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PROCESSO DO

TRABALHO
Saulo Christofer de Souza
(62) 99217-1493
saulosouza.adv@hotmail.com
FASE ATUAL DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL
Atualmente, tem-se como característica marcante a morosidade do Poder Judiciário Trabalhista na entrega da
prestação jurisdicional (muito embora seja um dos mais céleres do país), caracterizando uma verdadeira crise de
efetividade. A morosidade do Poder Judiciário trabalhista na entrega da prestação jurisdicional é um assunto complexo, que
resulta de diversos fatores, os quais, reputa-se como os principais:
→ número insuficiente de juízes do trabalho e auxiliares da justiça, tendo em vista o elevado número de ações trabalhistas;
→ o incremento veemente da população, a conscientização dos trabalhadores em relação aos seus direitos trabalhistas;
→ estrutura dos órgãos da Justiça do Trabalho deficiente, diante do grande movimento jurisdicional;
→ procedimentos internos burocráticos e arcaicos em relação às necessidades dos dias atuais;
→ regras processuais e procedimentais não consentâneas com os ideários da efetividade e celeridade processual;
→ comportamentos procrastinatórios do reclamado, sem consequências processuais realmente inibidoras;
→ entre outros...
Entretanto, ainda que de forma paulatina, observam-se propostas de lei e formas alternativas de solução dos
conflitos trabalhistas com o intuito de agilizar o judiciário trabalhista, como: a) procedimento sumaríssimo; b) comissão de
conciliação prévia; c) mediação e arbitragem.
Algumas possíveis saídas para a real efetividade do processo: 1) criação de um Código de Processo do Trabalho,
representando a modernização da legislação processual trabalhista; 2) estruturação dos órgãos do Poder Judiciário
Trabalhista em todos os graus de jurisdição, máxime nos locais onde possuem maior demanda; 3) criação de um Juizado
Especial Trabalhista, especializado nos procedimentos céleres trabalhistas.
CONCEITO
Direito Processual do Trabalho é o ramo da ciência jurídica que se constitui de um conjunto de princípios, regras,
instituições e institutos próprios que regulam a aplicação do Direito do Trabalho às lides trabalhistas (relação de emprego e
relação de trabalho), disciplinando as atividades da Justiça do Trabalho, dos operadores do Direito e das partes, nos
processos individuais, coletivos e transindividuais do trabalho.
Segundo Mauro Schiavi: “é o conjunto de princípios, normas e instituições que regem a atividade da Justiça do
Trabalho, com o objetivo de dar efetividade à legislação trabalhista e social, assegurar o acesso do trabalhador à Justiça e
dirimir, com justiça, o conflito trabalhista”.
Na visão de Carlos Henrique Bezerra Leite: “o ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de normas,
princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos individuais, coletivos
e difusos decorrentes direta ou indiretamente das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento
dos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho”.

→ FINALIDADES: 1) dar efetividade à legislação trabalhista e social – ao Direito Material do Trabalho;


2) assegurar ao trabalhador o acesso à Justiça do Trabalho – à ordem jurídica justa;
3) resguardar a dignidade da pessoa do trabalhador;
4) garantir os valores sociais do trabalho;
5) trazer a pacificação social;
6) promover a justa composição dos conflitos individuais, coletivos e metaindividuais trabalhistas.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO
PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE: Comparando-se o Processo Civil com o Processo do Trabalho, é inegável afirmar
que o último é mais simples e menos burocrático do que o primeiro. Na verdade, a CLT preocupou-se com o jus postulandi,
que é a possibilidade de empregado e empregador postularem pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e
acompanharem as suas reclamações até o final, sem advogado (art. 791 da CLT), sendo uma exceção do ordenamento
jurídico vigente da capacidade postulatória privativa de advogado. Dessa forma, privilegiou-se a facilitação do acesso do
trabalhador ao Judiciário Trabalhista, bem como ao trâmite processual simplificado, entregando-se ao jurisdicionado as
verbas trabalhistas, de natureza alimentar. Sempre que possível, os excessos do formalismo e da burocracia devem ser
eliminados, na medida em que a busca da efetiva prestação jurisdicional e do acesso à ordem jurídica justa devem ser uma
constante.
PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: Processo é o instrumento da jurisdição. É o conjunto de atos processuais
coordenados que se sucedem no tempo, objetivando a entrega do bem da vida ao jurisdicionado com a aplicação do direito
objetivo ao caso concreto. Já o procedimento é a forma pela qual o processo se desenvolve, de modo mais singelo ou mais
complexo. O Processo do Trabalho apresenta quatro procedimentos: I) procedimento comum (ordinário): para as
demandas cujo valor da causa seja superior a 40 salários mínimos; II) procedimento sumário (dissídio de alçada): previsto
no art. 2º, §§3º e 4º, da Lei n. 5.584/70, para os litígios cujo valor da causa não supere dois salários mínimos;
III) procedimento sumaríssimo: fruto do advento da Lei n. 9.957/2000, que incluiu na CLT os arts. 852-A a 852-I, abrange os
dissídios individuais cujo valor da causa seja superior a dois salários mínimos e limitado até 40 salários mínimos;
IV) procedimento especial: abrange todas as ações que apresentam regras especiais, como o inquérito judicial para
apuração de falta grave, o dissídio coletivo, a ação de cumprimento, a ação rescisória, o mandado de segurança, a ação de
consignação em pagamento, as ações possessórias, o habeas corpus, o habeas data, a ação de prestação de contas etc.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO
PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: O jus postulandi é uma das principais características do Processo do Trabalho,
uma vez que traduz a possibilidade de as partes (empregado e empregador) postularem pessoalmente na Justiça do
Trabalho e acompanharem as suas reclamações até o final, sem necessidade de advogado (art. 791 da CLT). Consubstancia
uma exceção da capacidade postulatória privativa de advogado. O jus postulandi é um dos grandes fundamentos dos
princípios da simplicidade e informalidade. É oportuno consignar que, em decisão do Pleno do TST (13-10-2009), o jus
postulandi não é mais admitido no âmbito do TST, havendo a necessidade da figura do advogado. Esse novo entendimento
é justificado pelo fato de que os recursos trabalhistas de natureza extraordinária (recurso de revista e embargos no TST),
por não admitirem a rediscussão de fatos e provas (Súmula 126 do TST), exigem conhecimento técnico-jurídico de um
advogado. Com efeito, à luz da Súmula 425 do Tribunal Superior do Trabalho, o jus postulandi das partes, estabelecido no
art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a
ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: A CLT e a legislação trabalhista esparsa apresentam lacunas naturais, não
conseguindo regular todas as situações jurídicas e sociais. Assim, na fase de conhecimento, o art. 769 da CLT aduz que o
Direito Processual Comum será fonte subsidiária do Direito Processual do Trabalho, contanto que preencha dois requisitos
cumulativos: 1) omissão (lacuna, anomia) da CLT; 2) compatibilidade de princípios e regras.
Da mesma forma, na fase de execução trabalhista, o art. 889 da CLT estabelece que a Lei de Execução Fiscal (Lei n 6.830/80)
será fonte subsidiária do Processo do Trabalho, isto se preencher, a exemplo da fase de conhecimento, dois requisitos
cumulativos: 1) omissão (lacuna, anomia) da CLT; 2) compatibilidade de princípios e regras.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO
PRINCÍPIO DA ORALIDADE: Trata-se de um princípio não exclusivo do Processo do Trabalho, também servindo de
fundamento para o Direito Processual Comum. Entretanto, no Processo do Trabalho, ele é observado de forma mais
acentuada, tendo em vista os princípios da simplicidade, da informalidade e do jus postulandi. São características do
princípio da oralidade do Processo do Trabalho: a) primazia da palavra: arts. 791 e 839, a, da CLT – apresentação de
reclamação trabalhista diretamente pelo interessado; art. 840 da CLT – possibilidade de apresentação de reclamação
trabalhista oral; arts. 843 e 845 da CLT – as partes deverão comparecer pessoalmente na audiência trabalhista,
independentemente do comparecimento de seus representantes legais; art. 847 da CLT – apresentação de defesa oral em
audiência; art. 848 da CLT – interrogatório e depoimento pessoal das partes em audiência; art. 850 da CLT – razões finais
orais em audiência; art. 850, parágrafo único, da CLT – sentença após o término da instrução; b) imediatidade (arts. 843,
845 e 848 da CLT); c) concentração dos atos processuais em audiência (arts. 843 a 852 da CLT); d) identidade física do juiz
(vale ressaltar que, embora a identidade física do juiz seja uma das grandes características do princípio da oralidade e
presente na CLT, fruto da concentração dos atos processuais em audiência, o TST, em sua Súmula 136, entendia que essa
identidade não é aplicável às Varas do Trabalho. Vale ressaltar também que essa Súmula foi cancelada pela Resolução 185,
de 14 de setembro de 2012, do TST); e) irrecorribilidade imediata/direta/em separado/autônoma das decisões
interlocutórias (art. 893, §1º, da CLT); f) maiores poderes instrutórios ao juiz (arts. 765, 766, 827 e 848); g) maior
interatividade entre o magistrado e as partes, traduzindo o princípio da cooperação, que defende um maior diálogo entre
o juiz e o jurisdicionado em prol de um acesso à ordem jurídica justa (arts. 764, §§ 2o e 3o, 846 e 850 da CLT);
h) possibilidade de solução conciliada.

OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO: Celeridade; Conciliação; Busca da Verdade Real;


Indisponibilidade; Normatização Coletiva.
JURISDIÇÃO x COMPETÊNCIA
JURISDIÇÃO x COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA MATERIAL DA J.T.
Quais relações jurídicas serão apreciadas/decididas pela Justiça do Trabalho?
→ Art. 114 da CF.
• Inciso I (primeira parte): “oriundas da relação de trabalho” *O.I. = Regra, os atos seguem,
igualmente, a natureza do ato.
- Relação de trabalho é o gênero da qual relação de emprego é espécie.
- Súmula 363, STJ - Compete à Justiça Estadual processar Obs) OJ 416, SDI-1, TST
e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.
- ADI 3684 – Não há competência criminal na Justiça do Trabalho.
(obs – Crimes contra a organização do trabalho
- crimes contra a administração da justiça do trabalho / Súmula 165, STJ: Competência da JF)
• Inciso I (segunda parte): “incluídos os entes de direito público externo”

Soberania (imunidade de jurisdição) –


OBS)
Há imunidade para execução forçada, *Organismos STF: Imunidade irá depender da natureza do
Estados nacionais
EXCETO: a) renúncia expressa; b) bens Internacionais*
desafetados diplomaticamente
ato praticado (enriquecimento ilícito).
(em território nacional) Ato de Império: Há imunidade
Ato de Gestão: Não há imunidade
COMPETÊNCIA MATERIAL DA J.T.
Quais relações jurídicas serão apreciadas/decididas pela Justiça do Trabalho?
→ Art. 114 da CF.
• Inciso I (terceira parte): “da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do DF e dos Municípios”

Regime especial de ADI 3395-6: Ações de


Direito Administrativo servidores estatutários e
REDA não são de
competência da J.T., pois
tratam de vínculo de
natureza administrativa.

Estado e Munic. = JC
União e DF = JF
COMPETÊNCIA MATERIAL DA J.T.
Quais relações jurídicas serão apreciadas/decididas pela Justiça do Trabalho?
Grevistas e empresa = Relação
→ Art. 114 da CF. de trabalho
Posse de imóvel público =
• Inciso II: “as ações que envolvam exercício do direito de greve;” Justiça Comum

Ações típicas: (Súmula 189, TST)


Obs) Não existe dissídio coletivo em Vara do Trabalho!!!

TRT - Quando a abrangência territorial do sindicato for menor ou igual à competência territorial de 01 TRT.
TST - Quando a abrangência territorial do sindicato for nacional ou maior que a competência territorial de 01 TRT.

Obs) Art. 114, §3º da CF: Greve em atividade essencial e com possibilidade de lesão a interesse público, o MPT poderá
suscitar (interver) o dissídio.
Obs) Art. 12 da Lei 7.520/86: Quando a abrangência do sindicato envolver apenas os TRT’s 02 (Grande SP e parte da baixada
santista) e TRT-15 (Campinas – Restante do estado de SP), competência será do TRT-02.

Ações atípicas: Ações possessórias decorrentes do exercício do direito de greve – Discute apenas a posse! Não discute a
greve em si (legalidade ou abuso da greve).
Súmula vinculante nº 23: Competência da JT e da VARA DO TRABALHO!

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