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INTRODUÇÃO
Estou relendo o livro O BABUÍNO DE MADAME BLAVASTKY do autor britânico Peter
Washington, interessante narrativa que descreve a história de místicos e médiuns, a origem
da teosofia e a popularização do Guru ocidental. Ao tratar das origens da teosofia, o autor
tenta explicar como o século 19 juntou o pensamento oriental com inúmeras vertentes
ocidentais resultando na “salada mista” de segmentos esotéricos da atualidade. Peter
Washington mostra os bastidores do desenvolvimento das correntes místicas originadas nos
Estados Unidos e na Europa em meados do século 19, denunciando tramas relacionadas a
sexo, dinheiro e fraude entre gurus que pregavam castidade, desapego e integridade. Mas
também consegue penetrar com profundidade no universo conceitual de diversas correntes
do pensamento místico do Ocidente, com um surpreendente talento para lidar com as
ambiguidades humanas. Se esse mergulho traz uma desconfortável transparência para
muitas dessas instituições, comprova também, sem apelos irracionais ou místicos, que os
homens têm profundas necessidades interiores a serem supridas.
Mas o que a insatisfação espiritual dessa época pedia, segundo Washington, “não era
exatamente novas doutrinas, mas sacerdotes carismáticos, que poderiam muitas vezes ser
substituídos por escritores e até por líderes políticos”. A busca de uma "chave para tudo",
mesmo que na forma de uma doutrina, teria de passar, necessariamente, por carismáticos
mestres espirituais. Sobre isso, o autor de O Babuíno de Madame Blavatsky faz uma citação
interessante: "Talvez esta seja a definição de carisma: que cada pessoa pode tão facilmente
revestir seu objeto com seus próprios sonhos". Estava aberto, assim, o caminho para o
surgimento do guru ocidental.
Nas minhas pesquisas e investigações de movimentos políticos, religiosos e científicos,
sempre considerei importante situar determinado dogma ou teoria na história. Uma
máxima recorrente é que sempre há um ambiente propício para que isso aconteça. Assim,
ao estudarmos a Teosofia e seu mundo de origem precisamos entender o tempo e porque
ela vingou como sociedade esotérica. Assim, precisamos entender o século 19.
A SOCIEDADE
A Sociedade Teosófica foi fundada em 1875 em Nova York, numa época em que
parecia que se havia chegado ao auge do enfraquecimento das instituições religiosas. Os
abusos de poder eclesiástico e as maquinações entre Igreja e Estado trouxeram para essas
instituições uma grande vulnerabilidade, com revoltas internas e dissidências explícitas,
expondo-as às críticas de ateus, liberais e radicais. Afirma Washington, "ia se tornando claro
que existia no Ocidente um enorme e duradouro apetite público por formas novas e exóticas
de crença religiosa, para suplementar e até mesmo substituir formas ortodoxas de
cristianismo".
O surgimento da Sociedade Teosófica fundada por Helena Petrovna Blavatsky, Coronel
Henry Olcott, William Quan Judge e outros trouxe o hinduísmo para o Ocidente ideias e
conceitos que pretendiam unificar ciência, religião e filosofia - mostrando propósitos
espirituais por trás dos fatos da ciência, além de dar uma profundidade espiritual à religião e
à filosofia. O místico Emmanuel Swedenborg (1688-1772) já havia tentado, na Suécia, um
caminho que fundia ciência e religião, com direito a visões de Jesus Cristo e a sonhos
reveladores. Outro antecessor da Teosofia, o suíço Franz Anton Mesmer (1735-1815), havia
A DOUTRINA
CONCLUSÃO
Em seu livro A Doutrina Secreta, Helena Blavatsky afirma que "não há nenhum bem ou
mal em si, como não há nem "elixir da vida" nem "elixir da morte", nem veneno em si. Tudo
está contido na única e mesma essência universal, dependendo os resultados do grau de
sua diferenciação e de suas várias correlações. O seu lado de luz produz vida, saúde, bem-
aventurança, paz divina, etc.; o lado de trevas traz morte, doenças, tristezas e conflitos.”.
Curiosamente, ela foi doente fisicamente durante quase toda a sua vida, fato agravado
nos seus últimos anos. Obesa, fumante inveterada e usuária de haxixe, HPB faleceu em
1891, aos 59 anos de idade vítima de uma grave epidemia de gripe.
Dionildo Dantas