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8 Revisão
TEXTO-BASE
Material de revisão
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade (Art. 29 - Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013).
Este texto consiste em um material de revisão a partir das principais dúvidas apresentadas por vocês,
alunos, durante a disciplina Fundamentos da Educação Infantil II. O material é composto por três blocos
de conteúdo; para acessá-los, clique nos títulos abaixo.
Como vimos no módulo, é possível pensar o desenvolvimento e a aprendizagem humana a partir de, pelo
menos, três grandes grupos de teorias ou concepções: a inatista, a ambientalista e a interacionista.
O grupo de teorias inatistas defende, de modo geral, que o desenvolvimento humano e a aprendizagem
estão fortemente determinados por questões endógenas, genéticas e hereditárias e que as
capacidades básicas do ser humano já se encontram prontas em virtude do nascimento. Nesse sentido, a
personalidade, o comportamento, a capacidade intelectual e afetiva já viriam com as crianças em estado de
“semente”, aguardando a prontidão para germinarem, ou seja, ali estariam a priori. Se refletirmos sobre as
influências dessa concepção para o processo de ensino e aprendizagem, perceberemos o quanto ainda
está presente no cotidiano escolar, sob a égide da “prontidão”, da “idade certa”, dos mecanismos de
medicalização da educação, das classes homogêneas.
Em vários anos de pesquisas e visitas às escolas públicas e privadas pudemos coletar, incidentalmente,
falas de professores e equipes de gestão escolar que revelam a concepção inatista, ainda que aqueles que
a dissessem não tenham, possivelmente, consciência teórica sobre tal fato. Seguem algumas delas, que
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06/12/2019 Texto-base - Material de revisão: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL II - SFI002
utilizamos como ilustração em nossas aulas nos cursos de licenciaturas e com as quais trabalhamos, no
intuito de refletir sobre a questão:
A mãe dele estudou aqui. Era igualzinha. Também vivia com a cabeça na lua.
Ele herdou essa falta de atenção dela.
O pai dele foi nosso aluno aqui nessa escola. Nunca foi um bom aluno. É claro
que ele também não poderia ser.
Ainda que tal concepção já devesse estar superada, ela ainda se faz presente no cotidiano escolar, gerando
preconceitos e limitações ao trabalho pedagógico. O sujeito inatista é um sujeito passivo, pois está
submetido às questões herdadas e endógenas.
Invertendo completamente essas ideias, está o grupo das teorias ambientalistas ou empiristas que
defende, de modo geral, que os seres humanos nascem como “uma folha em branco”. Nesse sentido, o
desenvolvimento humano seria o resultado da soma das aprendizagens ocorridas por meio das
experiências vividas ao longo da vida do indivíduo. Tais aprendizagens ocorrem, no entanto, por meio de
pressões externas, como as exercidas pelo professor.
Da mesma forma que ouvimos, em nossas investigações escolares, falas que denotam a concepção
inatista, também ouvimos, em maior número, expressões que revelam pensamentos
ambientalistas/empiristas de agentes educacionais, como as que seguem.
Eu ensino para passar no vestibular. Se quer aprender, vai ter que entrar na
minha e fazer as listas de exercícios de forma incansável e repetida.
Considerar a inter-relação ativa entre os fatores biológicos (hereditários) e os fatores do meio ambiente
revela uma visão mais aprimorada no estudo do desenvolvimento e da aprendizagem, uma vez que são
considerados fatores endógenos e exógenos aos sujeitos na construção de seus processos psicológicos.
Nesse sentido, o ambiente deve ser entendido considerando seus aspectos históricos, culturais e sociais.
É importante lembrar que o interacionismo defende que, ao nascer, o ser humano já dispõe de algumas
características as quais servirão de bases para a interação com o meio no qual a criança está inserida.
Jean Piaget (1896-1980), epistemólogo genebrino, é considerado um autor interacionista. Vygotsky, autor
russo, também considera os pressupostos do interacionismo em sua proposta teórica, na qual oferece um
sentido especial para a cultura e a história.
Piaget e Vygotsky são autores que defendem uma concepção interacionista de desenvolvimento. Portanto,
em ambos, há a proposição de um sujeito ativo. No entanto, há algumas peculiaridades em cada
proposta que diferenciam, em alguns pontos, as teorias.
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06/12/2019 Texto-base - Material de revisão: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL II - SFI002
O Módulo 4 teve como tema Organização do trabalho pedagógico: planejamento, observação e registro
(https://cursos.univ e sp.br/course s/2745/page s/se mana-4) . Neste tópico da revisão, retomaremos a
questão do planejamento, visando responder algumas dúvidas. Teremos como foco o texto-base
Planejamento na Educação Infantil: mais que a atividade, a criança em foco, de Luciana Esmeralda
Ostetto.
Iniciamos dizendo que não existe um modelo de planejamento que possa ser indicado como o mais
adequado para todos os grupos de crianças. O planejamento é uma ação construída pelo professor, em
consonância com a proposta pedagógica, e que precisa considerar as necessidades dos alunos, o
contexto, os objetivos e as relações estabelecidas. Portanto, não existem “receitas”, mas sugestões que
poderão ser acolhidas de acordo com as realidades vividas.
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06/12/2019 Texto-base - Material de revisão: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL II - SFI002
O planejamento pode e deve ser revisto sempre que necessário. Planejar é projetar. É um processo
reflexivo do professor que demonstra a intencionalidade do processo educativo.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil definem que as práticas pedagógicas que
compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a
brincadeira.
A brincadeira livre e dirigida é ação fundamental para o desenvolvimento integral da criança. A mediação do
professor é necessária, uma vez que enriquece e potencializa as interações.
Para finalizar este texto de revisão, gostaríamos de registrar que os fundamentos da Educação Infantil
estão embasados na proposição da construção de uma escola que chegue próximo do ideal. No
entanto, reconhecemos que a escola real e contextualizada enfrenta muitos problemas que vão desde sua
estrutura física até a formação e a valorização do trabalho do professor, passando por alguns entraves
burocráticos e sociais. O trabalho com a Educação, portanto, em qualquer etapa educativa, não pode
prescindir do caráter político de luta e transformação.
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez
passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que
serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
(Fernando Birri, citado por Eduardo Galeano em Las palabras andantes, 1994)
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