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Imagens visuais
em livros didáticos
de História
A
s imagens visuais - ou as chamadas veículos de comunicação como jornais e revistas.
“ilustrações”- presentes nos manuais Em suas palavras:
didáticos têm sido lidas de diferentes
maneiras, historicamente datadas, na relação di- É assim que Gisele Freund denuncia a falta
reta com diferentes práticas pedagógicas e cul- de “objetividade” da imagem fotográfica: “A
turais. Contudo, de uma maneira geral, hoje as objetividade da imagem não passa de uma
iconografias dos livros didáticos aparecem asso- ilusão. As legendas que comentam podem
ciadas a um texto escrito que procura criar uma mudar totalmente seu significado”. E para
afirmação verbal identificadora da informação demonstrar a exatidão de sua opinião, for-
não verbal. Para o saber editorial, na contempo- nece vários exemplos obtidos de sua própria
raneidade, os textos escritos, quando associados à experiência jornalística. É interessante ana-
imagem visual, têm a função de limitar ou dirigir lisá-los de maneira mais detalhada: “Antes
o ato de leitura para uma dada interpretação so- da guerra, a venda e compra de títulos da
bre as iconografias. Em nossos estudos sobre os Bolsa de Paris aconteciam ao ar livre, sob as
livros didáticos produzidos no Brasil, sobretudo, arcadas. Um dia, eu tirava uma série de fo-
no período de 1970 a 2000, percebemos que esta tos, tendo como alvo um agente de câmbio.
forma escolar e editorial de apresentação dos con- Ora sorrindo, ora com expressão angustia-
teúdos foi sendo construída historicamente na da, enxugando o rosto redondo, exortava as
relação com as culturas escolares e os diferentes pessoas com amplos gestos. Mandei essas
saberes relacionados à produção e à recepção de fotos a vários jornais ilustrados europeus
veículos de informação impressa. [Ver Fig. 1] sob o inofensivo título: Instantâneos da
A imagem visual é entendida na contempo- Bolsa de Paris. Algum tempo mais tarde,
raneidade, também, como ilustração nos diferen- recebi recortes de um jornal belga, e qual
tes tipos de impressos. Schaeffer (1996), em seu não foi minha surpresa ao ver minhas fo-
livro “A imagem precária”, apresenta o depoimen- tos em uma manchete que dizia: Alta na
to da fotógrafa Gisele Freund para explicar como Bolsa de Paris, as ações alcançam preços
os textos escritos têm poder para direcionar os fabulosos. Graças aos subtítulos ardilosos,
sentidos de interpretação das imagens visuais em minha inocente reportagem passava a ter
Figura 1
Figura 2
no âmbito das ciências, que são seleciona- imagens visuais, impressas nos livros didáticos
das conforme as opções teórico-metodoló- brasileiros editados a partir da década de 1970
gicas dos autores e, por vezes, dos editores; até a contemporaneidade, pudemos compreender
as mudanças curriculares e programáticas que estas podem revelar diferentes tipos de abor-
provenientes dos diversos órgãos que legis- dagens, se comparadas às metodologias propostas
lam sobre a educação escolar; a sociedade pelos estudos acadêmicos. Neste sentido, as me-
civil, especialmente a mídia que por vezes todologias apresentadas nos manuais didáticos re-
conduz o aparecimento ou a valorização de presentavam o resultado dos embates entre os sa-
certas temáticas em detrimento de outras. beres acadêmicos e editoriais com os saberes pro-
duzidos pelos docentes na relação com os discen-
Ao analisarmos as propostas de leitura de tes. As propostas de leituras impressas nos livros