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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA de Taubaté
FORO DE TAUBATÉ
VARA DA FAZENDA PÚBLICA
AVENIDA CHARLES SCHNEIDER, 1.575, TAUBATÉ - SP - CEP
12040-000
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005977-02.2015.8.26.0625 e código DE9818A.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1005977-02.2015.8.26.0625


Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Ensino Superior
Requerente: Universidade de Taubaté - UNITAU
Requerido: Carla Valeria Vieira da S S do Prado

Juiz(a) de Direito: Dr(a). JAMIL NAKAD JUNIOR

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JAMIL NAKAD JUNIOR, liberado nos autos em 04/09/2022 às 16:45 .
Vistos.

Trata-se de ação de cobrança movida por UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ em


face de CARLA VALERIA VIEIRA DA S S DO PRADO, na qual alega, em suma, que, apesar
de ter firmado com a ré contrato de prestação de serviços educacionais, ela não arcou com a
contraprestação correspondente. Requer a condenação da requerida ao pagamento de R$ 8.358,21,
com os devidos acréscimos legais, e a procedência da demanda.

Citada, a ré apresentou contestação (fls. 109/114), na qual aduziu que não


frequentou o curso nos meses demandados. Portanto, a prestação de serviços cobrada na presente,
não foi ofertada pela autora, de modo que não lhe é devida qualquer prestação referente aos meses
de junho até dezembro do ano de 2010.

Réplica (fls. 130/135).

Esse é o relatório. Fundamento e a decido.

O pedido é procedente.

O feito comporta o julgamento antecipado, nos termos do art. 355, I, do Código de


Processo Civil de 2015, visto que a solução da lide prescinde de quaisquer outras provas.

Como se sabe, o acordo entre as partes tem força de lei, porquanto foi um ato
jurídico perfeito, legal e lícito, devendo ser respeitado o princípio da liberdade contratual.

Outra não é a solução à vista do princípio da força obrigatória dos contratos, como
esclarecido por Orlando Gomes, in verbis:

“O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato é


Lei entre as partes. Celebrado que seja, com observância de todos os pressupostos e requisitos
necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas cláusulas fossem
preceitos legais imperativos. O contrato obriga os contratantes, seja quais forem as
circunstâncias em que tenha de ser cumprido. Estipulado validamente seu conteúdo, vale dizer,
definidos os direitos e obrigações de cada parte, as respectivas cláusulas têm para os
contratantes, força obrigatória. Diz-se que é intangível, para significar-se a irretratabilidade do

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acordo de vontades. Nenhuma consideração de equidade justificaria a revogação unilateral do
contrato ou a alteração de suas cláusulas, que somente se permitem mediante novo concurso de
vontades”.

Desqualificar-se a declaração de vontade dada pelas partes é desrespeitar-se o ato


jurídico perfeito e acabado, ao arrepio do art. 5º, inc. XXXVI da Carta Política. Em suma: "pacta
sunt servanda"!

Dito isso, é certo e incontroverso que as partes firmaram contrato de prestação de


serviços educacionais, por meio do qual a ré se matriculou no curso de Pedagogia oferecido pela
autora (fls. 141/146).

Não obstante, deixou a ré de arcar com o valor das mensalidades dos meses de

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JAMIL NAKAD JUNIOR, liberado nos autos em 04/09/2022 às 16:45 .
junho até dezembro de 2010, circunstância que culminou na propositura do presente feito.

Em realidade, a defesa meritória apresentada pela ré funcionou como verdadeira


confissão, pois não há qualquer indício nos autos que comprove que a requerida adimpliu, de
algum modo, com seus débitos. Ademais, observo que a contestação não trouxe impugnação
fundamentada para se insurgir contra a cobrança realizada.

Ora, é de conhecimento notório que não há fundamento jurídico que sustente o


inadimplemento de mensalidade em instituição de ensino por conta do simples não
comparecimento do aluno às aulas contratadas. Além disso, a ré não juntou documento algum que
comprove qualquer desejo de trancar sua matrícula no ano de 2010.

Em casos análogos, já decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo:

Prestação de serviços. Mensalidade escolar. Cobrança. Ação


julgada procedente. Não pagamento das mensalidades dos meses
de agosto a dezembro de 2003. Ré que procura alterar os
fundamentos da defesa. Impossibilidade. Alegação de ausência de
cópia de documento de renovação de matrícula e contrato de
prestação de serviços referentes ao segundo semestre. Irrelevância.
Afirmação de não frequência às aulas. Desistência não
formalizada. Serviços disponibilizados à aluna. Obrigação de
pagar as mensalidades. Agravo retido e apelação não providos.
Injustificada a atitude da apelante que, mesmo não tendo
formalizado sua desistência do curso, tenta eximir-se do
pagamento das mensalidades em atraso, alegando o não
comparecimento às aulas regularmente ministradas pela apelada.
O ato de desistência é formal e não informal. (TJ-SP - APL:
992090836676 SP, Relator: Kioitsi Chicuta, Data de Julgamento:
14/10/2010, 32ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
19/10/2010)

"PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS - PEDIDO DE


TRANCAMENTO DE MATRÍCULA NÃO FORMALIZADO
MENSALIDADES DEVIDAS - SENTENÇA MANTIDA

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Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005977-02.2015.8.26.0625 e código DE9818A.
RECURSO IMPROVIDO. A falta de formalização do pedido de
trancamento de matrícula não exime o aluno da obrigação de
pagar as mensalidades avençadas". (TJ-SP - APL:
00076339420108260266 SP 0007633-94.2010.8.26.0266, Relator:
Renato Sartorelli, Data de Julgamento: 24/09/2015, 26ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 25/09/2015)

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido do(a) autor(a), e por


consequência JULGO EXTINTO O PROCESSO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, nos
termos do artigo 487, I, do CPC (2015) para condenar a parte ré ao pagamento de R$ 8.358,21,
acrescido de correção monetária pela tabela prática do TJSP e juros de mora de 1% ao mês desde
cada inadimplemento nos respectivos termos das parcelas mensais (artigo 397, CC).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JAMIL NAKAD JUNIOR, liberado nos autos em 04/09/2022 às 16:45 .
Em razão de ter dado causa à propositura da demanda, condeno a vencida ao
pagamento de custas, despesas processuais, e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor
da condenação, nos termos do artigo 85, § 2º, NCPC, verba cuja exigibilidade fica suspensa, por
ser beneficiária da gratuidade da justiça.

Transitada em julgado, expeça-se certidão de honorários à advogada


nomeada à ré (fl. 115).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Taubaté, 02 de setembro de 2022.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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