Você está na página 1de 28

CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS:

INCLUSÃO E IGUALDADE

Profa. Ma.: Gleidy Braga Ribeiro

Aula 2
PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS
HUMANOS: SISTEMA GLOBAL E REGIONAL
• Criação da ONU e o Sistema Global, Carta
Internacional de Direitos Humanos.
A Organização das Nações Unidas (ONU), criada logo após
o fim da segunda guerra mundial.
A humanidade assustada com uma guerra que ceifou a
vida de mais de 60 milhões de pessoas, decidiu tomar
medidas que pudessem evitar uma terceira guerra
mundial.
HIROSHIMA, APÓS O ATAQUE DE
BOMBAS NUCLEARES

Fonte: BBC, 2020.


Crianças atrás de
uma cerca de arame
farpado, no campo
de concentração
nazista de Auschwitz
no sul da Polônia.

Fonte: E Guia do Estudante, 2021.


Fonte: ShareAmerica, 2020.
De acordo Oliveira e outros (2016), a
descartabilidade da pessoa humana surpreendeu
tanto que assombrou o mundo.
De modo que, tanto na Carta das Nações Unidas
(1945) quanto na Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948), há uma prevalência da
dignidade humana como algo inerente a todas as
pessoas, independentemente da sua
nacionalidade.
No art. 1º da Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948), é positivado a
compreensão de que “todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade
e direitos. São dotados de razão e consciência
e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade”.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS
• A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi
assinada por 58 países.
• Não nasceu com força vinculante – era encarada
como uma carta de princípios; isto significa que, os
países, embora signatários, não estão obrigados a
executá-la.
DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA
Há doutrinadores que compreendem que ela possui, sim,
a força vinculante, na medida que estabelece um conjunto
de direitos que são aceitos pelo conjunto da comunidade
internacional.
De modo que, a Declaração reúne direitos de primeira e
segunda geração. Esta estabelece, entre outros, o direito
à vida, a proibição à tortura e ao tratamento cruel,
desumano ou degradante, o direito ao trabalho, ao
repouso e ao lazer.
• Pacto de Direitos Civis e Políticos (1966).
• Pacto de Direitos econômicos, sociais e
culturais (1966).
• Declaração Universal dos Direitos Humanos
– existe controvérsia sobre o seu caráter
vinculante, nos pactos isso não acontece.
CARTA INTERNACIONAL DOS
DIREITOS HUMANOS
Dois tratados: a Carta das Nações Unidas e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos
formam juntos a chamada “Carta Internacional
dos Direitos Humanos” (International Bill of
Human Rights), instrumento que inaugura o
sistema global, ao lado dos sistemas regionais.
CONVENÇÕES ESPECÍFICAS

Existem, ainda, no campo internacional, as


chamadas convenções específicas, que tratam
de temas que a ONU resolveu dar maior
atenção devido à sua importância.
CONVENÇÕES ESPECÍFICAS
• Convenção internacional sobre a eliminação de
todas as formas de discriminação racial.
• Convenção sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação contra a mulher.
• Convenção contra a tortura e outros tratamentos
ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
• Convenção sobre os direitos da criança etc.
OS ÓRGÃOS ESPECÍFICOS DA ONU E OS
SISTEMAS REGIONAIS
Em relação aos órgãos específicos de Direitos
Humanos, além da própria ONU e sua estrutura
interna, tais como, a Assembleia Geral, o Conselho de
Segurança e a Corte Internacional de Justiça, a
instituição conta ainda com Conselho de Direitos
Humanos, relatores especiais de Direitos Humanos e o
Alto Comissariado de Direitos Humanos.
SISTEMAS REGIONAIS
Temos três sistemas estruturados, quais
sejam:
• o sistema europeu;
• o sistema africano;
• o sistema americano.
SISTEMA EUROPEU
• O sistema europeu foi criado após a
segunda guerra mundial e é coordenado
pelo Conselho da Europa.
• Possui um Tribunal Europeu de Direitos
Humanos.
SISTEMA AFRICANO
• Este possui uma Comissão e, também, uma
Corte Africana de Direitos Humanos.

Obs.: temos ainda, em fase principiante,


debates acerca do sistema árabe e uma
proposta de criação de um sistema asiático.
SISTEMA INTERAMERICANO
• O Sistema Interamericano, do qual o Brasil
faz parte.
• Possui um órgão central, que é a Organização
dos Estados Americanos (OEA).
• Possui uma Comissão Interamericana de
Direitos Humanos.
• Corte Interamericana de Direitos Humanos.
INSTRUMENTO DE FISCALIZAÇÃO
Em regra, eles pressupõem um sistema de
petições e sistema de relatórios e investigações.
Importante observar que, os sistemas são
complementares às Cortes nacionais, só devem ser
provocadas caso o ordenamento interno de um
determinado país for negligente na defesa dos
direitos dos seus nacionais.
JUS STANDI
• O Sistema europeu prevê que o indivíduo apresente
um petição individual, trata-se do jus standi, isto é,
pode acionar diretamente a Corte Européia.
• O que não contempla essa prerrogativa em relação à
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Nesta, a
pessoa tem que ser assistida, podendo, no entanto,
peticionar diretamente perante a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.
CASO MARIA DA PENHA:
A CONDENAÇÃO DO BRASIL
O Brasil, como membro da OEA, está sujeito a jurisdição do
sistema interamericano, podendo sofrer sanções quanto à
violação dos direitos humanos.
Foi por esta razão, que em 2001, em decisão inédita, pela
Comissão Interamericana, o país foi condenado por
negligência e omissão em relação à violência doméstica contra
as mulheres, da qual foi vítima Maria da Penha de Maia
Fernandes, ficando, em função das agressões, paraplégica.
MARIA DA PENHA

“Meu sofrimento
se transformou
em luta” (Maria
da Penha, 2020).

Fonte: Solon Soares, 2019.


MARIA DA PENHA
• Apesar das tentativas de ver o seu ex-marido
preso, ele conseguiu, por diversas vezes, não ser
responsabilizado pelo Estado brasileiro.
• Até o ingresso da ação na Comissão pelas
Organizações não Governamentais CEJIL–Brasil e
CLADEM–Brasil, havia 15 anos que o caso ainda
tramitava na justiça brasileira.
LEI MARIA DA PENHA
• Como resultado prático dessa condenação ações foram
desenvolvidas pelo o país no combate a violência
doméstica e familiar contra a mulher.
• A lei visa coibir a violência doméstica contra a mulher,
além de trazer um conjunto de políticas públicas para o
atendimento da vítima e de seus dependentes.
• Define as formas que essa violência pode ser
praticada: física, psicológica, sexual, moral ou
patrimonial.
REFERÊNCIAS
BELTRAMELLI NETO, Silvio. Curso de Direitos Humanos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2021.

E guia do Estudante. Libertação de vítimas de Auschwitz marca Dia da Lembrança do Holocausto. Disponível em:
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/libertacao-de-vitimas-de-auschwitz-maior-campo-de-exterminio-nazista-completa-70-anos/. Acesso em: 24 set.
2021.

MAZZUOLI, Valério D. Curso de Direitos Humanos. 8. ed. São Paulo: Método, 2021.

OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direitos humanos. 1. ed. São Paulo: Método, 2016.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos.1948. Disponível em: http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf.
Acesso em: 15 set. 2021.

PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

SERRANO, Carlos. Hiroshima e Nagasaki: como foi o 'inferno' no qual morreram milhares por causa das bombas atômicas. BBC News Mundo, 2020.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-a05a8804-1912-4654-ae8a-27a56f1c2b8a . Acesso em: 24 set. 2021.

SHAREAMERICA. Carta das Nações Unidas completa 75 anos. 2020. Disponível em: https://share.america.gov/pt-br/carta-das-nacoes-unidas-completa-75-
anos/. Acesso em: 24 set. 2021.

SOARES, Solon. Palestra Maria da Penha – FIESC. Agência Alesc, 2019. Disponível em: http://agenciaal.alesc.sc.gov.br/index.php/foto_noticia_single/palestra-
maria-da-penha-fiesc#!prettyPhoto. Acesso em: 24 set. 2021.
BONS ESTUDOS!

Você também pode gostar