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Brazilian Journal of Development 75807

ISSN: 2525-8761

O impacto do confinamento domiciliar Covid 19 no comportamento


alimentar: uma revisão integrativa

The impact of Covid 19 home confinement on eating behavior: an


integrative review

DOI:10.34117/bjdv7n8-009

Recebimento dos originais: 02/07/2021


Aceitação para publicação: 02/08/2021

Dierlen Ferreira de Souza


Acadêmica de Nutrição – Universidade Federal de Sergipe;
Endereço: Av. Gov. Marcelo Déda - São José, Lagarto - SE, 49400-000
E-mail: dierlenferreirasouza@gmail.com

Daniele Vieira Francisco


Acadêmica de Nutrição – Universidade Federal de Sergipe;
Endereço: Av. Gov. Marcelo Déda - São José, Lagarto - SE, 49400-000
E-mail: vdaniele10@yahoo.com.br

Laíse Luemmy de Lima Ferreira


Acadêmica de Enfermagem – Universidade Federal de Sergipe;
Endereço: Av. Gov. Marcelo Déda - São José, Lagarto - SE, 49400-000
E-mail: laiseluemmy.98@gmail.com

José Cleyton de Oliveira Santos


Acadêmico de Enfermagem – Universidade Federal de Sergipe;
Endereço Institucional: Av. Gov. Marcelo Déda - São José, Lagarto - SE, 49400-000
E-mail: cleyton-121@hotmail.com

Beatriz Correia Carvalho


Acadêmica de Enfermagem – Universidade Federal de Sergipe;
Endereço: Av. Gov. Marcelo Déda - São José, Lagarto - SE, 49400-000
E-mail: becorreia97@gmail.com

Vivian dos Santos


Residente em Atenção Hospitalar a Saúde-Hospital Universitário de Lagarto –
Universidade Federal de Sergipe;
Endereço: Av. Gov. Marcelo Déda - São José, Lagarto - SE, 49400-000
E-mail: vivianstos@hotmail.com

Stephanie Cecília Araújo de Souza


Residente em Atenção Hospitalar a Saúde-Hospital Universitário de Lagarto –
Universidade Federal de Sergipe;
Endereço: Av. Gov. Marcelo Déda - São José, Lagarto - SE, 49400-000
E-mail: scsouza_@hotmail.com

Simone Otília Cabral Neves


Professora do Curso de Educação e Saúde – Universidade Federal de Sergipe;

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E-mail: simonecaneves@gmail.com

RESUMO
As recomendações da OMS para a contenção do coronavírus trouxeram como resultados
a inatividade física, alterações do comportamento psíquico e mudanças no
comportamento alimentar com restrições e/ou excesso e ocasionou alterações no estado
nutricional dos indivíduos. O objetivo dessa pesquisa foi verificar a presença de mudanças
do comportamento alimentar durante a pandemia do COVID-19. Trata-se de uma revisão
integrativa da literatura realizada por meio de uma abordagem qualitativa, na qual foram
utilizadas as plataformas da Scientific Electronic Library Online (SciElo) e Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS), com os Descritores em Saúde (DeSC): Comportamento
alimentar “Feeding Behavior”, COVID-19, “Coronavirus Infections” em combinações
com o auxílio do operador boleano AND. Como critérios de inclusão foram estabelecidos
artigos dos últimos cinco anos (2019 a 2020), nos idiomas inglês e português, disponíveis
gratuitamente nas bases de dados nacionais e internacionais, e que atendessem a seguinte
questão norteadora do estudo: “Quais mudanças ocorreram no comportamento alimentar
durante a pandemia de COVID-19”?. Foram selecionados um total de n=9 artigos que
cumpriram os critérios de inclusão. Ao ler os artigos, observou-se que o confinamento
domiciliar decorrente da pandemia atual (COVID-19) influenciou na redução da prática
de exercícios físicos, apesar do aumento da oferta de orientação e aulas disponíveis nas
mídias sociais, os indivíduos não conseguem manter adequadamente seus padrões
normais de realização. Ademais, foram notadas mudanças nos comportamentos
alimentares, com o aumento da alimentação compulsiva, com ingestão maior de alimentos
não saudáveis, de lanches entre as refeições, de consumo excessivo de álcool. Essas
mudanças podem ser reflexos dos sentimentos alterados decorrentes do distanciamento
social, como ansiedade, desânimo e tedio. Também foi evidenciado que a baixa
escolaridade juntamente com o baixo nível socioeconômico, demonstra ser bastante
impactante na escolha de alimentos processados e ultra processados em detrimento de
alimentos in natura. Com esse estudo conclui-se que a pandemia do coronavírus levou a
mudanças significativas no comportamento alimentar, provavelmente induzido pelo
isolamento social e ingestão inadequada de alimentos processado e associados com a
ausência ou diminuição da atividade física, o que pode levar a um aumento ou
agravamento de doenças crônicas não transmissíveis. É visto que se faz necessário uma
conscientização maior da população em uma reeducação alimentar e um retorno a
atividades físicas saudáveis na melhoria da qualidade de vida.

Palavras-Chave: Comportamento Alimentar, COVID-19, Estado Nutricional.

ABSTRACT
The WHO recommendations for the containment of the coronavirus resulted in physical
inactivity, changes in psychic behavior and changes in eating behavior with restrictions
and/or excess and caused changes in the nutritional status of individuals. The objective
of this research was to verify the presence of changes in eating behavior during the
COVID-19 pandemic. This is an integrative literature review carried out through a
qualitative approach, in which the Scientific Electronic Library Online (SciElo) and
Virtual Health Library (VHL) platforms were used, with the Health Descriptors (DeSC):
Behavior feed “Feeding Behavior”, COVID-19, “Coronavirus Infections” in
combinations with the aid of the Boolean operator AND. As inclusion criteria, articles
from the last five years (2019 to 2020) were established, in English and Portuguese,

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available for free in national and international databases, and that met the following
guiding question of the study: "What changes have occurred in eating behavior during the
COVID-19 pandemic”?. A total of n=9 articles that met the inclusion criteria were
selected. When reading the articles, it was observed that home confinement resulting from
the current pandemic (COVID-19) influenced the reduction in the practice of physical
exercise, despite the increase in the offer of guidance and classes available on social
networks, individuals are unable to adequately maintain your normal patterns of
achievement. Furthermore, changes in eating behaviors were noted, with an increase in
compulsive eating, with greater intake of unhealthy foods, snacks between meals, and
excessive alcohol consumption. These changes may reflect altered feelings resulting from
social distancing, such as anxiety, discouragement and boredom. It was also evidenced
that the low educational level, together with the low socioeconomic level, proves to be
quite impactful in the choice of processed and ultra-processed foods in detriment of fresh
foods. With this study it is concluded that the coronavirus pandemic has led to significant
changes in eating behavior, probably induced by social isolation and inadequate intake of
processed foods and associated with the absence or decrease of physical activity, which
can lead to an increase or worsening of chronic non-communicable diseases. It is seen
that there is a need for greater awareness of the population in dietary re-education and a
return to healthy physical activities in order to improve the quality of life.

Keywords: Feeding Behavior, Coronavirus Disease 19, Nutritional Status

1 INTRODUÇÃO
No intuito de diminuir a transmissão do coronavírus a Organização Mundial da
Saúde (OMS) instituiu algumas recomendações para evitar aglomerações e impedir o
colapso do sistema de saúde. Entretanto, essas medidas impactaram além de tantos outros
o setor alimentício e o fechamento de academias (OLIVEIRA; ABRANCHES; LANA,
2020). Alguns dos resultados destas medidas foram a inatividade e mudança do padrão
alimentar, com restrições e/ ou excessos e ocasionou alterações do estado nutricional que
são importantes questões de saúde pública (MARTINEZ-FERRAN et al., 2020).
Ademais, o distanciamento social, imprescindível ao controle da disseminação do vírus,
apresentou como reflexo alterações de humor, ansiedade, medo, depressão e angústia,
fatores que interferem na escolha dos alimentos em sua qualidade e quantidade e gerou
como outra consequência, a compulsão alimentar (SIDOR; RZYMSKI, 2020).
Entender como o comportamento alimentar tem se delineado durante a pandemia
é imprescindível, objetivo alcançado com o presente trabalho. Sabe-se que uma
alimentação inadequada em termos de consumo aumentado de alimentos industrializados,
dietas altamente calóricas e pouco nutritivas aliadas a ausência de exercício físico, podem
intensificar o mal estado nutricional inclusive dos infectados pelo vírus do COVID-19.

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Com isso, o objetivo principal desse estudo foi verificar a presença de mudanças do
comportamento alimentar durante a pandemia do COVID-19 a partir da busca e análise
de estudos disponíveis nas bases de dados científicas.

2 MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada por meio de uma
abordagem qualitativa, na qual foram utilizadas as plataformas da Scientific Electronic
Library Online (SciElo) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com os Descritores em
Saúde (DeSC): Comportamento alimentar “Feeding Behavior”, COVID-19,
“Coronavirus Infections” em combinações com o auxílio do operador boleano AND.
Como critérios de inclusão foram estabelecidos artigos dos últimos cinco anos (2019 a
2021), nos idiomas inglês e português, disponíveis gratuitamente nas bases de dados
nacionais e internacionais, e que atendessem a seguinte questão norteadora do estudo:
“Quais mudanças ocorreram no comportamento alimentar durante a pandemia de
COVID-19”?. Como critério de exclusão optou-se por não utilizar textos incompletos e
que não estivessem disponíveis na integra on-line, teses, revisões sistemáticas ou
narrativas e artigos que se repetem nos distintos bancos de dados.
Primeiramente foi realizada uma busca nas bases de dados utilizando os
descritores em saúde, logo após, foi aplicado o primeiro exame, que consistia na
aplicação dos filtros: recorte temporal (2019 a 2021), idiomas e artigos disponibilizados
na plataforma; posteriormente foi realizado um segundo exame, onde os artigos
duplicados foram excluídos, e então foram lidos resumos/abstracts de maneira criteriosa
para inclusão dos artigos que responderam à questão norteadora desse estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi encontrado um total de 200 artigos utilizando os descritores, sendo que n=2
(1%) estavam indexados na base de dados SciELO, n=191 (95,5%) MEDLINE, n=4 (2%)
LILACS, 3 (0,75%) IBCS, n=1(0,5%) FIOCRUZ, n=1 (0,5%) LIS, após a aplicação dos
filtros: recorte temporal (2019 a 2021), idiomas e artigos disponibilizados na plataforma,
foram excluídos 191 por não atenderem a todos os critérios de inclusão, totalizando em 9
artigos nacionais e internacionais que foram analisados e discutidos no quadro 1. As
etapas de seleção dos artigos podem ser visualizadas na Figura 1

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Figura 1. Etapas de seleção dos artigos incluídos na revisão integrativa sobre insatisfação corporal entre
universitários.

O Quadro 1 apresenta um resumo dos artigos que compuseram a amostra final da


presente revisão. Os estudos estão descritos de acordo com os seguintes aspectos: autor,
ano da publicação, nível de evidência, delineamento, amostra, objetivo, metodologia e
principais resultados encontrados.

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Quadro 1 – Descrição dos resultados das mudanças no comportamento alimentar durante a pandemia do COVID-19, estudos nacionais e internacionais.
Autor, Ano Nível de Delineamento Amostra Local Objetivo Metodologia Principais resultados encontrados
evidência
NAKAMURA, 4 Longitudinal 890 homens Japão Investigar as -Sistema de compras - A compra de pratos principais e
SHIRAI, SAKUMA, mudanças dietéticas eletrônico no refeitório do acompanhamentos preparado de maneira
2021. dos trabalhadores local de trabalho, sendo as saudável diminuiu, ademais o consumo de
resultantes da variáveis analisadas: o número carne, peixe, vegetais, energia total, proteína
introdução de de pratos comprados e a e carboidratos diminuiu após a introdução
regulamentações para ingestão estimada de alimentos dos regulamentos,
combater o COVID- e nutrientes
19 em uma lanchonete
de uma fábrica
japonesa

AGUILAR- 4 Transversal 303 Catalunha, Analisar as mudanças - Questionários autoaplicável - Aumento do consumo de frutas 40%;
MARTÍNEZ et al., adolescentes Espanha no consumo alimentar enviado por e-mail e - Consumo de doces e tortas, alimentos de
2021. e nos comportamentos WhatsApp dos participantes conveniência e refrigerantes diminuiu 39,3,
alimentares de contendo dados sobre saúde e 49,2 e 49,8%, respectivamente, aumento da
adolescentes do comportamentos alimentar, variedade de alimentos foi relatado por
ensino médio durante fatores demográficos e 21,5%;
o primeiro bloqueio socioeconômicos - A redução no consumo de cereais, frutas e
(março a maio de vegetais, e regularidade do horário das
2020) e verificar se refeições, ademais o aumento do consumo de
essas mudanças alimentos de conveniência foi maior em
variam de acordo com adolescentes de uma posição socioeconômica
a qualidade da dieta percebida mais desfavorecida
dos alunos antes da
pandemia de COVID-
19 e com sua posição
socioeconômica
SKOTNICKA et al., 4 observacional 604 mulheres Polônia, Investigar os hábitos - Questionário autoaplicável - A frequência geral de compras diminuiu,
2021. retrospectivo e 467 homens Áustria e alimentares antes e contendo perguntas sobre independentemente do local e da forma;
Reino durante o COVID-19 hábitos alimentares antes e - Houve o aumento a frequência de pedidos
Unido e estimar as diferenças durante a pandemia de refeições prontas de restaurantes ou
entre os países compartilhado nas redes empresas de catering, consumo diário de
selecionados e sociais (Facebook, Instagram e produtos alimentícios como laticínios, grãos,

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identificar alterações WhatsApp) e por contatos gorduras, vegetais e doces, e também compra
adversas que podem pessoais dos membros do de produtos congelados e alimentos com vida
levar a consequências grupo de pesquisa. útil longa;
adicionais para a - Os níveis de atividade física diminuíram
saúde. acentuadamente, o que refletiu as mudanças
na massa corporal.
MASCHERINI et 3 Ensaio clínico 1.007 Itália - Identificar as - O Questionário de Atividade - Aumento no comportamento sedentário;
al.,2021. controlado mulheres e mudanças nos níveis Física Global (GPAQ) para a - Houve o aumento do hábito de desjejum e
307 homens de atividade física, avaliação do nível de atividade lanches e leve aumento do consumo de
hábitos alimentares e física, álcool;
bem-estar psicológico -O Med Diet Score para a - O bem-estar psicológico diminuiu,
durante o bloqueio identificação de hábitos especialmente em termos de vitalidade e
italiano de março- alimentares, pensamento positivo.
maio de 2020 com os -O teste Psychological General
professores, Well-Being Index-A (PGWBI-
funcionários e alunos A) para a avaliação das
da Universidade de alterações nos estados
Florença psicológicos.
RAMOS-PADILLA, 4 Transversal não 6.608 Equador - Descrever os - Questionário autoaplicável - 16,0% deixaram de consumir algum
et al., 2021. experimental. mulheres e hábitos alimentares e a compartilhado nas redes alimento por considerá-lo prejudicial;
2.914 homens qualidade do sono da sociais como (Facebook, - Houve o aumento do consumo de alguns
Universidade Estatal Instagram e por meio do alimentos, suplementos ou bebidas, pois
de Milagro (UNEMI) WhatsApp) contendo considerado benéfico, sendo 44,0%, 41,4% e
e a Escola Superior Características gerais e 31,6%, respectivamente;
Politécnica de sociodemográficas, hábitos - O índice de sono foi avaliado como ruim,
Chimborazo alimentares, Índice de sendo 17,4% das mulheres dormem menos de
(ESPOCH) durante o Qualidade do Sono 5 horas do que os homens.
confinamento
obrigatório devido à
pandemia de COVID-
19.
CHEIKH ISMAIL, et 4 Transversal 768 mulheres Emirados -Investigar o efeito da -Questionário autoaplicável - Um terço dos participantes relatou ganho de
al., 2020. e Árabes quarentena sobre compartilhado nas redes peso desde o início do confinamento (31%),
244 homens Unidos hábitos alimentares, sociais: E-mail, e-mail, sendo apenas 20,9% relataram perda de peso;
atividade física, LinkedIn, Facebook e - Apenas 0,7% indicaram estado de saúde
estresse e ruim;

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comportamentos de WhatsApp, contendo - Aumento significativo no percentual de


sono entre residentes perguntas sobre: participantes que consomem principalmente
adultos dos Emirados -Hábitos alimentares e de refeições caseiras durante a pandemia e uma
Árabes Unidos estilo de vida antes e durante o redução de fast-food;
confinamento do COVID-19; - Aumento das refeições diárias ≥cinco ao
- Atividade física; dia, o consumo do café da manhã durante a
- Psicossocial. pandemia, sendo que cerca de 62,3% devido
à falta de tempo antes da pandemia;
-Aumento do consumo de água para
27,8% oito ou mais xícaras por dia durante a
pandemia;
- 51,2% não consumiam frutas, 37% vegetais
e 46,2% leite e laticínios diariamente. No
entanto, 46,1% dos participantes consumiam
doces e sobremesas pelo menos uma vez por
dia, e 37,1% relataram consumir lanches
salgados (batatas fritas, biscoitos e nozes)
todos os dias.

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MOTA, et al., 2021. 4 Observacional e Brasil - Investigar mudanças -Questionário autoaplicável - Em relação ao sono, a maioria dos
transversal 574 mulheres nos hábitos de vida disponibilizado para todos os participantes relatou dificuldade moderada
e 136 homens diária relacionados ao profissionais de saúde do em adormece 30,3%, leve dificuldade em
sono, alimentação e Brasil por meio do aplicativo manter o sono 30,3%;
atividade física de móvel WhatsApp e por meio - 28,7% referiram fazer uso de
profissionais de saúde do site da Empresa Brasileira medicamentos, sendo que a maioria se
no Brasil para de Serviços Hospitalares. Os automedicava 60,3% ; medicamentos mais
compreender o questionários possuíam as usados estavam os antidepressivos 7,6%, os
impacto da pandemia seguintes informações: benzodiazepínicos 6,2%, os fitoterápicos
COVID-19 no - Caracterização da atividade 5,2%, os hipnóticos não benzodiazepínicos
cotidiano dessas física e perfil nutricional. 3,9% e melatonina 2,8%;
pessoas - Houve aumento da ingestão de carboidratos
isoladamente 24,5%, compulsão alimentar
isolada 10,1% e aumento da ingestão
alimentar noturna isolada 5,2%;
- 27% dos indivíduos relataram aumento no
consumo de bebidas alcoólicas,
principalmente vinho 14,22% e cerveja
11,2%;
- 81,8% relataram mudança na prática de
atividade física, sendo que a maioria parou de
se exercitar 53,9% ou reduziu a frequência de
treinamento 25,8%
Fonte: Autor próprio, 2021.

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Diante da leitura dos artigos, foi observado que o confinamento domiciliar


decorrente do cenário atual (COVID-19) pode influenciar o estilo de vida dos indivíduos
nas seguintes situações: Redução na prática de exercícios físicos, na qual apesar do
aumento da oferta de orientação e aulas disponíveis nas mídias sociais, os indivíduos não
conseguem manter adequadamente seus padrões normais de realização, aumentando
assim os quadros de sedentarismo.
Foram notadas mudanças nos comportamentos alimentares também, como: Maior
consumo de alimentos não saudáveis, alimentação compulsiva, aumento de ingestão de
lanches entre as refeições, consumo excessivo de álcool, que podem ser reflexos dos
sentimentos alterados decorrentes do distanciamento social, como ansiedade, desânimo e
tedio. Ainda é visto que, por permanecer mais tempo em casa, há um aumento de tarefas
cognitivas que estimulam a ingestão desses alimentos devido a mesma causa, para alívio
do estresse. Percebe-se um ciclo constituído entre a alteração de humor e desregulação do
padrão alimentar, como assistir televisão a medida em que se consome um alimento,
fazendo com que as sensações de saciedade e plenitude sejam ignoradas, levando assim
ao consumo exagerado. Ademais, foi evidenciado que a baixa escolaridade juntamente
com o baixo nível socioeconômico, demonstra ser potencialmente impactante na escolha
de alimentos (maior compra de alimentos processados e ultra processados em detrimento
de alimentos in natura, menos calóricos, frescos e perecíveis que geralmente são mais
caro) (PELLEGRINI, et al., 2020).
Outro aspecto observado é que o confinamento devido à pandemia de COVID-19
pode influenciar principalmente o consumo alimentar de adolescentes, que são altamente
suscetíveis a adquirir hábitos alimentares inadequados, que associado a falta da prática de
atividades físicas podem os predispor ao surgimento de doenças crônicas como diabetes,
dislipidemias, doenças cardiovasculares, obesidade e dentre outras.
Vale ressaltar que a combinação de uma dieta adequadamente balanceada e
exercício físico regulares são necessários à manutenção um estado nutricional adequados,
ignorar a ocorrência dos novos comportamentos além de gerar agudização de pacientes
que vivem com doenças crônicas não transmissíveis podem gerar altos custos futuramente
aos sistemas de saúde.

4 CONCLUSÃO
Com o estudo foi possível notar que durante um isolamento social proveniente de
uma situação inédita como a pandemia, podem ocorrer significativas mudanças no

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comportamento de indivíduos em relação aos hábitos alimentares, manifestadas pela


ingestão de alimentos inadequados e associados a ansiedade, isolamento social e o
sedentarismo.
A elucidação desse cenário demonstrou que a população vive em momentos de
estresse e ansiedade devido a alterações de mudanças de hábitos, o que levou a uma
alteração alimentar prejudicial, associado a inatividade física e com isso um aumento ou
agravamento de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes. Isso serve de
alerta a saúde pública com o intuito de trabalhar educação em saúde na prevenção de
agravamento em comorbidades nas doenças crônicas não transmissíveis e na melhoria da
qualidade de vida populacional.

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