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CAMILA NAGY CORREIA

CONTRIBUIÇÕES DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA EM


TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19

Londrina
2021
CAMILA NAGY CORREIA

CONTRIBUIÇÕES DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA EM


TEMPOS DE PANDEMIAA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Estadual de Londrina - UEL, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Geografia

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Lopes Fonseca

Londrina
2021
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração
Automática do Sistema de Bibliotecas da UEL
C 183 Correia, Camila Nagy
Contribuições da Cartografia Temática em Tempos de Pandemia /
Camila Nagy Correia. – Londrina, 2021.
78 f. il.

Orientador: Ricardo Lopes Fonseca.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) –
Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Exatas, Graduação
em Geografia, 2021.
Inclui Bibliografia.

1. Cartografia Temática - TCC. 2. Geografia - TCC. 3. Covid-19 -


TCC. I. Lopes Fonseca, Ricardo Lopes Fonseca. II. Universidade Estadual de
Londrina. Centro de Ciências Exatas. Graduação em Geografia. III. Título.

CDU 91
CAMILA NAGY CORREIA

CONTRIBUIÇÕES DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA EM


TEMPOS DE PANDEMIA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Estadual de
Londrina - UEL, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Geografia.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Orientador Dr. Ricardo Lopes Fonseca


Universidade Estadual de Londrina - UEL

Prof. Ms. Ana Carolina dos Santos


Marques Universidade Estadual Paulista –
Presidente Prudente – UNESP-PP

Profa. Dra. Nathália Prado Rosolém


Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, _____de ___________de _____.


AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Orientador Ricardo, que contribuiu com o processo de


desenvolvimento deste trabalho desde o início com a escolha tema, sendo
sempre presente, disponível e compreensivo. Que ofereceu ideias, materiais de
apoio e o mais importante, seu tempo. Que me acompanhou do início da
graduação até o fim dela.

À banca avaliadora pelas contribuições, sugestões e correções,


contribuindo para o aprimoramento do trabalho.

Ao Prof. Ghizzo, parte fundamental da minha escolha pela


Geografia, que se mostrou sempre presente e disponível, pessoa que recorri
para a tomada de decisões difíceis durante a graduação, e até antes dela, no
ensino médio.

Á toda minha família, que com todos os seus esforços me


permitiram dedicação integral à graduação, o que posteriormente me abriu
oportunidades, e me deu persistência para alcançar os meus objetivos. Por todo
o apoio, presença, preocupação e compreensão nos momentos de dificuldade e
elaboração deste trabalho, ajudando e contribuindo imensamente de todas as
formas possíveis.

Ao meu grande amigo, confidente e companheiro Gabriel por


toda a ajuda, apoio e incentivo, estando sempre disponível para a troca ou
aprimoramento de ideias, promovendo maior confiança e inspiração na
continuidade e realização de atividades de maneira geral. Que compartilhou
inúmeros momentos e pensamentos presentes em todo o processo.

Á Cristina e família, por todo o apoio e auxilio durante o período


da graduação, ajudando de várias formas possíveis, sempre compreensivos,
acolhedores, ouvintes e conselheiros, fazendo toda diferença durante a
graduação.

Á toda equipe de trabalho do Siglon, da Prefeitura de Londrina,


especialmente minha colega de estágio Taynara, que por muitos momentos se
mostrou empenhada em ajudar com o tema e metodologias da pesquisa.
“As pessoas trabalham melhor quando
sabem qual é o objetivo e o porquê.”

Elon Musk
CORREIA, Camila Nagy. Contribuições da Cartografia Temática em Tempos
de Pandemia. 2021. 86 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado
em Geografia – Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina,
Londrina, 2021.

RESUMO

A partir da Cartografia desenvolvida com as tecnologias de um mundo


globalizado, os mapas apresentam uma parte importante para a sociedade
humana, se tornando mais acessíveis e interativos. O objetivo geral desta
pesquisa visa compreender como a Cartografia Temática pode auxiliar na
criação, leitura e interpretação das informações disponíveis sobre o coronavírus.
O uso do mapeamento na pandemia se tornou um grande aliado, por objetivar a
ideia de contribuir com a representação e atualização das informações para a
compreensão da população. Neste trabalho são apresentados dois principais
painéis que apresentam informações referentes aos casos de Covid-19 em
escala global. O site da Universidade de Johns Hopkins (JHU), para o
acompanhamento da disseminação do vírus, inspirou o desenvolvimento de
outros painéis, como o da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os respectivos
painéis são apresentados e descritos a fim de identificar os elementos
cartográficos presentes, e de contribuir com a representação de número de
casos, mortes, vacinas, além de sua espacialização geográfica no globo. A partir
de suas análises é possível identificar a importância das técnicas cartográficas
aplicadas, objetivando a comunicação como processo principal na construção do
mapa. Os mapas apresentam representações distintas, trabalhando com os
mesmos dados temáticos. A JHU que utiliza uma representação com o uso da
variável visual tamanho para indicar valores, e a OMS que utiliza a variável visual
cor, para indicar valor, ordem e diversidade. A análise cartográfica visa identificar
se as representações são adequadas e se utilizam elementos e variáveis visuais
condizente com as informações utilizadas, a partir das variáveis e elementos
apresentados por Bertin. Indicando a importância da escala de informações,
escala de visualização, interatividade, representação, classificação e
simbolização dos dados.

Palavras-chave: Representação-Cartográfica. Geografia. Dashboards. Coronavírus.


Covid-19.
CORREIA, Camila Nagy. Contributions from Thematic Cartography in Times of
Pandemic. 2021. 86 pages. Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado em
Geografia – Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina,
Londrina, 2021.

ABSTRACT

From Cartography developed with the technologies of a globalized world, maps


present an important part for human society, becoming more accessible and
interactive. The general objective of this research aims to understand how
Thematic Cartography can help in the creation, reading and interpretation of
available information about the coronavirus. The use of mapping in the pandemic
has become a great ally, as it aims at the idea of contributing to the representation
and updating of information for the understanding of the population. In this work,
two main dashboards are presented that present information regarding Covid-19
cases on a global scale. The Johns Hopkins University (JHU) website, for
monitoring the spread of the virus, inspired the development of other dashboards,
such as the World Health Organization (WHO). The respective dashboards are
presented and described in order to identify the cartographic elements present,
and to contribute to the representation of the number of cases, deaths, vaccines,
in addition to their geographic spatialization across the globe. From their analysis,
it is possible to identify the importance of applied cartographic techniques, aiming
at communication as the main process in the construction of the map. The maps
have different representations, working with the same thematic data. JHU, which
uses a representation using the visual variable size to indicate values, and WHO,
which uses the visual variable, color, to indicate value, order and diversity.
Cartographic analysis aims to identify whether the representations are adequate
and whether visual elements and variables are used, consistent with the
information used, based on the variables and elements presented by Bertin.
Indicating the importance of the information scale, visualization scale,
interactivity, representation, classification and symbolization of data.

Key-words: Cartographic-representation. Geography. Dashboards. Coronavirus.


Covid-19.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cópia (1475) do mapa T-O de Santo Isidoro, bispo de Sevilha –


Espanha .......................................................................................18
Figura 2 - Mapa Europa e Mediterrâneo, Atlas Catalão de Abraham Cresques
de 1375 ........................................................................................18
Figura 3 - Elementos do alfabeto Cartográfico e exemplos ...........................25
Figura 4 - Elementos da Teoria da informação ..............................................26
Figura 5 - Simplificação dos elementos que compõem o signo .....................30
Figura 6 - Exemplo de representação polissêmica........................................31
Figura 7 - As variáveis visuais (elaborado em 1973,1977) ............................33
Figura 8 - Elementos da Alfabetização Cartográfica......................................36
Figura 9 - Bases conceituais para a Cartografia............................................38
Figura 10 - Visualização como instrumento da visualização científica ..........39
Figura 11 - Mapa Temático de Distribuição de doenças de Johnston ............41
Figura 12 - Mapa 1 realizado por Valentine Seaman .....................................43
Figura 13 - Mapa 2 realizado por Valentine Seaman .....................................43
Figura 14 - Mapa Fantasma de John Snow ...................................................45
Figura 15 - Captura de tela do Painel Covid-19 da JHU ..............................58
Figura 16 - Captura de tela centrada na América do Sul, por JHU .................60
Figura 17 - Número total de casos de Covid-19, por JHU ..............................61
Figura 18 - Taxa de Incidência de casos de Covid-19, por JHU ..................62
Figura 19 - Taxa de incidência da casos fatais de Covid-19, por JHU .........63
Figura 20 - Doses administradas de vacina de Covid-19, por JHU ..............64
Figura 21 - Captura de tela do Painel Covid-19 da OMS .............................68
Figura 22 – Número total de casos de Covid-19 por OMS .............................69
Figura 23 - Captura de tela centrada no Brasil, por OMS ..............................70
Figura 24 - Casos com mudança nos últimos 7 dias, por OMS ......................71
Figura 25 - Número de mortes, por OMS ......................................................72
Figura 26 - Captura de tela: Classificação de transmissão ............................74
Figura 27 - Doses de vacinas de Covid-19 administradas, por OMS ...........75
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Características Cartografia Geral e Cartografia Temática ....21


Quadro 2 – Diferenças entre Cartografia Sistemática e Cartografia
Temática.................................................................................. 22
Quadro 3 - Principais temas presentes na Metaciência ..........................29
Quadro 4 - Elementos da Representação Gráfica ...................................32
Quadro 5 - As sete pandemias de cólera ................................................44
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACI Associação Cartográfica Internacional


CDC Centro de Controle de Prevenção de Doenças
Covid-19 Doença Corona Vírus 2019
CSSE Center Systems Science and Engineering - (Centro de Ciência
e Engenharia de Sistemas)
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ESRI Environmental Systems Research Institute - (Instituto de
Pesquisa de Sistemas Ambientais)
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
JHU Johns Hopkins University (Universidade Johns Hopkins)
OMS - WHO Organização Mundial da Saúde – World Health Organization
SARS-CoV-2 Síndrome Respiratória Aguda Grave 2
SIG - GIS Sistema de Informação Geográfica - Geographic Information
System
TI Tecnologia da Informação
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
2 CORPO TEÓRICO DA PESQUISA ......................................................................... 15
2.1 FUNDAMENTOS DA CARTOGRAFIA ........................................................................ 16
2.1.1 Evolução da Cartografia e Diversas Correntes Teóricas ............................. 16
2.1.2 Divisões da Cartografia ............................................................................... 20
2.2 CORRENTES METODOLÓGICAS DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA: LINGUAGEM E MODELOS
DE COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA ............................................................................ 24

2.2.1 Teoria da Informação .................................................................................. 25


2.2.2 Teoria da Modelização ................................................................................ 27
2.2.3 Teoria da Metaciência ................................................................................. 28
2.2.4 Semiologia Gráfica...................................................................................... 29
2.2.5 Teoria da Cognição ..................................................................................... 35
2.2.6 Teoria da Visualização ................................................................................ 37
2.3 MAPAS E EPIDEMIAS AO LONGO DA HISTÓRIA ....................................................... 39
2.3.1 O Histórico Mapa de Alexander Jhonston ................................................... 40
2.3.2 Febre Amarela e as Considerações do Dr. Seaman ................................... 42
2.3.3 Cólera e as Considerações do Dr. John Snow ............................................ 44
3 CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA .................................................................... 47
3.1 O USO DE GEOTECNOLOGIAS .............................................................................. 48
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: PARÂMETROS DE BUSCA E INSTRUMENTOS DE
ANÁLISE ................................................................................................................... 50
4 REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS A PARTIR DA PANDEMIA ............................... 53
4.1 DASHBOARD COVID-19 JHU ................................................................................ 54
4.2 PAINEL COVID-19 OMS ....................................................................................... 65
4.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS PAINÉIS COVID-19........................................ 78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 80
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 83
12

1 INTRODUÇÃO

A Geografia é uma ciência que permite compreender a constituição do espaço


geográfico e as relações nele presentes. No decorrer dos anos, foi sendo
sistematizada abrangendo diversas áreas do conhecimento, com suas áreas
específicas e instrumentos de análise. Junto a Cartografia desempenha um papel
fundamental para a compreensão do mundo como conhecemos. Técnicas
Cartográficas são aplicadas para diversas áreas do cotidiano, não apenas por
profissionais geógrafos, o que indica quão necessária ela se faz para a atualidade.
Conforme Rosolém (2015), a Geografia enquanto ciência se preocupa
profundamente com o estudo e a organização do espaço, onde o mapa é a ferramenta
central de investigação para constatar a representação de informações. A
espacialização das informações é muito utilizada a fim de promover estudos, análises,
visualizações e soluções de problemas. Com isso, o estudo da construção de mapas
é necessário a fim de produzir ferramentas que possam ser facilmente
compreendidas. O mapa deve então comunicar por meio visual, as informações nele
representadas.
Ainda de acordo com a autora, com o século XXI, a Cartografia objetivou a
comunicação, com o desenvolvimento de mapas didáticos que cumprissem às
necessidades dos usuários. As representações Cartográficas precisam ser objetivas
a ponto de o leitor identificar o que o mapa revela diante das informações
apresentadas. Os mapas são constituídos de ideologias, baseada em ideias e valores.
Enquanto o leitor compreender a interpretação de mapas e representações
cartográficas, será possível compreender a realidade.
Os mapas apresentam uma parte importante para a sociedade humana,
estando presentes ao longo de sua história. Com o desenvolvimento das tecnologias,
eles se tornam mais acessíveis e interativos. Os estudos a respeito das formas de
representação, auxiliam na determinação das melhores técnicas e metodologias a
serem adotadas conforme o objetivo da produção de mapas.
Rosolém (2015), apresenta que com as inovações tecnológicas e a preparação
qualificada de geógrafos, a Cartografia se constitui como uma ferramenta essencial
para as ciências geográficas. Visto que são fundamentais para a representação da
realidade contida no espaço geográfico, e as atividades e relações nele presentes.
13

Considerando o contexto atual de um mundo pandêmico, as representações


Cartográficas se fazem fundamentais. A pandemia da doença do coronavírus, teve
início em Wuhan, cidade localizada na China, em novembro de 2019. Desde então
alcançou outras regiões do globo, causando inúmeros casos e mortes. O vírus
responsável pela doença possui origem zoonótica, sendo também um dos fatores pelo
qual possibilitou sua disseminação tão rápida.
Frente a uma nova realidade, as diversas áreas do conhecimento científico
passam a desenvolver pesquisas, técnicas e metodologias a fim de controlar a
disseminação do vírus pelo mundo. Mocnik, et. al. (2020) indicam que as pandemias
possuem natureza geográfica, e se compreendem como ocorrências que podem ser
caracterizadas como espaciais, temporais e temáticas. Sendo uma infecção local que
atinge nível mundial, se estabelecendo como desafio em diversas questões. Seja na
sua compreensão, como na sua representação.
Com a pandemia, inúmeros mapas e representações cartográficas surgem a
fim de espacializar as informações que pouco a pouco foram sendo conhecidas e
apresentadas ao público. Nem sempre a escolha de métodos e técnicas é apropriada,
gerando mapas confusos e muitas vezes poluídos por cores ou informações. Com
isso, a Cartografia Temática ganha destaque a fim de promover mapas didáticos e
informativos. Além dos desafios causados à população, governos e profissionais da
saúde, o momento apresenta desafios referentes à visualização e representação
cartográfica do vírus.
Mocnik et. al. (2020) apresentam a existência de inúmeros sistemas capazes
de analisar e visualizar epidemias e pandemias. Onde a maior parte desses sistemas,
procura apresentar visualmente o número de casos de infecções e mortes. Mesmo
que, o mapeamento da Covid-19 não seja feito apenas para informar (o que é
importante), mas para criar estratégias de vigilância e controle da doença.
A Cartografia para o mapeamento de doenças não é criada a partir da Covid-
19, mas possui característica histórica, usada em outros momentos em que não se
conheciam as condições de proliferação e disseminação de doenças, como por
exemplo, a febre amarela e a cólera. Mas, por surgir em um contexto de mundo
globalizado e informatizado, a pandemia do coronavírus, historicamente, é a mais bem
monitorada e informada.
As tecnologias, ferramentas, softwares e programas existentes atualmente
permitem a compreensão de como a doença se desenvolveu e avançou alcançando
14

diferentes lugares do mundo. As publicações científicas, o acesso a informações e a


troca delas permite um trabalho conjunto com o objetivo de controlar a dispersão do
vírus e o número de casos. Com a nova atualidade, é preciso adaptar técnicas para a
representação e visualização, de maneira adequada, aos aspectos espaciais de como
o vírus se propagou e até mesmo o acompanhamento da vacinação e seus impactos
no número de casos e mortes.
A partir deste contexto, o uso de mapas temáticos acarretou diversos usos e
finalidades. Das diversas representações existentes frente a pandemia, duas delas
são apresentadas neste trabalho com o objetivo de identificar se as metodologias
utilizadas para a representação cartográfica temática são de fato didáticas e objetivas.
A Cartografia e a Geografia unidas, são fundamentais para o processo de construção
do mapa, e são ciências extremamente importantes para a compreensão visual de
informações técnicas numéricas e gráficas.
O objetivo geral desta pesquisa visa compreender como a Cartografia Temática
pode auxiliar na criação, leitura e interpretação das informações disponíveis sobre o
coronavírus.
Para tal objetivo, esta pesquisa parte da seguinte problemática: Como a
Cartografia Temática pode contribuir para a criação, leitura e interpretação das
informações acerca do coronavírus?
Para alcançar a resposta para este questionamento este trabalho de conclusão
de curso está dividido nas seguintes seções: Corpo Teórico da Pesquisa, onde são
apresentados a importância da Cartografia junto a Geografia ao longo da história, as
principais Teorias Cartográficas que contribuíram para o desenvolvimento dessa
ciência, seguindo de mapas históricos relacionados as doenças. Na Contextualização
da Pesquisa são abordados o contexto atual e as ferramentas elaboradas a partir
disso para o monitoramento e controle da disseminação do vírus, caracterizando a
importância das geotecnologias e os parâmetros de busca e instrumentos de
avaliação utilizados neste trabalho. Posteriormente, são indicadas as representações
cartográficas a partir da pandemia, com a finalidade de análise das informações
coletadas. Por fim, são apresentadas as contribuições da Cartografia e da Geografia
para o contexto atual, considerando a Covid-19.
15

2 CORPO TEÓRICO DA PESQUISA

O uso de mapas é uma técnica muito presente na história da humanidade, as


diversas elaborações ao longo deste período remontam a uma necessidade de um
estudo aprofundado para sua elaboração correta. Para a compreensão dos aspectos
constituintes de um mapa, é importante conhecer seus princípios e suas
funcionalidades, a fim de produzir materiais condizentes com a realidade. A
Cartografia é então necessária para o estudo e sistematização desses princípios e
dos elementos integrantes do mapa.
Conforme Rosolém (2015), a Cartografia pode ser caracterizada como a
essência de expressão da Geografia. Pois, a Cartografia representa o que é estudado
pela Geografia, no sentido de um produto visual final, que leva em consideração a
realidade.
Como ciência, a Cartografia é compreendida como a representação do espaço
geográfico, sendo assim usada para diversos fins. Antes mesmo de se consolidar
como ciência, a Cartografia era fundamental para os seres humanos em suas diversas
atividades e aplicações. Diversos povos desenvolveram inúmeras técnicas para
diferentes finalidades, o que contribuiu de maneira intrínseca para a Cartografia como
conhecemos hoje.
As Correntes metodológicas da Cartografia Temática abordam como se deu o
desenvolvimento da ciência, apresentando as linguagens e os modelos de
comunicação Cartográfica de acordo com as respectivas teorias Cartográficas.
Ainda neste capítulo, é apresentado como historicamente a Cartografia foi
utilizada na espacialização de doenças, fosse para identificar suas causas, ou planejar
políticas de controle de contágio. São apresentados mapas históricos que marcaram
os respectivos períodos, de Alexander Johnston onde apresenta a espacialização das
doenças ao redor do mundo com as principais rotas de navegação da época, de
Seaman com sua descoberta sobre a Febre Amarela e de John Snow com seu famoso
mapa fantasma referente a Cólera.
A importância de compreender a Cartografia em seu processo histórico e sua
utilidade para a humanidade no decorrer dos anos, se constitui para o entendimento
de como ela é utilizada atualmente e como as representações são realizadas diante
das inovações tecnológicas ocorridas no último século.
16

2.1 FUNDAMENTOS DA CARTOGRAFIA

Para compreender a Cartografia existente nos dias de hoje, é necessário


compreender como se deu o processo de sua constituição, entendendo que a mesma
sofreu diferentes processos e mudanças. Neste capítulo serão apresentados como se
deu a evolução da Cartografia e qual sua importância para a humanidade no decorrer
dos anos, considerando as diversas correntes teóricas desta ciência. Ainda, as
divisões presentes dentro da Cartografia, pois, historicamente, a mesma apresentou
uso em diferentes ramos, o que gerou seu aperfeiçoamento para aplicações diversas.

2.1.1 Evolução da Cartografia e Diversas Correntes Teóricas

Ao longo da história, a Cartografia teve objetivos e técnicas diferentes, sendo


uma das mais antigas da humanidade, é importante lembrar que sofreu com várias
mudanças. Rosolém (2015) indica que as primeiras representações realizadas, datam
de aproximadamente 40 mil anos, no período Paleolítico superior. Na antiguidade,
mapas já eram produzidos de acordo com as necessidades de inúmeros povos, o que
acabou gerando expressões Cartográficas divergentes, uma vez que cada um deles
possuíam objetivos diferentes, e com isso maneiras diferentes de elaborar a
Cartografia.
Neste período da humanidade, faz-se um grande destaque aos Povos
Chineses, que já utilizavam a Cartografia para diversos fins, desde o século III a.C..
Duarte (2006) aponta que os chineses utilizavam mapas, não apenas como meio de
orientação e localização, mas também como: delimitação de fronteira, administração
e controle do território, cobrança de impostos, estratégia militar, definição de rotas de
comércio e navegação.
Os mapas realizados até então, possuíam caráter descritivo, e conforme
Rosolém (2015), eram construídos através de narrativas de viajantes, o que fez surgir
muitos mapas sem a devida precisão e a localização correta. Além disso, como
apresentado pela autora, a Terra era estudada como sendo plana, até meados do
século V a.C. Mesmo que estudiosos como Aristóteles durante o século IV a.C,
apresentassem reflexões sobre a forma real do planeta, comprovando então a teoria
com base em três principais observações. Foram utilizados como argumentos: os
eclipses, pois a sombra da Terra na lua tinha um aspecto redondo; a marcação dos
17

astros em relação ao horizonte, conforme movimentos norte-sul de viajantes; e a


observação de navios, que ao se afastarem dos portos “desapareciam” sempre da
mesma forma, independente da direção em que navegassem (ROSOLÉM, 2015).
A autora apresenta o importante papel de Eratóstenes de Cirene (276 a 196
a.C.), que buscou a construção de redes geográficas, composta por uma rede
retangular para a ideia de mundo, incluindo meridianos e paralelos, que até hoje são
utilizados para basear localizações.
Duarte (2006) apresenta que na Grécia antiga, houve um grande apoio para o
desenvolvimento da Cartografia no mundo ocidental, a partir de seus conhecimentos
astronômicos, matemáticos e geodésicos, os gregos utilizaram métodos científicos
para os documentos Cartográficos, já com a visão da forma esférica da Terra, a
criação dos primeiros sistemas de coordenadas, a introdução de Latitude e Longitude
e a idealização dos sistemas de projeções mais antigos.
Rosolém (2015) indica que os gregos foram muito importantes na constituição
da Geografia e Cartografia, pois produziram o primeiro Atlas Universal e coleção de
mapas temáticos, isso devido a Claudio Ptolomeu de Alexandria (90-168 d.C). Os
romanos também se destacaram no período, por buscar a precisão cartográfica na
elaboração de mapas que serviam como ferramenta para a conquista de territórios,
fornecendo ao exército o acesso as estradas e os relatos de viajantes.
Na idade Média, com a queda do Império Romano na Europa, houve um
retrocesso na representação Cartográfica. Os avanços da Cartografia foram
ignorados, devido à difusão do cristianismo. Os mapas então começaram a ser
elaborados com o ponto de vista religioso (DUARTE, 2006), de acordo com
explicações bíblicas, não considerando elementos e simetrias, colocando Jerusalém
como sendo o centro do mundo. Conforme Duarte (2006), um dos marcos deste
período foram os mapas T-O, como mostrado na Figura 1. Esses mapas eram
classificados como o “T” que apresentava as águas, mares que dividiam as terras, e
o “O” representava o oceano em volta das terras conhecidas: Ásia, Europa e África.
18

Figura 1- Cópia (1475) do mapa T-O de Santo Isidoro, bispo de Sevilha - Espanha

Fonte: Extraído de Martinelli, 2007

No renascimento, os avanços das grandes navegações e as viagens


mediterrâneas impulsionaram a Cartografia europeia com bases científicas. Entre os
séculos XII e XVI, a produção Cartográfica foi marcada pela elaboração dos “Mapas
Portulanos” (Figura 2), cartas náuticas que tinham o objetivo a orientação da
navegação marítima (DUARTE, 2006).

Figura 2 - Mapa Europa e Mediterrâneo, Atlas Catalão de Abraham Cresques de 1375

Fonte: Extraído de Les Cartes Marines.


19

Martinelli (2010), aponta que no século XVIII, com o surgimento das ciências
especializadas, a Cartografia alcançou o status de ciência, começando a surgir os
primeiros mapas temáticos. Conforme o autor, já no século XIX, com a sistematização
da Geografia:

O aprimoramento da Cartografia, além de outros pressupostos, teve forte


participação na consolidação da Geografia. A navegação, a economia global
de então, a exploração dos territórios coloniais, a possibilidade de
representação dos fenômenos observados e a própria imprensa colaboraram
para esta efetivação. (MARTINELLI, 2010, p. 3)
Rosolém (2015) apresenta que a partir do século XV, a ideia de uma Terra
redonda é retomada e as informações eram constituídas pela Geografia matemática
e descritiva. Com a necessidade da precisão da representação da latitude e longitude,
Gerhard Mercator, em 1569, confeccionou o planisfério como conhecemos hoje, “com
meridianos retos e paralelos, o seu grande mapa-múndi produzido em 18 folhas, sua
rede geográfica mantinha rumos, utilizados pela navegação marítima” (ROSOLÉM,
2015, p.282).
O desenvolvimento da Cartografia teórica moderna dentro da Geografia,
ocorreu em meados do século XIX, com fins militares, era usada para acentuar a
técnica topográfica. Posterior à Segunda Guerra, o progresso da Cartografia estava
crescente, isso devido a criação da Associação Cartográfica Internacional (ACI), em
1959.
A ACI é um conjunto de inúmeras organizações Cartográficas que atuam como
um fórum internacional com diversos objetivos, entre eles, o avanço tecnológico. A
Cartografia Teórica ganha então uma visibilidade, podendo ser conceituada a partir
de 1966, como um conjunto de estudos que se manifestam resultados de
observações, análises ou consulta de materiais existentes, com a finalidade de se
produzir plantas, mapas e representações.
O Plano Estratégico desta associação (ACI, 2003) diz que “Cartografia é a
disciplina que lida com a arte, ciência e tecnologia de fazer e usar mapas.”.
Completando a ideia de que a Cartografia é responsável pela produção, disseminação
e estudo de mapas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1999, define
Cartografia como sendo “A representação geométrica simplificada, plana e
convencional de toda a superfície terrestre.” O que aponta um sentido muito técnico
20

para esta disciplina, concordando com a ideia de que a mesma é a ciência de estudo
e produção de mapas.
Com o progresso da Cartografia, é possível oferecer uma série de estudos e
análises sobre diversos aspectos, sejam eles do meio físico, natural ou social; Alguns
exemplos podem ser apontados: fenômenos naturais, previsão do tempo, diversos
tipos de rotas, monitoramento de vulcões, acompanhamento do desmatamento, etc.
Deste modo, a Cartografia foi extremamente importante no processo histórico
de desenvolvimento da sociedade, sendo fundamental atualmente. Os usos da
Cartografia podem ser diversos, conforme suas diferentes vertentes que abordam
áreas específicas de estudos, como apresentado a seguir, podendo ser compreendida
em: Cartografia Topográfica, Cartografia Geral, Cartografia Sistemática e Cartografia
Temática.

2.1.2 Divisões da Cartografia

Com o decorrer do desenvolvimento da ciência Cartográfica, algumas divisões


foram apresentadas a fim de aprofundar os estudos e conhecimentos da mesma para
diferentes usos. A necessidade de apenas representar a Terra conforme a realidade,
passa a ser substituída pela Cartografia Topográfica, que conforme Rosolém (2015),
surge com a decorrência de guerras presentes no séculos XVII, pois o período
necessitava de mapas detalhados e com escalas maiores. Sua utilidade deveria ser
para contribuir com o objetivo de atividades militares ou avaliar os recursos presentes
nos territórios de países ou províncias.
A Cartografia teórica, surge com ênfase na Cartografia Topográfica, voltada
para o intuito militar. Neste momento, os geógrafos se preocupavam mais com mapas
de projeções e cores de mapas na representação de relevo e elaboração de atlas.
Existem áreas de interpretações nas quais a superposição de mapas temáticos e
mapas base são inevitáveis.
A partir do século XVIII, acontece a consolidação da Cartografia científica, pois
conforme Rosolém (2015, p.282) “[...] os levantamentos passam a ser mais precisos
para a determinação dos elementos da superfície terrestre”.
Para Duarte (1991), a Cartografia pode ser dividida ao menos em dois ramos:
Cartografia Geral e Cartografia Temática. Onde no primeiro, estão os mapas de uso
21

geral, e no segundo, os mapas destinados a um público específico. As diferenças


ainda podem ser apresentadas conforme o quadro a seguir:

Quadro 1 - Características Cartografia Geral e Cartografia Temática

Aspectos Cartografia Geral Cartografia Temática

Público Amplo e diversificado Específico e reduzido

Propósitos Grande diversidade Assuntos mais restritos

Elementos representados Físicos ou a eles Qualquer elemento, até


relacionados mesmo os de natureza
abstrata

Durabilidade da Em geral, por um longo Duração mais limitada


informação tempo

Nível de informação Maior ênfase em dados Dados qualitativos e


qualitativos quantitativos

Preparo do leitor Não exige Exige em geral certo


conhecimento

Preparo do executor Executados por Podem ser executados por


especialistas em não especialistas em
Cartografia. Cartografia.

Significado das cores Em geral, qualitativo Tanto qualitativo quanto


quantitativo

Fonte: Duarte 1961, p.137. Org. pela própria autora

Já para Martinelli (2007), a Cartografia está dividida em dois ramos distintos: a


Cartografia Topográfica e a Cartografia Temática. A primeira, no fim do século XVIII e
início do século XIX, desenvolveu-se a partir do aparecimento e sistematização de
diferentes ramos de estudos surgidos com a divisão do trabalho científico. A
Cartografia descritiva, no século XVII e XVIII, tinha o propósito de inventariar objetos
discerníveis, percebidos como distintos, compondo o conjunto daqueles que a
sociedade, em cada época, produziu e considerou pertinentes à sua percepção de
mundo.
Dentre as divisões da Cartografia, propostas dentro da Geografia, é uniforme o
estabelecimento de uma divisão conceitual em duas grandes áreas: Cartografia
22

Temática e Cartografia sistemática. Sanchez (1981, p.75) verifica ser “impossível


estabelecer uma linha divisória entre a Cartografia sistemática e a temática, pois, em
muitos casos, as diferenças são sutis”. O mesmo apresenta um dos aspectos a serem
levados em conta para as respectivas Cartografias, como mostrado no quadro a
seguir.

Quadro 2 – Diferenças: Cartografia Sistemática e Cartografia Temática

Atributos Cartografia Sistemática Cartografia Temática


Conteúdo Mapas topográficos com a Mapas temáticos que
representação do terreno representam qualquer tema
Objetivos Atendem a uma ampla diversidade Atendem usuários específicos
de propósitos
Validade Podem ser utilizados por muito Geralmente os dados são
tempo superados com rapidez
Preparo do Leitura simples. Não requerem Interpretação complexa.
usuário conhecimentos específicos para Requerem conhecimentos
sua compreensão. específicos para sua
compreensão.
Quem elabora Elaborados por profissionais Geralmente elaborados por
especializados em Cartografia pessoas não especializadas em
Cartografia
Uso das cores Utilizam cores de acordo com as Utiliza cores de acordo com as
convenções estabelecidas para relações entre os dados que
mapas topográficos. representa.
Simbolismo Uso generalizado de palavras e Uso de símbolos gráficos,
números para mostrar os fatos especialmente planejados para
facilitar a compreensão de
diferenças qualitativas e
quantitativas
Derivação Sempre servem de base para Dificilmente podem servir de
outras representações base para outras
representações.

Fonte: Sanchez, 1981. Org. pela própria autora

A Cartografia sistemática tem como finalidade a representação do espaço


territorial por cartas, elaboradas seletivamente e progressivamente, consoante
23

prioridades conjunturais segundo padrões Cartográficos terrestres: convenções


escalas padrão, localização precisa dos fatos. Seus mapas podem ser classificados
em: escala grande (mapas urbanos), escala média (mapas topográficos) e escala
pequena (mapas em escala).
A Cartografia Temática, é um instrumento de expressão dos resultados
adquiridos pela Geografia, possui preocupação básica com a elaboração e uso do
mapeamento. Além de abranger processos de coleta como: análise, interpretação e
representação de informações. Se preocupa mais com o conteúdo a ser representado,
do que com os contornos ou rede de paralelos.
A complexidade da Cartografia Temática pode ser expressa de maneira mais
simples, como um mapeamento temático que compreende a representação
geográfica referentes inúmeros fenômenos. Está conectada à muitas áreas do
conhecimento.
Conforme o IBGE (1999), a Cartografia Temática aponta o fato de que não se
pode expressar todos os fenômenos num mesmo mapa e que a solução é, portanto,
multiplicá-los, diversificados. O objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer, com o
auxílio de símbolos qualitativos e/ou quantitativos dispostos sobre uma base de
referência, geralmente extraída dos mapas e cartas topográficas, as informações
referentes a um determinado tema ou fenômeno que está presente ou age no território
mapeado.
Segundo Martinelli (2007), os primeiros mapas temáticos no século XVIII não
se interessavam na descrição e no inventário de todos os elementos da paisagem que
seriam capazes de ser recenseados na superfície terrestre. De origem positivista, a
Cartografia Temática surge com o intuito de mapear o conhecimento empírico e as
características dos fenômenos baseado em observações e estimação irrefutáveis da
realidade, provendo instrumental para a descrição, enumeração e classificação dos
eventos.
No século XIX, a Cartografia Temática, de acordo com Martinelli (2010),
interrompeu os esquemas clássicos de mapeamento cristalizado desde o
Renascimento, que eram em sua maioria orientados aos registros gerais, topográficos
e hidrográficos. Na França, Vidal De La Blache apresenta uma nova visão de
Geografia, centralizando a relação homem-natureza projetada na paisagem.
Um marco importante para a Cartografia Temática, foi o Terceiro Congresso
Internacional de Estatística, no ano de 1857, em Viena. Onde os métodos de
24

representação foram organizados em correspondência às grandes categorias do


conhecimento em resposta às questões: “o quê?”, “quanto?”, “onde?” e “quando?”.

[...] podemos assumir uma proposta de orientação metodológica com uma


estrutura lastreada na seguinte postura: os mapas temáticos podem ser
construídos levando-se em conta vários métodos; cada um mais apropriado
às características e às formas de manifestação (em pontos, em linhas, em
áreas) dos fenômenos da realidade considerados em cada tema, seja na
abordagem qualitativa, ordenada ou quantitativa. (MARTINELLI, 2010)
A Cartografia Temática, é a área da Cartografia que estuda os procedimentos
de construção de um mapa, com o objetivo de adaptar o grau de dificuldade ou
complexidade do usuário, possuindo ainda um realce para o método de comunicação
(SAMPAIO, 2019).
A Teoria da Informação instigou a formação das funções da Cartografia,
gerando um desenvolvimento para a Comunicação Cartográfica. Esta que
posteriormente foi incorporada à Teoria da Modelização, à Semiologia e à Teoria da
Cognição, que serão apresentadas a seguir, apesar de serem correntes com
propósitos diferentes, possuem uma mesma ligação: realidade, criador de mapas,
usuário de mapas e imagem da realidade, com variação apenas no veículo da
informação através da modelização, da semiologia ou da cognição.

2.2 CORRENTES METODOLÓGICAS DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA: LINGUAGEM E MODELOS DE


COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA

Como apresentado no capítulo anterior, a Geografia propõe divisões da


Cartografia, e isso ao longo dos anos gerou inúmeras correntes metodológicas, a fim
de explicar e compreender essa ciência. Neste tópico serão apresentadas as
principais, com suas definições e seus fundamentos teórico-metodológicos.
A linguagem da Cartografia é a linguagem gráfica, desta maneira, o alfabeto
Cartográfico é constituído por: ponto, linha e área (Figura 3). “Através da linguagem
específica da Cartografia – a linguagem gráfica – e de métodos próprios para
representação, chegasse ao MAPA, que terá a função de fazer o leitor retornar à
realidade no sentido mais amplo” (SIMIELLI, 2007, p.82).
Simielli (1986) evidencia que o desenvolvimento da Cartografia pouco se
empenhou na leitura de mapas e meio de retorno à realidade, a principal preocupação
era a criação e produção de mapas. O que acabou por abordar mais a representação,
do que a comunicação de fato.
25

Como toda linguagem, o objetivo da Cartografia é a Comunicação, e para que


isso seja compreendido é necessário o uso de elementos, apresentados na figura a
seguir.
Figura 3 - Elementos do alfabeto Cartográfico e exemplos

Elaborado pela própria autora, 2021


Algumas Teorias foram fundamentais para o desenvolvimento da Ciência
Cartográfica: Teoria da Informação, Teoria da Modelização, Teoria da Metaciência,
Semiologia Gráfica onde há destaque para o campo da Representação Gráfica, Teoria
da Cognição e Teoria da Visualização.
A Cartografia Temática evoluiu muito ao longo dos anos, isso tornou possível
sua utilização para diversos tipos de mapeamento, o que auxiliou, principalmente, na
organização dos dados e na representação das informações. Conforme a evolução
das teorias Cartográficas, seu uso foi direcionado para diversas áreas do
conhecimento, inclusive a área da saúde com o mapeamento de doenças, como
apresentado no próximo capítulo. Sendo assim, a Cartografia não apenas informa,
como auxilia em diversas atividades e ramos do conhecimento científico, provando o
quão fundamental ela é nos dias de hoje.

2.2.1 Teoria da Informação

Sendo uma das primeiras Teorias a modificar e reformular as principais funções


da Cartografia Temática, a Teoria da Informação permite o início de uma série de
ideias referentes à representação Cartográfica. Kolacny (1969 apud Simielli, 1986),
aponta a Cartografia considerando três pontos: teoria, técnica e a prática (criação e
uso de mapas). Sendo possível apresentar a Cartografia como uma produtora de
informações.
26

Conforme apontado por Taylor (1991, p7), a Teoria da Informação é uma “teoria
matemática destinada auxiliar na solução de certos problemas de otimização do custo
da transmissão de sinais”. Ele apresenta um esquema de transmissão de informação:
Emissor - Mensagem - Receptor.

Figura 4 - Elementos da Teoria da informação

Fonte: Taylor 1991. Elaborado pela própria autora, 2021


Esse pensamento, dentro da Cartografia, considera o mapa como sendo o
produto do método de Comunicação Cartográfica, emitindo o conteúdo da realidade
constatada pelo cartógrafo, que seria o Emissor. A Mensagem consiste na
comunicação em si, atribuindo o significado de dominar para informar o Receptor.
Dessa forma, o cartógrafo precisa entender a realidade do que será mapeado para
poder construir mapas apropriados. Nessa analogia, o mapa seria um meio de
comunicação, que parte do cartógrafo (Emissor) para o usuário (Receptor).
Essa Teoria, se preocupa com as estruturas dos códigos sem levar em conta o
significado dos signos presentes na Mensagem. Sendo assim, o Signo abrange de
forma independente o objeto referente, o significado e o significante.
A Teoria da Informação, teve grande importância para o trabalho de Kolacny,
que deste modo, define a Cartografia “como teoria, técnica e prática de duas esferas
de interesse: a criação e o uso de mapas” (1977, p.39). Assim, essas esferas
constituem um único processo, em que a informação Cartográfica é transmitida
gerando um efeito, ou seja, possuindo um propósito.
27

Apesar de ser uma das primeiras teorias, seus fundamentos são essenciais
para a criação de mapas atualmente, pois um mapa é a representação de uma
informação, e este deve ser o mais objetivo possível para que sua compreensão seja
efetiva. A Teoria da Informação é fundamental na Comunicação Cartográfica, que
abre caminho para outras teorias, visando sempre o mesmo propósito, o efeito da
comunicação pelo mapa resulta em conhecer formas de elaborar mensagens que
sejam capazes de manifestar possibilidades de assimilação para o receptor.

2.2.2 Teoria da Modelização

A Teoria da Modelização foi aperfeiçoada a partir da teoria da informação,


tendo a informática como base e considerando mapas que representassem
essencialmente a realidade. As dificuldades apresentadas pela Teoria são
relacionadas especificamente às informações que pudessem representar a realidade
de fato, considerando os aspectos visuais e geográficos. Os pensamentos de Libault
(1971), sugerem um plano de investigação com um enfoque Cartográfico, podendo
ser constituído em três níveis: Compilatório, Correlatório, Semântico e Normativo.
O Nível compilatório – refere-se ao levantamento de dados que pode resultar
em recenseamentos, pesquisas diretas ou consulta à banco de dados. Um ponto
relevante nesse nível é a falta de dados confiáveis, que se deve ao fato da carência
de conhecimento estatísticos em relação à Geografia.
O Nível correlatório - abrange uma avaliação e análise das informações
coletadas no nível anterior, onde alguns aspectos específicos devem ser levados em
consideração:
• Homogeneidade e comparabilidade dos dados;
• Condição de caracterização dos fenômenos geográficos em relação aos
valores numéricos em função do local geográfico;
• Ordenação dos dados antes de deslocar-se para a análise definitiva.
O Nível semântico - indaga a localização dos problemas parciais, a fim de
organizar os elementos dentro do problema global, no que se resume a uma busca a
síntese. Esta rede seria uma articulação recíproca de fatores conforme a lógica e a
matemática.
O Nível normativo - envolve a tradução dos resultados fatoriais em normas
respeitáveis, seja tanto para sustentar a teoria geral da ciência geográfica quanto para
28

qualificar uma proposição aberta regional. A organização seria natural, o resultado


final é apresentado a partir da correlação dos dados em questão.
Todos esses processos apresentados por Libault, sugerem uma metodologia
na sistematização no processo de trabalhar com dados e informações geográficas, de
modo que o resultado possa ser o mais confiável e compatível com a realidade.
Conforme apontado por Taylor (1994), levando em conta o contexto dos anos
de 1990, onde ocorria a introdução das tecnologias SIG (Sistema de Informações
Geográficas), a evolução da tecnologia, junto a modelos matemáticos e estatísticos
tornou possível aperfeiçoar a Teoria da Modelização na sua busca pela representação
da realidade.
Com a Cartografia digital, as possibilidades de realizar análises espaciais, e
criar representações com novas informações se tornam amplas pelo processamento
de dados espaciais. Com o constante desenvolvimento da tecnologia e softwares cada
vez mais completos, a representação Cartográfica que expõe a realidade acaba sendo
cada vez mais específica, a ponto de apresentar resultados gradativamente tangíveis.

2.2.3 Teoria da Metaciência

É uma área do conhecimento onde o enfoque está destinado aos aspectos


teóricos mais formais da ciência, onde conforme Matias (1996), não apresentou o
devido desenvolvimento na Cartografia. O autor ainda considera a maior colaboração
da Teoria, foi o surgimento da Metacartografia, compreendida como uma ciência
direcionada para a determinação da essência e dos métodos Cartográficos.
Bunge (1979), apresenta a Metacartografia a partir do mapa, debatendo sua
natureza matemática essencial e o grau de conceitos Cartográficos básicos como
projeção, sobreposição e generalização. Para isso, ele considera que a
Metacartografia está inserida na Metaciência existente na Teoria da Comunicação
Cartográfica.
A Metaciência, na sua etimologia pode ser entendida como o estudo das
evidências, sendo utilizada principalmente para aumentar a qualidade das
informações trabalhadas. Ioannidis et al. (2015), aponta uma categorização para
simplificar os principais objetivos da Metaciência, de maneira a aprimorar e
compreender as práticas e as metodologias da ciência de modo intrínseca, essa
29

categorização pode ser compreendida a seguir (Quadro 3), conforme as principais


áreas de interesse.

Quadro 3 - Principais temas presentes na Metaciência


Principais Áreas de Definição
Interesse
Métodos Realização da pesquisa
Relatórios Comunicação da pesquisa
Reprodutibilidade Verificação da pesquisa
Avaliação Revisão da pesquisa
Incentivos Pesquisa gratificante

Fonte: Ioannidis et al. (2015), elaborado pela própria autora, 2021.

A abordagem proposta é entendida de modo a auxiliar no progresso da ciência


através da pesquisa, compreendida de maneira panorâmica abrangendo todas as
ciências. Para Martinelli (2010), dentro das Teorias Cartográficas, “A metaciência se
reporta à metodologia das ciências dedutivas consideradas como teorias formais”.
Deste modo, a Metaciência busca aprimorar a revisão dos dados, aumentando a
qualidade e a eficiência dos métodos científicos.
Quando se trabalha com dados geográficos, as informações devem ser
precisas, pois um simples erro de informação pode gerar uma representação
Cartográfica inapropriada, gerando um resultado final não condizente com a realidade.

2.2.4 Semiologia Gráfica

A Semiologia Gráfica surge da dificuldade da representação gráfica, se


estruturando em Ferdinand de Saussure, que desenvolveu a Semiologia Geral, uma
ciência para estudar os signos. Bertin (1973) é o autor que mais contribuiu para a
sistematização da linguagem gráfica como um sistema de símbolos, apresentado
significado e significante lado a lado. Pode-se evidenciar que a Linguagem
Cartográfica é baseada em uma ciência denominada “Semiótica”, que tem como
objetivo, a investigação de todas as linguagens, em especial, a dos signos.
Incluem-se no universo da comunicação visual, que por sua vez faz parte da
comunicação social. A representação gráfica, conforme Martinelli (2011, p.13)
“compõe uma linguagem gráfica bidimensional, atemporal e destinada a vista”. Se
30

manifestando por meio de uma construção da “imagem”, sendo capaz de


compreender a concepção. O vínculo das relações entre os significados dos signos
é um grande ponto da Representação Gráfica, já que as ligações comandam as
operações mentais lógicas.
O signo (Martinelli, 2010) é uma unidade linguística, que tem como associação
um significante e um significado, tornando o objeto perceptível que remete a outro
objeto da realidade a que o signo faz referência. Os elementos que compõem o signo
(Figura 5), são apresentados a seguir:
• Objeto referente: sendo objeto da realidade a que o signo faz referência;
• Significado: é o conceito de uma imagem formada na mente do usuário e se
anexa do objeto referência;
• Significante: representação do signo por desenho, como apresenta na legenda
referindo-se ao significado que é dado pelo autor do mapa.

Figura 5 - Simplificação dos elementos que compõem o signo

Elaborado pela própria autora, 2021.


Os elementos apresentados englobam a percepção da representação gráfica,
a partir dessa ideia são apresentados os sistemas semiológicos monossêmicos, isto
é, com um único significado. As representações gráficas indicadas por Santos (1987,
p.10) são os mapas, redes e diagramas, estes integram a parte racional do mundo
das imagens “num sistema monossêmico, a definição de cada signo precede a sua
transcrição de uma linguagem para outra”. A constituição da linguagem gráfica em
nível monossêmico traz a necessidade de um sistema semântico, conforme Dacey
31

(1978, p. 8-9) tais como: classificação dos signos, especificação das regras de
designação, listagem das regras que governam os arranjos dos signos que podem
ocorrer nos processos dos signos e a identificação das verdadeiras regras que se
estabelecem quando um conjunto de signos é verdadeiro.
Além dos sistemas monossêmicos, também são apresentados os polissêmicos,
(Figura 6) onde de acordo com Santos (1987, p.10) “a significação sucede à
observação e se deduz pela semelhança dos signos”.

Figura 6 - Exemplo de representação polissêmica

Elaborado pela própria autora, 2021.

Na representação polissêmica, é necessária mais atenção na escolha dos


elementos e na maneira de apresentá-los, pois a semelhança entre os Significados
pode ser meramente ilustrativa e a escolha inadequada do significante (símbolo) pode
acabar gerando dúvidas nas informações representadas.
Bertin (1973) indica que toda representação gráfica implica numa maneira de
atribuir e configurar a realidade. Um dos principais objetivos da representação gráfica,
consiste em transcrever os três elementos fundamentais: Diversidade, Ordem e
Proporcionalidade, onde Martinelli (2010) define:
• Diversidade: É uma variável visual altamente seletiva, portanto ideal para
transcrever relações de diversidade entre objetos. Possui aspecto
qualitativo e responde à pergunta “O quê?”, referente aos conteúdos dos
lugares ou conjuntos espaciais;
32

• Ordem: responde à pergunta “Em que ordem?”, caracterizando relações de


ordem entre os conteúdos dos lugares ou conjuntos espaciais;
• Proporcionalidade: responde à questão “Quanto?”, caracterizando relações
de proporcionalidade entre os conteúdos dos lugares ou conjuntos
espaciais.

Para o autor, esses elementos devem responder o “Onde?”, levando em conta


a variação visual de cada ou área relativa à superfície terrestre, as informações
servem como ponto inicial para a elaboração de mapas temáticos e representações
gráficas, como apresentado no Quadro 4.
Quadro 4 - Elementos da Representação Gráfica

Elaborado pela própria autora, 2021.


Os elementos apresentados só podem ser estabelecidos entre objetos por
relações visuais de mesma natureza, representando informações qualitativas e
quantitativas, a depender da informação a ser apresentada. As variáveis são
essenciais para entender como fazer uma representação gráfica, podendo ser
combinadas ou usadas separadamente.
Dentro deste pensamento, se consideram as variáveis visuais que possuem
propriedades perceptivas. Variações visíveis: tamanho, valor, além de cor, forma,
orientação e granulação (que são também, variáveis de separação), que são
abordadas a seguir (Figura 7).
Bertin indica que a representação gráfica deve ser pensada como uma
linguagem monossêmica, pois é uma linguagem universal, necessitando de regras
lógicas que acompanhem a transcrição das relações entre os elementos de sua
representação. O que vai diretamente contra ao pensamento de Epstein para a
Cartografia (Emissor - Mensagem - Receptor). Bertin então apresenta as relações
33

entre as variáveis: Similaridade, Ordem e Proporcionalidade. Estes se baseiam nos


significados da representação gráfica e podendo ser explicada pelas variáveis visuais:
tamanho, valor, textura, cor, orientação e forma (os significantes). Possuindo ainda
uma variância em seu modo de implantação: pontual, linear e zonal.

Figura 7 - As variáveis visuais (elaborado em 1973,1977)

Fonte contida na imagem

A monossemia também é apresentada por Bertin (1973, [1962]), onde o


significado de cada signo é tido antes da observação, de maneira a padronizar
informações para uma representação que possa ser compreendida de maneira
universal. A legenda em um mapa é um exemplo dessa padronização, indicando o
significado de cada signo. Para ele, a monossemia não precisa de código algum, o
principal trabalho de Bertin na Semiologia Gráfica é a elaboração de regras que
conduzem a transcrição. Onde o redator precisa analisar a natureza quantitativa,
ordenada ou similar/diferencial dos dados a serem transmitidos. Na representação
gráfica, as variáveis visuais são fundamentais para introduzir as informações.
34

As duas dimensões do plano são apresentadas por X e Y, muitas vezes essas


duas dimensões acabam sendo apresentadas como uma só, sendo então chamadas
de implantação. As outras seis vaiáveis: tamanho, valor, granulação, cor, orientação
e forma são entendidos como variáveis retínicas, responsáveis pela representação
das informações que necessitam de mais de dois planos para serem compreendidas.
A figura apresenta componentes que segundo o autor podem ser classificadas em três
níveis, podendo ser definidos como:

O NÍVEL QUALITATIVO: (ou nível nominal) inclui todos os componentes de


simples diferenciação (comércio, produtos, religiões, cores ...). Envolve
sempre duas abordagens perceptuais: isso é similar àquilo, e eu posso
combinar eles em um mesmo grupo (associação). Isso é diferente daquilo e
pertence a um outro grupo (diferenciação).
O NÍVEL ORDENADO: envolve todos os conceitos que permitem um
ordenamento dos elementos de maneira universalmente conhecida (ordem
temporal, ordem de variações sensoriais: frio-morno-quente, preto-cinza-
branco, pequeno-médio-grande; uma ordem de valores morais: bom-médio-
ruim...). Esse nível inclui todos os conceitos que nos permitem dizer: este
mais do que aquele e menos do que o outro.
O NÍVEL QUANTITATIVO: (métrico) usado quando fazemos uso de unidades
contáveis (isso é um quarto, o triplo, ou quatro vezes aquilo). (BERTIN, 1973
[1962], p.6-7)
As variáveis propostas por Bertin, quando aplicadas no plano, apresentam as
características do alfabeto Cartográfico, como visto anteriormente: ponto, linha e área.
Os níveis de organização podem ser sobrepostos, e a partir disso podem ser
classificáveis da mesma forma que as variáveis visuais sendo necessário o mesmo
nível de organização. Bertin (1973 [1962]) sugere que cada nível de cada variável é
resultante da capacidade de representação dos níveis de organização. Os níveis de
organização das variáveis visuais são seletivo, associativo, ordenado e quantitativo.
A variável seletiva ocorre quando é possível isolar todas as correspondências
pertencentes à mesma categoria (desta variável). Essas correspondências formam
“uma família”: onde as variáveis são separadas em grupos que possuem algum fator
em comum, “a família dos signos vermelhos, aquela dos signos verdes; a família dos
signos claros, aquela dos signos escuros; a família dos signos da direita, aquela dos
signos da esquerda do plano.” (Bertin1973 [1962], p.48).
A variável associativa ocorre a partir do agrupamento das correspondências
distintas, que conforme o autor, são percebidas “todas as categorias combinadas”.
São as representações por ícones ou símbolos diferentes que possuem o mesmo
tamanho.
35

A variável ordenada ocorre “quando a classificação visual de suas categorias,


de suas etapas, é imediata e universal.”, no qual os elementos estabelecem uma
ordem ou hierarquia, podendo ser entendida pelo gradiente ou tamanho.
A variável quantitativa ocorre “quando a distância visual entre duas categorias
de um componente ordenado pode ser imediatamente expressa por uma relação
numérica.”, embasada na existência de um elemento base que pode ser utilizado para
comparação com as outras categorias da variável.
Esse sistema determina o processo de transmissão de uma informação por
meio da representação gráfica, criando o que determinou a Gramática da Cartografia
Temática. A combinação dos elementos gera uma nova maneira de representar e de
compreender as informações apresentadas.

2.2.5 Teoria da Cognição

A Teoria da Cognição surge a partir da Psicologia, trazendo inúmeras


vantagens para a Cartografia junto ao processo de Mapeamento, o cartógrafo leva em
consideração as necessidades do usuário para a leitura. A partir disso, nessa teoria
são implementados conceitos psicológicos, onde os métodos cognitivos sucedem os
comportamentais, ressaltando o fato de que a comunicação através do símbolo
apenas é estabelecida no processo de cognição do leitor.
Conforme Bailly (1995), a cognição pode ser entendida como o mecanismo de
aquisição e representação, que associa a percepção e a representação, no mesmo
processo cognitivo.
Enquanto para Reis e Lay (2006), a cognição se refere ao processo de
sistematização do conhecimento na mente e da percepção, construída no decorrer
das experiências do cotidiano. Dessa forma, as sensações adquirem significados, e
através da cognição, um símbolo é constituído mentalmente pelo indivíduo, onde as
expectativas refletem as atitudes e os comportamentos.
Segundo Kozel (2013), as dificuldades encontradas na teoria partem do
pressuposto de que na apresentação e compreensão, a linguagem Cartográfica é
multidimensional e sugere a estrutura espacial da realidade, já que a linguagem
natural é linear e sequencial. Mas as etapas de construção de mapas não são
divididas, os métodos que compreendem o processo devem ser considerados e
analisados de maneira intrínseca. Bertin (1967), foi um dos autores que se preocupava
36

com a visualização da imagem em sua totalidade.


Uma das grandes contribuições da Teoria da Cognição, se refere à
alfabetização Cartográfica. Simielli (2011), sistematizou os conceitos relacionados à
alfabetização Cartográfica, organizando um esquema de representação do espaço
geográfico com base no fundamento cognitivo. A autora organizou as informações em
um organograma que representam os aspectos a serem considerados na
alfabetização (Figura 8), onde o objetivo das representações Cartográficas é transmitir
informações.

Figura 8 - Elementos da Alfabetização Cartográfica

Fonte: Simielli, 2011. Org. pela própria autora, 2021.


Essa ideia permite desenvolver tanto a leitura quanto a comunicação através
do mapa, possibilitando a compreensão espacial, contribuindo para Teoria da
Cognição de modo que o mapa se torne um instrumento de alcance para novos
conhecimentos, apresentando uma realidade que considere o caráter cognitivo do
criador e do leitor, dentro da Comunicação Cartográfica.
Lévy (1998, p.102) aponta que conforme correntes referentes às ciências
cognitivas contemporâneas, a formação e o ensaio de modelos mentais estabelecem
um dos principais processos cognitivos contido no raciocínio, aprendizagem,
compreensão e comunicação. “Ao contrário das representações linguísticas fonéticas,
os modelos mentais são análogos estruturais do mundo (tal como o representa,
justamente, o indivíduo em questão;) [...] são da ordem do organograma ou do
37

diagrama, mesmo não se apresentando como imagem precisam de um esquema”. Os


modelos precisam ser compreendidos mentalmente para serem representados, por
meio de esquemas que permitam a visualização das informações.
De acordo com Archela e Archela (2002, p.166), a Teoria Cognitiva como
método cartográfico envolve operações mentais lógicas como a comparação, análise,
síntese, abstração, generalização e modelização Cartográfica. “Nesta corrente de
pesquisa Cartográfica, o mapa é considerado como uma fonte variável de
informações, dependendo das características do usuário”.
A cognição é um processo fundamental para a compreensão de
representações Cartográficas, visto que a ideia precisa ser formada inicialmente na
mente do indivíduo, para a percepção visual de fato através de imagem ou
representações gráficas.

2.2.6 Teoria da Visualização

É o campo da computação gráfica dedicada na exploração do poder analítico,


diante disso, tem se consolidado em uma base conceitual para a Cartografia na área
da informação. Conforme Rosely Archela e Edison Archela (2002), a visualização
permite uma contemplação de aspectos representados por um grupo de dados, onde
a produção gráfica, pode ser melhor entendida pelo usuário.
A ênfase à visualização tem o potencial de revitalizar a Cartografia para além
do SIG e da Cartografia digital, em direção aos atlas eletrônicos interativos e sistemas
de multimídia que incorporam o SIG apenas como uma das inúmeras tecnologias
(ARCHELA; ARCHELA, p.168, 2002).
Para a Teoria da Visualização, Taylor (1991, 1994) cria um modelo que
exemplifica as ligações e as relações entre as técnicas computacionais para a
Cartografia (Figura 9). É necessário considerar todos os lados do triângulo de maneira
igualitária, pois os interesses pelas novas tecnologias, não devem excluir a
comunicação e a cognição, devem ser compreendidos de maneira conjunta.
38

Figura 9 - Bases conceituais para a Cartografia

Fonte: Taylor, 1991, 1994. Elaborado pela própria autora, 2021.

Taylor (1994), aponta que os SIGs indicam a representação mais moderna da


teoria da modelização. Conforme a definição do Instituto de Pesquisas Espaciais
(INPE, 2006), este “é um sistema que processa dados gráficos e não gráficos
(alfanuméricos) com ênfase a análises espaciais e modelagens de superfícies”. Os
SIGs têm como intuito a análise espacial, o que acaba por favorecer vários tipos de
atividades. Sua eficiência nas pesquisas geográficas produz inúmeras abordagens
através de técnicas Cartográficas.
A Teoria da Visualização Cartográfica se resume em descobrir e gerar novas
informações através do mapeamento. Segundo MacEachren e Ganter (1990), ela é
pertencente ao desenvolvimento da análise de informações por meio da visualização
científica e demanda a elaboração de informações não visíveis previamente, devendo
ser descoberta por meio do imageamento. Sendo assim, a visualização não é
concebida como o resultado de um processo, mas o próprio processo.
DiBiase (1990 apud MacEachren, 1994), sugere um modelo diferente para
compreender a visualização Cartográfica, dando destaque para o mapa desde a sua
gênese, considerando a exploração dos dados e a elaboração de hipóteses até o
produto final. Dessa forma, o modelo proposto apresenta uma diferença caracterizada
por dois extremos, de um lado o mapa como imagem mental e individual, e de outro a
tradução de maneira simples para maior entendimento do leitor (Figura 10).
39

Figura 10 - Visualização como instrumento da visualização científica

Fonte: DiBiase (1990) apud MacEachren, 1994, p.3. Elaborado pela própria autora, 2021.

A curva apresentada no modelo pode ser entendida como sendo o mapa, deste
modo, os mapas concedem a exploração dos dados, e a confirmação das hipóteses
contidas no domínio privado, proporciona o pensamento visual. Os mapas permitem
a visualização cartográfica, e através disso a construção do conhecimento. Enquanto
os mapas de síntese apresentam resultados de domínio público através da
comunicação Cartográfica. DiBiase então afirma que a visualização é uma maneira
diferente de pensar a utilização da Cartografia como instrumento de pesquisa.
A visualização atua como interface entre os principais aspectos da Cartografia.
O Formalismo contém técnicas que tem o objetivo da produção Cartográfica, e a
cognição, o que se pretende é atingir o conhecimento das características do espaço
e suas relações.

2.3 MAPAS E EPIDEMIAS AO LONGO DA HISTÓRIA

Como especificado anteriormente, o uso da Cartografia é algo presente em


diversas áreas do conhecimento e em aplicações para atividades dos dias atuais. A
Cartografia a partir da medicina foi desenvolvida junto às ciências Cartográficas,
apresentando um papel muito importante na história, fazendo-se fundamental para o
contexto global atual.
O mapeamento de doenças vem sendo utilizado desde o fim do século XVIII, e
acompanhando a evolução da humanidade, forneceu significativa importância para os
40

estudos na medicina e para o desenvolvimento de políticas voltadas para a saúde


pública (RODRIGUES, 2020).
Conforme Koch (2005), desde o final do século XVIII, os mapas começaram a
ser usados por médicos para compreender, explicar e responder às principais
questões acerca das epidemias. A relação entre a saúde e a Geografia eram
intrínsecas, e associando duas técnicas diferentes (coleta de dados laboratoriais e
mapeamento geográfico), seria possível mapear o ciclo de doenças. A partir disso,
surge então a medicina Cartográfica, fazendo com que os mapas se tornassem
instrumentos da ciência, sendo usados como provas espaciais de fundamentos
médicos.
A seguir, serão apresentados alguns dos principais estudos que marcaram a
Geografia Cartográfica na medicina e os métodos utilizados nas respectivas épocas,
considerando as dificuldades e as limitações de cada período da história da
humanidade.

2.3.1 O Histórico Mapa de Alexander Jhonston

O geógrafo e cartógrafo Alexander Keith Johnston em 1861, elaborou um dos


principais mapas, conhecido historicamente, que representava o mapeamento de
doenças. Nele, Johnston descreve regiões específicas de doenças em uma escala
global. O pesquisador analisou as doenças ao redor do mundo, incluindo endemias
de cada continente, suas possíveis rotas e estatísticas de número de mortes
(ALTONEN, 2011). O mapa do geógrafo é uma combinação da união da teoria à
prática, algo fundamental dentro da ciência geográfica.
Com o objetivo de determinar a distribuição das doenças baseado na latitude-
longitude, aspectos climáticos, temporais e topográficos, ele se fundamentou em um
mapa de isoterma e a revisão de áreas com propensão às doenças, com base
histórica de exploração e/ou colonização.
Do mapa inicial elaborado pelo cartógrafo (Figura 11) surgiram outros, onde
foram aprofundados os aspectos de cada região do globo. O mapa de escala
internacional é dividido em três zonas da superfície, levando em consideração a Linha
do Equador e os Trópicos de Capricórnio e de Câncer.
41

Figura 11 - Mapa Temático de Distribuição de doenças de Johnston

Fonte: Johnston, 1856.

Para a elaboração do mapa, o geógrafo considerou as Zonas Tropicais, que


cerca a área da Linha do Equador, em tom salmão; as Zonas Polares, representadas
pela cor azul claro; e as Zonas Temperadas representadas pela cor amarela. As rotas
de transporte são sutis e quase não visíveis, mas são redesenhadas com linhas mais
fortes em outras versões do mapa.
Levando em conta o contexto histórico da elaboração do mapa, o autor aderiu
alguns padrões espaciais de doença, que durante o século XIX tiveram valores de
regionalismo e culturalismo também atribuídos ao diagnóstico e à definição de regiões
suscetíveis. Dessa forma, é compreensível que algumas das informações
apresentadas por ele estejam equivocadas, como suas afirmações relativas à varíola,
que para Johnston, era o lugar e o clima que definiam isso, não as pessoas.
Ao representar as distribuições de doenças que se modificam em curtos
períodos de tempo ou se alteram de maneira não aleatória no espaço geográfico, os
mapas de doenças também apontam, inevitavelmente, a formação de hipóteses
causais.
42

2.3.2 Febre Amarela e as Considerações do Dr. Seaman

Quando a epidemia da febre amarela teve seu ápice na cidade de Nova York,
em 1795, ainda não era certo como a doença se proliferava. Com isso, o aumento de
infecções foi constante. Um dos principais estudos desenvolvidos sobre a doença foi
realizado pelo médico nova iorquino Valentine Seaman (1770-1817), que
acompanhou o desenvolvimento da doença na região.
Em sua publicação “An inquiry into the cause of the prevalence of the yellow
fever in New-York” (Um inquérito sobre a causa da prevalência da febre amarela em
Nova York) de 1798, Seaman relata os procedimentos e os mapas utilizados para sua
argumentação, onde investigou os casos registrados e cruzou com dados de
localização.
Ao analisar o cruzamento de dados referente às mortes, considerando a
localização geográfica, Seaman buscava identificar se a febre amarela possuía origem
estrangeira ou local, e se era contagiosa ou não. Por não possuir habilidades
Cartográficas, o médico então utilizou um mapa local de um recorte de uma das
regiões da cidade, a área portuária de New Slip, situada no estuário do East River.
Geograficamente, a transição entre um rio e o mar faz com que o local sofra influência
das marés, o que neste caso, causava inundações na área escolhida, e essas
inundações geravam inúmeros problemas.
Seaman então mapeou todos os casos encontrados na região de New Slip,
identificando e classificando os casos fatais, quase fatais e diagnósticos incertos
(Figura 12). Os casos fatais foram sequenciados de forma numérica, os casos quase
fatais são identificados pela letra “E” e os casos incertos identificados pela letra
“O”. Onde a maioria dos casos são identificados próximos a área portuária de New
Slip.
O segundo mapa elaborado por Seaman considerou locais insalubres (Figura
13). Para identificar os depósitos de lixo, inundações e deslizamentos utilizou a letra
“S”; e para identificar aglomerações de pessoas, áreas de conveniência e áreas de
comércio utilizou a letra “X”. Com isso, foi possível notar a relação entre as áreas
insalubres e as aglomerações, localizadas nas áreas que sofriam com inundações,
caracterizando a falta de políticas voltadas à saúde pública.
43

Figura 12 - Mapa 1 realizado por Valentine Seaman

Fonte: Seaman, 1798.

Figura 13 - Mapa 2 realizado por Valentine Seaman

Fonte: Seaman, 1798.

Com a elaboração dos mapas, Seaman pretendia identificar padrões e


constatar uma associação entre a causa da doença e as condições em que ela se
proliferava. Comparando os mapas, o médico então identificou que a febre amarela
44

se proliferou em ambientes sujos. Observou que existia uma conexão inerente na


predominância da febre amarela e a influência de eflúvios (SEAMAN, 1798).
Os mapas apontaram uma relação entre os casos e os locais insalubres. No
entanto, a produção dos mapas produzidos por Valentine Seaman não identificou o
papel do mosquito na transmissão da febre amarela, mas apontou as condições de
reprodução do mesmo, o que permitiu criar políticas para a prevenção da doença,
possibilitar a urbanização e limpeza de regiões insalubres da cidade.

2.3.3 Cólera e as Considerações do Dr. John Snow

Outro estudo muito importante para a medicina Cartográfica é do médico inglês


John Snow (1813-1858), um dos pioneiros da epidemiologia moderna. Um dos seus
principais estudos é abordado por Steven Johnson na obra “The Ghost Map: The Story
of London's Most Terrifying Epidemic – and How it Changed Science, Cities and the
Modern World”, onde o autor aborda aspectos do surto de cólera em Londres em
meados do século XIX.
Até o ano de 1883, o agente causador da cólera Vibrio cholerae não era
conhecido. Historicamente, a doença era transmitida por pessoas presentes em
caravanas e expedições militares. Conforme estabelecido pela OMS, desde 1817,
ocorreram sete grandes pandemias de cólera (Quadro 2). A doença chegou pela
primeira vez na Inglaterra apenas em 1831.

Quadro 5 - As sete pandemias de cólera

Pandemia Período Principais regiões afetadas


Primeira 1817 - 1824 Índia, China e Indonésia
Segunda 1829 - 1837 Rússia, Egito, Europa Ocidental e Central

Terceira 1846 - 1860 Rússia, Reino Unido e América do Norte


Quarta 1863 - 1875 Oriente Médio, África, Itália e Londres
Quinta 1881 - 1896 Europa, Japão, Pérsia e Egito
Sexta 1899 - 1923 Rússia, Filipinas e Estados Unidos
Sétima 1961 - 1975 Sudeste asiático, Norte Africano e Oriente Médio.

Fonte: OMS (2009) Org. pela própria autora, 2021.

Em meados do século XIX, o que marcava a Inglaterra era a Era Vitoriana,


caracterizada pela ascensão da burguesia, reformas políticas, grandes problemas
45

urbanos, condições sanitárias precárias e uma população crescente de maneira


desordenada, que vivia predominantemente na miséria.
Na época, acreditava-se que a cólera era transmitida pelo mau cheiro
proveniente de esgotos a céu aberto e pilhas de lixo. Em 1849, John Snow foi o
primeiro a hipotetizar que a doença era propagada por via oral de pessoa para pessoa
e que o contágio inicial poderia ser através da água.
Conforme Johnson (2006), Snow acreditava que a água transportada para um
local distante, onde a cólera era até então desconhecida, produzia a doença em quem
a usava, enquanto aqueles que não a usavam escapavam.
De acordo com relatos do médico (JOHNSON, 2006), em 1854, os casos de
cólera começaram a reaparecer em Londres, na região de Soho, localizada ao longo
do rio Tâmisa, sua estratégia então foi o mapeamento dos casos de morte da doença.
Para representar as mortes, Dr. Snow utilizou pontos, e para representar cada bomba
de água pública, ele marcou um “X” (Figura 14).

Figura 14 - Mapa Fantasma de John Snow

Fonte: John Snow, 1854.

Dos 83 pontos representados no mapa, Snow constatou que 61 deles


consumiam a água abastecida pela bomba da Broad Street. Com isso, ele sugeriu um
46

experimento onde essa bomba ficasse desativada. Em pouco tempo, o número de


casos caiu significativamente, o que afirmava que a doença em questão era
propagada pela água contaminada.
O mapa de John Snow ficou marcado por reconhecer a importância da
espacialização geográfica e do mapeamento de doenças, o que foi fundamental para
criação de políticas para o combate da cólera.
47

3 CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA

No fim do ano de 2019, um vírus fortemente contagioso se manifestou na


cidade de Wuhan, na China. O vírus se espalhou rapidamente atingindo uma escala
mundial. Com a rápida manifestação, muitos nomes foram usados para se referir ao
vírus, mas seu nome oficial foi definido apenas em janeiro de 2020.
De acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), em
2015, publicadas no artigo “World Health Organization Best Practices for
the Naming of New Human Infectious Diseases” (Melhores práticas da Organização
Mundial da Saúde para a denominação de novas doenças infecciosas humanas), o
nome dado às doenças não deve conter o uso de espécies de animais, localizações
geográficas ou grupo de pessoas, com isso o vírus foi identificado como Síndrome
respiratória aguda grave coronavírus 2 (Sars-CoV-2), causador da doença Covid-19.
Com a manifestação mundial do vírus, a OMS declarou estado de Emergência
Pública em esfera internacional, posteriormente reconheceu a doença como
pandemia, já que além de afetar um grande número de pessoas se constituiu como
uma doença contagiosa e infecciosa. Desde o primeiro caso confirmado, a doença
vem causando inúmeros impactos, sejam eles vitais, sociais, políticos ou econômicos.
Com a pandemia, vieram crises econômicas, desemprego, carência de
alimentos, crise no sistema educacional, adiamento tanto nas atividades globais como
as Olimpíadas de 2020, quanto das atividades nacionais como concursos e eventos
esportivos, artísticos e culturais. A emergência não chegou apenas para os Sistemas
de Saúde, como também para o básico da sobrevivência humana e dos direitos
individuais e humanos. Diante de tantos problemas gerados, vieram tentativas de
soluções, adaptação de atividades necessárias e a busca de como frear a
manifestação rápida do vírus, procurando identificar como isso ocorria.
O uso do mapeamento na pandemia se tornou um grande aliado, pois objetivou
a ideia de contribuir com a representação e atualização das informações de maneira
didática, para a compreensão da população. Com isso, foram realizadas inúmeras
representações, em diversas escalas, visando acompanhar e monitorar o contágio
pelo vírus da doença Covid-19. Os mapas e painéis produzidos oferecem informações
sobre a disseminação do vírus, com uma atualização constante referente ao número
de casos, mortes, curas, internações em diversas escalas.
48

As plataformas de mapeamento de Covid-19 trabalham com diversos tipos de


representações e painéis interativos, informações que se adequam às diversas
escalas. Como método informativo, essas plataformas possuem um caráter
cartográfico e geográfico, podendo ser correlacionados e compreendidos de maneira
intrínseca.
Constantemente os meios de comunicação utilizam esses mapas para
simplificar as informações referentes à Covid-19. Esses materiais foram
desenvolvidos por organizações mundiais e governamentais, personalizando as
informações correspondentes aos próprios países, em escalas menores,
representando estados e até mesmo cidades e municípios.
A escala global é importante para compreender como ocorre a disseminação
da doença, como a mesma está afetando a população dos diferentes países, bem
como identificar políticas eficazes para o controle da doença, identificar os estados
mais afetados, a necessidade da alocação de recursos e profissionais para o combate
do vírus, com medidas e decretos visando o controle da disseminação da doença.
Deste modo, o foco deste trabalho, é apresentar as principais características
geográficas e cartográficas das representações realizadas pela Universidade Johns
Hopkins e da Organização Mundial de Saúde a partir da pandemia, para compreender
a maneira que as informações são apresentadas ao público.
As formas de representação são variadas com o uso da Cartografia Temática,
algumas possuem maior precisão que outras, tudo depende da classificação de dados
utilizada para a representação. Mesmo que diversos, não significa que os mapas
temáticos utilizam elementos adequados na sua representação. Embora sejam
precisos e utilizem dados reais, mapas são em sua essência produções que possuem
o objetivo de comunicar e devem cumpri-lo de maneira nítida.

3.1 O USO DE GEOTECNOLOGIAS

Junto ao desenvolvimento das ciências promovido por um mundo globalizado


pelo Meio Técnico Científico Informacional, foram desenvolvidos muitos métodos de
análise, monitoramento e formas de representações cartográficas, sendo as
geotecnologias fundamentais para neste processo. Tais ferramentas são compostas
de recursos tecnológicos com o objetivo de sistematização, organização e coleta dos
49

dados a serem utilizados. Como definido pela Empresa Brasileira de Pesquisa


Agropecuária (EMBRAPA, 2017), as geotecnologias:

São conjuntos de técnicas e métodos científicos aplicados à análise, à


exploração, ao estudo e à conservação dos recursos naturais, considerando
diferentes escalas e a informação espacial (localização geográfica). Elas
também são usadas para estudar a paisagem (topografia, hidrografia,
geologia e geomorfologia) e variáveis ambientais (temperatura, pluviosidade
e radiação solar), analisar e auxiliar na prevenção de desastres naturais
(enchentes, terremotos e erupções vulcânicas), além de gerenciar e de
monitorar a atividade humana (infraestrutura, agropecuária e dados
socioeconômicos). Esse conjunto de técnicas é composto por hardware
(satélites, câmeras, GPS, computadores) e software capaz de armazenar,
manipular informações geográficas e processar imagens digitais.
Sendo assim, as geotecnologias permitem desenvolver um conjunto de
tecnologias que possibilitam coleta, processamento, análise e disponibilização de
informações com referência geográfica (geoinformação).
Um dos principais aspectos apontados pela Geografia nos estudos da
pandemia se refere à sua disseminação espacial, o mapeamento de contágio em uma
escala considerando o tempo e o espaço geográfico. O Sistema de Informações
Geográficas (SIG) é uma das geotecnologias que auxilia nesse processo a fim de
obter correlações espaciais com outras variáveis e reconhecer a dinâmica de
transmissão.
De acordo com as definições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE, 1991) o “SIG é um sistema que processa dados gráficos e não gráficos
(alfanuméricos) com ênfase a análises espaciais e modelagens de superfícies”,
tornando possível compor uma base de informações originária de dados cartográficos.
Franch-Pardo et al. (2020) apontam que a Geografia da saúde utiliza o SIG
para corresponder às necessidades em escala local, de bairro ou de aldeia,
comprovando uma grande aplicabilidade. Como mostrado pelos autores, a pesquisa
em Geografia da saúde precisa ser desenvolvida pela capacidade de mapear as
infraestruturas de saúde e suas acessibilidades.
Andrews (2002) apresenta a Geografia da saúde como uma relação entre os
conceitos da geografia e os da área da saúde, compreendendo a dinâmica de serviços
de saúde e de indivíduos, abrangendo também a distribuição e organização de
equipamentos, para o reconhecimento de novas doenças e novos tipos de medicina.
O uso dos SIGs é uma ótima maneira de sistematizar e analisar os dados
geográficos espaciais, sendo capazes de exibir as informações geográficas com
características fundamentais, por meio de mapas interativos ou infográficos,
50

auxiliando na compreensão da realidade espacial contida na pandemia de


coronavírus. Com essa eclosão mundial, houve a necessidade de uma abordagem
interdisciplinar para que se tornasse possível compreender os aspectos causados e
causadores do vírus.
A partir dos SIGs, surgem as maneiras dinâmicas de representação de
informações para a população, como dashboards. De acordo com Gomes (2017), “um
dashboard, no contexto de TI, é um painel visual que apresenta, de maneira
centralizada, um conjunto informações: indicadores e suas métricas”. Dessa forma, é
possível ter uma compreensão do processo das informações.
Os dashboards foram muito adotados para representações durante a
pandemia, são compreendidos por painéis que representam um monitoramento de
dados em tempo real. As informações representadas em painéis possuem uma
forma didática de representação visual, utilizando mapas, gráficos e tabelas.
Com essas representações em painéis são dispostos dados e informações, onde
é possível interpretá-los facilmente, por estarem na maioria das vezes bem
descritos e bem sistematizados.
É entendido que os SIGs, junto as técnicas de geoprocessamentos, são
ferramentas fundamentais para o conhecimento e a percepção da espacialização
e disseminação da doença Covid-19. Com esses instrumentos é possível
acompanhar o monitoramento, e ao mesmo tempo, informar a população.

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: PARÂMETROS DE BUSCA E INSTRUMENTOS DE


ANÁLISE

A forma de raciocínio para a realização da pesquisa parte da premissa que,


com base na observação de diversos painéis referentes a Covid-19, tem-se uma
espacialização dos dados em escala global, abrangendo países e territórios de todo o
mundo. Os números de casos são classificados por países apresentando, na maioria
das vezes, o número total de casos do mesmo.
Por diante, são duas as propostas a serem consideradas: as representações
cartográficas são adequadas e didáticas, ou as representações cartográficas não são
adequadas e didáticas, levando em consideração a Cartografia Temática e as
variáveis visuais apresentadas por Bertin. Visto que, com a análise descritiva, a partir
da observação dos painéis selecionados, é possível realizar a constatação da ideia.
51

A análise descritiva consiste na observação e registo das informações, sem


influenciar os dados apresentados. Com isso, é possível identificar como a
representação é elaborada, levando em consideração suas características visuais e
interativas. A descrição das informações encontradas referentes aos respectivos
painéis, que são apresentados no capítulo seguinte, é feita de maneira isolada e
ordenada, para posteriormente serem compreendidas de maneira comparativa.
Todas as informações coletadas, tem o objetivo de descrever o funcionamento
das plataformas e foram retiradas dos próprios sites onde são disponibilizados os
painéis. São então extraídas o máximo de informações possíveis para identificar os
elementos utilizados, a fim de constatar a adequação e a didática da representação
dos dados. Realizando um estudo com coleta e análise de dados, busca-se a
descrição das características estabelecendo uma relação entre os objetos de estudo.
A análise, o registro e a interpretação dos fatos, utiliza a mesma metodologia.
Após a descrição e a observação sistemática no sentido de obtenção dos dados
(e análise), os aspectos a serem levados em consideração para a análise cartográfica
se referem aos elementos utilizados na representação dos mapas temáticos
produzidos, se pautando na visualização e na comunicação das informações
resultantes das metodologias aplicadas.
A análise dos elementos e das variáveis visuais partem da ideia apresentada
por Bertin (1973 [1962]), que são fundamentais para a percepção visual e a
compreensão de categorização das informações apresentadas. O elemento escala
também é considerado, tendo em vista a interação e a representação global. As
considerações realizadas a partir dessas informações são necessárias para
compreender como as mesmas informações podem gerar representações diferentes.
Os mapas avaliados consistem em capturas de telas realizadas no dia 19 de
maio de 2021, nos respectivos sites (Universidade de Johns Hopkins – JHU1 e
Organização Mundial da Saúde – OMS2) com a finalidade de apresentar a mesma
informação. Porém, como a atualização dos respectivos painéis é feita em horários
diferentes, existe a divergência do número de casos apresentados.

1 https://coronavirus.jhu.edu/map.html
2 https://covid19.who.int/
52

Conforme publicado3 no site da CNN por Kristen Rogers (2020), o site mais
visitado durante a pandemia para o acompanhamento da disseminação do vírus, foi o
da Universidade de Johns Hopkins, fornecendo o monitoramento de coronavírus que
coleta informações de várias fontes de dados, trabalhando com uma escala mundial.
Sendo uma ferramenta publicamente disponível, este serviço é realizado com uma
das plataformas da ESRI (Environmental Systems Research Institute - Instituto de
Pesquisa de Sistemas Ambientais), uma das organizações geográficas que é
mundialmente reconhecida como fornecedora de SIGs.
Logo no início do ano de 2020, a plataforma apresentava a atualização
constante do número de casos, informando o grande aumento em um curto período
de tempo. A partir de sua criação, outros painéis foram sendo desenvolvidos, um dos
principais é o presente no site da OMS, que desde a declaração de estado de
Emergência Pública, promove a informação sobre a propagação do vírus, com
atualizações frequentes.
A seguir, serão apresentados como as representações cartográficas se deram
durante a pandemia, visto que sendo um tema novo, sugeriu a ideia de inúmeros
trabalhos referentes a Covid-19, não apenas referentes à cartografia. Posteriormente,
serão analisados e descritos os objetos de estudo deste trabalho.

3Artigo publicado em 12 de julho de 2020: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/07/12/o-painel-


da-johns-hopkins-a-equipe-envolvida-no-site-mais-visitado-da-pandemia
53

4 REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS A PARTIR DA PANDEMIA

Muitos profissionais, dentre eles os cartógrafos e geógrafos, desenvolveram


métodos de mapeamento e monitoramento para acompanhar a disseminação do vírus
no planeta. A presença da Cartografia nos dias atuais é fundamental para melhor
compreensão da dispersão do coronavírus em escala mundial.
Diante as mudanças ocorridas a partir da pandemia e com a disponibilidade de
recursos tecnológicos e cartográficos, muitas representações surgiram a fim de
apresentar a nova realidade. Essas representações são importantes na busca da
criação de medidas que possam enfrentar a pandemia e informar a população.
Franch-Pardo et al. (2020) reuniram em um estudo sobre 63 artigos científicos
dentro da temática de espaço geográfico no contexto da pandemia Covid-19, no
período de 7 de janeiro de 2020 a 11 de março do mesmo ano, onde dividem os
trabalhos em cinco categorias de mapeamento de doenças: Análise espaço-temporal,
Saúde e Geografia social, Variáveis ambientais, Mineração de dados e Mapeamento
baseado na Web.
Os trabalhos relativos à análise espaço-temporal representam aqueles que
utilizam uma escala de tempo como metodologia. Trabalhos nas temáticas de
alterações padronizadas em diversas regiões geográficas, identificação de sintomas
e, auxiliando no acompanhamento de pessoas infectadas ao longo do tempo,
contagens de casos da doença para identificar novos grupos emergentes, e até
mesmo referente a eficácia de medidas restritivas no início da propagação da
pandemia.
No que diz respeito aos trabalhos na área da saúde e Geografia social, são
apresentados os desafios de determinar medidas de controle de saúde em países em
desenvolvimento, levantando a necessidade de tratar os fatores estruturais da
pobreza global, um trabalho onde foi realizada a relação entre a concentração de
enfermeiros e a mortalidade da doença por país.
Os trabalhos classificados na categoria de variáveis ambientais, apresentam
uma relação do meio ambiente, Geografia e correlações socioeconômicas, além de
estudos da relação entre clima e a doença para dimensionar a propagação do vírus.
Os trabalhos inseridos na temática mineração de dados são aqueles que fazem
uso de big data (grande volume de dados), onde os pesquisadores estimam a escala
de um evento antes que ele aconteça, permitindo a adequação de políticas de
54

prevenção. O uso de SIG e tecnologia de big data permitem respostas e análises


rápidas, sobre a dinâmica da pandemia.
A categoria de mapeamento baseado na web apresenta trabalhos que
expuseram métodos eficientes para a representação espacial da pandemia e seu
progresso, tanto para usuários especializados como não especializados. De modo
geral, atualmente, cada país possui o próprio visualizador de informações relativas a
Covid-19, com dados detalhados em escala provincial, estadual ou local.
Conforme Franch-Pardo (2020), em relação ao acesso às informações
referentes a Covid-19, é fundamental para o desenvolvimento de trabalhos
acadêmicos e o planejamento de medidas para conter a disseminação da doença e
produzir materiais informativos para a população. A disponibilização de informações
da OMS, instituições públicas, plataformas como Google, são muito importantes.
A seguir serão apresentados de maneira descritivas as informações e
metodologias adotadas para a representação e atualização das informações
referentes aos painéis/dashboards de Covid-19 da Universidade Johns Hopkins e da
Organização Mundial da Saúde.

4.1 DASHBOARD COVID-19 JHU

O “Covid-19 Dashboard by the Center Systems Science and Engineering


(CSSE) at Johns Hopkins University” (Painel Covid-19 do Centro de Ciência e
Engenharia de Sistemas (CSSE) da Universidade Johns Hopkins), é o visualizador
com informações internacionais de Dong, Du e Gardner (2020), da JHU. O dashboard
conta com webdesign e a plataforma online ArcGIS em sua base de mapas.
O painel interativo online em questão foi desenvolvido frente à pandemia, a
emergência de saúde pública gerou a necessidade de visualização e o rastreamento
de casos da doença em tempo real, visto que, no momento de sua criação, ainda não
existiam outras ferramentas que realizassem esta função. O painel foi disponibilizado
em 22 de janeiro de 2020. De acordo com Dong, Du e Gardner (2020), o site está
hospedado pelo CSSE da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, cidade do
estado de Maryland, nos Estados Unidos.
Dong, Du e Gardner (2020) indicam que o objetivo da ferramenta
disponibilizada por eles é de ilustrar a localização e a quantidade de casos
confirmados de Covid-19, apresentando o número de mortes e as recuperações por
55

países. Dessa forma, são disponibilizados para pesquisadores, autoridades


federativas e população como uma representação informativa da disseminação do
vírus. Os autores ainda fornecem todos os dados coletados e exibidos de forma
gratuita, por meio de um repositório GitHub, junto às camadas de recursos do painel,
que foram incluídas no Esri Living Atlas. O repositório GitHub é um sistema de controle
de arquivos que hospeda os dados e projetos dos usuários. Já o Esri Living Atlas,
conforme o próprio site da empresa:

[...] é uma coleção em evolução de informações geográficas globais,


autoritárias, pronta para uso da Esri. Inclui imagens, mapas de base, dados
do estilo de vida e demografias, paisagem, limites e lugares, transporte,
observações da Terra, sistemas urbanos, oceanos e mapas históricos que
podem ser combinados com seus próprios dados para criar mapas, cenas e
aplicativos e executar análise. (ESRI, 2020)
O painel confeccionado por Dong, Du e Gardner (2020) utiliza informações dos
relatórios da OMS e do Center for Disease Control and Preservation - Centro para
Controle e Preservação de Doenças (CDC) da China, que era a principal fonte de
dados no início da pandemia.
O mapa interativo do painel JHU CSSE registra os casos confirmados, o
número de mortes e as doses de vacinas registradas, apresentando além de
informações totais do globo, dados ranqueados por países. A plataforma ainda indica
gráficos que representam o número de casos por período de tempo. O painel mostra
visualizadores que apontam dia e hora da atualização e fontes de dados mais
recentes.
As principais fontes de informações do painel são da Organização Mundial da
Saúde, do CDC dos EUA, da Comissão Nacional de Saúde da República Popular da
China, do CDC Europeu e do DXY.cn, um recurso médico chinês que se constitui por
uma comunidade para profissionais da saúde compartilharem informações.
O dashboard, disponibilizado pela Universidade de Johns Hopkins, foi um dos
primeiros durante o início da pandemia, a ideia acabou inspirando outras
universidades, organizações, entidades públicas e privadas a fazerem os seus
próprios mapas e indicar as informações referentes ao vírus. Isso trouxe um retorno
grande para os desenvolvedores do painel da JHU, visto que a fonte de informações
acabou se expandindo.
Além de informações representadas pelo mapa, gráficos e tabelas, o site
disponibiliza dados complementares como: Conjunto de dados brutos, Registros de
modificação de dados, Notificação retrospectiva de (prováveis) casos e mortes,
56

Distribuições posteriores em grande escala, Cronogramas de atualização irregular e


Fórum de usuários.
Outras informações adicionais, são referentes ao vírus e a pandemia, com
notícias e pesquisas dentro da temática. Em uma das abas ainda podem ser
encontradas possíveis perguntas frequentes de usuários da plataforma, esclarecidas
por Benjamin Zaitchik, professor do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias.
Algumas questões apresentadas como sugestões de possíveis dúvidas são:
• O clima afeta a transmissão da Covid-19?
• A Covid-19 poderia ser influenciado pelo clima no futuro se persistir
como a gripe sazonal?
• A poluição e a qualidade do ar influenciam o impacto da Covid-19.
Ademais, é indicado o Johns Hopkins Coronavirus Resource Center, no qual
especialistas auxiliam a compreender melhor o vírus, informando o público e os
legisladores com o intuito de orientar uma resposta, melhorar o atendimento e salvar
vidas.
As definições utilizadas para a representação das informações são
disponibilizadas no painel interativo, o que facilita a interpretação e compreensão da
representação utilizada pelos autores. Dong, Du e Gardner (2020) indicam que os
números avaliados como casos e óbitos compreendem os casos que são
eventualmente confirmados e/ou prováveis. Quanto aos dados relativos aos casos
recuperados, são dados aproximados com base em relatórios estaduais, locais
(quando disponíveis) e informações disponibilizadas pela mídia, consequentemente,
as informações não representam o número exato de casos, vacinas ou mortes, e sim
estimativas, que podem ser consideravelmente menores do que o número real.
A taxa de incidência considerada pelos autores se constitui a cada 100 mil
pessoas. Estatísticas apresentadas por esta taxa são importantes por fornecerem a
possibilidade de comparação entre lugares com diferentes populações, afinal é
sugestivo que um país com uma maior população tenha um maior número de
incidências da doença, mesmo que no caso da Covid-19 isso não se aplique. Além
disso, permite uma análise considerando médio e longo prazo. O cálculo em questão
pode ser representado por: Taxa de incidência = nº de casos registrados x 100.000
Total de habitantes.
O cálculo é aplicado tanto para a população mundial como um todo, quanto
para os dados referentes aos países, estados, províncias ou cidades, que são
57

apresentados na plataforma. A porcentagem que representa a razão de casos fatais


é dada pelo número de óbitos registrados e dividido pelo número de casos.
Em relação aos países representados no mapa do painel, de acordo com os
autores, foram considerados nomes dos locais correspondentes às designações
oficiais usadas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. Justificando que a
apresentação do material incluído no painel não tem relação ou opinião alguma, sobre
a conjuntura jurídica de qualquer país, área ou território ou de suas autoridades. É por
esse motivo que alguns países como Palestina ou República Árabe Saariana não
possuem informações representadas na plataforma, além da Coréia do Norte, que não
possui dados públicos sobre a doença no país.

4.1.1 Análise Cartográfica

O painel disposto pela JHU, apresenta casos confirmados em todo o mundo


em diferentes escalas, a partir dos dados representados cartograficamente. São
interativos, onde as informações são apresentadas por nações, estados/províncias, e
até mesmo algumas cidades específicas. Interagindo com o painel, podem ser
identificados as divisões apresentadas pelos criadores, como apresentados na Figura
15. Os dados apresentados pela captura de tela, foram atualizados no dia 19/05/2021
às 14h e 20min, assim como os dados de todas as outras capturas referentes ao painel
da JHU apresentadas neste trabalho.
Por permitir interações, outros mapas podem ser visualizados a partir do painel.
Alguns níveis são apresentados pelos autores e algumas variações de classificação
das informações. São identificados no painel conforme os níveis de pontos:
• Nível Admin0: Se refere aos Países / Regiões / Soberanias;
• Nível Admin1: Se refere à Províncias / Estados;
• Nível Admin2: Se refere apenas aos EUA.
Faz-se importante destacar, que todos os pontos representados nos mapas do
dashboard são baseados em centroides geográficos, ou seja, são meramente
demonstrativos, não simbolizam um endereço, edifício ou qualquer local específico.
58

Figura 15 – Captura de tela do Painel Covid-19 da JHU

Fonte: JHU, 2021


59

Outras representações realizadas pelos autores são referentes a variedade de


informações a partir de um mesmo tema. O mapa apresentado na Figura 15
representa o número total de casos em suas localidades. A Figura 16 exemplifica
melhor a questão da escala, representando a América do Sul, sendo possível
visualizar a legenda, ao lado do mapa.
Além da legenda, é possível identificar outro elemento, a escala que apresenta
dados ou de estados, como é o caso do Brasil, visto que foi o país selecionado no
momento da captura, como também dados do país como um todo, sem a divisão por
estados ou província, que é o caso de países como Argentina, Paraguai, Bolívia e
outros.
Outros mapas disponíveis no painel são os referentes à taxa de incidência, taxa
de casos fatais, quantidade de vacinações e dados específicos dos EUA. Como
apresentados a seguir (Figuras 17 e 18):
O mapa em vermelho (Figura 17) indica o número total de casos confirmados,
nos respectivos países / regiões / soberanias, ou estados / províncias e cidades.
O mapa apresentado pela cor amarela (Figura 18) indica a taxa de incidência
de casos podendo ser compreendida para divisão de países / regiões / soberanias,
como, por exemplo, a grande maioria dos países da África, ou estados / províncias,
como pode ser identificado, por exemplo, no Brasil ou EUA.
O mapa apresentado pela cor branca (Figura 19) indica a taxa de casos fatais,
usando a mesma divisão do mapa de incidência, apresentando informações pela taxa
por 100 mil habitantes.
O mapa apresentado na Figura 20 indica o número de doses de vacinas
administradas por países / regiões / soberanias. Logo à direita do mapa, é
apresentado a legenda para identificar a proporção utilizada e na extrema direita da
imagem, um ranking dos países em ordem decrescente sobre o número de doses
administradas.
60

Figura 16 – Captura de tela centrada na América do Sul, por JHU

Fonte: JHU, 2021.


61

Figura 17 –Número total de casos de Covid- 19 por JHU

Fonte: JHU, 2021


62

Figura 18 – Taxa de Incidência de casos de Covid-19, por JHU

Fonte: JHU, 2021


63

Figura 19 - Taxa de incidência da casos fatais de Covid-19, por JHU

Fonte: JHU, 2021.


64

Figura 20 – Doses de vacina de Covid-19 administradas, por JHU

Fonte: JHU, 2021.


65

Faz-se possível identificar que a metodologia adotada para a representação


cartográfica dos dados da Covid-19 utiliza o elemento cartográfico ponto, as variáveis
visuais de tamanho, como apresentado anteriormente por Bertin (1973, [1962]) e a
variável visual cor, que é utilizada apenas na diferença de classificação dos tipos de
mapas.
A variável visual de tamanho apresenta símbolos proporcionais que indicam o
valor dos dados, no caso em questão, são utilizados círculos. Essa maneira de
representação permite a visualização de atributos concentrados em áreas. Como já
especificado, a localização dos pontos não se refere às localizações específicas, são
representativas dos territórios.
A depender do zoom aplicado, o mapa acaba levando a uma falta de clareza,
se tornando incompreensível. Isso ocorre porque o tamanho do símbolo escolhido é
baseado em uma proporção definida, os círculos no mapa podem ser grandes em
comparação com outros círculos quando os dados estão lado a lado com um zoom
aproximado. Dessa maneira, se um pequeno território estiver associado a um valor
muito grande em seu atributo, o círculo equivalente pode se sobrepor aos outros
próximos ou às características do mapa.
Por se tratar de um painel interativo, a possibilidade de zoom facilita a
compreensão das informações, de maneira que as mesmas não fiquem sobrepostas.
Ao mesmo tempo que o mapa possui um problema visual, ele apresenta a solução
com a ferramenta de zoom.

4.2 PAINEL COVID-19 OMS

A Organização Mundial da Saúde ou World Health Organization (WHO), é uma


agência internacional de saúde, subordinada da Organização das Nações Unidas
(ONU). Conforme as informações apresentadas no próprio site (2020), a organização
trabalha com 194 Estados Membros, em seis regiões e em mais de 150 escritórios.
O “WHO Coronavirus (Covid-19) Dashboard” (Painel do Coronavírus da OMS
(Covid-19) foi desenvolvido com a Sprinklr, uma plataforma mundial em Customer &
Citizen Experience Management - CXM (Gestão da Experiência do Cliente e do
Cidadão). A plataforma promove a visualização dos dados da OMS sobre o impacto
de Covid-19 para auxiliar a garantir a informação e segurança das comunidades. O
66

dashboard permite a análise em tempo real do impacto da pandemia de coronavírus


em escala mundial (SPRINKLR, 2020).
De acordo com as informações disponibilizadas no site da Sprinklr (2020), o
painel foi produzido com a tecnologia Sprinklr Display, um recurso-chave da
plataforma de gerenciamento de experiência, que permite aos governos e
organizações, o combate e a propagação de informações incorretas, dessa forma
oferecendo informações críticas, através de modernos canais sociais e de
mensagens.
O painel sofreu atualizações conforme o avanço da pandemia, seja no layout
ou na apresentação de informações, em abril de 2020, a interface adotada pela OMS
se tornou mais limpa, com uma visualização mais compreensiva das informações do
status da Covid-19 conforme o desenvolvimento da situação. Conforme publicado em
sua página, os usuários agora podem visualizar:
• Casos novos e confirmados e mortes em todo o mundo com estatísticas diárias;
• Informações específicas do país clicando em qualquer país no mapa interativo;
• Gráfico interativo mostrando casos relatados por região da OMS, incluindo
estatísticas diárias e cumulativas;
• Casos e mortes confirmados e mudanças ao longo do tempo em um país,
região ou território específico, no gráfico interativo;
• Uma nova guia do explorador projetada para fornecer conjuntos de dados
complexos para fácil acesso e uso. Ele permite que os usuários selecionem
variáveis em três eixos, o que ajuda a ver correlações e relacionamentos que
podem fornecer insights sobre Covid-19 e como as comunidades estão
respondendo a ele.
O site apresenta ainda gráficos informativos considerando continentes /
regiões, como: Américas, Europa, Sudeste da Ásia, Mediterrâneo Oriental, África e
Pacífico Ocidental, que podem ser consultados nas categorias: diariamente ou
semanalmente. Indica a situação por país, território ou área, apresentando a
localização do mesmo no globo e a linha temporal de número de casos em respectivos
países, apresentados a partir de 3 de janeiro de 2020.
Quanto aos nomes das nações apresentadas no painel, baseiam-se nas
informações recebidas pela Organização, que se refere aos próprios Estados
Membros e das Nações Unidas. Algumas regiões nos mapas são apresentadas por
67

bordas pontilhadas, a OMS (2020) indica que os limites, nomes retratados e


indicações empregadas nos mapas não envolvem a manifestação de qualquer opinião
por parte da Organização sobre a situação jurídica ou a delimitação de fronteiras /
limites de qualquer país, território ou área de suas autoridades. As linhas pontilhadas
nos mapas reproduzem apenas as linhas de fronteira aproximadas para as quais pode
não haver acordo total.

4.2.1 Análise Cartográfica

O painel disponibilizado pela OMS indica casos de Covid-19 presentes no globo


todo, podendo ser visualizado dados por países. A interação do painel se refere às
modalidades de mapas temáticos disponíveis, como será apresentado a seguir. Em
sua página inicial, o painel apresenta o número total de casos, seguido do número de
novos casos, casos confirmados, número de mortes e doses de vacinas
administradas. As informações indicadas na captura foram atualizadas às 15h e
28min. do dia 19 de maio de 2021, assim como os dados das outras capturas
apresentadas pela OMS neste trabalho. A única informação que difere dessa data, é
a referente ao número de doses de vacinas administradas, que consiste em dados
atualizados no dia 18 de maio de 2021.
Nem todas as informações disponíveis se encontram na página inicial, é preciso
interagir com o mapa para encontrar informações específicas como legendas ou
dados de países específicos, pois, incialmente, são apresentados dados totais do
globo. A classificação de cores utilizada no mapa sugere que quanto mais escuro a
cor utilizada, mais casos existem naquele país, essa informação confere com outras
capturas obtidas, que serão apresentadas a seguir.
Os outros mapas disponíveis pela OMS, são semelhantes aos do proposto pela
JHU, porém utilizando outro tipo de representação, como pode ser notado na Figura
21. A Figura 22 apresenta mais detalhes que podem ser apresentados conforme
interação com o painel, identificando a legenda e o número de casos do país
selecionado.
68

Figura 21 - Captura de tela do Painel Covid-19 da OMS

Fonte: OMS, 2021.


69

Figura 22 - Número total de casos de Covid-19 por OMS

Fonte: OMS, 2021.


70

A imagem a seguir, indica uma interação realizada no painel, com zoom


aproximado na América do Sul, indicando o Brasil como selecionado, para a
apresentação dos dados referentes (Figura 23). Logo a direita é possível visualizar a
escala utilizada na representação.
Figura 23 - Captura de tela centrada no Brasil, por OMS

Fonte: OMS, 2021.

As variações disponibilizadas no painel são classificadas pelos temas: número


de mortes, classificação de transmissão e vacinação. Em algumas dessas
classificações é possível interagir para obtenção de dados mais específicos: total por
100 mil habitantes, percentual de mudança nos últimos 7 dias (Figura 24), casos
relatados nos últimos 7 dias e casos relatados nas últimas 24 horas (em relação à
captura obtida).
O mapa com a cartela de cores laranja (Figura 25) indica o número de mortes
por países, que também utiliza uma escala de cores gradientes, onde quanto mais
escuro, mais casos ocorridos. A contagem reflete majoritariamente casos de óbitos
confirmados por laboratório, como apresentado no próprio painel, algumas exceções
podem ocorrer devido as adaptações locais. O número é tido a partir de casos
domésticos e repatriados. Alguns fatores podem influenciar no número total de mortes
indicadas no mapa, pois por se tratar de dados globais, podem ocorrer atrasos
variáveis.
71

Figura 24 - Casos com mudança nos últimos 7 dias, por OMS

Fonte: OMS, 2021.


72

Figura 25 - Captura de tela: Número de mortes, por OMS

Fonte: OMS, 2021.


73

O mapa apresentado na Figura 26 apresenta a classificação de transmissão


presente nos territórios. Essa definição é apresentada pela OMS (2021) como:

A classificação da transmissão é baseada em um processo de autorrelato de


país / território / área. As classificações são revisadas semanalmente e
podem ser revisadas à medida que novas informações forem
disponibilizadas. Diferentes graus de transmissão podem estar presentes
dentro de países / territórios / áreas. Para mais informações, consulte:
Considerações para a implementação e adequação de medidas sociais e de
saúde pública no contexto do Covid-19.
Na legenda, pode ser compreendido que a grande maioria dos países se
enquadra na opção Transmissão da Comunidade, que é indicado pela cor rosa no
mapa indicando países com uma realidade de maiores casos e de transmissão local.
A cor amarela, predominante em países do leste da Ásia, indica Clusters de
casos, grupos de pessoas na origem do contágio, experimentam casos, agrupados no
tempo, localização geográfica e / ou por exposições comuns. A cor azul mostra regiões
com casos esporádicos, áreas com um ou mais casos, importados ou detectados
localmente, situação presente na Nova Zelândia, no Laos e no Camboja. A cor Ciano
apresenta países que não possuem dados sobre os casos da doença4:,
Turcomenistão e Coréia do Norte.
O mapa apresentado em seguida (Figura 27), tem como objetivo oferecer as
últimas atualizações disponíveis sobre a distribuição e aplicação de vacinas por
países / territórios / áreas. De acordo com a Organização (2021), as informações são
obtidas de inúmeras fontes, incluindo relatórios diretos de Estados-Membros.

4Conforme o site Agência Brasil (https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-01/oms-


15-paises-no-mundo-ainda-nao-registraram-casos-de-covid-19), alguns países não registraram casos
de Covid-19 pelo fato de não terem ocorrido. Outros países possuem apenas ausência de informações.
74

Figura 26 - Classificação de transmissão

Fonte: OMS, 2021.


75

Figura 27 - Doses de vacinas de Covid-19 administradas, por OMS


t

Fonte: OMS, 2021.


76

Sobre o número de doses de vacinas administradas são consideradas pessoas


totalmente vacinadas e pessoas que adquiriram pelo menos uma dose, desde o início
das vacinações, nos respectivos países. Com isso, é importante destacar que,
conforme a Organização (2021), “as doses totais administradas referem-se a doses
únicas e podem não ser iguais ao número total de pessoas vacinadas, dependendo
do regime de dose específico (os indivíduos recebem doses múltiplas)”.
O elemento utilizado para a representação das informações nos mapas
apresentados referentes à OMS, é o polígono, indicado pelos limites territoriais dos
países. A variável visual adotada, conforme Bertin (1973, [1962]), é a cor. O uso de
cores diferentes em uma ordem sequencial resulta em uma alta compreensão de
interpretação do mapa. Os mapas contidos nas Figuras 21, 22, 25 e 27 apresentam
uma ordem visual, apresentando dados do menor para o maior.
A ordem visual é um fator presente nos mapas coropléticos, que utilizam a
variável visual cor e valor. Conforme Archella e Théry (2008), os mapas coropléticos
indicam fenômenos ordenados que trabalham com dados quantitativos, onde a
legenda apresenta informações de maneira ordenada por meio de cores e suas
intensidades.
A Figura 24 utiliza duas sequencias cromáticas, indicando locais onde
ocorreram o aumento e a diminuição dos casos, a partir de valores positivos e
negativos, onde os tons em verde apresentam a diminuição, e conforme sua
intensidade vai para o laranja, indica o aumento de casos.
A Figura 26 apresenta além da cor, a variável diversidade também é
identificada, para representar a classificação de transmissão, onde cada cor indica
diferentes tipos de classificação.
A escolha de representação Cartográfica adotada pela OMS exibe informações,
onde cada área definida é representada por uma cor que indica um valor numérico. A
classificação dos dados reunindo valores semelhantes em uma mesma classe, diminui
a complexidade das informações. O mesmo conjunto de dados pode resultar em
classes de dados específicas O método de intervalo distribui todo o conjunto de dados
em classes, assim o desenvolvimento de valores em cada classe de dados é o
mesmo.
Mapas que utilizam a variável cor, para representar quantidade, servem como
uma comunicação visual eficaz de fenômenos espaciais. A percepção visual dos
padrões referentes a quantidade de casos em cada delimitação territorial é intuitiva,
77

visto os valores de cor entre diferentes nações, se constituindo como ferramentas que
influenciam na aparência do mapa, facilitando a sua legibilidade. O uso de mapas
desse tipo, apresenta diferentes níveis de gravidade de maneira objetiva, sendo
sugestivo que regiões em áreas mais escuras, representam locais com um maior
número de casos.
Além do tipo de representação, a escolha da cor é importante, pois pode
influenciar a interpretação do público sobre os dados informados. Com tudo, os mapas
disponibilizados pela OMS, são eficazes para o público, pois sua classificação de
dados cuidadosamente projetada junto a um esquema de cores apropriado para
categorização, facilitam a compreensão do leitor.
78

4.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS PAINÉIS COVID-19

De acordo com Rodrigues (2020), o interesse na produção e na visualização


de mapas relativos a Covid-19 mostram a curiosidade pela ciência. A confecção de
mapas com informações sobre a pandemia se tornou fundamental na disseminação
de informações para a população, se constituindo de forma rápida, objetiva e interativa
de compreender a propagação do vírus. Esse mapa acaba se configurando como as
novas ferramentas permitem contribuir com a medicina e visualização dos dados.
Conforme o autor, a medicina obteve um grande avanço na disponibilização das
informações de maneira interativa, com o auxílio de plataformas e engenharia de
dados.Muitasagências governamentais, departamentos de saúde pública,
publicações em sites, revistas, trabalhos e veículos de mídia, frequentemente utilizam
as últimas atualizações apresentadas pelo Dashboard Covid-19 da JHU e do
Dashboard Covid-19 da OMS. A plataforma da JHU foi uma das primeiras a serem
desenvolvidas no início da pandemia, foi uma grande fonte de informações no período
em que o vírus estava se disseminando por novos países. O painel da OMS foi
disponibilizado posteriormente, é diferente do da JHU, não possuía atualizações tão
frequentes ou múltiplas fontes de dados. Outra característica a ser apresentada, é que
o Dashboard da OMS apresenta apenas dados por países.
Juergens (2020) indica que mapas temáticos necessitam de profissionais
adequados para sua elaboração, seja para a escolha da aparência do mapa
resultante, seja para a determinação da melhor metodologia para apresentar as
informações, visto que a Cartografia oferece inúmeras possibilidades. Muitos aspectos
devem ser levados em consideração, como: número de classes temáticas, limites de
classes, método de classificação e esquema de cores ou símbolos aplicados. A
escolha das classes é uma parte fundamental da criação do mapa, pois classes em
excesso podem resultar em um mapa que parece difícil de ser compreendido, se
tornando confuso para o leitor. Em contrapartida, poucas classes podem ocultar
informações reais.
Uma das principais diferenças apresentadas entre os painéis é a escala, outro
elemento importante a ser observado, pois está ligada à resolução espacial ou nível
de detalhe. Por se tratar de mapas interativos, a escala não é fixa, o que permite uma
melhor visualização das informações, principalmente em nações de menor extensão
territorial. Enquanto o painel da JHU fornece uma escala interativa que apresenta
79

dados de países, também possibilita a visualização de dados por estados de algumas


nações, e até mesmo cidades, em contrapartida, os mapas disponíveis pela OMS,
ficam limitados a uma escala por países, informando números totais.
Li (2021) aponta que mapas temáticos são resultantes de escolhas de um
cartógrafo sobre a classificação e simbolização de dados. Esse processo leva a várias
representações usando as mesmas informações, possibilitando interpretações
divergentes. Para o autor, isso mostra a importância da análise de um profissional
adequado, do conjunto de dados, para adaptar as informações na comunicação
visando a compreensão do público e considerando o tipo de mapa correto para o
desenvolvimento de representações cartográficas.
O tipo de representação adotada por cada um dos painéis é adequado para a
visualização dos dados. Por possuírem escalas diferentes, sua representação se
adequa às interações realizadas durante a visualização. É importante uma escolha
cuidadosa na representação, classificação e simbolização dos dados, pois utilizando
elementos ou variáveis inapropriadas, o mapa perde o sentido de comunicação.
As informações representadas nos mapas, correlacionadas aos dados
demográficos, são muito importantes para poder compreender como ocorreu a
disseminação global da doença Covid-19, relacionando com os aspectos geográficos,
o conteúdo se mostra como uma ferramenta rica para análise das informações.
As ideias apresentadas por Bertin (1989), em relação à visualização e
comunicação de informações representadas através dos mapas, são importantes não
apenas para o cartógrafo que produz o mapa considerando o leitor como objetivo final,
mas também em relação ao leitor e como o mesmo interpreta os dados. Os painéis
apresentados possuem uso público, com isso, é inevitável que os mesmos não sejam
julgados por sua aparência e estética. É imprescindível o uso de conceitos e
ferramentas cartográficas adequadas para concluir o objetivo dos mapas.
Além de importantes para informar a população, os mapas temáticos podem
ajudar governos, gestores públicos e organizações na tomada de decisões frente a
pandemia, ajudando a identificar os melhores passos a serem dados, o que em tese
contribui para salvar vidas, trazendo benefícios para diversas áreas da sociedade que
foram afetadas com o vírus, como a economia, a educação e a cultura.
80

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As circunstâncias pandêmicas de um mundo globalizado requerem notas que


se movimentam da teoria à prática, essas avaliações que dificultam o diálogo entre o
pesquisador e a comunicação. Ao longo dos últimos anos, inúmeras doenças
zoonóticas se mostraram na mídia, podendo ser consideradas como sendo de “médio
risco”.
As consequências da pandemia se configuraram em um momento crítico para
todas as atividades diárias e uma reformulação das políticas públicas e de saúde
pública, medidas para conter o aumento de casos e retardar o avanço da doença.
Essas mudanças foram capazes de transformar o espaço geográfico e as relações do
homem com a natureza.
Quando se confirmou a pandemia, as questões sanitárias, de saúde e bem-
estar focaram sua busca nas diversas ciências. Entre elas a Geografia, que ajuda a
levantar informações espaciais fundamentais. A Geografia é uma ciência capaz de
analisar todas essas mudanças resultantes da pandemia e tem um papel muito
importante na formulação de políticas de melhoria da qualidade de vida em um
momento tão crítico. Pois, com a visão geográfica, é possível examinar o mundo
através das lentes da interação espacial e como as pessoas e os lugares interagem
no espaço.
Trabalhos resultantes de conceitos geográficos são capazes de mostrar como
uma pandemia se espalha, sua difusão e fatores favoráveis, como proximidade,
conectividade, convergência espaço-tempo e globalização, mostrando maneiras de
conter a pandemia, construir e praticar tais intervenções espaciais.
A disseminação do vírus necessitou de uma identificação de espacialização
reconhecendo como ocorreu essa manifestação através do espaço geográfico e das
fronteiras internacionais. Com o mundo globalizado, houve a reconfiguração das
relações econômicas, políticas, culturais, sociais e educacionais, resultando em um
aumento de desigualdades.
Os estudos geográficos são capazes de compreender a natureza e o
funcionamento do desdobramento da crise pandêmica da Covid-19 com uma análise
crítica, reflexiva e uma visão teórica. Os mapas usados neste estudo produzem boa
precisão na interpretação de informações simbolizadas.
81

Com a classificação das informações e representações distintas, a


interpretação pode variar de leitor para leitor. O uso de símbolos proporcionais pode
tirar a ênfase de situações em regiões específicas, mas a partir do zoom a
compreensão se torna efetiva. O uso de cores para a classificação se torna didático e
agradável visualmente, visto que informações não são sobrepostas.
O objeto de estudo em questão é um poliedro temático onde os aspectos
geográficos são presentes em vários quesitos. A análise e a função de representação
dos mapas abordados relativos ao coronavírus fornecem um processamento de dados
temáticos, um processo de desafios e influência. Sendo elaborados corretamente,
podem ser identificados pelo leitor e interpretados facilmente.
Juergens (2020) apresenta que para a exibição de objetos do mundo real, com
coordenadas em representações cartográficas, é preciso certa abstração e
simplificação da complexidade do mundo real. Os cartógrafos desenvolvem a
complexidade criando modelos para um aspecto de mapa reduzido. Com a grande
variedade de técnicas, uma coisa ainda precisa ser fixa, a influência do cartógrafo no
conteúdo resultante do produto cartográfico.
O objetivo geral desta pesquisa de compreender como a Cartografia Temática
pode auxiliar na criação, leitura e interpretação das informações disponíveis sobre o
coronavírus foi alcançado, visto que a sistematização das informações e os aspectos
cartográficos aplicados geram produtos didáticos e informativos.
Com a problemática: como a Cartografia Temática pode contribuir para a
criação, leitura e interpretação das informações acerca do coronavírus? Conclui-se
que para alcançar a resposta para este questionamento este trabalho de conclusão,
encontrou representações completas e objetivas, que com interações se confirmam
como didáticas para livre acesso e interpretação da população. Os produtos gerados
a partir da Cartografia Temática são essenciais para a representação de dados
referentes a Covid-19.
Os pontos positivos, a partir da análise realizada, permite reconhecer que nem
todas as informações vitais necessárias para lidar com o surto podem ser prontamente
quantificadas e mapeadas. Mas que grande esforço é realizado pelas plataformas que
tem o objetivo de representar as informações de maneira mais didática possível. As
cartografias em meio digital permitem o acesso de quase toda a população e são
disponibilizadas de maneira gratuita. A função destes mapas digitais beneficia de
82

inúmeras maneiras, seja a população, sejam os órgãos governamentais na


elaboração de políticas, mobilização social, planejamento e alocação de recursos.
Os pontos negativos são referentes às dificuldades encontradas no processo
de realização da pesquisa. Por serem plataformas globais, o grande número de
acessos acaba sobrecarregando os respectivos sites, gerando uma lentidão em
interações nos painéis.
Em um mundo informacional, a Geografia apresenta maneiras de examinar os
aspectos geográficos resultantes considerando diferentes ferramentas geográficas
capazes de transmitir informações. O contexto atual traz novamente a questão da
medicina cartográfica, mas em um mundo globalizado, onde o desenvolvimento de
mapas evoluiu com o aperfeiçoamento dos SIGs e softwares de representações
cartográficas.
Por fim, a Geografia junto a Cartografia são ciências fundamentais para
compreender a espacialidade da abrangência da pandemia, onde a Cartografia
Temática pode auxiliar na leitura e interpretação das informações com suas diversas
representações baseadas em diferentes técnicas e elementos.
83

REFERÊNCIAS

ACI (Netherlands). A Strategic Plan for the International Cartographic


Association: as adopted by the ica general assembly 2003-08-16. As adopted by the
ICA General Assembly 2003-08-16. 2003. Disponível em:
https://icaci.org/files/documents/reference_docs/ICA_Strategic_Plan_2003-2011.pdf.
Acesso em: 10 set. 2020.

ALTONEN, Brian. Alexander Keith Johnston – “Health & Disease” in North


America. 2011. Disponível em: https://brianaltonenmph.com/gis/historical-disease-
maps/alexander-keith-johnston-health-disease/. Acesso em: 20 mar. 2021.

Andrews, G. J. (2002). "Towards a more place-sensitive nursing research: an


invitation to medical and health geography". In: Nursing Inquiry, 9(4), 221–238.Page
221.

ARCHELA, Rosely Sampaio; ARCHELA, Edison. Correntes da Cartografia teórica e


seus reflexos na pesquisa. Geografia: 1º Projeto CPG/UEL, Londrina, v. 11, n. 2, p.
161-170, jul. 2002.

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