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Problema 3 – Que cansaço é esse?

Joseval, 35 anos, sempre foi um homem forte e com boa saúde para aguentar sua
rotina pesada, trabalha na construção civil das 07:00 às 17:00 horas. Sua esposa prepara
todos os dias um bom prato de cuscuz com ovo e um café para que ele possa aguentar a
“lida”. Ela também é quem prepara o almoço que ele leva para o trabalho. Após largar, Sr.
Joseval passa no bar e toma uma dose da “branquinha” para relaxar. Há 6 meses tem se
sentido cansado, com falta de ar durante o esforço e tem notado os pés inchados ao final do
dia, porém nunca tem tempo de procurar um médico.
Com o passar dos meses seu cansaço foi aumentando progressivamente e agora fica
cansado mesmo em repouso, o que tem lhe incomodado bastante, principalmente no
trabalho, que exige grande esforço físico. Resolveu procurar atendimento médico e durante
a consulta, Dr. Francisco, escutou o relato do paciente sobre os seus sintomas e realizou o
exame físico, que revelou frequência cardíaca de 80 bpm e pressão arterial 80/60 mmHg.
Com base nas evidências, o médico estabeleceu o diagnóstico de insuficiência cardíaca, cuja
etiologia seria esclarecida após realização de um eletrocardiograma (ECG), um
ecocardiograma transtorácico e exames laboratoriais.
O ECG revelou ritmo sinusal, frequência de 75 bpm, bloqueio atrioventricular do 1º
grau (PR 240 ms), eixo de QRS indeterminado no plano frontal, sobrecarga atrial e
ventricular esquerdas, e alterações da repolarização ventricular, indicando hipertrofia e
dilatação do coração.
O ecocardiograma transtorácico confirmou a hipertrofia e dilatação acentuada do
ventrículo esquerdo, átrio esquerdo e ventrículo direito. Foi observado aumento acentuado
do diâmetro da aorta, estendida desde logo acima ao plano valvar até o arco aórtico. A valva
aórtica era trivalvulada e apresentava acentuada insuficiência. O pericárdio foi considerado
normal.
Os exames laboratoriais revelaram hemoglobina 15,4g/dL (13,5 a 19,6 g/dL),
hematócrito 45% (40 a 54%), 10.200 leucócitos/mm³ (4.000 a 10.000), 138.000
plaquetas/mm³ (150.000 a 450.000), taxas séricas de sódio de 129 mEq/L (135-145 mEq/L),
de potássio de 4,4 mEq/L (3,0 a 5,5 mEq/L), de ureia de 67mg/dL (15 a 45 mg/dL), e de
creatinina de 1,3 mg/dL (0,7 a 1,2 mg/d). O tempo de protrombina com INR=1,33; a relação
de tempos de tromboplastina parcial ativada foi de 1,27. A sorologia para sífilis negativa e
exames de urina revelou proteinúria de 24hs igual a 0,23 g/L.
Após o retorno e de posse dos resultados dos exames, o Dr. Francisco concluiu
tratar-se de uma valvopatia (insuficiência da valva aórtica) de grau acentuado.

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