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Processamento Sensorial e

Regulação

Isabella Montalvão
Quem sou eu?
Isabella Montalvão
• Graduanda em Psicologia pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás;
• Terapeuta DIR Floortime em Formação;
• Especializanda em Transtorno do
Espectro Autista;
• Experiência com crianças com atraso no
neurodesenvolvimento e atuação com
intervenção precoce, supervisionada
pela Mrs. Maria Paula Chaim;
• Estagiária de Psicologia clínica no
Caminhando pela Infância.
O D.I.R.®/ Floortime™

Diferenças
Individuais

Desenvolvimento
Relacionamento
Funcional

• Diferenças Individuais – A forma com que a criança recebe e responde as


sensações e compreende sensações (perfil sensório-motor).
• Temos como objetivo a formação dos alicerces para as competências
sociais, emocionais e intelectuais das crianças, ao invés de focar em
comportamentos isolados.
Pirâmide de aprendizado –
Williams e Shellembergeer
Regulação

• Regulação refere-se a "capacidade de


controlar a natureza e a intensidade das
próprias respostas, regulando os níveis
de excitação, atenção, afeto e ação.”
(Dunn, 2007; Williamson and Anzalone,
2001)
Autorregulação e Co-regulação

• Auto-regulação é a habilidade de atingir, manter e/ou mudar o estado de


alerta de forma apropriada a uma determinada atividade ou situação. A
auto-regulação envolve uma série de conexões neurológicas no cérebro,
incluindo tronco cerebral, formação reticular, hipotálamo, tálamo,
sistema nervoso autônomo, cerebelo, sistema límbico e todos os
sistemas sensoriais incluindo o sistema vestibular e o córtex.
• Os cuidadores são os co-reguladores dos bebês e das crianças que
apresentam alterações no processamento sensorial.
• A auto-regulação é a habilidade para atuar conforme a demanda, iniciar
e finalizar atividades, brincadeiras, modular ações verbais e motoras.
• É um processo contínuo: capacidade de se adaptar nas rotinas diárias,
permanecer organizado durante as atividades, consegue dividir atenção
entre duas ou mais tarefas, capacidade de demonstrar interesse pelo
mundo a sua volta.
Autorregulação e Co-regulação
Processamento Sensorial

• Modulação sensorial: como o


• O sistema sensorial se desenvolve sistema sensorial reage à
durante toda a vida. É influenciado estimulação.
pelo ambiente e pelas próprias
experiências. • Existem muitos erros de
• Começa desde a gestação, onde o bebê interpretação quando não se
sente o ambiente do útero, o líquido conhece o sistema sensorial,
amniótico, os movimentos, a podendo até o interpretar
respiração, os batimentos cardíacos da psicologicamente. Devemos nos
mãe... atentar a questões
comportamentais, mas não nos
• Depois do nascimento, o bebê recebe esquecermos das questões
todos os estímulos e começa a sensoriais, principalmente em
processar essas informações. nossas crianças com problemas
regulatórios ou no
desenvolvimento.
STANLEY I. GREENSPAN (2006)
Processamento Sensorial

• O sistema nervoso recebe as informações do ambiente e se prepara para


responder;
• Planejar e executar movimentos intencionais no espaço;
• Desenvolver a percepção de nós mesmos e de nosso meio ambiente;
• Desenvolver discriminação e controle de nossos movimentos;
• Desenvolver e manter um nível de excitação ideal;
• As informações recebidas são registradas, discriminadas, categorizadas e
julgadas;
• O sistema nervoso tem que reagir rapidamente e de forma adequada,
incluindo: lutar ou fugir;
• Se o registro sensorial é problemático, a variação de humor e reações
exageradas também aparecerão com frequência.
Modulação Sensorial

A Modulação é uma • Modulação Sensorial é a habilidade do Sistema


Nervoso Central de ajustar a intensidade e a
função crítica, pois duração de um determinado estímulo ou de
funciona como um múltiplas sensações.
“filtro”, um “volume”, que • Quando recebemos um estímulo tátil, nosso cérebro
regula essa informação precisa registrar e perceber essa sensação que
deixando “entrar” ou chega pelos receptores da pele e enviá-la às partes
não… inibindo as
superiores do Cérebro.
sensações que não são • A modulação nos mantem atentos aos estímulos
que são relevantes e “diminuindo” a intensidade
relevantes naquele dos estímulos irrelevantes. Essa Modulação nos
momento, coordenando ajuda a manter o Alerta e a atenção naquilo que
processos de excitação e precisamos no dia a dia.
inibição celular. • A reação às sensações, ao toque por exemplo,
dependerá da Modulação individual de cada um.
Estímulos Sensoriais
Estímulos externos Estímulos internos

Proprioceptivo: É o sentido
Visão responsável pela noção corporal, pela
sensação da posição do corpo (de pé,
deitado etc.) e de movimento, pela
identificação da localização de cada
Audição parte do corpo em relação as outras
partes do corpo. O processamento
proprioceptivo é ativado por
receptores presentes nos músculos e
tendões.
Gustativo
Vestibular: Sentido responsável pelo
equilíbrio, tem influência sobre o
Olfativo tônus e o movimento do corpo no
espaço.

Tátil
Sistema Interoceptivo

Interoceptivos

É o sistema que nos oferece informações do que está acontecendo no nosso corpo e os conecta
com as emoções (fome, sede, controle esfincteriano, cansaço, stress, irritação, etc).
Se a pessoa não tiver consciência interoceptiva, ela irá apresentar dificuldades em fazer a
conexão entre suas sensações corporais e suas emoções, desafiando o reconhecimento de suas
emoções.
Processamento Sensorial
no TEA

• O quadro clínico das crianças com transtorno do espectro do


autismo (TEA) é caracterizado por déficits de interação social e
comunicação, bem como por interesses e atividades repetitivos, de
acordo com os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais, 5a Edição (DSM-5).
• As alterações e prejuízos no processamento sensorial são
características muito frequentes neste diagnóstico.
• A disfunção sensorial está provavelmente relacionada a uma
modulação prejudicada que ocorre no sistema nervoso central, que
regula as mensagens neurais com relação a estímulos sensoriais.
Problemas no
Processamento Sensorial
• Problemas no sistema sensorial se manifestam no nosso dia a
dia: na execução das atividades da vida diária (AVD) ou no
funcionamento de processos cognitivos. A percepção das
pessoas com disfunções sensoriais é diferente da nossa. E essa
diferença se deve à disfunção neurológica.
UMA PESSOA COM AUTISMO
ESSAS ALTERAÇÕES PODEM INFLUENCIAR
COSTUMA TER UMA DESORDEM
NEGATIVAMENTE SOBRE A APRENDIZAGEM, PORQUE
NO PROCESSAMENTO E
É PRECISO SE SENTIR BEM, SE SENTIR SEGURO E TER
INTERPRETAÇÃO DOS
CAPACIDADE DE FOCO E ATENÇÃO PARA ESTE
ESTÍMULOS, DOS OBJETOS E DOS
PROCESSO. ASSIM TAMBÉM PODEM SURGIR
FATOS.
COMPORTAMENTOS INADEQUADOS, MEDOS,
POR ISSO ELA PODE PERCEBER O
CHOROS, BIRRAS, POIS ESTA CRIANÇA PODE NÃO
MUNDO COMO CONFUSO,
ENTENDER O QUE O MUNDO ESTÁ COMUNICANDO.
CAÓTICO, INSEGURO.
As disfunções sensoriais
possíveis em pessoas autistas

Hiperresponsivo Hiporresponsivo Buscador

• Essa pessoa registra e • Essa pessoa tem baixo • A pessoa é uma


sente os estímulos de registro dos estímulos; buscadora de tal
forma muito intensa; • São pessoas que estímulo.
• O mínimo de precisam de uma
estímulos já a lota. intensidade maior do
estímulo para registrar
e discriminar.
As disfunções sensoriais
possíveis em pessoas autistas

Hiperresponsivo Hiporresponsivo
• Seletivo com a comida; • Leva objetos na boca/lambe;
• Sensível ao toque; • Mastiga coisas não comestíveis;
• Sensível a barulho; • Tolerância à dor extremamente alta;
• Supersensível a dor; • Dificuldade no controle dos esfíncteres;
• Odeia etiquetas; • Não sente fome;
• Resistência com texturas; • Não sabem quando estão cheios depois de
• Reações intensas à fome ou necessidade de comer;
usar o banheiro; • Pode não reagir ao quente ou frio;
• Lutas com foco e atenção (porque estão • Trombam nos móveis e objetos;
preocupados com outros estímulos); • Procura barulhos altos;
• Ansiedade extrema sobre pequenos dilemas. • Busca olhar de perto imagens e telas;
• Dificuldade postural;
• Têm pouca ou muita força física;
• Busca constantemente sensações.
Sobrecarga Sensorial

A sobrecarga sensorial é um fenômeno frequente na vida de crianças com autismo. Estímulos em


demasia e em um curto espaço de tempo podem causar um “curto-circuito” sensorial.

Isso também pode acontecer se a criança é estimulada


continuamente por um longo período de tempo e o cérebro
não tem tempo de digerir todas essas sensações e
informações O sistema sensorial pode
“explodir” (em inglês,
meltdown) provocando um
bloqueio total na criança.
Às vezes acontece o contrário: em vez de “explodir”, o
sistema sensorial pode se “fechar” (em inglês, shutdown) e,
dessa forma, não absorve mais nenhum estímulo.
Sobrecarga Sensorial
Vídeo
Autismo problema sensorial e sobrecarga. - YouTube
Baixa Carga Sensorial

A baixa carga sensorial pode parecer menos grave do que a sobrecarga sensorial, mas
também tem consequências importantes para o desenvolvimento e para o bem-estar
da criança com alterações sensoriais.

Em consequência de baixa carga sensorial, o cérebro fica menos ativo; dessa


forma entram menos estímulos e o cérebro dá sinais mais fracos. Um cérebro
menos ativo significa menos aprendizagem, menos ocupação, menos
execução de atividades necessárias.
Disfunções Sensoriais

• Como sempre acontece no autismo, as duas características,


Hiposensibilidade e Hipersensibilidade, podem estar presentes em
uma mesma pessoa: hipo para alguns sentidos; hiper, para outros.
• Um exemplo disso é quando uma criança grita o tempo todo para
se autorregular (hiposensbilidade), mas não suporta quando outra
criança (hipersensibilidade).
Modulação das disfunções
sensoriais

• A modulação pode interferir diretamente no aprendizado da


criança.
• Devemos ajudá-las a compreender, lidar e dominar seus sistemas
sensoriais à medida que subimos a escada em termos de seu nível
emocional, social e capacidades intelectuais. Isso é o que
chamamos de níveis funcional, emocional e de desenvolvimento.

STANLEY I. GREENSPAN (2006)


“Como aprender a regular a
sensação”
2. Atentar a isso e ajudar
a criança a regular por
meio do envolvimento e
1. Reconhecer como sempre contrabalançar. 3. Deixar a criança sentir
funciona o sistema o poder de ter impacto
sensorial de uma criança. no mundo.

5. Ajudar a criança a
usar ideias e palavras
4. Envolver a criança na para dar voz ao seu 6. Por último, fazemos
resolução compartilhada sistema sensorial e ajustes por meio do que
de problemas sociais, alcançar uma maior chamamos de
onde ajudamos a compreensão, pensamento multicausal,
expandir o mundo combinando ideias, e pensamento comparativo
sensorial da criança. razões de como se sente. e reflexivo.

STANLEY I. GREENSPAN (2006)


Relação e Modulação
Sensorial

• Interações afetivas ajudam a criança a se autorregular quando está


em experiências sensoriais;

• Interações e experiências afetivas permitem a criança dar


significado aos eventos sensoriais.

STANLEY I. GREENSPAN (2006)


Relação e Regulação
Obrigada!
Dúvidas?
Referências

• Ben-Sasson, A., et. al. (2007). Extreme Sensory Modulation behaviors in toddlers
with autism spectrum disorders. American Journal of Occupational Therapy, 61,
584–592.
• Greenspan, S. (2006). How to become the master of your Sensory System,
Web‐based Radio Show- Bethesda, MD.
• Posar, A. Visconti, P. (2017). Sensory abnormalities in children with autism
spectrum disorder. J Pediatr (Rio J). 2018;94:342---50.

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