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Poder Judiciário

Estado de Mato Grosso


Comarca de Várzea Grande
Juizado Especial Criminal de Várzea Grande

Programa Justiça em Estações Terapêuticas e Preventivas

AUTORIA: Zelita Oliveira Ribeiro


Psicóloga-CRP 18/00189- MT

Equipe Técnica:
ISOLDE MOREIRA DE MATOS SOUZA – Psicóloga
JULIANY SANTOS FERREIRA – Assistente Social
JAQUELINE AUXILIADORA DE FIGUEIREDO – Assistente Social
JOVANY APARECIDA PINHEIRO BARRETO – Psicóloga
MARICELLI ALONSO BUSTAMANTE – Assistente Social
MARILENA RUDY – Assistente Social
MIRVANA SPINOLA BARBOSA - Psicóloga
ZELITA OLIVEIRA RIBEIRO - Psicóloga
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Várzea Grande- MT
Outubro, 2014

1- INTRODUÇAO

A utilização de drogas tem se tornado uma situação corriqueira que assola a


sociedade atual, não se restringindo apenas há alguns grupos, mas vem se expandindo
progressivamente em todas as faixas etárias, níveis e classes sociais, essa prática,
freqüentemente, está correlacionada com aumento da incidência da criminalidade.
Apesar de todas as tentativas de reverter a situação, principalmente com o uso
da repressão pelo sistema jurídico, tais tentativas se mostraram ineficazes para a
solução do problema em questão.
A Lei 10.216/01 prevê o tratamento de pessoas com perturbações, dentre
elas, as decorrentes do uso de substancias químicas. A nossa legislação vigente ( Lei
11.343/2006 e Lei 9.099/95) instituem políticas apropriadas às ocorrências de crime
de menor potencial ofensivo, para a sociedade, porém reconhecemos que não há
um aparato público-social sustentável, para tratar dessa temática e isso é uma das
causas do agravamento de condutas dos envolvidos.
O processo judicial não basta para uma mudança comportamental dos
dependentes químicos envolvidos em processo criminal, pois a conduta desses
usuários também passa pela situação cultural e social, sendo assim, é nesse contexto
que surge uma nova proposta, o conceito de “Justiça Terapêutica “, a qual pode ser
compreendida como um conjunto de medidas que visam aumentar a possibilidade
de que infratores usuários e dependentes de drogas (lícitas e ilícitas) permaneçam em
tratamento, modificando seus anteriores comportamentos delituosos, para
comportamentos socialmente adequados.
O conceito de justiça engloba os aspectos do direito, legais e sociais, enquanto
o termo terapêutica, relativo à ciência médica, define tratamento e reabilitação de
uma situação patológica.
Assim sendo, a nomenclatura Justiça Terapêutica consagra altos princípios do
direito na inter-relação do Estado e do cidadão, na busca da solução não só do
conflito com a lei, mas conjugadamente dos problemas sociais de indivíduos e da
coletividade, nas doenças relacionadas ao consumo de drogas.
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Essa é uma forma inovadora que promotores de justiça e juízes, juntamente com
profissionais da área da psicologia e assistência social, dispõem para
enfrentarem um velho problema: o que fazer com as pessoas que praticam
pequenos delitos onde haja envolvimento e a dependência de drogas.
O Objetivo do presente Programa Justiça Terapêutica é propor resolução a
dois problemas que precisam ser enfrentados simultaneamente: a infração à lei e
uma enfermidade, decorrente de dependência química.
Logo, são questões que levam tempo para apresentarem o resultado desejado, além de
que requerem vontade por parte do usuário e incentivo de sua família.
A justiça terapêutica é novo paradigma para o enfoque e enfrentamento da
problemática das drogas.

2- JUSTIFICATIVA

O projeto Justiça Terapêutica, nova proposta de alternativa penal, nascida nos


Estados Unidos da América na década de 80 e adotada em alguns estados
brasileiros, consiste em um conjunto de medidas voltadas para dependentes
químicos, para evitar a aplicação de uma pena privativa de liberdade e possibilitar a
melhor reeducação e integração na sociedade.
No Brasil, a proposta de cumprimento da legislação penal de forma
harmônica, com medidas sociais e de tratamento às pessoas que praticam crimes, nos
quais o elemento droga esteja presente,encontra-se sob o beneficio de ação e campo
denominado justiça terapêutica.
Portanto a justiça terapêutica representa um novo paradigma para enfoque e
enfrentamento da violência, bem como da criminalidade relacionada direta ou
indiretamente ao uso, abuso e dependência de drogas.
Em função desse motivo a Juíza Dra. Amini Haddad Campos, responsável
pelo Juizado Especial Criminal de Várzea Grande, elaborou e lançou o PROJETO
JUSTIÇA EM ESTAÇÕES TERAPEUTICAS E PREVENTIVAS, que têm como
objetivo prestar assistência aos dependentes químicos e seu núcleo familiar.
Para implantação desse projeto, foi firmado uma parceria entre o Tribunal Justiça
do Estado de MT, UNIVAG e Prefeitura de Várzea Grande.
O Projeto Justiça em Estações Terapêuticas e Preventivas, foi implantado em abril
de 2014, desde então vem sendo desenvolvido no campus da UNIVAG atividades
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como:audiências preliminares, audiências coletivas, atendimento individualizado com


aplicação de entrevista de anamnese aos dependentes químicos ou familiares, reunião
de grupo com dependentes químicos, reunião de grupo com familiares de dependentes
químicos, encaminhamentos à clinica-escola da UNIVAG, Caps –Transtorno Mental e
Caps-AD, visitas institucionais e visitas domiciliares etc.
Para execução desse trabalho foram credenciados especialistas da área de
saúde, sendo quatro psicólogas e quatro assistentes sociais.
Também ficou estabelecido bem o envolvimento dos estagiários do curso de
serviço social, bem como de psicólogos da graduação do Centro Universitário
UNIVAG.
Estão inseridos também na execução desse programa os acadêmicos dos
cursos de direito, psicologia e serviço social, que após audiências coletivas participam
da aplicação da entrevista breve, junto aos usuários e seus familiares.
Os acadêmicos dos cursos de farmácia, medicina, odontologia, enfermagem,
fisioterapia, nutrição, administração, bem como a clinica de psicologia já vêm
atendendo aos dependentes químicos encaminhados pela equipe técnica do
programa.
Ainda busca-se credenciar O Programa Justiça Terapêutica junto à Secretaria
de Educação do município de Várzea Grande, para ofertar sala do EJA ( Educação
de Jovens e Adultos), para atendimento dos nossos beneficiários, pois queremos
motivá-los na conclusão de seus estudos, e assim estaremos inserindo-os na
sociedade.
De igual forma, busca-se parcerias com SENAI, para ofertar cursos
profissionalizantes e de qualificação aos nossos beneficiários.
Seremos facilitadores na formação profissional dos mesmos, dando um novo
sentido à vida dos atendidos.
A nossa meta é atender os dependência químicos e seus familiares,numa visão
biopsicossocial, numa assistência holística dos casos encaminhados.

3- OBJETIVO GERAL:

O Programa Justiça Terapêutica tem como objetivo principal oferecer tratamento


ao infrator usuário/abusador/dependente de drogas que tenha cometido um crime, bem
como a família deste.
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4- OBJETIVOS ESPECÌFICOS:

 Romper o binômio droga-crime, diminuir a reincidência criminal e reduzir a


criminalidade

 Promover bem estar físico e mental dos infratores usuários de drogas

 Incentivar as políticas de saúde, através de encaminhamentos aos tratamentos de


saúde nas redes públicas e nas redes privadas, com intuito de visualizar o ser
humano em seu todo,buscando o equilíbrio biopsicossocial

 Credenciar uma unidade junto à Secretaria de Educação do Município de Várzea


Grande, para criar uma sala para do EJA ( alfabetização/formação) dos voluntários
envolvidos em atendimentos

 Diminuir o comportamento recorrente do uso de drogas, com conseqüente redução


de criminalidade

 Reeducar e reintegrar socialmente o dependente químico, de maneira que ele


perca a vontade delitiva e passe a contribuir para a realização da paz social.

 Reinserção dos dependentes químicos e seus familiares em programas socais e


culturais, conforme a necessidade de cada caso

 Acompanhar junto às Instituições, o fluxo dos encaminhamentos, da freqüência ou


adesão do usuário ao serviço.

 Fiscalizar e monitorar o trabalho da coordenação da clínica da Escola da Univag e


das Instituições Parceiras, do Programa Justiça Terapêuticas para dependentes
químicos no município de Várzea Grande .
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 Acompanhar junto às Instituições e comunidades terapêuticas conveniadas com o


município de Várzea Grande, o fluxo dos encaminhamentos, da freqüência ou
adesão do usuário ao serviço
 Convidar palestrantes os Programas Amor Exigente, Narcótico Anônimo e CVV
(Centro de Valorização da Vida) para participar das Audiências Coletivas.
 Buscar parceria com a secretaria de Habitação do município de Várzea Grande, para
facilitar a aquisição da casa própria para os usuários do programa.
 Manter contato com a secretaria de saúde, secretaria de assistência social do
Município de Várzea Grande, para efetivação e divulgação do programa.
 Buscar parceria junto ao SENAI, para ofertar cursos profissionalizante aos
beneficiários do Programa Justiça em Estação Terapêutica.

5- METOLOGIA:

O presente Programa Justiça Terapêutica, está sendo desenvolvido pela equipe


técnica, com o apoio institucional da Univag e Prefeitura de Várzea Grande. As
atividades acontecem no JECRIM, localizado no campus do UNIVAG na cidade de
Várzea Grande-MT.

As atividades desenvolvidas são: observações, pontuações nos atendimentos


individualizados e grupal com os dependentes químicos e seus familiares.

Os dependentes químicos indiciados em processo criminal, por uso indevido de


drogas, deve participar das Audiências Preliminares e audiências coletivas. É
indispensável que o dependente químico assine o termo de inserção ao programa,
para evitar aplicação de pena privativa de liberdade e também, para possibilitar uma
melhor reeducação, reintegração e tratamento.

A equipe técnica, composta pela presença de uma psicóloga e uma assistente


social, ficará em regime de plantão uma vez por semana, para atender aos casos de
urgência e emergência, casos de demanda espontânea, que por ventura venham surgir
na unidade do JECRIM. São utilizados os seguintes instrumentos: Entrevistas de
Anamneses, entrevistas breves, relatórios, encaminhamentos visitas domiciliares e
visitas técnicas/institucionais, dinâmicas de grupos e palestras.
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Metodologia de Funcionamento dos Grupos Operativos:

 O grupo Operativo está dividido em três módulos, o primeiro módulo é grupo de


acolhimento, o segundo módulo é o grupo de intervenção terapêutica e o terceiro
módulo é o grupo de conclusão. Cada beneficiário deverá participar da reunião dos
três grupos.

 As reuniões acontecem uma vez por mês, na última quinta-feira do mês, no horário
das 14:00 hs, e realizam-se no auditório do Núcleo de Práticas Jurídicas e demais
salas classificadas como sala 1 e sala 2. Todas as reuniões acontecem de forma
simultânea.
 Os beneficiários no cumprimento das medidas sócio-educativas, devem participar
das três reuniões de grupo. Uma por mês, até concluir o período de 3 meses.

1ª Fase :

Grupo de Acolhimento

Os beneficiários encaminhados ao JECRIM, após aceitarem a intervenção


terapêutica em audiência preliminar, são inicialmente atendidos pela equipe do
NUPS e encaminhados ao Grupo de Acolhimento. Esse é coordenado pelas
assistentes sociais e estagiários.

O Grupo de acolhimento tem por finalidade:

*Acolher, envolver, esclarecer, orientar e encaminhar os beneficiários para adesão


ao tratamento, no cumprimento das medidas sócio-educativas

*Trabalhar a ansiedade resultante do procedimento judicial.

*Fornecer informações básicas com apresentação da rede de atendimentos e


encaminhamentos

*Fornecer informações básicas sobre o papel da equipe técnica e a proposta do


Programa, dando início ao vínculo entre o beneficiário e os profissionais da equipe.
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*Iniciar um trabalho motivacional para uma melhor inserção no programa,e um


possível tratamento.

2ª Fase

Grupo de Intervenção ou Avaliação de Auto-conhecimento:

Este grupo é coordenado por duas psicólogas e estagiários

Nas reuniões deste grupo, buscamos identificar o contexto sócio-econômico do


beneficiário, suas relações familiares, os aspectos relacionados ao uso de drogas e as
repercussões na sua vida e na vida de sua família, e suas carências afetivas.

As estratégias de intervenção são construídas mediante uma reflexão crítica


com esse beneficiário, sobre o seu papel na família, na sociedade, seus direitos e
deveres, seu compromisso consigo mesmo, com a justiça e a coletividade.

Cabe aos Psicólogos, utilizar dos intrumentos de dinâmica de grupo, recursos


áudio-visuais para elaboração de palestra direcional, que retrata a problemática das
drogas. O nosso objetivo é avaliar de forma mais específica e profunda sobre as
motivações individuais que levaram o beneficiário ao uso de droga, procurando
identificar o grau de comprometimento da dependência química, a droga de escolha.

Esses são recursos utilizados para promover intervenção no comportamento do


beneficiário, e de fato, esperamos que os mesmos percebam um novo sentido de
vida.

3 ° FASE

Grupo de Conclusão : Este grupo é coordenado por duas psicólogas e estagiárias.

O objetivo desse grupo é promover reflexão entre os beneficiários, com intuito


de se conhecerem, bem como, se informarem sobre os grupos anteriores;

Pensar em construir estratégias que, possibilitem alcançar mudanças em suas


vidas;
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Sensibilizar os beneficiários a pensar em suas “vidas hoje”, onde eles elejam


uma meta que gostariam de alcançar;

Possibilitar aos beneficiários, estratégias de planejamentos e prioridades para


suas vidas.

4º FASE – Grupo de Amor Exigente – Auxilia as Famílias no processo da Co-


Dependência

Acontece uma vez por semana, todas sextas, às 15:00 horas. Os encontros se
realizam no auditório do Núcleo de práticas jurídicas do UNIVAG.

O objetivo do grupo, é oferecer suporte para as famílias no processo de


transformação da dinâmica familiar, onde membros possam refletir seu lugar, seu papel
na co-dependência, nos casos de adicção de seus filhos.

Esse grupo é um espaço que oferece esclarecimentos sobre a questão da co-


dependência entre familiares. Oferece também esclarecimentos sobre Programa Justiça
Terapêutica. Trocas de experiências entre os participantes. Promove implicação das
famílias no tratamento dos beneficiários.

5° FASE

Fiscalização do Cumprimento da Medida Terapêutica:

*Atendimento Individual: É realizado através da aplicação das entrevistas de anamnese


dos casos de demanda espontânea e emergência. Visitas domiciliares e
encaminhamentos.

Cabe a equipe técnica, acompanhar e controlar a frequência do tratamento dos


beneficiários atendidos dentro do programa e ainda receber os relatórios periódicos das
entidades conveniadas, nas quais devem constar os comparecimentos e os benefícios
atingidos. Essas informações são importantes durante todo o período de cumprimento
da medida, que deve periodicamente ser transmitidas ao juiz competente.
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Ao término do cumprimento da medida, a equipe técnica deve confeccionar um


relatório final, considerando as estratégias de intervenção utilizadas e repercussões do

FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

A prática criminosa é um vício que devasta a sociedade e um dos problemas


mais graves da atualidade.

Durante muitos anos se vem buscando soluções para conter essa crescente
violência, seja na deturpação de valores sociais ou no próprio instinto humano, e o
resultado de tantas teorias leva à conclusão de que a criminalidade não pode ser
radicada.

Contudo, mesmo que não se possa excluir este vício social, ele pode ser
amenizado, pode ser tratado com medidas eficazes.

Todavia, medida eficaz não é sinônimo de medida severa. Eficaz é a medida que
além de servir de exemplo e de ressarcir a vítima, produzindo o sentimento de justiça,
reeduca e integra o criminoso, de maneira que ele perca a vontade delitiva e passe a
contribuir para a realização da paz social.

Historicamente, o sistema jurídico brasileiro sempre trabalhou na repressão.


Grande parte da doutrina atual sustenta que o sistema prisional está falido, ou seja
deixou de atingir às suas finalidades reeducativa preventiva, ressocializadora e
retributiva.

No Brasil, a proposta onde a legislação seja cumprida harmonicamente com


medidas sociais e tratamento às pessoas que praticam crimes onde o componente
“drogas” está presente, esse olhar mais humanizado do dependente químico, se
chama Justiça Terapêutica.

A Justiça Terapêutica tem como objetivo um conjunto de medidas que


possibilita tratamento aos dependentes químicos ( que em razão do vício também é
levado a cometer crimes), para evitar que os mesmos sofram pena privativa de
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liberdade, modificando comportamentos delituosos para comportamentos socialmente


adequados.

A Justiça Terapêutica tem sua base de sustentação sobre o princípio da


dignidade da pessoa humana e sobre os direitos à vida e à saúde.

A Justiça Terapêutica apresenta um novo caminho para a operacionalização do


direito penal de uma forma mais humanitária e benéfica, tanta para o imputado quanto
para a sociedade em geral.

A partir do ano de 2000, foi implantado o Projeto Justiça pelo poder judiciário do
estado do Rio Grande do Sul, que veio contribuir para o esgotamento dos problemas
sociais causados pela droga, dentro dos parâmetros possíveis ao cumprimento das
medidas sociais de tratamentos terapêuticos em harmonia com a legislação vigente.

Para realização deste programa, contamos com a integração multidisciplinar de


profissionais do Poder Judiciário, através da atuação conjunta do magistrado, do
Promotor de Justiça, de Advogados, de Defensores Públicos, bem como dos
profissionais da área de saúde e de outras áreas, objetivando promover o bem estar
físico e mental do infrator, através de acompanhamento e tratamento biopsicossocial ,
bem como, conscientização da sociedade em geral para o direito à cidadania.

RESULTADOS ESPERADO:

Esperamos com este Programa :

 Dar um atendimento individualizado e grupal para os dependentes químicos,


que respondem processo no Juizado Criminal, para que possam ser atendidos em
suas necessidades e receber os devidos encaminhamentos para o seu tratamento.

 Oferecer um atendimento semanal para as famílias dos dependentes químicos,


para que estas sinalizem suas necessidades e recebam apoio quanto ao seu
tratamento.

 Implantar oficina terapêutica uma vez por ano. Sendo assim, para este ano, será
realizada no mês de outubro, precisamente no dia 20, numa quinta-feira, no período
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matutino. Com essa ação iremos envolver a gerência de Ciências da Saúde, a


coordenação do curso de Educação Física e Pedagogia do UNIVAG, equipe
técnica do CAPS-AD, equipe técnica do JECRIM e palestrantes. Essa atividade
será realizada nos bairros de maior índice de criminalidade e também nos bairros
com maior índice de usuários de drogas.

 Elaborar um folder para divulgar o Programa Justiça Terapêutica para


comunidade/sociedade.
 Implantar “Oficina bela arte” envolvendo parceria com projeto Flauta doce, SESC
Arsenal, Fundação Julio Campos e Artistas regionais;
 Criar um blog para divulgar o Programa Justiça Terapêutica e ter a participação a
nível nacional de pessoas interessadas no assunto.
 Construir um perfil no facebook, é de vital importância para divulgar o Programa
Justiça Terapêutica e Preventiva para Dependentes Químicos no Estado de Mato
Grosso.
 Solicitar reunião e dados estatísticos da demanda atendida pelas seguintes : CAPS,
CAPS- AD, CREAS, CRAS, Conselho Tutelar, Conselho do Idoso, Casa de
Amparo, Vara da Infância e Adolescência, Vara da Violência Doméstica, postos de
saúde, policlínicas, casa da Mãe Joana, Lar Dona Bebé, etc;
 Buscar parceria com SESI, SENAI, SENAT, em cursos profissionalizantes, para
serem ofertados aos usuários do Programa Justiça em Estações Terapêuticas e
Preventivas;
 Buscar parceria no CIEE e USA, para encaminhamento dos usuários ao primeiro
emprego.
 Convidar os coordenadores das Instituições parceiras, para reunião com a Juíza no
Juizado Especial Criminal, no intuito de conhecer o programa Justiça Terapêutica e
Preventiva, bem como, a equipe técnica.
 Reduzir o custo social, por ser a atenção à saúde menos cara e mais efetiva que
o simples encarceramento. O encarceramento não recupera, não trata, não
promove reinserção social, muito pelo contrário.

 Oferecer ao beneficiário a possibilidade de receber atendimento profissional


especializado, aumentando a possibilidade de se romper o binômio droga e crime.
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CONCLUSÃO

O Programa de Justiça em Estações Terapêuticas e Preventivas é um novo


paradigma para o enfoque e o enfrentamento da problemática das drogas em nosso país,
particularmente no aspecto relativo ao binômio drogas – crimes, ou seja, quando o
cometimento de um delito está relacionado ao consumo de drogas lícitas ou ilícitas, a
partir da constatação de que o uso e/ou dependência de drogas é fator predisponente
para uma gama específica de práticas delituosas.
O Programa adota como principal premissa o Princípio da Atenção Integral, ou
seja, olhar para o infrator e enxergar, além do conflito com a lei, as causas desse
problema e, em especial, o problema de saúde, que é a causa da conduta infracional.
O Programa de Justiça Terapêutica e Preventiva tem o compromisso com o
tratamento da dependência química, que dará ao infrator/paciente, as habilidades e as
condições de estabilizar a evolução de sua enfermidade, adquirindo assim melhor
qualidade de vida, deixando inclusive de delinqüir. Portanto, o principal objetivo do
Programa de Justiça Terapêutica é evitar que a prisão aconteça, quando a pessoa que
apresenta um comportamento (uso de drogas) ou uma enfermidade (dependência
química) que levam a delinquir, necessita de orientação, aconselhamento e tratamento.
Assim surge como uma nova solução para um velho e grave problema social, o
binômio drogas/crimes, que é a problemática que envolve usuários/dependentes de
drogas que cometeram um delito de menor potencial ofensivo. Assim sendo, um dos
benefícios do Projeto Justiça Terapêutica é a redução significativa no uso de drogas;
redução no cometimento de atos infracionais; Melhora na escolaridade, relações
familiares, saúde e capacitação profissional; Melhora nas habilidades parentais.
Muito além da resolução de conflitos, o Programa de Justiça Terapêutica é
considerado uma forma de pena alternativa, pois promove, além da resolução do
problema (o uso/dependência de drogas que leva à conduta delituosa), a implementação
da Justiça lato sensu: não encarcerar um indivíduo que necessite de tratamento. Além
disso, é uma medida de tratamento e é também uma medida sócio-educativa, quando
utilizada no âmbito da infância e juventude, no caso das crianças e adolescentes,
podendo seus princípios ser adotados também em sede de execução penal,
estabelecendo para o apenado-dependente o ingresso em programas de tratamento como
condição para qualquer benefício no curso do cumprimento da pena.
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Concluímos que a solução mais fácil, é processar e prender um infrator usuário


de drogas que tenha cometido um delito de menor potencial ofensivo ou arquivar o seu
processo. Oferecer a este infrator, a possibilidade de aprender sobre os prejuízos
causados pelo uso de drogas e, quando aplicável, ser tratado para a sua enfermidade.

Referências bibliográficas

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Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. Brasília, 12 de
julho de 2001.
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usuário. Disponível em: http://www.oabsp.org.br/noticias/2006/12/07/3962/ Acessado
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