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AULA 07 – PETIÇÃO INICIAL

ART. 319 ATÉ 331 DO CPC

PROFESSORA MARIA LÚCIA LINS CONCEIÇÃO

PRINCÍPIO DISPOSITIVO: por força desse princípio, o processo se instaura por provocação da parte e se
desenvolve por impulso processual, conforme dispõe, expressamente, o art. 2º, do NCPC:
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei.
Para que o aparato do poder jurisdicional saia da inércia, a parte vai lançar mão da petição inicial. A
petição inicial é, justamente, a peça que instaura o processo. A peça na qual o autor vai pedir a prestação da
tutela jurisdicional, provocando, portanto, a movimentação do aparelho jurisdicional do Estado.

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL DENTRO DOS PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA E


VALIDADE DO PROCESSO: assim como a citação e a jurisdição, a petição inicial é um pressuposto de
existência do processo. A petição inicial válida, por sua vez, é um pressuposto intrínseco de validade do
processo, juntamente com a competência (absoluta) do juízo, a imparcialidade do juiz, a capacidade e a
legitimidade processuais, bem como a citação válida. Há também os pressupostos extrínsecos (coisa julgada,
litispendência e perempção).

DISPOSIÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL NO NOVO CPC: não obstante a petição inicial estar prevista no
título do procedimento comum (art. 319 e seguintes), as regras desse procedimento serão aplicadas,
subsidiariamente, aos procedimentos especiais (ex.: ação de exigir contas) e ao processo de execução (ex.:
execução de título extrajudicial) – NCPC, art. 318.
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste
Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos
especiais e ao processo de execução.

PETIÇÃO INICIAL E OS PRINCÍPIOS DA CONGRUÊNCIA E DO CONTRADITÓRIO: sem dúvidas, a


petição inicial é a peça mais relevante do processo, uma vez que representa o momento no qual o autor
formula o seu pedido (ou mais de um, desde que compatíveis entre si), seguido da identificação da causa de
pedir (de fato e de direito) que irá sustentar sua pretensão.
A petição inicial também irá delimitar o âmbito de atuação jurisdicional, isto é, irá vincular a
apreciação do juiz a todos os pedidos formulados pelo autor (“o pedido é o espelho da sentença” – princípio
da congruência). Com isso, é vedado, portanto, que o juiz julgue fora dos limites pretendidos na petição
inicial, seja deixando de julgar algum pedido (infra petita), seja julgando além (ultra petita) ou coisa diversa
(extra petita) do que foi pedido pelo autor. Os arts. 141, 490 e 492, do NCPC, tratam do princípio da
congruência ou da correspondência entre o pedido formulado e a sentença:
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendolhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos
formulados pelas partes.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Ademais, a petição inicial cumpre a função de definir o âmbito do contraditório, vale dizer, o réu, ao
ser citado, exercerá o direito de defesa nos exatos limites expostos pelo autor na petição inicial. Por fim, a
petição inicial, que contém o pedido, é extremamente importante para a análise da litispendência, da coisa
julgada e da existência de conexão e continência.

MOMENTO DA EXISTÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA: o NCPC esclarece, nos arts. 312 e 240, o


momento no qual será considerada, tanto para o réu como para o autor, a existência de um processo em
curso, isto é, a existência de uma lide pendente (litispendência). Assim, segundo o art. 312, do NCPC, o bem
da vida pretendido pelo autor se tornará litigioso no momento da propositura da ação, ou seja, no momento
do protocolo da petição inicial.
Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a
propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente
citado.
Por outro lado, para o réu, o momento que configura a litispendência será o da citação válida,
conforme o art. 240, do NCPC.
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna
litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).

REQUISITOS FORMAIS DA PETIÇÃO INICIAL: a petição inicial, em regra, deverá ser escrita, em língua
portuguesa (art. 192), datada e assinada por procurador devidamente constituído nos autos, salvo algumas
exceções, como é o caso, por exemplo, dos Juizados Especiais que permitem a formulação de pedido oral
(arts. 9º e 14, da Lei Federal nº 9.099/95).
Lei Federal nº 9.099/95: Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes
comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é
obrigatória. § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se
o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por
órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. § 2º O Juiz alertará as partes da
conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar. § 3º O mandato ao advogado
poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais. § 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma
individual, poderá ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposição com poderes
para transigir, sem haver necessidade de vínculo empregatício.
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do
Juizado. § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível: I - o nome, a qualificação e
o endereço das partes; II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; III - o objeto e seu valor.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da
obrigação. § 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o
sistema de fichas ou formulários impressos.
Deverá, também, ser assinada por advogado devidamente constituído e ser instruída com o
instrumento de mandato outorgado pelo autor. A lei permite, entretanto, que o advogado atue em causa
própria, devendo, nessas hipóteses, observar o disposto no art. 106, do NCPC.
Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: I – declarar, na petição inicial
ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da
sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimação; II – comunicar ao juízo
qualquer mudança de endereço; § 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se
supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento
da petição. § 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações
enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos.
Os requisitos formais da petição inicial estão previstos no art. 319 do NCPC.
Art. 319. A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado
civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III
– o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido com as suas especificações; V – o valor da
causa; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII – a opção do
autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1º Caso não disponha das
informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias
a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se
refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo
se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
O inciso I se refere ao juízo para o qual a petição será dirigida, sendo, no caso de justiça estadual, a
comarca e, no caso de justiça federal, a seção judiciária. Nas ações de competência originária de segundo
grau, a ação será dirigida ao presidente do respectivo tribunal.
A petição inicial, segundo o inciso II, deverá conter a mais completa qualificação possível das partes
(autor e réu), a fim de permitir a localização do réu para fins de citação e evitar que homônimos sejam
equivocadamente citados. Ressalte-se, nesse particular, a exigência de o autor informar seu estado civil,
inclusive eventual existência de união estável, na medida em que, nas ações de direito real imobiliário (art.
73, NCPC), por exemplo, o autor deverá obter o consentimento de seu cônjuge ou companheiro para a
propositura da ação.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito
real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. § 1º Ambos os cônjuges
serão necessariamente citados para a ação: I – que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados
sob regime de separação absoluta de bens; II – resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou
de ato praticado por eles; III – fundada em dívida contraída por um dos cônjuges bem da família; IV – que
tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os
cônjuges. § 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável
nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticados. § 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união
estável comprovada nos autos.
A informação do endereço eletrônico (tanto do réu como do autor) é importante porque o nosso
sistema atual privilegia os atos de comunicação por meio eletrônico, inclusive a própria citação.
Art. 246. A citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe
de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital; V - por meio eletrônico, conforme
regulado em lei. § 1º Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas
públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para
efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. §
2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da
administração indireta. (...)
A petição inicial também é uma oportunidade para, nos termos do art. 272, § 1º, do CPC, se for o
caso, o autor esclarecer que as intimações, que venham a acontecer no curso do processo, sejam feitas em
nome da sociedade, a que pertencem os seus advogados.
Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela
publicação dos atos no órgão oficial. § 1º Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida,
figure apenas o nome da sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos
Advogados do Brasil. (...)
Contudo, haverá situações nas quais o réu é incerto, não sendo possível que o autor o qualifique de
maneira completa. Ex.: Ações possessórias – art. 554, § 1º, do NCPC. O legislador teve muito cuidado ao
tratar da situação dos réus incertos, prevendo a intervenção do Ministério Público. Note-se que essa
intervenção do Ministério Público, não tem a ver com a existência de uma multiplicidade de réus, mas com a
existência de réus que são incertos. É a impossibilidade de identificação desses réus que fez com que o
legislador tenha previsto essa forma diferente, mais cuidadosa, de citação nas ações possessórias.
Art. 554. (...) § 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital
dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação
de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. (...)
O autor poderá requerer ao juiz que o auxilie nas diligências, a fim de obter a completa identificação
do réu (art. 319, § 1º, NCPC). Na impossibilidade de obtenção de informações para identificação do réu ou,
quando as diligências tornarem o processo oneroso, o autor poderá contribuir com o Juízo trazendo
indicações para auxiliar o oficial de justiça na identificação do paradeiro do réu. No limite, será possível a
citação por edital do réu (art. 256, I).
Art. 256. A citação por edital será feita: I - quando desconhecido ou incerto o citando; II - quando
ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei. § 1º
Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta
rogatória. § 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será
divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. § 3º O réu será considerado
em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição
pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de
serviços públicos.
A petição inicial não será indeferida quando a qualificação não estiver completa, mas seja possível
realizar a diligência. Ex.: quando não é possível identificar se o réu vive em união estável. Também não será
indeferida se o autor demonstrar que, para obter os dados para a exata e completa identificação de todas as
partes, ele teria que adotar medidas que tornassem o processo muito demorado e fossem custosas.
Art. 319. A petição inicial indicará: (...) II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; (...) § 2º A petição
inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a
citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste
artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Também, de acordo com o art. 77, inciso V, do CPC, é importante que as partes e seus advogados
atualizem os seus endereços nos autos.
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de
todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: (...) V - declinar, no primeiro momento que
lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando
essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; (...)
Ainda, segundo o inciso III, do art. 319 do NCPC, a petição inicial deverá conter os fatos e os
fundamentos jurídicos, consubstanciados na causa de pedir que sustenta a pretensão do autor. A doutrina
classifica a causa de pedir em próxima e remota. Entende-se por causa de pedir remota aquela que se refere
aos fatos (ex.: existência de um contrato de financiamento com determinada instituição financeira, que
contém determinadas cláusulas); ao passo que, a causa de pedir próxima diz respeito aos fundamentos e às
consequências jurídicas da pretensão do autor (ex.: a abusividade das cláusulas inseridas naquele contrato
leva a consequência jurídica da sua revisão e eventual repetição daquilo que tiver sido pago a maior, por
conta das cláusulas abusivas), o que não se confunde com a indicação de dispositivos legais.
É preciso ressaltar, ainda, que, no que tange à causa de pedir remota, é imprescindível que o autor
exponha todos os fatos essenciais capazes de fundamentar a sua pretensão.
A causa de pedir deve ser exposta de maneira clara e precisa, de modo a estabelecer uma relação
lógica com o pedido, permitindo, de um lado, que o réu possa exercer adequadamente o seu direito de defesa
e, de outro lado, que o juiz possa identificar com exatidão a pretensão do autor e julgar adequadamente a
lide.
Além disso, é necessário que a petição inicial contenha o pedido com as suas especificações, isto é, a
pretensão do autor (inciso IV). A doutrina, por sua vez, classifica o pedido como mediato ou imediato. O
pedido mediato consiste no bem da vida que será objeto da prestação jurisdicional (ex.: pretensão: liberação
do cumprimento de uma obrigação). Ao passo que, o pedido imediato é a tutela jurisdicional propriamente
dita (ex.: tutela desconstitutiva de rescisão daquele contrato).

DOS PEDIDOS: o pedido é o núcleo da petição inicial, consistindo na afirmação do direito material que o
autor diz ser titular. Assim, o pedido deve ser certo, nos termos do art. 322 do NCPC:
Art. 322. O pedido deve ser certo. § 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção
monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. § 2º A interpretação do pedido
considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.
O pedido só poderá ser genérico nas situações em que a lei assim permite. Essas hipóteses estão
descritas no art. 324, § 1º, do NCPC:
Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I – nas
ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II – quando não for possível
determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do
valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à
reconvenção.
Além disso, o pedido deve ser expresso, vedando-se, portanto, a formulação de pedido implícito,
salvo nas situações previstas no art. 322, § 1º, do NCPC (juros legais, correção monetária e as verbas de
sucumbência, inclusive os honorários advocatícios).
Portanto, ainda que o autor não tenha feito pedido expresso nesse sentido, o juiz está autorizado a se
pronunciar a respeito, julgando procedente ou improcedente a pretensão. Se o juiz não falar nada, o tribunal,
independentemente de o juiz ter se pronunciado e de ter havido pedido do autor, poderá, também, de ofício,
se pronunciar a esse respeito. A partir do trânsito em julgado é que surge uma diferença de tratamento entre
aqueles casos em que nada se falou sobre honorários de sucumbência e despesas ou nada se falou sobre
correção monetária e juros de mora. No que se refere a correção monetária e juros de mora, o juiz poderá se
pronunciar a respeito dessas verbas, ainda que a decisão já tenha transitado em julgado. O juiz poderá se
manifestar e acrescer à condenação essas verbas seja em liquidação ou em cumprimento de sentença. No que
se refere aos honorários advocatícios, não. Se o pronunciamento transitou em julgado, sem que se fizesse
referência às verbas de sucumbência para que a parte ou se advogado possa postular essas verbas deverão
fazer por ação autônoma, nos termos do art. 85, § 18, do NCPC.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) § 18.
Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível
ação autônoma para sua definição e cobrança.
Nesse ponto, está superada a Súmula 453, que vedava essa nova ação para esse fim.
STJ: Súmula 453: Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado,
não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.
Outra hipótese de pedido implícito é aquela em que o pedido envolve prestações periódicas, nas
relações de trato sucessivo.
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas
serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão
incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las
ou de consigná-las.
Embora não conste no pedido a condenação das prestações que se vencerem no curso do processo e
também daquelas que se vencerem após o término do processo, o juiz deverá condenar, se for o caso de
procedência do pedido, o réu ao pagamento não só daquelas prestações vencidas antes da propositura da
ação, como aquelas que venceram ao longo da ação, bem como aquelas futuras, que virão a vencer após a
ação (condenação para o futuro), se não for hipótese de vencimento antecipado.
Há ainda uma outra hipótese de verba que o juiz pode deferir independentemente de pedido do autor.
Isso se dá quando a lide versa sobre obrigação de não fazer, de fazer ou de entregar coisa. Nesses casos, ao
seu pedido, o autor pode acrescer outro, de cominação de multa, em caso de descumprimento. Entretanto,
ainda que o autor não o faça, o juiz poderá de ofício aplicar essa multa, como forma de coerção para o
cumprimento da obrigação imposta pela condenação.
Art. 322. O pedido deve ser certo. (...) § 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da
postulação e observará o princípio da boa-fé.
No sistema anterior, havia regra expressa no sentido de que o pedido do autor deveria ser
interpretado de maneira restritiva. O NCPC não reproduz essa regra, mas prevê essa interpretação
coordenada do pedido com os fundamentos.

PROCESSO CIVIL. PETIÇÃO INICIAL. PEDIDO. INTERPRETAÇÃO. LIMITES. 1. A interpretação do


pedido deve se guiar por duas balizas: de um lado, a contextualização do pedido, integrando-o ao inteiro teor
da petição inicial, de modo a extrair a pretensão integral da parte; e, de outro lado, a adstrição do pedido,
atendendo-se ao que foi efetivamente pleiteado, sem ilações ou conjecturas que ampliem o seu objeto. 2. A
mera circunstância de os fatos narrados comportarem, em tese, indenização por danos morais, sem que haja
qualquer pedido ou cogitação tendente a exigi-la, não autoriza o Juiz a, de ofício, considerá-la implícita no
pedido de ressarcimento por danos materiais, até porque nada impede a parte de, observado o prazo
prescricional, ajuizar ação autônoma buscando ressarcimento específico pela violação dos direitos da
personalidade. Ademais, justamente por serem de caráter subjetivo, na falta de qualquer sinalização de que
tenham realmente sido suportados, não há como presumir ter a parte sofrido danos de ordem moral. 3.
Recurso especial provido. (REsp 1155274/PE, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 08/05/2012, DJe 15/05/2012)
Além de certo, o pedido deve ser determinado ou, ao menos, determinável. O autor deve demonstrar
a extensão da sua pretensão.
Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas
ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível
determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do
valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à
reconvenção.
Mesmo nessas situações, o pedido deve ter elementos que permitam que a determinação do quantum
ocorra num momento posterior: na liquidação.
A petição inicial deverá conter, ainda, o valor da causa (inciso V), observando-se os critérios
previstos nos artigos 291 a 293, do NCPC.
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico
imediatamente aferível.
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I – na ação de
cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras
penalidades, se houver, até data de propositura da ação; II – na ação que tiver por objeto a existência, a
validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato
ou o de sua parte controvertida; III – na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas
pelo autor; IV – na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do
bem objeto do pedido; V – na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI
– na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII
– na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII – na ação em que houver pedido
subsidiário, o valor do pedido principal. § 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas,
considerar-se-á o valor de umas e outras. § 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação
anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo
inferior, será igual à soma das prestações. § 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa
quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico
perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor,
sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas.
Sobre o valor da causa, faz-se necessário ressaltar que, no CPC/73, a impugnação ao valor da causa
era feita por meio de incidente apensado aos autos principais. Já, no NCPC, o réu deverá impugnar o valor
da causa atribuído pelo autor no bojo da contestação, como preliminar, sob pena de sofrer os efeitos da
preclusão.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) III - incorreção do valor da causa;
(...)
A fixação do valor da causa serve de baliza, por exemplo: (i) para fixação de multa por ato
atentatório à dignidade da justiça, conforme art. 70; e (ii) a fim de auxiliar o juiz na fixação de honorários de
sucumbência, conforme art. 85, § 2º; (iii) para fins de cálculo do depósito prévio a ser feito, quando da
interposição da ação rescisória é calculado com base no valor da causa, conforme art. 968, II, do CPC.
Em seguida, o inciso VI, do art. 319 dispõe que o autor deve indicar as provas com as quais pretende
demonstrar a verdade dos fatos alegados. Nesse momento é permitido ao autor formular requerimento
genérico de produção de provas e, na fase de saneamento, deverá indicar precisamente quais os meios de
provas que reputa conveniente produzir.
O CPC de 73 previa a necessidade de requerimento de citação do réu. O NCPC não traz regra a esse
respeito, sendo lógico que o juiz deverá de ofício determinar a citação do réu.
Por fim, o inciso VII cuida de uma novidade trazida pelo NCPC: trata-se da necessidade de o autor,
na petição inicial, sinalizar, se for o caso, o seu desinteresse na realização da audiência de conciliação ou de
mediação, prevista no art. 334 e seguintes, do NCPC. Caso o autor não se pronuncie, reputar-se-á como
anuência à realização da referida audiência.
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de
30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. § 1º O conciliador
ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando
o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária. § 2º Poderá haver mais
de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de
realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes. § 3º A intimação do autor para
a audiência será feita na pessoa de seu advogado. § 4º A audiência não será realizada: I - se ambas as partes
manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II - quando não se admitir a
autocomposição. § 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu
deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. §
6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os
litisconsortes. § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos
termos da lei. § 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é
considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. § 9º As
partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos. § 10. A parte poderá
constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. § 11. A
autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença. § 12. A pauta das audiências de
conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos
entre o início de uma e o início da seguinte.

PROVA DOCUMENTAL NA PETIÇÃO INICIAL: conforme o art. 320, do NCPC, o autor deverá instruir a
petição inicial com os documentos indispensáveis para a propositura da ação. São casos de documentos
essenciais, por exemplo, (i) o instrumento de procuração; (ii) atos constitutivos, na hipótese de o autor ser
pessoa jurídica; (iii) o contrato de locação, nas ações renovatórias; (iv) o título extrajudicial e a planilha de
cálculos atualizada, nas ações de execução de título extrajudicial; entre outros.
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Na hipótese de o autor não apresentar o documento indispensável no momento da propositura da
ação, entende-se que poderão ser juntados ao processo até a fase de saneamento do processo, ou, até mesmo,
o fim da instrução, mediante contraditório, por parte do réu. Também aqui é importante ressaltar que o autor
poderá alegar que o documento indispensável não está em sua posse, requerendo, por exemplo, que o réu
seja intimado a apresentá-lo.
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando
destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram
produzidos nos autos.

EMENDA À PETIÇÃO INICIAL: o art. 321 trata do direito do autor de emendar a inicial, direito este que
está umbilicalmente ligado ao princípio da sanabilidade dos vícios processuais. A grande novidade está no
fato de o NCPC exigir que o juiz, nesses casos, indique com precisão o que deve ser corrigido ou
complementado.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o
autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser
corrigido ou complementado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a
petição inicial.
O juiz vai, ao longo de todo o processo, sanear o processo, procurar extirpar todos os vícios que
impeçam um pronunciamento de mérito. Isso começa a ser feito já na primeira análise da petição inicial.
Portanto, se o juiz identificar, ao receber uma petição inicial, a falta de algum dos requisitos do art. 319
(salvo aquele a respeito da opção pela realização da audiência de conciliação ou mediação), deve determinar
a emenda à petição inicial, no prazo de 15 (quinze) dias, indicando, repita-se, precisamente, o que deverá ser
corrigido ou complementado. O prazo de 15 (quinze) dias previsto no dispositivo não é peremptório,
podendo o juiz estendê-lo de acordo com as peculiaridades do caso.
A determinação à emenda pode acontecer mais de uma vez, mas é claro que deve haver um juízo de
razoabilidade dessas determinações, para que não se tornem indefinidas, tornando o processo moroso e
custoso, em razão disso.
O art. 338 permite, após a citação do réu, a correção do polo passivo da demanda. O réu pode, uma
vez citado, em preliminar de contestação, alegar sua ilegitimidade e indicar a pessoa, que em seu lugar, seria
parte legítima para compor a relação processual. O juiz, diante disso, vai determinar a intimação do autor,
que poderá: (i) pedir a exclusão do réu originário e redirecionar a ação para aquela pessoa indicada por
aquele réu; ou (ii) poderá pedir a citação da pessoa indicada pelo réu originário para compor a lide como
litisconsorte.
No entender da professora, ainda é possível que o juiz, identificando a ilegitimidade do réu, intime o
autor para que emende a petição inicial, redirecionando seu pedido para a parte legítima, sob pena de
indeferimento da petição inicial. Essa decisão que determina a emenda à petição inicial não é passível de
agravo, de maneira que, a parte, se quiser se insurgir contra ela, deverá fazê-lo em preliminar de apelação.
Há um verdadeiro direito do autor à emenda da petição inicial, que encontra base no princípio da
cooperação (art. 6º, do NCPC).

INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL: as hipóteses previstas no art. 330, do NCPC, dizem respeito
às hipóteses de extinção do processo antes da citação do réu. Proferindo o juiz, em todas elas, sentença
processual, ou seja, sentença que não é de mérito.
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente
ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos
fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2º Nas ações que
tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de
bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais,
aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3º Na hipótese do §
2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
O indeferimento da petição inicial poderá ser total (ex.: reconhecimento da ilegitimidade do autor) ou
parcial (ex.: reconhecimento de ilegitimidade de apenas um réu, em caso de litisconsórcio passivo). O
indeferimento total será feito por meio de sentença, contra a qual cabe apelação (art. 331, do NCPC), ao
passo que, contra o indeferimento parcial caberá agravo de instrumento, pois será feito por meio de decisão
interlocutória (art. 354, parágrafo único, do NCPC).
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco)
dias, retratar-se. § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2º
Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do
retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do
trânsito em julgado da sentença.
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz
proferirá sentença. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela
do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.
A apelação cabível contra a sentença que indefere liminarmente a petição inicial possui algumas
peculiaridades, quais sejam: (i) é permitido que o juiz se retrate no prazo (impróprio) de 5 (cinco) dias; (ii)
na ausência de retratação, o réu será citado para apresentar contrarrazões ao recurso; (iii) na hipótese de o
tribunal determinar o prosseguimento do feito, o réu será intimado do retorno dos autos ao primeiro grau e,
partir desta data, começará a contar o prazo para contestação; (iv) na hipótese de o tribunal manter a
sentença de indeferimento, o réu será intimado do trânsito em julgado.
Quanto às causas de indeferimento da petição inicial, o legislador, acertadamente, excluiu a
decadência e a prescrição.
Além das situações de indeferimento da petição inicial, o art. 332 dispões sobre as hipóteses de
improcedência liminar do pedido. Verificando o juiz que não há causa de indeferimento da petição inicial,
que a lide diz respeito a direitos disponíveis, ele irá analisar se é hipótese de se aplicar o art. 332.
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu,
julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente
de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal
de justiça sobre direito local. § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se
verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. § 2º Não interposta a apelação, o réu será
intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241. § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá
retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo,
com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões,
no prazo de 15 (quinze) dias.
Em todas essas hipóteses, o juiz está autorizado a proferir sentença de improcedência do pedido do
autor, independentemente de citação do réu. Dessa sentença cabe apelação, por parte do autor, nos mesmos
moldes daquela que cabe da sentença de extinção por indeferimento da petição inicial.

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS: É possível, ainda, que sejam cumulados os pedidos, de modo que essa
cumulação poderá ser própria ou imprópria.
Na cumulação própria, ela poderá ser simples, quando os pedidos forem independentes entre si (ex.:
pedido de indenização por danos materiais e morais).
Por outro lado, quando os pedidos tiverem uma vinculação de prejudicialidade entre si (ex.: pedido
de herança só será julgado se for reconhecida a paternidade), será chamada de cumulação própria sucessiva
(Se X, então Y – NCPC).
Sobre as cumulações denominadas impróprias, temos a subsidiária, caso em que a parte formula um
pedido principal e, no caso de improcedência ou inadmissibilidade deste pedido, a parte formula um pedido
secundário (Se não X, então Y – NCPC, art. 326, caput).
Por outro lado, há a cumulação imprópria alternativa, que consiste na situação em que o autor
formula dois pedidos, de modo que estará satisfeito tanto com a procedência de um, quanto com o
acolhimento do outro (X ou Y – arts. 325 e 326, parágrafo único), não havendo, portanto, um juízo de
preferência, como ocorre na cumulação imprópria subsidiária.
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao
devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor
não tenha formulado pedido alternativo.
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do
posterior, quando não acolher o anterior. Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido,
alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
A cumulação de pedidos sempre exige que haja: (i) compatibilidade entre os pedidos; (ii)
competência absoluta do juízo para apreciar ambos os pedidos; e (iii) identidade de procedimentos (art.
327).
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda
que entre eles não haja conexão. § 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: I - os pedidos
sejam compatíveis entre si; II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - seja adequado para
todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de
procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do
emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um
ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
Finalmente, o autor poderá ampliar ou alterar o pedido ou a causa de pedir. Caso o réu não tenha sido
citado ainda, o autor poderá modificar seu pedido ou sua causa de pedir livremente. Agora, caso o réu já
tenha sido citado, a ampliação ou alteração dos limites objetivos da demanda dependerá de sua anuência (art.
329). De qualquer maneira, essas alterações só podem acontecer até o saneamento do processo, quando
então haverá a estabilização da demanda, no que se refere às partes, ao pedido, ao objeto da instrução futura.
Art. 329. O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independentemente de consentimento do réu; II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e
a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de
manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir.

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