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CRIAÇÃO DE VALOR
1.1 Noção da criação de valor
Na literatura econômica, e principalmente empresarial, o objetivo de uma empresa tem sido, desde sua
origem, a busca pelo máximo lucro possível. A teoria da empresa desenvolveu essa ideia e indica que é
a criação de valor, o fator a ter em conta na hora de desenhar um plano de negócios e na
operacionalização de uma atividade.
A tendência mais difundida leva em consideração o lucro obtido. Mas, deve-se notar, requer
necessariamente aqueles custos em que a empresa incorreu para alcançá-lo. Logicamente, se os
resultados obtidos são quantitativamente superiores aos recursos utilizados na atividade econômica,
diremos que houve criação de valor. Nesse sentido, é freqüentemente referido como *o Princípio
Fundamental do Valor Econômico -Agregado ou EVA. Ou seja, uma medida que é igual ao lucro
operacional líquido de uma empresa, menos o custo de todo o capital necessário para produzir essa
receita.
2. MODELO DE GESTÃO BASEADA EM VALOR
A gestão das empresas vem revelando importantes avanços em sua forma de atuação, saindo de uma
postura convencional de busca do lucro e rentabilidade para um enfoque preferencialmente voltado à
riqueza dos acionistas. No mundo globalizado, torna-se cada vez mais difícil às organizações viabilizar
economicamente seus investimentos através de decisões direcionadas ao aumento de preços e de
participação de mercado, conforme consagradas por longo tempo no passado.
O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras estratégias financeiras e novas medidas do
sucesso empresarial, todas elas voltadas à agregação de riqueza aos seus proprietários. Criar valor para
uma empresa ultrapassa o objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas vendas. Incorpora a
remuneração dos custos implícitos (custo de oportunidade do capital próprio investido), não cotejados
pela contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos de resultados, e consequentemente a
quantificação da riqueza dos acionistas.
Essa visualização da moderna gestão das empresas, voltada à criação de valor aos seus proprietários,
passa a exigir uma atuação mais destacada e sofisticada da Contabilidade, devendo cobrir as
necessidades de informações dos vários agentes de mercado. Em verdade, a Contabilidade como
ciência demonstra enorme potencial de seus instrumentos e modelos teóricos em atender as
qualificadas exigências do mercado globalizado, necessitando, no entanto, que seus profissionais
tenham melhor interpretação do atual contexto dos negócios. O mundo globalizado promoveu
relevantes mudanças na gestão dos negócios, e o conceito de crise está, em sua maior parte, em não se
compreender as novas tendências e regras de mercado.
Apesar de derivar de um conceito bastante antigo, a busca de valor para os acionistas constitui-se
no objetivo fundamental da empresa moderna. Diversas razões podem explicar esse comportamento
como:
a. a abertura de mercado demonstrou, para inúmeros executivos, que os preços são estabelecidos
pela interação de oferta e demanda dos agentes econômicos, e não unicamente do ponto de
vista da empresa. É o mercado que avalia os investimentos empresariais, cabendo à unidade
decisória a responsabilidade de ser eficiente em suas decisões, selecionando as melhores
estratégias financeiras que adicionam riqueza aos acionistas;
c. o mercado competitivo atual deixa espaço somente para empresas eficientes, que se mostram
capazes de agregar valor em suas decisões. A melhor medida do sucesso empresarial em mercado
competitivo é a criação de valor aos seus proprietários. O lucro somente garante a continuidade de
um empreendimento se conseguir, pelo menos, igualar-se ao custo de oportunidade do capital
investido;
d. o desenvolvimento profissional dos modernos executivos, e a própria preservação de seus
postos de trabalho, passam necessariamente pelo atendimento das expectativas dos acionistas de
maximização do valor de mercado da empresa.
1. Desenvolver uma medida econômica de valor que possa revelar o valor criado ou destruído
para os acionistas. A medida mais adequada é o “valor econômico agregado”, resultado apurado
pela empresa em excesso ao seu custo de capital.
2. Utilizar a medida de criação de valor em toda a organização.
3. Criar mecanismos de incentivos aos vários agentes da empresa, premiando aqueles que
atuaram na criação de valor.
4. Desenvolver e utilizar direcionadores de valor (value drivers) em todos os níveis
organizacionais e para todo o processo de avaliação e tomada de decisões.
5. Buscar metas e estratégias corporativas que levem à criação de valor para os acionistas.
6. Esclarecer e disseminar o conceito de valor para toda a empresa, criando uma nova cultura de
gestão.
3. LUCRO ECONÓMICO
3.1. Conceito
O conceito de Lucro Económico pode ser bem entendido quando relacionado ao conceito de Lucro
Contábel. Este mais disseminado entre as empresas, tem como principal função fornecer
informações a públicos externos, como os órgãos responsáveis pelos recolhimentos dos
tributos. Trata-se de uma visão objetiva, que olha o resultado passado e presente.
Apesar disso, não se podem olhar o lucro contábil apenas como uma obrigação, já que vai muito além
disso. Isso porque ele é fundamental para que o gestor saiba se o negócio está, em determinado
período, operando no prejuízo ou tendo bons resultados.
Agora o lucro econômico enxerga o presente e oferece uma visão de futuro dos números,
fornecendo informações essenciais ao público externo e, principalmente, ao interno. Isso porque
ele considera aspectos subjetivos e possibilita uma análise sobre a rentabilidade do patrimônio líquido
da empresa, por exemplo. Isso porque envolve números que, em geral, não possuem vínculos com o
fisco. São criadas, assim, melhores condições para a tomada de decisão.
Calcular o lucro econômico é uma maneira de ver se o negócio realmente é vantajoso, comparando as
opções e identificando se elas oferecem rendimentos maiores ou menores. Para um possível Investidor,
por exemplo, essa informação é primordial e o ajudará a decidir se realiza ou não o aporte financeiro.
Para melhor compreensão, vejamos um exemplo: uma empresa pode ter um lucro contábil positivo de
100.000,00mts por mês e um lucro econômico negativo de 135.000,00mts. Olhando de forma objetiva,
há motivo para comemorar, pois as receitas superaram os gastos. No entanto, considerando a realidade
do mercado e outras opções de investimento, o negócio vive uma ilusão.
De forma prática, podemos dizer que só é possível afirmar se a empresa está tendo ou não lucro
econômico se olharmos o contábil. Um empresário que visualizou o potencial de um negócio só vai
conseguir saber se estava realmente certo ao longo dos meses, quando começar a descontar das receitas
todos os gastos e ver se há algum ganho.
3.2 Cálculo do Lucro Econômico e Contábil
O cálculo do lucro contábil é relativamente simples, já que é a diferença entre a receita total que a
empresa obteve durante um período e os gastos explícitos. De forma prática, é o que sobra se
descontarmos todos os gastos. Esse formato é muito utilizado pelos contadores.
Enquanto que, o lucro econômico, adotado pelos economistas, é a diferença entre a receita e o gasto
total do negócio, que inclui os custos e as despesas explícitas e o custo de oportunidade, que é
implícito e não entra na contabilidade.
O cálculo do lucro contábil e do lucro econômico fica assim:
E na venda da empresa, precisa decidir o que fazer com o capital de 1.5 milhão de meticais. Ele tem
três opções: 1. abrir um novo negócio,2. tornar-se investidor-star ou 3. aplicar o dinheiro em um fundo
imobiliário. Para decidir, ele vai levar em consideração os objetivos, os ganhos e as perdas de cada
opção, calculando, assim, o custo de oportunidade. No 1, terá retorno médio mensal de 34 mil meticais,
no 2 estará realizando os rendimentos de 48 mil meticais e no 3 o retorno de 43 mil meticais. Assim,
emtermo de custo de oportunidade nesse caso é de 48 mil meticais, porque é o maior valor entre as
alternativas que o empresário tinha para escolher.
4.1 Noção
Como distacamos na criação de valor, o Valor Econômico Agregado (EVA) ou Economic Value
Added é o lucro econômico de uma empresa em determinado período. Ele mede o desempenho
financeiro da empresa e é calculado deduzindo o custo do capital investido do seu lucro operacional.
Por trás do conceito do EVA temos a ideia de que qualquer investimento só faz sentido quando gera o
maior retorno possível, sobre o capital investido, para os seus acionistas. Ou seja, para que uma
empresa se torne atraente para os investidores, é preciso que ela ofereça uma taxa de retorno acima do
seu custo de capital.
E se engana quem pensa que isso é algo novo. No início dos anos 90, o EVA foi amplamente divulgado
pela consultoria Stern Stewart & Co, de New York, com o objetivo de fornecer informações que até
então não eram facilmente mensuráveis pelos investidores.
4.2 Importância do EVA
Para que uma empresa possa ser avaliada quanto às suas operações, e assim poder agir estrategicamente
é de suma importância o uso de indicadores de desempenho econômico.
Muitos indicadores são utilizados com esse intuito, é o caso do Lucro Operacional e o NOPAT. No
entanto, apesar desses indicadores serem muito importantes na avaliação de qualquer negócio, eles não
traduzem a geração de riqueza para o acionista.
Nesse sentido, o EVA vem suprir essa lacuna já que leva em consideração a remuneração mínima
esperada pelo acionista para determinado empreendimento. O EVA é um importante indicador
operacional dos projetos da empresa e serve como um reflexo da sua própria administração.
Quando uma empresa incorpora o conceito do EVA começa a ser mais seletiva em relação aos seus
investimentos, porque entende que gastos desnecessários podem diminuir o lucro líquido e
consequentemente o valor do EVA.
Ehrbar (1999) defende que o Valor Econômico Agregado, ao oferecer único foco, permite que todas as
decisões sejam tratadas em termos exatamente iguais, observando a riqueza incremental que
determinada ação criará ou destruirá.
Esse indicador ajuda os gestores a analisar o desempenho de cada atividade e assim, priorizar as que se
mostram mais eficientes. .
Por outro lado, um número negativo indicaria que o capital investido no projeto não está sendo
remunerado a uma taxa mínima que compense o risco envolvido no negócio.
4.5 Limitações do EVA
Mesmo sendo um indicador bastante utilizado, o EVA apresenta algumas limitações. Como o cálculo
do valor econômico adicionado é relativo, o indicador pode ser aplicado apenas dentro do período
medido.
Por isso, ele não pode ser utilizado como preditivo de desempenho futuro, especialmente para empresas
em meio a reorganização ou prestes a fazer grandes investimentos de capital. Além disso, as distorções
de acumulação ainda podem afetar a medida, particularmente quando se trata de diferenças de
depreciação e amortização.
Ao mesmo tempo, por depender muito do capital investido, o analisar o EVA de um negócio só faz
sentido, para atividades de produção intensiva, que transformam insumos e matéria prima em produtos
e bens de consumo.
Dessa forma, o Economic Value Added é mais útil para fabricantes de automóveis, por exemplo, do
que empresas de software ou empresas de serviços com muitos ativos intangíveis.
5. CUSTO DE OPORTUNIDADE
6. CUSTO DE CAPITAL
6.1 Conceito
Naturalmente, as empresas obtêm financiamento para os seus investimentos com base nos
acionistas e credores. A empresa se financia por capital próprio ao emitir ações e por capital de
terceiros ao emitir dívida (Empréstimos e Financiamentos de Curto e Longo Prazo). Acionistas e
Credores financiam a empresa esperando obter retorno sobre o capital investido.
Com os recursos captados, a empresa investe em atividades que possuem riscos diversos. Isso implica
que os fluxos de caixa da empresa vão variar ao longo do tempo. Logo, existe incerteza na previsão dos
fluxos que estão em um futuro distante.
Sabendo que existe risco, o acionista que investe em ações e financia a empresa, exigiria, em retorno,
um prêmio pelo risco de investir em ações. Afinal, se existe um maior risco, é natural que seja exigido
um maior retorno – primeira lição importanteno no mercado de capitais. O agregado do retorno exigido
pelos diversos acionistas é chamado de custo do capital próprio.
Da mesma forma, os credores da empresa também exigem um prêmio por financiar a empresa.
Afinal, mesmo que a empresa pague os juros da dívida, existe a possibilidade de que ela não consiga
pagá-los sempre ou que passe por falência. O retorno esperado que os credores esperam obter em seus
investimentos inclui um prêmio pelo risco de inadimplência. O agregado do retorno exigido pelos
diversos credores é chamado de custo da dívida ou custo do capital de terceiros.
Se considerarmos todo o financiamento assumido pela empresa, ou seja, o custo do capital próprio e o
custo da dívida, o custo total para a empresa obter financiamento será um mix dos dois custos. Esse
custo é chamado de custo médio ponderado de capital (ou Weighted Average Cost of Capital, da sigla
WACC).
WACC=(Ke x WPL) + (Ki x WP) X (1-t) onde:
Ke-custo de oportunidade do capital próprio
WPL-proporção do capital próprio
Ki-custo de oportunidade de capital de terceiros
WP-proporção do capital de terceiros
t-impostos
Por exemplo: O custo do capital próprio da empresa PACK é de 15% e o custo de capital de terceiros é
de 20%. Na estrutura de capital os pesos são, respectivamente 75% e 25%. Fazendo a média ponderada,
temos o resultado do Custo Médio Ponderado de Capital:
CMPC OU WACC= (15*0,75) + (20*0,25) = 16,25%.
Isso significa dizer que o retorno mínimo que a empresa PACK deve dar para ser atrativa aos
investidores é de 16,25%.
O exemplo acima é simples e serve para ilustrar a importância de serem feitas todas as análises
possíveis antes de iniciar novos investimentos.
É Importante ter em mente que a utilização de Capital Próprio e Capital de Terceiros requer uma série
de análises que varia de empresa para empresa. A maioria utiliza uma combinação de Capital
Próprio com Capital de Terceiros.
Onde:
o K = custo de capital
o J = juros
o d = dividendos
o cp = capital próprio
o ct = capital de terceiros
Falando especificamente dos dois tipos de capitais abordados neste artigo, vamos dar uma olhada nas
fórmulas separadamente:
Custo de capital próprio (Kp):
Sendo:
o Kp = custo de capital próprio
o d = dividendos
o cp = capital próprio
Custo de capital de terceiros (Kt):
Em que:
o Kt = custo de capital de terceiros
o J = juros
o C = capital de terceiros
Lembrando que o custo de capital de terceiros deve, na teoria, ser menor que o custo do capital
próprio.