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Prevenção no Combate

a Sinistros
Prof. Maurício Saturnino Sestrem

2011
Copyright © UNIASSELVI 2011

Elaboração:
Prof. Maurício Saturnino Sestrem

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

371.77
S494p Sestrem, Maurício Saturnino.
Prevenção no Combate a Sinistros/ Maurício Saturnino
Sestrem. Centro Universitário Leonardo da Vinci –:
Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2011.x ;

194.p.: il

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-311-2

1. Prevenção de Acidentes 2. Cuidados e Prevenção I. Centro Universitário


Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título

Impresso por:
Apresentação
Caro(a) Acadêmico(a)!

No âmbito da segurança do trabalho, a prevenção e o combate a sinistro


são de grande importância em razão dos danos que podem ser provocados
por um incêndio. Um incêndio pode causar mortes, destruir a edificação e
locais de trabalho como, por exemplo: fábricas, lojas, escolas e locais onde há
aglomeração de pessoas, como: centros de recreação, shopping centers, teatros,
cinemas dentre outros. Os incêndios podem destruir fábricas completas e
com elas, fontes de trabalho em prejuízo do trabalhador e da economia do
país. Para que sejam evitados estes danos, é necessário que os trabalhadores
observem as normas de segurança de prevenção e combate a incêndios. Por
esta razão, é indispensável o conhecimento dos conceitos básicos relativos ao
estudo do incêndio, das explosões e de sua extinção, dos principais aspectos
prevencionistas e das ações adequadas na ocorrência de sinistros.

Na Unidade 1, é apresentada a conceituação básica referente ao


estudo do fogo, a ocorrência das explosões e da extinção de incêndios. Com
relação ao estudo do fogo, são apresentados os conhecimentos da química
e física do fogo e a classificação de incêndios. Com relação às explosões,
foram descritas as principais características que podem ocorrer em incêndios
como: de gás, de pó, de fumaça e BLEVE. No tópico a respeito da extinção
de incêndios, destacam-se os métodos de extinção de incêndio: controle ou
retirada do material combustível, resfriamento, abafamento e rompimento
da reação em cadeia.

Enfocando as determinações previstas na NR 23 – Proteção contra


incêndios, na Unidade 2, estão descritos os principais aspectos a serem
considerados nas ações e nas medidas construtivas de prevenção e proteção
contra incêndios, no sistema de controle da fumaça, nas classes de fogo e
nos principais agentes extintores de incêndios apropriados a cada classe,
na proteção por extintores portáteis, na extinção de incêndio por água
e na proteção contra incêndios por hidrantes, mangotinhos e chuveiros
automáticos (sprinklers).

Na Unidade 3, são tratados os principais temas relacionados às etapas


da metodologia para a elaboração do plano de emergência, à formação da
brigada de incêndios, aos sistemas de detecção e alarme de incêndio (SDAI)
e à estrutura e finalidade dos órgãos de defesa civil.

Prof. Maurício Saturnino Sestrem

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1: INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS.......................................................................... 1

TÓPICO 1: QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO....................................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 A NATUREZA DO FOGO.................................................................................................................... 3
2.1 TRIÂNGULO DO FOGO................................................................................................................. 5
2.2 REAÇÃO EM CADEIA.................................................................................................................... 5
3 CHAMAS DE DIFUSÃO E DE PRÉ-MISTURA.............................................................................. 7
4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR.......................................................................................................... 10
5 PONTO DE FULGOR E PONTO DE IGNIÇÃO............................................................................. 12
6 INCÊNDIO.............................................................................................................................................. 15
6.1 FASES DO INCÊNDIO..................................................................................................................... 16
6.1.1 Etapa Inicial.............................................................................................................................. 16
6.1.2 Etapa Crescente........................................................................................................................ 16
6.1.3 Etapa Totalmente Desenvolvida........................................................................................... 17
6.1.4 Etapa Final................................................................................................................................ 18
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 24

TÓPICO 2: CLASSIFICAÇÃO DO FOGO.......................................................................................... 25


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 25
2 CLASSIFICAÇÃO RELATIVA À FORMAÇÃO DE PRODUTOS............................................... 25
2.1 COMBUSTÃO INCOMPLETA....................................................................................................... 25
2.2 COMBUSTÃO COMPLETA............................................................................................................ 26
3 CLASSIFICAÇÃO RELATIVA À VELOCIDADE DA COMBUSTÃO...................................... 27
3.1 COMBUSTÃO VIVA........................................................................................................................ 27
3.2 COMBUSTÃO LENTA..................................................................................................................... 28
4 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA.......................................................................................................... 29
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 34

TÓPICO 3: EXPLOSÕES......................................................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 35
2 EXPLOSÃO DE GASES........................................................................................................................ 35
3 EXPLOSÕES DE PÓ.............................................................................................................................. 38
4 BLEVE...................................................................................................................................................... 39
5 EXPLOSÃO DE FUMAÇA – BACKDRAFT OU BACKDRAUGHT.............................................. 40
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 47

TÓPICO 4: EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS........................................................................................... 49


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 49
2 CONTROLE OU RETIRADA DO MATERIAL COMBUSTÍVEL................................................ 49
3 RESFRIAMENTO.................................................................................................................................. 50

VII
4 ABAFAMENTO...................................................................................................................................... 52
5 ROMPIMENTO DA REAÇÃO EM CADEIA................................................................................... 53
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 53
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 57

UNIDADE 2: INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS................................................... 59

TÓPICO 1: PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS................................................ 61


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 61
2 SEGURANÇA PATRIMONIAL.......................................................................................................... 61
2.1 MEDIDAS PARA EVITAR O INÍCIO DO INCÊNDIO............................................................... 62
2.2 CUIDADOS PARA LIMITAR O CRESCIMENTO DO INCÊNDIO.......................................... 62
2.3 PROVISÕES PARA EXTINGUIR O FOGO NA FASE INICIAL................................................ 63
2.4 MEDIDAS PARA LIMITAR A PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIO.............................................. 64
2.5 CONDIÇÕES PARA RETIRADA SEGURA DOS OCUPANTES............................................... 64
2.6 MEDIDAS PARA EVITAR A PROPAGAÇÃO DO INCÊNDIO ENTRE AS
EDIFICAÇÕES.................................................................................................................................. 65
2.7 CONDIÇÕES PARA EVITAR O COLAPSO DA ESTRUTURA DOS EDIFÍCIOS................... 65
3 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL....................................................................... 66
3.1 SAÍDAS............................................................................................................................................... 66
3.2 PORTAS.............................................................................................................................................. 67
3.3 ESCADAS, ELEVADORES E PORTAS CORTA-FOGO.............................................................. 68
3.4 SISTEMAS DE ALARME................................................................................................................. 68
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 73

TÓPICO 2: SISTEMA DE CONTROLE DA FUMAÇA..................................................................... 75


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 75
2 PROPAGAÇÃO DA FUMAÇA........................................................................................................... 75
3 TIPOS DE VENTILAÇÃO................................................................................................................... 77
3.1 VENTILAÇÃO NATURAL............................................................................................................. 77
3.1.1 Funcionamento da Ventilação Natural................................................................................. 79
3.2 VENTILAÇÃO MONITORADA.................................................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 82

TÓPICO 3: AGENTES EXTINTORES.................................................................................................. 83


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 83
2 CLASSES DE FOGO............................................................................................................................. 83
3 PRINCIPAIS AGENTES EXTINTORES............................................................................................ 85
3.1 ÁGUA................................................................................................................................................. 86
3.2 PÓS PARA EXTINÇÃO................................................................................................................... 87
3.3 ESPUMA............................................................................................................................................ 88
3.4 GÁS CARBÔNICO........................................................................................................................... 88
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 89
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 92

TÓPICO 4: EXTINTORES PORTÁTEIS.............................................................................................. 93


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 93
2 QUANTIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE EXTINTORES................................................................. 97
3 SINALIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DOS EXTINTORES............................................................. 99

VIII
4 INSPEÇÃO DE EXTINTORES..........................................................................................................100
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................104

TÓPICO 5: EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA...............................................................................105


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................105
2 EXIGÊNCIAS DA NR 23 – PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS............................................105
3 PROTEÇÃO POR MANGOTINHOS, HIDRANTES E SPRINKLERS....................................106
3.1 PROTEÇÃO POR HIDRANTES E MANGOTINHOS...............................................................106
3.2 CHUVEIROS AUTOMÁTICOS OU SPRINKLERS....................................................................111
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................117
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................120

UNIDADE 3: AÇÕES EM SINISTROS..............................................................................................121

TÓPICO 1: PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS.....................................................123


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................123
2 ETAPAS DE UM PLANO DE EMERGÊNCIAS.............................................................................123
2.1 ESTABELECIMENTO DA EQUIPE.............................................................................................124
2.2 ANÁLISE DOS RISCOS E DA CAPACIDADE DE COMBATE A INCÊNDIOS..................125
2.2.1 Matriz da Análise de Vulnerabilidade................................................................................127
2.2.1.1 Tipo de emergência ...........................................................................................................128
2.2.1.2 Probabilidade......................................................................................................................129
2.2.1.3 Potencial de impacto humano..........................................................................................129
2.2.1.4 Potencial de impacto material...........................................................................................129
2.2.1.5 Potencial de impacto nos negócios da empresa.............................................................129
2.2.1.6 Potencial relativo aos recursos internos e externos.......................................................130
2.2.1.7 Somatório das pontuações.................................................................................................130
2.3 DESENVOLVIMENTO DO PLANO............................................................................................130
2.3.1 Componentes do Plano de Emergência . ...........................................................................130
2.3.2 Processo de Desenvolvimento do Plano.............................................................................131
2.4 IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO................................................................................................133
2.4.1 Integração do Plano de Emergência....................................................................................133
2.4.2 Treinamento dos Empregados.............................................................................................134
2.4.2.1 Plano de treinamento ........................................................................................................134
2.4.3 Avaliação do Plano................................................................................................................134
2.5 GESTÃO DA EMERGÊNCIA.......................................................................................................135
2.5.1 Ações de Segurança Patrimonial.........................................................................................137
2.5.2 Coordenação das Ações da Equipe de Resposta Externa................................................137
2.5.3 Comunicações........................................................................................................................138
2.5.4 Plano de contingência...........................................................................................................138
2.5.5 Comunicações de Emergência.............................................................................................138
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................139
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................144

TÓPICO 2: BRIGADAS DE INCÊNDIO...........................................................................................145


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................145
2 TIPOS DE BRIGADA.........................................................................................................................145
3 FORMAÇÃO DA BRIGADA DE INCÊNDIO...............................................................................146
4 FORMAÇÃO DA BRIGADA DE ABANDONO...........................................................................147
4.1 COMPONENTES DA BRIGADA DE ABANDONO.................................................................147

IX
4.2 PROCEDIMENTOS BÁSICOS DA BRIGADA DE ABANDONO....................................... 148
5 TREINAMENTO DAS BRIGADAS............................................................................................. 149
6 SOCORRO ÀS VÍTIMAS NUM INCÊNDIO............................................................................ 149
6.1 SEGURANÇA DE CENA ......................................................................................................... 149
6.2 ANÁLISE DA VÍTIMA............................................................................................................... 150
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................151
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 155

TÓPICO 3: DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO................................................................. 157


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 157
2 DEFINIÇÕES BÁSICAS................................................................................................................. 157
3 SELEÇÃO DO SISTEMA............................................................................................................... 166
3.1 SISTEMA CONVENCIONAL................................................................................................... 166
3.2 SISTEMA ENDEREÇÁVEL....................................................................................................... 166
3.3 SISTEMA MICROPROCESSADO............................................................................................ 167
LEITURA COMPLEMENTAR.......................................................................................................... 168
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................170
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 174

TÓPICO 4: ÓRGÃOS DE DEFESA CIVIL..................................................................................... 175


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 175
2 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL - SINDEC........................................................... 175
3 CONSELHO NACIONAL DE DEFESA CIVIL - CONDEC.................................................... 176
3.1 COMPETÊNCIA DO CONDEC............................................................................................... 176
4 SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL - SEDEC ..................................................... 177
5 COORDENADORIAS REGIONAIS DE DEFESA CIVIL – CORDEC................................. 177
6 COORDENADORIAS ESTADUAIS DE DEFESA CIVIL E DO DISTRITO FEDERAL –
CEDEC............................................................................................................................................... 178
7 COORDENADORIAS MUNICIPAIS DE DEFESA CIVIL – COMDEC.............................. 178
7.1 NÚCLEOS COMUNITÁRIOS DE DEFESA CIVIL – NUDEC............................................. 179
8 ÓRGÃOS SETORIAIS.....................................................................................................................179
9 ÓRGÃOS DE APOIO.......................................................................................................................182
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................183
AUTOATIVIDADE.............................................................................................................................189
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................191

X
UNIDADE 1

INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• reconhecer os componentes constituintes do fogo e os fenômenos ineren-


tes à ocorrência de incêndios;

• identificar os diferentes tipos de combustão;

• caracterizar as explosões que podem ocorrer em incêndios: de gás, de pó,


de fumaça e de BLEVE;

• interpretar os métodos de extinção de incêndio: controle ou retirada do


material combustível, resfriamento, abafamento e rompimento da reação
em cadeia.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que no final de cada um
deles você encontrará atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos
desenvolvidos.

TÓPICO 1 – QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO



TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO DO FOGO

TÓPICO 3 – EXPLOSÕES

TÓPICO 4 – EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

1 INTRODUÇÃO
A norma regulamentadora NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho estabelece que entre as atividades dos
profissionais integrantes do SESMT (Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho) está incluída, além das atividades
prevencionistas e de atendimento de emergência, a elaboração de planos para:

• controle dos efeitos de catástrofes;


• disponibilizar os meios para se combater os incêndios e;
• o salvamento e atendimento imediato às vítimas dos incêndios.

O objetivo deste tópico é revisar alguns princípios fundamentais e


contribuir para a compreensão do desenvolvimento dos incêndios.

NOTA

O acesso às Normas Regulamentadoras está disponibilizado no seguinte


site do Ministério do Trabalho e Emprego: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_
regulamentaDORAS/Default.asp>.

2 A NATUREZA DO FOGO
Em primeiro lugar, é necessário conhecer o que é e como se produz o
fogo, para que se possa combatê-lo com eficácia. Entende-se que o fogo é uma
combustão, isto é, uma reação química que ocorre quando os vapores desprendidos
por uma substância combustível são combinados rapidamente com o oxigênio do
ar. Pode-se dizer que o fogo é uma manifestação energética de certas reações
químicas exotérmicas de oxidação-redução. Para que se possam produzir estas
reações químicas, é necessária a existência de uma substância combustível e um
comburente, assim como algumas condições energéticas favoráveis.

3
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

Existem três componentes indispensáveis para que um fogo ocorra e


devem se dar na proporção adequada de concentração entre o combustível, o
comburente e a uma temperatura determinada:
• combustível;
• comburente e;
• calor.

A seguir, descrevemos cada um destes componentes:


• Combustível: As matérias combustíveis são todas as matérias que podem liberar
vapores inflamáveis e reagir com um comburente produzindo uma reação
exotérmica. A velocidade da reação pode variar de acordo com as condições em
que se encontre, dependendo da temperatura, concentração e estado físico dos
componentes (sólido, líquido e gasoso).
• Comburente: É denominada assim qualquer substância oxidante. O oxigênio é
um bom agente oxidante que se encontra no ar, sendo, portanto o ar um elemento
ativo da reação de combustão.
• Calor ou energia de ativação: O último elemento indispensável para a obtenção
do fogo é o calor. Estamos rodeados de materiais combustíveis e de ar, em contato
constante, sem que se produza o fogo. Sempre é necessário unir estes elementos
com a energia calorífica que inicie a reação de combustão.

Algumas fontes de calor que iniciam a reação de combustão são:


• Naturais: Sol e raio.
• Elétricas: sobrecargas, curto-circuito, eletricidade estática e arcos elétricos.
• Químicas: reações e fermentação.
• Processos de soldadura e corte: trabalhos com chama aberta e faíscas.

A tabela a seguir apresenta a temperatura estimada de algumas fontes de


calor.

TABELA 1 – ESTIMATIVAS DA TEMPERATURA DE ALGUMAS FONTES DE


CALOR

FONTE: GRIMWOOD (2003) apud Distrito Federal (2006, p.16)

4
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

2.1 TRIÂNGULO DO FOGO


Pode-se perceber que é totalmente necessário para se produzir o fogo. É
necessário que estejam em contato os três elementos comentados: combustível,
comburente e calor, em proporção e temperatura adequada.

Para melhor compreensão do que consiste o fogo, podemos imaginar os


três lados de um triângulo, cada um dos quais está sempre em contato com os
outros dois, conforme demonstrado na figura a seguir. Para que se produza o
fogo, devem permanecer em contato os três componentes do triângulo.

FIGURA 1 – TRIÂNGULO DO FOGO

SÓLIDOS OXIGÊNIO
LÍQUIDOS
GASOSOS

ENERGIA INICIAL QUE


PROVOQUE CALOR

FONTE: Disponível em: <http://www.policiamilitar.pr.gov.br/modules/


conteudo/conteudo.php?conteudo= 212>. Acesso em: 30 maio 2010.

2.2 REAÇÃO EM CADEIA


Segundo Seito (2008), há também outra teoria sobre o fogo, na qual além
dos três elementos do triângulo do fogo (combustível, comburente e calor), se
considera um quarto fator: a reação em cadeia, que alimenta o fogo. Portanto são
quatro fatores que compõem o tetraedro do fogo representado na figura a seguir.

Esta teoria originou-se ao observar o comportamento de alguns agentes


extintores, como o halon, cuja rapidez de efeito de extinção não era compreensível
aplicando-se somente a teoria do triângulo do fogo.

5
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

UNI

De acordo com Seito (2008 p. 278), o halon não foi mais utilizado no combate
a incêndio, por ser uma substância que destrói a camada de ozônio. “A proibição do
uso, comercialização e importação do halon foi regulamentada no Brasil por meio das
Resoluções do CONAMA de número 13 de 13/12/95 e número 229 de 20/08/97, depois
substituídas pelo número 267 de 14/09/2000”.

A combustão é uma reação de oxidação exotérmica, em que o combustível


se decompõe pela ação do calor, gerando determinados produtos de decomposição.
Estes produtos combinam-se com o comburente (oxigênio), produzindo fumaça e
gases. Esta combinação também é exotérmica, ou seja, produz calor que provoca
novas decomposições do combustível. Todo este processo se caracteriza por uma
reação em cadeia que autoalimenta o fogo.

FIGURA 2 – TETRAEDRO DO FOGO

FONTE: Distrito Federal (2006, p.14)

6
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

3 CHAMAS DE DIFUSÃO E DE PRÉ-MISTURA


Um gás inflamável pode entrar em combustão de duas formas diferentes.
Um jato de gás de um tubo como, por exemplo, um bico de Bunsen, demonstrado na
figura que segue, com a entrada de ar fechada, pode entrar em ignição e queimar como
chama de difusão, produzindo-se a combustão naquelas zonas em que o combustível
gasoso e o ar se misturam por um processo de difusão. Este tipo de chama apresenta
luminosidade amarela, indicando a presença de pequenas partículas de fuligem
resultantes da combustão incompleta. Algumas destas partículas ardem na chama,
outras, porém, emergem pela ponta da mesma para formar a fumaça.

FIGURA 3 – BICO DE BUNSEN

FONTE: Disponível em: <http://www.conecteeducacao.com/escconect/medio/QUI/


QUI06010 201.asp>. Acesso em: 30 maio 2010.

Outra forma de combustão ocorre quando o gás, vapor ou pó e o ar são


misturados antes da ignição e se produza uma combustão da mistura inflamável
ou explosiva, sempre que o nível de concentração de gás, vapor ou pó e ar se
encontram entre o LIE - limite inferior de explosividade inflamabilidade e o
LSEI – limite superior de explosividade ou inflamabilidade. O quadro a seguir
apresenta os limites de explosividade de algumas substâncias.

7
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

QUADRO 1 – LIE E LSE DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS

FONTE: Seito (2008, p. 38)

Uma mistura de gás, vapor ou pó com o ar que apresente uma concentração


de gás, vapor, ou pó fora dos limites de inflamabilidade ou explosividade (inferior
e superior) é uma mistura não inflamável.

8
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

UNI

Lembre-se que quando se abre a entrada de ar num bico de Bunsen, se


estabiliza a chama da pré-mistura.

Quando uma mistura é inflamável, a ignição pode ocorrer aplicando-se


uma pequena fonte de ignição como, por exemplo: uma simples faísca elétrica.
A mistura de tipo estequiométrico é aquela que arde com maior facilidade, pois
a proporção de oxigênio presente é adequada para queimar completamente a
substância combustível e transformar a mesma em dióxido de carbono e água.
Esta situação pode ser demonstrada na reação da queima do gás propano (C3 H 8 ):

C3 H 8 + 5O2 + 18,8N 2 = 3CO2 + 4H 2 O + 18,8N 2

UNI

Perceba que o nitrogênio (N2), apesar de estar presente nesta combinação,


por estar presente no ar, não participa na reação.

Neste caso, para que a mistura estequiométrica de propano e ar entre


em combustão, basta uma faísca elétrica quase imperceptível como aquela que
pode ser produzida por uma pessoa ao caminhar por um carpete sintético e tocar
um objeto que esteja conectado a terra. Numa atmosfera de oxigênio puro (sem
a presença de nitrogênio), a energia necessária é menor. A chama de difusão
associada a um fluxo de combustível gasoso demonstra a forma de combustão
que se observa quando um combustível líquido ou sólido queima com chama.
Mas neste caso, a chama se alimenta dos vapores da substância combustível
gerados na superfície da fase condensada. A velocidade de abastecimento destes
vapores depende da sua velocidade de combustão na chama de difusão. A energia
se transfere da chama para a superfície, gerando, assim, a energia necessária para
produzir os vapores. Nos combustíveis líquidos, ocorre um processo simples de
evaporação, mas nos combustíveis sólidos deve existir uma quantidade suficiente
de energia para que ocorra a decomposição química do combustível e para romper
as grandes moléculas, transformando-as em fragmentos menores capazes de se
evaporar e se liberar da superfície. Esta reação térmica é indispensável para que
se mantenha o fluxo de vapores e, com isso, se mantenha a chama de difusão.

9
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

UNI

O processo de rompimento das moléculas que compõe uma substância,


transformando-as em moléculas ou átomos como resultados da ação do calor, denomina-
se pirólise ou decomposição térmica. (DISTRITO FEDERAL, 2006).

4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR
A compreensão do processo de transferência de calor ou energia é
importante para se estudar o comportamento dos processos dos incêndios. Para
esta compreensão, estudaremos as formas de transmissão de calor:

• Condução: o calor é transmitido através de substâncias condutoras, podendo


provocar a propagação de um incêndio. Está fundamentado no aumento
da vibração das moléculas ou átomos que compõem os materiais ao serem
submetidos a uma fonte de energia. O calor é transmitido entre as partículas,
perdendo gradativamente a intensidade da vibração ao afastar-se da fonte.
• Convecção: O ar quente e os gases liberados pela combustão tendem a se elevar
por sua menor densidade com relação ao ar frio e aquecem os materiais com os
quais tenham contato. Por esta razão, as correntes de ar são muito perigosas em
caso de incêndio, principalmente quando direcionadas aos materiais altamente
inflamáveis.
• Radiação: O calor é transmitido em ondas e em todas as direções. Assim, todos
os combustíveis que tenham contato com elas podem alcançar a sua temperatura
de ignição. Muitos incêndios são provocados pelo calor radiante. São comuns os
incêndios originados pela aproximação de estufas a cortinas ou outros materiais
combustíveis.

Para melhor entendimento da transferência de calor por condução e


convecção, observe a figura a seguir.

10
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

FIGURA 4 – AÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO E CONVECÇÃO EM


MADEIRA, PARA DUAS POSIÇÕES DIFERENTES

FONTE: Essential of Fire Fighting (2001) apud Bonitese (2007, p. 39)

Observe no lado esquerdo da figura a seguir, a representação do fogo em


uma placa de madeira na posição horizontal, o fenômeno da convecção com a
elevação dos gases quentes resultantes de queima da madeira. A propagação da
chama é lenta, pois se dá somente por condução.

No lado direito da figura que segue, com a representação do fogo em uma


placa de madeira na posição vertical, observa-se a rápida propagação da chama,
pois o aquecimento da madeira se dá por condução e por convecção.

Para melhor entendimento da transferência de calor por radiação, observe


o incêndio em uma edificação que é atingida por radiação do calor gerado por um
incêndio num edifício localizado no outro lado da via que os separa, representado
na figura a seguir.

FIGURA 5 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR ENTRE EDIFÍCIOS POR RADIAÇÃO


TÉRMICA

FONTE: Essential of Fire Fighting (2001) apud Bonitese (2007, p. 40)

11
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

5 PONTO DE FULGOR E PONTO DE IGNIÇÃO


A combustão de um líquido ou de um sólido requer o aumento de sua
temperatura superficial até que se liberem vapores a uma velocidade suficiente
para, uma vez iniciada a ignição destes, manter a chama. Os combustíveis líquidos
podem ser classificados de acordo com o seu ponto de fulgor ou temperatura
mínima para que se libere um vapor ou uma mistura de ar inflamável na superfície.

QUADRO 2 – PONTO DE FULGOR DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS

FONTE: Disponível em: <http://www.iq.unesp.br/cipa/produtos.htm>. Acesso em: 30 maio


2010.

UNI

Observe no quadro anterior, que algumas substâncias liberam vapor ou uma


mistura de ar inflamável mesmo quando submetidas a temperaturas muito baixas.

Para produzir um fluxo de vapores capaz de manter uma chama de


difusão, é necessária uma temperatura ligeiramente superior, conhecida como
ponto de ignição. Estes conceitos são aplicáveis também aos combustíveis
sólidos, mesmo que as temperaturas são mais altas devido às exigências da
decomposição química. O ponto de ignição encontra-se normalmente acima dos

12
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

300­­o ­C­ dependendo do combustível. A facilidade de ignição de um material sólido


depende, portanto, da facilidade com que se eleva sua temperatura superficial
até alcançar o ponto de ignição, por exemplo, mediante a exposição a um calor
radiante ou a um fluxo de gases quentes.

Os sólidos de fina espessura, como as maravalhas (figura a seguir),


queimam com grande facilidade porque têm uma massa térmica baixa, ou seja,
necessitam de uma quantidade relativamente reduzida de calor para aumentar
sua temperatura até o ponto de ignição. No entanto, quando se aplica calor a uma
superfície de um material sólido de grande espessura, parte do calor passa da
superfície ao interior, o que reduz o aumento da temperatura em sua superfície.

FIGURA 6 – MARAVALHA

FONTE: Disponível em: <http://www.quebarato.com.br/serragem-


maravalha__2a195.html>. Acesso em: 30 maio 2010.

UNI

• No ponto de fulgor ocorre a combustão do material quando a fonte de calor


se aproxima e a chama se apaga quando a fonte de calor se afasta.
• No ponto de ignição, a chama se mantém mesmo no caso de afastamento da fonte de
calor.

A temperatura de ignição de alguns materiais comumente presentes em


incêndios é apresentada no quadro a seguir.

13
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

QUADRO 3 – TEMPERATURA DE IGNIÇÃO DE ALGUNS MATERIAIS

Temp. de Fluxo de liberação de


Material
ignição (°C) energia (KW/m²)
Madeirite (0,635cm) 390 16
Madeirite (1,27cm) 390 16
Madeirite resistente ao fogo (1,27cm) 620 44
Compensado (6,35mm) 298 10
Compensado (3,175mm) 365 14
Compensado envernizado (3,4mm) 400 17
Compensado laqueado 400 17
Placa de fibra isolante térmico 355 14
Espuma rígida (2,54cm) 435 20
Espuma flexível (2,54cm) 390 16
Poliestireno (5,08cm) 630 46
Policarbonato (1,52mm) 528 30
Polímero PMMA tipo C (1,27cm) 378 15
Polímero PMMA polycast (1,59mm) 278 9
Carpete n.°1 de algodão padrão 465 23
Carpete n.°2 de algodão não tratado 435 20
Carpete n.°2 de algodão tratado 455 22
Carpete mistura de nylon/algodão 412 18
Carpete acrílico 300 10
Placa de gesso comum (1,27mm) 565 35
Placa de gesso resistente ao fogo
510 28
(1,27cm)
Placa de gesso com papel prensado 412 18
Cobertura asfáltica 378 15
Cobertura de fibra de vidro 445 21
Vidro reforçado com poliéster
390 16
(2,24mm)
Vidro reforçado com poliéster
400 17
(1,14mm)

FONTE: Quintiere (1997) apud Distrito Federal (2006, p. 19)

14
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

6 INCÊNDIO
Segundo Distrito Federal (2006), um incêndio é a manifestação de
uma combustão incontrolada, conforme apresentado na figura a seguir. Nesta
combustão, participam os materiais combustíveis que formam parte dos
edifícios ou uma ampla gama de gases, líquidos e sólidos que são utilizados na
indústria e no comércio. Estes materiais, normalmente constituídos por carbono,
são apresentados como substâncias combustíveis. Ainda que estas substâncias
apresentem uma grande variedade de acordo com o seu estado químico e físico,
quando em combustão têm um comportamento similar, ainda que apresentem
algumas diferenças tais como:
• facilidade com que se inicia a combustão (ignição);
• velocidade com que se desenvolve a combustão (propagação da chama); e
• intensidade da combustão (velocidade de liberação de calor).

FIGURA 7 – INCÊNDIO EM LOCAL DESTINADO A DEPÓSITO DE MATERIAIS

FONTE: Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/


p_20100512-incendio10.shtml>. Acesso em: 30 maio 2010.

Na medida em que se aprofundam os estudos na ciência dos incêndios,


é possível quantificar e prognosticar com maior exatidão o comportamento de
um incêndio, o que permite aplicar nossos conhecimentos na prevenção dos
incêndios em geral.

15
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

Os materiais combustíveis estão em toda parte e, em determinadas


condições, podem entrar em combustão se lhes for aplicada uma fonte de ignição
capaz de iniciar uma reação em cadeia. No início deste processo, a substância
combustível reage com o oxigênio do ar liberando energia (calor) e gerando
produtos resultantes da combustão, alguns dos quais podem ser tóxicos. Torna-
se necessário, portanto, compreender com clareza os mecanismos de ignição e
combustão. Normalmente, a maioria dos incêndios é produzida em materiais
sólidos como, por exemplo, a madeira, mas também, ocorre em combustíveis
líquidos e gasosos.

6.1 FASES DO INCÊNDIO


A queima se processa em etapas definidas claramente, tanto em incêndios
florestais, como em incêndios em veículos ou em incêndios de edificações. A partir do
reconhecimento dos diferentes estágios, pode-se compreender o desenvolvimento
do incêndio e realizar o combate com as ferramentas e táticas mais adequadas a
cada um deles. A eficiência no combate a incêndio depende do conhecimento de
cada uma das etapas e das técnicas apropriadas a serem adotadas.

Distrito Federal (2006) descreve as etapas do incêndio como: inicial,


crescente, totalmente desenvolvida e final.

6.1.1 Etapa Inicial


Após a ignição do material combustível, inicia-se esta etapa. Nesta
fase, tanto o oxigênio como o combustível são abundantes no ambiente. Num
espaço de tempo maior, a temperatura mantém-se relativamente baixa e inclui o
aparecimento do incêndio, restringindo-se ao foco inicial. Da combustibilidade
e quantidade do material em combustão e dos materiais que estiverem nas
proximidades irá depender o desenvolvimento do incêndio nesta fase.

6.1.2 Etapa Crescente


Esta etapa é relativa à incubação do incêndio. Nos incêndios em ambientes
fechados, de acordo com o progresso da combustão, a fumaça e os gases aquecidos
produzidos pela combustão, por convecção se elevam e ocupam a região próxima
ao teto. As chamas aumentam e há uma redução da concentração de oxigênio
para 20%. Dependendo da quantidade e forma do material combustível existente
no ambiente, haverá uma propagação mais rápida. A temperatura inicial desta
fase ainda não é muito alta, porém o aumento na quantidade de calor liberado
é exponencial e em um curto período de tempo. Nesta condição, os materiais
existentes no ambiente virão a sofrer a pirólise. A temperatura, nesta fase, se eleva
de aproximadamente 50oC para 800oC, em pouco tempo.

16
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

A forma e o tamanho do ambiente influenciarão no desenvolvimento


do fogo: o incêndio se desenvolve mais facilmente em espaços menores. Em
ambientes mais fechados com pouca abertura para a ventilação natural, tais como
portas e janelas, por exemplo, o incêndio irradiará mais calor para os materiais
não atingidos pelo mesmo.

Todos os materiais existentes no local atingirão o seu ponto de ignição


na parte final desta etapa, as chamas atingirão o ambiente inteiro. Esta situação
é também denominada flashover. A propagação do calor se processa para fora e
para cima do combustível, por condução e convecção.

6.1.3 Etapa Totalmente Desenvolvida


Nesta etapa, também denominada de fase de queima livre ou estável,
o incêndio se desenvolve de maneira mais forte, utilizando cada vez mais
combustível e oxigênio. A temperatura continuará a se elevar acima de 800o
C. Há um intenso acúmulo de gases aquecidos e fumaça. Há uma redução na
concentração de oxigênio para 18%, e muita diferença nesta concentração entre a
região próxima ao piso com relação à região próxima ao teto. Na região próxima
ao piso é quase normal a concentração de oxigênio e a temperatura é confortável
ainda. Na região próxima ao teto há o aumento rápido da camada de gás e da
temperatura. Por esta razão, torna-se importante realizar as ações de combate
agachado ou de joelhos. Esta fase está basicamente relacionada à propagação do
incêndio e sofrerá as seguintes influências:

• em ambiente fechado, o ambiente inteiro é tomado pelas chamas e dependerá


da concentração de oxigênio;
• em ambiente aberto, poderá ocorrer a dispersão da massa gasosa e dependerá
da quantidade de combustível.

No início, em razão da maior disponibilidade de oxigênio, o incêndio se


desenvolve de maneira semelhante ao incêndio com boas condições de ventilação.
Mesmo que esteja se desenvolvendo em ambiente confinado, o comportamento
do incêndio é controlado pelas condições de queima do material combustível.
Normalmente, esses incêndios apresentam duas camadas distintas: uma camada na
parte superior formada por fumaça e outra camada de ar na parte inferior. Nesta
condição, a queima gerará os mesmos produtos que são resultantes da combustão do
mesmo material realizada em local aberto.

O incêndio que se desenvolve em ambientes fechados, promoverá uma


diminuição da concentração de oxigênio. Nestes casos, o oxigênio disponível
controlará a produção de calor, a velocidade e inclusive a extinção do incêndio. Há
também, nestas situações, somente a camada de fumaça que praticamente preencherá
o ambiente inteiro. Nesses incêndios nos quais o controle dos mesmos é resultante da
ventilação, a combustão no interior do ambiente será incompleta.

17
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

6.1.4 Etapa Final


Esta etapa também é denominada fase decrescente ou estágio de brasa. A
etapa se inicia no momento em que a maior parte do combustível e do oxigênio
existente no local já foi consumida pelo incêndio. Com isso, há uma tendência
de diminuição das chamas que passam a buscar oxigênio em qualquer abertura.
Nesta situação, a concentração de oxigênio se reduz para 16%. Caso a concentração
de oxigênio seja reduzida para 15% ou menos, haverá a extinção das chamas e
permanecerão apenas as brasas.

No teto, a temperatura permanece muito elevada e o ambiente é preenchido


por fumaça e gases aquecidos, podendo em alguns casos conter gases perigosos.
A visibilidade no local é praticamente nula. A temperatura do ambiente diminui
gradativa e lentamente. No ambiente há pouco oxigênio, e isto, se o local não
for ventilado fará que a temperatura diminua e apaguem as chamas e as brasas
existentes.

Observe na figura a seguir as variações da temperatura com relação às


fases do incêndio desenvolvidas no decorrer do tempo.

FIGURA 8 – GRÁFICO DA VARIAÇÃO DE TEMPERATURA NO DECORRER DO TEMPO DE


UM INCÊNDIO

FONTE: Grimwood (2003) apud Distrito Federal (2006, p. 121)

18
TÓPICO 1 | QUÍMICA E FÍSICA DO FOGO

Na tabela a seguir são apresentadas as principais características de cada


fase desenvolvida durante um incêndio.

TABELA 2 – CARACTERÍSTICAS DE CADA FASE DO INCÊNDIO

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 121)

19
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você viu que:

• Fogo é uma combustão, isto é, uma reação química que ocorre quando os vapores
desprendidos por uma substância combustível são combinados rapidamente
com o oxigênio do ar. Pode-se dizer que o fogo é uma manifestação energética
de certas reações químicas exotérmicas de oxidação-redução.

• Existem três componentes indispensáveis para que um fogo ocorra e devem se


dar na proporção adequada de concentração entre o combustível e o comburente
e a uma temperatura determinada: combustível, comburente e calor.

• Combustível: As matérias combustíveis são todas as matérias que podem liberar


vapores inflamáveis e reagir com um comburente produzindo uma reação
exotérmica. A velocidade da reação pode variar de acordo com as condições em
que se encontre, dependendo da temperatura, concentração e estado físico dos
componentes (sólido, líquido ou gasoso).

• Comburente: É denominada assim qualquer substância oxidante. O oxigênio é


um bom agente oxidante que se encontra no ar, sendo, portanto o ar um elemento
ativo da reação de combustão.

• Calor ou energia de ativação: O último elemento indispensável para a obtenção do


fogo é o calor. Estamos rodeados de materiais combustíveis e de ar, em contanto
constante, sem que se produza o fogo. Sempre é necessário unir estes elementos
com a energia calorífica que inicie a reação de combustão.

• Algumas fontes de calor que iniciam a reação de combustão são: naturais: Sol e
raio; elétricas: sobrecargas, curto-circuito, eletricidade estática e arcos elétricos;
químicas: reações e fermentação; processos de soldadura e corte: trabalhos com
chama aberta e faíscas.

• Para melhor compreensão do que consiste o fogo, podemos imaginar os três lados
de um triângulo, cada um dos quais está sempre em contato com os outros dois.
Para que se produza o fogo devem permanecer em contato os três componentes
do triângulo: combustível, comburente e calor.

• Há também outra teoria sobre o fogo, em que além dos três elementos do triângulo
do fogo (combustível, comburente e calor), se considera um quarto fator: a reação
em cadeia, que alimenta o fogo. Portanto, são quatro fatores que compõem o
tetraedro do fogo.

• A combustão é uma reação de oxidação exotérmica, em que o combustível se


decompõe pela ação do calor, gerando determinados produtos de decomposição.

20
Estes produtos se combinam com o comburente (oxigênio), produzindo fumaça e
gases. Esta combinação também é exotérmica, ou seja, produz calor que provoca
novas decomposições do combustível. Todo este processo se caracteriza por uma
reação em cadeia que autoalimenta o fogo.

• Um incêndio é a manifestação de uma combustão incontrolada. Nesta combustão,


participam os materiais combustíveis que formam parte dos edifícios ou
uma ampla gama de gases, líquidos e sólidos que são utilizados na indústria
e no comércio. Estes materiais, normalmente constituídos por carbono, são
apresentados como substâncias combustíveis.

• Na medida em que se aprofundam os estudos na ciência dos incêndios, é possível


quantificar e prognosticar com maior exatidão o comportamento de um incêndio,
o que nos permite aplicar nossos conhecimentos na prevenção dos incêndios em
geral.

• Um gás inflamável pode entrar em combustão de duas formas diferentes. Um jato


de gás de um tubo como, por exemplo, um bico de Bunsen, com a entrada de ar
fechada, pode entrar em ignição e queimar como chama de difusão, produzindo-
se a combustão naquelas zonas em que o combustível gasoso e o ar se misturam
por um processo de difusão. Este tipo de chama apresenta luminosidade amarela,
indicando a presença de pequenas partículas de fuligem resultantes da combustão
incompleta. Algumas destas partículas ardem na chama, outras, porém, emergem
pela ponta da mesma para formar a fumaça.

• Outra forma de combustão ocorre quando o gás, vapor ou pó e o ar são misturados


antes da ignição e se produza uma combustão da mistura inflamável ou explosiva,
sempre que o nível de concentração de gás, vapor, pó e ar se encontrem entre o
LIE - limite inferior de explosividade inflamabilidade e o LSEI – limite superior
de explosividade ou inflamabilidade.

• Uma mistura de gás, vapor ou pó com o ar que apresente uma concentração de


gás, vapor, ou pó fora dos limites de inflamabilidade ou explosividade (inferior
e superior) é uma mistura não inflamável.

• Quando uma mistura é inflamável, a ignição pode ocorrer aplicando-se uma


pequena fonte de ignição como, por exemplo: uma simples faísca elétrica. A
mistura de tipo estequiométrico é aquela que arde com maior facilidade, pois
a proporção de oxigênio presente é adequada para queimar completamente a
substância combustível e transformá-la em dióxido de carbono e água.

• Numa atmosfera de oxigênio puro (sem a presença de nitrogênio), a energia


necessária é menor.

• A chama de difusão associada a um fluxo de combustível gasoso demonstra


a forma de combustão que se observa quando um combustível líquido ou
sólido queima com chama. Mas neste caso, a chama se alimenta dos vapores da

21
substância combustível gerados na superfície da fase condensada. A velocidade
de abastecimento destes vapores depende da sua velocidade de combustão na
chama de difusão. A energia se transfere da chama para a superfície, gerando,
assim, a energia necessária para produzir os vapores.

• Nos combustíveis líquidos ocorre um processo simples de evaporação, mas nos


combustíveis sólidos deve existir uma quantidade suficiente de energia para
que ocorra a decomposição química do combustível e para romper as grandes
moléculas transformando-as em fragmentos menores capazes de se evaporar e se
liberar da superfície. Esta reação térmica é indispensável para que se mantenha
o fluxo de vapores e, com isso, se mantenha a chama de difusão.

• O processo de rompimento das moléculas que compõe uma substância


transformando-as em moléculas ou átomos, como resultado da ação do calor,
denomina-se pirólise ou decomposição térmica.

• A compreensão do processo de transferência de calor ou energia é importante


para se estudar o comportamento dos processos dos incêndios. Para esta
compreensão, estudamos as formas de transmissão de calor: condução, convecção
e radiação.

• Condução ocorre quando o calor é transmitido através de substâncias condutoras,


podendo provocar a propagação de um incêndio. Está fundamentada no aumento
da vibração das moléculas ou átomos que compõem os materiais ao serem
submetidos a uma fonte de energia, o calor é transmitido entre as partículas,
perdendo gradativamente a intensidade da vibração ao afastar-se da fonte de
calor.

• Convecção ocorre quando o ar quente e os gases liberados pela combustão


tendem a se elevar por sua menor densidade com relação ao ar frio e aquecem
os materiais com os quais tenha contato. Por esta razão, as correntes de ar são
muito perigosas em caso de incêndio, principalmente quando direcionadas aos
materiais altamente inflamáveis.

• Radiação ocorre quando o calor é transmitido em ondas e em todas as direções,


assim todos os combustíveis que tenham contato com elas podem alcançar a sua
temperatura de ignição.

• A combustão de um líquido ou de um sólido requer o aumento de sua temperatura


superficial até que se liberem vapores a uma velocidade suficiente para, uma vez
iniciada a ignição destes, manter a chama. Os combustíveis líquidos podem ser
classificados de acordo com o seu ponto de fulgor ou temperatura mínima para
que se libere um vapor ou uma mistura de ar inflamável na superfície.

• Para produzir um fluxo de vapores capaz de manter uma chama de difusão é


necessária uma temperatura ligeiramente superior, conhecida como ponto de
ignição.

22
• No ponto de fulgor ocorre a combustão do material quando a fonte de calor se
aproxima e a chama se apaga quando a fonte de calor se afasta.

• No ponto de ignição, a chama se mantém mesmo no caso de afastamento da


fonte de calor.

• A etapa inicial do incêndio apresenta as seguintes características principais:


as chamas mantêm-se no foco inicial; há muito combustível; há oxigênio em
abundância; mantém-se a temperatura ambiente; o espaço de tempo é de curta
duração.

• Na etapa crescente as principais características apresentadas pelo incêndio são: as


chamas se propagam para os materiais combustíveis existentes nas proximidades;
ainda há combustível em abundância; há a diminuição da concentração de
oxigênio; ocorre um aumento da temperatura de maneira exponencial; a massa
de gás e fumaça se elevam por convecção.

• A etapa totalmente desenvolvida do incêndio é identificada pelas seguintes


características: ocorre a generalização do incêndio em todo o ambiente; o
combustível disponível para alimentar o processo de combustão passa a ser
limitado; a concentração de oxigênio diminui e é restrita; há grandes diferenças
entre a temperatura da região próxima ao teto e a região próxima ao piso; o calor
é irradiado da região próxima ao teto em direção à região próxima ao piso.

• Na fase final do incêndio, as características apresentadas são: as chamas


diminuem ou se apagam; não há combustível disponível para manutenção do
processo de combustão; há uma concentração baixa de oxigênio; a temperatura
é muito alta, e diminui lentamente; há a presença de muita fumaça e brasa; há
risco de ignição da fumaça se for injetado ar no interior do ambiente.

23
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos adquiridos, resolvendo as questões a


seguir:

1 Explique o que se entende por fogo.

2 Discorra sobre o triângulo do fogo e seus componentes.

3 Descreva o tetraedro do fogo e seus componentes.

4 Apresente a definição de incêndio.

5 Discorra sobre cada uma das formas de combustão de um gás inflamável.

6 Apresente as características de uma mistura inflamável de tipo


estequiométrico.

7 Descreva a reação térmica indispensável para que se mantenha o fluxo de


vapores e, com isso, se mantenha a chama de difusão na combustão dos
combustíveis.

8 Apresente a definição de pirólise ou decomposição térmica.

9 Descreva as formas de transmissão de calor.

10 Discorra sobre as diferenças entre ponto de fulgor e ponto de ignição.

11 Apresente resumidamente as principais características de cada fase


desenvolvida no incêndio.

24
UNIDADE 1
TÓPICO 2

CLASSIFICAÇÃO DO FOGO

1 INTRODUÇÃO
A combustão ou fogo libera geralmente luz e energia em quantidade
bastante para ser perceptível. De acordo com Distrito Federal (2006), a existência
de luz em uma chama nem sempre se verificará. A queima do hidrogênio é um
exemplo que produz somente vapor d’água através da reação química com o
oxigênio. No entanto, mesmo que não seja visível a chama, muita energia se
produz neste processo. Por esta razão, o processo denomina-se combustão. Isto
demonstra que há diferentes tipos de combustão. Distrito Federal (2006) classifica
a combustão com relação à:

• formação de produtos da combustão: completa ou incompleta;


• sua velocidade de reação: viva ou lenta.

Há também a combustão espontânea, apresentada em separado, por suas


particularidades.

2 CLASSIFICAÇÃO RELATIVA À FORMAÇÃO DE PRODUTOS


Com relação a esta classificação, a combustão é completa ou incompleta.
Há também a combustão espontânea que será apresentada em separado, por suas
particularidades.

2.1 COMBUSTÃO INCOMPLETA


Trata-se da forma de combustão mais comum caracterizada pela produção
de produtos instáveis (íons). Essas moléculas e átomos instáveis produzidos pelo
rompimento molecular dos combustíveis reagirão com as moléculas de oxigênio
e passarão a formar outras substâncias. Esse processo produzirá uma quantidade
maior de chama e calor, e dependerá de uma ação externa para sua paralisação e
extinção das chamas. As características das construções em geral, integradas por
compartimentos delimitados por paredes e teto, fazem com que nas ocorrências
de incêndios haja uma limitação de oxigênio para o fogo e na medida em que
este oxigênio é utilizado na decomposição térmica dos materiais em combustão,
esta quantidade de oxigênio tende a decrescer. Com isto, as chamas sofrem uma

25
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

diminuição e chegam inclusive a se apagar. Porém, ainda que ocorra a diminuição


das chamas, os gases presentes na fumaça permanecem aquecidos e carregados
de íons que reagirão com o oxigênio quando em contato com este. Basta o contato
com o ar para se formar o tetraedro do fogo e dar continuidade à combustão.
Nestes casos, as ações de combate deverão ser cuidadosas e de acordo com as
técnicas apropriadas, para se evitar a explosão da fumaça, conhecida como
brackdraft, que estudaremos mais adiante.

UNI

A combustão incompleta gera resíduos que não são totalmente consumidos


na queima, decorrentes da reação em cadeia que são capazes de continuar a reação com
o ar. Estes resíduos compõem a fumaça.

2.2 COMBUSTÃO COMPLETA


Há casos em que a totalidade das moléculas do combustível reage
completamente com as moléculas de oxigênio, resultando em substâncias
estáveis. Nestes casos, ocorre a combustão completa ou combustão ideal, e são
gerados apenas dióxido de carbono (CO2) e água (H2 O). Temos como exemplo a
combustão do metano. Nesta combustão, ao reagir uma molécula de metano (CH4)
com duas moléculas de oxigênio (O2) será formada uma molécula de dióxido de
carbono e duas moléculas de água (H2 O), de acordo com a equação:

CH 4 + O2 = CO2 + 2H 2 O

Normalmente, nos incêndios, por ocorrer uma mistura mais rica em


metano ou outro combustível, há a também a formação de monóxido de carbono
(CO) além da geração de dióxido de carbono (CO2). O monóxido de carbono é
instável e reage com o oxigênio, rompendo outra molécula e forma outros produtos
instáveis. Neste processo, ocorre uma reação em cadeia de maneira semelhante
ao que ocorre com o gás hidrogênio e com a maior parte dos combustíveis. Ao ser
retirado qualquer um dos componentes do tetraedro do fogo, haverá a extinção
do mesmo.

26
TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO DO FOGO

UNI

Os trabalhos de prevenção e combate aos incêndios dependem muito dos


conhecimentos inerentes ao controle deste processo.

A combustão completa ou também chamada de queima limpa é obtida


na queima do gás pelo fogão e pelo maçarico, quando os queimadores estiverem
devidamente regulados, produzindo uma chama de coloração azul.

No entanto, convém atentar para a diferença entre a queima total e a


combustão completa. A queima total de um combustível ocorre quando todo o
material combustível existente no ambiente é atingido pela queima, e a combustão
completa ocorre na combinação estequiométrica entre o oxigênio e o combustível.

3CLASSIFICAÇÃORELATIVAÀVELOCIDADEDACOMBUSTÃO
Com relação à velocidade da combustão, a combustão é viva ou lenta.

3.1 COMBUSTÃO VIVA


A combustão viva ocorre nos casos em que há presença de chama. A
chama exerce influência na intensidade do incêndio, e, portanto, considera-se
como a combustão mais importante e em decorrência é a combustão mais focada
durante o combate.

A combustão viva só pode ocorrer nos casos em que há vapor ou


gás queimando, mesmo que seja decorrente da decomposição térmica dos
combustíveis líquidos ou sólidos, pois a combustão é processada em ambiente
gasoso.

Não importa o tamanho da chama para se classificar uma reação como


sendo combustão viva. Para que ocorra a combustão viva, basta a liberação de
uma quantidade tal de energia que torne perceptível esta liberação. Para que
se possa determinar se uma reação é fogo, deve-se considerar a relação entre a
unidade de volume da reação química e a energia de ativação.

Na etapa inicial da combustão, o nível de energia pode ser de


aproximadamente 1.000 (103) kW / m3. Esta quantidade de energia é suficiente
para em um segundo elevar em 1­­o C a temperatura de 1 grama de água.

27
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

Distrito Federal (2006) salienta que a potência de uma combustão é


caracterizada pela quantidade de calor ou de energia liberada em um intervalo
de tempo. Esta medida da quantidade de energia é normalmente expressa em
kJ/s ou kW. Os níveis máximos de liberação de calor (picos) de alguns materiais
são apresentados na tabela a seguir.

TABELA 3 – NÍVEIS MÁXIMOS DE LIBERAÇÃO DE CALOR

FONTE: National Fire Protection Association (NFPA) 921 apud Distrito Federal (2006, p. 35)

3.2 COMBUSTÃO LENTA


O fenômeno chamado de incandescência ou smoldering e conhecido
popularmente como brasa, é a combustão relativamente lenta, ou seja, o processo
em que a reação química entre o oxigênio e um sólido combustível ocorre
lentamente. Este fenômeno pode ocorrer no início ou no fim de uma combustão
viva e produz luz, calor e fumaça.

Nestes casos, a reação química ocorre na parte superficial do combustível


sólido e o oxigênio é difundido na superfície do material em combustão e esta
superfície passa a queimar e a luzir. Esta luminescência indica a ocorrência de
temperaturas acima de 1000o C. Normalmente, na fase final de incêndios ocorre a
incandescência.

Se houver um aumento no fluxo de ar sobre a combustão lenta, ela


pode transformar-se em combustão viva. Por esta razão se ocorrer a ventilação
inadequada durante o combate ao incêndio, poderá ocorrer a reignição do
material combustível.

28
TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO DO FOGO

UNI

Um cigarro aceso sobre um colchão poderá dar início a uma combustão


lenta, que, em seguida, poderá resultar em combustão viva.

A combustão lenta apresenta uma velocidade da reação química em torno


de 10-2 a 10-3 cm/s ou 1 a 5 mm/minuto. A este tipo de combustão estão associados
altos nível de (CO) monóxido de carbono (mais de 10% da massa do material
combustível). Este monóxido de carbono requer pouca quantidade de ar para
continuar a reação química.

Essa combustão em incêndios é potencialmente mortal, embora seja


muito lenta, em razão da geração de monóxido de carbono. Normalmente, ocorre
a incandescência nos seguintes casos:

• queima de combustíveis sólidos que apresentam porosidade, tais como: carvão,


fumo, espuma ou algodão em colchões;
• queima de mistura de combustíveis como no caso de sofás em que se combinam
tecidos com polímeros ou algodão;
• queima em locais destinados à descarga de materiais sólidos já queimados tais
como em: carvoarias ou lixões.

4 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA
Trata-se de uma forma de combustão em que o processo de queima não
necessita de uma fonte externa de calor como nos tipos de combustão estudados
anteriormente. O início a um processo de queima neste tipo de combustão
geralmente ocorre por uma oxidação lenta do combustível com exposição ao ar.
Este tipo de combustão se desenvolve por decomposição orgânica do material
e a reação química ocorre lentamente, o que dificulta sua percepção. Em alguns
casos, esta combustão é semelhante à incandescência, isto faz com que apenas se
perceba a combustão quando a mesma for grave.

Em materiais em que pode ocorrer este tipo de combustão como: o fósforo


branco, peles de animais em curtumes (quando em tratamentos) e algodão
amontoados, a energia (calor) liberada como resultante da reação química não
se dissipa de maneira suficiente no ambiente. Isto proporciona um aumento da
temperatura do próprio material e um aumento na velocidade da reação química.

29
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

UNI

A reação química gerada nestes casos pode resultar tanto em uma combustão
lenta ou incandescência como em uma chama ou combustão viva.

30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:

• Pode-se perceber que há diferentes formas de combustão: há combustão ou fogo,


que libera geralmente luz e energia em quantidade bastante para ser perceptível.
No entanto, há casos em que a existência de luz em uma chama nem sempre se
verificará. A queima do hidrogênio é um exemplo que produz somente vapor
d’água através da reação química com o oxigênio. No entanto, mesmo que não
seja visível a chama, muita energia se produz neste processo, por esta razão a
este processo também se denomina combustão.

• A combustão se classifica com relação à: formação de produtos da combustão,


completa ou incompleta; sua velocidade de reação: viva ou lenta e há também
a combustão espontânea.

• Combustão incompleta é a forma de combustão mais comum caracterizada


pela produção de produtos instáveis (íons). Essas moléculas e átomos instáveis
produzidos pelo rompimento molecular dos combustíveis reagirão com as
moléculas de oxigênio e passarão a formar outras substâncias. Esse processo
produzirá uma quantidade maior de chama e calor e dependerá de uma ação
externa para sua paralisação e extinção das chamas.

• As características das construções, em geral, integradas por compartimentos


delimitados por paredes e teto, fazem com que nas ocorrências de incêndios
haja uma limitação de oxigênio para o fogo e na medida em que este oxigênio é
utilizado na decomposição térmica dos materiais em combustão, esta quantidade
de oxigênio tende a decrescer. Com isto as chamas sofrem uma diminuição e
chegam inclusive a se apagar. Porém, ainda que ocorra a diminuição das chamas,
os gases presentes na fumaça permanecem aquecidos e carregados de íons que
reagirão com o oxigênio quando em contato com ele. Basta o contato com o ar
para se formar o tetraedro do fogo e dar continuidade à combustão.

• A combustão incompleta gera resíduos que não são totalmente consumidos na


queima, decorrentes da reação em cadeia que são capazes de continuar a reação
com o ar. Estes resíduos compõem a fumaça.

• A combustão completa ou combustão ideal ocorre nos casos em que nas reações
químicas a totalidade das moléculas do combustível reage completamente com
as moléculas de oxigênio, resultando em substâncias estáveis.

• A combustão completa, também chamada de queima limpa, é obtida na


queima do gás pelo fogão e pelo maçarico, quando os queimadores estiverem
devidamente regulados, produzindo uma chama de coloração azul.

31
• A queima total de um combustível ocorre quando todo o material combustível
existente no ambiente é atingido e a combustão completa ocorre na combinação
estequiométrica entre o oxigênio e o combustível.

• A combustão viva ocorre nos casos em que há presença de chama. A chama


exerce influência na intensidade do incêndio e, portanto, considera-se como a
combustão mais importante e em decorrência é a combustão mais focada durante
o combate.

• A combustão viva só pode ocorrer nos casos em que há vapor ou gás queimando,
mesmo que seja decorrente da decomposição térmica dos combustíveis líquidos
ou sólidos, pois a combustão é processada em ambiente gasoso.

• Não importa o tamanho da chama para se classificar uma reação como sendo
combustão viva. Para que ocorra a combustão viva basta a liberação de uma
quantidade tal de energia que torne perceptível esta liberação. Para que se possa
determinar se uma reação é fogo, deve-se considerar a relação entre a unidade
de volume da reação química e a energia de ativação.

• A potência de uma combustão é caracterizada pela quantidade de calor ou de


energia liberada em um intervalo de tempo. Esta medida da quantidade de
energia é normalmente expressa em kJ/s ou kW.

• O fenômeno chamado de incandescência ou smoldering e conhecido popularmente


como brasa, é a combustão relativamente lenta, ou seja, o processo em que a
reação química entre o oxigênio e um sólido combustível ocorre lentamente. Este
fenômeno pode ocorrer no início ou no fim de uma combustão viva e produz
luz, calor e fumaça. Nestes casos, a reação química ocorre na parte superficial
do combustível sólido e o oxigênio é difundido na superfície do material em
combustão e esta superfície passa a queimar e a luzir. Esta luminescência indica
a ocorrência de temperaturas acima de 1000o C. Normalmente, na fase final de
incêndios ocorre a incandescência.

• Se houver um aumento no fluxo de ar sobre a combustão lenta, ela pode


transformar-se em combustão viva. Por esta razão, se ocorrer a ventilação
inadequada durante o combate ao incêndio, poderá ocorrer a reignição do
material combustível.

• A combustão lenta apresenta uma velocidade da reação química em torno de


10-2 a 10-3 cm/s ou 1 a 5 mm/minuto. A este tipo de combustão estão associados
altos nível de (CO) monóxido de carbono (mais de 10% da massa do material
combustível). Este monóxido de carbono requer pouca quantidade de ar para
continuar a reação química.

• A combustão lenta é potencialmente mortal, embora seja muito lenta, em razão


da geração de monóxido de carbono. Normalmente, ocorre a incandescência nos
seguintes casos: queima de combustíveis sólidos que apresentam porosidade,

32
tais como: carvão, fumo, espuma ou algodão em colchões; queima de mistura de
combustíveis como no caso de sofás em que se combinam tecidos com polímeros
ou algodão e queima em locais destinados à descarga de materiais sólidos já
queimados tais como em: carvoarias ou lixões.

• A combustão espontânea é uma forma de combustão em que o processo


de queima não necessita de uma fonte externa de calor como nos tipos de
combustão estudados anteriormente. O início a um processo de queima neste
tipo de combustão geralmente ocorre por uma oxidação lenta do combustível
com exposição ao ar. Este tipo de combustão se desenvolve por decomposição
orgânica do material e a reação química ocorre lentamente, o que dificulta sua
percepção. Em alguns casos, esta combustão é semelhante à incandescência, isto
faz com que apenas se perceba a combustão quando a ela for grave.

• Em materiais em que pode ocorrer a combustão espontânea como: o fósforo


branco, peles de animais em curtumes (quando em tratamentos) e algodão
amontoados, a energia (calor) liberada como resultante da reação química não
se dissipa de maneira suficiente no ambiente. Isto proporciona um aumento da
temperatura do próprio material e um aumento na velocidade da reação química.

33
AUTOATIVIDADE

Para exercitar seu aprendizado, resolva as questões a seguir:

1 Explique como se pode perceber que há diferentes formas de combustão.

2 Descreva como se classifica a combustão.

3 Discorra sucintamente sobre os tipos de combustão classificados de acordo


com a formação dos produtos da combustão.

4 Apresente a descrição sucinta dos tipos de combustão classificados com


relação à velocidade da reação.

5 Descreva sucintamente a combustão espontânea.

34
UNIDADE 1
TÓPICO 3

EXPLOSÕES

1 INTRODUÇÃO
Uma explosão se caracteriza por uma liberação de energia repentina que
produz uma onda expansiva capaz de causar danos (DISTRITO FEDERAL, 2006).
Há explosões que ocorrem por sobrepressão e podem ser decorrentes de processos
químicos em indústrias ou simplesmente por efeitos físicos, como quando ocorre
o aquecimento na parte externa de um recipiente até atingir uma sobrepressão.
Este tipo de explosão por vapor em líquido em expansão conhecido como BLEVE
(Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion). Este termo tem sua origem relacionada
aos problemas das caldeiras a vapor. Este termo também é empregado quando,
num depósito que contém gás liquefeito de petróleo (GLP), ocorre um incêndio,
que libera o conteúdo inflamável e este conteúdo ao entrar em combustão produz
uma bola de fogo. Essa explosão gera uma onda que se expande de forma radial
em todas as direções.

Há casos de explosão por combustão ou explosão química como ocorre na


maioria das explosões como consequência de incêndios em vazamentos de GLP
ou da fumaça. Os gases combustíveis existentes no interior da fumaça quando
acumulados em ambientes poucos ventilados, podem entrar em combustão
subitamente com a entrada de oxigênio no ambiente. Neste caso, a explosão de
fumaça ou backdraft ou backdraught como é conhecida estudaremos mais adiante.

2 EXPLOSÃO DE GASES
Distrito Federal (2006) classifica a explosão como deflagração ou detonação.
Uma deflagração ocorre quando a velocidade do deslocamento de ar é abaixo de
340 m/s e uma detonação ocorre quando esta velocidade é superior a 340 m/s.
Deflagrações são, por exemplo: as explosões de fumaça ou do GLP no ambiente,
pois a velocidade do deslocamento do ar é menor e abaixo de 340 m/s. As explosões
por deflagração emitem uma onda de choque tal que é capaz de abalar a estrutura
da edificação, causando a morte de quem estiver ocupando o ambiente.

Nos casos de combinação entre o gás combustível e o ar, há a possibilidade


de ocorrer uma explosão. Como já estudamos, os gases somente poderão entrar
em combustão quando há uma quantidade suficiente de gás combustível, ou
seja, quando a sua concentração estiver dentro dos limites de inflamabilidade ou
limites de explosividade.

35
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

Os limites de explosividade ou de inflamabilidade são estabelecidos a 21o


C de temperatura e a um ATM de pressão ao nível do mar. Qualquer variação
de temperatura e de pressão alterará os limites de inflamabilidade ou de
explosividade. Por exemplo, em caso de aumento de pressão e de temperatura,
haverá a diminuição do limite inferior e o aumento do limite superior. Portanto,
haverá um aumento da faixa de inflamabilidade ou explosividade, e com isto
haverá um aumento do risco de explosão. Algumas misturas submetidas à
alta temperatura podem atingir um limite superior de inflamabilidade ou
explosividade de 100%. Já no caso de diminuição da pressão e da temperatura, o
efeito será inverso.

Essa condição de variabilidade da faixa de inflamabilidade quando a


substância for submetida a situações anormais caracteriza a importância de se
adotarem cuidados adicionais nos casos de atendimento às emergências com a
presença destas substâncias.

Observe as faixas de inflamabilidade de alguns gases representadas no


gráfico da figura a seguir.

FIGURA 9 – GRÁFICO COMPARATIVO DA FAIXA DE INFLAMABILIDADE DE GASES COMUNS

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 52)

36
TÓPICO 3 | EXPLOSÕES

UNI

Observe, na figura anterior, a faixa de inflamabilidade do monóxido de carbono,


gás presente na fumaça. Perceba que para que ocorra uma explosão de fumaça, bastam
aproximadamente 13% deste gás no ambiente e calor.

Percebe-se que a fumaça que é composta basicamente por monóxido de


carbono (CO), apresenta uma faixa de inflamabilidade muito próxima da faixa
de inflamabilidade do acetileno e do hidrogênio, gases considerados explosivos.

O risco de explosão é influenciado pelas condições do recipiente que


contém o material combustível. O tanque subterrâneo de combustível existente
nos postos de gasolina, por exemplo, se estiver cheio, não haverá o risco de
explosão, por proporcionar uma mistura muito rica de vapor de gás. No entanto,
no caso de haver pouco combustível no tanque, ou seja, se o tanque estiver quase
vazio, gradualmente o gás será liberado no interior do tanque proporcionando
uma mistura ideal com o ar, ou seja, dentro da faixa de inflamabilidade. Nesta
condição, para que ocorra uma explosão bastará uma fonte de calor.

O risco de explosão é maior quando o caminhão tanque abastece os


tanques subterrâneos dos postos de gasolina, pois nesta situação, geralmente eles
estão quase vazios. Dentro destas condições, um cigarro aceso, ou uma simples
eletricidade estática bastará para deflagrar uma explosão.

A fricção ou choque entre materiais diferentes que gera uma diferença


de potencial nas cargas elétricas produz a eletricidade estática. Para equilibrar o
número de elétrons entre os materiais, eles saltam de um material para outro na
forma de descarga elétrica. Essa forma de geração de eletricidade, embora pequena,
é poderosa e pode chegar a uma temperatura acima de 1000o C. Apesar de ser capaz
de gerar calor em nível elevado, esta energia se dissipa muito rapidamente e não
possibilita a inflamabilidade da maioria dos combustíveis mais comuns tais como:
madeira, tecido e papel. Os gases liberados pelos líquidos inflamáveis, existentes
nas distribuidoras de derivados de petróleo e postos de gasolina podem entrar em
combustão com esta energia e até mesmo deflagrar a explosão. Por isto, devem-
se adotar sistemas de aterramento e rígidas medidas de segurança durante as
operações de abastecimento dos tanques de armazenamento de inflamáveis.

37
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

3 EXPLOSÕES DE PÓ
Há deflagrações que são produzidas por poeiras, que podem provocar
explosões. Estas poeiras podem ser de alumínio, ou de produtos orgânicos, tais como:
grãos, pesticidas, açúcar, produtos farmacêuticos, plásticos, leite em pó, serragem etc.

A explosão de pó é resultado da combustão explosiva da mistura do ar


com a poeira combustível, que inflama rapidamente quando em contato com
uma fonte de calor. A ocorrência desta explosão depende de fatores tais como:
• tamanho das partículas de pó em suspensão – a explosividade é maior quanto
menor for o tamanho das partículas;
• umidade – quanto menor a umidade, maior será o risco de explosão;
• misturas híbridas – pós-formados por partículas de diferentes materiais tendem
a ter uma explosividade maior, podendo ser deflagrada com menos energia;
• tempo em suspensão – o risco de explosão será maior, quanto mais tempo a
poeira estiver em suspensão;
• concentração de oxigênio – a maior facilidade em ocorrer a reação química da
combustão está relacionada à maior concentração de oxigênio na mistura.

Para a medição de maneira prática do risco de qualquer ambiente cheio


de poeira, pode-se estender o braço e se não conseguir enxergar a sua mão, então
neste caso, trata-se de mistura explosiva. Outra checagem refere-se à verificação da
quantidade de pó depositado nas superfícies, sendo que é tolerado até um milímetro
de poeira sobre as superfícies. Geralmente, a explosão pode ser deflagrada se a
temperatura da mistura da poeira com o ar estiver em torno de 330o C a 400o C.
Embora esta temperatura seja maior que a temperatura suficiente para se deflagrar
a explosão na mistura gás e ar. Ela pode ser verificada nas partes quentes das
máquinas industriais ou até mesmo de fornos, como os existentes nos silos.

Observe os dados de explosividade de pós de produtos agrícolas na tabela


a seguir

TABELA 4 – DADOS DE EXPLOSIVIDADE DE PÓS DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 56)

38
TÓPICO 3 | EXPLOSÕES

4 BLEVE
O BLEVE – Boiling liquid expanding vapor explosion é a explosão em
recipientes que contenham líquidos que decorrem do aumento da pressão nas
superfícies externas destes recipientes provocado por aquecimento e fervura
do líquido, chegando a ultrapassar a capacidade de resistência do recipiente.
Após ultrapassar a capacidade de resistência, surgem fissuras na estrutura do
recipiente, por onde é liberado vapor de maneira violenta. Observe as fases do
desenvolvimento do BLEVE na figura a seguir.

FIGURA 10 – FASES DO DESENVOLVIMENTO DE UM BLEVE.

Devido ao aumento de
pressão, a válvula de
segurança permite a
liberação do gás
A pressão do tanque
aumenta devido ao
calor

Fonte de calor
próximo aquece
o tanque

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 57)

Também poderá ocorrer o BLEVE devido a danos ou falhas na estrutura


do cilindro. Distrito Federal (2006) esclarece:

Para se compreender melhor esse fenômeno, basta lembrar-se da


pipoca: o líquido dentro da casca dura do milho é aquecido, ferve e
exerce uma pressão contra esta até que se rompa, resultando em um
núcleo cozido que escapou da sua casca enquanto a pressão interne se
igualava à do ambiente. (DISTRITO FEDERAL, 2006, p. 58)

39
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

O BLEVE pode ocorrer, por aquecimento de qualquer recipiente utilizado


para o armazenamento ou transporte de líquidos ou gás, tais como: caminhões
tanque (figura a seguir) ou reservatórios.

FIGURA 11 – CAMINHÃO TANQUE PARA TRANSPORTE DE LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 59)

UNI

Perceba que qualquer recipiente que contenha líquidos é suscetível à


ocorrência do BLEVE, sendo eles inflamáveis ou não.

5 EXPLOSÃO DE FUMAÇA – BACKDRAFT OU BACKDRAUGHT


A explosão da fumaça aquecida é deflagrada de forma rápida e violenta.
A explosão da fumaça que está acumulada no ambiente com pouco oxigênio,
ocorre no exato momento em que o oxigênio entra em contado com esta massa
de gases aquecidos. A figura a seguir demonstra o momento em que ocorre esta
explosão numa situação de combate a um incêndio, atingindo dois bombeiros
que estão na escada.

40
TÓPICO 3 | EXPLOSÕES

FIGURA 12 – EXPLOSÃO DE FUMAÇA ATINGINDO DOIS BOMBEIROS NA ESCADA

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 150)

Esta situação inadequada de contato da fumaça com o ar do ambiente


pode acontecer por ocasião da entrada dos bombeiros antes de ser providenciado
o escoamento apropriado da fumaça. Isto também pode ocorrer pelo rompimento
dos vidros de uma janela em consequência da pressão proporcionada pela fumaça
sobre a janela.

A figura a seguir, demonstra como a operação inadequada de combate a


um incêndio, em razão de não se estabelecer um escoamento da fumaça antes de
entrarem no ambiente.

41
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

FIGURA 13 – EVOLUÇÃO DE UM BACKDRAFT POR AÇÃO INADEQUADA NO


COMBATE AO INCÊNDIO

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 151)

Em ambiente com janelas e portas fechadas ou sem janelas, com a


combustão se desenvolvendo em seu interior, a quantidade de oxigênio tende
a diminuir e a temperatura a aumentar. Para que exista a chama a concentração
de oxigênio no ambiente deve ser de aproximadamente 15%, portanto as chamas
irão diminuir até a sua extinção completa. Esta situação pode indicar a extinção do
incêndio. No entanto, ao entrar o ar neste ambiente fechado, sem que se promova
o escoamento da fumaça previamente, o oxigênio presente no ar em contato com
a fumaça resultará em uma rápida deflagração, produzindo uma onde de choque
de maneira imediata. Esta onde de choque pode provocar, inclusive, o colapso da
estrutura da edificação.

42
TÓPICO 3 | EXPLOSÕES

UNI

Para evitar o backdraft, o combate a incêndios em ambientes fechados deve-


se realizar com muito cuidado.

Na ocorrência de incêndios, recomenda-se a verificação da existência de


indícios que indicam a possibilidade de ocorrência do backdraft, tais como:

• presença de fumaça escura e densa, circulando pelo ambiente ou saindo de


qualquer abertura existente no ambiente;
• presença de poucas chamas que se acendem e se apagam, próximas das aberturas;
• movimento da fumaça de maneira pulsante, causado pela pressão elevada no
interior do ambiente sinistrado;
• vidros das janelas escurecidos com a presença de manchas provocadas pela
condensação da fumaça;
• portas e fechaduras quentes, aquecidas pelas altas temperaturas desenvolvidas
no interior. Esta situação pode ser detectada com observando se a água aplicada
sob a forma de pulsos de jatos de neblina sobre a porta evapora rapidamente;
• emissão de sons semelhantes ao assobio ou rugidos provocados pela passagem
da fumaça pelas frestas;
• presença de óleo depositado nas molduras de janelas, impressão causada pela
mistura de água e fuligem que são produzidos pela combustão.

43
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você viu que:

• A explosão se classifica como deflagração ou detonação. Uma deflagração ocorre


quando a velocidade do deslocamento de ar é abaixo de 340 m/s e uma detonação
ocorre quando esta velocidade é superior a 340 m/s. Deflagrações são, por
exemplo: as explosões de fumaça ou do GLP no ambiente, pois a velocidade do
deslocamento do ar é menor e abaixo de 340 m/s. As explosões por deflagração
emitem uma onda de choque tal que é capaz de abalar a estrutura da edificação,
causando a morte de quem estiver ocupando o ambiente.

• Os limites de explosividade ou de inflamabilidade são estabelecidos a 21o C de


temperatura e a uma atmosfera ao nível do mar de pressão. Em caso de aumento
de pressão e de temperatura, haverá a diminuição do limite inferior e o aumento
do limite superior. Portanto, haverá um aumento da faixa de inflamabilidade ou
explosividade, e com isto haverá um aumento do risco de explosão. Algumas
misturas, submetidas à alta temperatura, podem atingir um limite superior de
inflamabilidade ou explosividade de 100%. Já no caso de diminuição da pressão
e da temperatura, o efeito será inverso.

• O risco de explosão é influenciado pelas condições do recipiente que contém o


material combustível. O tanque subterrâneo de combustível existente nos postos
de gasolina, por exemplo, se estiver cheio, não haverá o risco de explosão, por
proporcionar uma mistura muito rica de vapor de gás. No entanto, no caso de
haver pouco combustível no tanque, ou seja, se o tanque estiver quase vazio,
gradualmente o gás será liberado no interior do tanque proporcionando uma
mistura ideal com o ar, ou seja, dentro da faixa de inflamabilidade. Nesta
condição, para que ocorra uma explosão bastará uma fonte de calor.

• O risco de explosão é maior quando o caminhão tanque abastece os tanques


subterrâneos dos postos de gasolina, pois nesta situação, geralmente os mesmos
estão quase vazios. Dentro destas condições, um cigarro aceso, ou uma simples
eletricidade estática bastará para deflagrar uma explosão.

• A fricção ou choque entre materiais diferentes que gera uma diferença de potencial
nas cargas elétricas produz a eletricidade estática. Para equilibrar o número de
elétrons entre os materiais, os elétrons saltam de um material para outro na forma
de descarga elétrica. Essa forma de geração de eletricidade, embora pequena, é
poderosa e pode chegar a uma temperatura acima de 1000o C.

44
• Apesar de ser capaz de gerar calor em nível elevado, esta energia eletrostática
se dissipa muito rapidamente e não possibilita a inflamabilidade da maioria dos
combustíveis mais comuns tais como: madeira, tecido e papel. Os gases liberados
pelos líquidos inflamáveis, existentes nas distribuidoras de derivados de petróleo
e postos de gasolina podem entrar em combustão com esta energia e até mesmo
deflagrar a explosão. Por isto, devem-se adotar sistemas de aterramento e rígidas
medidas de segurança durante as operações de abastecimento dos tanques de
armazenamento de inflamáveis.

• Há deflagrações que são produzidas por poeiras, que podem provocar explosões.
Estas poeiras podem ser de alumínio, ou de produtos orgânicos, tais como: grãos,
pesticidas, açúcar, produtos farmacêuticos, plásticos, leite em pó, serragem etc.

• A explosão de pó é resultado da combustão explosiva da mistura do ar com a


poeira combustível, que inflama rapidamente quando em contato com uma fonte
de calor. A ocorrência desta explosão depende de fatores tais como: tamanho
das partículas de pó em suspensão – a explosividade é maior quanto menor o
tamanho as partículas; umidade – quanto menor a umidade maior será o risco
de explosão; e misturas híbridas – pós-formados por partículas de diferentes
materiais tendem a ter uma explosividade maior, podendo ser deflagrada com
menos energia; tempo em suspensão – o risco de explosão será maior, quanto
mais tempo a poeira estiver em suspensão; concentração de oxigênio – a maior
facilidade em ocorrer a reação química da combustão está relacionada à maior
concentração de oxigênio na mistura.

• Para a medição de maneira prática do risco de qualquer ambiente cheio de


poeira, pode-se estender o braço e se não conseguir enxergar a sua mão, então
neste caso, trata-se de mistura explosiva. Outra checagem refere-se à verificação
da quantidade de pó depositado nas superfícies, sendo que é tolerado até um
milímetro de poeira sobre as superfícies. Geralmente, a explosão pode ser
deflagrada se a temperatura da mistura da poeira com o ar estiver em torno
de 330o C a 400o C. Embora esta temperatura seja maior do que a temperatura
suficiente para se deflagrar a explosão na mistura gás e ar, ela pode ser verificada
nas partes quentes das máquinas industriais ou até mesmo de fornos, como os
existentes nos silos.

• O BLEVE – Boiling liquid expanding vapor explosion é a explosão em recipientes


que contenham líquidos que decorrem do aumento da pressão nas superfícies
externas destes recipientes provocadas por aquecimento e fervura do líquido,
chegando a ultrapassar a capacidade de resistência do recipiente. Após ultrapassar
a capacidade de resistência surgem fissuras na estrutura do recipiente, por onde
é liberado vapor de maneira violenta.

45
• Poderá ocorrer o BLEVE devido a danos ou falhas na estrutura do cilindro. O
BLEVE pode ocorrer, também, por aquecimento de qualquer recipiente utilizado
para o armazenamento ou transporte de líquidos ou gás, tais como: caminhões
tanque ou reservatórios.

• A explosão da fumaça ou backdraft aquecida é deflagrada de forma rápida e


violenta. A explosão da fumaça que está acumulada no ambiente com pouco
oxigênio, ocorre no exato momento em que o oxigênio entra em contado com
esta massa de gases aquecidos.

• Uma situação inadequada de contato da fumaça com o ar do ambiente pode


acontecer por ocasião da entrada dos bombeiros antes de ser providenciado o
escoamento apropriado da fumaça. Isto também pode ocorrer pelo rompimento
dos vidros de uma janela em consequência da pressão proporcionada pela fumaça
sobre a janela.

• Em ambiente fechado com janelas e portas fechadas ou sem janelas, com


a combustão se desenvolvendo no interior dos mesmos, a quantidade de
oxigênio tende a diminuir e a temperatura a aumentar. Para que exista a chama
a concentração de oxigênio no ambiente deve ser de aproximadamente 15%,
portanto as chamas irão diminuir até a sua extinção completa. Esta situação
pode indicar a extinção do incêndio. No entanto, ao entrar o ar neste ambiente
fechado, sem que se promova o escoamento da fumaça previamente, o oxigênio
presente no ar em contato com a fumaça resultará em uma rápida deflagração,
produzindo uma onda de choque de maneira imediata. Esta onda pode provocar
o colapso da estrutura da edificação.

• Recomenda-se a verificação da ocorrência de indícios que indicam a possibilidade


de ocorrência do backdraft, tais como: presença de fumaça escura e densa; presença
de poucas chamas que se acendem e se apagam, próximas das aberturas;
movimento da fumaça de maneira pulsante; vidros das janelas escurecidos
com a presença de manchas provocadas pela condensação da fumaça; portas
e fechaduras quentes, aquecidas pelas altas temperaturas desenvolvidas no
interior. Emissão de sons semelhantes ao assobio ou rugidos provocados pela
passagem da fumaça pelas frestas e presença de óleo depositado nas molduras de
janelas, impressão causada pela mistura de água e fuligem que são produzidos
pela combustão.

46
AUTOATIVIDADE

Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir:

1 Explique a deflagração e a detonação.

2 Os limites de explosividade ou de inflamabilidade são estabelecidos a 21o C


de temperatura e a uma atmosfera ao nível do mar de pressão. Descreva os
efeitos do aumento ou da redução da pressão e da temperatura no ambiente.

3 Apresente as condições de risco de explosão dos tanques subterrâneos de


combustíveis.

4 Discorra de maneira sucinta sobre a geração de eletricidade estática e o risco


de explosão de tanques decorrentes desta eletricidade.

5 Há deflagrações que são produzidas por poeiras, que podem provocar


explosões. Estas poeiras podem ser de alumínio, ou de produtos orgânicos,
tais como: grãos, pesticidas, açúcar, produtos farmacêuticos, plásticos, leite
em pó, serragem etc. Escreva sucintamente sobre a explosão de pó e as
maneiras práticas de identificação deste risco.

6 Apresente a definição de BLEVE e descreva as condições que possibilitam a


sua ocorrência e os principais cuidados a serem seguidos para se evitar este
risco de explosão.

7 Discorra sucintamente sobre a explosão da fumaça ou backdraft, as


condições que possibilitam a sua ocorrência e os principais cuidados a serem
considerados para evitá-la.

47
48
UNIDADE 1
TÓPICO 4

EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS

1 INTRODUÇÃO
A combustão ou fogo se desenvolve por meio da combinação dos quatro
componentes: combustível, comburente, energia de ativação (calor) e reação em
cadeia. Estes componentes constituem o já conhecido tetraedro do fogo. Os métodos
de extinção estão relacionados à retirada de um ou mais destes componentes,
interrompendo a reação química e assim extinguir o incêndio. Objetivando a
extinção de incêndio, a partir destes princípios foram desenvolvidos os seguintes
métodos ou processos, apresentados por Distrito Federal (2006):

• controle ou retirada do material combustível;


• resfriamento;
• abafamento; e
• rompimento da reação em cadeia.

2 CONTROLE OU RETIRADA DO MATERIAL COMBUSTÍVEL


Este processo refere-se ao isolamento das chamas ou ainda ações
de proteção dos bens também conhecida como salvatagem. Este método se
resume na promoção de atividades necessárias para o controle ou a retirada
do material combustível não atingido pelo incêndio. São atividades rápidas e
simples executadas pelos bombeiros, tais como: o deslocamento do botijão de gás
liquefeito de petróleo (GLP) do local sinistrado para um local seguro; drenagem
para a retirada do líquido combustível de um reservatório quando atingido por
incêndio, com a aplicação de equipamentos e procedimentos específicos.

A retirada ou controle do material exige muito cuidado, pois envolve


o desenvolvimento de atividades em locais próximos ao local atingido pelo
incêndio. Estes materiais combustíveis podem se incendiar se forem atingidos
por uma fonte de calor que seja suficiente para iniciar a reação química de
decomposição térmica. Neste caso, o bombeiro que estiver realizando o trabalho
de retirada do material estará se expondo ao risco de sofrer danos pessoais. Por
esta razão, todos estes trabalhos de retirada de material deverão ser realizados
com o uso de equipamento de proteção individual (EPI) adequado.

São realizados os trabalhos que envolvem a retirada de material, como


por exemplo:

49
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

• retirada da mobília que não foi atingida por incêndio existente em ambiente
afetado pelas chamas;
• manter afastamento dos móveis que estejam próximos à parede aquecida, para
evitar que iniciem o processo de ignição;
• executar um aceiro, removendo todos os materiais existentes ao redor do
local incendiado, fazendo com que exista uma área de segurança que evite a
propagação do incêndio;
• retirada do botijão de GLP dos locais sinistrados.

Exemplos de ações relativas ao controle de material:


• fechar as portas de todos os ambientes que não tiverem sido atingidos pelo
incêndio;
• fechar as janelas localizadas no pavimento superior ao local do incêndio. Isto
dificultará a entrada da fumaça nestes pavimentos e consequentemente o contato
do material combustível existente com a fonte de calor presente na fumaça;
• interromper o fornecimento de GLP fechando o registro da central do gás
existente na edificação.

Há situações em que é muito difícil proceder à retirada de material,
normalmente, em decorrência do peso ou das dimensões dos materiais, ou ainda
em virtude do risco de se agravar as condições do incêndio com a retirada do
material ou mesmo por não haver pessoal suficiente para que se cumpra com
todas as atividades com eficiência. Nestas situações, procede-se à salvatagem.
Este método se destina à proteção dos materiais que não podem ser retirados de
um local durante as operações de combate a incêndio. A salvatagem consiste em
cobrir com lonas e cordas os materiais para protegê-los das chamas, da fuligem,
do calor e inclusive da água utilizada no combate.

Deve-se cuidar, ao realizar o processo de retirada, para que seja preservada


a cena do sinistro, buscando mover somente os materiais estritamente necessários,
para não prejudicar os trabalhos de perícia de incêndio.

3 RESFRIAMENTO
O resfriamento diz respeito às operações destinadas à retirada do calor
existente na combustão. Trata-se do método que os bombeiros mais utilizam na a
aplicação de agentes extintores buscando a redução da temperatura do incêndio
para uma temperatura abaixo do ponto de ignição do material combustível
presente no local. A figura a seguir representa uma ação de resfriamento no
combate a incêndio.

50
TÓPICO 4 | EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS

FIGURA 14 – BOMBEIROS PROMOVENDO O RESFRIAMENTO COM ÁGUA

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 92)

Mesmo que muitas vezes seja feita, utilizando-se a água, a operação de


resfriamento também pode ser realizada utilizando-se da ventilação tática. Esta
ventilação objetiva o escoamento dos gases aquecidos presentes na fumaça do
local sinistrado para a retirada do calor existente no ambiente. A figura a seguir
representa a ação de ventilação.

UNI

O resfriamento evita que outros materiais sejam afetados por um nível de


calor que possibilite a sua ignição, buscando limitar o incêndio aos materiais que já estão
em combustão.

51
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

FIGURA 15 – RESFRIAMENTO PELA PROMOÇÃO DE VENTILAÇÃO

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 93)

4 ABAFAMENTO
A prática deste método objetiva diminuir a presença de oxigênio disponível
para a reação química da combustão até que a concentração de oxigênio não
possibilite a sua continuidade. Neste processo, estão incluídas as ações que
promovem o isolamento do combustível em relação ao comburente, dificultando
a reação do oxigênio presente no ar com os gases produzidos na combustão.

Normalmente, quanto menor for o tamanho da fonte de incêndio, haverá


maior facilidade de se aplicar o abafamento. O método de abafamento envolve
ações como:

• colocar a tampa em uma panela que estiver em chamas;


• cobrir o material em combustão com um cobertor;
• cobrir um líquido em chamas com espuma;
• bater o fogo com abafadores manuais.

52
TÓPICO 4 | EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS

5 ROMPIMENTO DA REAÇÃO EM CADEIA


Este processo envolve a aplicação de substâncias que neutralizam
a capacidade do comburente de reagir com o combustível, o que impede a
capacidade de produção de novos íons pela combustão. Existem substâncias
químicas como o halon, por exemplo, que reagem com os íons liberados pela
combustão e sem a presença destes íons não há como continuar o processo de
rompimento das moléculas de combustível cessando a combustão.

LEITURA COMPLEMENTAR

ATMOSFERA EXPLOSIVA – FATORES INFLUENTES

Claudio Betenheuser
Carlos Rodrigo Ferreira
Osvaldo Thibes Chaves de Oliveira

Uma atmosfera é explosiva quando a proporção de gás, vapor ou pó no


ar é tal que uma faísca proveniente de um circuito elétrico ou do aquecimento de
um aparelho provoca a explosão. Para que se inicie uma explosão, três elementos
são necessários:

Combustível + oxigênio + faísca = explosão.

A combinação acima forma o Triângulo do Fogo. Atualmente é


mencionado também um quarto elemento: a reação molecular, formando então o
Tetraedro do Fogo. Observa-se que o oxigênio do ar está presente em quase todo
o processo produtivo em questão. É preciso saber que uma faísca ou uma chama
não é indispensável para que se produza uma explosão. Um aparelho pode, por
elevação de temperatura em sua superfície, atingir a temperatura de inflamação
do gás e provocar a explosão. (MACCOMEVAP, 2004)

Tecnicamente falando, uma explosão é uma onda de combustão – ou de


deflagração (que também é uma combustão com chama intensa) – que se propaga
livremente inicialmente movendo-se a uma velocidade menor que o som (300
m/s); se não confinada, essa frente de chamas viaja inicialmente com pouca
rapidez, mas a velocidade aumenta logo após a ignição, formando uma onda de
alta pressão.

Como os processos industriais geralmente não são projetados para


suportar as pressões desenvolvidas em uma explosão, ocorre(m) ruptura(s) no(s)
ponto(s) mais fraco(s), liberando a onda de choque geralmente acompanhada de
fogo, tudo com efeitos altamente destrutivos.

53
UNIDADE 1 | INCÊNDIOS: ASPECTOS BÁSICOS

Para a deflagração da explosão de pó, é preciso que ocorram os seguintes


elementos e condições:

• Combustível: é o pó em suspensão. Poeiras são partículas sólidas geradas


mecanicamente por manuseio, moagem, raspagem, esmerilhagem, impacto
rápido, detonação etc., de materiais inorgânicos e orgânicos – aqui se classificam
os grãos e farelos. As poeiras não tendem a flocular, a não ser sob ação de forças
eletrostáticas. Elas se depositam pela ação da gravidade. São encontradas em
dimensões perigosas que vão de 0,5 a 10 mícron. São expressas em mppc –
milhões de partículas por pé cúbico de ar, g/m3 ou mg/m3 de ar.
• Oxigênio, facilmente disponível na maior parte das operações industriais.
• Concentração mínima de pó misturado no ar. É a quantidade de material em
suspensão dentro de uma faixa passível de explodir, definida como Limites de
Explosividade Superior e Inferior. Abaixo ou acima destes limites não ocorre
a explosão. Quanto mais fino o pó, maior o poder de deflagração e maior a
velocidade da mesma.
• Pó seco: quanto maior a umidade do material, bem como a do ar, mais difícil
se torna a deflagração do mesmo, pois a água residual ao evaporar, empobrece
o ambiente, deslocando o oxigênio existente. Quanto mais seco, porém, mais
suscetível fica.
• Uma Fonte de Ignição, gerada por um uma chama qualquer, uma faísca de
solda, combustão espontânea, faíscas por fricção – atrito entre partes metálicas,
ou riscos eletrostáticos inerentes do processo de produção ou de elementos do
transporte pneumáticos.
• Um Espaço Confinado: a maior parte das operações industriais se dá em espaços
fechados.

Se for eliminado um dos fatores acima, a explosão por pó não ocorrerá.


(FENWAL PROTECTION SYSTEMS, 2003)

FONTE: Extraído de: BETENHEUSER, Claudio; FERREIRA, Carlos Rodrigo; OLIVEIRA, Osvaldo
Thibes Chaves de. Explosão de pó em unidades armazenadoras e processadoras de produtos
agrícolas e seus derivados estudo de caso. Ponta Grossa, 2005. Trabalho de Conclusão de
Curso (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho). Departamento de Engenharia
Civil, Universidade Estadual de Ponta Grosa.

54
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você viu que:

• Os métodos de extinção estão relacionados à retirada de um ou mais destes


componentes, interrompendo a reação química e assim extinguir o incêndio.
Objetivando a extinção de incêndio, a partir destes princípios foram desenvolvidos
os seguintes métodos ou processos: controle ou retirada do material combustível;
resfriamento; abafamento; e rompimento da reação em cadeia.

• O método de controle ou retirada do material combustível refere-se ao isolamento


das chamas ou ainda ações de proteção dos bens também conhecida como
salvatagem. Este método se resume na promoção de atividades necessárias para
o controle ou a retirada do material combustível não atingido pelo incêndio.
São atividades rápidas e simples executadas pelos bombeiros, tais como: o
deslocamento do botijão de gás liquefeito de petróleo (GLP) do local sinistrado
para um local seguro; drenagem para a retirada do líquido combustível de um
reservatório quando atingido por incêndio, com a aplicação de equipamentos e
procedimentos específicos.

• A retirada ou controle do material exige muito cuidado, pois envolve o


desenvolvimento de atividades em locais próximos ao local atingido pelo
incêndio. Estes materiais combustíveis podem se incendiar se forem atingidos
por uma fonte de calor que seja suficiente para iniciar a reação química de
decomposição térmica. Neste caso, o bombeiro que estiver realizando o trabalho
de retirada do material estará se expondo ao risco de sofrer danos pessoais. Por
esta razão, todos estes trabalhos de retirada de material deverão ser realizados
com o uso de equipamento de proteção individual (EPI) adequado.

• São exemplos de trabalhos que envolvem a retirada de material: retirada


da mobília que não foi atingida por incêndio existente em ambiente afetado
pelas chamas; manter afastamento dos móveis que estejam próximos à parede
aquecida, para evitar que iniciem o processo de ignição; executar um aceiro,
removendo todos os materiais existentes ao redor do local incendiado, fazendo
com que exista uma área de segurança que evite a propagação do incêndio;
retirada do botijão de GLP dos locais sinistrados.

• São exemplos de ações relativas ao controle de material: fechar as portas de


todos os ambientes que não tiverem sido atingidos pelo incêndio; fechar as
janelas localizadas no pavimento superior ao local do incêndio. Isto dificultará a
entrada da fumaça nestes pavimentos e consequentemente o contato do material
combustível existente com a fonte de calor presente na fumaça; interromper o
fornecimento de GLP fechando o registro da central do gás existente na edificação.

55
• Há situações em que é muito difícil proceder à retirada de material, normalmente,
em decorrência do peso ou das dimensões dos materiais, ou ainda em virtude do
risco de se agravar as condições do incêndio com a retirada do material ou mesmo
por não haver pessoal suficiente para que se cumpra com todas as atividades
com eficiência. Nestas situações, procede-se à salvatagem. Este método destina-
se a proteção dos materiais que não podem ser retirados de um local durante as
operações de combate a incêndio. A salvatagem consiste em cobrir com lonas e
cordas os materiais para protegê-los das chamas, da fuligem, do calor e inclusive
da água utilizada no combate.

• Deve-se cuidar, ao realizar o processo de retirada, para que seja preservada a


cena do sinistro, buscando mover somente os materiais estritamente necessários,
para não prejudicar os trabalhos de perícia de incêndio.

• O resfriamento diz respeito às operações destinadas à retirada do calor existente


na combustão. Trata-se do método que os bombeiros mais utilizam, com a
aplicação de agentes extintores, buscando a redução da temperatura do incêndio
para uma temperatura abaixo do ponto de ignição do material e combustíveis
presentes no local.

• Mesmo que muitas vezes seja feita utilizando-se a água, a operação de


resfriamento também pode ser realizada utilizando-se da ventilação tática. Esta
ventilação objetiva o escoamento dos gases aquecidos presentes na fumaça do
local sinistrado para a retirada do calor existente no ambiente.

• A prática do método do abafamento objetiva diminuir a presença de oxigênio


disponível para a reação química da combustão até que a concentração de
oxigênio não possibilite a continuidade da mesma. Neste processo, estão incluídas
as ações que promovem o isolamento do combustível em relação ao comburente,
dificultando a reação do oxigênio presente no ar com os gases produzidos na
combustão.

• Normalmente, quanto menor for o tamanho da fonte de incêndio, haverá maior


facilidade de se aplicar o abafamento. O método de abafamento envolve ações
como, por exemplo: Colocar a tampa em uma panela que estiver em chamas;
cobrir o material em combustão com um cobertor; cobrir um líquido em chamas
com espuma; bater o fogo com abafadores manuais.

• O rompimento da reação em cadeia envolve a aplicação de substâncias que


neutralizam a capacidade do comburente de reagir com o combustível, o que
impede a capacidade de produção de novos íons pela combustão. Existem
substâncias químicas como o halon, por exemplo, que reagem com os íons
liberados pela combustão e sem a presença destes íons não há como continuar o
processo de rompimento das moléculas de combustível cessando a combustão.

56
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 Explique sucintamente o método de extinção de incêndio por retirada ou


controle de material combustível.

2 Descreva de maneira sucinta o método de extinção de incêndio por


resfriamento.

3 Discorra sucintamente sobre processo de extinção de incêndio por abafamento.

4 Apresente a descrição sucinta da extinção por rompimento da cadeia dos


tipos de combustão classificados com relação à velocidade da reação em
cadeia.

57
58
UNIDADE 2

INCÊNDIOS – ASPECTOS
PREVENCIONISTAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• reconhecer os principais aspectos a serem considerados nas ações de pre-


venção e proteção contra incêndios;

• descrever as medidas construtivas relativas à prevenção e proteção contra


incêndios estabelecidas pela NR 23 – Proteção contra incêndios;

• identificar a importância da existência do sistema de controle da fumaça


em incêndios e interpretar o seu funcionamento;

• caracterizar as classes de fogo e os principais agentes extintores de incên-


dios apropriados a cada classe;

• relacionar os quesitos exigidos pela NR 23 – proteção contra incêndios


relativas à proteção por extintores portáteis;

• interpretar as determinações da NR 23 – relativas à extinção de incêndio


por água;

• descrever os principais aspectos relativos à proteção contra incêndios por


hidrantes, mangotinhos e chuveiros automáticos (sprinklers).

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos, sendo que no final de cada um
deles você encontrará atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos
desenvolvidos.

TÓPICO 1 – PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

TÓPICO 2 – SISTEMA DE CONTROLE DA FUMAÇA

TÓPICO 3 – AGENTES EXTINTORES

TÓPICO 4 – EXTINTORES PORTÁTEIS

TÓPICO 5 – EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA

59
60
UNIDADE 2
TÓPICO 1

PREVENÇÃO E PROTEÇÃO
CONTRA INCÊNDIOS

1 INTRODUÇÃO
A causa dos incêndios costuma ser o erro humano ao possibilitar o
contato de um combustível com uma fonte de calor como, por exemplo, quando
se coloca uma vela acesa em local que possa ser alcançada por uma cortina. Para
que se produza um incêndio é necessário um combustível, uma fonte de calor
e alguma situação que ponha estes elementos em contato e na presença do ar
ou outro material oxidante. Então, baseando-se neste conhecimento é possível
reduzir o risco de ocorrência de incêndio com a adoção de estratégias de redução
da presença de combustível, de eliminação das fontes de calor, ou ainda impedir
o contato entre o combustível e a fonte de calor.

2 SEGURANÇA PATRIMONIAL
A Segurança patrimonial contempla a segurança dos bens, das pessoas e
das informações. A proteção da edificação e de seus ocupantes contra os acidentes
resultantes do fogo é dividida em medidas preventivas e medidas corretivas.
Berto (1991) citado por Mitidieri (2008) apresenta as medidas de prevenção e
proteção contra incêndios inerentes ao processo produtivo e as relativas ao uso do
edifício. Estas medidas possibilitam maior eficiência e segurança nas atividades
de combate ao incêndio e resgate das pessoas e contemplam os cuidados para:

• evitar o início do incêndio;


• limitar o crescimento do incêndio;
• extinguir o incêndio na fase inicial;
• limitar a propagação do incêndio;
• retirada segura dos ocupantes;
• evitar a propagação do incêndio entre as edificações; e
• evitar o colapso da estrutura dos edifícios.

A prevenção contra incêndio diz respeito à aplicação de medidas de


precaução para evitar a ocorrência do incêndio. As medidas relativas à proteção
objetivam proteger a vida humana, a edificação e os bens materiais dos possíveis
danos após a ocorrência de incêndio na edificação. Estas medidas de proteção são
aplicadas quando há falhas na aplicação das medidas de prevenção resultando no
surgimento do incêndio.
61
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

2.1 MEDIDAS PARA EVITAR O INÍCIO DO INCÊNDIO


As principais medidas a serem adotadas em qualquer local e que visam
evitar o início do incêndio são:

• dimensionar e executar corretamente as instalações para a execução dos serviços;


• manter um afastamento seguro entre as fontes de calor e os materiais combustíveis;
• colocar a sinalização de emergência;
• estocar e manipular corretamente os líquidos combustíveis e inflamáveis e
também qualquer produto perigoso;
• realizar periodicamente a manutenção preventiva e corretiva das instalações e
equipamentos que podem gerar um princípio de incêndio;
• conscientizar os usuários das instalações a respeito das ações inerentes à
prevenção de incêndios.

UNI

A norma regulamentadora NR20 – líquidos combustíveis e inflamáveis –


define líquido combustível como todo líquido cujo ponto de fulgor seja igual ou superior
a 70o C e abaixo de 93,3o C. A mesma norma define líquido inflamável como todo líquido
cujo ponto de fulgor seja menor do que 70o C e pressão de vapor que não ultrapasse 2,8
kg/cm2 absoluta a 37,7o C.

2.2 CUIDADOS PARA LIMITAR O CRESCIMENTO DO


INCÊNDIO
O crescimento do incêndio após seu início pode ser dificultado com a
aplicação de alguns procedimentos, entre os quais os principais são:

• controlar a quantidade de materiais combustíveis aplicados na construção das


instalações e edificações e no desenvolvimento do processo produtivo;
• controlar as características de reação ao fogo de todos os materiais existentes
nos locais, tanto das edificações, como das instalações e aqueles utilizados no
processo produtivo.

62
TÓPICO 1 | PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

UNI

As características de reação ao fogo são determinadas por meio de ensaios


de laboratórios. O conhecimento destas características possibilita o emprego de materiais
mais resistentes ao fogo.

2.3 PROVISÕES PARA EXTINGUIR O FOGO NA FASE INICIAL


Ao iniciar um incêndio, a sua extinção depende de um conjunto de ações
voltadas à provisão nos locais de recursos necessários entre as quais se destacam:

• disponibilizar equipamentos portáteis de extinção;


• disponibilizar sistema de mangotinhos (figura a seguir) e hidrantes;
• disponibilizar sistema de chuveiros automáticos;
• disponibilizar sistema de detecção e alarme de incêndio;
• disponibilizar sinalização de emergência;
• realizar periodicamente a manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos
de proteção disponibilizados;
• elaborar planos de atuação específicos para a extinção inicial do incêndio;
• treinar todos os usuários para o combate do incêndio na fase inicial de maneira
adequada;
• formar e manter devidamente treinada uma equipe de brigada de incêndio.

FIGURA 16 – SISTEMA DE PROTEÇÃO POR MANGOTINHOS.

FONTE: Disponível em: <http://www.segurancaetrabalho.com.br/download/


hidrantes.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

63
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

UNI

“Mangotinhos são tubos flexíveis feitos de borracha utilizados para o combate


apenas aos princípios de incêndio ou para a proteção ou a interrupção da continuidade
dos incêndios. Em geral, trabalham com alta pressão e baixa vazão” (DISTRITO FEDERAL,
2006, p. 58).

2.4 MEDIDAS PARA LIMITAR A PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIO


Para limitar ou restringir a propagação de um incêndio em um local
determinado, além de serem adotados aqueles cuidados indicados para evitar
o seu crescimento, torna-se necessário adotar algumas medidas principalmente
com relação à:

• compartimentar os ambientes tanto no sentido horizontal como no sentido


vertical;
• realizar periodicamente a manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos
aplicados na composição da compartimentação;
• controlar a existência de materiais combustíveis nos locais próximos às
fachadas.

UNI

Um exemplo simples de compartimentação é uma cabine de pintura que


em alguns casos inclui equipamentos para proporcionar melhor isolamento por meio de
cortina d’água que possibilita a retenção das partículas em dispersão.

2.5 CONDIÇÕES PARA RETIRADA SEGURA DOS OCUPANTES


Na ocorrência de um incêndio, uma das atividades que se faz necessária
é a evacuação ou a retirada com segurança das pessoas que estiverem ocupando
os locais sinistrados. Para que se consiga retirá-los com segurança, destacam-se as
seguintes medidas principais:

64
TÓPICO 1 | PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

• disponibilizar sistema de detecção e alarme;


• disponibilizar sistema de comunicação de emergência;
• disponibilizar rotas ou saídas de emergência que permitam o deslocamento
das pessoas com segurança;
• disponibilizar sistema de iluminação de emergência;
• disponibilizar um sistema que permita controlar o movimento da fumaça
produzida pelo incêndio;
• realizar periodicamente a manutenção preventiva e corretiva de todos os
equipamentos a serem utilizados para garantir a retirada dos ocupantes com
segurança;
• controlar as características de reação ao fogo de todos os materiais existentes
nos locais, tanto das edificações, como das instalações e aqueles utilizados no
processo produtivo.
• elaborar planos para, com segurança, executar a operação de retirada dos
ocupantes em situações de emergência;
• treinar periodicamente os ocupantes dos locais para executar a evacuação de
emergência de acordo com os planos elaborados;
• formar e manter devidamente treinada uma equipe de brigada para coordenar
a evacuação em situações de emergência.

2.6 MEDIDAS PARA EVITAR A PROPAGAÇÃO DO


INCÊNDIO ENTRE AS EDIFICAÇÕES
As principais medidas a serem adotadas para dificultar a propagação de
um incêndio de uma edificação para outra são:

• manter uma distância segura entre os edifícios;


• controlar para que materiais resistentes ao fogo sejam empregados na
construção das paredes externas dos edifícios;
• controlar a presença de materiais combustíveis nos locais próximos às fachadas.

2.7 CONDIÇÕES PARA EVITAR O COLAPSO DA


ESTRUTURA DOS EDIFÍCIOS
A proteção da vida das pessoas, dos edifícios e dos bens existentes em
locais sinistrados depende também da resistência da estrutura destes edifícios
para suportar altas temperaturas sem entrarem em colapso. Para isto, as principais
condições a serem consideradas são:

• utilizar elementos resistentes ao fogo na construção das estruturas das


edificações e;
• empregar materiais resistentes ao fogo na construção das paredes externas das
edificações.

65
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

3 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL


No âmbito da segurança do trabalho, a norma regulamentadora que
estabelece as determinações direcionadas à prevenção e proteção contra incêndios
é a NR 23 – Proteção contra incêndios.

A norma regulamentadora NR 23 – Proteção contra incêndios – determina


que todas as empresas devem ter: proteção contra incêndios; saídas em número
suficiente e dispostas de maneira a possibilitar a rápida retirada do pessoal dos
locais de trabalho, em caso de incêndio, equipamento de combate a incêndio em
quantidade suficiente para possibilitar o combate na fase inicial do incêndio e
pessoas treinadas para o correto uso dos equipamentos de combate a incêndio.

Com relação às determinações construtivas das edificações estipuladas


pela NR 23, destacam-se aquelas relacionadas a: saídas, portas, escadas,
elevadores, portas corta-fogo e sistemas de alarme.

3.1 SAÍDAS
A quantidade e dimensões das saídas em todos os locais devem ser
definidas para possibilitar rapidez e segurança na evacuação dos seus ocupantes
em caso de incêndio. Neste sentido, deverão ser atendidos os seguintes quesitos:

• aberturas com largura igual ou maior a 1,20m;


• sentido da abertura para a parte externa do local de trabalho;
• corredores contínuos iluminados e sem escadas ou degraus, nas situações de
impossibilidade de se dispor de saídas diretas de cada local, com largura igual
ou maior a 1,20m e sempre estejam desobstruídos e mantidos seguros;
• todas as saídas, corredores de acesso e saídas devem ter indicação da direção
de saída mediante a utilização de placas ou sinais luminosos;
• deverão ser dispostas de tal maneira que os ocupantes não tenham que
percorrer mais do que 15 metros nos locais de risco grande e 30 metros nos
locais de risco pequeno ou médio.
• deverão ser providos de rampa os pisos de níveis diferentes de forma a contorná-
los. Para indicar o sentido da descida deverá haver uma placa indicativa no
início da rampa.

66
TÓPICO 1 | PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

QUADRO 4 – RISCO DE FOGO EM FUNÇÃO DA CLASSE DE OCUPAÇÃO DA TARIFA


DE SEGURO INCÊNDIO

FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_


regulamentadoras/nr_23.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

UNI

O quadro anterior apresenta o risco de fogo em função da classe de ocupação


do estabelecimento. A classe de ocupação é obtida mediante enquadramento da atividade
principal desenvolvida na Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil (TSIB) do IRB – Instituto de
Resseguros do Brasil. Conforme o artigo 31o da Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil, os riscos
são divididos em 13 Classes de Ocupação, conforme a atividade principal desenvolvida e a
carga de incêndio do local.

3.2 PORTAS
Os tipos de portas que são admitidas para as saídas são as de batente e as
corrediças horizontais. Todas as portas de batentes, internas e de saída devem:
abrir no sentido da saída e estar situadas de modo a não obstruir as vias de
passagem, ao serem abertas.

As portas de acesso às escadas devem ser instaladas de modo que não


diminuam a largura disponível dessas escadas.

As portas de saída devem estar instaladas de modo a serem visíveis, e


mantidas sempre desobstruídas e livres de qualquer obstáculo que dificulte o
acesso e a sua vista.

67
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

Durante as horas de trabalho não se permite que as portas de entrada,


de saída ou de emergência existentes nos prédios das empresas, sejam presas ou
fechadas à chave ou com o emprego de ferrolhos. Nestes horários e nestas portas,
poderão ser adotados dispositivos de segurança que permitam que as mesmas
sejam abertas com facilidade por qualquer pessoa no interior da edificação. As
portas de emergência nunca devem ser fechadas pelo lado externo.

3.3 ESCADAS, ELEVADORES E PORTAS CORTA-FOGO


Todas as plataformas, patamares e escadas deverão ser construídos com o
emprego de material incombustível e resistente ao fogo.

Os poços dos elevadores e monta-cargas existentes em construções com


mais de dois pavimentos, devem ser constituídos de material resistente ao fogo.

Deverão ser dotadas de portas corta-fogo as caixas de escadas. Estas


portas deverão possibilitar que sejam abertas com facilidade pelos dois lados e
fechar-se automaticamente.

UNI

As portas corta-fogo deverão ser construídas em conformidade com a NBR


11742 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas e ter o tempo de resistência ao
fogo que for estabelecido pelo corpo de bombeiros Estadual. Para conhecer mais detalhes
a respeito da porta corta-fogo, leia o artigo: SILVA, Ana Cláudia Meneguci. Porta corta-
fogo para saídas de emergência. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_
pagina=1227>. Acesso em: 30 maio 2010.

3.4 SISTEMAS DE ALARME


Deverá ser instalado um sistema de alarme que permita a percepção
dos sinais emitidos em todos locais da edificação de estabelecimentos com risco
elevado ou médio. Em cada pavimento da edificação deverá haver dispositivos de
acionamento do sistema de alarme adotado em quantidade suficiente. Os sons de
alarme emitidos pelas sirenes ou campainhas devem ser diferentes em tonalidade
e altura de todos os sons emitidos pelos dispositivos acústicos existentes no
estabelecimento.

Nos pavimentos, os dispositivos de acionamento de alarme deverão estar


dispostos nas áreas comuns de acesso. Estes dispositivos devem estar em lugar
visível e dentro de caixas lacradas com tampa de plástico ou vidro e que seja fácil
quebrá-la. Nesta caixa deverá estar escrito: “Quebrar em caso de emergência”.

68
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você viu que:

• É possível reduzir o risco de ocorrência de incêndio com a adoção de estratégias


de redução da presença de combustível, de eliminação das fontes de calor, ou
ainda impedir o contato entre o combustível e a fonte de calor.

• A Segurança patrimonial contempla a segurança dos bens, das pessoas e das


informações. A proteção da edificação e de seus ocupantes contra os acidentes
resultantes do fogo é dividida em medidas preventivas e medidas corretivas.

• As medidas de prevenção e proteção contra incêndios inerentes ao processo


produtivo e as relativas ao uso do edifício contemplam os cuidados para: evitar
o início do incêndio; limitar do crescimento do incêndio; extinguir o incêndio
na fase inicial; limitar a propagação do incêndio; retirada segura dos ocupantes;
evitar a propagação do incêndio entre as edificações e evitar o colapso da
estrutura dos edifícios.

• A prevenção contra incêndio diz respeito à aplicação de medidas de precaução


para evitar a ocorrência do incêndio. As medidas relativas à proteção objetivam
proteger a vida humana, a edificação e os bens materiais dos possíveis danos
após a ocorrência de incêndio na edificação. Estas medidas de proteção são
aplicadas quando há falhas na aplicação das medidas de prevenção, resultando
no surgimento do incêndio.

• As principais medidas a serem adotadas em qualquer local e que visam evitar


o início do incêndio são: dimensionar e executar corretamente as instalações
para a execução dos serviços; manter um afastamento seguro entre as fontes de
calor e os materiais combustíveis; colocar a sinalização de emergência; estocar
e manipular corretamente os líquidos combustíveis e inflamáveis e também
qualquer produto perigoso; realizar periodicamente a manutenção preventiva
e corretiva das instalações e equipamentos que podem gerar um princípio de
incêndio; conscientizar os usuários das instalações a respeito das ações inerentes
à prevenção de incêndios.

• Os cuidados para limitar o crescimento do incêndio são: controlar a quantidade de


materiais combustíveis aplicados na construção das instalações e das edificações
e no desenvolvimento do processo produtivo; controlar as características de
reação ao fogo de todos os materiais existentes nos locais, tanto das edificações,
como das instalações e aqueles utilizados no processo produtivo.

• As principais provisões para extinguir o fogo na fase inicial são: disponibilizar


equipamentos portáteis de extinção; disponibilizar sistema de mangotinhos e
hidrantes; disponibilizar sistema de chuveiros automáticos; disponibilizar sistema

69
de detecção e alarme de incêndio; disponibilizar sinalização de emergência;
realizar periodicamente a manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos
de proteção disponibilizados; elaborar planos de atuação específicos para a
extinção inicial do incêndio; treinar todos os usuários para o combate do incêndio
na fase inicial de maneira adequada; formar e manter devidamente treinada uma
equipe de brigada de incêndio.

• Para restringir a propagação de um incêndio em um local determinado, além


de serem adotados aqueles cuidados indicados para evitar o crescimento do
incêndio torna-se necessário adotar algumas medidas principalmente com
relação a: compartimentar os ambientes tanto no sentido horizontal como no
sentido vertical; realizar periodicamente a manutenção preventiva e corretiva
dos equipamentos aplicados na composição da compartimentação e controlar a
existência de materiais combustíveis nos locais próximos às fachadas.

• As principais condições para retirada segura dos ocupantes em locais sinistrados


são: disponibilizar sistema de detecção e alarme; disponibilizar sistema de
comunicação de emergência; disponibilizar rotas ou saídas de emergência que
permitam o deslocamento das pessoas com segurança; disponibilizar sistema
de iluminação de emergência; disponibilizar um sistema que permita controlar
o movimento da fumaça produzida pelo incêndio; realizar periodicamente a
manutenção preventiva e corretiva de todos os equipamentos a serem utilizados
para garantir a retirada dos ocupantes com segurança; controlar as características
de reação ao fogo de todos os materiais existentes nos locais, tanto das edificações,
como das instalações e aqueles utilizados no processo produtivo; elaborar planos
para, com segurança, executar a operação de retirada dos ocupantes em situações
de emergência; treinar periodicamente os ocupantes dos locais para executar a
evacuação de emergência de acordo com os planos elaborados; formar e manter
devidamente treinada uma equipe de brigada para coordenar a evacuação em
situações de emergência.

• As principais medidas a serem adotadas para evitar a propagação do incêndio


entre as edificações são: manter uma distância segura entre os edifícios; controlar
para que materiais resistentes ao fogo sejam empregados na construção das
paredes externas dos edifícios; controlar a presença de materiais combustíveis
nos locais próximos às fachadas.

• As principais condições a serem consideradas para evitar o colapso da estrutura


são: utilizar elementos resistentes ao fogo na construção das estruturas das
edificações e empregar materiais resistentes ao fogo na construção das paredes
externas das edificações.

• Com relação à legislação de segurança patrimonial no âmbito da segurança do


trabalho, a norma regulamentadora que estabelece as determinações direcionadas
à prevenção e proteção contra incêndios é a NR 23 – Proteção contra incêndios.

70
• A norma regulamentadora NR 23 – Proteção contra incêndios – determina que
todas as empresas necessitam ter proteção contra incêndios, saídas em número
suficiente e dispostas de maneira a possibilitar a rápida retirada do pessoal dos
locais de trabalho, em caso de incêndio, equipamento de combate a incêndio
em quantidade suficiente para possibilitar o combate na fase inicial e pessoas
treinadas para o correto uso dos equipamentos.

• Com relação às determinações construtivas das edificações estipuladas pela


NR 23, destacam-se aquelas relacionadas a: saídas, portas, escadas, elevadores,
portas corta-fogo e sistemas de alarme.

• De acordo com a NR-23, a quantidade e dimensões das saídas em todos os


locais devem ser definidas para possibilitar rapidez e segurança na evacuação
dos seus ocupantes em caso de incêndio. Neste sentido, deverão ser atendidos
os seguintes quesitos: aberturas com largura igual ou maior a 1,20m; sentido
da abertura para a parte externa do local de trabalho; corredores contínuos
iluminados e sem escadas ou degraus, nas situações de impossibilidade de se
dispor de saídas diretas de cada local, com largura igual ou maior a 1,20m e
sempre estejam desobstruídos e mantidos seguros; todas as saídas, corredores
de acesso e saídas devem ter indicação da direção de saída mediante a utilização
de placas ou sinais luminosos; deverão ser dispostas de tal maneira que os
ocupantes não tenham que percorrer mais do que 15 metros nos locais de risco
grande e 30 metros nos locais de risco pequeno ou médio; deverão ser providos
de rampa os pisos de níveis diferentes de forma a contorná-los. Para indicar o
sentido da descida deverá haver uma placa indicativa no início da rampa.

• Os tipos de portas que são admitidas, pela NR - 23, para as saídas são as de
batente e as corrediças horizontais. Todas as portas de batentes internas e de
saída devem: abrir no sentido da saída e estar situadas de modo a não obstruir
as vias de passagem ao serem abertas.

• As portas de acesso às escadas devem, de acordo com a NR-23, ser instaladas


de modo que não diminuam a largura disponível dessas escadas. As portas
de saída devem estar instaladas de modo a serem visíveis, e mantidas sempre
desobstruídas e livres de qualquer obstáculo que dificulte o acesso e a sua
vista. Durante as horas de trabalho, não se permite que as portas de entrada,
de saída ou de emergência existentes nos prédios das empresas, sejam presas
ou fechadas à chave ou com o emprego de ferrolhos. Nestes horários e nestas
portas, poderão ser adotados dispositivos de segurança que permitam que as
elas sejam abertas com facilidade por qualquer pessoa no interior da edificação.
As portas de emergência nunca devem ser fechadas pelo lado externo.

• A NR – 23 estabelece que todas as plataformas, patamares e escadas deverão


ser construídos com o emprego de material incombustível e resistente ao fogo;
os poços dos elevadores e monta-cargas existentes em construções com mais
de dois pavimentos, devem ser constituídos de material resistente ao fogo e

71
deverão ser dotadas de portas corta-fogo as caixas de escadas. Estas portas
deverão possibilitar que sejam abertas com facilidade pelos dois lados e fechar-
se automaticamente.

• Deverá ser instalado um sistema de alarme, como estabelece a NR – 23, que


possibilite a percepção dos sinais emitidos em todos locais da edificação dos
estabelecimentos com risco elevado ou médio. Em cada pavimento da edificação
deverá haver dispositivos de acionamento do sistema de alarme adotado em
quantidade suficiente. Os sons de alarme emitidos pelas sirenes ou campainhas
devem ser diferentes em tonalidade e altura de todos os sons emitidos pelos
dispositivos acústicos existentes no estabelecimento. Nos pavimentos, os
dispositivos de acionamento de alarme deverão estar dispostos nas áreas comuns
de acesso. Estes dispositivos devem estar em lugar visível e dentro de caixas
lacradas com tampa de plástico ou vidro e que sejam fácil de quebrá-las. Nesta
caixa deverá estar escrito: “Quebrar em caso de emergência”.

72
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 Discorra sobre o conhecimento em que se baseia a estratégia de redução do


risco incêndio.

2 Apresente o que se entende por prevenção e proteção contra incêndios.

3 O que se entende por segurança patrimonial e discorra sobre a legislação


de segurança patrimonial relativa à proteção contra incêndios no âmbito da
segurança do trabalho.

4 As medidas de prevenção e proteção contra incêndios inerentes ao processo


produtivo e as relativas ao uso do edifício contemplam os cuidados para
as seguintes situações: evitar o início do incêndio, limitar do crescimento
do incêndio, extinguir o incêndio na fase inicial, limitar a propagação do
incêndio, retirada segura dos ocupantes, evitar a propagação do incêndio
entre as edificações e o colapso da estrutura dos edifícios. Discorra
sucintamente sobre as principais medidas relativas a cada situação.

5 Relacione o que a NR 23 – Proteção contra incêndios – determina o que as


empresas devem possuir.

6 Com relação às determinações construtivas das edificações estipuladas


pela NR 23, destacam-se aquelas relacionadas a: saídas, portas, escadas,
elevadores, portas corta-fogo e sistemas de alarme. Descreva resumidamente
as principais disposições relacionadas a cada uma.

73
74
UNIDADE 2 TÓPICO 2

SISTEMA DE CONTROLE DA FUMAÇA

1 INTRODUÇÃO
A existência de um sistema de controle da fumaça, corretamente integrada
com as demais medidas comentadas no tópico anterior, proporciona uma série de
benefícios na ocorrência de incêndios entre os quais se destacam:

• redução da temperatura por meio da ventilação, protegendo a estrutura das


edificações de colapso;
• melhoria da visibilidade da rota de fuga;
• manutenção de atmosfera mais limpa;
• prevenção contra danos em decorrência da fumaça;
• prevenção de danos desnecessários por água em decorrência da melhor
visibilidade no combate;
• redução de gastos relativos à limpeza; e
• redução dos gastos com o incêndio.

2 PROPAGAÇÃO DA FUMAÇA
Para melhor compreensão do sistema de controle de fumaça, estudaremos
como se processa a propagação da mesma. Cunha e Martinelli Junior (2008)
apresentam as características da propagação da fumaça desde a fase inicial do
incêndio. No início, ela sobe para o teto rapidamente, conforme demonstra a
figura a seguir.

FIGURA 17 – FUMAÇA NA FASE INICIAL DO INCÊNDIO

FONTE: Cunha e Martinelli Junior (2008, p. 259)

75
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

Na sequência, se propaga na região próxima ao telhado e afasta-se


progressivamente do local em que é gerada, conforme representado na figura a
seguir.

FIGURA 18 – PROPAGAÇÃO DA FUMAÇA NA REGIÃO PRÓXIMA AO TETO

FONTE: Cunha e Martinelli Junior (2008, p. 260)

Se não houver uma saída, a fumaça irá preenchendo todo o interior da


edificação, como se observa na figura a seguir.

FIGURA 19 – PROPAGAÇÃO DA FUMAÇA NA REGIÃO PRÓXIMA AO TETO

FONTE: Cunha e Martinelli Junior (2008, p. 260)

Cunha e Martinelli Junior (2008) demonstram a importância de se


determinar um sistema de controle, ao apresentar a característica da velocidade
de desenvolvimento da fumaça, demonstrando a dispersão em 50 segundos num
espaço de 100 metros, representada na figura a seguir.

76
TÓPICO 2 | SISTEMA DE CONTROLE DA FUMAÇA

FIGURA 20 – DISPERSÃO DA FUMAÇA EM 50 SEGUNDOS

10 segundos
100 metros

20 segundos
100 metros

30 segundos
100 metros

40 segundos
100 metros

50 segundos
100 metros

FONTE: Cunha e Martinelli Junior (2008, p. 260)

3 TIPOS DE VENTILAÇÃO
O sistema de controle da fumaça pode ser implantado por ventilação
natural ou por ventilação monitorada.

3.1 VENTILAÇÃO NATURAL


A ventilação natural é propiciada ao se dispor de saídas para possibilitar a
movimentação da fumaça considerando as forças naturais, mais especificamente
no interior da edificação. Esta movimentação será realizada em função:

77
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

• da diferença de temperatura entre os gases aquecidos e o ar na parte interna e


externa da edificação;
• da diferença de altura entre as aberturas de exaustão e a abertura que possibilita
a entrada de ar;
• da movimentação do calor que se eleva por convecção;
• da direção e velocidade do vento.

Pode-se utilizar a ventilação de incêndio de maneira conjugada com a


ventilação natural de uso diário para fins de conforto térmico, com as seguintes
vantagens principais:

• ventilação sem geração de ruído;


• dispensa cuidados especiais de manutenção;
• baixo custo;
• sem possibilidade de falhas no funcionamento;
• fácil instalação e
• adequação automática da capacidade de insuflação de acordo com a velocidade
de aumento da temperatura.

Contudo, a eficácia deste sistema de ventilação pode ser prejudicada por


fatores, tais como:

• A fluência com o ar externo pode ser prejudicada pela ação do vento exercendo
pressão para o interior da edificação, fator particularmente influenciado pela
topografia e existência de outras edificações nas vizinhanças. A figura a seguir
representa por meio de setas a ação do vento que ao se deparar com a parede da
edificação anexa à edificação em que ocorre o incêndio, exerce pressão direcionada
ao interior da mesma, dificultando a saída da fumaça.

FIGURA 21 – SETAS INDICANDO A AÇÃO A PRESSÃO DO VENTO PARA O


INTERIOR DA EDIFICAÇÃO

FONTE: Cunha e Martinelli Junior (2008, p. 262)

• No momento imediatamente após o início do incêndio, a ventilação pode não


ocorrer com eficiência a não ser que aconteça uma ventilação previamente.

78
TÓPICO 2 | SISTEMA DE CONTROLE DA FUMAÇA

3.1.1 Funcionamento da Ventilação Natural


Ao ser aquecido o ar torna-se menos denso em virtude de sua expansão.
Como a densidade é menor do que a densidade do ar mais frio ao seu redor o ar
quente flutua em relação ao ar mais frio das proximidades. Quanto mais próximo
da fonte de calor, maior será a aceleração de elevação do ar e a sua velocidade ao
subir dependerá da:

• altura com relação à fonte de calor;


• diferença da temperatura existente entre o ar das proximidades e o ar
aquecido. Em razão de que na medida em que o ar aquecido se eleva, ele vai
se misturando com o ar mais frio existente e com isso perde temperatura. Ao
perder temperatura, torna-se mais denso, e com isso poderá parar de subir
passando a se espalhar horizontalmente, sobre o ar levemente mais frio.

Portanto, esta movimentação natural do ar aquecido pode ser facilitada


com a existência de aberturas em nível mais baixo e no nível mais alto. O ar
aquecido que sairá pela abertura no nível mais alto será reposto pelo ar mais frio
que entrar pela abertura do nível mais baixo.

3.2 VENTILAÇÃO MONITORADA


Este tipo de ventilação baseia-se no movimento do ar provocado por um
exaustor movido por motor elétrico. Com relação à ventilação natural este tipo de
ventilação apresenta certas vantagens tais como:

• não depende da altura da construção, da pressão do vento e das correntes de


ar aquecidos;
• é possível prever o desempenho e ser acionado repetidas vezes;
• a operação dos exaustores pode ser direcionada contra uma resistência do
exterior, como por exemplo, a pressão do vento;
• é possível direcionar o ar fresco para onde for necessário com a temperatura e
a velocidade mais adequadas.

No entanto, este sistema apresenta algumas desvantagens, entre as quais


se destacam:

• não há aumento da velocidade na movimentação do ar de acordo com o aumento


da temperatura do ar aquecido, somente com o aumento da velocidade do
exaustor;
• para que o exaustor se mantenha funcionando durante um incêndio, há a
necessidade de se manter a fonte de energia e os fios condutores de energia
devem ser resistente ao fogo;
• há geração de ruído;
• não se recomenda para insuflar o ar, pois a entrada pode resfriar a fumaça;
• pode aumentar o risco de ocorrência de curto-circuito.

79
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:

• A existência de um sistema de controle da fumaça, corretamente integrada com


as demais medidas comentadas no tópico anterior, proporciona uma série de
benefícios na ocorrência de incêndios entre os quais se destacam: redução da
temperatura por meio da ventilação, protegendo a estrutura das edificações de
colapso; melhoria da visibilidade da rota de fuga; manutenção de atmosfera mais
limpa; prevenção contra danos em decorrência da fumaça; prevenção de danos
desnecessários por água em decorrência da melhor visibilidade no combate;
redução de gastos relativos à limpeza; e redução dos gastos com o incêndio.

• Para melhor compreensão do sistema de controle de fumaça estudaremos como se


processa a sua propagação. No início, a fumaça sobe para o teto rapidamente, na
sequência se propaga na região próxima ao telhado e afasta-se progressivamente
do local em que é gerada. Se não houver uma saída, a fumaça irá preenchendo
todo o interior da edificação.

• O sistema de controle da fumaça pode ser implantado por ventilação natural ou


por ventilação monitorada.

• A ventilação natural é propiciada ao se dispor de saídas para possibilitar a


movimentação da fumaça considerando as forças naturais, mais especificamente
no interior da edificação. Esta movimentação será realizada em função da
diferença de temperatura entre os gases aquecidos e o ar na parte interna e
externa da edificação, da diferença de altura entre as aberturas de exaustão e a
abertura que possibilita a entrada de ar, da movimentação do calor que se eleva
por convecção e da direção e velocidade do vento.

• Pode-se utilizar a ventilação de incêndio de maneira conjugada com a ventilação


natural de uso diário para fins de conforto térmico, com as seguintes vantagens
principais: ventilação sem geração de ruído dispensa cuidados especiais de
manutenção, baixo custo, sem possibilidade de falhas no funcionamento, fácil
instalação e adequação automática da capacidade de insuflação de acordo com
a velocidade de aumento da temperatura.

• Contudo, a eficácia do sistema de ventilação natural pode ser prejudicada por


fatores, tais como: a fluência com o ar externo pode ser prejudicada pela ação
do vento exercendo pressão para o interior da edificação, fator particularmente
influenciado pela topografia e existência de outras edificações nas vizinhanças.
No momento imediatamente após o início do incêndio, a ventilação pode não
ocorrer com eficiência a não ser que aconteça uma ventilação previamente.

80
• O sistema de ventilação natural funciona da seguinte maneira: ao ser aquecido,
o ar torna-se menos denso em virtude de sua expansão. Como a densidade é
menor do que a densidade do ar mais frio ao seu redor, o ar quente flutua em
relação ao ar mais frio das proximidades. Quanto mais próximo da fonte de calor,
maior será a aceleração de elevação do ar e a velocidade ao subir dependerá da
altura com relação à fonte de calor e diferença da temperatura existente entre o
ar das proximidades e o ar aquecido.

• Na medida em que o ar aquecido se eleva, ele vai se misturando com o ar


mais frio existente e com isso perde temperatura. Ao perder temperatura, o ar
torna-se mais denso, e com isso poderá parar de subir passando a se espalhar
horizontalmente, sobre o ar levemente mais frio. Portanto, esta movimentação
natural do ar aquecido pode ser facilitada com a existência de aberturas em nível
mais baixo e no nível mais alto. O ar aquecido que sairá pela abertura no nível
mais alto será reposto pelo ar mais frio que entrar pela abertura do nível mais
baixo.

• A ventilação monitorada baseia-se no movimento do ar provocado por um


exaustor movido por motor elétrico. Com relação à ventilação natural, este tipo
de ventilação apresenta certas vantagens tais como: não depende da altura da
construção, da pressão do vento e das correntes de ar aquecidos; é possível
prever o desempenho e ser acionado repetidas vezes; a operação dos exaustores
pode ser direcionada contra uma resistência do exterior, como por exemplo, a
pressão do vento; é possível direcionar o ar fresco para onde for necessário com
a temperatura e a velocidade mais adequadas.

• No entanto, o sistema de ventilação monitorada apresenta algumas desvantagens,


entre as quais se destacam: não há aumento da velocidade na movimentação
do ar de acordo com o aumento da temperatura do ar aquecido, somente
com o aumento da velocidade do exaustor; para que o exaustor se mantenha
funcionando durante um incêndio, há necessidade de se manter a fonte de
energia e os fios condutores de energia devem ser resistente ao fogo; há geração
de ruído; não se recomenda para insuflar o ar, pois a entrada de ar pode resfriar
a fumaça e pode aumentar o risco de ocorrência de curto-circuito.

81
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 Discorra sobre os benefícios de um sistema de controle da fumaça.

2 Descreva a propagação da fumaça.

3 Apresente como se processa a ventilação natural.

4 Discorra sobre os benefícios da ventilação natural.

5 Relacione os fatores que prejudicam a eficácia da ventilação natural.

6 Descreva o funcionamento e as vantagens da ventilação monitorada em


relação à ventilação natural.

7 Apresente as desvantagens da ventilação monitorada.

82
UNIDADE 2 TÓPICO 3

AGENTES EXTINTORES

1 INTRODUÇÃO
A norma regulamentadora NR – 23 – Proteção contra incêndios – determina
para as empresas a obrigatoriedade de possuírem equipamento suficiente para
possibilitar o combate do fogo quando este estiver iniciando. Esta norma estabelece
também critérios para a instalação apropriada de sistema de proteção por água
e por extintores. Nestes critérios são considerados: as classes de fogo, a classe de
ocupação segundo a tarifa de seguro incêndio do Brasil, o tipo de agente extintor,
quantidade de extintores e a localização e sinalização dos mesmos.

2 CLASSES DE FOGO
A determinação do tipo de agente extintor a ser disponibilizado para a
proteção contra incêndio em cada local será em função da classe de fogo produzida
nestes locais. A NR 23 – Proteção contra incêndios – estabelece as seguintes classes
de fogo: classe A, classe B, classe C e classe D.

O fogo de classe A é aquele gerado em materiais de fácil combustão e


queima em sua superfície e profundidade. Após a queima, o fogo deixa resíduos
como: papel, madeira, tecidos, fibra etc.

A classe B é designada ao tipo de fogo produzido pelos produtos


considerados inflamáveis que na queima não deixa resíduos e a combustão se
processa somente na superfície, como: óleos, vernizes, gasolina, graxas, óleos etc.

O tipo de fogo classe C é caracterizado por ocorrer em equipamentos


elétricos energizados tais como: motores, quadros de distribuição, fios,
transformadores etc.

83
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

UNI

É importante observar que para que o fogo seja de classe C os equipamentos


elétricos deverão estar energizados, ou seja, deverão estar conectados a alguma fonte de
energia elétrica. Se estes equipamentos elétricos não estiverem conectados a alguma fonte
de energia, como por exemplo, quando estocados em algum depósito, o fogo gerado neste
depósito será de classe A.

O fogo de classe D é aquele que ocorre em materiais pirofóricos como


zircônio, titânio e magnésio. Distrito Federal (2006) inclui nesta classe os seguintes
materiais: antimônio, selênio, lítio, alumínio fragmentado, potássio, sódio, zinco,
tório, zircônio, urânio, cálcio e plutônio.

Estes metais podem estar presentes em galpões e depósitos, ou ainda


serem utilizados nos processos industriais. O quadro a seguir apresenta as
utilizações de alguns destes materiais.

QUADRO 5 – ALGUNS METAIS DA CLASSE DE FOGO D E RESPECTIVA UTILIZAÇÃO

Elemento Principal utilização


ligas de estanho;
antimônio revestimentos de cabos, moldes, soldaduras, tubos;
fogos de artifício, fulminantes e balas tracejantes.

lubrificantes (graxas) de alto desempenho;


lítio
baterias.
flashes fotográficos;
magnésio artefatos pirotécnicos e bombas incendiárias;
construção de aviões, mísseis e foguetes.
fertilizantes (sais de potássio);
medicamentos e sabões (carbonato de potássio - K2CO3 );
potássio
fotografias (brometo de potássio – KBr);
explosivos (nitrato de potássio - KNO3).

fabricação de células fotoelétricas;


câmeras de TV e máquinas xerográficas;
baterias solares e retificadores;
selênio banhos fotográficos;
vulcanização da borracha;
fabricação de retificadores de selênio;
fabricação de hidrocarbonetos provenientes do petróleo.

84
TÓPICO 3 | AGENTES EXTINTORES

sódio Iluminação pública.


componente de liga para alumínio, molibdênio, manganês;
componente de liga para ferro e outros metais;
titânio fabricação de aviões, mísseis e naves espaciais;
próteses ósseas e implantes dentários;
tintas.
ligas de latão e para soldas;
tipografia;
baterias e soldas;
zinco
produção de peças fundidas sob pressão;
indústria automobilística, de equipamentos elétricos e outras;
revestimento (galvanização) de peças de aço.
reatores nucleares;
indústrias químicas;
zircônio confecção de imãs supercondutores;
indústrias de cerâmica e vidro;
laboratórios.

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 112)

UNI

Pirofóricos são materiais que se inflamam facilmente em contato com o ar.

3 PRINCIPAIS AGENTES EXTINTORES


De acordo com Distrito Federal (2006), os agentes extintores são substâncias
utilizadas para a extinção de um incêndio conforme as propriedades químicas ou
físicas destas pela retirada de um dos elementos componentes do tetraedro do fogo.

Somente podem ser comercializados no Brasil agentes extintores que


tenham a aprovação do Sistema Brasileiro de Certificação, cujo principal órgão é o
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial. Os agentes
extintores devem atender os requisitos mínimos exigidos que se encontram nas
Normas Brasileiras (NBR) que são aprovadas pela ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas. As normas técnicas sobre o emprego dos agentes extintores
em aparelhos que são apresentados pela NR – 23 são as seguintes:

• Água – NBR 11.715.


• Espuma mecânica – NBR 11.751.
• Pós para extinção de incêndio – NBR 10.721.
• Gás carbônico – NBR 11.716.

85
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

3.1 ÁGUA
Na fase líquida, a água é o agente extintor que mais se utiliza em combates
a incêndios e foi durante muito tempo o único agente extintor utilizado. Em razão
de suas propriedades químicas e físicas e, por estar disponível na natureza, ainda
é largamente empregado. Esta preferência baseia-se na sua eficiência decorrente
das seguintes características:

• mudar o seu estado físico de líquido para vapor a 100oC;


• absorver muito calor para a mudança de estado físico de líquido para vapor.

UNI

A mudança de estado físico da água de líquido para vapor provoca uma


redução da concentração de oxigênio no ambiente e absorve o calor da combustão. A
água em incêndio atua com eficiência promovendo o abafamento e o resfriamento.

No entanto, mesmo que a água dificulte a manutenção do processo de


combustão ao absorver calor da reação, o vapor produzido poderá aumentar o
risco de queimaduras e desconforto térmico para as pessoas atuantes no combate
ao incêndio. A água em excesso pode provocar muita destruição, não se transforma
em vapor, se acumula no ambiente e é desperdiçada, causando muitos danos. A
água em excesso e desperdiçada em uma situação de combate a incêndio pode:

• provocar danos nos móveis, utensílios e máquinas localizados em outros


ambientes e que não foram atingidos pelas chamas;
• gerar a necessidade de se danificar partes estruturais do imóvel, como o
rompimento de paredes ou provocar outros danos para que se possa esgotar a
água acumulada durante ou após um incêndio;
• acarretar em uma sobrecarga na estrutura do edifício e
• possibilitar acidentes ao encobrir buracos ou outros riscos para as pessoas
atuantes no combate em um incêndio.

A utilização de água no combate a incêndio apresenta algumas


desvantagens:

• dificuldade de recobrir a superfície em combustão e de penetrar no material


em razão da alta tensão superficial. A tensão superficial promove a separação
da água em esferas evitando que se espalhe sobre a superfície.

86
TÓPICO 3 | AGENTES EXTINTORES

UNI

A tensão superficial da água é a força que existe na sua superfície decorrente


das ligações fortes entre as moléculas. Para perceber o efeito desta tensão superficial, pode-
se proceder à seguinte experiência na própria casa: sobre alguma superfície que esteja
seca, derrame algumas gotas de água. Poderá ser percebida a formação de pequenas
esferas. Sobre esta superfície, após secá-la, espalhe um pouco de detergente formando
uma fina película. Logo após, espirre algumas gotas de água sobre esta película e observe
que a água se espalha sobre a superfície e por se neutralizar, na tensão superficial não se
formarão aquelas gotas redondas de água formadas anteriormente.

• o rápido escoamento, provocado pela baixa viscosidade, faz com que a água
permaneça sobre a superfície do material por pouco tempo;
• quando utilizada no combate a incêndios em líquidos inflamáveis, a água em
razão da densidade mais alta do que a densidade do líquido inflamável, não
permanece sobre a superfície do líquido inflamável que estiver incendiando;
• por ser condutora de eletricidade, a aplicação de água é inadequada para incêndios
em equipamentos elétricos energizados pelo risco de choque elétrico inerente; e
• para o combate de incêndio em materiais pirofóricos também não é indicada
a utilização de água em virtude de que estes materiais em combustão reagem
com o oxigênio presente na água e isto favorece a ocorrência de uma violenta
liberação de calor.

3.2 PÓS PARA EXTINÇÃO


O pó utilizado para combater o incêndio conhecido como pó químico seco
passou a ser denominado pó para a extinção de incêndio a partir do início da
década de 90. Trata-se de pó constituído de pequenas partículas de:

• bicarbonato de potássio ou de sódio, para combater incêndios em gases ou


líquidos inflamáveis e combustíveis sólidos ou;
• fosfato monoamônico, para o combate de incêndio em combustíveis sólidos,
em líquidos ou gases e em equipamentos elétricos energizados.

A qualquer um destes tipos são adicionadas substâncias para evitar a


absorção de umidade e a formação de “pedras”, mantendo a condição adequada
de fluidez ao pó.

A extinção quase imediata da chama quando o pó é aplicado, ocorre


devido às seguintes características extintoras:

• abafamento – o pó ao ser aquecido se decompõe termicamente e libera dióxido


de carbono e vapor d’água, que isolam o oxigênio (comburente) da reação
química de combustão.
87
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

• resfriamento – o calor liberado na combustão é absorvido pelo pó.


• diminuição da radiação das chamas – o combustível é protegido do calor
radiado pela nuvem produzida pelo pó sobre as chamas.
• rompimento da reação em cadeia – quando aplicado sobre a chama, o pó influencia
a concentração de íons resultantes da reação em cadeia, diminuindo sua capacidade
de reação com o comburente e como resultado a chama se apagará.

3.3 ESPUMA
Trata-se do resultado da busca em encontrar um agente extintor mais
adequado do que a água para o combate a incêndios, que fosse capaz de suprir
as desvantagens apresentadas pela mesma quando, por exemplo, aplicada ao
combate a incêndio em líquidos derivados de petróleo. A espuma é resultado
da adição de agentes, que diminuem a tensão superficial da água, chamados de
agentes tensoativos. Estes aditivos melhoram a propriedade de espalhamento da
água sobre a superfície do material em combustão e facilitam sua penetração.
As espumas no estado líquido são semelhantes a bolhas, que por apresentarem
uma densidade e tensão superficial menor do que a água se espalham quando
aplicadas sobre qualquer material em chamas, promovendo o isolamento do
contato com o oxigênio do ar.

Para a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis derivados de


petróleo, aplica-se a espuma à base de AFFF (aqueous film-forming foam: espuma
formadora de filme aquoso), mais eficiente por formar sobre a superfície do
líquido em combustão uma película. Em incêndios de combustíveis polares,
como é o caso do álcool, o AFFF deve conter em sua composição, uma substância
chamada polissacarídeo, para evitar que o álcool ataque a espuma.

Por possuir água em sua composição também não é indicado o uso da


espuma para combate em incêndios em equipamentos elétricos energizados e em
produtos pirofóricos.

3.4 GÁS CARBÔNICO


Trata-se de gás inerte de grande utilização, também denominado dióxido
de carbono (CO2) ou anidrido carbônico. A extinção ocorre por abafamento, pois
dilui e retira o oxigênio presente na combustão e também por resfriamento por
sua baixa temperatura. Não é condutor de eletricidade e, portanto, recomendado
para combate a incêndios em equipamentos elétricos energizados. Também
é indicado para a extinção de incêndio em líquidos ou gases inflamáveis. Por
não deixar resíduos, torna-se indicado para locais com equipamentos sensíveis
à umidade, como computadores, por exemplo. Em razão de que seu poder
de resfriamento é inferior ao da água não se recomenda o gás carbônico para
incêndios em combustíveis sólidos. Por ser um gás asfixiante também não se
recomenda o seu uso por ação humana em ambientes confinados.

88
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você viu que:

• A norma regulamentadora NR – 23 – Proteção contra incêndios – estabelece


critérios para a instalação apropriada de sistema de proteção por água e por
extintores. Nestes critérios, são considerados: as classes de fogo, a classe de
ocupação segundo a tarifa de seguro incêndio do Brasil, o tipo de agente extintor,
quantidade de extintores e a localização e sinalização.

• A determinação do tipo de agente extintor a ser disponibilizado para a proteção


contra incêndio em cada local será em função da classe de fogo produzida nestes
locais. A NR 23 – Proteção contra incêndios – estabelece as seguintes classes de
fogo: classe A, classe B, classe C e classe D.

• O fogo de classe A é aquele gerado em materiais de fácil combustão e queima


em sua superfície e profundidade, deixando resíduos, como: papel, madeira,
tecidos, fibra etc. A classe B é designada ao tipo de fogo produzido pelos produtos
considerados inflamáveis que na queima não deixam resíduos e a combustão
se processa somente na superfície, como: óleos, vernizes, gasolina, graxas,
óleos etc. O tipo de fogo classe C é caracterizado por ocorrer em equipamentos
elétricos energizados, tais como: motores elétricos, quadros de distribuição,
fios, transformadores etc. O fogo de classe D é aquele que ocorre em materiais
pirofóricos como zircônio, titânio, magnésio, antimônio, selênio, lítio, alumínio
fragmentado, potássio, sódio, zinco, tório, zircônio, urânio, cálcio e plutônio.
Estes metais da classe D podem estar presentes em galpões e depósitos, ou ainda
ser utilizados nos processos industriais.

• Os agentes extintores são substâncias utilizadas para a extinção de um incêndio


conforme as propriedades químicas ou físicas destas pela retirada de um dos
elementos componentes do tetraedro do fogo. Somente podem ser comercializados
no Brasil agentes extintores que tenham a aprovação do Sistema Brasileiro de
Certificação, cujo principal órgão é o INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia
e Qualidade Industrial. Os agentes extintores devem atender aos requisitos mínimos
exigidos que se encontram nas Normas Brasileiras (NBR) que são aprovadas pela
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. As normas técnicas sobre o
emprego dos agentes extintores em aparelhos que são apresentados pela NR – 23
são as seguintes: água – NBR 11.715; espuma mecânica – NBR 11.751; pós para
extinção de incêndio – NBR 10.721; gás carbônico – NBR 11.716.

• Na fase líquida, a água é o agente extintor que mais se utiliza em combates a


incêndios e foi durante muito tempo o único agente extintor utilizado. Em razão
de suas propriedades químicas e físicas e por estar disponível na natureza ainda

89
é largamente empregado. Esta preferência baseia-se na sua eficiência decorrente
das seguintes características: mudar o seu estado físico de líquido para vapor
a 100o C; absorver muito calor para a mudança de estado físico de líquido para
vapor.

• Mesmo que a água dificulte a manutenção do processo de combustão ao absorver


calor da reação, o vapor produzido poderá aumentar o risco de queimaduras e
desconforto térmico para as pessoas atuantes no combate ao incêndio. A água
em excesso pode provocar muita destruição, não se transforma em vapor, se
acumula no ambiente e é desperdiçada, causando muitos danos. A água em
excesso e desperdiçada em uma situação de combate a incêndio pode provocar
danos nos móveis, utensílios e máquinas localizados em outros ambientes e que
não foram atingidos pelas chamas; gerar a necessidade de se danificar partes
estruturais do imóvel, como o rompimento de paredes ou provocar outros danos
para que se possa esgotar a água acumulada durante ou após um incêndio;
acarretar em uma sobrecarga na estrutura do edifício e possibilitar acidentes ao
encobrir buracos ou outros riscos para as pessoas atuantes no combate em um
incêndio.

• A utilização de água no combate a incêndio apresenta algumas desvantagens:


dificuldade de recobrir a superfície em combustão e de penetrar no material
em razão da alta tensão superficial; o rápido escoamento, provocado pela baixa
viscosidade, faz com que a água permaneça sobre a superfície do material por
pouco tempo; quando utilizada no combate a incêndios em líquidos inflamáveis, a
água em razão da densidade mais alta do que a densidade do líquido inflamável,
não permanece sobre a superfície do líquido inflamável que estiver incendiando;
por ser condutora de eletricidade, a aplicação de água é inadequada para
incêndios em equipamentos elétricos energizados pelo risco de choque elétrico
inerente. Para o combate de incêndio em materiais pirofóricos também não é
indicada a utilização de água em virtude de que estes materiais em combustão
reagem com o oxigênio presente na água e isto favorece a ocorrência de uma
violenta liberação de calor.

• O pó utilizado para combater o incêndio conhecido como pó químico seco passou


a ser denominado pó para a extinção de incêndio a partir do início da década
de 90. Trata-se de pó constituído de pequenas partículas de: bicarbonato de
potássio ou de sódio, para combater incêndios em gases ou líquidos inflamáveis
e combustíveis sólidos ou fosfato monoamônico, indicado para o combate de
incêndio em combustíveis sólidos, em líquidos ou gases e em equipamentos
elétricos energizados. A qualquer um destes tipos são adicionadas substâncias
para evitar a absorção de umidade e a formação de “pedras”, mantendo a
condição adequada de fluidez ao pó.

• A extinção quase imediata da chama, quando o pó é aplicado diretamente


sobre ela, ocorre devido às seguintes características extintoras: abafamento – o

90
pó ao ser aquecido pelo fogo se decompõe termicamente e libera dióxido de
carbono e vapor d’água, que isolam o oxigênio (comburente) da reação química
de combustão; resfriamento – o calor liberado na combustão é absorvido pelo
pó; diminuição da radiação das chamas – o combustível é protegido do calor
radiado pela nuvem produzida pelo pó sobre as chamas; rompimento da reação
em cadeia – quando aplicado sobre a chama o pó influencia a concentração de
íons resultantes da reação em cadeia diminuindo sua capacidade de reação com
o comburente e como resultado a chama se apaga.

• A espuma é resultado da busca em encontrar um agente extintor mais adequado


do que a água para o combate a incêndios, que fosse capaz de suprir as
desvantagens apresentadas quando, por exemplo, aplicada ao combate a incêndio
em líquidos derivados de petróleo. A espuma é resultado da adição de agentes
na água, que diminuem a tensão superficial, chamada de agente tensoativo. Estes
aditivos melhoram a propriedade de espalhamento da água sobre a superfície
do material em combustão e facilitam a penetração da mesma neste material.
As espumas no estado líquido são semelhantes a bolhas, que por apresentarem
uma densidade e tensão superficial menor do que a água se espalham quando
aplicadas sobre qualquer material em chamas, promovendo o isolamento do
contato com o oxigênio do ar.

• Para a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis derivados de petróleo,


aplica-se a espuma à base de AFFF (aqueous film-forming foam: espuma formadora
de filme aquoso), mais eficiente por formar sobre a superfície do líquido em
combustão uma película. Em incêndios de combustíveis polares, como é o caso
do álcool, o AFFF deve conter em sua composição, uma substância chamada
polissacarídeo, para evitar que o álcool ataque a espuma.

• Por possuir água em sua composição também não é indicado o uso da espuma
para combate a incêndios em equipamentos elétricos energizados e em produtos
pirofóricos.

• Trata-se de gás inerte de grande utilização, também denominado dióxido de


carbono (CO2) ou anidrido carbônico. A extinção ocorre por abafamento, pois
dilui e retira o oxigênio presente na combustão e também por resfriamento por
sua baixa temperatura. Não é condutor de eletricidade e, portanto, recomendado
para combate a incêndios em equipamentos elétricos energizados. Também é
indicado para a extinção de incêndio em líquidos ou gases inflamáveis. Por
não deixar resíduos, torna-se indicado para locais com equipamentos sensíveis
à umidade, como computadores, por exemplo. Em razão de que seu poder
de resfriamento é inferior ao da água não se recomenda o gás carbônico para
incêndios em combustíveis sólidos. Por ser um gás asfixiante também não se
recomenda o seu uso por ação humana em ambientes confinados.

91
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 A determinação do tipo de agente extintor a ser disponibilizado para a


proteção contra incêndio em cada local será em função da classe de fogo
produzida nestes locais. A NR 23 – Proteção contra incêndios – estabelece as
seguintes classes de fogo: classe A, classe B, classe C e classe D. Descreva cada
uma destas classes de fogo.

2 Discorra sobre o que são os agentes extintores e as condições que devem ser
atendidas para sua comercialização no Brasil.

3 Apresente sucintamente a ação da água como agente extintor, os aspectos a


serem considerados na utilização da água no combate a incêndio e as suas
desvantagens.

4 Apresente resumidamente os aspectos relativos ao uso da espuma no combate


a incêndios.

5 Comente de maneira sucinta os aspectos relativos ao uso do pó para a extinção


de incêndios.

6 Apresente sucintamente os aspectos inerentes à aplicação do gás carbônico


no combate a incêndios.

92
UNIDADE 2
TÓPICO 4

EXTINTORES PORTÁTEIS

1 INTRODUÇÃO
A norma regulamentadora NR 23 – Proteção contra incêndios – estabelece
que todos os estabelecimentos deverão possuir extintores portáteis para
possibilitar o combate ao fogo em sua fase inicial. Estabelece também que os
aparelhos devem ser adequados à classe de fogo a ser extinto e esta informação
consta nos rótulos dos extintores, conforme demonstra a figura a seguir.

FIGURA 22 – RÓTULO DE EXTINTOR INDICADO PARA O COMBATE


AO FOGO DE CLASSES B E C

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/


wp-content/PTSIII/extintores. html>. Acesso em: 30 maio 2010.

Há também extintores que possuem um rótulo que além de indicar a


classe de fogo para a sua utilização, também indicam as classes de fogo para as
quais a sua aplicação é proibida, de acordo com os exemplos da figura 23 e 24.

93
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

FIGURA 23 – RÓTULO DE EXTINTOR COM CLASSES DE FOGO ÀS QUAIS É INDICADO E


PROIBIDO O SEU USO

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/wp-content/PTSIII/


extintores.html>. Acesso em: 30 maio 2010

FIGURA 24 – RÓTULO DE EXTINTOR PARA USO EM FOGO DE


CLASSE A E PROIBIDO PARA AS CLASSES B E C

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/wp-


content/PTSIII/extintores.html>. Acesso em: 30 maio 2010.

O extintor de espuma, representado na figura a seguir, é indicado para


combate aos fogos classe A e B.

94
TÓPICO 4 | EXTINTORES PORTÁTEIS

FIGURA 25 – EXTINTOR DE ESPUMA

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/


wp-content/PTSIII/extintores.html>. Acesso em: 30 maio 2010.

O extintor de gás carbônico (CO2), representado na figura a seguir, deverá


ser usado preferencialmente para combate aos fogos das classes B e C, também é
admitido o seu uso no combate aos fogos de classe A.

FIGURA 26 – EXTINTOR DE GÁS CARBÔNICO (CO2­)

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/


wp-content/PTSIII/extintores.html>. Acesso em: 30 maio 2010.

95
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

O extintor de pó químico seco para utilização no combate aos fogos de


classes B e C. Para combate do fogo de classe D, o pó químico deverá ser especial
e apropriado para cada material combustível.

FIGURA 27 – EXTINTOR DE PÓ

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/wp-


content/PTSIII/extintores.html>. Acesso em: 30 maio 2010.

O extintor de água pressurizada, representado na figura a seguir, ou a


água-gás é indicado para utilização no combate aos fogos classe A, com capacidade
que varia entre 10 e 18 litros.

FIGURA 28 – EXTINTOR DE ÁGUA

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/


wp-content/PTSIII/extintores.html>. Acesso em: 30 maio 2010.

96
TÓPICO 4 | EXTINTORES PORTÁTEIS

O balde de areia poderá ser usado como variante para extinção por
abafamento nos fogos de classes B e D e a limalha de ferro fundido poderá ser
usada como variante para extinção por abafamento nos fogos de classe D.

2 QUANTIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE EXTINTORES


A NR 23 determina que deverá haver no mínimo dois extintores para
cada pavimento. Esta norma estabelece também que a quantidade de unidades
extintoras é estabelecida em função da área protegida por cada unidade e da
distância máxima a ser percorrida. Porém a área protegida por cada unidade
extintora e a distância máxima a ser percorrida depende da classe de ocupação
segundo a Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil do IRB – Instituto de Resseguros
do Brasil.

QUADRO 6 – ÁREA COBERTA POR UNIDADE EXTINTORA E DISTÂNCIA MÁXIMA PERCORRIDA

FONTE: BRASIL (2010)

A unidade extintora é determinada em função do tipo de substância e da


capacidade dos extintores conforme apresentado no quadro a seguir:

97
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

QUADRO 7 – UNIDADE EXTINTORA EM FUNÇÃO DA SUBSTÂNCIA E DA CAPACIDADE DOS


EXTINTORES

FONTE: BRASIL (2010)

Para melhor compreensão vamos supor a necessidade de se distribuir os


extintores de modo a atender as determinações da NR – 23 em um local com as
seguintes características:

• a classe de ocupação é 8 pela Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil; e


• a área a ser protegida totaliza 375 m2 (15m x 25m).

Para atender exigência correspondente à área a ser protegida, conforme


indicado no quadro 6, são necessárias 3 (três) unidades extintoras, pois para a
classe de ocupação 8, uma unidade extintora protege uma área de 150 m2. A
quantidade de extintores é obtida em função das substâncias empregadas e da
capacidade do extintor, conforme o quadro 7. Porém deve ser atendida também
a condição relativa à máxima distância a ser percorrida estipulada no quadro 6.
De acordo com esta condição, para este local em estudo, qualquer ponto dentro
da área protegida deve estar no máximo a 10 metros de distância do extintor.
Esta limitação da distância a ser percorrida com o extintor em locais com muitas
paredes internas pode resultar em aumento da quantidade de extintores.

UNI

Esta condição relativa à distância máxima a ser percorrida com o extintor em


caso de combate proporciona: rapidez e limitação do cansaço do operador do extintor.

98
TÓPICO 4 | EXTINTORES PORTÁTEIS

3 SINALIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DOS EXTINTORES


A NR 23 estabelece que os extintores deverão estar posicionados em locais
de fácil visualização, de fácil acesso e de onde haja menor probabilidade de ter o
acesso bloqueado em caso de incêndio.

O extintor deve ser instalado em local assinalado por uma seta larga
vermelha com bordas amarelas ou por um círculo vermelho. No piso abaixo do
extintor, deverá ser pintada uma área de no mínimo 1m x 1m. Esta área do piso
nunca poderá ser obstruída. A parte superior do extintor não deverá estar a mais
de 1,60 metros do piso. Estas condições estão representadas na figura a seguir.

FIGURA 29 – SINALIZAÇÃO DO LOCAL DE INSTALAÇÃO DO EXTINTOR DE


ACORDO COM A NR 23

FONTE: O autor

Os rebordos dos baldes contendo material para a extinção do fogo, não


poderão estar a uma distância acima do piso menor do que 0,60 m e nem maior
do que 1,50 m.

Quando os extintores estiverem sobre rodas, como o extintor de água


representado na figura a seguir, deverá garantir sempre o seu livre acesso para
qualquer ponto da fábrica.

99
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

FIGURA 30 – EXTINTOR DE ÁGUA SOBRE RODAS

FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/


wp-content/PTSIII/extintores. html>. Acesso em: 30 maio 2010

Segundo a NR 23, não se admite que pilhas de materiais deixem encobertos


os extintores.

4 INSPEÇÃO DE EXTINTORES
A NR 23 estabelece que cada extintor existente na empresa deverá ter uma
ficha, representada na figura a seguir, para registrar as informações de controle
de inspeção.

100
TÓPICO 4 | EXTINTORES PORTÁTEIS

FIGURA 31 – MODELO DA FICHA DE CONTROLE DE INSPEÇÃO DE EXTINTORES DA NR 23

FONTE: BRASIL (2010)

A cada mês deverá o extintor necessita ser examinando em:

• seu aspecto externo;


• estado de conservação dos lacres;
• o manômetro daqueles extintores do tipo pressurizado;
• se não estão entupidos a válvula de alívio e o bico do extintor.

Uma etiqueta de identificação deve estar fixada no corpo do extintor e


protegida contra possíveis danos aos dados que devem estar registrados nela:

• data em que o extintor foi carregado;


• data para a sua recarga; e
• o número de identificação.

Os extintores de pressão injetada, a cada semestre deverão ser pesados.


Em caso de perda de peso superior a 10% do peso original, a sua recarga deve ser
providenciada.

A recarga anual deverá ser providenciada com o extintor de Espuma. As


recargas dos extintores deverão ser realizadas por empresas certificadas pelo
INMETRO.
101
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você viu que:

• A norma regulamentadora NR 23 – Proteção contra incêndios – estabelece que


todos os estabelecimentos deverão possuir extintores portáteis para possibilitar
o combate ao fogo em sua fase inicial. Estabelece também que os aparelhos
devem ser adequados à classe de fogo a ser extinto e esta informação consta
nos rótulos dos extintores.

• Há também extintores que possuem um rótulo que além de indicar a classe de


fogo para a sua utilização também indica as classes de fogo para as quais a sua
aplicação é proibida.

• O extintor de espuma é indicado para combate aos fogos classe A e B. O extintor


de gás carbônico (CO2) deverá ser usado preferencialmente para combate aos
fogos das classes B e C, também é admitido o seu uso no combate aos fogos
de classe A. O extintor de pó químico seco para utilização no combate aos
fogos de classes B e C. Para combate do fogo de classe D, o pó químico deverá
ser especial e apropriado para cada material combustível. O extintor de água
pressurizada ou a água-gás é indicado para utilização no combate aos fogos
classe A, com capacidade que varia entre 10 e 18 litros.

• O balde de areia poderá ser usado como variante para extinção por abafamento
nos fogos de classes B e D e a limalha de ferro fundido poderá ser usada como
variante para extinção por abafamento nos fogos de classe D.

• A NR 23 determina que deverá haver no mínimo 2 extintores para cada


pavimento. Esta norma estabelece também que a quantidade de unidades
extintoras é estabelecida em função da área protegida por cada unidade e da
distância máxima a ser percorrida. Porém a área protegida por cada unidade
extintora e a distância máxima a ser percorrida depende da classe de ocupação
segundo a Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil do IRB – Instituto de Resseguros
do Brasil.

• A unidade extintora é determinada em função do tipo de substância e da


capacidade dos extintores.

• A NR 23 estabelece que os extintores necessitam estar posicionados em locais


de fácil visualização, de fácil acesso e onde haja menor probabilidade de ter o
acesso bloqueado em caso de incêndio.

102
• O extintor deve ser instalado em local assinalado por uma seta larga vermelha
com bordas amarelas ou por um círculo vermelho. No piso abaixo do extintor,
deverá ser pintada uma área de no mínimo 1m x 1m. Esta área do piso nunca
poderá ser obstruída. A parte superior do extintor não deverá estar a mais de
1,60 metros do piso.

• Os rebordos dos baldes, contendo material para a extinção do fogo, não poderão
estar a uma distância acima do piso menor do que 0,60 m e nem maior do que
1,50 m.

• Quando os extintores estiverem sobre rodas, deverá se garantir sempre o seu


livre acesso para qualquer ponto da fábrica.

• Segundo a NR 23, não se admite que pilhas de materiais deixem encobertos os


extintores.

• A NR 23 estabelece que cada extintor existente na empresa deverá ter uma


ficha para registrar as informações de controle de inspeção.

• Cada mês deverá ser inspecionado visualmente cada extintor examinando:


seu aspecto externo; estado de conservação dos lacres; o manômetro daqueles
extintores do tipo pressurizado; se não estão entupidos a válvula de alívio e o
bico do extintor.

• Uma etiqueta de identificação deve estar fixada no corpo do extintor e protegida


contra possíveis danos aos dados que devem estar registrados nela que devem
ser: data em que o extintor foi carregado; data para a sua recarga; e o número
de identificação.

• Os extintores de pressão injetada, a cada semestre, deverão ser pesados. Em


caso de perda de peso superior a 10% do peso original, a sua recarga deve ser
providenciada.

• A recarga anual do extintor de espuma deverá ser providenciada. As recargas


dos extintores deverão ser realizadas por empresas certificadas pelo INMETRO.

103
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos resolvendo as questões a seguir:

1 A norma regulamentadora NR 23 – Proteção contra incêndios – estabelece


que todos os estabelecimentos deverão possuir extintores portáteis para
possibilitar o combate ao fogo em sua fase inicial. Estabelece também que os
aparelhos devem ser adequados à classe de fogo a ser extinto. Descreva os
tipos de extintores portáteis e as respectivas classes de fogo para as quais é
indicado.

2 Discorra sucintamente sobre os critérios a serem atendidos, de acordo com


a NR 23 – Proteção contra incêndios, para a determinação da quantidade e
distribuição dos extintores a serem instalados em todos os estabelecimentos
ou locais de trabalho.

3 Discorra sucintamente sobre as exigências da NR 23 – Proteção contra


incêndios relativa à sinalização e localização dos extintores.

4 Apresente resumidamente os quesitos estipulados pela NR 23 – Proteção


contra incêndios inerentes à inspeção de extintores.

104
UNIDADE 2
TÓPICO 5

EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA

1 INTRODUÇÃO
A extinção por meio de água é exigida pela norma regulamentadora NR – 23
– Proteção contra incêndios para os estabelecimentos que desenvolvem atividades
industriais com 50 empregados ou mais, para que se possa extinguir o fogo de
classe A na fase inicial, a qualquer tempo. Para isto, este sistema de proteção por
água deverá contar com uma reserva de água específica e pressão adequada.

2 EXIGÊNCIAS DA NR 23 – PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS


A água deverá ser captada por pontos situados em locais de fácil acesso e
mantidos protegidos contra qualquer possibilidade de serem danificados. Estes
pontos disponíveis para a captação da água e as tubulações do sistema deverão
ser testados com frequência com o objetivo de se evitar a acumulação de resíduos.

Ainda de acordo com a NR 23, nunca poderá ser empregada a água para
o combate aos fogos:

• de Classe B, exceto se for pulverizada na forma de neblina;


• de Classe C, exceto quando se tratar de água pulverizada; e
• de Classe D.

Com relação ao emprego da água por meio de chuveiros automáticos


(sprinklers), as exigências da referida norma são as seguintes:

• os seus registros deverão estar sempre abertos, somente se admitindo o


fechamento por ordem do responsável pela manutenção e inspeção quando
forem realizar estas operações.
• para assegurar a dispersão da água de maneira eficaz, deve-se manter um
espaço de pelo menos 1,0m (um metro) na região abaixo e ao redor de cada
ponto de saída dos chuveiros automáticos.

105
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

3 PROTEÇÃO POR MANGOTINHOS, HIDRANTES E SPRINKLERS


Oliveira, Gonçalves e Guimarães (2008) enaltecem a utilização da água
definindo como o agente extintor mais completo. Em virtude de que mesmo não
resultando na completa extinção, colabora no isolamento dos riscos por meio do
resfriamento do material combustível da vizinhança e facilita a aproximação dos
bombeiros ao fogo para a aplicação de outros agentes extintores. O sistema exigido
pela NR 23 de fornecimento de água para o combate ao incêndio que pode ser por
hidrantes, mangotinhos ou chuveiros automáticos (sprinklers) tem a finalidade de
proporcionar o controle e a rápida e eficiente extinção de um incêndio. (GOMES,
1998 apud OLIVEIRA, GONÇALVES e GUIMARÃES, 2008)

O efeito extintor da água, que melhor absorve o calor, pode ser aumentado
ou diminuído, dependendo do modo como é direcionada sobre o fogo. Os
métodos de extinção que podem ser aplicados são: jato compacto, neblina e vapor.
(FERREIRA 1987 apud OLIVERIA, GONÇALVES e GUIMARÃES 2008)

O jato compacto é produzido à alta pressão. Trata-se de um jato forte


de água proporcionado por um esguicho que possui um orifício (requinte) de
descarga de forma circular. Este método precede a extinção por resfriamento
e o sucesso na extinção depende da imediata proximidade da água ao objeto
incendiado e resultando na vaporização da mesma.

O jato na forma de vapor é obtido com a fragmentação da água em


partículas de diâmetro microscópico, também chamada de neblina. Nesta forma
de neblina, a água abrange o máximo de superfície em comparação com ela
no estado líquido. Isto possibilita na máxima capacidade de absorção do calor
existente. A água na forma de neblina quando utilizada no combate a incêndio
é transformada em vapor, e neste estado continua atuando na extinção por
abafamento. Desta forma, o poder de extinção do incêndio por água passa a
ser aumentado principalmente em locais confinados. (FERREIRA, 1987 apud
OLIVEIRA, GONÇALVES e GUIMARÃES, 2008)

A água na forma de neblina aplicada pelo sistema de hidrantes e de


mangotinhos proporciona maior eficiência ao combate a incêndios tanto em locais
confinados como em locais abertos bem como em líquidos inflamáveis.

3.1 PROTEÇÃO POR HIDRANTES E MANGOTINHOS


Oliveira, Gonçalves e Guimarães (2008) salientam que os sistemas de
proteção por hidrantes e mangotinhos são sistemas fixos de combate a incêndio
com funcionamento sob comando libera a água para ser direcionada ao foco com
vazão de acordo com o grau do risco de incêndio do local que busca proteger,
para sua extinção ou controle na sua fase inicial.

106
TÓPICO 5 | EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA

Deste modo, pode-se proceder ao início do combate ao incêndio pelos


próprios usuários do local antes dos trabalhos da equipe do Corpo de Bombeiros,
além de colaborar com o fornecimento de água, o que se torna muito importante
principalmente em edifícios altos. Em edifícios altos o hidrante de recalque
representado na figura a seguir, localizado no piso tem a função de disponibilizar
o fornecimento de água pela viatura do Corpo de Bombeiros ao sistema de
proteção fixo existente, que estão integrados conforme representado na figura
33. O hidrante de recalque deverá possuir uma válvula de retenção que impeça a
saída de água com a abertura do registro.

FIGURA 32 – HIDRANTE DE RECALQUE COM VÁLVULA DE RETENÇÃO (SETA)

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 95)

FIGURA 33 – ESQUEMA VERTICAL DE SISTEMA DE HIDRANTE DE PAREDE

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 95)

107
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

O melhor desempenho do sistema é obtido com a maior familiaridade pelos


usuários da edificação, para que estejam confiantes e motivados a utilizá-lo na
ocorrência de um incêndio.

O sistema de proteção por hidrantes pode contar com pontos de captação de


água de uma saída chamada hidrante de saída simples, ou de duas saídas chamado
de hidrante de saída dupla. O sistema de hidrante de parede está junto à parede e
pode estar dentro de uma caixa ou abrigo. A figura a seguir, contém basicamente:

• as mangueiras (figura 35) com juntas de engate rápido tipo storz (figura 36);
• chaves de mangueira de engate rápido tipo storz, podendo ser simples, dupla ou tripla
(figura 37);
• esguichos podendo ser: tipo agulheta (figura 38) para jato sólido, tipo regulável
(figura 39) formador de jato compacto ou de neblina.

FIGURA 34 – ESQUEMA VERTICAL DE SISTEMA DE HIDRANTE DE PAREDE DE SAÍDA SIMPLES.

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 87)

108
TÓPICO 5 | EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA

FIGURA 35 – MANGUEIRA DE HIDRANTE

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 57)

FIGURA 36 – DETALHE DA JUNTA DE ENGATE RÁPIDO TIPO STORZ DAS


MANGUEIRAS

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 69)

109
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

FIGURA 37 – CHAVES DE MANGUEIRA

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 67)

FIGURA 38 – DETALHE DO ESGUICHO TIPO AGULHETA

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 64)

FIGURA 39 – ESGUICHO TIPO REGULÁVEL

FONTE: Oliveira, Gonçalves e Guimarães (2008, p. 237)

110
TÓPICO 5 | EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA

O sistema de proteção por mangotinhos, figura a seguir, apresenta maior


facilidade de operação em razão das pequenas vazões, do menor diâmetro das
mangueiras e da disposição das mangueiras enroladas em carretel proporcionando
mais agilidade nas ações de combate aos começos de incêndio.

FIGURA 40 – MANGOTINHOS

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 98)

3.2 CHUVEIROS AUTOMÁTICOS OU SPRINKLERS


De acordo com Oliveira, Gonçalves e Guimarães (2008), trata-se de um
sistema fixo de proteção contra incêndio por água. Este sistema é automático
por entrar em operação quando se inicia um foco de incêndio, liberando água
de forma rápida em uma densidade apropriada ao risco protegido para controle
e extinção do na fase inicial. Em função do menor tempo decorrido entre ser
detectado o incêndio e o início do seu combate tem a sua eficácia reconhecida.
Além de dispensar a ação humana para o início do combate este sistema possui
outra característica importante relativa ao acionamento do alarme de maneira
simultânea com o início do combate, possibilitando a saída dos usuários da
edificação do local sinistrado com segurança.

Quando em operação em grandes áreas sem compartimentação como,


por exemplo, um galpão destinado a depósito, este sistema opera como em
compartimentação concentrando a descarga de água no foco de incêndio e
evitando que o fogo se propague e isto reduz os danos.

111
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

Os chuveiros automáticos, ou sprinklers, são equipamentos termos-


sensíveis que reagem a uma temperatura previamente determinada, direcionando
uma descarga de água sobre uma área apropriada. Possuem um dispositivo
acionado por um elemento termo-sensível como, por exemplo, solda eutética
(figura a seguir) ou bulbo de vidro. A solda eutética é obtida pela fusão de dois
ou mais metais formando uma liga com ponto de fusão em temperatura mais
baixa. Normalmente, nos chuveiros são utilizadas soldas compostas de estanho,
cádmio, chumbo, e bismuto, pois possuem pontos de fusão bem definidos.

FIGURA 41 – PARTES DO CHUVEIRO AUTOMÁTICO COM ELEMENTO


TERMO-SENSÍVEL TIPO SOLDA EUTÉTICA

FONTE: Disponível em: <http://www.apifiregroup.com/firesprinkler/head-


components.html>. Acesso em: 30 maio 2010.

O chuveiro automático com o dispositivo de acionamento termo-sensível,


tipo ampola ou bulbo (figura a seguir), é constituído de uma ampola de vidro
especial, contendo em seu interior um líquido que se expande e uma bolha de ar.
Com a expansão do líquido pela ação do calor, a bolha de ar que está no interior da
ampola é comprimida e é absorvida pelo líquido provocando um aumento rápido
da pressão até romper o bulbo e, desta forma a válvula ou o tampão é liberado.

112
TÓPICO 5 | EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA

FIGURA 42 – TEMPERATURA DE ROMPIMENTO DOS BULBOS DE SPRINKLERS CONFORME A COR

FONTE: Distrito Federal (2006, p. 117)

Os chuveiros automáticos, com relação à descarga de água, podem ser


classificados em: chuveiro-padrão (spray), chuveiro tipo antigo e chuveiro lateral.

O chuveiro-padrão (spray) – constituído por defletor em uma posição que


projeta a descarga de água para baixo, com quase nada ou muito pouco de água
direcionada ao teto. A água é liberada abaixo do plano do defletor e a distribuição
do jato é direcionada totalmente sobre o foco do incêndio na forma hemisférica
conforme demonstra a figura a seguir.

FIGURA 43 – DESCARGA DE ÁGUA DO SPRINKLERS NA FORMA HEMISFÉRICA

FONTE: Disponível em: <http://eclipsefire.com/images/Pendant_spray.gif>.


Acesso em: 30 maio 2010.

113
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

O chuveiro tipo antigo – neste tipo de chuveiro automático o defletor


direciona parte da água liberada para o teto e o restante é projetado para baixo,
com a forma de distribuição do jato é aproximadamente esférica.

O chuveiro lateral (sidewall) – neste sistema a água é projetada para frente


e para os lados, na forma de um quarto de esfera, sendo que um pouco de água é
aspergida para trás indo contra a parede.

LEITURA COMPLEMENTAR

ASPECTOS DA TECNOLOGIA DE ATOMIZAÇÃO DA ÁGUA

Felício Pedro da Costa Neto


Fernando B. Mainier

O sistema de água atomizada é um meio de combate a incêndio que utiliza


gotas de água com diâmetros menores que 1000 μm. O uso de água atomizada
para o controle eficiente de supressão ou extinção de incêndio, como incêndio em
recintos fechados contendo hidrocarbonetos, requer volumes limitados de água,
devido à grande área de atuação e o aumento de volume em razão da vaporização
das gotas o que proporciona a absorção de calor.

O volume reduzido de água é um fator positivo em relação ao sistema de


splinkers ou de dilúvio, devido ao reduzido dano causado pela água. Água tem
propriedades físicas favoráveis para extinção de incêndio, sua alta capacidade
calorífica e o alto calor latente de vaporização podem absorver significativa
quantidade de calor da chama combustível. A água, além disso, multiplica de
volume 1640 vezes quando evapora, resultando na redução do oxigênio e vapores
combustíveis na circunvizinhança da chama e dos combustíveis. Com a formação
de pequenas gotas, a eficiência da água aumenta na extinção do incêndio, devido
o aumento significante da área de sua superfície coberta pela água, que está
disponível para absorção de calor e evaporação.

Segundo Pietrzk e Ball (1983), quando a água é aspergida no compartimento,


nem todas as gotas formadas estarão envolvidas diretamente no processo de
extinção do incêndio, ou seja, estão distribuídas com base no seguinte mecanismo:

• Gotas que são pulverizadas antes de alcançar o incêndio;


• Gotas que penetram na chama ou alcançam as superfícies em combustão sob as
chamas, inibindo assim, a pirólise, resultando a vaporização e consequentemente
a redução da concentração de oxigênio;

114
TÓPICO 5 | EXTINÇÃO POR MEIO DE ÁGUA

• Gotas que incidem contra as paredes, piso e forro do compartimento caso


estejam quentes, resultando no seu resfriamento, reduzindo a temperatura do
ambiente;
• Gotas que originam vapor, criando uma convecção no compartimento e
contribuindo para o resfriamento das chamas do incêndio, dos gases quentes,
do compartimento e de outras superfícies;
• Gotas que molham os combustíveis em áreas adjacentes, prevenindo a expansão
do incêndio.

Com base nas pesquisas desenvolvidas por Braidech e Rasbash (1957),


Drysdale (1985), Ravigururajan e Beltron (1989), Wighus (1990), Suh e Atreya
(1995) e Mawhinney (1995) os mecanismos de extinção de incêndio com água
atomizada podem ser classificados em: primários e secundários.

Os mecanismos primários podem ser classificados em resfriamento,


deslocamento do oxigênio presente no ar e diluição do vapor combustível:

• O resfriamento pode ocorrer sob duas formas: o resfriamento da chama e o


resfriamento da superfície dos combustíveis. O resfriamento da chama por
água atomizada é atribuído, primeiramente, à conversão da água em vapor que
ocorre quando altas quantidades de gotículas de água entram com contato com
a chama e se vaporizam rapidamente. O resfriamento do combustível é feito
principalmente pela convecção do vapor de água. As gotas alcançam regiões
onde não houve combustão; portanto, a água atomizada pode ser aplicada para
o resfriamento tanto da chama e como a superfície da região entre a superfície
dos combustíveis e a chama.
• O deslocamento do oxigênio presente no ar pode acontecer no compartimento
confinado ou em local aberto. Quando a névoa de água entra em contato com a
chama, há formação de vapor, e a água vaporiza, expandindo em cerca de 1640
vezes seu volume líquido inicial. A expansão volumétrica da água vaporizando
rompe a mistura do ar (oxigênio) na chama, diluindo a concentração de oxigênio
no vapor combustível e consequentemente reduzindo a combustão. O impacto
de diluição de oxigênio por névoa de água na extinção de fogo é dependente das
propriedades do combustível. Isto porque, a quantidade mínima de oxigênio
livre requerida para sustentar a combustão varia com o tipo de combustível.
Para a maioria dos combustíveis oriundos de hidrocarbonetos, a concentração
crítica de oxigênio para manter a combustão é de aproximadamente 13%.
• A diluição do vapor combustível ocorre quando as gotículas de água sob a
forma de vapor competem com a vaporização do combustível. Desta forma, o
vapor do combustível é diluído abaixo do limite inferior de inflamabilidade da
mistura ar/combustível ou quando a concentração de oxigênio necessário para
sustentar a combustão está reduzida abaixo de um nível crítico, o incêndio será
extinto.

Os mecanismos secundários podem ser classificados em: atenuação de


radiação e efeitos cinéticos:

115
UNIDADE 2 | INCÊNDIOS – ASPECTOS PREVENCIONISTAS

• A atenuação do calor ocorre quando o vapor de água em suspensão sobre


superfície de combustível atua como absorvedor da energia radiante, ou seja,
bloqueando o calor radiante pela névoa, o fogo diminui de intensidade e há a
redução da vaporização ou da taxa de pirólise sobre o combustível. A atenuação
da radiação depende do diâmetro e da densidade da gota. Um dado volume
de água criará uma barreira mais eficiente contra radiação, se é composta de
gotículas em névoa densa, em comparação com gotas grandes. O comprimento
de onda da radiação é também importante na determinação da atenuação da
radiação da névoa. A absorção da radiação será maior se os diâmetros das
gotas estiverem mais próximos do comprimento da onda de radiação.
• O efeito cinético da água atomizada na chama pode gerar um acréscimo do
incêndio. Tal efeito ocorre com a colisão da superfície da chama com a névoa,
aumentando, consequentemente, a taxa entre o oxigênio e o combustível. A
adição de vapor de água na mistura ar/combustível poderá fazer com que haja
aumento da temperatura da chama ou até a redução formando CO (monóxido
de carbono) e produção da fuligem (partículas de carbono). Estes efeitos estão
associados às variações de temperatura nas reações químicas no interior da
chama.

FONTE: COSTA NETO, Felício Pedro da; MAINIER, Fernando B. A utilização da tecnologia de
água atomizada (water mist) como agente extintor de incêndio em instalações offshore. In:
V Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2008, Resende/RJ. Anais do V Simpósio de
Excelência e Gestão em Tecnologia, 2008.

116
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você viu que:

• A extinção por meio de água é exigida pela norma regulamentadora NR –


23 – Proteção contra incêndios para os estabelecimentos que desenvolvem
atividades industriais com 50 empregados ou mais, para que se possa extinguir
o fogo de classe A na fase inicial, a qualquer tempo. Para isto, este sistema de
proteção por água deverá contar uma reserva de água específica e pressão de
água adequada.

• A água deverá ser captada por pontos situados em locais de fácil acesso e
mantidos protegidos contra qualquer possibilidade de serem danificados.
Estes pontos disponíveis para a captação da água e as tubulações do sistema
deverão ser testados com frequência com o objetivo de se evitar a acumulação
de resíduos.

• Ainda de acordo com a NR 23, nunca poderá ser empregada a água para o
combate aos fogos: de Classe B, exceto se for pulverizada na forma de neblina;
de Classe C, exceto quando se tratar de água pulverizada; e de Classe D.

• Com relação ao emprego da água por meio de chuveiros automáticos


(sprinklers), as exigências da referida norma são as seguintes: os seus registros
deverão estar sempre abertos, somente se admitindo o seu fechamento por
ordem do responsável pela manutenção e inspeção quando realizar estas
operações e para assegurar a dispersão da água de maneira eficaz, deve-se
manter um espaço de pelo menos 1,0 m (um metro) na região abaixo e ao redor
de cada ponto de saída dos chuveiros automáticos.

• A água é definida como o agente extintor mais completo. Em virtude de


que mesmo não resultando na completa extinção colabora no isolamento
dos riscos por meio do resfriamento do material combustível da vizinhança
e facilita a aproximação dos bombeiros ao fogo para a aplicação de outros
agentes extintores. O sistema exigido pela NR 23 de fornecimento de água
para o combate ao incêndio que pode ser por hidrantes, por mangotinhos ou
chuveiros automáticos (sprinklers), tem a finalidade de proporcionar o controle
e a rápida e eficiente extinção de um incêndio.

• O efeito extintor da água, que melhor absorve o calor, pode ser aumentado ou
diminuído, dependendo do modo como é direcionada sobre o fogo. Os métodos
de extinção que podem ser aplicados são: jato compacto, neblina e vapor. O
jato compacto é produzido à alta pressão, trata-se de um jato forte de água
proporcionado por um esguicho que possui um orifício (requinte) de descarga

117
de forma circular. Este método precede a extinção por resfriamento e o sucesso
na extinção depende da imediata proximidade da água ao objeto incendiado
e resultando na vaporização da mesma. O jato, na forma de vapor, é obtido
com a fragmentação da água em partículas de diâmetro microscópico, também
chamada de neblina. Nesta forma de neblina, a água abrange o máximo de
superfície em comparação com ela mesma no estado líquido. Isto possibilita na
máxima capacidade de absorção do calor existente. A água na forma de neblina
quando utilizada no combate a incêndio é transformada em vapor, e neste
estado continua atuando na extinção por abafamento. Desta forma, o poder de
extinção do incêndio por água passa a ser aumentado principalmente em locais
confinados. A água na forma de neblina aplicada pelo sistema de hidrantes e
de mangotinhos proporciona maior eficiência ao combate a incêndios tanto em
locais confinados como em locais abertos, bem com em líquidos inflamáveis.

• Os sistemas de proteção por hidrantes e mangotinhos são sistemas fixos de


combate a incêndio com funcionamento sob comando que libera a água para
ser direcionada ao foco do incêndio. Com a vazão de acordo com o grau do
risco de incêndio do local que busca proteger, possibilita a sua extinção ou
controle na sua fase inicial. Deste modo, pode-se proceder ao início do combate
ao incêndio pelos próprios usuários do local antes dos trabalhos da equipe
do Corpo de Bombeiros, além de colaborar com o fornecimento de água, o
que se torna muito importante principalmente em edifícios altos. Em edifícios
altos, o hidrante de recalque, localizado no piso tem a função de disponibilizar
o fornecimento de água pela viatura do Corpo de Bombeiros ao sistema de
proteção fixo existente, que estão integrados. O hidrante de recalque deverá
possuir uma válvula de retenção que impeça a saída de água com a abertura do
registro. O melhor desempenho do sistema é obtido com a maior familiaridade
com o mesmo pelos usuários da edificação, para que estejam confiantes e
motivados a utilizá-lo na ocorrência de um incêndio.

• O sistema de proteção por hidrantes pode contar com pontos de captação de


água de uma saída chamada hidrante de saída simples, ou de duas saídas,
chamada hidrante de saída dupla. O sistema de hidrante de parede está junto
à parede e pode estar dentro de uma caixa ou abrigo, contendo basicamente: as
mangueiras; chaves de mangueira; e esguichos.

• O sistema de proteção por mangotinhos apresenta maior facilidade de


operação em razão das pequenas vazões, do menor diâmetro das mangueiras
e da disposição das mangueiras enroladas em carretel, proporcionando mais
agilidade nas ações de combate no começo de incêndio.

• O chuveiro automático ou sprinklers é um sistema fixo de proteção contra


incêndio por água. Este sistema é automático por entrar em operação quando se
inicia um foco de incêndio, liberando água de forma rápida em uma densidade
apropriada ao risco protegido para controle e extinção do na fase inicial. Em

118
função do menor tempo decorrido entre ser detectado o incêndio e o início do
seu combate, tem a sua eficácia reconhecida. Além de dispensar a ação humana
para o início do combate ao incêndio, este sistema possui outra característica
importante relativa ao acionamento do alarme de maneira simultânea com o
início do combate, possibilitando a saída dos usuários da edificação do local
sinistrado com segurança.

• Quando em operação em grandes áreas sem compartimentação como, por


exemplo, um galpão destinado a depósito, este sistema opera como em
compartimentação concentrando a descarga de água no foco de incêndio e
evitando que o fogo se propague e isto reduz os danos.

• Os chuveiros automáticos ou sprinklers são equipamentos termos-sensíveis


que reagem a uma temperatura previamente determinada, direcionando uma
descarga de água sobre uma área apropriada. Possuem um dispositivo acionado
por um elemento termo-sensível como, por exemplo, solda eutética ou bulbo
de vidro. A solda eutética é obtida pela fusão de dois ou mais metais formando
uma liga com ponto de fusão em temperatura mais baixa. Normalmente, nos
chuveiros são utilizadas soldas compostas de estanho, cádmio, chumbo, e
bismuto, pois possuem pontos de fusão bem definidos.

• O chuveiro automático com o dispositivo de acionamento termo-sensível tipo


ampola ou bulbo é constituído de uma ampola de vidro especial, contendo em
seu interior um líquido que se expande e uma bolha de ar. Com a expansão
do líquido pela ação do calor, a bolha de ar que está no interior da ampola é
comprimida e é absorvida pelo líquido provocando um aumento rápido da
pressão até romper o bulbo e, desta forma a válvula ou o tampão é liberado.

• Os chuveiros automáticos, com relação à descarga de água, podem ser


classificados em: chuveiro-padrão (spray), chuveiro tipo antigo e chuveiro
lateral. O chuveiro-padrão (spray) – constituído por defletor em uma posição
que projeta a descarga de água para baixo, com quase nada ou muito pouco
de água direcionada ao teto. A água é liberada abaixo do plano do defletor e
a distribuição do jato é direcionada totalmente sobre o foco do incêndio na
forma hemisférica. O chuveiro tipo antigo – neste tipo de chuveiro automático
o defletor direciona parte da água liberada para o teto e o restante é projetado
para baixo, com a forma de distribuição do jato é aproximadamente esférica.
O chuveiro lateral (sidewall) – neste sistema, a água é projetada para frente e
para os lados, na forma de um quarto de esfera, sendo que um pouco de água
é aspergida para trás indo contra a parede.

119
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 Discorra sucintamente sobre a extinção por meio de água estipulada pela


norma regulamentadora NR – 23 – Proteção contra incêndios.

2 O efeito extintor da água, que melhor absorve o calor, pode ser aumentado
ou diminuído, dependendo do modo como é direcionada sobre o fogo. Os
métodos de extinção que podem ser aplicados são: jato compacto, neblina e
vapor. Descreva cada um destes métodos.

3 A exigência relativa à extinção de incêndio por meio de água da NR 23


pode ser atendida com a instalação de hidrantes, mangotinhos e chuveiros
automáticos (Sprinklers). Discorra sucintamente sobre cada um destes
sistemas fixos de proteção.

120
UNIDADE 3

AÇÕES EM SINISTROS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade, você será capaz de:

• reconhecer as etapas da metodologia para a elaboração do plano de emer-


gência;

• identificar os tipos de brigadas e indicar os principais aspectos a serem


considerados na formação da brigada de incêndios;

• abordar as principais características do sistema de detecção e alarme de


incêndio (SDAI) e descrever os aspectos de seus componentes;

• definir a estrutura e a finalidade dos órgãos de defesa civil.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que no final de cada
um deles, você encontrará atividades que o auxiliarão a fixar os respectivos
conhecimentos.

TÓPICO 1 – PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

TÓPICO 2 – BRIGADAS DE INCÊNDIO

TÓPICO 3 – DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

TÓPICO 4 – ÓRGÃOS DE DEFESA CIVIL

121
122
UNIDADE 3
TÓPICO 1

PLANOS DE EMERGÊNCIA
PARA INCÊNDIOS

1 INTRODUÇÃO
Qualquer interrupção nas atividades de uma empresa afetará
negativamente a produção. Esta interrupção decorrente de um incêndio ou
uma explosão pode chegar a ser muito prolongada ou até mesmo paralisar as
atividades da empresa sinistrada. Embora os seguros ofereçam indenizações à
maior parte dos prejuízos decorrentes de um incêndio, não há garantias para a
continuidade da produção e para a continuidade dos níveis de negócio com os
clientes após um longo período de interrupção.

Portanto, a direção da empresa deve estudar os perigos de incêndio e


explosão, avaliando o potencial de perdas e implantar as medidas necessárias
para controlar o risco, com o objetivo de eliminar ou minimizar a incidência
destas catástrofes e estabelecer um plano de emergência para incêndios.

O êxito de um plano de emergência depende em grande parte da


participação generalizada tanto dos trabalhadores como da direção, e isto deve
ser considerado na sua elaboração.

2 ETAPAS DE UM PLANO DE EMERGÊNCIAS


Gill e Leal (2008), ao apresentar a metodologia para a elaboração do plano
de emergência para incêndio, ressaltam que este processo envolve a execução e
coordenação de diversas tarefas. Esta metodologia baseia-se em cinco passos:

• estabelecimento da equipe;
• análise dos riscos e da capacidade de combate a incêndios;
• desenvolvimento do plano de emergências;
• implementação do plano;
• gestão da emergência.

123
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

UNI

Esta metodologia apresentada é resultado de estudos empíricos consagrados


baseados em: FEMA. FEDERAL EMERGENCY MANAGEMENT AGENCY. Emergency
Management Guide for Business & Industry. Disponível em: <http://www.fema.gov/pdf/
library/bizindst.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

2.1 ESTABELECIMENTO DA EQUIPE


O plano de emergência pode ser elaborado por um profissional habilitado
ou por um grupo específico de pessoas. O trabalho de elaboração deste plano por
um grupo de pessoas, por contar com os profissionais indispensáveis ao êxito,
é mais produtivo e se desenvolve com mais sinergia. Esta condição de trabalho
com a participação de maior número de pessoas favorece o intercâmbio de maior
número de melhores informações. Em virtude da discussão baseada em suas
experiências nas respectivas áreas de trabalho, há um aumento da participação,
maior ênfase e maior percepção do processo de elaboração do plano.

Para este trabalho em equipe cujo tamanho dependerá do porte da


empresa, das características operacionais e dos recursos disponíveis, devem
ser estabelecidos na fase inicial os membros da equipe que serão os executivos
e os membros que participarão como consultores. A participação de pessoas
dos diferentes setores dá a oportunidade para que cada pessoa traga as suas
informações pertinentes para o plano de emergência. Os membros das seguintes
áreas podem ser convocadas:

• diretoria;
• gerência;
• recursos humanos;
• manutenção e engenharia;
• segurança e saúde do trabalho e meio ambiente;
• segurança patrimonial;
• relacionamento com a comunidade;
• recursos orçamentários, financeiros e de marketing;
• jurídico;
• compras e
• financeiro.

Na fase inicial da elaboração do plano de emergência, há necessidade de


algumas determinações relativas à organização da equipe. Para isso precisa ser
providenciado:

124
TÓPICO 1 | PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

• Estabelecimento da autoridade: A liderança da equipe deve ser exercida pela


pessoa que estiver ocupando o cargo de gerente ou o maior cargo da empresa.
Os níveis hierárquicos superiores devem determinar por escrito a designação
de autoridade específica de cada participante. Porém esta designação não
deve ser tão rígida para não constranger os demais integrantes e dificultar as
manifestações livres de suas ideias.
• Declaração da missão: O comprometimento por parte da direção da empresa
é também demonstrado por uma declaração de maneira formal emitida pela
direção da empresa. Esta declaração deverá ser precisa e concisa e clara. O
objetivo do plano deve abranger todas as áreas da empresa e a definição das
autoridades e a estrutura da organização da equipe de planejamento.
• Estabelecimento de um programa e do orçamento: A alocação de recursos
necessários para a elaboração e implantação de um plano de emergência é um
dos pontos fundamentais para o seu desenvolvimento. Deve-se estabelecer
uma agenda de trabalho, contendo os prazos de cada etapa do programa. De
acordo com a mudança na busca de uma definição mais clara das prioridades
devem ser adaptados os prazos de maneira adequada. Para os gastos iniciais
é necessário um orçamento que contemple itens como: pesquisa incluindo
os serviços de consultoria necessários, realização de seminários, e demais
despesas para o processo de seu desenvolvimento.

2.2 ANÁLISE DOS RISCOS E DA CAPACIDADE DE COMBATE


A INCÊNDIOS
Esta etapa refere-se à coleta das informações referentes às normas e leis
relacionadas às emergências, às formas de se analisar os possíveis riscos de
incêndio e à capacidade disponível de ação objetivando o seu combate. Nesta
coleta de informações, devem ser considerados:

As diretrizes e políticas internas: as ações descritas no plano de emergência


quando em execução não poderão entrar em conflito com as orientações vigentes
na empresa. Estas ações devem estar sintonizadas com as outras políticas e
ações adotadas pela empresa. Para estabelecer esta condição de sintonia para
a elaboração do plano de emergência devem ser consideradas as informações
contidas nos seguintes documentos: programa para a retirada das pessoas do
interior de edificações de maneira organizada; programa relativo à proteção contra
incêndio; plano de segurança e saúde do trabalho; determinações relativas às
políticas ambientais; determinações relativas à segurança patrimonial; condições
a serem atendidas estabelecidas nos contratos de seguro; procedimentos relativos
às questões orçamentárias e financeiras; política de fechamento da empresa;
regulamentações inerentes ao trabalho dos empregados; programas relativos aos
materiais perigosos; avaliação dos quesitos de segurança do processo produtivo;
programa de gerenciamento de risco; política de aumento de capital e programas
de auxílio mútuo.

125
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

UNI

Boa parte do sucesso da execução de um plano de emergência depende de


que na sua elaboração sejam consideradas as condições ambientais internas e externas à
empresa.

• Reuniões com os grupos externos: para melhor sintonia com o ambiente


externo à empresa, há necessidade de reuniões com os representantes de
órgãos governamentais e representantes da comunidade para debate sobre as
possíveis emergências e os recursos existentes para o atendimento por parte
destes órgãos. Também convém que sejam contatados outros órgãos tais como:
agência ambiental, concessionárias de energia elétrica e de água, corpo de
bombeiros e indústrias localizadas nas vizinhanças.
• Identificação dos códigos e regulamentos: devem ser identificadas e
estabelecidas as ações de tal maneira que estejam em sintonia com as leis e
normas das esferas federal, estaduais e municipais relativas que mantenham
ligação com a elaboração de plano de emergência.
• Identificação das operações, serviços e produtos que sejam críticos ou vitais
para o negócio da empresa: cada grupo de atividades desenvolvidas no interior
das edificações possui características próprias e pontos críticos. A elaboração
do plano de emergência deve considerar as informações que são necessárias
e prioritárias para se avaliar os possíveis impactos gerados em situações de
emergências e determinar as medidas que são necessárias tais como: pontos
críticos do processo de produção; pontos críticos relativos ao fornecimento em
especial quando há um único fornecedor; problemas decorrentes da interrupção
do fornecimento de: gás, energia, água e telefone; pessoas, equipamentos e
operações que são vitais para a continuidade do funcionamento das instalações.
• Identificação dos recursos e capacidades internos: trata-se de reconhecer os
recursos que poderiam ser necessários numa emergência com destaque para:
brigadistas de atendimento em situações de emergências, profissionais da
vigilância, equipe de gerenciamento de emergência, equipe encarregada da
retirada de pessoas das edificações com segurança, equipamentos de combate
a incêndio, equipamentos para os primeiros socorros, sistema de alarme,
sistemas de comunicação, equipamentos de proteção individual, sistemas de
proteção respiratória, sistemas geradores de energia elétrica.
• Identificação dos recursos externos: há vários recursos externos que são
necessários em situações de emergência. Há certas condições que necessitam
de acordos formais para se estabelecer os relacionamentos com: defesa civil,
hospitais, corpo de bombeiros, prestadores de serviços de manutenção
(elevadores, prediais, geradores e maquinários), fornecedores dos equipamentos
a serem utilizados nas emergências, corretores de seguro.
• Análise do contrato de seguro: em reunião com os profissionais do seguro da
empresa, podem-se estudar as possíveis ações a serem adotadas.

126
TÓPICO 1 | PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

UNI

Algumas companhias de seguro contam com profissionais especializados


em análise de riscos de incêndio e logicamente têm interesse em disponibilizar os
conhecimentos destes profissionais relativos aos cuidados a serem adotados em situações
de emergências.

• Realização da análise de vulnerabilidade: vários são os métodos para análise


de risco incêndio, sendo os mais comuns: lista de verificações (checklist), análise
histórica de acidentes, análise preliminar de perigo e análise de modo de falha.
O acesso facilitado às informações disponibilizado pela internet possibilita
a realização de um levantamento dos históricos dos acidentes ocorridos em
atividades semelhantes desenvolvidas na empresa. Pode-se também adotar
um método mais simples como a matriz de análise de vulnerabilidade.

2.2.1 Matriz da Análise de Vulnerabilidade


Constituída de um método simples de estimar a probabilidade de
ocorrência de situações de emergência, da avaliação do nível de influência
dos seus impactos e da avaliação dos recursos internos e externos de proteção
existentes. Esta matriz consiste na elaboração de uma planilha, representada
no quadro a seguir. Para cada tipo de emergência possível de se ocorrer, na
empresa ou na comunidade onde a empresa está localizada, que é registrado na
primeira coluna, anota-se na coluna correspondente a avaliação numa escala de
1 a 5. Na segunda coluna é registrada a avaliação relativa à probabilidade de
ocorrência sendo que a probabilidade mais baixa é representada pelo número 1
e a probabilidade mais alta é representada pelo número 5. Na terceira, quarta e
quinta coluna coloca-se o número de 1 a 5 sendo que o número 1 diz respeito ao
baixo nível de impacto e o número 5 refere-se ao alto nível de impacto. Na terceira
coluna registra-se a avaliação relativa ao impacto humano, ou seja, o impacto
para as pessoas que podem ser afetadas pela situação de emergência. Na quarta
coluna é anotada a avaliação relativa ao impacto ao patrimônio, ou seja, o impacto
aos bens materiais. A quinta coluna está relacionada ao impacto nos negócios da
empresa. Para as anotações da sexta e sétima coluna a avaliação deve ser feita
considerando o grau de proteção ao incêndio relacionado aos recursos, sendo
que se registram numa escala de 1 a 5 o grau respectivo sendo 1 aos recursos
considerados fortes e 5 os recursos considerados fracos. Na oitava e última coluna
registra-se a soma dos valores anotados na respectiva linha. O tipo de emergência
que apresentar o maior valor na coluna que apresenta o total será a emergência
de maior gravidade. E ao contrário daquele em que constar o menor valor será
o tipo de emergência de menor gravidade. Isto possibilita classificar os tipos de
emergências por ordem de gravidade.

127
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

QUADRO 8 – MATRIZ DE ANÁLISE DE VULNERABILIDADE

FONTE: Adaptado de: Gill e Leal (2008, p. 319)

2.2.1.1 Tipo de emergência


Ao relacionar os tipos de emergências possíveis, percebe-se que eles
podem ocorrer por várias causas e percebe-se também que podem existir vários
tipos de emergência. Para auxiliar neste levantamento, recomenda-se que sejam
considerados os seguintes fatores:

• Históricos: registro de ocorrências ocorridas na comunidade tais como:


incêndios, acidentes de transportes, inundações e problemas estruturais
apresentados pelas edificações.
• Geográficos: resultantes da localização, considerando-se os riscos resultantes da
proximidade da empresa com: áreas inundáveis, estabelecimentos industriais
ou comerciais que transportem, armazenem ou produzam produtos perigosos
e rotas de transporte intenso, portos ou aeroportos.
• Tecnológicos: os riscos que podem resultar de falhas no sistema ou processo
produtivo. Estas possibilidades são relativas aos riscos de incêndios,
vazamentos e explosões dos produtos perigosos; falhas que podem ocorrer
nos sistemas de segurança, na telecomunicação, no sistema de comutação,
no sistema de resfriamento ou aquecimento, no sistema de alarme ou outro
sistema de notificação de emergência.
• Erros humanos: são as emergências que podem ser resultantes dos erros
dos funcionários. Neste sentido, verifica-se se os treinamentos destinados
aos funcionários objetivam proporcionar o desenvolvimento dos trabalhos
com segurança. Verifica-se também se os funcionários conhecem as ações
necessárias em situações de emergência. Pois, em situação de emergência
um procedimento errôneo de um funcionário pode aumentar a gravidade da
emergência. Considerada como a maior causa de emergências o erro humano
nos locais de trabalho podem ser resultantes de deficiência na manutenção,
treinamento deficiente, imprudência, negligência, abuso de drogas e fadiga.
• Físicos: são os riscos que podem ser resultantes de projetos construtivos
das edificações da empresa. As características físicas das edificações podem
aumentar a gravidade de eventual emergência. Neste aspecto são consideradas

128
TÓPICO 1 | PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

as características físicas apresentadas pelas instalações, dos processos perigosos,


dos locais destinados ao armazenamento de combustíveis, do arranjo físico do
local, das iluminações existentes, das rotas destinadas às saídas de emergência
e da proximidade de áreas destinadas a abrigo ou à proteção.
• Regulamentação: considera-se que o usuário da edificação pode lidar com
riscos de acidentes ou emergências. São considerados os riscos resultantes de
impedimento de acesso às instalações, interrupção no fornecimento de energia
elétrica, desativação das linhas de comunicação, rompimento das adutoras de gás,
danos decorrentes de água, danos decorrentes da fumaça danos nas estruturas
das edificações, contaminação da água ou do ar, explosões, pessoas em recintos
fechados, rompimento da estrutura das edificações, acidentes com produtos
químicos, nucleares, físicos e biológicos relacionados à existência de vírus.

2.2.1.2 Probabilidade
Trata-se de uma avaliação subjetiva da probabilidade de ocorrência
relativa a cada emergência.

2.2.1.3 Potencial de impacto humano


Este quesito diz respeito à gravidade do impacto de cada emergência.
Devem ser verificadas as possibilidades de ferimentos ou a morte.

2.2.1.4 Potencial de impacto material


Considera-se a potencialidade de danos materiais em relação a custos de
reposição dos materiais, custo de uma reposição temporária necessária.

2.2.1.5 Potencial de impacto nos negócios da empresa


Este quesito relaciona-se ao potencial de perda da fatia no mercado em
que a empresa atua. São considerados os impactos decorrentes da interrupção
da continuidade nos negócios, impossibilidade dos funcionários irem ao local
de trabalho, impossibilidade dos clientes irem à empresa, não cumprimento
das obrigações contratuais pela empresa, interrupção no fornecimento dos
suprimentos fundamentais à realização das atividades e interrupção das
atividades relativas à distribuição dos produtos.

129
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

2.2.1.6 Potencial relativo aos recursos internos e externos


Esta avaliação está relacionada à capacidade de resposta às emergências
pelos recursos internos e externos. A pontuação deste item será menor quanto
melhor forem estes recursos. Devem ser consideradas as respostas aos seguintes
questionamentos:

• A capacidade de resposta adequada para a situação de emergência analisada


depende de quais recursos?
• A resposta oferecida pelos recursos externos se processa na rapidez necessária?

No caso de não contar com os recursos adequados, deve-se buscar corrigir


o problema considerando o seguinte:

• Desenvolvimento de procedimentos adicionais de emergência:


• realização de treinamentos adicionais necessários;
• aquisição de equipamentos adicionais;
• estabelecimento de planos de auxílio mútuo;
• estabelecimento de acordos e contratos com empresas especializadas.

2.2.1.7 Somatório das pontuações


Apresenta a soma dos valores estimados para cada emergência. Quanto
menor for o escore melhor será considerado o risco.

2.3 DESENVOLVIMENTO DO PLANO


Baseando-se nas informações obtidas nos estudos e levantamentos
realizados para o preenchimento da matriz de análise de vulnerabilidade, o
analista percebe as emergências possíveis e os recursos disponíveis para enfrentá-
las. Para o desenvolvimento do plano destacam-se as seguintes áreas:

• componentes do plano de emergência;


• processo de desenvolvimento do plano de emergência.

2.3.1 Componentes do Plano de Emergência


O plano deverá contemplar os seguintes itens:

• Sumário executivo: nele deverá conter o propósito do plano de forma clara, a


política de gerenciamento de emergências das instalações, as autoridades e as
responsabilidades de cada pessoa-chave, os tipos de emergência passíveis de
ocorrer e os locais designados para o gerenciamento das operações de emergência.

130
TÓPICO 1 | PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

• Elementos da gestão da emergência: contendo uma breve descrição sobre


direção e controle, as comunicações, segurança à vida das pessoas, proteção aos
bens, abrangência da comunidade, trabalhos de restauração e de recuperação,
a administração e a logística.
• Procedimentos definidos para a resposta de emergência: o papel de cada
um nestas situações de emergência e os locais para onde devem se dirigir é
esclarecido por meio destes procedimentos. Desenvolvidos na forma de checklist,
para que rapidamente possam ser acessados tanto pela alta administração,
como pelo pessoal encarregado da resposta e como também pelos demais
funcionários. Nestes procedimentos são estabelecidas as ações necessárias
para a avaliação da situação, a proteção dos clientes, dos empregados, dos
visitantes, das informações vitais da empresa, dos equipamentos e de outros
bens; manter a empresa funcionando, a falta de água, a falta de energia elétrica,
os casos de inundações, os casos de ameaça de bomba e de acidente de trânsito.
• Documentos de apoio: estes documentos servem para provimento das várias
informações necessárias ao coordenador e devem incluir listas de todas
as pessoas a serem acionadas na emergência, suas atribuições e respectivos
telefones, lista dos recursos disponíveis e plantas e mapas da edificação
indicando a localização dos hidrantes, das linhas de gás e combustíveis, de
cada edificação, áreas confinadas, rotas de fuga, dos produtos perigosos, dos
hidrantes e dos bens de alto valor.

2.3.2 Processo de Desenvolvimento do Plano


Para que seja implementado o plano de emergência as seguintes
ações são necessárias: identificação dos desafios e priorização das atividades,
identificação das metas e das etapas, elaboração de uma lista com indicação dos
responsáveis pelas tarefas e do momento em que será executado, equilibrar as
áreas problemáticas e as deficiências de recursos observadas no preenchimento
da matriz da análise de vulnerabilidade.

O processo de desenvolvimento do plano abrange as seguintes ações:

• escrever o plano: cada parte do plano deverá ser escrita por um funcionário
integrante da equipe. Deve-se estabelecer o formato mais apropriado para
cada seção ou departamento da empresa. Deverá ser estabelecido também
um cronograma com metas específicas com prazo de tempo adequado. Este
cronograma deverá contemplar as etapas: primeira minuta, análise e correções,
segunda minuta, estabelecimento dos procedimentos para as simulações para
o treinamento, com aplicação de dinâmicas ou encenação, de atendimento
em casos de acidentes, procedimentos para o treinamento de acidentes com
emprego de veículos de emergência e participação de profissionais, versão
final, impressão e distribuição;

131
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

• estabelecer um programa para o treinamento: deve ser definido um


departamento ou uma pessoa que se encarregará do programa de treinamento
para a operacionalização das ações do plano de emergências;
• continuar a coordenação das atividades com órgãos externos: devem ser
mantidos encontros periódicos com os profissionais dos órgãos governamentais
e membros das organizações da comunidade. Apresente o plano de emergências
mesmo que não necessite da aprovação. No contato com estas pessoas, além
de se obter sugestões e informações valiosas, deve-se verificar as exigências
estaduais e locais referentes à necessidade de comunicar e de se relatar as
emergências e incluir nos procedimentos. Deve ser estabelecido um modo de
atuação para que as ações dos órgãos externos ocorram com maior rapidez e
com melhor coordenação possível. Neste sentido, algumas definições devem
ser estabelecidas, tais como:
• Quais são as vias de acesso ao interior do estabelecimento que serão
disponibilizadas para as unidades de resposta?
• Quem são as pessoas indicadas da empresa às quais deverá se reportar a
unidade de resposta?
• Como poderão ser identificadas estas pessoas?
• Como se estabelecerá a comunicação entre o pessoal responsável pelas
instalações e o pessoal da unidade de resposta externa?
• Quem será encarregado de liderar ou coordenar as atividades das unidades de
resposta externa?
• Qual será o tipo de identificação que as autoridades deverão exigir para permitir
o acesso ao interior das instalações de pessoas-chaves durante a emergência?

• manter contato com as outras áreas da empresa: em empresas de grande porte,


é necessário que haja comunicação com os outros setores para incorporar
nos procedimentos as seguintes informações: a maneira adotada pelo setor
para efetuar as notificações de emergência; as situações para as quais se faz
necessário o auxílio mútuo; quais seriam as unidades de apoio que seriam
destinadas em caso de emergência; nomes e respectivos números de telefone
das pessoas-chave.
• analisar, realizar treinamentos e revisar o plano: deve ser feita a distribuição da
primeira minuta para que os membros da equipe analisem e revisem quando for
necessário. Uma segunda análise é obtida a partir das observações verificadas
num exercício de simulação com os gerentes e as pessoas-chave da gestão.
Esta simulação se faz em uma sala descrevendo o cenário e questionando os
participantes quanto às suas funções e suas ações diante da situação hipotética.
As observações resultantes deste exercício servem de base para a identificação
das áreas em que há confusão ou casos de sobreposição de funções ou ações
que deverão ser corrigidas no plano. Deve-se corrigir o plano promovendo as
modificações no mesmo.
• obter a aprovação final: o plano final, contendo todas as páginas numeradas,
deve ser aprovado pelo nível mais alta da chefia administrativa e a gerência ou
diretoria para a obtenção da aprovação por escrito.

132
TÓPICO 1 | PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

• distribuir o plano: coloca-se o plano final em pastas e procede-se à distribuição


do mesmo mediante assinatura de comprovante de recebimento, através do
qual assumem a responsabilidade de mantê-lo atualizado com relação às
alterações posteriores. Devem-se verificar as partes do plano que seriam
interessantes que sejam divulgadas aos órgãos governamentais, tomando o
cuidado de não divulgar as partes confidenciais da empresa. O plano final
deve ser distribuído para o nível mais elevado da chefia administrativa e os
gerentes, os membros-chave da gestão de resposta a emergências, matriz da
empresa, os órgãos de emergência existentes na comunidade (somente as
partes que não contenham informações confidenciais da empresa e que podem
ser divulgadas). As pessoas-chave recebem uma cópia do plano e deverão
mantê-la em suas residências. Os empregados deverão ser informados sobre o
plano de emergência e sobre a programação de treinamento.

2.4 IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO


Além de implicar na sua execução durante uma emergência, a
implementação do plano de emergência envolve a execução das recomendações
feitas na fase de análise de vulnerabilidade, a integração do plano com as
operações da empresa, o treinamento dos empregados e a avaliação do mesmo.

2.4.1 Integração do Plano de Emergência


O plano de emergência deve estar integrado com as demais operações
da empresa e deve formar parte da cultura da empresa. Para tanto, torna-se
necessário o desenvolvimento de atividades que possibilitem: despertar a atenção
do pessoal para o tema, treinar e educar o pessoal, testar os procedimentos e o
envolvimento de todos os níveis de gerência e de todos os setores e, ainda se
necessário, o envolvimento da comunidade no planejamento. O desenvolvimento
destas atividades pode fazer com que a gestão de emergência seja uma parte
integrante do cotidiano das pessoas.

A resposta aos seguintes questionamentos poderá auxiliar na análise do


nível de integração do plano de emergência com as demais atividades operacionais
da empresa:
• O apoio da diretoria às responsabilidades definidas no plano é estabelecido em
que grau?
• Os setores de pessoal e finanças incorporaram na sua totalidade os conceitos de
planejamento de emergência?
• De que maneira o processo de definições de funções e de avaliação dos
empregados pode incorporar as responsabilidades de gestão de emergência?
• É possível a divulgação a respeito da preparação para emergências por meio
dos manuais dos empregados, jornais da empresa ou das correspondências?

133
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

• Quais são os lembretes visíveis ou cartazes que seriam úteis?


• Em uma emergência as pessoas têm domínio sobre o que devem fazer?
• De que maneira todos os níveis da empresa podem ser envolvidos na avaliação
do plano?

2.4.2 Treinamento dos Empregados


Assim como todos os empregados, os visitantes devem ter também
algum nível de integração com o plano de emergência da empresa ou até
mesmo participar de um treinamento específico. Este nível de integração pode
ser adquirido através da realização periódica de diálogos ou simples conversas
com o objetivo de analisar as ações e os treinamentos para o uso apropriado
dos equipamentos pelas equipes de resposta, treinamentos para a evacuação do
pessoal e exercícios com uma simulação bem próxima da situação real.

2.4.2.1 Plano de treinamento


Para que um plano de treinamento possa ser desenvolvido é necessária
a definição de responsabilidades. Para isto, além de serem destinadas aos
empregados, devem ser consideradas as necessidades de informações e de
treinamento para visitantes, terceirizados e para aquelas pessoas com papéis
específicos designados no plano. Devem ser estabelecidas as respostas aos
seguintes questionamentos para um período de 12 meses:

• Quais são as pessoas a serem treinadas?


• Quais são as pessoas que ministrarão o treinamento?
• Quais são os tipos de treinamentos que serão ministrados?
• Quais são as datas e os locais em que serão ministrados os treinamentos?
• Como será avaliada e documentada cada sessão do treinamento?

2.4.3 Avaliação do Plano


Pelo menos uma vez por ano deve ser realizada uma auditoria nas instalações
para registrar as deficiências. Para esta auditoria devem ser considerados vários
itens entre os quais se destacam os seguintes questionamentos:

• De que maneira podem ser envolvidos todos os níveis de gerência na atualização


e avaliação do plano?
• Há tratamento adequado para equilibrar a falta de recursos e as áreas com
problemas identificadas na análise de vulnerabilidade?
• As lições apreendidas nos eventos reais e nos exercícios estão expostas nos
planos?

134
TÓPICO 1 | PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

• As responsabilidades dos membros da equipe de gestão e de resposta a


emergências são compreendidas pelos mesmos?
• É realizado treinamento para os novos membros?
• O plano considera as alterações físicas do arranjo físico das instalações ou as
alterações nos processos produtivos?
• Os registros descritivos dos locais e as fotos estão atualizados?
• Estão sendo alcançados os objetivos dos treinamentos realizados?
• Houve mudança nos riscos existentes nas instalações?
• Os nomes dos integrantes das equipes de resposta, suas respectivas funções e
números de telefones estão atualizados?
• Há o desenvolvimento de atividades direcionadas a integrar a gestão de
emergência em outros processos de outras instalações?
• Os órgãos e entidades da comunidade são informados do plano de emergência?
• Os órgãos e entidades da comunidade participam da avaliação do plano?

Esta auditoria anual é necessária, mas para aprimorar o processo de


melhoria, além disto, há a necessidade de avaliar e modificar o plano nas seguintes
ocasiões:

• Após a realização de cada treinamento ou exercício.


• Ao término de cada ação de emergência.
• Sempre que ocorrerem alterações no pessoal.
• Quando ocorrerem alterações nas responsabilidades do pessoal.
• Quando ocorrerem mudanças no arranjo físico ou no projeto das instalações.
• Quando ocorrerem alterações nas políticas ou nos procedimentos.

Todas as alterações e atualizações do plano de emergência devem ser


comunicadas aos interessados.

2.5 GESTÃO DA EMERGÊNCIA


As ações inerentes ao comando das operações de reposta às emergências
devem atender a alguns princípios básicos. O comando deve ser exercido por
uma pessoa que assuma de maneira formal o cargo e a chefia das operações para
o atendimento das ocorrências.

Brunacini (1985) citado por Gill e Leal (2008) apresenta várias


recomendações a serem praticadas nos exercícios com simulações de situações
próximas da situação real e que também auxiliam a organização da gestão da
emergência. Dentre estas recomendações destacam-se:

• As sete funções de comando na gestão da emergência:


a. Assumir, comprovar e posicionar o comando;
b. avaliar a situação;
c. organizar, manter e controlar as comunicações;

135
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

d. reconhecer a estratégia a ser adotada, desenvolver um plano de combate e


designar;
e. estabelecer o atendimento na condição de emergência;
f. examinar, avaliar e revisar o plano de combate; e
g. dar continuidade, transferir e concluir o comando.

• Elaborar uma planilha para registrar todas as informações importantes tais


como: croqui do local, as situações de combate designadas para as equipes e os
comandantes de cada equipe.

No comando da gestão de qualquer emergência, deve-se procurar


conhecer:

• O tipo de emergência e sua intensidade.


• É um dos tipos de emergência previstos no plano de emergência? Se for um dos
tipos de emergência previsto, devem-se acionar os procedimentos previamente
ensaiados. No caso de tratar-se de um tipo de emergência não previsto do
plano, deve ser estabelecido um plano específico de ações para este tipo de
emergência e indicar as tarefas necessárias e as pessoas que devem executá-las.

Para melhor definir o cenário para ser utilizado nas simulações próximas
da situação real e também para aplicação na situação de emergência real, devem
ser considerados certos fatores, tais como: o horário, o local e condições climáticas.
Há também os fatores inerentes ao tipo de emergência, ao prédio e às instalações
sinistradas. Em casos de incêndio na edificação, podem ser considerados fatores
como: o pavimento atingido, o risco de propagação, o tipo de construção e as
características dos locais vizinhos. Outros fatores relativos às consequencias que
também devem ser considerados são: as pessoas em risco, possíveis danos ao
meio ambiente, os objetos de maior valor a serem preservados. A verificação
destes fatores possibilita que se tenha uma ideia da situação existente, tanto
numa emergência real como no caso de uma simulação próxima da situação real.

Há também a necessidade de se obter as informações sobre os recursos


existentes, como por exemplo: características da estrutura de comando disponível,
equipes disponíveis para o combate, nível do treinamento dos membros destas
equipes, os equipamentos ou viaturas disponíveis, tipo e quantidade de agentes
extintores disponíveis.

136
TÓPICO 1 | PLANOS DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

UNI

Todas estas orientações têm o objetivo de indicar o procedimento necessário


com relação ao levantamento do maior número de informações básicas destinadas a
subsidiar o processo de tomada de decisões na gestão de emergência. Cada plano deve
ser desenvolvido de maneira adequada às circunstâncias apresentadas na situação de
emergência.

2.5.1 Ações de Segurança Patrimonial


O local onde se desenvolve a situação de emergência dever ser isolado
logo após a sua descoberta. A própria pessoa que descobre a situação, se possível,
deve buscar tornar o local seguro e controlar o acesso. Para esta operação de
isolamento devem-se tomar as precauções necessárias para que ninguém seja
colocado em risco. Os cuidados básicos de segurança são ações, tais como: fechar
as portas e janelas, colocar barreiras temporárias após a retirada das pessoas com
segurança e fechar arquivos e gavetas.

Deve-se assegurar que operações mais específicas de segurança somente


sejam executadas por pessoal treinado. O acesso ao interior dos locais onde se
desenvolve a situação de emergência deve ser restrito às pessoas diretamente
responsáveis pelo combate.

2.5.2 Coordenação das Ações da Equipe de Resposta


Externa
Gill e Leal (2008) enfatizam a falta de legislação específica no Brasil, que
estabeleça com clareza o comando nos locais de emergência. Normalmente o
comando das operações é passado para a autoridade pública que estiver presente
no local. Para que isto ocorra da melhor maneira possível, recomenda-se que
previamente se estabeleça um acordo entre a empresa sinistrada e as organizações
de resposta externa. A pessoa da empresa que estiver no comando das operações
de resposta interna fornece ao comandante da equipe de resposta externa,
geralmente um oficial do corpo de bombeiros, um relatório completo da situação.

137
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

2.5.3 Comunicações
O desenvolvimento adequado de qualquer atividade empresarial
depende essencialmente da comunicação. As comunicações em emergências
são fundamentais para: alertar as pessoas sobre os perigos, coordenar todas as
atividades de resposta, manter familiares e empregados que estiverem de folga
informados sobre as ocorrências, manter contato com fornecedores e clientes.

2.5.4 Plano de contingência


Deve ser desenvolvido um programa para tratamento de todas as
contingências, considerando os seguintes fatores:

• as funções desempenhadas diariamente nas instalações e as todas as vias de


comunicações utilizadas para suas operações;
• o impacto nos negócios da empresa decorrentes da interrupção nos sistemas de
comunicações;
• o impacto da interrupção nos sistemas de comunicações nas operações de
emergência;
• a prioridade da comunicação em todas as instalações. Deve-se restabelecer a
comunicação em caso de interrupção por situação de emergência de acordo
com esta prioridade;
• determinar os procedimentos para que sejam restaurados os sistemas de
comunicação;
• buscar informações a respeito da capacidade de resposta dos fornecedores
do sistema de comunicação da empresa. Determine as ações direcionadas à
restauração dos serviços.
• estabelecer as necessidades de suporte das comunicações para cada função
dos negócios da empresa. Este suporte pode ser oferecido por opções como:
telefones e mensageiros.

2.5.5 Comunicações de Emergência


As unidades da empresa podem necessitar desempenhar funções
específicas em uma emergência e para isto se deve fornecer sistema de comunicação
necessário.

138
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você viu que:

• A metodologia para a elaboração do plano de emergência baseia-se em cinco


passos: estabelecimento da equipe, análise dos riscos e da capacidade de combate
a incêndios, desenvolvimento do plano de emergências, implementação do
plano e gestão da emergência.

• A participação de pessoas dos diferentes setores dá a oportunidade para que


cada uma traga as suas informações pertinentes para o plano de emergência.
Os membros das seguintes áreas podem ser convocados: diretoria, gerência,
recursos humanos, manutenção e engenharia, segurança e saúde do trabalho
e meio ambiente, segurança patrimonial, relacionamento com a comunidade,
recursos orçamentários, financeiros e de marketing, jurídico, compras e
financeiro.

• Na fase inicial da elaboração do plano de emergência, há necessidade de


algumas determinações relativas à organização da equipe. Para isso deve
ser providenciado o estabelecimento da autoridade, declaração da missão e
estabelecimento de um programa e do orçamento.

• A etapa de análise dos riscos e da capacidade de combate a incêndios refere-se à


coleta das informações referentes às normas e leis relacionadas às emergências,
às formas de se analisar os possíveis riscos de incêndio e à capacidade
disponível de ação objetivando o seu combate. Nesta coleta de informações
devem ser consideradas as diretrizes e políticas internas, as reuniões com os
grupos externos, a identificação dos códigos e regulamentos, a identificação das
operações, serviços e produtos que sejam críticos, identificação dos recursos e
capacidades internos, identificação dos recursos externos, análise do contrato
de seguro, realização da análise de vulnerabilidade.

• A Matriz da Análise de Vulnerabilidade é constituída de um método simples


de estimar a probabilidade de ocorrência de situações de emergência, a
avaliação do nível de influência dos seus impactos e a avaliação dos recursos
internos e externos de proteção existentes. Esta matriz consiste na elaboração
de uma planilha, em que para cada tipo de emergência possível de ocorrer, na
empresa ou na comunidade onde a empresa está localizada, que é registrado na
primeira coluna. Anota-se na coluna correspondente a avaliação numa escala
de 1 a 5. Na segunda coluna, é registrada a avaliação relativa à probabilidade de
ocorrência sendo que a probabilidade mais baixa é representada pelo número 1

139
e a probabilidade mais alta é representada pelo número 5. Na terceira, quarta e
quinta colunas coloca-se o número de 1 a 5 sendo que o número 1 diz respeito
ao baixo nível de impacto e o número 5 refere-se ao alto nível de impacto. Na
terceira coluna registra-se a avaliação relativa ao impacto humano, ou seja, o
impacto para as pessoas que podem ser afetadas pela situação de emergência.
Na quarta coluna é anotada a avaliação relativa ao impacto ao patrimônio, ou
seja, o impacto aos bens materiais. A quinta coluna está relacionada ao impacto
nos negócios da empresa. Para as anotações da sexta e sétima coluna, a avaliação
deve ser feita considerando o grau de proteção ao incêndio relacionado aos
recursos, sendo que se registra numa escala de 1 a 5 o grau respectivo sendo 1
aos recursos considerados fortes e 5 os recursos considerados fracos. Na oitava
e última coluna, registra-se a soma dos valores anotados na respectiva linha.
O tipo de emergência que apresentar o maior valor na coluna que apresenta
o total será a emergência de maior gravidade. E ao contrário aquele em que
constar o menor valor será o tipo de emergência de menor gravidade. Isto
possibilita classificar os tipos de emergências por ordem de gravidade.

• O plano de emergência deverá contemplar os seguintes itens: sumário


executivo, elementos da gestão da emergência, procedimentos definidos para
a resposta de emergência e documentos de apoio.

• Para que seja implementado o plano de emergência, as seguintes ações


são necessárias: identificação dos desafios e priorização das atividades,
identificação das metas e das etapas, elaboração de uma lista com indicação dos
responsáveis pelas tarefas e do momento em que será executado, equilibrar as
áreas problemáticas e as deficiências de recursos observadas no preenchimento
da matriz da análise de vulnerabilidade.

• O processo de desenvolvimento do plano abrange as seguintes ações: escrever


o plano, estabelecer um programa para o treinamento, continuar a coordenação
das atividades com órgãos externos, manter contato com as outras áreas da
empresa, analisar, realizar treinamentos e revisar o plano, obter a aprovação
final e distribuir o plano.

• Além de implicar na sua execução durante uma emergência, a implementação


do plano de emergência envolve: a execução das recomendações feitas na fase
de análise de vulnerabilidade, a integração do plano com as operações da
empresa, o treinamento dos empregados e a avaliação.

• O plano de emergência deve estar integrado com as demais operações e


deve formar parte da cultura da empresa. Para tanto, torna-se necessário
o desenvolvimento de atividades que possibilitem despertar a atenção do
pessoal para o tema, treinar e educar o pessoal, testar os procedimentos e o
envolvimento de todos os níveis de gerência e de todos os setores e, ainda se
necessário, o envolvimento da comunidade no planejamento.

140
• Assim como todos os empregados, os visitantes devem ter também algum
nível de integração com o plano de emergência da empresa ou até mesmo
participar de um treinamento específico. Este nível de integração pode ser
adquirido através da realização periódica de diálogos ou simples conversas
com o objetivo de analisar as ações e os treinamentos para o uso apropriado
dos equipamentos pelas equipes de resposta, treinamentos para a evacuação
do pessoal e exercícios com uma simulação bem próxima da situação real.

• Para que um plano de treinamento possa ser desenvolvido, é necessária


a definição de responsabilidades. Para isto, além de serem destinadas aos
empregados, devem ser consideradas as necessidades de informações e de
treinamento para visitantes, terceirizados e para aquelas pessoas com papéis
específicos designados no plano.

• Pelo menos uma vez por ano deve ser realizada uma auditoria nas instalações
para registrar as deficiências.

• O comando das operações de reposta às emergências deve ser exercido por uma
pessoa que assuma de maneira formal o cargo e a chefia das operações para
o atendimento das ocorrências. Dentre as recomendações a serem praticadas
nos exercícios com simulações de situações próximas da situação real e que
também auxiliam a organização da gestão da emergência destacam-se: As
sete funções de comando na gestão da emergência: 1. assumir comprovar e
posicionar o comando; 2. avaliar a situação; 3. organizar, manter e controlar as
comunicações; 4. reconhecer a estratégia a ser adotada, desenvolver um plano
de combate e designar; 5. estabelecer o atendimento na condição de emergência;
6. examinar, avaliar e revisar o plano de combate; e 7. dar continuidade,
transferir e concluir o comando. Elaborar uma planilha para registrar todas as
informações importantes, tais como: croqui do local, as situações de combate
designadas para as equipes e os comandantes de cada equipe.

• No comando da gestão de qualquer emergência, deve-se procurar conhecer: o


tipo de emergência e sua intensidade. É um dos tipos de emergência previstos
no plano de emergência? Se for um dos tipos de emergência previsto, devem-
se acionar os procedimentos previamente ensaiados. No caso de tratar-se de
um tipo não previsto do plano de emergência, deve ser estabelecido um plano
específico de ações para este tipo de emergência e indicar as tarefas necessárias
e as pessoas que devem executá-las.

• Para melhor definir o cenário para ser utilizado nas simulações próximas da
situação real e também para aplicação na situação de emergência real, devem
ser considerados certos fatores. São fatores tais como: o horário, o local e
condições climáticas. Há também os fatores inerentes ao tipo de emergência, ao
prédio e às instalações sinistradas. Em casos de incêndio na edificação, podem
ser considerados fatores como: o pavimento atingido, o risco de propagação,

141
o tipo de construção e as características dos locais vizinhos. Outros fatores
relativos às consequencias que também devem ser considerados são: as pessoas
em risco, possíveis danos ao meio ambiente e os objetos de maior valor a serem
preservados. A verificação destes fatores possibilita que se tenha uma ideia da
situação existente tanto numa emergência real como no caso de uma simulação
próxima da situação real. Há também a necessidade de se obter as informações
sobre os recursos existentes, como por exemplo: características da estrutura de
comando disponível, equipes disponíveis para o combate, nível do treinamento
dos membros destas equipes, os equipamentos ou viaturas disponíveis, bem
como tipo e quantidade de agentes extintores.

• Para a segurança patrimonial, o local onde se desenvolve a situação de


emergência deve ser isolado logo após a sua descoberta. A própria pessoa que
descobre a situação, se possível, deve buscar o local seguro e controlar o acesso.
Para esta operação de isolamento, devem-se tomar as precauções necessárias
para que ninguém seja colocado em risco. Os cuidados básicos de segurança
são ações tais como: fechar as portas e janelas, colocar barreiras temporárias
após a retirada das pessoas com segurança e fechar arquivos e gavetas. Deve-
se assegurar que operações mais específicas de segurança somente sejam
executadas por pessoal treinado. O acesso ao interior dos locais onde se
desenvolve a situação de emergência deve ser restrito às pessoas diretamente
responsáveis pelo combate.

• O comando das operações de emergência é passado para a autoridade pública


que estiver presente no local. Para que isto ocorra da melhor maneira possível,
recomenda-se que previamente se estabeleça um acordo entre a empresa
sinistrada e as organizações de resposta externa. A pessoa da empresa que
estiver no comando das operações de resposta interna fornece ao comandante
da equipe de resposta externa, geralmente um oficial do corpo de bombeiros,
um relatório completo da situação.

• O desenvolvimento adequado de qualquer atividade empresarial depende


essencialmente da comunicação. As comunicações em emergências são
fundamentais para: alertar as pessoas sobre os perigos, coordenar todas as
atividades de resposta, manter familiares e empregados que estiverem de folga
informados sobre as ocorrências, manter contato com fornecedores e clientes.

• Deve ser desenvolvido um programa para tratamento de todas as contingências,


considerando os seguintes fatores: as funções desempenhadas diariamente nas
instalações e todas as vias de comunicações utilizadas para suas operações, o
impacto nos negócios da empresa decorrentes da interrupção nos sistemas de
comunicações, o impacto da interrupção nos sistemas de comunicações nas
operações de emergência, a prioridade da comunicação em todas as instalações
e deve-se restabelecer a comunicação em caso de interrupção por situação de

142
emergência de acordo com esta prioridade, determinar os procedimentos
para que sejam restaurados os sistemas de comunicação, buscar informações
a respeito da capacidade de resposta dos fornecedores do sistema de
comunicação da empresa e determinar as ações direcionadas à restauração dos
serviços, estabelecer as necessidades de suporte das comunicações para cada
função dos negócios da empresa sendo que este suporte pode ser oferecido por
opções como telefones e mensageiros.

• As unidades da empresa podem necessitar desempenhar funções específicas


em uma emergência e para isto deve-se fornecer o sistema de comunicação
necessário.

143
AUTOATIVIDADE

Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões que seguem:

1 O primeiro passo da metodologia para a elaboração do plano de emergência


é o estabelecimento da equipe. Discorra sucintamente sobre os principais
aspectos relativos a este passo.

2 O segundo passo da metodologia para a elaboração do plano de emergência


é a análise dos riscos e da capacidade de combate a incêndios. Comente
sucintamente as principais características desta etapa.

3 Apresente resumidamente o método da Matriz da Análise da Vulnerabilidade.

4 Descreva sucintamente o terceiro passo da metodologia para a elaboração do


plano de emergência que trata do desenvolvimento do plano de emergência.

5 Discorra sobre os principais aspectos inerentes à implementação do plano


de emergências que corresponde ao quarto passo da metodologia para a
elaboração do plano de emergência.

6 Comente de maneira sucinta a respeito da gestão de emergências que é


relativa ao quinto passo da metodologia para a elaboração de emergência.

144
UNIDADE 3
TÓPICO 2

BRIGADAS DE INCÊNDIO

1 INTRODUÇÃO
Na história da humanidade, há registros de grandes incêndios, com efeitos
devastadores, por falta de meios adequados para exercer o controle. Contudo,
o avanço tecnológico propiciou condições para a organização direcionada à
prevenção e ao combate dos incêndios, levando à promoção das primeiras
equipes de combate a incêndio, chamadas de brigadas de incêndios.

A eficiente segurança contra incêndios depende da existência do número


e do tipo apropriado de equipamentos de proteção instalados de acordo com
as características do local, da manutenção apropriada destes equipamentos e
da existência de pessoal treinado para a utilização de maneira adequada dos
equipamentos de proteção para um combate eficiente.

A necessária ação rápida do combate ao princípio do incêndio é


proporcionada pela presença de pessoas treinadas nos locais sinistrados ou
nas vizinhanças. Neste sentido, deve ser formada uma brigada de combate até
mesmo em regiões que contam com corpo de bombeiros profissionais, pois eles
não conseguem garantir um combate rápido em todos os locais onde ocorrem.

2 TIPOS DE BRIGADA
Camilo Junior e Leite (2008), ao apresentarem os aspectos inerentes à
formação de brigadas de incêndios, classificam, de maneira mais simplificada, as
brigadas em três grupos:

• brigadas de incêndios: são as brigadas designadas para combater os incêndios


nas edificações na sua fase inicial e constituída por funcionários treinados de
vários setores da empresa e que ocupam os vários pavimentos das edificações
da empresa.
• brigadas de abandono: formada pelos funcionários especificamente treinados
para operacionalizar a retirada do pessoal que ocupa a edificação. Em razão de
saírem do local juntamente com o pessoal em situações de emergência. Estes
funcionários não participam das ações da brigada de incêndio.
• brigadas de emergências: são aquelas que realizam as operações das brigadas
de incêndio e também as atividades das brigadas de abandono. Estas brigadas
atuam nas situações de emergências específicas tais como: vazamento de
produtos perigosos, inundações, explosões etc.

145
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

As brigadas também podem ser classificadas considerando o local de


atuação, como: brigadas comerciais, brigadas industriais e brigadas residenciais.
Para atuação nos prédios, a formação das brigadas deve atender às exigências
relativas à sua altura.

3 FORMAÇÃO DA BRIGADA DE INCÊNDIO


Camilo Junior e Leite (2008) ressaltam que atualmente há uma tendência
para que os órgãos reguladores das brigadas de incêndios e o corpo de bombeiros
concentrem suas determinações nos critérios básicos a serem atendidos para
a formação da brigada. Estes órgãos transferem ao responsável pelo local a
ser protegido, a definição, de acordo com os riscos existentes nestes locais, da
melhor composição da brigada e da qualificação mínima que deverão possuir os
membros.

Contudo, para que se possa saber se o dimensionamento da brigada está


adequado às características do risco apresentado na edificação a ser protegida,
pode-se realizar uma análise baseando-se nos equipamentos instalados. Na
aplicação deste método de verificação, apresentado por Camilo Junior e Leite
(2008), do dimensionamento, devem ser considerados os seguintes fatores:

• os equipamentos de prevenção e combate existentes devem atender às normas


estabelecidas pelo corpo de bombeiros;
• deve haver número suficiente de pessoal habilitado para a operação dos
equipamentos de proteção;
• por segurança, recomenda-se que um hidrante de parede seja operado por três
pessoas habilitadas, no mínimo;
• a rapidez e eficiência, no manuseio de duas unidades extintoras por uma
pessoa habilitada ocorrem nos primeiros 5 minutos após um sinistro; e
• Em caso de incêndio em uma edificação, nunca serão utilizados todos os
hidrantes existentes ao mesmo tempo.

Camilo Junior e Leite (2008) recomendam a adoção do método simples


de verificação da adequação do número de brigadistas em função do número de
hidrantes e de extintores, com a aplicação da seguinte fórmula:

( n o de hidrantes × 3 ) + ( n o de extintores ÷ 2 )
n o de brigadistas =
2

146
TÓPICO 2 | BRIGADAS DE INCÊNDIO

4 FORMAÇÃO DA BRIGADA DE ABANDONO


Para a retirada das pessoas que ocupam os locais em situação de
emergência, de maneira segura e o mais rápido possível, conduzindo-as para um
local seguro, são necessárias algumas ações relativas ao procedimento chamado
de abandono do local.

As situações de abandono do local são divididas em abandono coordenado


e abandono orientado. No abandono coordenado, as ações da brigada treinada
atendem a um plano previamente estabelecido, formado por um conjunto
de regras e atividades a serem atendidas pelos seus membros. Neste plano, a
cada membro é designada uma função específica, e o pessoal é treinado para as
situações de emergência, sabendo como agir durante a operação de abandono
do local. No abandono orientado, a brigada treinada coloca-se em locais
predeterminados durante a ocorrência de uma situação de emergência, e orienta
os ocupantes indicando o caminho que deverá ser percorrido para a saída rápida
e segura na edificação, indicado para os casos em que o pessoal não conhece os
procedimentos a serem adotados como normalmente ocorre em shoppings, lojas
de departamentos e outros locais de acesso ao público em geral.

4.1 COMPONENTES DA BRIGADA DE ABANDONO


Na organização da brigada de abandono coordenado os componentes
devem ter funções definidas coerentes com as várias responsabilidades necessárias
para a retirada dos ocupantes dos locais sinistrados. Basicamente as funções e
responsabilidades respectivas são as seguintes:

• coordenador-geral com a responsabilidade por todas as decisões e operações


de abandono tem as seguintes atribuições: determinar o início das operações
de abandono, controlar a saída das pessoas ocupantes de todos os pavimentos
e liberar ou proibir o retorno das pessoas aos locais sinistrados;
• coordenador de andar com a responsabilidade pelo controle das atividades
de abandono dos ocupantes do seu pavimento tem as seguintes atribuições:
determinar a organização dos ocupantes em fila, conferir e verificar visualmente
se estão todos os ocupantes de seu andar na fila, inspecionar todas as áreas
do pavimento sob sua responsabilidade, determinar a saída do local o mais
rápido possível pelos ocupantes do local sinistrado, conferir todo o pessoal
verificando em uma listagem elaborada previamente logo após a chegada ao
local externo preestabelecido para a reunião dos mesmos. Dispensar atenção
especial, para as pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoas idosas,
crianças e gestantes.
• puxa-fila é a pessoa de cada pavimento da edificação que é indicada para ser
a primeira integrante da brigada de abandono. É responsável para iniciar a
saída do local de maneira organizada, com as seguintes atribuições: assumir o
local indicado previamente assim que ouvir o alarme indicado uma situação

147
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

de emergência no local, determinar a velocidade a ser desenvolvida durante a


saída, de acordo com o treinamento específico recebido, auxiliar na manutenção
da ordem e da calma do grupo, formar a fila indiana para a saída, intercalando,
homem e idoso, homem e mulher e criança.
• cerra-fila é a pessoa de cada pavimento da edificação que é indicada para ser a
última integrante da brigada de abandono. É responsável pelo fechamento de
todas as portas existentes no trajeto após passarem por elas, com as seguintes
atribuições: auxiliar o coordenador do andar a conferir o pessoal da fila, evitar a
flutuação da fila, proibir brincadeiras, espaçamento entre os integrantes da fila,
conversas em excesso ou atrasos na saída e auxiliar as pessoas que sofrerem
mal súbito ou acidentes.
• auxiliar é a pessoa que integra a brigada de abandono à qual não é determinada
uma função específica. Esta pessoa normalmente identificada por um bóton
pode realizar diversas tarefas tais como: substituir o cerra-fila ou o puxa-fila ou
mesmo o coordenador de andar, em caso de falta e auxiliar a vistoriar as áreas
do local sinistrado.

Nos casos em que não é possível a formação de uma brigada de abandono


com treinamento coordenado, deve ser montado um plano de abandono do tipo
orientado adicionando a função de monitor para o trajeto com a responsabilidade
de orientar o fluxo das pessoas para as saídas mais próximas e mais adequadas,
posicionando-se nos pontos estratégicos visando facilitar a visualização e também
a saída rápida e segura do local pelos ocupantes.

4.2 PROCEDIMENTOS BÁSICOS DA BRIGADA DE


ABANDONO
O treinamento periódico dos integrantes da brigada é fundamental para a
execução do abandono do local. Também é necessária a participação de palestras
sobre as principais orientações relacionadas aos procedimentos básicos a serem
seguidos como:

• apanhar os seus pertences pessoais;


• maneiras corretas de desligamento dos equipamentos elétricos;
• encaminhar-se ao local indicado previamente no plano de abandono;
• no caso de estar acompanhado por visitantes, acompanhá-los até a fila e colocá-
los à sua frente e orientá-los quanto aos procedimentos necessários. Você é
considerado responsável por eles;
• nunca usar os elevadores;
• não fumar e nem rir;
• a operação de saída nunca poderá ser interrompida;
• nunca retornar ao local sinistrado;
• ao alcançar o andar térreo, dirigir-se para o local designado previamente para
a reunião do pessoal;
• manter-se em silêncio e aguardar a verificação visual e rápida efetuada pelo
coordenador de andar;
148
TÓPICO 2 | BRIGADAS DE INCÊNDIO

• obedecer às orientações dadas pelos componentes da brigada de abandono;


• andar em ordem, permanecer na fila indiana e evitar a sua flutuação;
• evitar a produção de ruído desnecessário e
• não retirar a roupa do corpo.

5 TREINAMENTO DAS BRIGADAS


As brigadas de abandono de local e de incêndios devem ser submetidas
a treinamentos periódicos, com a realização de exercícios de simulação e ter um
plano de ação de emergências definido.

6 SOCORRO ÀS VÍTIMAS NUM INCÊNDIO


O atendimento às vitimas antes de serem encaminhados ao hospital, é
uma das principais atividades exercidas pelas pessoas que integram a brigada
de incêndio. Este atendimento pré-hospitalar busca garantir, a integridade das
pessoas acidentadas, garantindo a condição de sobrevida ou evitando piorar as
lesões até serem atendidas por uma equipe especializada.

Camilo Junior e Leite (2008) considerem fundamental a preparação do


brigadista para dar atendimento às pessoas afetadas nas situações típicas de
emergências e adicionalmente possuírem alguma noção para as situações atípicas
que podem ocorrer tais como: desmaios, convulsões, crises etc.

6.1 SEGURANÇA DE CENA


Como primeira medida e antes de iniciar o atendimento a possíveis
vítimas devem ser observadas as características do local, eliminar todos os riscos
potenciais para a vítima, para o socorrista e para os terceiros. Nestas situações, é
fundamental a observância dos seguintes procedimentos:

• sinalização e isolamento adequado do local de atendimento;


• verificação da utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI)
adequado;
• em todos os casos, deve-se acionar o corpo de bombeiros pelo telefone de
emergência 193;
• liberação com segurança e com a maior rapidez possível da via trafegável;
• atenção especial a outros riscos, tais como: contaminação, agressões vindas de
terceiros, explosões etc.

Após estes procedimentos, podem-se iniciar os trabalhos de análise da


vítima.

149
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

6.2 ANÁLISE DA VÍTIMA


O método de análise primária da vítima é conhecido como método Dr.
ABCDE. Esta nomenclatura formada com as iniciais em inglês da sequência das
seguintes ações:

D – danger (perigo): trata dos procedimentos descritos na segurança de


cena.

R – responsive (responsividade): verificação do nível de consciência da


vítima. Esta verificação é realizada com as seguintes ações: chamar a vítima
por meio de estímulo verbal e tátil, por três vezes no mínimo, ou colocar a mão
no ombro e perguntar se a vítima está bem. Diante da confirmação do estado
de inconsciência da vítima, deve ser aplicado o colar cervical e solicitar ajuda
imediatamente.

A – airway (liberação das vias aéreas): ação de desobstrução das vias aéreas
verificando a presença de pequenos objetos na boca da vítima.

B – breathing (respiração): na hipótese de não serem observados nos sentidos


da vítima a sequência ver, ouvir e sentir devem-se realizar duas ventilações de
resgate, de preferência com a aplicação de barreira, máscara ou do reanimador
manual e, se não for possível, utilizar estes equipamentos aplicar a respiração
boca a boca, como último recurso.

C – circulation (circulação): deve ser verificada a presença de pulso


apalpando o pulso central da pessoa adulta ou da criança ou braquial no caso
de ser um bebê. Caso não for observada a presença de pulso, deve ser iniciada
imediatamente a reanimação cardiorrespiratória, com a compressão torácica. Se
houver disponibilidade, pode ser fundamental a aplicação do desfibrilador.

D – disability: distúrbios neurológicos detectados com a aplicação de


estímulo doloroso, simetria do tamanho e forma das pupilas ou abertura
espontânea dos olhos.

E – exposition (exposição): observar a existência de possíveis ferimentos ou


lesões, retirando as vestes para o diagnóstico.

UNI

Em todas estas situações devem ser aplicados os conhecimentos relativos


aos primeiros socorros.

150
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:

• As brigadas de incêndios são classificadas, de maneira mais simplificada,


em três grupos: brigadas de incêndios, brigadas de abandono e brigadas de
emergência.

• Brigadas de incêndios: são as brigadas designadas para combater os incêndios


nas edificações na sua fase inicial e constituída por funcionários treinados de
vários setores da empresa e que ocupam os vários pavimentos das edificações
da empresa.

• Brigadas de abandono: formada pelos funcionários especificamente treinados


para operacionalizar a retirada do pessoal que ocupa a edificação. Em razão de
saírem do local, juntamente com o pessoal, em situações de emergência, estes
funcionários não participam das ações da brigada de incêndio.

• Brigadas de emergências: são aquelas que realizam as operações das brigadas


de incêndio e também as atividades das brigadas de abandono. Estas brigadas
atuam nas situações de emergências específicas tais como: vazamento de
produtos perigosos, inundações, explosões etc.

• As brigadas também podem ser classificadas considerando o local de atuação,


como: brigadas comerciais, brigadas industriais e brigadas residenciais. Para
atuação nos prédios a formação das brigadas deve atender as exigências
relativas à sua altura.

• Atualmente há uma tendência para que os órgãos reguladores das brigadas de


incêndios e o corpo de bombeiros concentrem suas determinações nos critérios
básicos a serem atendidos para a formação da brigada. Estes órgãos transferem
ao responsável pelo local a ser protegido, a definição, de acordo com os riscos
existentes nestes locais, da melhor composição da brigada e da qualificação
mínima que deverão possuir os membros da mesma.

• Para o dimensionamento da brigada devem ser considerados os seguintes


fatores: os equipamentos de prevenção e combate existentes devem atender as
normas estabelecidas pelo corpo de bombeiros; deve haver número suficiente
de pessoal habilitado para a operação dos equipamentos de proteção; por
segurança, recomenda-se que um hidrante de parede seja operado por três
pessoas habilitadas, no mínimo; a rapidez e eficiência, no manuseio de duas
unidades extintoras por uma pessoa habilitada ocorrem nos primeiros 5
minutos após um sinistro e em caso de incêndio em uma edificação, nunca
serão utilizados todos os hidrantes existentes ao mesmo tempo.

151
• Um método simples de verificação da adequação do número de brigadistas
considera que o número de brigadistas necessários é a metade da soma do
número de hidrantes multiplicado por três com a metade do número de
extintores.

• As situações de abandono do local são divididas em abandono coordenado e


abandono orientado. No abandono coordenado, as ações da brigada treinada
atendem a um plano previamente estabelecido, formado por um conjunto
de regras e atividades a serem atendidas pelos seus membros. Neste plano,
a cada membro é designada uma função específica e o pessoal é treinado
para as situações de emergência, sabendo como agir durante a operação de
abandono do local. No abandono orientado, a brigada treinada coloca-se em
locais predeterminados durante a ocorrência de uma situação de emergência
e orienta os ocupantes indicando o caminho que deverá ser percorrido para a
saída rápida e segura, indicado para os casos em que o pessoal não conhece os
procedimentos a serem adotados, como, normalmente, ocorre em shoppings,
lojas de departamentos e outros locais de acesso ao público em geral.

• Na organização da brigada de abandono coordenado, os componentes devem


ter as seguintes funções: coordenador-geral, coordenador de andar, puxa fila,
cerra fila e o auxiliar.

• O coordenador-geral com a responsabilidade por todas as decisões e operações


de abandono tem as seguintes atribuições: determinar o início das operações
de abandono, controlar a saída das pessoas ocupantes de todos os pavimentos
e liberar ou proibir o retorno das pessoas aos locais sinistrados.

• O coordenador de andar com a responsabilidade pelo controle das atividades


de abandono dos ocupantes do seu pavimento tem as seguintes atribuições:
determinar a organização dos ocupantes em fila, conferir e verificar visualmente
se estão todos os ocupantes de seu andar na fila, inspecionar todas as áreas
do pavimento sob sua responsabilidade, determinar a saída do local o mais
rápido possível pelos ocupantes do local sinistrado, conferir todo o pessoal
verificando em uma listagem elaborada previamente logo após a chegada ao
local externo preestabelecido para a reunião dos mesmos e dispensar atenção
especial, para as pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoas idosas,
crianças e gestantes.

• O puxa-fila é a pessoa de cada pavimento da edificação que é indicada para


ser a primeira integrante da brigada de abandono. É responsável para iniciar
a saída do local de maneira organizada, com as seguintes atribuições: assumir
o local indicado previamente assim que ouvir o alarme indicado uma situação
de emergência no local, determinar a velocidade a ser desenvolvida durante a
saída de acordo com o treinamento específico recebido, auxiliar na manutenção
da ordem e da calma do grupo, formar a fila indiana para a saída intercalando,
homem e idoso, homem e mulher e criança.

152
• O cerra-fila é a pessoa de cada pavimento da edificação que é indicada para ser
a última integrante da brigada de abandono. É responsável pelo fechamento
de todas as portas existentes no trajeto após passarem pelas mesmas, com as
seguintes atribuições: auxiliar o coordenador do andar a conferir o pessoal
da fila, evitar a flutuação da fila, proibir brincadeiras, espaçamento entre
os integrantes da fila, conversas em excesso ou atrasos na saída, auxiliar as
pessoas que sofrerem mal súbito ou acidentes.

• O auxiliar é a pessoa que integra a brigada de abandono a qual não é determinada


uma função específica. Esta pessoa normalmente identificada por um bóton
pode realizar diversas tarefas tais como: substituir o cerra-fila ou o puxa-fila ou
mesmo o coordenador de andar, em caso de falta e auxiliar a vistoriar as áreas
do local sinistrado.

• Nos casos em que não é possível a formação de uma brigada de abandono


com treinamento coordenado, deve ser montado um plano do tipo orientado
adicionando a função de monitor para o trajeto com a responsabilidade de
orientar o fluxo das pessoas para as saídas mais próximas e mais adequadas,
posicionando-se nos pontos estratégicos visando facilitar a visualização e
também a saída rápida e segura do local pelos ocupantes.

• O treinamento periódico dos integrantes da brigada é fundamental para


a execução do abandono do local. Também é necessária a participação de
palestras sobre as principais orientações relacionadas aos procedimentos a
serem seguidos como: apanhar os seus pertences pessoais, maneiras corretas
de desligamento dos equipamentos elétricos, encaminhar-se ao local indicado
previamente no plano de abandono, no caso de estar acompanhado por
visitantes, acompanhá-los até a fila e colocá-los à sua frente e orientá-los
quanto aos procedimentos necessários. Você é considerado responsável por
eles. Recomenda-se nunca usar os elevadores, não fumar e não rir. A operação
de saída nunca poderá ser interrompida e nunca retornar ao local sinistrado.
Ao alcançar o andar térreo, dirigir-se para o local designado previamente para
a reunião do pessoal, manter-se em silêncio e aguardar a verificação visual
e rápida efetuada pelo coordenador de andar, obedecer às orientações dadas
pelos componentes da brigada de abandono, andar em ordem, permanecer na
fila indiana e evitar a sua flutuação e evitar a produção de ruído desnecessário
e não retirar a roupa do corpo.

• As brigadas de abandono de local e de incêndios devem ser submetidas a


treinamentos periódicos, com a realização de exercícios de simulação e ter um
plano de ação de emergências definido.

• O atendimento às vitimas antes de serem encaminhados ao hospital, é uma


das principais atividades exercidas pelas pessoas que integram a brigada de
incêndio. Este atendimento pré-hospitalar busca garantir, a integridade das
pessoas acidentadas, garantindo a condição de sobrevida ou evitando piorar
as lesões até serem atendidas por uma equipe especializada.

153
• Como primeira medida e antes de iniciar o atendimento a possíveis vítimas,
devem ser observadas as características do local, eliminar todos os riscos
potenciais para a vítima, para o socorrista e para os terceiros. Nestas situações,
é fundamental a observância dos seguintes procedimentos: sinalização e
isolamento adequado do local de atendimento; verificação da utilização do
Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado; em todos os casos, deve-
se acionar o corpo de bombeiros pelo telefone de emergência 193; liberação com
segurança e com a maior rapidez possível da via trafegável; atenção especial a
outros riscos, tais como: contaminação, agressões vindas de terceiros, explosões
etc. Após estes procedimentos, podem-se iniciar os trabalhos de análise da
vítima.

• O método de análise primária da vítima é conhecido como método Dr. ABCDE,


esta nomenclatura formada com as iniciais em inglês da sequência das seguintes
ações: D – danger (perigo): trata dos procedimentos descritos na segurança de
cena. R – responsive (responsividade): verificação do nível de consciência da
vítima. Esta verificação é realizada com as seguintes ações: chamar a vítima por
meio de estimulo verbal e tátil, por três vezes, no mínimo ou colocar a mão no
ombro e perguntar se a vítima está bem. Diante da confirmação do estado de
inconsciência, deve ser aplicado o colar cervical e solicitar ajuda imediatamente.
A – airway (liberação das vias aéreas): ação de desobstrução das vias aéreas
verificando a presença de pequenos objetos na boca da vítima. B – breathing
(respiração): na hipótese de não serem observados nos sentidos da vítima a
sequência ver, ouvir e sentir devem-se realizar duas ventilações de resgate, de
preferência com a aplicação de barreira, máscara ou do reanimador manual e,
se não for possível utilizar estes equipamentos aplicar a respiração boca a boca,
como último recurso. C – circulation (circulação): deve ser verificada a presença
de pulso apalpando o pulso central da pessoa adulta ou da criança ou braquial
no caso de ser um bebê. Caso não for observada a presença de pulso, deve ser
iniciada imediatamente a reanimação cardiorrespiratória, com a compressão
torácica. Se houver disponibilidade, pode ser fundamental a aplicação do
desfibrilador. D – disability: distúrbios neurológicos detectados com a aplicação
de estímulo doloroso, simetria do tamanho e forma das pupilas ou abertura
espontânea dos olhos. E – exposition (exposição): observar a existência de
possíveis ferimentos ou lesões retirando as vestes para o diagnóstico.

154
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 As brigadas de incêndios são classificadas, de maneira mais simplificada, em três


grupos: brigadas de incêndios, brigadas de abandono e brigadas de emergência.
Discorra sobre cada um destes grupos.

2 Comente a respeito dos fatores a serem considerados no dimensionamento


da brigada e do método simples de verificação da adequação do número de
brigadistas.

3 As situações de abandono do local são divididas em abandono coordenado


e abandono orientado. Descreva as ações das brigadas em cada uma destas
situações.

4 Na organização da brigada de abandono coordenado, os componentes devem


ter as seguintes funções: coordenador-geral, coordenador de andar, puxa-fila,
cerra-fila e o auxiliar. Discorra sobre cada uma destas funções.

5 O que deve ser feito nos casos em que não é possível a formação de uma brigada
de abandono com treinamento coordenado?

6 O treinamento periódico dos integrantes da brigada é fundamental para a


execução do abandono do local. Também é necessária a participação de palestras
sobre as principais orientações relacionadas aos procedimentos básicos. Descreva
estes procedimentos.

7 Como primeira medida e antes de iniciar o atendimento a possíveis vítimas devem


ser observadas as características do local, eliminar todos os riscos potenciais
para a vítima, para o socorrista e para os terceiros. Relacione os procedimentos a
serem observados nestas situações.

8 Comente sucintamente sobre cada um dos passos do método de análise primária


da vítima.

155
156
UNIDADE 3
TÓPICO 3

DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

1 INTRODUÇÃO
A norma regulamentadora NR 23 – Proteção Contra Incêndios exige nos
locais de risco médio e elevado, a instalação de sistemas de alarme que emita
sinais perceptíveis em todos os locais da edificação. A operação de abandono do
local sinistrado, de modo seguro e rápido dos ocupantes de uma edificação, é
facilitada por meio da detecção do fogo na sua fase inicial. Com a rápida detecção
do incêndio, pode-se providenciar rapidamente o combate ao fogo e evitar a
perda de vidas, dos danos aos bens e demais perdas resultantes dos incêndios.

Alguns sistemas de detecção e alarme de incêndio estão projetados para


iniciar de maneira automática as ações de combate ao fogo, ativando sistemas
fixos de proteção instalados no recinto sinistrado. O sistema de detecção e
alarme de incêndio é formado pelos seguintes componentes básicos: detectores
automáticos de incêndio, meios de sinalização para o aviso, acionadores manuais,
fonte de alimentação elétrica, painel de controle e circuitos elétricos. Basicamente
o funcionamento do sistema inicia com os detectores ou acionadores manuais. A
percepção da existência de incêndio no sistema é realizada pelos detectores ou
acionadores manuais. O sinal emitido pelo detector de incêndio ou pelo acionador
manual é enviado do local onde está ocorrendo o fogo até a central de alarme
ou central de processamento. O sistema de processamento da central recebe este
sinal e ativa o meio de sinalização para o aviso que pode ser visual, sonoro ou
pelos dois meios. Este aviso tem como objetivo alertar os ocupantes e também
ativar componentes auxiliares para início das operações de outros sistemas.

2 DEFINIÇÕES BÁSICAS
O sistema de detecção e alarme de incêndio (SDAI) é constituído por
equipamentos interligados com o objetivo de produzir um alarme ou ativar uma
ação de maneira automática para a extinção do fogo caso seja acionado um dos
seus componentes em razão da presença de uma das possíveis características
físico-químicas apresentadas por um incêndio.

Araújo e Silva (2008) ao abordarem as principais características do sistema


de detecção e alarme de incêndio, para melhor compreensão, apresentam as
definições básicas das partes componentes:

157
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

l central de detecção e alarme de incêndio: é um equipamento que além de


recepcionar os sinais provenientes dos circuitos de detecção e alarme e convertê-
los em indicativos adequados, comanda e controla os outros componentes do
sistema;

FIGURA 44 – CENTRAL DE CONTROLE

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

• central supervisora: este equipamento é interligado a uma ou várias subcentrais,


por intermédio de uma fiação própria. Esta rede de fiação é controlada, contra
um possível curto-circuito ou contra uma interrupção da interligação, pela
central supervisora, que também pode atuar sobre as subcentrais. Porém no
caso de interrupção da interligação com uma subcentral, a mesma deve ter
uma programação própria de funcionamento;
• subcentral: constituída por todos os componentes relativos à supervisão
dos circuitos de detecção e de comando com programação e fonte de bateria
própria é uma central de detecção, controle e alarme autônomo. Mesmo
supervisionada por outra central, a subcentral, em caso de alarme, pode
ativar os alarmes, os controles e a sinalização independentemente do controle
da central que a supervisiona. O controle da subcentral é feito por meio da
supervisão dos circuitos realizado pela central supervisora. Esta subcentral
poderá ter controles manuais externos, porém, em situações nas quais, o lugar
de instalação da mesma não pode ser vigiado de maneira permanente, e de
forma a se evitar acionamentos indevidos. Estes controles devem ser cobertos
com dispositivos que somente permitam sua abertura por pessoal autorizado;

158
TÓPICO 3 | DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

• painel repetidor: destina-se à sinalização de maneira visual e/ou sonora, das


ocorrências detectadas no local da instalação. O comando deste equipamento
é realizado pelos detectores ou pela central. Pode ter os indicadores do tipo
sinótico no qual no quadro está desenhada a planta da edificação contendo a
indicação da região supervisionada representado na figura a seguir ou ter os
indicadores com texto escrito representado na figura 46;

FIGURA 45 – PAINEL REPETIDOR COM QUADRO SINÓTICO

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

FIGURA 46 – PAINEL REPETIDOR COM INDICADORES NA FORMA DE TEXTO

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

• detector automático pontual: é um dispositivo ativado pela presença de


fenômenos químicos ou físicos que ocorrem na área contida dentro do raio
de ação do mesmo e indicando um princípio de incêndio. Estes equipamentos
estão representados na figura a seguir;

159
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

FIGURA 47 – DETECTOR AUTOMÁTICO PONTUAL

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

• detector automático de temperatura: ativado pela presença de fenômenos


físicos, atua quando a temperatura do ambiente (térmico) ou a variação
da temperatura num determinado espaço de tempo (termovelocimétrico)
verificada no local de instalação ultrapassar um valor predeterminado. A
figura a seguir apresenta o detector automático de temperatura;

FIGURA 48 – DETECTOR AUTOMÁTICO DE TEMPERATURA

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

detector automático de fumaça: atua na presença de fenômenos químicos


e é ativado pela presença de gases e/ou partículas visíveis ou não, e também de
outros produtos decorrentes da combustão na região abrangida pelo seu raio de
ação no local de sua instalação. Os dois tipos de detectores automáticos de fumaça
são: os iônicos que são utilizados em locais onde há possibilidade de formação
de combustão, podendo ser invisível ou de fumaça, antes da propagação do
incêndio e os óticos que são utilizados em locais onde há expectativa de formação
de fumaça, antes da propagação do incêndio e funcionam por obscurecimento e
por reflexão. Este detector está representado na figura a seguir;

160
TÓPICO 3 | DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

FIGURA 49 – DETECTOR AUTOMÁTICO DE FUMAÇA

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft


PowerPoint - PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30
maio 2010.

• detector linear: este equipamento atua na ocorrência da presença de gases e/ou


partículas, tantos visíveis como invisíveis, e dos demais produtos decorrentes
da combustão, ou nos casos de variação anormal da temperatura verificados
ao longo de uma linha física ou imaginária de detecção formada pela ligação
entre o transmissor e o receptor dos sensores óticos automáticos posicionados
nos pontos extremos desta linha. A figura a seguir demonstra este tipo de
equipamento;

FIGURA 50 – DETECTORES LINEARES

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

161
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

l detector automático de chama: este detector está programado para atuar na


ocorrência, dentro da área de captação deste equipamento, de uma radiação
de energia, tanto dentro como também fora do espectro visível, decorrente de
um incêndio em sua fase inicial. A figura a seguir representa um modelo de
detector automático de chama;

FIGURA 51 – DETECTOR AUTOMÁTICO DE CHAMA

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

• acionador manual: este componente após ser acionado pelo usuário da


edificação transmite a informação indicando um princípio de incêndio. A
figura a seguir apresenta um acionador manual;

FIGURA 52 – ACIONADOR MANUAL

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

162
TÓPICO 3 | DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

• indicador: trata-se de um componente que sinaliza de maneira visual ou sonora,


quando acionado de maneira automática pela central ou pelos acionadores
manuais, as ocorrências relativas ao sistema de detecção e alarme de incêndio.
A figura a seguir representa alguns tipos de indicadores;

FIGURA 53 – INDICADORES

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

• avisador: componente controlado pela central e destinado a chamar a atenção


dos usuários que ocupam a área em perigo das edificações em perigo;
• indicador sonoro: componente que emite sinais acústicos quando é acionado o
alarme;
• indicador visual: componente que emite sinais visuais quando o alarme é
ativado;
• avisador sonoro e visual de alerta: componente que emite tanto sinais visuais
como audíveis, combinados. Contudo não se permite a utilização de somente
avisadores visuais em locais ocupados por pessoal não qualificado. Nestes
locais, o sistema deve ser complementado com avisador acústico. O avisador
utilizado nos casos de alertas a obstáculos, às saídas de emergência e outras
situações, podem ser somente do tipo visual, desde que não sejam utilizados
como primeiro alarme;
• circuito de detecção: trata-se de circuito que possua instalado nele os acionadores
manuais, detectores automáticos ou outros tipos de sensores do sistema de
detecção e alarme. A figura a seguir apresenta o circuito de detecção;

163
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

FIGURA 54 – CIRCUITO DE DETECÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint -


PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

• circuito de detecção classe A: este circuito possui uma linha de retorno à


central, para evitar que seja paralisado o seu funcionamento no caso de ocorrer
uma interrupção em qualquer ponto do circuito. Recomenda-se que esta linha
de retorno siga um trajeto diferente do trajeto da linha proveniente da central
à qual o circuito está interligado. A figura a seguir representa este tipo de
circuito;

FIGURA 55 – CIRCUITO DE DETECÇÃO CLASSE A

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft


PowerPoint - PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio
2010.

• circuito de detecção classe B: este circuito é desprovido da linha de retorno


à central, de forma a evitar uma paralisação no funcionamento por eventual
interrupção em qualquer ponto. A figura a seguir apresenta este tipo de circuito;

164
TÓPICO 3 | DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

FIGURA 56 – CIRCUITO DE DETECÇÃO CLASSE A

FONTE: Disponível em: <http://pcc2466.pcc.usp.br/Apostilas/Microsoft PowerPoint


- PCC2466-detecção e alarme I -2006.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.

• circuito de sinalização e de alarme: neste circuito estão instalados os avisadores


e/ou indicadores. Este circuito pode ser instalado em classe A;
• circuito auxiliar: destina-se à supervisão e/ou ao comando de componentes
relacionados à prevenção e/ou combate a incêndio. Este circuito pode ser
instalado em classe A;
• proteção necessária contra a ação do fogo e defeitos: esta proteção dos circuitos de
alarmes, detecção, controles auxiliares, alimentação, central, sinalização e fiação
de interligação visa garantir o funcionamento do sistema por um período de
tempo que seja suficiente para proteger vidas e patrimônio. O sistema de detecção
e alarme não pode colocar em risco as pessoas ou os bens supervisionados na
ocorrência de curto-circuito ou qualquer interrupção na fiação.
• alarme geral: o acionamento de forma simultânea de todos os alarmes para
o início das operações de abandono do local, inclusive a sinalização para o
abandono é realizado por este alarme com programação específica na central. De
acordo com o tipo de edificação e de sua ocupação e do tipo de central utilizada,
considerando os riscos a serem supervisionados é definida a forma de se ativar
este alarme e os elementos de segurança contra o mau uso deste alarme.

UNI

Após estudarmos todas estas partes componentes de um sistema de detecção


e alarme de incêndio, podemos melhor compreender o seu funcionamento e os seus
mecanismos de segurança intrínseca.

165
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

3 SELEÇÃO DO SISTEMA
Para definição do sistema mais eficaz a ser adotado em determinado local
ou equipamento, é necessário um estudo das características próprias da edificação
e de sua ocupação. Deve-se planejar um sistema que seja capaz de integrar os
dispositivos de forma a gerar informação confiável relacionada à ocorrência
de princípio de incêndio e de controlar todos os dispositivos de segurança
interligados e os equipamentos de combate automático instalados na edificação.

Araújo e Silva (2008) apresentam a seguinte classificação para o sistema


de detecção e alarme de incêndios:

• sistema convencional;
• sistema endereçável;
• sistema microprocessado.

3.1 SISTEMA CONVENCIONAL


Trata-se de um sistema simples e por esta razão as informações tratadas
no sistema são bem limitadas. Neste sistema são geradas informações baseadas
na transmissão das informações relativas aos níveis de tensão apresentados pelo
circuito. Os níveis de informações produzidas na central são limitados a quatro
situações: falha, alarme, operação normal e circuito aberto ou em curto. Estas
centrais não possuem uma central de processamento das informações.

3.2 SISTEMA ENDEREÇÁVEL


Este sistema conta com uma central de processamento das informações,
e é capaz de disponibilizar a exata localização do ponto onde foi acionado o
alarme. Cada dispositivo de acionamento possui um “endereço” específico e
isto possibilita a sua localização na edificação de maneira precisa. Conhecido
o endereço, sabe-se com precisão o local da edificação onde está ocorrendo o
possível princípio de incêndio.

A central de processamento controla todo o sistema e apresenta as


informações por meio de visor de cristal líquido. Neste sistema, há uma limitação
do número de componentes, pois o processamento das informações torna-se
lento na medida em que ocorre o aumento do número de endereços.

Como cada fabricante desenvolve sua própria codificação, somente se


comunicam os equipamentos do sistema do mesmo fabricante.

166
TÓPICO 3 | DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

3.3 SISTEMA MICROPROCESSADO


Este sistema também conhecido como sistema inteligente por utilizar a
tecnologia digital, permite transmitir de maneira simultânea as várias informações
que transitam no sistema por meio de um único canal de transmissão. Isto
possibilita tornar disponível pela central um conjunto de informações a respeito
das diversas ocorrências. Este sistema apresenta as seguintes vantagens em
comparação com os outros tipos:

• gerencia maior número de informações ao mesmo tempo;


• propicia informações mais detalhadas;
• fornece informações mais confiáveis;
• possibilita ações mais complexas e é capaz de integrar além de informações
relativas à detecção e alarme, também as informações relacionadas com a
supervisão e/ou segurança.

Dentre as desvantagens apresentadas por este sistema destacam-se as


seguintes:

• necessitam de operadores mais qualificados para a sua operação;


• antes de se iniciar a instalação, devem ser previstas as lógicas de funcionamento.

167
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

LEITURA COMPLEMENTAR

DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

Major PM Carlos Henrique de Araújo


Capitão PM Adilson Antonio da Silva

Introdução e conceitos básicos

A proposta conceitual do sistema de detecção e alarme de incêndio (SDAI)


é detectar o fogo em seu estágio inicial, a fim de possibilitar o abandono rápido e
seguro dos ocupantes do edifício e iniciar as ações de combate ao fogo, evitando
assim a perda de vidas, do patrimônio e também evitar contaminação do meio
ambiente. As ações de combate ao fogo podem ser iniciadas automaticamente
pelo sistema de detecção e alarme de incêndio (SDAI), por meio do acionamento
de um dispositivo de supressão ao fogo como, por exemplo, o disparo do sistema
de gases limpos dentro de uma sala de CPD. O SDAI é constituído basicamente
pelos seguintes componentes: detectores automáticos de incêndio, acionadores
manuais, painel de controle (processamento), meios de aviso (sinalização), fonte
de alimentação elétrica e infraestrutura (eletrodutos e circuitos elétricos).

O SDAI possui três elementos básicos dentro do conceito operacional


do sistema, que podemos descrevê-los como detecção, processando e aviso
(sinalização). O primeiro elemento (detecção) é a parte do sistema que “percebe”
(detecta) o incêndio. O segundo elemento envolve o processando do sinal do
detector de incêndio ou acionador manual enviado do local do fogo até a central
de processamento ou central de alarme. Por último, o sistema de processamento
da central ativa o aviso por meio de sinalização visual e/ou sonora, com o objetivo
de alertar os ocupantes e também acionar dispositivos auxiliares para operação de
outros sistemas (como por exemplo: sistema de controle de fumaça, pressurização
das escadas, abertura e fechamento de portas ou dampers, acionamento de
elevadores ao piso de descarga, acionar chamadas telefônicas etc.).

A detecção de um incêndio ocorre por intermédio dos fenômenos físicos


primários e secundários de uma combustão. Podemos citar como exemplos de
fenômenos físicos primários a radiação visível e invisível do calor da chama
aberta e a variação de temperatura do ambiente devido a um incêndio e exemplos
de fenômenos secundários a produção de fumaça e fuligem.

O ajuste da sensibilidade dos detectores é fundamental para se evitar a


ocorrência de alarmes falsos. Os fenômenos secundários são mais fáceis de serem
detectados, pois tais efeitos não se confundem com as condições de um ambiente

168
TÓPICO 3 | DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

em situação normal, o que permite definir uma sensibilidade maior de atuação


do sensor; já o ajuste de um sensor para detectar a variação de temperatura do
ambiente em razão de uma combustão traz maior dificuldade, pois variações de
temperatura ocorrem em um ambiente em situação de normalidade.

Devido ao efeito físico da subida do ar quente, normalmente os detectores


de temperatura e fumaça são instalados no teto de um ambiente, porém há
necessidade de se levar em consideração a temperatura junto ao teto que pode
sofrer aquecimento devido principalmente à radiação solar, iluminação ou
sistemas de condicionamento de ar, formando um colchão de ar quente que não
permite o contato da fumaça ou do calor gerado no princípio de um incêndio
com o detector no teto, impedindo ou retardando a detecção. Esse fenômeno
é chamado de estratificação. Quando o ar (contendo partículas de fumaça)
aquecido por meio da combustão do incêndio, torna-se menos denso que o ar
ambiente, a fumaça gerada não terá força de ascensão suficiente para vencer este
efeito e não atingirá o detector no teto. Quando as proporções do fogo aumentar,
a temperatura da coluna de ar em ascensão aumentará e poderá vencer o efeito
da estratificação, ocorrendo então a detecção, porém retardada. Em ambientes
dotados de sistemas de ar-condicionado e/ou tetos cujas características de isolação
permitam um aumento ou diminuição da temperatura no ambiente, provocados
por influências externas (por exemplo, sol, ventos, frios, etc.), poderá ocorrer o
fenômeno da estratificação (ver figura a seguir).

Sol

Radiação solar com


aquecimento do teto

Luminária Radiação
Detectores automáticos Colchão de ar quente
impenetrável para a fumaça

Estratificação da fumaça

Resfriamento do ar na subida

A fumaça não atinge o teto e os


detectores não acionam

Figura – Efeito da estratificação da fumaça


FONTE: ARAÚJO, Carlos Henrique de; SILVA, Adilson Antonio da. Detecção e alarme de
incêndio. In.: A Segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Ed, 2008.

169
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você viu que:

• O sistema de detecção e alarme de incêndio (SDAI) é constituído por


equipamentos interligados com o objetivo de produzir um alarme ou ativar uma
ação de maneira automática para a extinção do fogo caso seja acionado um dos
seus componentes em razão da presença de uma das possíveis características
físico-químicas apresentadas por um incêndio.

• Central de detecção e alarme de incêndio: é um equipamento que além de


recepcionar os sinais provenientes dos circuitos de detecção e alarme e convertê-
los em indicativos adequados, comanda e controla os outros componentes do
sistema.

• Central supervisora: este equipamento é interligado a uma ou várias subcentrais,


por intermédio de uma fiação própria. Esta rede de fiação é controlada, contra
um possível curto-circuito ou contra uma interrupção da interligação, pela
central supervisora, que também pode atuar sobre as subcentrais. Porém no
caso de interrupção da interligação com uma subcentral, a mesma deve ter
uma programação própria de funcionamento.

• Subcentral: constituída por todos os componentes relativos à supervisão


dos circuitos de detecção e de comando com programação e fonte de bateria
própria é uma central de detecção, controle e alarme autônomo. Mesmo
supervisionada por outra central, a subcentral, em caso de alarme, pode
ativar os alarmes, os controles e a sinalização independentemente do controle
da central que a supervisiona. O controle da subcentral é feito por meio da
supervisão dos circuitos realizado pela central supervisora. Esta subcentral
poderá ter controles manuais externos, porém, em situações nas quais, o lugar
de instalação não pode ser vigiado de maneira permanente, e de forma a se
evitar acionamentos indevidos, devem-se manter estes controles cobertos com
dispositivos que somente permitam sua abertura por pessoal autorizado.

• Painel repetidor: destina-se à sinalização de maneira visual e/ou sonora, das


ocorrências detectadas no local da instalação. O comando deste equipamento
é realizado pelos detectores ou pela central. Pode ter os indicadores do tipo
sinótico em que no quadro está desenhada a planta da edificação contendo a
indicação da região supervisionada ou ter os indicadores com texto escrito.

• Detector automático pontual: é um dispositivo ativado pela presença de


fenômenos químicos ou físicos que ocorrem na área contida dentro do raio de
ação do mesmo e indicando um princípio de incêndio.

170
• Detector automático de temperatura: ativado pela presença de fenômenos
físicos, atua quando a temperatura do ambiente ou a variação da temperatura
num determinado espaço de tempo verificada no local de instalação ultrapassar
um valor predeterminado.

• Detector automático de fumaça: atua na presença de fenômenos químicos e é


ativado pela presença de gases e/ou partículas visíveis ou não, e também de
outros produtos decorrentes da combustão na região abrangida pelo seu raio
de ação no local de sua instalação. Os dois tipos de detectores automáticos
de fumaça são: os iônicos que são utilizados em locais onde há possibilidade
de formação de combustão, podendo ser invisível ou de fumaça, antes da
propagação do incêndio e os óticos que são utilizados em locais onde há
expectativa de formação de fumaça, antes da propagação do incêndio e
funcionam por obscurecimento e por reflexão.

• Detector linear: este equipamento atua na ocorrência da presença de gases e/ou


partículas, tantos visíveis como invisíveis, e dos demais produtos decorrentes
da combustão, ou nos casos de variação anormal da temperatura verificados
ao longo de uma linha física ou imaginária de detecção formada pela ligação
entre o transmissor e o receptor dos sensores óticos automáticos posicionados
nos pontos extremos desta linha.

• Detector automático de chama: este detector está programado para atuar na


ocorrência, dentro da área de captação deste equipamento, de uma radiação de
energia, tanto dentro como também fora do espectro visível, decorrente de um
incêndio em sua fase inicial.

• Acionador manual: este componente após ser acionado pelo usuário da


edificação transmite a informação indicando um princípio de incêndio.

• Indicador: trata-se de um componente que sinaliza de maneira visual ou sonora,


quando acionado de maneira automática pela central ou pelos acionadores
manuais, as ocorrências relativas ao sistema de detecção e alarme de incêndio.
Pode ser sonoro quando emite sinais acústicos, ou visual quando emite sinais
visuais

• Avisador: componente controlado pela central e destinado a chamar a atenção


dos usuários que ocupam a área em perigo das edificações em perigo. Pode ser
avisador sonoro e visual de alerta componente que emite tanto sinais visuais
como audíveis, combinados. Contudo não se permite a utilização de somente
avisadores visuais em locais ocupados por pessoal não qualificado. Nestes
locais, o sistema deve ser complementado com avisador acústico. O avisador
utilizado nos casos de alertas aos obstáculos, às saídas de emergência e outras
situações, podem ser somente do tipo visual, desde que não sejam utilizados
como primeiro alarme.

171
• Circuito de detecção: trata-se de circuito que possua instalado nele os
acionadores manuais, detectores automáticos ou outros tipos de sensores do
sistema de detecção e alarme.

• Circuito de detecção classe A: este circuito possui uma linha de retorno à


central, para evitar que seja paralisado o seu funcionamento no caso de ocorrer
uma interrupção em qualquer ponto do circuito. Recomenda-se que esta linha
de retorno siga um trajeto diferente do trajeto da linha proveniente da central
a qual o circuito está interligado.

• Circuito de detecção classe B: este circuito é desprovido da linha de retorno


à central, de forma a evitar uma paralisação no funcionamento por eventual
interrupção em qualquer ponto do mesmo.

• Circuito de sinalização e de alarme: neste circuito estão instalados os avisadores


e/ou indicadores.

• Circuito auxiliar: destina-se à supervisão e/ou ao comando de componentes


relacionados à prevenção e/ou combate a incêndio.

• Proteção necessária contra a ação do fogo e defeitos: esta proteção dos circuitos
de alarmes, detecção, controles auxiliares, alimentação, central, sinalização, e
fiação de interligação visa garantir o funcionamento do sistema por um período
de tempo que seja suficiente para proteger vidas e patrimônio.

• Alarme geral: o acionamento de forma simultânea de todos os alarmes para


o início das operações de abandono do local, inclusive a sinalização para o
abandono é realizado por este alarme com programação específica na central.
De acordo com o tipo de edificação e de sua ocupação e do tipo de central
utilizada considerando os riscos a serem supervisionados é definida a forma
de se ativar este alarme e os elementos de segurança contra o mau uso deste
alarme.

• O sistema convencional é um sistema simples e por esta razão as informações


tratadas no sistema são bem limitadas. Neste sistema são geradas informações
baseadas na transmissão das informações relativas aos níveis de tensão
apresentados pelo circuito. Os níveis de informações produzidas na central
são limitados a quatro situações: falha, alarme, operação normal e circuito
aberto ou em curto. Estas centrais não possuem uma central de processamento
das informações.

• O sistema endereçável conta com uma central de processamento das


informações, e é capaz de disponibilizar a exata localização do ponto onde
foi acionado o alarme. A central de processamento controla todo o sistema e
apresenta as informações por meio de visor de cristal líquido. Neste sistema,

172
há uma limitação do número de componentes, pois o processamento das
informações torna-se lento na medida em que ocorre o aumento do número de
endereços. Como cada fabricante desenvolve sua própria codificação, somente
se comunicam os equipamentos do sistema do mesmo fabricante.

• O sistema microprocessado também conhecido como sistema inteligente


por utilizar a tecnologia digital, permite transmitir de maneira simultânea
as várias informações que transitam no sistema por meio de um único canal
de transmissão. Isto possibilita tornar disponível pela central um conjunto
de informações a respeito das diversas ocorrências. Este sistema apresenta
as seguintes vantagens em comparação com os outros tipos: gerencia maior
número de informações ao mesmo tempo; propicia informações mais
detalhadas; fornece informações mais confiáveis; possibilita ações mais
complexas, e é capaz de integrar além de informações relativas à detecção e
alarme, também as informações relacionadas com a supervisão e/ou segurança.
Dentre as desvantagens apresentadas por este sistema destacam-se as seguintes:
necessitam de operadores mais qualificados para a sua operação e antes de se
iniciar a instalação devem ser previstas as lógicas de funcionamento.

173
AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 Apresente a definição de sistema de detecção e alarme de incêndio (SDAI).

2 Entre os componentes de controle do SDAI há a central de detecção e alarme,


a central supervisora e a subcentral. Descreva resumidamente cada um destes
componentes.

3 O painel repetidor é um componente do SDAI destinado à sinalização.


Apresente as suas características de funcionamento.

4 O detector automático pontual é um dispositivo ativado pela presença de


fenômenos químicos ou físicos que ocorrem na área contida dentro do raio de
ação do mesmo e indicando um princípio de incêndio. Discorra sucintamente
sobre os tipos de detectores do SDAI.

5 O SDAI possui também acionador manual, indicadores e avisadores.


Descreva estes componentes.

6 O circuito de detecção do SDAI é o circuito que possui instalado nele os


acionadores manuais, detectores automáticos ou outros tipos de sensores do
sistema de detecção e alarme. Descreva os circuitos componentes do SDAI.

7 Descreva as características da proteção necessária contra a ação do fogo e


defeitos.

8 Descreva os aspectos do funcionamento do alarme geral.

9 Apresente as características dos sistemas de detecção e alarme de incêndios


convencional e endereçável.

10 O sistema microprocessado também conhecido como sistema inteligente


por utilizar a tecnologia digital, permite transmitir de maneira simultânea
as várias informações que transitam no sistema por meio de um único canal
de transmissão. Apresente as vantagens e desvantagens apresentadas por
este sistema em comparação com os demais

174
UNIDADE 3
TÓPICO 4

ÓRGÃOS DE DEFESA CIVIL

1 INTRODUÇÃO
As situações de sinistros em razão da potencialidade dos danos possíveis
podem necessitar da atuação dos órgãos de defesa civil, portanto torna-se
importante conhecer as estruturas e as finalidades destes órgãos.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC é responsável pela


coordenação das atividades de defesa civil no território nacional. O objetivo
da defesa civil é reduzir desastres. Neste sentido, realiza ações direcionadas à
prevenção, à preparação para as emergências e para os desastres, à resposta aos
desastres e à reconstrução, de maneira multissetorial atuando nas três esferas
governamentais – federal, estadual e municipal, contando com a participação
da comunidade. As ações integradas entre os órgãos do SINDEC proporcionam
eficiência e eficácia diferenciada por seu efeito multiplicador e potencializador.

Em virtude de que as ocorrências de desastres são registradas no município,


é de extrema importância a atuação da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
– COMDEC que é o órgão municipal de defesa civil, embora todos os órgãos do
SINDEC também tenham suas atribuições neste sentido.

2 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL - SINDEC


O Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC é composto pelos seguintes
órgãos: o Conselho Nacional de defesa Civil - Condec como órgão superior; a
Secretaria Nacional de Defesa Civil - SEDEC como órgão central; as Coordenadorias
Regionais de Defesa Civil – CORDECs como órgãos regionais, as Coordenadorias
Estaduais de Defesa Civil e do Distrito Federal - CEDEC como órgãos estaduais e
do Distrito Federal, as Coordenadorias Municipais de Defesa Civil – COMDECs
como órgãos municipais, órgãos setoriais e órgãos de apoio. (BRASIL, 2010)

175
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

3 CONSELHO NACIONAL DE DEFESA CIVIL - CONDEC


O CONDEC forma parte da estrutura regimental do Ministério da
Integração Nacional. É um órgão colegiado de caráter, deliberativo, normativo e
consultivo, com a finalidade de formular e deliberar a respeito das diretrizes do
governo em matéria de defesa civil. O CONDEC é formado por um Plenário, um
Comitê Consultivo, pelos Comitês técnicos e pelos Grupos de Trabalho.

O plenário do CONDEC tem como presidente o Secretário Nacional de


Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional e é formado por representantes
dos Ministérios e dos órgãos da Administração Pública Federal, nomeados pelo
Ministro de Estado da Integração Nacional.

O Comitê Consultivo é uma unidade de assessoria do CONDEC, composto


pelos titulares dos órgãos de defesa civil estaduais, regionais e do Distrito Federal.

Os Comitês Técnicos e os Grupos de Trabalho são estabelecidos pelo


Presidente do CONDEC, objetivando a promoção de estudos e elaboração das
propostas sobre os temas específicos, para serem submetidos ao plenário do
Conselho que determinará no momento da sua criação os objetivos específicos, a
composição e o prazo para o término do trabalho.

3.1 COMPETÊNCIA DO CONDEC


O CONDEC desenvolve suas atividades com as seguintes finalidades:

• aprovação das normas e procedimentos relacionados à articulação das


atividades do governo federal, com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, e também relacionadas com a cooperação de instituições privadas,
buscando coordenar as atividades de defesa civil;
• aprovação e atualização da política nacional de defesa civil e das diretrizes da
ação do governo relativas ao tema;
• emitir recomendações dirigidas aos vários órgãos, que integram o SINDEC,
relativas às atividades prioritárias que possibilitam a prevenção ou minimização
dos desastres naturais ou os desastres provocados pela ação humana;
• aprovação dos critérios para que se declare, homologue e reconheça uma
situação de emergência ou de estado de calamidade pública;
• aprovação dos programas e planos globais e setoriais preparados pelo SINDEC;
• decidir a respeito das ações de cooperação estrangeira ou internacional, de
interesse do SINDEC de acordo com as normas vigentes;
• aprovação da composição de comissões técnicas interinstitucionais para
realizar estudos, trabalhos especializados e pesquisas de interesse da defesa
civil;
• designação de grupos de trabalhos interinstitucionais emergenciais visando à
articulação e agilidade das ações do governo federal nas situações de desastre
de grande intensidade;

176
TÓPICO 4 | ÓRGÃOS DE DEFESA CIVIL

• aprovação dos critérios técnicos a serem observados na análise e aprovação das


obras e dos serviços, direcionados à prevenção dos riscos, minimização dos
danos e recuperação das áreas danificadas pelos desastres;
• elaboração do regimento interno, que determinará a respeito do seu
funcionamento, bem como apresentar propostas de alterações;
• encaminhamento do regimento interno para a aprovação do Ministro de Estado
da Integração Nacional.

4 SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL - SEDEC


A finalidade da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da
Integração Nacional está baseada no desenvolvimento das seguintes atividades
principais:

• articulação e coordenação das ações de Defesa Civil;


• promoção, articulando com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, da
organização e da implementação das COMDECs, ou órgãos correlatos, e dos
NUDECs, ou das entidades correlatas;
• definição das áreas que são prioritárias para os investimentos que contribuam
para a minimização das vulnerabilidades dos Municípios, dos Estados, do
Distrito Federal e também das macrorregiões geográficas do Brasil;
• implantação e operacionalização do Centro Nacional de Gerenciamento de
Riscos e Desastres – CENAD;
• implementação das ações de maneira articulada dos órgãos que integram o
SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil;
• participação no Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro – SIPRON,
como órgão setorial responsável pela proteção da população nos casos de
emergências radiológicas e/ou nucleares.

5 COORDENADORIAS REGIONAIS DE DEFESA CIVIL –


CORDEC
Os CORDECs têm como finalidade:

• ornar compatíveis e consolidados os programas e os planos estaduais de Defesa


Civil relacionados ao planejamento regional;
• a realização de estudos a respeito da probabilidade de ocorrência de desastre
de qualquer origem, a respeito de sua incidência, extensão e consequência; e
• a coordenação das ações regionais de Defesa Civil nas suas áreas de atuação
nas regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

177
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

6 COORDENADORIAS ESTADUAIS DE DEFESA CIVIL E DO


DISTRITO FEDERAL – CEDEC
As CEDECs podem criar as Regionais Estaduais de Defesa Civil – REDEC
para formar parte da sua estrutura e definir suas atribuições com o objetivo de
articular e coordenar as atividades de defesa civil no conjunto dos Municípios
que estejam dentro de suas áreas de atuação. As CEDECs são encarregadas de
desenvolver suas atividades com as seguintes finalidades:

• articulação, coordenação e gerenciamento das ações de defesa civil em nível


estadual;
• elaboração e implementação dos programas, planos e projetos, em nível
estadual, relacionados ao tema;
• capacitação dos recursos humanos para o desenvolvimento das atividades de
defesa civil;
• promoção da inclusão dos princípios de defesa civil, nos currículos escolares da
rede estadual e do Distrito Federal de ensino fundamental e médio, fornecendo
todo o apoio ao pessoal docente no desenvolvimento de material pedagógico-
didático para essa finalidade.

7 COORDENADORIAS MUNICIPAIS DE DEFESA CIVIL –


COMDEC
O prefeito do município é o responsável pela criação de uma COMDEC,
embora as autoridades locais ou os cidadãos da comunidade possam tomar
a iniciativa para sua criação, quando conscientes da necessidade das ações
específicas deste órgão para a segurança da população.

A COMDEC pode criar Distritais de Defesa Civil, ou órgãos correlatos,


para integrar a sua estrutura e determinar as suas atribuições, com o objetivo de
articular e realizar os procedimentos de defesa civil nas áreas determinadas em
distritos, bairros ou localidades do Município.

As COMDECs ou os órgãos correlatos desenvolvem atividades com as


seguintes finalidades:

• articulação, coordenação e gerenciamento das atividades de defesa civil em


nível municipal;
• promoção de uma ampla participação da comunidade nas atividades inerentes
à defesa civil, em especial em relação às respostas a desastres e à reconstrução;
• promoção de uma mobilização da comunidade e a implantação de NUDECs, ou
instituições correlatas, em especial nas escolas de nível médio e fundamental,
e nas áreas de riscos intensificados e, também a implantação de programa de
treinamento das pessoas voluntárias;

178
TÓPICO 4 | ÓRGÃOS DE DEFESA CIVIL

• promoção de sua articulação com as Regionais Estaduais de Defesa Civil –


REDEC, ou os órgãos correlatos, e a participação ativa dos Planos de Apoio
Mútuo – PAM, de acordo com o princípio de auxílio mútuo entre os municípios;
• promover a criação e a articulação de centros de operações e desenvolver
atividades relacionadas à monitorização, alarme e alerta, com a finalidade de
otimizar a previsão de desastres.

7.1 NÚCLEOS COMUNITÁRIOS DE DEFESA CIVIL – NUDEC


Os NUDECs, ou as entidades correlatas, operam como centros de reuniões
e desenvolvimento de debates entre as comunidades locais e a COMDEC e atuam
no planejamento, promoção e coordenação das atividades de defesa civil, com as
seguintes finalidades:

• desenvolver a avaliação dos riscos de desastres e preparar mapas temáticos


relativos às ameaças, as vulnerabilidades dos cenários e às áreas de riscos
intensificados;
• promover medidas preventivas estruturais e não estruturais, objetivando a
redução dos riscos de desastres;
• elaborar planos de contingência e destinados às operações, com o objetivo de
dar resposta aos desastres e de exercícios de simulação, para melhorá-los;
• treinar as pessoas voluntárias e as equipes técnicas para a atuação em situações
de desastres;
• desenvolver articulações com os órgãos de monitorização, alerta e alarme,
objetivando a otimização da previsão de desastres;
• organizar planos de chamadas, objetivando a otimização do estado de alerta
em situações de desastre iminente.

8 ÓRGÃOS SETORIAIS
A participação no SINDEC, das secretarias, entidades e órgãos vinculados
de nível federal, em conjunto com o órgão central, desenvolvem-se de acordo
com as seguintes finalidades:

• Ministério da Justiça: coordenação das atividades do Sistema Nacional de


Segurança Pública e os procedimentos das Polícias Federais, objetivando
preservar a ordem pública, a segurança das pessoas e do patrimônio nas
regiões em situação de desastre;
• Ministério da Defesa: coordenação das operações articuladas das Forças
Singulares nos procedimentos de defesa civil;
• Ministério das Relações Exteriores: coordenação das atividades inerentes às
relações com outros países e com organismos estrangeiros e internacionais,
referente à cooperação financeira, logística, científica e técnica e atuações
conjuntas nos procedimentos de defesa civil;

179
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

• Ministério da Fazenda: adoção das medidas de cunho fiscal, financeiro e


creditício, objetivando o atendimento das populações nas regiões em estado de
calamidade pública ou em situação de emergência;
• Ministério dos Transportes: adoção de medidas para preservar e recuperar os
sistemas viários e os terminais de transportes marítimos, terrestres e fluviais,
nas regiões atingidas pelos desastres, e realizar o controle do transporte de
produtos perigosos;
• Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento: promoção de
procedimentos destinados à prevenção dos desastres provocados especialmente
por pragas animais e vegetais, adoção de medidas destinadas ao atendimento
das populações nas regiões atingidas pelos desastres;
• Ministério da Educação: cooperação no programa de desenvolvimento de
recursos humanos e difusão, por meio da atuação das redes de ensino informal
e formal, dos conteúdos didáticos relacionados à prevenção dos desastres e à
defesa civil e, por meio da atuação das universidades federais, a realização e
difusão de pesquisas sismológicas de interesse do SINDEC;
• Ministério da Cultura, a promoção do desenvolvimento do senso inerente à
percepção de risco por parte da população brasileira e contribuição para o
aumento na mudança cultural relativa à redução dos desastres;
• Ministério do Trabalho e Emprego: promoção de ações visando à prevenção
ou minimização dos acidentes de trabalho e dos danos aos trabalhadores em
situações de desastres;
• Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome: prestação de assistência
social às populações das regiões em situação de desastre e fornecimento dos
suprimentos necessários, especialmente alimentos, à sobrevivência.
• Ministério da Saúde: implementação e supervisão das atividades de saúde
pública, fornecimento de medicamentos, controlar a qualidade da água e
dos alimentos e promover a saúde em situações de desastre; promoção da
implantação de atendimento pré-hospitalar e de unidades de emergência,
supervisão e elaboração dos planos para a mobilização e segurança dos
hospitais em situações de desastre; e difusão, em nível comunitário, das técnicas
de reanimação cardiorrespiratória básica e das ações de primeiros socorros;
• Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: proposição das
medidas que objetivam a minimização dos danos provenientes de situações de
desastres aos meios produtivos nacionais e participação ativa na prevenção de
desastres humanos de natureza tecnológica;
• Ministério de Minas e Energia: planejamento e promoção da redução da
degradação ambiental causada pela mineração e garimpos, monitorar as
condições hidrológicas e os deflúvios de barragens pertencentes aos sistemas
hidrelétricos e às bacias hidrográficas;
• Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: priorizar alocação dos recursos
destinados à assistência para as populações e para a realização dos serviços e
obras de prevenção e de recuperação nas regiões com riscos de desastres e em
estado de calamidade pública ou em circunstância de emergência;

180
TÓPICO 4 | ÓRGÃOS DE DEFESA CIVIL

• Ministério das Comunicações: adoção de medidas com o objetivo de garantir e


priorizar os serviços de telecomunicações em regiões afetadas pelos desastres
e promover a participação dos órgãos de comunicação nas ações de prevenção
e preparação, e também mobilizar os radioamadores, nas circunstâncias de
desastres;
• Ministério da Ciência e Tecnologia: desenvolvimento de pesquisas e estudos
que possibilitem o estabelecimento das áreas de riscos, e o fornecimento das
informações para orientar as atividades da defesa civil e para as análises
relacionadas às previsões meteorológicas;
• Ministério do Meio Ambiente: estabelecimento das normas, padrões e critérios
inerentes ao controle e à proteção do meio ambiente, ao uso de maneira
racional dos recursos naturais renováveis objetivando a redução de desastres;
fornecimento dos dados e das análises referentes ao monitoramento dos rios e
açudes, com relação às atividades da defesa civil e a promoção do controle das
cheias e inundações;
• Ministério do Esporte: incentivar as práticas esportivas objetivando a redução
das vulnerabilidades relativas aos desastres humanos de natureza social e aos
riscos inerentes à juventude marginalizada;
• Ministério do Turismo: proposição de medidas objetivando a redução dos
impactos negativos nas atividades ligadas ao turismo, nas situações de desastre;
• Ministério da Integração Nacional: promoção e coordenação das ações do
SINDEC, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, e articular os planos
de desenvolvimento regional com as atividades para prevenir e minimizar os
danos causados nas situações de desastre;
• Ministério do Desenvolvimento Agrário: contribuição para reduzir os desastres
humanos nas áreas relativas às suas atividades;
• Ministério das Cidades: gerenciar a aplicação dos recursos destinados a políticas
de desenvolvimento urbano objetivando a recuperação e a reconstrução de
moradias para a população de baixa renda que foram afetadas pelos desastres
e as obras e serviços de saneamento nas regiões de risco;
• Ministério da Previdência Social: apoio às populações que são flageladas, no
âmbito de suas atribuições;
• Casa Civil da Presidência da República: apoiar por meio de levantamentos
efetuados pelo Sistema de Vigilância da Amazônia – SIVAM;
• Gabinete de Segurança Institucional: apoio ao SINDEC, por meio de ações de
informações e outras atividades relativas às suas atribuições;
• Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais: articulação das
atividades dos diversos escalões e poderes do governo em apoio ao SINDEC;
• Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da
República: apoio ao SINDEC nas ações de divulgação;
• Comando do Exército: cooperação com as atividades de resposta aos desastres
e de reconstrução e com as ações de busca e salvamento; participação nos
procedimentos para prevenção e reconstrução; apoio das atividades de defesa
civil com material, pessoal e meios de transporte;

181
UNIDADE 3 | AÇÕES EM SINISTROS

• Comando da Marinha: coordenação dos procedimentos relativos à redução dos


danos inerentes às situações de sinistros fluviais e marítimos e participação nas
atividades de salvamento de náufragos; apoio aos procedimentos de resposta a
desastres, com hospitais fluviais, verificados na Amazônia; apoio às atividades
de defesa civil com material, pessoal e meios de transporte;
• Comando da Aeronáutica: coordenação das atividades de evacuação
aeromédica e missão de misericórdia, cooperação com as atividades de busca
e salvamento, apoio às atividades de defesa civil com material, pessoal e meios
de transporte.

É permitida a participação no SINDEC em nível estadual e municipal dos


órgãos federais localizados nos Estados e nos Municípios, por meio da atuação
de seus representantes nos respectivos Conselhos. Nos estados ou municípios, a
atuação dos órgãos setoriais correspondem aos de nível federal e desenvolvem
suas atividades de defesa civil em consonância com as suas atribuições legais, e
ação conjunta com os respectivos órgãos de defesa civil, de acordo com os âmbitos
de suas jurisdições.

9 ÓRGÃOS DE APOIO
Os órgãos de apoios desenvolvem ações específicas de acordo com as suas
atividades normais, por meio da articulação previamente estabelecida com os
órgãos de coordenação do SINDEC.

182
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você viu que:

• A Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC é responsável pela coordenação


das atividades de defesa civil no território nacional. O objetivo da defesa civil
é reduzir desastres. Neste sentido, realiza ações direcionadas à prevenção, à
preparação para as emergências e para os desastres, à resposta aos desastres e à
reconstrução, de maneira multissetorial atuando nas três esferas governamentais
– federal, estadual e municipal contando com a participação da comunidade.
As ações integradas entre os órgãos do SINDEC proporcionam eficiência e
eficácia diferenciada por seu efeito multiplicador e potencializador.

• Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC é composto pelos seguintes


órgãos: o Conselho Nacional de defesa Civil - CONDEC como órgão superior;
a Secretaria Nacional de Defesa Civil - SEDEC como órgão central; as
Coordenadorias Regionais de Defesa Civil – CORDECs como órgãos regionais,
as Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil e do Distrito Federal - CEDEC
como órgãos estaduais e do Distrito Federal, as Coordenadorias Municipais de
Defesa Civil – COMDECs como órgãos municipais, órgãos setoriais e órgãos
de apoio (BRASIL, 2010).

• O CONDEC forma parte da estrutura regimental do Ministério da Integração


Nacional é órgão colegiado de caráter, deliberativo, normativo e consultivo,
com a finalidade de formular e deliberar a respeito das diretrizes do governo
em matéria de defesa civil. O CONDEC é formado por um Plenário, um Comitê
Consultivo, pelos Comitês técnicos e pelos Grupos de Trabalho.

• O plenário do CONDEC tem como presidente o Secretário Nacional de Defesa


Civil do Ministério da Integração Nacional e é formado por representantes dos
Ministérios e dos órgãos da Administração Pública Federal, nomeados pelo
Ministro de Estado da Integração Nacional.

• O Comitê Consultivo é uma unidade de assessoria do CONDEC, composto


pelos titulares dos órgãos de defesa civil estaduais, regionais e do Distrito
Federal.

• Os Comitês Técnicos e os Grupos de Trabalho são estabelecidos pelo Presidente


do CONDEC, objetivando a promoção de estudos e elaboração das propostas
sobre os temas específicos, para serem submetidos ao plenário do Conselho que
determinará no momento da sua criação os objetivos específicos, a composição
e o prazo para o término do trabalho.

183
• O CONDEC desenvolve suas atividades com as seguintes finalidades: aprovação
das normas e procedimentos relacionados à articulação das atividades do
governo federal, com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e também
relacionadas com a cooperação de instituições privadas, buscando coordenar
as atividades de defesa civil; aprovação e atualização da política nacional
de defesa civil e das diretrizes da ação do governo relativas ao tema; emitir
recomendações dirigidas aos vários órgãos, que integram o SINDEC, relativas
às atividades prioritárias que possibilitam a prevenção ou minimização dos
desastres naturais ou os desastres provocados pela ação humana; aprovação
dos critérios para que se declare, homologue e reconheça uma situação de
emergência ou de estado de calamidade pública; aprovação dos programas
e planos globais e setoriais preparados pelo SINDEC; decidir a respeito das
ações de cooperação estrangeira ou internacional, de interesse do SINDEC
de acordo com as normas vigentes; aprovação da composição de comissões
técnicas interinstitucionais para realizar estudos, trabalhos especializados
e pesquisas de interesse da defesa civil; designação de grupos de trabalhos
interinstitucionais emergenciais visando à articulação e agilidade das ações do
governo federal nas situações de desastre de grande intensidade; aprovação
dos critérios técnicos a serem observados na análise e aprovação das obras e
dos serviços, direcionados à prevenção dos riscos, minimização dos danos e
recuperação das áreas danificadas pelos desastres; elaboração do regimento
interno, que determinará a respeito do seu funcionamento, bem como
apresentar propostas de alterações; encaminhamento do regimento interno
para a aprovação do Ministro de Estado da Integração Nacional.

• A finalidade da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da


Integração Nacional está baseada no desenvolvimento das seguintes atividades
principais: articulação e coordenação das ações de Defesa Civil; promoção,
articulando com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, da organização
e da implementação das COMDECs, ou órgãos correlatos, e dos NUDECs,
ou das entidades correlatas; definição das áreas que são prioritárias para os
investimentos que contribuam para a minimização das vulnerabilidades dos
Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e também das macrorregiões
geográficas do Brasil; implantação e operacionalização do Centro Nacional de
Gerenciamento de Riscos e Desastres – CENAD; implementação das ações de
maneira articulada dos órgãos que integram o SINDEC – Sistema Nacional
de Defesa Civil; participação no Sistema de Proteção ao Programa Nuclear
Brasileiro – SIPRON, como órgão setorial responsável pela proteção da
população nos casos de emergências radiológicas e/ou nucleares.

• Os CORDECs têm como finalidade: tornar compatíveis e consolidados os


programas e os planos estaduais de Defesa Civil relacionados ao planejamento
regional; a realização de estudos a respeito da probabilidade de ocorrência
de desastre de qualquer origem, a respeito de sua incidência, extensão e
consequência; e a coordenação das ações regionais de Defesa Civil nas suas
áreas de atuação nas regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

184
• As CEDECs podem criar as Regionais Estaduais de Defesa Civil – REDEC
para formar parte da sua estrutura e definir suas atribuições com o objetivo
de articular e coordenar as atividades de defesa civil no conjunto dos
Municípios que estejam dentro de suas áreas de atuação. As CEDECs são
encarregadas de desenvolver suas atividades com as seguintes finalidades:
articulação, coordenação e gerenciamento das ações de defesa civil em nível
estadual; elaboração e implementação dos programas, planos e projetos, em
nível estadual, relacionados ao tema; capacitação dos recursos humanos para
o desenvolvimento das atividades de defesa civil; e promoção da inclusão
dos princípios de defesa civil, nos currículos escolares da rede estadual e do
Distrito Federal de ensino fundamental e médio, fornecendo todo o apoio ao
pessoal docente no desenvolvimento de material pedagógico-didático para
essa finalidade.

• O prefeito do município é o responsável pela criação de uma COMDEC, embora


as autoridades locais ou os cidadãos da comunidade possam tomar a iniciativa
para sua criação, quando conscientes da necessidade das ações específicas deste
órgão para a segurança da população. A COMDEC pode criar Distritais de
Defesa Civil, ou órgãos correlatos, para integrar a sua estrutura e determinar
as suas atribuições, com o objetivo de articular e realizar os procedimentos
de defesa civil nas áreas determinadas em distritos, bairros ou localidades do
Município.

• As COMDECs ou os órgãos correlatos desenvolvem atividades com as seguintes


finalidades: articulação, coordenação e gerenciamento das atividades de Defesa
Civil em nível municipal; promoção de uma ampla participação da comunidade
nas atividades inerentes à Defesa Civil, em especial em relação às respostas a
desastres e à reconstrução; promoção de uma mobilização da comunidade e a
implantação de NUDECs, ou instituições correlatas, em especial nas escolas
de nível médio e fundamental, e nas áreas de riscos intensificados e, também a
implantação de programa de treinamento das pessoas voluntárias; promoção
de sua articulação com as Regionais Estaduais de Defesa Civil – REDEC, ou os
órgãos correlatos, e a participação ativa dos Planos de Apoio Mútuo – PAM,
de acordo com o princípio de auxílio mútuo entre os Municípios; e promover
a criação e a articulação de centros de operações e desenvolver atividades
relacionadas à monitorização, alarme e alerta, com a finalidade de otimizar a
previsão de desastres.

• Os NUDECs, ou as entidades correlatas, operam como centros de reuniões


e desenvolvimento de debates entre as comunidades locais e a COMDEC e
atuam no planejamento, promoção e coordenação das atividades de defesa
civil, com as seguintes finalidades: desenvolver a avaliação dos riscos de
desastres e preparar mapas temáticos relativos às ameaças, as vulnerabilidades
dos cenários e às áreas de riscos intensificados; promover medidas preventivas
estruturais e não estruturais, objetivando a redução dos riscos de desastres;
elaborar planos de contingência e destinados às operações, com o objetivo
de dar resposta aos desastres e de exercícios de simulação, para melhorá-los;

185
treinar as pessoas voluntárias e as equipes técnicas para a atuação em situações
de desastres; desenvolver articulações com os órgãos de monitorização, alerta
e alarme, objetivando a otimização da previsão de desastres; e organizar planos
de chamadas, objetivando a otimização do estado de alerta em situações de
desastre iminente.

• A participação no SINDEC, das secretarias, entidades e órgãos vinculados de


nível federal, em conjunto com o órgão central, desenvolvem-se de acordo com
as seguintes finalidades: Ministério da Justiça: preservar a ordem pública, a
segurança das pessoas e do patrimônio nas regiões em situação de desastre;
Ministério da Defesa: coordenação das operações articuladas das Forças
Singulares; Ministério das Relações Exteriores: relacionamento com outros
países e com organismos estrangeiros e internacionais, referente à cooperação
financeira, logística, científica e técnica; Ministério da Fazenda: adoção das
medidas de cunho fiscal, financeiro e creditício, objetivando o atendimento
das populações nas regiões em estado de calamidade pública ou em situação
de emergência; Ministério dos Transportes: preservar e recuperar os sistemas
viários e os terminais de transportes marítimos, terrestres e fluviais, nas regiões
atingidas pelos desastres, e realizar o controle do transporte de produtos
perigosos; Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento: prevenção
dos desastres provocados especialmente por pragas animais e vegetais, e
atendimento das populações nas regiões atingidas pelos desastres; Ministério
da Educação: cooperação no programa de desenvolvimento de recursos
humanos e difusão nas redes de ensino informal e formal, dos conteúdos
didáticos relacionados à prevenção dos desastres e à defesa civil e, nas
universidades federais, com a realização e difusão de pesquisas sismológicas
de interesse do SINDEC; Ministério da Cultura: desenvolvimento do senso
inerente à percepção de risco por parte da população brasileira e aumentar a
mudança cultural relativa à redução dos desastres; Ministério do Trabalho e
Emprego: prevenção ou minimização dos acidentes de trabalho e dos danos
aos trabalhadores em situações de desastres; Ministério de Desenvolvimento
Social e Combate à Fome: assistência social às populações das regiões
em situação de desastre e fornecimento dos suprimentos necessários à
sobrevivência. Ministério da Saúde: atividades de saúde pública, fornecimento
de medicamentos, controlar a qualidade da água e dos alimentos e promover a
saúde em situações de desastre; atendimento pré-hospitalar e de unidades de
emergência, mobilização e segurança dos hospitais em situações de desastre; e
difusão, em nível comunitário, das técnicas de reanimação cardiorrespiratória
básica e das ações de primeiros socorros; Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior: minimizar os danos provenientes de situações
de desastres aos meios produtivos nacionais e prevenção de desastres
humanos de natureza tecnológica; Ministério de Minas e Energia: redução
da degradação ambiental causada pela mineração e garimpos, monitorar as
condições hidrológicas e os deflúvios de barragens pertencentes aos sistemas
hidrelétricos e às bacias hidrográficas; Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão: priorizar recursos para a assistência às populações e para a realização
dos serviços e obras de prevenção e de recuperação nas regiões com riscos

186
de desastres e em estado de calamidade pública ou em circunstância de
emergência; Ministério das Comunicações: garantir e priorizar os serviços de
telecomunicações em regiões afetadas pelos desastres e promover a participação
dos órgãos de comunicação nas ações de prevenção e preparação, e também
mobilizar os radioamadores, nas circunstâncias de desastres; Ministério da
Ciência e Tecnologia: desenvolvimento de pesquisas e estudos que possibilitem
o estabelecimento das áreas de riscos, e o fornecimento das informações para
orientar as atividades da defesa civil e para as análises relacionadas às previsões
meteorológicas; Ministério do Meio Ambiente: estabelecimento das normas,
padrões e critérios inerentes ao controle e à proteção do meio ambiente, ao uso
de maneira racional dos recursos naturais renováveis objetivando a redução de
desastres; fornecimento dos dados e das análises referentes ao monitoramento
dos rios e açudes, com relação às atividades da defesa civil e a promoção do
controle das cheias e inundações; Ministério do Esporte: incentivar as práticas
esportivas objetivando a redução das vulnerabilidades relativas aos desastres
humanos de natureza social e aos riscos inerentes à juventude marginalizada;
Ministério do Turismo: proposição de medidas objetivando a redução dos
impactos negativos nas atividades ligadas ao turismo, nas situações de desastre;
Ministério da Integração Nacional: promoção e coordenação das ações do
SINDEC, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, e articular os planos
de desenvolvimento regional com as atividades para prevenir e minimizar
os danos causados nas situações de desastre; Ministério do Desenvolvimento
Agrário: reduzir os desastres humanos nas áreas relativas às suas atividades;
Ministério das Cidades: recuperação e a reconstrução de moradias para a
população de baixa renda que foram afetadas pelos desastres e as obras e
serviços de saneamento nas regiões de risco; Ministério da Previdência Social:
apoio às populações que são flageladas, no âmbito de suas atribuições; Casa
Civil da Presidência da República: apoiar por meio de levantamentos efetuados
pelo Sistema de Vigilância da Amazônia – SIVAM; Gabinete de Segurança
Institucional: apoio ao SINDEC, por meio de ações de informações e outras
atividades relativas às suas atribuições; Secretaria de Coordenação Política
e Assuntos Institucionais: articulação das atividades dos diversos escalões
e poderes do governo em apoio ao SINDEC; Secretaria de Comunicação de
Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República: apoio ao SINDEC
nas ações de divulgação; Comando do Exército: cooperação com as atividades
de resposta aos desastres e de reconstrução e com as ações de busca e
salvamento; participação nos procedimentos para prevenção e reconstrução;
apoio das atividades de defesa civil com material, pessoal e meios de transporte;
Comando da Marinha: coordenação dos procedimentos relativos à redução do
dano inerentes às situações de sinistros fluviais e marítimos e participação nas
atividades de salvamento de náufragos; apoio aos procedimentos de resposta a
desastres, com hospitais fluviais, verificados na Amazônia; apoio às atividades
de defesa civil com material, pessoal e meios de transporte; e Comando da
Aeronáutica: coordenação das atividades de evacuação aeromédica e missão
de misericórdia, cooperação com as atividades de busca e salvamento, apoio às
atividades de defesa civil com material, pessoal e meios de transporte.

187
• É permitida a participação no SINDEC em nível estadual e municipal dos
órgãos federais localizados nos Estados e nos Municípios, por meio da atuação
de seus representantes nos respectivos Conselhos. Nos Estados ou Municípios,
a atuação dos órgãos setoriais corresponde aos de nível federal e desenvolvem
suas atividades de defesa civil em consonância com as suas atribuições legais,
e ação conjunta com os respectivos órgãos de defesa civil, de acordo com os
âmbitos de suas jurisdições.

• Os órgãos de apoios desenvolvem ações específicas de acordo com as suas


atividades normais, por meio da articulação previamente estabelecida com os
órgãos de coordenação do SINDEC.

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AUTOATIVIDADE

Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir:

1 Discorra sobre a atuação da SEDEC e suas finalidades.

2 Descreva a formação do SINDEC.

3 Apresente a estrutura do CONDEC e sua finalidade.

4 Discorra sobre as finalidades do CORDEC.

5 Apresente as finalidades das atividades das CEDECs.

6 Descreva as finalidades do COMDEC e do NUDEC.

7 Apresente de maneira sucinta as principais finalidades de cada órgão setorial


do SINDEC.

8 Discorra sobre a atuação dos órgãos de apoios do SINDEC.

189
190
REFERÊNCIAS
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ZOCCHIO, Álvaro. Prática da prevenção de Acidentes: abc da segurança do


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ANOTAÇÕES

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