível a aplicação do CDC à relação entre proprietário de imóvel e a imobiliária contratada por
ele para administrar o bem. Isso porque o proprietário do imóvel é, de fato, destinatário final fático
e também econômico do serviço prestado. Revela-se, ainda, a presunção da sua vulnerabilidade,
seja porque o contrato firmado é de adesão, seja porque é uma atividade complexa e especiali-
zada ou, ainda, porque os mercados se comportam de forma diferenciada e específica em cada
lugar e período. No cenário caracterizado pela presença da administradora na atividade de locação
imobiliária sobressaem pelo menos duas relações jurídicas distintas: a de prestação de serviços,
estabelecida entre o proprietário de um ou mais imóveis e a administradora; e a de locação pro-
priamente dita, em que a imobiliária atua como intermediária de um contrato de locação. Nas duas
situações, evidencia-se a destinação final econômica do serviço prestado ao contratante, devendo
a relação jurídica estabelecida ser regida pelas disposições do diploma consumerista.
(REsp 509.304/PR, Rel. Min. Villas Bôas Cueva, julgado em 16-5-2013, ver Informativo n. 523)
Processual civil. Agravo interno no recurso especial. Ação de rescisão contratual cumulada com
indenização por danos materiais e compensação por danos morais. Promessa de compra e venda.
Empreendimento hoteleiro. Atraso na entrega das unidades. Código de defesa do consumidor. Apli-
cabilidade. Investidor. Teoria finalista mitigada. Vulnerabilidade. Aferição. Necessidade.
1. Ação de rescisão contratual cumulada com indenização por danos materiais e compensação por
danos morais em razão de atraso na entrega de unidades de empreendimento hoteleiro objeto de
promessa de compra e venda.
2. O adquirente de unidade imobiliária, mesmo não sendo o destinatário final do bem, poderá en-
contrar abrigo na legislação consumerista com base na teoria finalista mitigada se tiver agido de

8
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de; SILVA, Juliana Pereira da (coord.). Manual de Direito do Consumi-
dor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

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boa-fé e não detiver conhecimentos de mercado imobiliário nem expertise em incorporação, cons-
trução e venda de imóveis, sendo evidente sua vulnerabilidade. Precedentes.
3. Agravo interno no recurso especial não provido.
(AgInt no REsp 1865765/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 21-09-2020,
DJe 24/09/2020)
(Grifos nossos)

Importante! O STJ confirmou e consolidou o entendimento de que a cooperativa que promove


um empreendimento habitacional assume posição jurídica equiparada a uma incorporadora
imobiliária e os seus cooperados se equiparam a consumidores, ficando sujeita ao CDC. Sú-
mula n. 602: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacio-
nais promovidos pelas sociedades cooperativas”.

Parágrafo único

Além do consumidor standard, a lei apresenta em três artigos o chamado consumidor


equiparado ou por equiparação, definidos “a coletividade de pessoas, ainda que indeterminá-
veis, que haja intervindo nas relações de consumo” (parágrafo único do art. 2º); “as vítimas
do evento” de que cuida o art. 17; além de “todas as pessoas, determináveis ou não, expostas
às práticas abusivas” (art. 29).
Antes de aprofundarmos nestes conceitos, é importante entender o que são direitos co-
letivos e porque os consumidores são também considerados uma coletividade, ainda que
“pessoas indetermináveis”.
Um meio ambiente saudável e equilibrado não é direito apenas de um cidadão, assim,
uma evolução das legislações modernas, como o CDC, foi assumir que há direitos que não
assistem amparam a um indivíduo determinado, mas alcançam a uma coletividade definida
ou indefinida de pessoas.
Existem bens que se destruídos afetarão toda sociedade, não sendo possível identificar
quem será mais prejudicado que outro. A preservação deste interesse é direito de um núme-
ro indefinido de pessoas. O direito do consumidor é um direito coletivo porque um comércio
harmônico e regulado no respeito à vulnerabilidade interessa a todos. Assim como, a preser-
vação da saúde, vida e segurança dos consumidores decorrente da qualidade dos produtos e
serviços postos em circulação. O CDC (art. 6º, inciso VI) e a Constituição Federal, em seu art.
129, inciso III, preveem expressamente a existência e proteção de direitos coletivos.9
Por isso, quando o CDC equipara a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que in-
determináveis, está preservando esse interesse, esse direito coletivo e validando seu amparo.

9
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de; SILVA, Juliana Pereira da (coord.). Manual de Direito do Consumi-
dor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

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CDC – Arts. 1º ao 3º
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Com relação à defesa do consumidor em juízo, além do Ministério Público, Defensoria


Pública, União, Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades civis de proteção e defesa
do consumidor (constituídas há mais de um ano), os Procons estão autorizados, legitimados
(art. 82, III, CDC), a promoverem medidas coletivas em favor dos consumidores.
No caso do art. 17, que está inserido na seção que trata dos acidentes de consumo (fato
do produto ou serviço), admite-se a equiparação a consumidoras todas as pessoas que so-
fram danos com o evento de consumo, mesmo sem contratarem diretamente, ou dispensa-
rem qualquer quantia nos produtos ou serviços.
Dois exemplos muito famosos que podem ser utilizados são: o acidente do aeroporto de
Congonhas, que feriu passageiros e moradores das proximidades quando a aeronave atingiu
estabelecimento comercial e transeuntes logo após sua aterrissagem. Tanto os passageiros,
que contrataram com a companhia, quanto os moradores, que não tinham relação contratual,
foram tratados com iguais direitos de consumidores. O outro exemplo é do acidente no Sho-
pping Center de Osasco, que veio a ruir após uma explosão. Tanto os clientes de lojas quanto
as pessoas que estavam apenas atravessando de uma rua a outra, foram tratadas como con-
sumidoras. Ademais, seria extremamente injusto um tratamento desigual para quem contra-
tou e quem não contratou o servidor.
Entendido o conceito, vale destacar que um exemplo bastante recorrente em provas é
o da ocorrência de negativações indevidas quando houver uma abertura de conta corrente
fraudulenta. Embora a pessoa que teve seu nome inscrito em proteção ao crédito não tenha
sido de fato a pessoa que abriu a conta corrente, esta tem os seus direitos assegurados como
consumidora.
O terceiro consumidor equiparado é aquele exposto às práticas comerciais, segundo o art.
29, todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às chamadas práticas abusivas dos
fornecedores.
A redação do art. 29 restringe este tipo de equiparação aos que estiverem presentes nas
situações contidas neste capítulo, fazendo referência ao capítulo V do CDC que estabelece as
práticas comerciais, incluindo oferta e publicidade, cobranças de dívidas, bancos de dados e
cadastros de consumidores, além do rol de exemplos do art. 39.
Da mesma forma que o conceito do art. 2º, parágrafo único, o consumidor aqui também
pode ser a coletividade, reiterando que não necessita que tenham adquirido produtos ou ser-
viços, mas já passaram a sofrer algum tipo de dano (ou mesmo perigo de dano) simplesmente
ao terem contato com a conduta praticada pelo fornecedor. Pode ser ao anunciar seu produto
e serviço (praticando publicidade enganosa ou abusiva), ao receber a cobrança de uma dívida
já paga ou da qual nunca deu causa, ou ao ter seu nome inscrito erroneamente em um cadas-
tro de consumidores ou banco de dados.
Para exemplificar melhor sobre os consumidores por equiparação acompanha o seguinte
julgado do STJ:

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1. Cuida-se de agravo contra decisão que inadmitiu recurso especial fundado na alínea “a” da
permissão constitucional, interposto de acórdão do TJRJ, assim ementado: Agravo inominado do
art. 557, § 1º, do CPC. Apelação cível. Ação indenizatória. Consumidor que teve seus documentos
roubados. Protesto indevido de cheques não emitidos pelo autor, que sequer participou da relação
jurídica. Sentença procedente em parte. Rejeição do dano moral pelo magistrado, sob o argumento
de que o fato de terceiro afasta o dever de indenizar. Apelo do autor. Decisão do Relator que deu
provimento de plano ao apelo para reconhecer e fixar o dano moral em R$ 8.000,00. Possibilidade.
Manifesta procedência das razões recursais do demandante. Inteligência contida nos arts. 557, §
1º-A do CPC3 e 31, VIII do RITJRJ. Aplicação da Súmula 94 deste E TJRJ.
Cuidando-se de fortuito interno, o fato de terceiro não exclui o dever do fornecedor de indenizar”.
Na sistemática do Código de Defesa do Consumidor, o qual agasalha a teoria do risco do empreen-
dimento, a utilização de dados de outrem ou mesmo documentos falsos para a obtenção de bens e
serviços em nome de alguém que sequer participou do negócio jurídico, integram o risco do negó-
cio praticado pela ré, correndo, assim, por sua própria conta. Decisão proferida pelo ilustre relator
que se mantém. Agravo conhecido e desprovido (e-STJ fl. 166).
Em sede de recurso especial, a recorrente sustenta violação aos arts. 3º, 267, VI, do CPC;4 14, §
3º, I e II, do CDC; 186, 393, 927 e 944 do Código Civil, argumentando que: a) é parte ilegítima para
responder à ação de indenização por dano moral; b) “não pode prevalecer o entendimento de ocor-
reu “fortuito interno”, pois o documento de fl. 70 comprova que o fraudador portava talonário com
nome do autor/recorrido e portava também documentos falsos com aparência de verdadeiros; c) o
dano sofrido pelo recorrido não é responsabilidade da recorrente, pois se deu por culpa de terceiro
e é estranho às atividades por ela desenvolvidas; d) a recorrente não cometeu ato ilícito mas, na
verdade, também foi vítima do terceiro que pagou o serviço com cheque roubado. Contrarrazões
(e- STJ fls. 209-214). Juízo de admissibilidade (e-STJ fls. 216-217).
Relatados, decido.
2. O Tribunal local decidiu a lide suportada em argumentação assim deduzida: Em primeiro lugar,
impende salientar que a relação aventada nos autos é de consumo, enquadrando-se o autor no
conceito de consumidor por equiparação, conforme se extrai dos arts. 2º, parágrafo único, e 29
do CDC.
A ré nada mais é do que uma fornecedora de produtos e serviços, sendo certo que a sua responsa-
bilidade é objetiva nos precisos termos do art. 14, caput, da Lei n. 8.078/1990, encontrando funda-
mento na teoria do risco do empreendimento, segundo a qual, todo aquele que se dispõe a fornecer
em massa bens ou serviços deve assumir os riscos inerentes à sua atividade independentemente
de culpa.
In casu, a responsabilidade da recorrida exsurge do simples fato de se dedicar com habitualidade à
exploração de atividade consistente no oferecimento de bens ou serviços. Assim, pode-se afirmar
que os riscos internos inerentes ao próprio empreendimento correm por conta do fornecedor, que
deverá por eles responder sempre que não comprovada a causa excludente do nexo causal.
Deste modo, a sistemática do Código de Defesa do Consumidor, o qual agasalha a teoria do risco
do empreendimento, a utilização de dados de outrem ou mesmo documentos falsos para a obten-
ção de bens e serviços em nome de alguém que sequer participou do negócio praticado pela ré cor-
rendo, assim, por sua própria conta. Nesse sentido, a lição dada pelo Exmo. Desembargador Sérgio
Cavalieri Filho extraído de sua conhecida obra Programa de responsabilidade civil: […] Dessa forma,

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incumbe ao réu, exclusivamente, a assunção dos riscos decorrentes da exploração de sua ativida-
de significativamente lucrativa, arcando com os prejuízos advindos da utilização de documentos
da autora para a concessão de crédito em nome de outrem. Vale frisar que o art. 29, CDC, define
consumidor como qualquer pessoa exposta às práticas comerciais ainda que não exista relação
jurídica de consumo direta com o fornecedor, como ocorre in casu, sendo o apelante um bystander
atingido pelas técnicas de cobrança de dívidas.
Ademais, a questão tratada invoca a aplicação do art. 14, caput, do CDC, que trata da responsa-
bilidade objetiva do fornecedor de serviços, não se perquirindo sobre a existência de culpa para
determinar o dever de indenizar. Assim, nos termos do art. 14, § 3º, do CDC, somente se exime do
dever da responsabilidade o fornecedor que provar a ausência de defeito na prestação do serviço,
fato exclusivo do fornecedor ou fato exclusivo de terceiro.
A sentença ora vergastada reconheceu o fato exclusivo de terceiro, entendendo o magistrado a quo
que a abertura de conta bancária e a emissão fraudulenta de cheque realizada por terceiro que se
utilizou dos documentos subtraídos do apelante, configuram causas excludentes do nexo causal e
afastam o dever de indenizar.
Todavia, não deve ser mantido o raciocínio consignado pelo juízo de primeiro grau, pois, como con-
sagrado pela doutrina e jurisprudência, a emissão fraudulenta de cheque, na hipótese dos autos,
caracteriza fato de terceiro equiparado a fortuito interno, estando abrangido pelo risco do empre-
endimento. Assim, não há rompimento do nexo causal.
[…]
Ora, se para proteger o seu crédito o apelado causou danos indevidos a terceiros, resta flagrante o
dever de indenizar. Caso tenha sido induzido a erro por falta do dever de cuidado de terceiros, como
alega, que busque o ressarcimento junto àquele que lhe induziu em erro.
Pelo cotejo do cheque acostado a fl. 70 e da cédula de identidade do apelante à fl. 11, percebe-se
a diferença gritante entre as assinaturas.
Logo, vê-se que a apelada poderia ter evitado o recebimento do título fraudado solicitando a apre-
sentação de documento de identidade e conferindo as assinaturas, diligência mínima esperada na
condução de um negócio (e-STJ fls. 168-172) […].
No que toca ao dever de a recorrente indenizar moralmente o recorrido pelo lançamento do seu
nome em cadastro de inadimplentes, não lhe escusa a assertiva de que o dano sofrido não é de sua
responsabilidade, pois o Tribunal local formou seu convencimento no sentido de que a prestadora
de serviço não comprovou ter tomado os cuidados necessários na condução do seu negócio, de
forma que rever tal entendimento em sede de recurso especial, esbarra no enunciado n. 7 da sú-
mula do STJ.
Por outro lado, se o lançamento indevido do nome do recorrido decorreu inequivocamente de ato
da recorrente, patente o dever de indenizar. Aliás, essa é a jurisprudência do STJ acerca da matéria
[…].
3. Ante o exposto, nego provimento ao agravo no recurso especial
(AREsp 18.793, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28-6-2012, DJe 2-8-2012)
(Grifos nossos)

Destacando os equiparados do CDC:

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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CDC – Arts. 1º ao 3º
Cristano Sobral

Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,


1º) Art. 2º, parágrafo
ainda que indeterminável, que haja intervindo nas
único:
relações de consumo.
Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
2º) Artigo 17:
consumidores todas as vítimas do evento.
Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se
3º) Artigo 29: aos consumidores todas as pessoas determináveis ou
não, expostas às práticas nele prevista

Artigo 3º
No caput do art. 3º temos a definição de fornecedor:

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.

DICA:
Segundo o conceito supracitado é necessária a constatação
da habitualidade, para haver uma relação de consumo. Por
exemplo: Se uma pessoa pratica um ato isolado de vender
o seu carro para a outra, não pode ser aplicado o CDC, pois
neste caso o Código Civil de 2002 que vai reger esta ação.
Entretanto, se a pessoa tem a habitualidade de vender carros,
deve ser considerada fornecedora e, consequentemente, ser
utilizada a lei consumerista.

A qualificação de fornecedor, segundo o art. 3º, é bastante ampla e genérica, no entanto,


esta lista de atividades registradas é, de acordo com a doutrina, meramente exemplificativa
do que pode fazer o fornecedor para pôr o produto ou serviço no mercado. Deste modo, mes-
mo que não haja a descrição da ação feita pelo comerciante no caput, mas ele faz algo para
disponibilizar o bem ou serviço aos consumidores, ele será considerado fornecedor.
Dito isto, observe a classificação que a doutrina e a jurisprudência têm aplicado ao con-
ceito ampliado de fornecedor, divido em o fornecedor real, o fornecedor presumido, o fornece-
dor equiparado e o fornecedor aparente:
a) Fornecedor Real: pessoa física ou jurídica que participa efetivamente da realização e
criação do produto, envolvendo o próprio fabricante, o produtor, o construtor.
b) Fornecedor Presumido: é aquele disciplinado pelo art. 13 do CDC (o comerciante).

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c) Fornecedor Equiparado: todos os que intervirem na relação de consumo, mesmo que


não evidenciados na conceituação do art. 3º, se subordinam a ele em razão da natureza da
atividade que desenvolvem.
d) Fornecedor Aparente: é aquele que se apresenta, embora não tenha participado do
processo de elaboração, como fabricante na colocação do seu nome, marca ou outro sinal de
identificação no produto fabricado por um terceiro.
Sobre este tema, observe o acórdão abaixo:

Recurso especial – Ação de indenização – Danos material e moral – Relação de consumo – Defeito
do produto – Fornecedor aparente – Marca de renome global – Legitimidade passiva – Recurso
especial desprovido. Insurgência recursal da empresa ré.
Hipótese: A presente controvérsia cinge-se a definir o alcance da interpretação do art. 3º do Có-
digo de Defesa do Consumidor, a fim de aferir se na exegese de referido dispositivo contempla-se
a figura do fornecedor aparente – e, consequentemente, sua responsabilidade –, entendido como
aquele que, sem ser o fabricante direto do bem defeituoso, compartilha a mesma marca de renome
mundial para comercialização de seus produtos.
1. A adoção da teoria da aparência pela legislação consumerista conduz à conclusão de que o con-
ceito legal do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor abrange também a figura do fornecedor
aparente, compreendendo aquele que, embora não tendo participado diretamente do processo de
fabricação, apresenta-se como tal por ostentar nome, marca ou outro sinal de identificação em
comum com o bem que foi fabricado por um terceiro, assumindo a posição de real fabricante do
produto perante o mercado consumidor.
2. O fornecedor aparente em prol das vantagens da utilização de marca internacionalmente reco-
nhecida, não pode se eximir dos ônus daí decorrentes, em atenção à teoria do risco da atividade
adotada pelo Código de Defesa do Consumidor. Dessa forma, reconhece-se a responsabilidade
solidária do fornecedor aparente para arcar com os danos causados pelos bens comercializados
sob a mesma identificação (nome/marca), de modo que resta configurada sua legitimidade passi-
va para a respectiva ação de indenização em razão do fato ou vício do produto ou serviço.
3. No presente caso, a empresa recorrente deve ser caracterizada como fornecedora aparente para
fins de responsabilização civil pelos danos causados pela comercialização do produto defeituoso
que ostenta a marca TOSHIBA, ainda que não tenha sido sua fabricante direta, pois ao utilizar mar-
ca de expressão global, inclusive com a inserção da mesma em sua razão social, beneficia-se da
confiança previamente angariada por essa perante os consumidores. É de rigor, portanto, o reco-
nhecimento da legitimidade passiva da empresa ré para arcar com os danos pleiteados na exordial.
4. Recurso especial desprovido.

Trecho do Voto:

[…] Observa-se que a lei traz a definição ampliada de fornecedor. Nessa ótica, o doutrinador Bruno
Miragem lembra que:
Destaca-se a amplitude da definição legal. O legislador não distingue a natureza, regime jurídico ou
nacionalidade do fornecedor. São abrangidos, pelo conceito, tanto empresas estrangeiras ou mul-

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tinacionais, quanto o próprio Estado, diretamente ou por intermédio de seus Órgãos e Entidades,
quando realizando atividade de fornecimento de produto ou serviço no mercado de consumo. Da
mesma forma, com relação ao elemento dinâmico da definição (desenvolvimento de atividade), o
CDC buscou relacionar ampla gama de ações, com relação ao fornecimento de produtos e à pres-
tação de serviços. Neste sentido, é correto indicar que são fornecedores, para os efeitos do CDC,
todos os membros da cadeia de fornecimento, o que será relevante ao definir-se a extensão de
seus deveres jurídicos, sobretudo em matéria de responsabilidade civil. (MIRAGEM, Bruno. Curso
de Direito Do Consumidor. 3. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 135)
Em outras palavras, pode-se afirmar que “fornecedor é aquele que atua profissionalmente no mer-
cado, recebendo remuneração direta ou indireta pela produção, distribuição e comercialização de
bens e serviços” (BESSA, Leonardo. Fornecedor Equiparado in Doutrinas Essenciais Direito do Con-
sumidor. Volume I. Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1.023).
Sobre o conceito de fornecedor, a doutrina nacional aponta a existência de quatro subespécies,
a saber:
a) o fornecedor real;
b) o fornecedor presumido;
c) o fornecedor equiparado; e
d) o fornecedor aparente.
Assim, o fornecedor real é a pessoa física ou jurídica que, sob sua responsabilidade, participa do
processo de fabricação ou produção do produto acabado, de um componente ou de uma matéria
prima, isto é, diz respeito àquele que participa efetivamente da realização e criação do produto,
envolvendo o próprio fabricante, o produtor, o construtor.
De outro lado, o fornecedor presumido, é o disciplinado pelo art. 13 do Código de Defesa do Con-
sumidor Leonardo Bessa, partindo da perspectiva da atividade desempenhada, traz o conceito de
fornecedor equiparado, isto é, entidades que, embora não se encontrem diretamente na conceitu-
ação prevista pelo art. 3º do CDC, são a ele sujeitos em razão da natureza da atividade que desen-
volvem. Para tanto, exemplifica o autor, os seguintes casos: a) o banco de dados e os cadastros
de consumidores (art. 43 do CDC), b) o anunciante, a agência publicitária e o veículo em relação às
atividades publicitárias (art. 37 do CDC). (BESSA, Leonardo. Fornecedor Equiparado in Doutrinas
Essenciais Direito do Consumidor. Volume I. Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1.023-1.029).
Por sua vez, o fornecedor aparente compreende aquele que, embora não tendo participado do pro-
cesso de fabricação, apresenta-se como tal pela colocação do seu nome, marca ou outro sinal de
identificação no produto que foi fabricado por um terceiro.
[…] Tal situação de dificuldade – por vezes, de concreta impossibilidade – de identificação do real
fabricante/fornecedor do bem adquirido decorre do fenômeno nomeado pela doutrina de “cadeia
de fornecedores” ou “cadeia de consumo”, caracterizado pela fragmentação do sistema de produ-
ção, pelo qual um elevado contingente de sujeitos se reúnem para atuação conjunta ou comum
com o propósito de colocar à disposição do consumidor produtos e serviços.
Essa concepção de cadeia de fornecimento, visível, doravante, para além do que permite enxergar
a corrente de contratos ou operações formais, opera no sentido de conferir maior efetividade ao
sistema de proteção do consumidor, evitando que lhe sejam impostas barreiras à identificação dos
responsáveis por eventuais prejuízos patrimoniais ou extrapatrimoniais, ao obrigar a solidariedade
entre todos os seus participantes, na esteira do preceituado nos arts. 12, 14, 18, 20 e 34 do CDC.

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(REsp 1580432/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 06-12-2018, DJe 04-02-
2019) (Inf. n. 642)
(Grifos do original)

Destaca-se também o recente julgado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sobre o


fornecedor equiparado:

Apelação cível. Ação indenizatória. Parcial procedência do pedido. Perfuração intestinal em cirur-
gia de extração de cálculo renal. Óbito. Sepsemia e peritonite aguda. Perícia conclusiva a atestar a
falha na prestação do serviço. Legitimidade passiva da operadora de plano de saúde. Realização
de nova perícia. Desnecessidade. Multa por litigância de má fé e honorários advocatícios recursais
aplicados em sede de embargos de declaração. Mero exercício do direito de ação e ampla defesa.
Exclusão.
1. Legitimidade passiva da administradora do plano de saúde, uma vez que, além de intermediar
a relação de consumo, é solidariamente responsável pelos atos praticados por seus conveniados.
Teoria do Fornecedor por Equiparação. Inteligência dos artigos 7º, parágrafo único, 14, 18, 25, § 1º,
todos do CDC.
2. Irrelevância da ausência de vínculo empregatício do médico conveniado ao hospital, para fins
de responsabilidade do fornecedor. Comprovação da concorrência da equipe médica e do corpo de
enfermagem para o dano.
3. Realização de nova perícia que está adstrita à formação do convencimento do magistrado a quo,
destinatário natural das provas, o qual reputou suficiente o laudo produzido. Ausência de indícios
que denotem equívoco das conclusões elaboradas pelo expert do juízo.
4. Exclusão da multa por litigância de má fé e majoração dos honorários advocatícios fixados em
desfavor das demandadas/apelantes, em sede de embargos de declaração. Mero exercício do di-
reito de ação e ampla defesa. Falta de trabalho adicional ou natureza protelatória da oposição. 5.
Parcial provimento a ambos os recursos.
(TJRJ, Apelação n. 0302543-02.2017.8.19.0001, 15ª Câmara Cível, Des. Gilberto Clóvis Farias Ma-
tos, julgado em 13-08-2019)
(Grifos nossos)

Pontos importantes que merecem consideração:


• O entendimento a respeito da aplicação do CDC às instituições financeiras. Como um
dos principais argumentos avessos à consideração da instituição financeira como
fornecedora estava o relacionado aos depósitos em conta de poupança, pois como
não se tratavam de um serviço remunerado, defendiam o afastamento da legislação
consumerista.

Contudo, o STJ colocou fim à controvérsia com a Súmula 297, que diz: “O Código de De-
fesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.” Ainda foi proposta ADIn perante
o STF alegando-se afronta ao art. 192 da CF que exige a utilização de lei complementar para

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tratar de matéria relativa ao sistema financeiro. Porém, o STF decidiu que o CDC afetava so-
mente a relação entre correntistas e instituições financeiras, e não o sistema financeiro em
si, não havendo, deste modo, a necessidade de lei complementar para normatizar o tema,
confirmando que o conceito de fornecedor pode ser estendido às instituições financeiras.10

• O CDC estabelece que é fornecedor pessoa jurídica pública, ou seja, até mesmo aos
prestadores de serviços públicos (atividades disponibilizadas por órgãos ou entes do
Poder Público) devem respeitar as suas disposições. Entretanto, nem todo serviço pú-
blico está sujeito a lei consumerista.

Especialmente a doutrina tem entendido que apenas os serviços públicos oferecidos aos
consumidores por intermédio de remuneração específica e de modo individualizado podem
ser tratados à luz do CDC. Por exemplo: o transporte público, a rodovia com pedágio, os ser-
viços de telefonia, luz, água e esgoto. Nestes casos, o Estado (a partir de empresas públicas)
ou particulares concessionários de serviços públicos são quem exploram estes serviços.
Excluídos da incidência do CDC estão os serviços públicos pelos quais o cidadão tem
acesso autônomo de pagamento específico, como a segurança pública.11

Parágrafos 1º e 2º
Os parágrafos 1º e 2º do art. 3º do CDC dispõe:

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.


§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.

O CDC trata os bens da vida como produtos, ao preceituar “qualquer bem, móvel ou imóvel,
material ou imaterial”. Assim, tanto um sanduiche pode ser considerado como produto; como
a lanchonete (imóvel) que é posta à venda; ou ainda, a marca da empresa numa negociação
de abertura de filial.
Os produtos são bens que se transferem do patrimônio do fornecedor para o do consumi-
dor, exemplificando melhor:
• Materiais: tudo que pode ser pegado, composto por matéria-prima e tangíveis. Como:
celular, bolsa, casa etc.

10
PIRES, Caio César. Introdução ao Direito do Consumidor. Trilhante, [?]. Disponível em: https://trilhante.com.br/curso/intro-
ducao-ao-direito-do-consumidor/aula/conceito-de-fornecedor-2. Acesso em: 28 jul. 2021.
11
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de; SILVA, Juliana Pereira da (coord.). Manual de Direito do Consumi-
dor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

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• Imateriais: são os bens que não são palpáveis, que não ocupam lugar no espaço. Exem-
plos: as ideias, propriedade intelectual direito a crédito etc.
• Móveis: são aqueles passíveis de deslocamento, sujeitos à entrega. Automóvel, televi-
são, alimentos, entre outros.

 Obs.: Os animais, chamados de semoventes, são considerados como bens móveis.

• Imóveis: bens incorporados natural ou artificialmente ao solo, que não podem ser trans-
portados sem que sejam destruídos por isto. Mas também, são aqueles que se fixam
pela sua natureza ou por força de lei. Exemplos: lote de terra urbana ou rural, residencial
ou comercial, construção, edifício, e outros.

Já serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante contrapres-


tação ou pagamento em valores pecuniários, tipo atividades mercantis, bancárias, securitá-
rias e financeiras, conforme especificado no texto do § 2º.
Assim, o CDC deixa explicito, para que não ocorram dúvidas, que também são serviços
as atividades de natureza “bancária, financeira, de crédito e securitária”. Então, as relações
efetuadas entre o consumidor e uma instituição financeira, casa bancária ou de crédito, assim
como seguradora, deverão respeitar às regras e princípios dispostos no Código.
O Supremo Tribunal Federal, em 2006, desta forma, no julgamento da Ação Direta de In-
constitucionalidade n. 2.591/DF:

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5º, XXXII, DA CB/1988. ART. 170, V, DA CB/1988. INSTI-
TUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS
DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO
DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA
ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO CENTRAL
DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL.
1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas
pelo Código de Defesa do Consumidor.
2. “Consumidor”, para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurí-
dica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito.
3. O preceito veiculado pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve ser interpretado
em coerência com a Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a remu-
neração das operações passivas praticadas por instituições financeiras na exploração da interme-
diação de dinheiro na economia estejam excluídas da sua abrangência.
4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a fixação, desde a perspectiva macroeconômica, da
taxa base de juros praticável no mercado financeiro.
5. O Banco Central do Brasil está vinculado pelo dever-poder de fiscalizar as instituições financei-
ras, em especial na estipulação contratual das taxas de juros por elas praticadas no desempenho
da intermediação de dinheiro na economia. 6. Ação direta julgada improcedente, afastando-se a

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exegese que submete às normas do Código de Defesa do Consumidor [Lei n. 8.078/1990] a defini-
ção do custo das operações ativas e da remuneração das operações passivas praticadas por ins-
tituições financeiras no desempenho da intermediação de dinheiro na economia, sem prejuízo do
controle, pelo Banco Central do Brasil, e do controle e revisão, pelo Poder Judiciário, nos termos do
disposto no Código Civil, em cada caso, de eventual abusividade, onerosidade excessiva ou outras
distorções na composição contratual da taxa de juros.
ART. 192, DA CB/1988. NORMA-OBJETIVO. EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR EXCLUSIVAMENTE
PARA A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO.
7. O preceito veiculado pelo art. 192 da Constituição do Brasil consubstancia norma-objetivo que
estabelece os fins a serem perseguidos pelo sistema financeiro nacional, a promoção do desen-
volvimento equilibrado do País e a realização dos interesses da coletividade. 8. A exigência de lei
complementar veiculada pelo art. 192 da Constituição abrange exclusivamente a regulamentação
da estrutura do sistema financeiro.
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. ART. 4º, VIII, DA LEI N. 4.595/1964. CAPACIDADE NORMATIVA
ATINENTE À CONSTITUIÇÃO, FUNCIONAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEI-
RAS. ILEGALIDADE DE RESOLUÇÕES QUE EXCEDEM ESSA MATÉRIA.
9. O Conselho Monetário Nacional é titular de capacidade normativa --- a chamada capacidade
normativa de conjuntura --- no exercício da qual lhe incumbe regular, além da constituição e fisca-
lização, o funcionamento das instituições financeiras, isto é, o desempenho de suas atividades no
plano do sistema financeiro.
10. Tudo o quanto exceda esse desempenho não pode ser objeto de regulação por ato normativo
produzido pelo Conselho Monetário Nacional.
11. A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional, quando não respeitem ao
funcionamento das instituições financeiras, é abusiva, consubstanciando afronta à legalidade.
(STF – ADI: 2.591 DF, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 07/06/2006, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-02 PP-00142)

Esta matéria foi tratada na Súmula n. 297 do STJ, já trazida a nossa aula. Há também,
outras súmulas que merecem atenção:

Súmula 563. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de


previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas.
Súmula 608. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de
saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.

Relativo a estes assuntos, seguem os julgados:

Direito Civil. Inaplicabilidade do CDC às entidades fechadas de previdência privada.


O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes ou as-
sistidos de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada, mesmo em situ-

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ações que não sejam regulamentadas pela legislação especial. É conveniente assinalar, para logo,
que não se cogita aqui em afastamento das normas especiais inerentes à relação contratual de
previdência privada para aplicação do Diploma Consumerista, visto que só terá cabimento pensar
na sua aplicação a situações que não tenham regramento específico na legislação especial previ-
denciária de regência. Dessarte, como regra basilar de hermenêutica, no confronto entre as regras
específicas e as demais do ordenamento jurídico, deve prevalecer a regra excepcional. Nesse pas-
so, há doutrina afirmando que, como o CDC não regula contratos específicos, em casos de incom-
patibilidade há clara prevalência da lei especial nova pelos critérios de especialidade e cronologia.
Desse modo, evidentemente, não caberá, independentemente da natureza da entidade previden-
ciária, a aplicação do CDC de forma alheia às normas específicas inerentes à relação contratual
de previdência privada complementar. Esse entendimento foi recentemente pacificado no STJ, em
vista da afetação à Segunda Seção do STJ do AgRg no AREsp 504.022-SC (DJe 30-9-2014), tendo
constado da ementa que “[…] é descabida a aplicação do Código de Defesa do Consumidor alheia
às normas específicas inerentes à relação contratual de previdência privada complementar e à
modalidade contratual da transação, negócio jurídico disciplinado pelo Código Civil, inclusive no
tocante à disciplina peculiar para o seu desfazimento”. Por oportuno, o conceito de consumidor
(art. 2º do CDC) foi construído sob ótica objetiva, porquanto voltada para o ato de retirar o produto
ou serviço do mercado, na condição de seu destinatário final. Por sua vez, fornecedor (art. 3º, § 2º,
do CDC) é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de prestação de serviços, compreendi-
do como “atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração” – inclusive as de
natureza financeira e securitária –, salvo as de caráter trabalhista. Nessa linha, afastando-se do
critério pessoal de definição de consumidor, o legislador possibilita, até mesmo às pessoas jurídi-
cas, a assunção dessa qualidade, desde que adquiram ou utilizem o produto ou serviço como des-
tinatário final. Dessarte, consoante doutrina abalizada sobre o tema, o destinatário final é aquele
que retira o produto da cadeia produtiva (destinatário fático), mas não para revendê-lo ou utilizá-lo
como insumo na sua atividade profissional (destinatário econômico). No ponto em exame, parece
evidente que há diferenças sensíveis e marcantes entre as entidades de previdência privada aberta
e fechada. Embora ambas exerçam atividade econômica, apenas as abertas operam em regime de
mercado, podem auferir lucro das contribuições vertidas pelos participantes (proveito econômico),
não havendo também nenhuma imposição legal de participação de participantes e assistidos, seja
no tocante à gestão dos planos de benefícios, seja ainda da própria entidade. Nesse passo, assi-
nala-se que, conforme disposto no art. 36 da LC 109/2001, as entidades abertas de previdência
complementar são constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas. Elas, salvo as
instituídas antes da mencionada lei, têm necessariamente, finalidade lucrativa e são formadas por
instituições financeiras e seguradoras, autorizadas e fiscalizadas pela Superintendência de Segu-
ros Privados (Susep), vinculada ao Ministério da Fazenda, tendo por órgão regulador o Conselho
Nacional de Seguros Privados (CNSP). Assim, parece nítido que as relações contratuais entre as

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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entidades abertas de previdência complementar e participantes e assistidos de seus planos de
benefícios – claramente vulneráveis – são relações de mercado, com existência de legítimo auferi-
mento de proveito econômico por parte da administradora do plano de benefícios, caracterizando-
-se genuína relação de consumo. Contudo, no tocante às entidades fechadas, as quais, por força de
lei, são organizadas “sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos”, a questão é
tormentosa, pois há um claro mutualismo entre a coletividade integrante dos planos de benefícios
administrados por essas entidades. Nesse diapasão, o art. 34, I, da LC 109/2001 deixa límpido que
as entidades fechadas de previdência privada “apenas” administram os planos (inclusive, pois, o
fundo formado, que não lhes pertence), havendo, conforme dispõe o art. 35, gestão compartilhada
entre representantes dos participantes e assistidos e dos patrocinadores nos conselhos delibera-
tivo (órgão máximo da estrutura organizacional) e fiscal (órgão de controle interno). No tocante ao
plano de benefícios patrocinado por entidade da administração pública, conforme dispõem os arts.
11 e 15 da LC 108/2001, há gestão paritária entre representantes dos participantes e assistidos –
eleitos por seus pares – e dos patrocinadores nos conselhos deliberativos. Ademais, é bem verda-
de que os valores alocados ao fundo comum obtido, na verdade, pertencem aos participantes e be-
neficiários do plano, existindo explícito mecanismo de solidariedade, de modo que todo excedente
do fundo de pensão é aproveitado em favor de seus próprios integrantes. Diante de tudo que foi as-
sinalado, observa-se que as regras do Código Consumerista, mesmo em situações que não sejam
regulamentadas pela legislação especial, não se aplicam às relações envolvendo participantes e/
ou assistidos de planos de benefícios e entidades de previdência complementar fechadas. Assim,
a interpretação sobre a Súmula 321 do STJ – que continua válida – deve ser restrita aos casos que
envolvem entidades abertas de previdência. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 26-8-2015, DJe 20-10-2015. (ver Informativo n. 571) Atenção! Observe que a Segunda
Seção, na sessão de 24-2-2016, ao apreciar o Projeto de Súmula 627 e o julgado REsp1.536.736/
MG, determinou o cancelamento da Súmula 321 do STJ (DJe 29-2-2016).
Agravo interno. Recurso especial. Civil (CPC/2015). Civil. Plano de saúde na modalidade autoges-
tão. Recusa de cobertura de cirurgia para tratamento de degeneração da articulação temporo-
mandibular (ATM). Divergência quanto à adequação do procedimento. Ingerência na relação cirur-
gião-paciente. Descabimento. Jurisprudência pacífica desta turma. Aplicabilidade às operadoras
de autogestão. Precedente em sentido contrário na quarta turma. Reafirmação da jurisprudência
desta turma.
1. Controvérsia acerca da recusa de cobertura de cirurgia para tratamento de degeneração da ar-
ticulação temporomandibular (ATM), pelo método proposto pelo cirurgião assistente, em paciente
que já se submeteu a cirurgia anteriormente, por outro método, sem obter êxito definitivo.
2. Nos termos da jurisprudência pacífica desta Turma, o rol de procedimentos mínimos da ANS é
meramente exemplificativo, não obstando a que o médico assistente prescreva, fundamentada-
mente, procedimento ali não previsto, desde que seja necessário ao tratamento de doença coberta
pelo plano de saúde. Aplicação do princípio da função social do contrato.
3. Caso concreto em que a necessidade de se adotar procedimento não previsto no rol da ANS
encontra-se justificada, devido ao fato de o paciente já ter se submetido a tratamento por outro
método e não ter alcançado êxito.
4. Aplicação do entendimento descrito no item 2, supra, às entidades de autogestão, uma vez que
estas, embora não sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor, não escapam ao dever de atender
à função social do contrato.

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5. Existência de precedente recente da Quarta Turma no sentido de que seria legítima a recusa de
cobertura com base no rol de procedimentos mínimos da ANS.
6. Reafirmação da jurisprudência desta Turma no sentido do caráter exemplificativo do referido rol
de procedimentos.
7. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1829583/SP, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em
22-06-2020, DJe 26-06-2020)
(Grifos nossos)

Ressalta-se que alguns serviços são excluídos da aplicação do CDC, como o vínculo do
cotista e o clube de investimento, os serviços de natureza ut universi (aqui, não se trata de
consumidor, mas de um contribuinte), a relação do franqueado com o franqueador.
O próprio art. 3º, § 2º, em sua parte final estabeleceu que as relações de caráter traba-
lhista não estão abrangidas em seu campo de incidência. Sendo assim, um trabalhador não
pode procurar um Procon para arguir a garantia de seus direitos de receber salários ou verbas
indenizatórias atrasadas ou não pagas por seu patrão. Falta atribuição legal para este órgão
tomar qualquer providência.

DICA:
A lei consumerista também não terá aplicação em relações
em que as partes envolvidas sejam iguais materialmente. O
código está sempre voltado para a defesa dos que se encon-
tram em situação de vulnerabilidade.

Importante! Não afasta a incidência do CDC, quando identificados os requisitos de sua aplica-
ção, a existência de leis específicas disciplinando certas atividades ou contratos.

Deste modo, a lei dos planos de saúde, a lei da mensalidade escolar, a transporte aéreo, a
lei do inquilinato, a incorporação imobiliária, dentre outras, caso seja constatado um consu-
midor (conforme já estudamos) vivenciando prejuízos ou violação a seus direitos, o Código
deverá ser utilizado para reequilibrar e proteger o vulnerável.
Não existe discórdia entre estas leis e o CDC, devendo prevalecer a proteção do consumi-
dor, em fase de sua característica constitucional.
Exemplificando, a lei do inquilinato (Lei n. 8.245/1991) dispõe sobre a relação entre lo-
cador (dono do imóvel) e locatário (usuário do bem), em regra, não há desigualdade entre as
partes e a disciplina é da lei específica. Entretanto, existindo a administração ou intermedia-
ção no contrato por uma empresa imobiliária, passa a transparecer um serviço específico

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mediante remuneração que demanda a proteção da parte mais frágil da relação (o locatário),
identificado como consumidor.

Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC (Nota técnica n. 185 – CGAJ/


DPDC/2006, de 12 de maio de 2006): Analisando a locação residencial, por exemplo, temos a figura
do fornecedor, nos termos do art. 3º do CDC, que é aquele que presta um serviço, no caso, a imobi-
liária, pois se compromete a fornecer ao locatário, mediante remuneração, o uso e gozo do imóvel,
durante certo lapso temporal, e a figura do consumidor, que é o destinatário final do bem locado, no
caso o locatário, considerando que, segundo o art. 2º do CDC, consumidor não é somente aquele
que adquire, mas também aquele que utiliza o produto.12

Referente a relação do advogado com o cliente, trata-se de tema controverso nos tribu-
nais. Porém, salienta-se que não se aplica o CDC à normatização de contratos de serviços
advocatícios.

Responsabilidade civil. Advogado. Exercício da profissão. A Turma manteve a condenação de ad-


vogado ora recorrente ao pagamento de indenização por danos morais ao cliente no valor de R$
15 mil, em decorrência de sua conduta maliciosa no exercício da profissão. No caso em comento,
o recorrente foi contratado para propor ação ordinária contra o Estado do Paraná, pleiteando dife-
renças salariais e gratificações. Procurado diversas vezes pelo recorrido, ele negou o recebimento
de procuração outorgada em seu favor, bem como o ajuizamento de qualquer demanda judicial em
seu nome. Tal fato foi, inclusive, apurado em representação instaurada na OAB, que resultou em
arquivamento diante da negativa do recorrente. Transcorridos quase vinte anos, após pesquisa
realizada pela nova advogada contratada, descobriu-se que a ação havia sido efetivamente pro-
posta pelo recorrente, até mesmo com recursos especiais para os tribunais superiores, tendo sido
julgada improcedente. Em preliminar, afastou-se a alegada prescrição. Segundo observou o Min.
Relator, na ação de reparação de danos em apreço, fundada no direito comum, e de acordo com as
regras de transição do CC/2002 (art. 2.028), há de ser aplicado o novo prazo prescricional de três
anos, consoante o disposto no art. 206, § 3º, IV, do referido diploma legal, contado o prazo da data
da entrada em vigor do novo Código, e não da data do fato gerador do direito. No mérito, sustentou
se a inaplicabilidade do CDC nas relações contratuais entre clientes e advogados, que, de fato, são
regidas pelo EOAB e pelo direito comum. Ao final, considerando o patente padecimento moral do
recorrido diante das inverdades perpetradas pelo recorrente e da angústia de não saber o resul-
tado da demanda, ainda que fosse negativa, manteve-se a responsabilização do advogado (REsp
1.228.104/PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 15-3-2012, ver Informativo n. 493).
(Grifos nossos)

Retornando aos assuntos principais dos parágrafos, tanto com relação aos produtos,
quanto em relação aos serviços, o consumidor pagará ao fornecedor pela aquisição ou uti-

12
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de; SILVA, Juliana Pereira da (coord.). Manual de Direito do Consumi-
dor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

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lização. No entanto, esta retribuição econômica (pagamento do valor), no que lhe toca, nem
sempre será prestada de modo direto, ou seja, com um ato de entrega de dinheiro.
A doutrina e a jurisprudência do STJ têm aceitado situações que embora de não exista um
dispêndio direto do consumidor, o serviço por ele utilizado é remunerado indiretamente.
Podemos citar casos de estacionamentos de mercados que são ditos como “gratuitos”,
entretanto embutem valores nos preços dos produtos vendidos; e o caso da utilização de uma
conta de e-mail gratuita ofertada pelos mais diversos provedores de acesso à internet, que o
consumidor não paga, em dinheiro, ao site pela utilização da conta, todavia enriquece o patri-
mônio do provedor toda vez que acessa seu e-mail, pois com mais acessos, ele adquire mais
anunciantes, investidores e rendimentos.
Além disso, há casos em que a “gratuidade” é uma função de uma estratégia de divulga-
ção e marketing do produto ou serviço. Comumente conhecidas, podemos citar, as ofertas de
pague um, leve dois ou a entrega de brindes ou sorteios de prêmios. Nestes casos, verifica-se
uma remuneração indireta e, se houver lesão ao usuário, o CDC irá protegê-lo.13
Para a maior fixação dos parágrafos:

Produto: Qualquer bem. móvel ou imóvel, material ou imaterial

Qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,


mediante remuneração (podendo ser direta ou indireta),
Serviço: inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito
e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista

Finalizamos o conteúdo dos três primeiros artigos do Código de Defesa do Consumidor de


forma aprofundada. Todavia, convém para um melhor aprendizado a resolução de questões.
Por isto seguem várias delas com comentários, selecionadas com os temas estudados.
Bons estudos!

13
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de; SILVA, Juliana Pereira da (coord.). Manual de Direito do Consumi-
dor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

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QUESTÕES COMENTADAS
001. (FAFIPA/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2019) Sobre a proteção constitucional do con-
sumidor, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Segundo o entendimento jurisprudencial, nas ações de revisão de contratos bancários, po-
derá o julgador reconhecer de ofício eventual abusividade das cláusulas, dada a natureza de
ordem pública das normas consumeristas.
b) A defesa do consumidor encontra-se inserido entre os direitos fundamentais tutelados
constitucionalmente.
c) Segundo a CF/1988, a defesa do consumidor trata-se de princípio da ordem econômica.
d) O código de defesa do consumidor trata-se microssistema jurídico, cujas normas são, em
sua totalidade, de direito público.
e) A legislação sobre matéria de consumo é de competência concorrente entre União, Estados
e o Distrito Federal.

Primeiramente, é importante que prestemos atenção ao enunciado da questão. Este pede a


alternativa incorreta.
Analisaremos todas as letras:
a) Errada. Está em desacordo com Súmula 381 do STJ: “Nos contratos bancários, é vedado ao
julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”.
b) Certa. Segundo o inciso XXXII, do art. 5º, da CF: “O Estado promoverá, na forma da lei, a
defesa do consumidor”.
c) Certa. Conforme o art. 170, da CF: “A ordem econômica, fundada na valorização do traba-
lho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V – defesa do consumidor”.
d) Certa. De acordo com o art. 1º do CDC que diz que: “O presente código estabelece normas
de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos
arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições
Transitórias”.
e) Certa. Está em consonância com o art. 124, da CF: “Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VIII – responsabilidade por dano ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico”.
Letra a.

002. (INSTITUTO ANIMA/OUVIDOR/2020) A Lei Federal n. 8.078/1990 inscreve no art. 1º que


“o presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal

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e art. 48 de suas Disposições Transitórias”. Diante do exposto, assinale a alternativa correta,


considerando o art. 3º e parágrafos desse Código: “toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, ou a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo” denomina-se:
a) Fornecedor.
b) Produto.
c) Consumidor.
d) Serviço.
e) Mercado de consumo.

Apesar do enunciado da questão citar o art. 3º, o conceito de consumidor é encontrado no


art. 2º do Código de Defesa do Consumidor.
Como vimos, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final. Além disso, equipara-se a consumidor a coletividade de pes-
soas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Letra c.

003. (FUNDEP/FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR/2019) De acordo com o Art. 2º da Lei


n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, que “Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências”, é correto afirmar que o consumidor
a) poderá ser pessoa física ou jurídica que adquire produto como destinatário final.
b) não poderá ser pessoa jurídica, pois é a pessoa física que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
c) deverá ser pessoa física, admitindo ser pessoa jurídica quando for por equiparação e auto-
rizada pelo Poder Judiciário.
d) não pode ser uma coletividade de pessoas indetermináveis, devendo estar inscrito no ca-
dastro de pessoas físicas.

a) Certa. Vejamos o disposto no CDC:

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.

b) Errada. Por ter afirmado que não poderia a pessoa jurídica.


c) Errada. Não há essa exigência de a pessoa jurídica somente poder ser considerada consu-
midora quando for por equiparação e autorizada pelo Poder Judiciário.

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d) Errada. Em razão do parágrafo único ser claro que pode sim ser a coletividade de pessoas,
e por não necessitar de estar inscrito no cadastro de pessoas físicas.
Letra a.

004. (INSTITUTO QUADRIX/CRF/ADVOGADO/2019) Com base no Código de Defesa do Con-


sumidor (CDC), assinale a alternativa correta.
a) Pessoas jurídicas não podem ser enquadradas na condição de consumidoras por faltar-
-lhes a condição de vulneráveis.
b) São equiparadas a consumidores as pessoas que intervierem na relação de consumo, des-
de que determináveis.
c) Entes despersonalizados brasileiros e estrangeiros podem ser enquadrados como consu-
midores para os fins do CDC.
d) O produto é sempre bem material, palpável.
e) Os serviços prestados à contratante em razão de vínculo trabalhista também podem atrair
as regras do CDC.

a) Errada. O art. 2º do CDC diz expressamente que a pessoa jurídica pode ser consumidora.
b) Errada. Diante do disposto no parágrafo único do art. 2º: “Equipara-se a consumidor a cole-
tividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.
c) Certa. Em razão do art. 2º do CDC não restringir o conceito de consumidor, nem excluir os
entes despersonalizados, mesmo que estrangeiros.
d) Errada. O § 1º, do art. 3º, do CDC versa: “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material
ou imaterial.” Ou seja, não limita somente aos bens materiais”.
e) Errada. O § 2º é categórico ao dizer que atividades decorrentes de relações trabalhistas
não são consideradas como serviço, portanto não são aplicáveis as normas do CDC nes-
tas relações.
Letra c.

005. (FUNDAÇÃO CEFETMINAS/AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS/2019) Numa relação comer-


cial, o consumidor é aquele que
a) fabrica o produto.
b) vende o produto ou o serviço.
c) compra o produto ou contrata o serviço.
d) divulga e faz a propaganda do produto ou do serviço.

c) Certa. conforme o art. 2º do CDC.


Letra c.

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006. (INSTITUTO QUADRIX/CRO/AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO/2016) De acordo com o Código


de Defesa do Consumidor, Lei n. 8.078, de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor
e dá outras providências, considere as seguintes definições.
I – Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
II – Fornecedor é somente a pessoa jurídica, pública ou privada, exclusivamente nacional,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de pro-
dutos ou prestação de serviços.
III – Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é correto o que se afirma em:
a) II, somente.
b) I e III, somente.
c) I e II, somente.
d) II e III, somente.
e) todas.

I – Certo. Está de acordo com o art. 2º do CDC:

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

II – Errado. Não há limitação para exclusivamente os nacionais.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.

III – Certo. De acordo com o art. 3º, § 1º:

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.


Letra b.

007. (VUNESP/FISCAL DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR/2019) Sobre o conceito de consumi-


dor, fornecedor, produto e serviço, constantes no Código de Defesa do Consumidor – CDC, é
correto afirmar que

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a) consumidor é toda pessoa física, mas não jurídica, que adquire ou utiliza produto ou ser-
viço como destinatário final.
b) não se equipara a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.
c) o ente despersonalizado, que desenvolve atividade de produção, é considerado fornecedor.
d) produto é qualquer coisa fungível ou infungível, desde que móvel.
e) serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunera-
ção ou não.

a) Errada. Pessoas jurídicas podem ser consideradas consumidoras. (Art. 2º do CDC)


b) Errada. Podem sim ser equiparada a consumidor a coletividade de pessoas. (Parágrafo
único do art. 2º do CDC)
c) Certa. Com base no disposto do caput do art. 3º do CDC.
d) Errada. Não há esta restrição de fungível ou infungível, desde que seja móvel. (Art. 3º, §
1º do CDC)
e) Errada. O texto do art. 3º, § 2º do CDC declara que é necessária a remuneração.
Letra c.

008. (VUNESP/PREFEITURA/PROCURADOR JURÍDICO/2017) A respeito das relações jurídi-


cas previstas e reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar que
a) se equipara a consumidor a coletividade de pessoas, desde que determináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.
b) fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
excepcionando- -se os entes despersonalizados.
c) produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
d) serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
exceto as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.
e) se o serviço público for cedido para uma empresa permissionária, esta não é mais obrigada
a fornecer os serviços essenciais de forma contínua.

a) Errada. Parágrafo único do art. 2º: “Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,


ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.
b) Errada. Não há esta excepcionalidade dos entes despersonalizados. (Art. 3º)
c) Certa. Literalidade do art. 3º, § 1º do CDC.
d) Errada. As atividades de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária estão inclu-
ídas, somente as trabalhistas que não. Vide o art. 3º:

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§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.

e) Errada. Com base no art. 22 do CDC. Embora não tenhamos estudado este artigo ainda, po-
deríamos responder esta questão com base nos itens anteriores e também por questão lógica
e lembrando que o CDC foi criado para proteger o consumidor. Assim, seguindo o raciocínio
de que se são serviços essenciais, não é porque foram cedidos para uma permissionária que
poderão deixar de ser prestados de forma contínua.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficien-
tes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Letra c.

009. (VUNESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO/2019) No que diz respeito ao conceito de consu-


midor, adotado pelo Código de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa correta.
a) Toda pessoa física que adquire ou utiliza produto, seja lá com que finalidade for, reputa-se
como consumidor.
b) Equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às prá-
ticas abusivas.
c) Toda pessoa jurídica que adquire produto como destinatário intermediário ou final será
considerada consumidor.
d) Eleva-se à consumidor a coletividade de pessoas ou coisas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.
e) Não se equiparam a consumidores as vítimas do acidente de consumo.

a) Errada. O texto do art. 2º estabelece com clareza que deve adquirir ou utilização com a
intenção de destinatário final. “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
b) Certa. Conforme estudamos, são equiparados a consumidores os dispostos no parágrafo
único do art. 2º; os do art. 17 e do art. 29.

Art. 2º […]
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pes-
soas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

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c) Errada. Como dito na letra “A” deve ter o intuíto de destinatário final.
d) Errada. Coisas não podem ser consumidores.
e) Errada. Em virtude do art. 17 (transcrito na justificativa da letra B”).
Letra b.

010. (INSTITUTO AOCP/TJ-MG/JUIZ LEIGO/2019) Quanto aos conceitos presentes no Códi-


go de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa correta.
a) Consumidor se restringe a toda pessoa física, que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
b) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que inter-
venha nas relações de consumo.
c) Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
exceto entes despersonalizados, que desenvolve atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de pro-
dutos ou prestação de serviços.
d) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito, securitária e as decorrentes das rela-
ções de caráter trabalhista.

a) Errada. Novamente está excluindo a pessoa jurídica que é expressamente apresentada pelo
art. 2º como consumidor.
b) Certa. Respaldado pelo parágrafo único do art. 2º.
c) Errada. De novo estão excluindo os entes despersonalizados que podem, sim, ser fornece-
dores segundo o art. 3º:

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, cons-
trução, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

d) Errada. As de natureza trabalhistas não estão incluídas. Art. 3º, § 2º do CDC.


Letra b.

011. (INSTITUTO AOCP/UFPB/TÉCNICO/ECONOMIA DOMÉSTICA/2019) Trata-se de toda


pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, constru-
ção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços. O enunciado refere-se ao

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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a) Poder Executivo.
b) Poder Legislativo.
c) Órgão de Proteção ao Crédito.
d) Consumidor.
e) Fornecedor.

A letra “E” é a opção correta, por se tratar da literalidade do art. 3º do CDC.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.
Letra e.

012. (FGV/BANESTES/ASSISTENTE SECURITÁRIO/ÁREA BANESTES CORRETORA/2018)


Além do conceito estrito de consumidor, ou seja, pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final, o Código de Defesa do Consumidor (Lei n.
8.078/1990) contempla a figura do consumidor por equiparação, que se verifica nos casos de:
a) (i) consumidor pessoa jurídica; (ii) coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo; (iii) vítimas de evento produzido pelo fato do pro-
duto e do serviço;
b) (i) coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações
de consumo; (ii) vítimas de evento produzido pelo fato do produto e do serviço; (iii) pessoas,
determináveis ou não, expostas às práticas comerciais previstas no Código;
c) (i) pessoa que retira o produto de circulação para transformálo e revendê-lo com lucro; (ii)
vítimas de evento produzido pelo fato do produto e do serviço; (iii) sociedades cooperativas;
d) (i) sociedades cooperativas; (ii) coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo; (iii) pessoa que retira o produto de circulação para
transformá-lo e revendê-lo com lucro;
e) (i) pessoa jurídica estrangeira; (ii) vítimas de evento produzido pelo fato do produto e
do serviço; (iii) pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais previstas
no Código.

São equiparados a consumidores os dispostos no parágrafo único do art. 2º; os do art. 17 e


do art. 29.

Art. 2º […]
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.

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Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pes-
soas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
Letra b.

013. (VUNESP/DAEM/PROCURADOR JURÍDICO/2019) Nos termos do Código de Defesa do


Consumidor, assinale a alternativa correta.
a) A coletividade de pessoas indetermináveis não se equiparam a consumidor, ainda que haja
intervindo nas relações de consumo.
b) Serviço é qualquer atividade prestada ou fornecida no mercado de consumo mediante re-
muneração, inclusive as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
c) Entes despersonalizados que realizem prestação de serviços não podem ser considerados
fornecedor.
d) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
exceto as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.
e) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

a) Errada. Equiparam-se, conforme o parágrafo único do art. 2º.


b) Errada. Não estão incluídas as atividades de caráter trabalhista. (Art. 3º, § 2º)
c) Errada. Entes despersonalizados podem ser fornecedores. (Art. 3º, caput)
d) Errada. O art. 3º, § 2º deixa claro que estão incluídas as atividades de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária.
e) Certa. Conforme o art. 2º.
Letra e.

014. (CESPE CEBRASPE/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2018) Determinada so-


ciedade por quotas de responsabilidade limitada compra peças de uma sociedade em comum
e as utiliza na montagem do produto que revende.
Considerando essa situação, julgue os itens a seguir, com base no Código de Defesa do Con-
sumidor (CDC) e nas normas de direito civil e empresarial.
Nessa relação entre as empresas, a sociedade limitada não se enquadra no conceito de con-
sumidora, conforme o CDC.

Algumas considerações devem ser feitas sobre esta questão.


O enunciado diz para levar com base o Código de Defesa do Consumidor e as normas de di-
reito civil e empresarial. Para o CDC:

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Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

Embora haja a divergência doutrinária acerca do que seria destinatário final, o conceito de
consumidor trazido pelo Código se adequa melhor a do caráter econômico, ou seja, consi-
derando apenas como destinatário final o consumidor que no mercado de consumo adquire
bens ou então contrata a prestação de serviços para dar sua finalidade econômica, pressu-
pondo-se que assim age em busca de atender uma necessidade própria, e não para o desen-
volvimento de uma atividade negocial.
O Código de Defesa do Consumidor, majoritariamente, adota a teoria finalista ou subjetiva
para definir o conceito de consumidor. Segundo a qual, não basta dar apenas uma destinação
fática, mas também é necessária uma destinação final econômica (não extrai nada economi-
camente do produto), consumidor seria o não profissional, aquele que adquire ou utiliza um
produto para uso próprio ou de sua família.
Recordado isto, e observando o caso narrado, há destinação fática para os produtos compra-
dos, porém, não há destinação econômica, uma vez que a sociedade, por quotas de respon-
sabilidade limitada, utiliza as peças na montagem de produto que revende, desta maneira não
está enquadrada no conceito de consumidor por esta teoria.
Portanto, o item está “Certo”.
Todavia, vale lembrar que o Superior Tribunal de Justiça relativizou a Teoria Finalista à Teoria
Finalista Mitigada, ou Teoria Finalista Aprofundada, que estabelece que havendo uma relação
de vulnerabilidade na relação de consumo, a parte vulnerável será, para todos os efeitos, con-
siderada consumidora.
Aplica-se a teoria finalista/subjetiva, como regra, mas o CDC também será aplicado, afastan-
do-se a teoria finalista, se houver uma relação de vulnerabilidade.
Por isto, tenha atenção ao que é pedido no enunciado, se é a letra seca da lei ou se de acordo
com a jurisprudência atual.
Certo.

015. (CESPE CEBRASPE/DPE/DEFENSOR PÚBLICO DE 1ª CLASSE/2017) A necessidade de


proteção dos destinatários finais dos produtos e serviços ofertados no mercado de consumo
abarca as pessoas humana e jurídica, com o objetivo de tutelar a vulnerabilidade e a hipos-
suficiência dos consumidores. A partir dessa informação, assinale a opção correta, a respeito
dos integrantes e do objeto da relação de consumo.
a) Aplica-se o CDC para a relação entre condômino e condomínio no que diz respeito à co-
brança de taxas, em decorrência da vulnerabilidade do condômino em relação ao condomínio.
b) Em circunstâncias específicas, pessoas que não firmaram qualquer contrato de consumo
podem ser equiparadas a consumidores, para fins de proteção.

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c) O conceito de fornecedor não abarca as pessoas jurídicas que atuam sem fins lucrativos,
com caráter beneficente ou filantrópico, ainda que elas desenvolvam, mediante remuneração,
atividades no mercado de consumo.
d) Com base na teoria finalista, a condição de destinatário final do produto não é requisito
essencial para a classificação da pessoa física ou jurídica como consumidora.
e) A teoria maximalista amplia sobremaneira o alcance da relação de consumo, mas não
abarca as pessoas jurídicas, devido ao fato de considerar que estas jamais se encontrarão em
situação de vulnerabilidade frente ao fornecedor.

a) Errada. Não há relação de consumo entre condômino e o condomínio.

CIVIL E PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. CONDOMÍNIO. TAXAS. OBRIGAÇÃO PROPTER REM.
INAPLICABILIDADE DO CDC. JUROS DE MORA. CONVENÇÃO.
1. Não é de consumo a relação existente entre condomínio e condômino relativa às despesas para
manutenção e conservação dos prédios e dos seus serviços, porquanto a obrigação do condômino
é propter rem e decorre da co-propriedade do prédio em relação aos demais condôminos.
2. Nas cotas condominiais vencidas sob a égide do Código Civil de 2002 incidem os juros morató-
rios convencionados, nos termos do art. 1.336, § 1º, do mencionado diploma.
3. Recurso provido.
(Acórdão 1106423, 20150710250129APC, Relator: MARIO-ZAM BELMIRO, 8ª TURMA CÍVEL, data
de julgamento: 28/6/2018, publicado no DJE: 3/7/2018. Pág.: 479/490)

b) Certa. Há três menções a consumidores equiparados no CDC: parágrafo único do art. 2º,
art. 17 e art. 29.
c) Errada. Se a pessoa jurídica desenvolve atividades, mediante remuneração, no mercado de
consumo, serão consideradas fornecedoras. (Art. 3º)
d) Errada. Ser destinatário final já é um pressuposto essencial para se qualificar como consu-
midor (art. 2º), ainda mais para a teoria finalista que compreende que este termo se refere a
dar uma destinação final ao produto ou serviço, sem aceitar outra destinação diversa.
e) Errada. A teoria maximalista abarca sim pessoas jurídicas, assim como a finalista, o que di-
fere é que na maximalista, a definição de consumidor é puramente objetiva, não interessando
a finalidade da aquisição ou do uso do produto ou serviço, suportando até objetivar o lucro.
Letra b.

016. (FCC/PROCON/FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR/2017) O consumidor por equipara-


ção é aquele para o qual o Código de Defesa do Consumidor estende sua proteção em razão da
a) potencial gravidade que pode assumir a difusão de um produto ou serviço no mercado.
b) colaboração prestada por este na aquisição do produto por terceira pessoa, este conhecido
como consumidor direto.

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c) aquisição direta do produto da mesma linha de produção, mesmo que o seu produto ainda
não tenha revelado risco.
d) relação de parentesco com o consumidor que sofreu o risco diretamente.
e) relação habitacional e que, mesmo não sendo o consumidor que adquiriu o produto ou ser-
viço, dele usufruiu em decorrência da coabitação.

Pessoas atingidas por falhas no produto ou na prestação de serviço, independentemente de


serem consumidoras diretas, são amparadas pelas normas de defesa do consumidor. A dou-
trina convencionou chamar de consumidor por equiparação, ou bystander, aquele que, embo-
ra não esteja na direta relação de consumo, pode ser atingido pelo evento danoso, equipara-
-se à figura de consumidor pelas normas dos arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 do CDC.
Letra a.

017. (IDIB/CREMERJ/ADVOGADO/2019) Com base na Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa do


Consumidor), assinale a alternativa correta:
a) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto de alguma for-
ma, independentemente de ser destinatário final do mesmo.
b) Produto é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.
c) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.
d) A pessoa física não pode ser considerada fornecedor de produto ou serviço.

a) Errada. para ser considerado consumidor deverá ser destinatário final, conforme o caput
do art. 2º.
b) Errada. a descrição é referente a serviço e não produto. Art. 3º, § 2º.
c) Certa. É o disposto no parágrafo único do art. 2º.
d) Errada. O fornecedor pode ser tanto pessoa jurídica quanto pessoa física. Art. 3º.
Letra c.

018. (FCC/PROCON/FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR/2017) A relação jurídica de con-


sumo possui três elementos, sendo estes o elemento subjetivo, o objetivo e o finalístico. São
eles, respectivamente:
a) o sujeito da relação de consumo, ou seja: o consumidor; o produto ou serviço; o desejo de
aquisição para uso próprio.
b) as partes envolvidas na relação: consumidor e fornecedor; o objeto sobre o qual recai a
relação, ou seja, o serviço, já que a relação não se faz presente quando falamos de produto; a

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utilização do serviço, não se aplicando a relação jurídica de consumo à aquisição de produto


como destinatário final.
c) as partes envolvidas na relação jurídica: consumidor e fornecedor; o objeto sobre o qual
recai a relação, ou seja, o produto, já que a relação não se faz presente quando tratamos sobre
utilização de serviço; a aquisição do produto como destinatário final, já que o serviço não é
voltado à destinação específica.
d) as partes envolvidas na relação jurídica: consumidor e fornecedor; o objeto sobre o qual
recai a relação, ou seja, o produto ou o serviço; a ideia de que o consumidor vai adquirir o pro-
duto ou serviço como destinatário final.
e) aquele que se sujeita às regras consumeristas, ou seja: o comerciante; o produto ou servi-
ço; o desejo de vender a terceiro o produto ou serviço que o comerciante fornece.

Conforme estudamos:

CONSUMIDOR

Aquisição ou utilização Destinatário final =


Pessoa física
de produtos ou finalidade pretendida com a
ou jurídica + serviços
+ aquisição do serviço ou produto
Subjetivo
Objetivo Teleológico

O teleológico também é chamado de finalístico.


Letra d.

019. (IADES/ARCON/TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS I/2018) A Lei Fe-


deral n. 8.078/1990, que instituiu o Código de Defesa do Consumidor (CDC), é considerada
uma legislação bastante avançada, e tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo. Com base nas disposições do CDC, assinale a alternativa correta.
a) A coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo, não pode ser equiparada como consumidor.
b) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
c) O bem imaterial não é considerado produto.
d) As atividades de natureza bancária e securitária estão excluídas da incidência do CDC, pois
não são consideradas serviços de consumo e são regulamentadas por leis especiais.
e) A pessoa jurídica estrangeira não pode ser considerada fornecedora de serviços.

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a) Errada. Está em desconformidade com o art. 2º, parágrafo único:

Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervin-
do nas relações de consumo.

b) Certa. Pois apresenta a literalidade do art. 2º, caput, do CDC.

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

c) Errada. Está em desacordo com o art. 3º, § 1º, do CDC, pois o bem imaterial está listado
como um bem que pode ser considerado produto.

Art. 3º […]
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

d) Errada. em razão de contrariar o disposto no art. 3º, § 2º, pois as atividades de natureza se-
curitárias e bancárias estão abrangidas pelo CDC, sendo consideradas serviços de consumo.

Art. 3º […]
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.

e) Errada. A redação do art. 3º, caput, admite que pessoa jurídica estrangeira possa ser con-
siderada fornecedora de serviços.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.
Letra b.

020. (FCC/PROCON/FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR/2017) Com relação ao tema a res-


ponsabilidade pelo fato ou defeito do produto, o Código de Defesa do Consumidor explicita
quem são os responsáveis pela reparação dos danos. Utilizou-se, para isso, de rol taxativo
dos responsáveis, sem se utilizar do termo fornecedor. Porém, fica explícita a existência de
três tipos de fornecedores. São eles:

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a) fornecedor aparente: assim entendido o importador de produto industrializado ou in natura;


fornecedor real: termo que compreende o fabricante, o produtor e o construtor; fornecedor in-
ferido: assim entendido como aquele que está na linha de produção até a chegada do produto
ou serviço ao consumidor.
b) fornecedor presumido: aquele que apõe seu nome ou marca no produto final; fornecedor
oculto: aquele que, mesmo não sendo citado, foi responsável pela fabricação; fornecedor in-
ferido: assim entendido o importador de produto industrializado ou in natura.
c) fornecedor real: termo que compreende o fabricante, o produtor e o construtor; fornecedor
presumido: assim entendido o importador de produto industrializado ou in natura; fornecedor
aparente: aquele que apõe seu nome ou marca no produto final.
d) fornecedor oculto: aquele que, mesmo não sendo citado, foi responsável pela fabricação;
fornecedor aparente: assim entendido como aquele que está na linha de produção até a che-
gada do produto ou serviço ao consumidor; fornecedor presumido: aquele que apõe seu nome
ou marca no produto final.
e) fornecedor inferido: assim entendido como aquele que está na linha de produção até a
chegada do produto ou serviço ao consumidor; fornecedor real: aquele que apõe seu nome ou
marca no produto final; fornecedor presumido: termo que compreende o fabricante, o produ-
tor e o construtor.

Embora o enunciado trate do tema a responsabilidade pelo fato ou defeito do produto, o qual
ainda não estudamos, todos os itens se referem às modalidades de fornecedor, que foram
tratadas nesta aula.
Deste modo, relembremos o que foi estudado:
a classificação que a doutrina e a jurisprudência têm aplicado ao conceito ampliado de for-
necedor, divido em o fornecedor real, o fornecedor presumido, o fornecedor equiparado e o
fornecedor aparente:
a) Fornecedor Real: pessoa física ou jurídica que participa efetivamente da realização e cria-
ção do produto, envolvendo o próprio fabricante, o produtor, o construtor.
b) Fornecedor Presumido: é aquele disciplinado pelo art. 13 do CDC (o comerciante).
c) Fornecedor Equiparado: todos os que intervirem na relação de consumo, mesmo que não
evidenciados na conceituação do art. 3º, se subordinam a ele em razão da natureza da ativi-
dade que desenvolvem.
d) Fornecedor Aparente: é aquele que se apresenta, embora não tenha participado do pro-
cesso de elaboração, como fabricante na colocação do seu nome, marca ou outro sinal de
identificação no produto fabricado por um terceiro.
a) Errada. O conceito de fornecedor aparente está errado, é a definição do presumido e não
existe a classificação de inferido.

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b) Errada. A definição do presumido está errada, foi trocada pelo do aparente, não existe for-
necedor oculto, nem inferido, sendo a definição dada a este último a do presumido.
c) Certa. De fato, o fornecedor real compreende o fabricante, o produtor e o construtor, por
fornecedor presumido é entendido o importador de produto industrializado ou in natura, e
fornecedor aparente é aquele que apõe seu nome ou marca no produto final.
d) Errada. Não existe fornecedor oculto, o aparente está com a definição errada, sendo esta
apresentada no item como fornecedor presumido.
e) Errada. Não existe fornecedor inferido, a definição dada ao real da questão é a do aparente,
e a do presumido é a do real.
Letra c.

021. (CESPE CEBRASPE/TRF 5/JUIZ SUBSTITUTO/2009) Considerando o CDC, assinale a op-


ção correta.
a) A habitualidade insere-se tanto no conceito de fornecedor de serviços quanto no de produ-
tos, para fins de incidência do CDC.
b) A relação jurídica locatícia é regida pelo CDC no que não contrariar a lei específica. Dessa
forma, as cláusulas consideradas iníquas e abusivas constantes do contrato de locação po-
dem ser revistas com base na legislação consumerista.
c) O pagamento de contribuição de melhoria, por estar adstrito à realização de obra pública,
insere-se no âmbito das relações de consumo.
d) O produto recebido gratuitamente, como brinde, em decorrência da celebração de contrato
de consumo, não é abrangido pelo CDC.
e) A abertura de conta poupança, por caracterizar-se como operação tipicamente bancária,
não está abrangida pela legislação consumerista.

a) Certa. O art. 3º do CDC estabelece que: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exporta-
ção, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”.
Portanto, para que haja a caracterização de fornecedor é necessária a habitualidade na pres-
tação do serviço ou produtos. Caso a atividade seja esporádica, não estará configurada a
relação de consumo.
b) Errada. Os contratos de locação não são considerados relações de consumo, confor-
me estudado:
A lei do inquilinato (Lei n. 8.245/1991) dispõe sobre a relação entre locador (dono do imóvel)
e locatário (usuário do bem), em regra, não há desigualdade entre as partes e a disciplina
é da lei específica. Entretanto, existindo a administração ou intermediação no contrato por
uma empresa imobiliária, passa a transparecer um serviço específico mediante remunera-

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ção que demanda a proteção da parte mais frágil da relação (o locatário), identificado como
consumidor.
c) Errada. A matéria deverá ser submetida ao Código Tributário Nacional e legislações corre-
latas. Lembre-se que estão excluídos da incidência do CDC os serviços públicos pelos quais
o cidadão tem acesso autônomo de pagamento específico, como a segurança pública.
No caso, a obra pública não se enquadra em um serviço que o cidadão tem acesso autônomo
mediante pagamento específico, assim, não se enquadra a aplicação do CDC.
d) Errada. Como vimos, a remuneração nem sempre é direta, sendo regido também as re-
lações em que aparentem ter sido gratuitas, mas o fornecedor é beneficiado indiretamente,
como exemplificamos no caso de estacionamento de supermercados ou no caso do e-mail
gratuito. Relembre também:
Há casos em que a “gratuidade” é uma função de uma estratégia de divulgação e marketing
do produto ou serviço. Comumente conhecidas, podemos citar, as ofertas de pague um, leve
dois ou a entrega de brindes ou sorteios de prêmios. Nestes casos, verifica-se uma remune-
ração indireta e, se houver lesão ao usuário, o CDC irá protegê-lo.
e) Errada. Trata-se de serviço amparado pelo art. 3º, § 2º: “Serviço é qualquer atividade for-
necida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”.
Estudamos especificamente a discussão acerca da poupança:
O entendimento a respeito da aplicação do CDC às instituições financeiras. Como um dos
principais argumentos avessos à consideração da instituição financeira como fornecedora
estava o relacionado aos depósitos em conta de poupança, pois como não se tratava de um
serviço remunerado, defendiam o afastamento da legislação consumerista.
Contudo, o STJ colocou fim à controvérsia com a Súmula 297, que diz: “O Código de Defesa
do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.” Ainda foi proposta ADIn perante o STF
alegando-se afronta ao art. 192 da CF que exige a utilização de lei complementar para tratar
de matéria relativa ao sistema financeiro. Porém, o STF decidiu que o CDC afetava somente a
relação entre correntistas e instituições financeiras, e não o sistema financeiro em si, não ha-
vendo, deste modo, a necessidade de lei complementar para normatizar o tema, confirmando
que o conceito de fornecedor pode ser estendido às instituições financeiras.
Letra a.

022. (IADES/BRB/ESCRITURÁRIO/2019/ADAPTADA) Conforme o Código de Defesa do Con-


sumidor, acerca da natureza, das regras e dos princípios que regem as relações de consumo
e dos direitos básicos do consumidor, daqueles(as) que integram as relações de consumo.
O Código de Defesa do Consumidor estabelece enunciados normativos de proteção e de
defesa do consumidor, enquadrados como de ordem privada e de interesse social.

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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CDC – Arts. 1º ao 3º
Cristano Sobral

Leia sempre com atenção os enunciados e o texto da alternativa.


O art. 1º do CDC diz: “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consu-
midor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V,
da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias”.
Já o texto da questão enquadra as normas como de ordem privada.
Errado.

023. (IADES/BRB/ESCRITURÁRIO/2019/ADAPTADA) Conforme o Código de Defesa do Con-


sumidor, acerca da natureza, das regras e dos princípios que regem as relações de consumo
e dos direitos básicos do consumidor, daqueles(as) que integram as relações de consumo.
Consumidor é toda pessoa humana que adquire ou utiliza produto ou serviço como destina-
tário final.

Conforme o art. 2º: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produ-
to ou serviço como destinatário final.” Ou seja, não necessita que seja uma pessoa humana,
pode ser uma pessoa jurídica também.
Errado.

024. (IADES/BRB/ESCRITURÁRIO/2019/ADAPTADA) Conforme o Código de Defesa do Con-


sumidor, acerca da natureza, das regras e dos princípios que regem as relações de consumo
e dos direitos básicos do consumidor, daqueles(as) que integram as relações de consumo.
Todo(a) aquele(a) que seja enquadrado(a) como consumidor(a) possui vulnerabilidade em
relação ao (à) fornecedor(a) nas relações de consumo.

O Código preza pela defesa do consumidor, o considerando a parte mais vulnerável da relação
de consumo.
Todavia, vale relembrar que vulnerável NÃO quer dizer hipossuficiente.
A vulnerabilidade é a condição de inferioridade e está vinculada ao direito material, enquanto
a hipossuficiência é a vulnerabilidade amplificada e está ligada ao direito processual.
Certo.

025. (VUNESP/CÂMARA DE MARILIA/PROCURADOR JURÍDICO/2016/ADAPTADA) Com base


nas disposições legais literais, expressas no Código de Defesa do Consumidor.
Para os fins de práticas comerciais, serão equiparados aos consumidores todas as pessoas,
determináveis ou não, expostas ou não às mesmas.

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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CDC – Arts. 1º ao 3º
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O art. 29 versa: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores
todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas”. Desta forma
somente as pessoas expostas se equiparam aos consumidores, e o enunciado disse que as
não expostas também seriam.
Errado.

026. (VUNESP/CÂMARA DE MARILIA/PROCURADOR JURÍDICO/2016/ADAPTADA) Com base


nas disposições legais literais, expressas no Código de Defesa do Consumidor.
Para os efeitos da caracterização da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, equi-
param-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

Conforme o art. 17: “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as
vítimas do evento”.
Lembrando que a Seção que trata o texto do artigo se refere a de Responsabilidade pelo Fato
do Produto e do Serviço.
Certo.

027. (VUNESP/CÂMARA DE MARILIA/PROCURADOR JURÍDICO/2016/ADAPTADA) Com base


nas disposições legais literais, expressas no Código de Defesa do Consumidor.
O vendedor ambulante não pode ser considerado consumidor quando adquire ou utiliza pro-
duto como destinatário final.

Se ele está utilizando como destinatário final não resta dúvidas de que ele é um consumidor
nesta relação. (Art. 2º)
Errado.

028. (VUNESP/CÂMARA DE MARILIA/PROCURADOR JURÍDICO/2016/ADAPTADA) Com base


nas disposições legais literais, expressas no Código de Defesa do Consumidor.
O Município pode ser considerado fornecedor quando prestar serviços de saúde, gratuita-
mente, à população.

Como o Município está fornecendo este serviço sem remuneração não se enquadra como
fornecedor.

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CDC – Arts. 1º ao 3º
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Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.

Lembre-se do visto em aula:


Especialmente a doutrina tem entendido que apenas os serviços públicos oferecidos aos con-
sumidores por intermédio de remuneração específica e de modo individualizado podem ser
tratados à luz do CDC.
Errado.

029. (CESPE CEBRASPE/TJDFT/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2015/ADAPTADA) De acordo


com as regras e os princípios previstos no CDC e com a jurisprudência do STJ:
( ) O CDC deve ser compreendido como um microssistema de função social que tem a finali-
dade de proteger a parte vulnerável de uma relação jurídica e que é integralmente constituído
por normas de direito público.

O art. 1º do CDC dispõe: “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do con-
sumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso
V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.” No enunciado diz a
parte vulnerável de uma relação jurídica, no entanto, é na relação de consumo.
Errado.

030. (FCC/DPE/DEFENSOR PÚBLICO/2018/ADAPTADA) De acordo com a jurisprudência con-


solidada do Superior Tribunal de Justiça em matéria de Direito do Consumidor:
O STJ admite a mitigação da teoria finalista para autorizar a incidência do Código de Defesa
do Consumidor − CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), apesar de não
ser destinatária final do produto ou serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade.

É a chamada Teoria Finalista Mitigada. Conforme vimos nas aulas, ela vem sido aceita e apli-
cada pelo STJ.

Processual civil. Agravo interno no recurso especial. Ação de rescisão contratual cumulada com
indenização por danos materiais e compensação por danos morais. Promessa de compra e venda.
Empreendimento hoteleiro. Atraso na entrega das unidades. Código de defesa do consumidor. Apli-
cabilidade. Investidor. Teoria finalista mitigada. Vulnerabilidade. Aferição. Necessidade.

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1. Ação de rescisão contratual cumulada com indenização por danos materiais e compensação por
danos morais em razão de atraso na entrega de unidades de empreendimento hoteleiro objeto de
promessa de compra e venda.
2. O adquirente de unidade imobiliária, mesmo não sendo o destinatário final do bem, poderá en-
contrar abrigo na legislação consumerista com base na teoria finalista mitigada se tiver agido de
boa-fé e não detiver conhecimentos de mercado imobiliário nem expertise em incorporação, cons-
trução e venda de imóveis, sendo evidente sua vulnerabilidade. Precedentes.
3. Agravo interno no recurso especial não provido.
(AgInt no REsp 1865765/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 21-09-2020,
DJe 24/09/2020)
Certo.

031. Podemos falar em relação de consumo quando presentes os seguintes elementos:


a) Subjetivos: considerados o consumidor e o fornecedor. O consumidor é toda pessoa física
ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, intitulado tam-
bém standard, stricto sensu ou padrão. E também temos os consumidores equiparados ou por
equiparação que caracterizados pela a coletividade de pessoas, as vítimas do evento danoso
(vítimas bystanders) e aquele exposto às práticas comerciais. O fornecedor como sendo pes-
soa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes desper-
sonalizados. E compõe ainda a relação de consumo os elementos objetivos, que se referem
à prestação em si, isto é, ao produto e ao serviço. No que tange ao produto, é qualquer bem,
móvel ou imóvel, material ou imaterial, quanto ao serviço, é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
b) Os elementos subjetivos considerados o consumidor e o fornecedor. O consumidor é so-
mente pessoa a física que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final ou
como intermediário, intitulado também standard, stricto sensu ou padrão. E também temos os
consumidores equiparados ou por equiparação que caracterizados pela a coletividade de pes-
soas, as vítimas do evento danoso (vítimas bystanders) e aquele exposto às práticas comer-
ciais. O fornecedor como sendo pessoa jurídica privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados. E compõe ainda a relação de consumo os elementos objetivos,
que se referem à prestação em si, isto é, ao produto e ao serviço. No que tange ao produto, é
qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, quanto ao serviço, é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
c) Os elementos subjetivos considerados o consumidor e o fornecedor. O consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final,
intitulado também standard, stricto sensu ou padrão. E também temos os consumidores equi-
parados ou por equiparação que caracterizados pela a coletividade de pessoas, as vítimas do
evento danoso (vítimas bystanders) e aquele exposto às práticas comerciais. O fornecedor
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como sendo pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem exceto
os entes despersonalizados. E compõe ainda a relação de consumo os elementos objetivos,
que se referem à prestação em si, isto é, ao produto e ao serviço. No que tange ao produto, é
qualquer bem, móvel ou imóvel, material, quanto ao serviço, é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, com ou sem remuneração , inclusive as de natureza bancária, financeira,
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
d) Os elementos subjetivos considerados o consumidor e o fornecedor. O consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final,
intitulado também standard, stricto sensu ou padrão. E também temos os consumidores equi-
parados ou por equiparação que caracterizados pela a coletividade de pessoas, as vítimas do
evento danoso (vítimas bystanders) e aquele exposto às práticas comerciais. O fornecedor
como sendo pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados. E compõe ainda a relação de consumo os elementos objetivos,
que se referem à prestação em si, isto é, ao produto e ao serviço. No que tange ao produto, é
qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, quanto ao serviço, é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, incluindo aquelas decorrentes das relações de caráter tra-
balhista.
e) Os elementos subjetivos considerados o consumidor e o fornecedor. O consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final,
intitulado também standard, stricto sensu ou padrão. E também temos os consumidores equi-
parados ou por equiparação que caracterizados pela a coletividade de pessoas, as vítimas do
evento danoso (vítimas bystanders) e excluídas aqueles expostos às práticas comerciais. O
fornecedor como sendo pessoa física ou jurídica, pública ou privada, apenas nacional, bem
como os entes despersonalizados. E compõe ainda a relação de consumo os elementos objeti-
vos, que se referem à prestação em si, isto é, ao produto e ao serviço. No que tange ao produto,
é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, quanto ao serviço, é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

a) Certa. Os elementos subjetivos considerados o consumidor e o fornecedor. O consumidor


é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final, intitulado também standard, stricto sensu ou padrão, conforme o art. 2º, caput, do CDC.
E também temos os consumidores equiparados ou por equiparação que caracterizados pela
a coletividade de pessoas (art. 2º, § único, CDC) as vítimas do evento danoso (vítimas bys-
tanders) (art. 17, CDC) e aquele exposto às práticas comerciais (art. 29, CDC). O fornecedor
como sendo pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, de acordo com o art. 3º, caput, 1ª parte, do CDC. E compõe ainda
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a relação de consumo os elementos objetivos, que se referem à prestação em si, isto é, ao


produto e ao serviço. No que tange ao produto, de acordo com o art. 3º, § 1º, CDC, é qualquer
bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, quanto ao serviço, com base no art. 3º, § 2º, CDC,
é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as
de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista. Correta, portanto, a assertiva de letra A.
b) Errada. A assertiva de letra B está errada, pois é considerada consumidora consumidor pes-
soa física OU JURÍDICA que adquire ou utiliza produto ou serviço como DESTINATÁRIO FINAL
e não como intermediário. No que se refere ao fornecedor, será considerada como tal a pessoa
FÍSICA ou jurídica, PÚBLICA OU privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes desper-
sonalizados.
c) Errada. A alternativa de letra C está errada, pois considera-se fornecedor os entes desper-
sonalizados e, é tido como produto, qualquer bem, móvel ou imóvel, material OU IMATERIAL.
Quanto ao quanto ao serviço, é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, COM
remuneração, seja ela direta ou indireta.
d) Errada. A alternativa D está incorreta, pois o serviço caracteriza-se por ser qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, EXCETO aquelas decorrentes das relações de caráter traba-
lhista. A assertiva de letra E está errada, pois compreendem os consumidores equiparados ou
por equiparação a coletividade de pessoas, as vítimas do evento danoso (vítimas bystanders)
e AQUELES EXPOSTOS ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS. Quanto ao fornecedor, será pessoa física
ou jurídica, pública ou privada, nacional OU ESTRANGEIRA.
Letra a.

032. De acordo com a jurisprudência sobre as relações de consumo e seus elementos estão
corretas as seguintes assertivas, EXCETO:
I – Reconhece-se a existência de relação de consumo apenas quando ocorre destinação final
do produto ou serviço, e não na hipótese em que estes são alocados na prática de outra ativi-
dade produtiva.
II - Aquele que exerce empresa assume a condição de consumidor dos bens e serviços que
adquire ou utiliza como destinatário final, isto é, quando o bem ou serviço, ainda que venha a
compor o estabelecimento empresarial, não integre diretamente – por meio de transformação,
montagem, beneficiamento ou revenda – o produto ou serviço que venha a ser ofertado a ter-
ceiros.
III- O conceito legal do art. 3º do CDC abrange também a figura do fornecedor aparente, com-
preendendo aquele que, embora não tendo participado diretamente do processo de fabricação,
apresenta-se como tal por ostentar nome, marca ou outro sinal de identificação em comum

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CDC – Arts. 1º ao 3º
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com o bem que foi fabricado por um terceiro, assumindo a posição de real fabricante do pro-
duto perante o mercado consumidor.
a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) Todas as assertivas estão corretas.

Os itens I e II estão corretos. Com base na jurisprudência atual do STJ “reconhece a existência
de relação de consumo apenas quando ocorre destinação final do produto ou serviço, e não
na hipótese em que estes são alocados na prática de outra atividade produtiva” e “Aquele que
exerce empresa assume a condição de consumidor dos bens e serviços que adquire ou utiliza
como destinatário final, isto é, quando o bem ou serviço, ainda que venha a compor o esta-
belecimento empresarial, não integre diretamente – por meio de transformação, montagem,
beneficiamento ou revenda – o produto ou serviço que venha a ser ofertado a terceiros. “ (CC
64.524/MT).
O item III está correto, trata-se de conceito ampliado do fornecedor, adotado pela doutrina e
jurisprudência: “o fornecedor aparente compreende aquele que, embora não tendo participa-
do do processo de fabricação, apresenta-se como tal pela colocação do seu nome, marca ou
outro sinal de identificação no produto que foi fabricado por um terceiro” (REsp 1580432/SP).
De acordo com o exposto, todas as assertivas estão corretas. Gabarito é a assertiva de letra E.
Letra e.

033. De acordo com a jurisprudência e doutrina, sobre a Teoria Finalista Mitigada ou Aprofun-
dada é correto afirmar que:
a) Trata-se de corrente doutrinária em que o consumidor é o destinatário final fático, isto é,
uma pessoa que adquire o produto ou utiliza o serviço, desconsiderando se eles serão utiliza-
dos no desenvolvimento de uma atividade econômica ou não. Em síntese, não é relevante se o
consumidor fará uso particular ou profissional do bem.
b) Esta corrente defende que o conceito de destinatário final significa que o consumidor valer-
-se-á do produto ou serviço para fins pessoais.
c) Tal corrente admite que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um
produto ou serviço possa ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente
ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das
relações de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabi-
lidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma
das partes frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora

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da aplicação do CDC, mitigando os rigores da teoria finalista e autorizando a equiparação da


pessoa jurídica compradora à condição de consumidora.
d) A determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, numa exegese restritiva do
art. 2º do CDC, considerar destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico
do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da proteção
do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as
cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo
bem ou serviço.
e) Aplica-se a Teoria do Finalismo Aprofundado somente às hipóteses de vulnerabilidade: téc-
nica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo),
jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação
de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psico-
lógica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor).

a) Errada. A assertiva de letra A está errada, pois trata-se da definição da Teoria Maximalista
ou Objetiva.
b) Errada. A assertiva de letra B está errada, trata-se da definição da Teoria Finalista ou Subje-
tiva.
c) Certa. A assertiva de letra C traz o conceito da Teoria Finalista Mitigada ou Aprofundada,
conforme observado no REsp 1.195.642/RJ.
d) Errada. A letra D traz o conceito da Teoria Finalista.
e) Errada. E por fim, está errada a assertiva de letra E, tendo em vista que além das três mo-
dalidades de vulnerabilidades apresentadas tradicionalmente pela doutrina, compreendidas a
técnica, a jurídica e a fática, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional que diz
respeito aos dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no pro-
cesso decisório de compra. Além disso, o caso concreto poderá apresentar novas formas de
vulnerabilidade.
Letra c.

034. Sobre aplicabilidade da lei consumerista é INCORRETO afirmar:


a) Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados entre empre-
sários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se de insumos para sua atividade
de produção, comércio ou prestação de serviços.
b) Aplica-se o CDC à relação entre a seguradora e a concessionária de veículos que firmam
seguro empresarial visando à proteção do patrimônio desta (destinação pessoal) – ainda que
com o intuito de resguardar veículos utilizados em sua atividade comercial –, desde que o se-
guro não integre os produtos ou serviços oferecidos por esta.

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c) Não há relação de consumo entre a instituição financeira e a pessoa jurídica que busca
financiamento bancário ou aplicação financeira para ampliar o capital giro ou fomentar ativi-
dade produtiva.
d) Não é possível a aplicação do CDC à relação entre proprietário de imóvel e a imobiliária
contratada por ele para administrar o bem. Isso porque o proprietário do imóvel não é, de fato,
destinatário final fático nem econômico do serviço prestado.
e) O adquirente de unidade imobiliária, mesmo não sendo o destinatário final do bem, poderá
encontrar abrigo na legislação consumerista com base na teoria finalista mitigada se tiver agi-
do de boa-fé e não detiver conhecimentos de mercado imobiliário nem expertise em incorpora-
ção, construção e venda de imóveis, sendo evidente sua vulnerabilidade.

a) Certa. A assertiva de letra A está certa, trata-se de disposição do Enunciado n. 20, aprovado
na I Jornada de Direito Comercial.
b) Certa. A assertiva de letra B está correta, com fundamento no entendimento do STJ no REsp
1.352.419-SP (Informativo n. 548).
c) Certa. Com base nos seguintes precedentes do STJ: AgInt no REsp 1667374/MA; AgInt no
AREsp 555083/SP; AgInt no AREsp 1331871/SC; AgRg no REsp 1351745/SP; AREsp 1713730/
DF; AREsp 1441048/SP,.
d) Errada. A letra D está errada tendo em vista o entendimento jurisprudencial do STJ sobre
ser possível a aplicação do CDC aos contratos de administração imobiliária, conforme REsp
509.304/PR (Informativo n. 523).
e) Certa. E por fim, está correta a assertiva de letra E, conforme entendimento do STJ no AgInt
no REsp 1865765/RJ.
Letra d.

035. De acordo com o entendimento sumular do STJ, é correto afirmar:


a) O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável às instituições financeiras.
b) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades fechadas de previdência com-
plementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades abertas.
c) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais pro-
movidos pelas sociedades cooperativas.
d) Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, inclusive os
administrados por entidades de autogestão.
e) Nos contratos bancários anteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa
moratória nele prevista.

a) Errada. A assertiva de letra A está incorreta, em desacordo com a Súmula n. 297, do STJ.

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b) Errada. A assertiva de letra B está incorreta, pois inverteu o entendimento da Súmula n. 563
do STJ.
c) Certa. A assertiva de letra C, repete o teor da Súmula n. 602, do STJ.
d) Errada. A letra D está errada tendo em vista a redação da Súmula n. 608, do STJ.
e) Errada. E por fim, está incorreta a assertiva de letra E, conforme a Súmula n. 285 do STJ.
Letra c.

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GABARITO
1. a 13. e 25. E
2. c 14. C 26. C
3. a 15. b 27. E
4. c 16. a 28. E
5. c 17. c 29. E
6. b 18. d 30. C
7. c 19. b 31. a
8. c 20. c 32. e
9. b 21. a 33. c
10. b 22. E 34. d
11. e 23. E 35. c
12. b 24. C

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Cristiano Sobral
Advogado. Doutor em Direito. Autor de obras jurídicas. Professor de cursinhos para concurso.

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