ESPECIAL 4AD

NOVEM BRO/20

EDIÇÃO ESPECIAL
FOUR AGAINST DAR KNESS
CONHEÇA ESTE R PG SOLO
INSER INDO FOUR AGAINST DAR KNESS EM SUA CAMPANHA
DARKEST DUNGEON: QUATRO CONTRA A MASMORRA SOMBRIA
JOGANDO COM MAIS DE UM JOGADOR
Conecte-se ao nosso Universo
em plena expansão!

apoie
o ra ! !
ag
Site E-mail Loja Punkverso

Facebook Instagram Twitter Youtube Discord Podcast

EDITORIAL ÍNDICE
Mais uma edição especial gratuita! E claro isso só seria
possível graças a vocês que compartilham e nos ajudam a RESENHA 4AD.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
divulgar nossos jogos e lançamentos. Conheça Four Against Darkness, um fabuloso RPG solo, nesta resenha escrita
Desta vez esta edição é totalmente focada em Four Against pela tradutora do jogo.
Darkness, o mais novo lançamento da RetroPunk. Um RPG
solo bem old school para você jogar em tempos de pande-
mia, quando seu grupo furar, em uma tarde chuvosa em
DUNGEON CRAWL.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
O bom e velho Dungein Crawl é a base de muitas aventuras clássicas e volta
que busca um jogo descompromissado e até mesmo jogar
e meia revisitamos este estilo em nossas campanhas, mesmo em jogos mais
com seu grupo de jogo, já que, apesar de ser um RPG solo,
modernos.
é possível jogar em grupo também – e você vai encontrar
dicas de como fazer isso nas páginas desta edição.
Ainda não conhce Four Against Darkness? Não se preo- INSERINDO 4AD EM SUA CAMPANHA.. . . . . . . . . . . . . . . . . 10
cupe, estamos replicando aqui a Resenha que saiu na Role- Four Against Darkness é um excelente RPG solo – e até mesmo para jogar com
punkers 10. seus amigos – mas também pode servir como uma ótima ferramenta para ou-
Four Against Darkness entra em pré-venda dia 22/10/21 tros jogos.
com um preço super em conta e com um pacote que con-
tém livro básico, suplemento, dados, fichas matriz, grid e JOGANDO COM MAIS DE UM JOGADOR.. . . . . . . . . . . . . . 15
caneta de quadro branco, tudo que precisa para jogar. E o RPG Solo? Não apenas isso. Neste artigo veremos algumas dicas de como le-
melhor de tudo, o livro já está na gráfica e a previsão de iní- var Four Against Darkness para seu grupo de jogo.
cio das entregas é em Novembro, bem rápido não? Só clicar
AQUI para ser direcionado para a página da pré-venda.
Aproveite essa edição gratuita com material para seu jogo
de Four Against Darkness e não perca a pré-venda! QUATRO CONTRA A MASMORRA SOMBRIA.. . . . . . . . . . 19
Nesta adaptação de Darkest Dungeon para Four Against Darkness você irá
encontrar novas classes, novos monstros e, é claro, tabelas.
– Fernando del Angeles

SANGUE NA MONTANHA.. ........................................ 26

Um conto Dungeon Crawl bem ao estilo de Four Against Darkness. O que o
destino reservou a nossos heróis?
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO CRÉDITOS
EDITOR
CLARICE FRANÇA Fernando "del Angeles" Pires
Escritora, roteirista e editora do site Nebulla. É uma das roteiristas do primeiro
CONSELHO EDITORIAL
e segundo Gibi de Menininha e autora do romance A Guardiã do Sonhar.
Daniel Martins, G. Moraes, Nina Bichara
IDENTIDADE VISUAL
ELI DOS SANTOS G. Moraes
Psicólogo, ativista ambiental, roqueiro e animista. Mora com a esposa, três ga-
DIAGRAMAÇÃO
tas e um tantão de plantas. Atualmente, quando não está jogando RPG está
Fernando "del Angeles" Pires e
escrevendo sobre RPG.
G. Moraes
REVISÃO
FÁBIO BENCHIMOL Fernando "del Angeles" Pires
Praticante da nobre arte do RPG por mais de duas décadas, sabe que a
ARTE INTERNA
vontade de explorar mundos fantásticos nunca termina!
Editoras originais e Internet (algumas editadas
por G. Moraes)
FRANCO GUGLIELMONI
Escritor, Mestre de RPG, aspirante a arqueólogo e investigador do oculto.
Quando não escreve, está pensando no que escrever. Fanboy de Savage
Worlds e Rastro de Cthulhu. Ainda em busca do TPK perfeito.

IVAN COLUCHI
Escritor, joga RPG desde 1996 e seus favoritos são Castelo Falkenstein e
Fate, mas está sempre disposto a conhecer jogos novos.
RESENHA Four Against Darkness

FOUR AGAINST
DARKNESS

A
proposta do RPG Four Against Dar-
kness é muito simples: É um RPG
solitário, em que você desbrava uma
dungeon e todos os obstáculos dentro dela.
A ideia desse RPG é ser um jogo fácil, com
mecânicas simples e fácil de aprender.
Não é preciso muitas coisas para começar
uma aventura de Four Against Darkness. O
que você realmente precisa é do livro com as
regras do jogo, uma folha de papel para de-
senvolver a masmorra e um lápis para fazer
as anotações. Como o nome indica, cada par-
tida desse RPG é composta por um grupo de
quatro personagens contra a escuridão que se
aventuram nessa dungeon misteriosa. O nível
de perigo vai depender da sorte do jogador.

POR CLARICE FRANÇA

 RESENHA
Com certeza, uma das propostas mais
interessantes de Four Against Darkness é
a característica de funcionar como um RPG
solo. Há algumas opções de RPG solo no mercado, muitas
delas com propostas mais intimistas, em que o jogador inter-
preta um protagonista da história e os dados vão definindo o
que vai acontecendo a partir daí. Four Against Darkness tam-
bém tem desses elementos, mas ele traz a possibilidade do
jogador controlar todo um grupo de aventureiros, no estilo
mais clássico de aventuras de RPG de fantasia. Todo mundo
já jogou uma história de desbravar uma dungeon, mas é raro
podermos controlar todas as personagens do grupo.
Em Four Against Darkness, você é mestre e jogador.
Ao mesmo tempo que você determina certas coisas que
estão acontecendo, suas decisões nem sempre resulta-
rão em consequências que estão sob seu controle. No
final, quem decide são os dados.
O jogador pode escolher quem são suas personagens,
variando entre classes e raças diferentes, clássicas de
RPGs medievais. Entre elas estão:
□ Guerreiros – Fortes, resistentes e que também po-
dem usar equipamentos mágicos para deixar seus
ataques mais letais.
□ Clérigos – Personagens importantes, pois são res-
ponsáveis por curar os companheiros.
□ Ladinos – Sorrateiros e silenciosos, são bons em pas-
sar por inimigos escondidos e destrancar cadeados.
□ Magos – Toda a equipe precisa de uma pessoa que
use magia para facilitar a vida do grupo.
□ Bárbaros – Batem primeiro e perguntam depois, são
personagens muito resistentes, mas não se dão bem
com magia.
□ Elfos – Seres ágeis, conseguem usar bem armas le-
ves, arcos e flechas e também diferentes magias.
□ Anões – São ótimos para encontrar tesouros nas
dungeons, especialistas em pedras preciosas e bons
com muitas armas.
□ Halflings – Os mais sortudos da equipe, estão sem-
pre preparados para tudo e podem fazer estrago.
Isso permite que você crie uma equipe variada para
passar pela maioria dos obstáculos que aparecerem na
sua frente. Cada categoria de personagem possui habi-
lidades bem distintas. Em alguns tipos de combate, o
mais útil é ter personagens que possam causar dano a
distância. Em outros, é melhor ter personagens que se-
jam mais resistentes a danos diretos. E ainda há aqueles
momentos que só uma magia pode salvar a pele do gru-
po. Por isso é importante montar uma equipe diversifi-
cada antes de entrar na dungeon.
Além de escolher quem são suas personagens, você
precisa decidir os itens que cada uma delas usará du-
rante a aventura, já que, uma vez na dungeon, será
complicado sair para reabastecer. Parte da graça de
Four Against Darkness é gerenciar as diferentes habili-
dades e itens. Pode ser que você ache exatamente o que
falta para sua equipe dentro da dungeon – mas pode
ser que não. Novamente, isso vai depender do resulta-
do dos dados.
4
Four Against Darkness
Four Against Darkness é um sistema que funciona bem
para iniciantes. Além de não ter regras muito complexas, o
livro é bem explicativo e de fácil entendimento. À medida
que se vai lendo, já dá para começar a ir jogando. Além dis-
so, as partidas são curtas, com duração em torno de uma
hora.
Ao contrário de outros RPGs, montar a ficha de perso-
nagens de Four Against Darkness é bem simples e rápi-
do. Uma vez que decida quais personagens estarão em
sua equipe, o jogador começa a usar as tabelas do sis-
tema para ir montando as diferentes salas, com vários
obstáculos dentro delas. Além de monstros, há encon-
tros específicos que podem ajudar a equipe ou atrapa-
lhar ainda mais.
Por mais que seja, em princípio, um RPG solo, Four
Against Darkness também pode ser jogado por mais
pessoas ao mesmo tempo, com alguém fazendo o papel
dos obstáculos da dungeon, enquanto os outros jogado-
res interpretam as personagens.
Um risco que RPGs solos possuem é o de o jogo ficar
muito repetitivo depois de algumas vezes. Mesmo que
muita coisa dependa da sorte, à medida que o jogador vai
entendendo a mecânica do jogo, é possível que RPGs solos
acabem entrando em mais do mesmo. Four Against Dar-
kness possui monstros e obstáculos suficientes para man-
ter o interesse do jogador, ainda mais se, a cada partida, a
pessoa escolher variar as personagens que estão na equipe.
O sistema de Four Against Darkness é simples e di-
nâmico. Não é preciso grandes preparações para co-
 RESENHA
meçar a jogar, já que parte é esco-
lhido na sorte, tendo o potencial de
surpreender os jogadores. Tudo é decidi-
do com 2d6, colocando os bônus necessários em rola-
gens específicas.
Por mais que seja uma aventura mais controlada e que,
na prática, aconteça em um mesmo cenário com várias
salas, dependendo de quanto tempo as personagens fi-
cam lá elas podem subir de nível. Não é possível subir
a mesma personagem de nível várias vezes seguidas,
mas é possível fazer todas irem evoluindo aos poucos. A
princípio, Four Against Darkness permite que os heróis
avancem até o nível 5.
Além das salas iniciais, as listas aleatórias do RPG po-
dem criar mais de 30 salas diferentes para os aventurei-
ros enfrentarem, e nem todas vão aparecer em um mes-
mo jogo – depende de quando os heróis vão encontrar
a saída. Mas, antes de isso acontecer, as personagens
enfrentarão vilões e conseguirão tesouros como recom-
pensas. Claro, se sobreviverem.
Os monstros não ficam apenas parados em um lugar,
guardando seus tesouros. Alguns deles andam pelos
corredores das dungeons, e podem ser perigosos para
os heróis, principalmente em um espaço limitado para
o combate. Além disso, alguns adversários podem não
atacar imediatamente. Outro fator que pode ser escolhi-
do pelas tabelas aleatórias são as reações dos monstros.
Alguns serão hostis imediatamente, outros podem ten-
tar enganar os heróis, há aqueles que vão fugir ou pedir
um favor. A reação das personagens, no entanto, depen-
de unicamente do jogador.
Talvez um dos aspectos mais interessantes de jogar
Four Against Darkness seja esse ambiente de labirinto
que o RPG traz. Existe um fator que é “procurar a saí-
da”, e não é tão simples quanto fazer o caminho de vol-
ta. Mas o que realmente dá essa sensação de descoberta
de lugares para o jogador é que nunca se sabe ao certo o
que a rolagem de dados vai colocar à frente. E uma vez
que uma dungeon tiver terminado, as próximas não se-
rão iguais, nem com os mesmos monstros ou até mesmo
personagens, que podem ser trocados caso o jogador
prefira.
5
Four Against Darkness
Apesar, contudo, de todas as possibilidades de Four
Against Darkness, por ser um RPG compacto e com
temas específicos, ele não permite variações além das
dungeons em si. Não há um grande universo para ser
explorado, ou NPCs marcantes que vão expandir o
mundo do RPG, mas isso não é um problema ou defei-
to do jogo.
A proposta de Four Against Darkness é bem específi-
ca, com um público alvo bem definido. No que se pro-
põe, o RPG dá uma variedade de alternativas e entrega
uma gama de aventuras bem divertidas, tanto de serem
jogadas em modo solo como compartilhando a expe-
riência com alguns amigos. Talvez a parte com menos
opções seja a das magias do jogo, que não tem muitas
opções como vemos em outros sistemas de RPG. Mas,
considerando as possibilidades de aventura, as opções
que existem para as personagens são boas e se encaixam
no estilo do jogo.
Four Against Darkness é uma ótima opção de jogo tan-
to para quem gosta de aventuras solo quanto para quem
prefere de explorar dungeons com os amigos. Também
é uma boa pedida para quem gosta do sentimento nos-
tálgico de derrotar monstros, pegar tesouros e desven-
dar lugares escondidos. No que se propõe a fazer, Four
Against Darkness é bem-sucedido.
TEORIA DE JOGOS Four Against Darkness

DUNGEON
CRAWL

E
xistem alguns aspectos do universo dos
RPGs que são memoráveis, e as dungeons
com certeza fazem parte desta lista. Quem
nunca juntou os amigos para entrar em uma
dungeon perigosa e torceu para que tivesse po-
ções o suficiente para sobreviver?
Não é à toa que o RPG mais famoso do mundo
se chama Dungeons and Dragons. Quando pen-
samos em RPG, pensamos em uma dungeon que
deve ser explorada, com inimigos dentro dela a
serem derrotados.

POR CLARICE FRANÇA

 TEORIA DE JOGOS Four Against Darkness

Hoje, felizmente, temos inúmeros
cenários e ambientes diferentes em
que podemos construir uma aventura.
Além de não ter apenas dungeons como espaços, as di-
ferentes dungeons existentes fazem os jogadores que-
brar a cabeça. E não dá para negar, né? Muita gente ama
uma boa e velha dungeon. Nada como entrar em um
lugar escondido, derrotar inimigos poderosos e conse-
guir inúmeros tesouros que nenhum outro aventureiro
conseguiu, enquanto sobe de nível e ganha novas habi-
lidades.
gumas aventuras específicas. Esse tipo de aventura cos-
tuma aparecer em RPGs de fantasia, em que os heróis
precisam se virar em uma masmorra, geralmente com
elementos labirínticos e desconhecidos, e enfrentam vá-
rios monstros, armadilhas e quebra-cabeças e juntam te-
souros em sua jornada. Esse é um dos tipos de aventura
mais clássicos no meio do RPG.
As dungeons não são elementos obrigatórios em um
RPG, mas são muito comuns e costumavam ser ainda
mais comuns quando pensamos nos primeiros sistemas
de RPG que existiram e que ficaram mais populares en-
tre o público de jogos. A imagem clássica de vários RPGs
mostra um grupo de aventureiros se preparando para
entrar ou entrando em um lugar inexplorado, como é o
próprio caso da capa do Four Against Darkness.
Não por acaso esse elemento quase nostálgico é
um dos grandes atrativos de Four Against Darkness.
A aventura é essa: um grupo de aventureiros dentro
de uma dungeon, boa sorte para escapar com vida
dessa, com o menor número de mortos no grupo e
a maior quantidade de tesouro que as personagens
consigam carregar.

EX PLORANDO MASMORRAS
O termo dungeon em inglês significa “masmorra”, mas
muitos de nós acostumamos a usar a palavra em inglês
nas nossas mesas de RPG. Quando usamos o termo den-
tro do RPG, geralmente a imagem que vem à cabeça são
cavernas ou labirintos cheios de monstros e tesouros.
Essa área da dungeon costuma ser toda conectada por
inúmeros corredores e salas, e algumas delas podem ser
secretas.
E esse é um dos pontos mais importantes de Four
Against Darkness, RPG solo focado em dungeon cra-
wl. Cada partida de Four Against Darkness se passa em
uma dungeon diferente, que é gerada aleatoriamente à
medida que o jogador rola os dados, verificando as ta-
belas do livro e descobrindo os desafios.
Pela popularidade das dungeons em RPGs, surgiu a
expressão “dungeon crawl” para fazer referência a al-

7
 TEORIA DE JOGOS
Aventuras em dungeons são tão
populares porque, além de ser um
elemento clássico, elas também podem
condensar vários elementos do RPG em um mesmo
modo de aventura. A dungeon costuma ser um lugar
desconhecido, então o fator exploração é essencial.
Mesmo que os jogadores evitem entrar em todas as sa-
las, a ideia inicial de entrar em uma masmorra é explo-
rar todas as possibilidades. Quem nunca viu um grupo
de jogadores demorar muito mais do que o necessário
em uma aventura porque investigou todas as salas da
dungeon, mesmo as que o mestre sabia que não tinham
nada demais?
Além disso, os adorados combates épicos podem
acontecer dentro de uma masmorra, e sempre há aquele
jogador que ama um combate. É comum que em algum
lugar da dungeon haja um grande monstro, ou uma
pessoa maligna, que deve ser derrotado, e isso encerra-
rá aquela aventura. E, à medida que você for tendo en-
contros dentro da dungeon, esses eventos acabam con-
tando uma história. A dungeon é a casa de um dragão
que quer guardar seu tesouro? É um lugar amaldiçoado
por fantasmas de uma guerra que aconteceu ali? E nem
sempre essas criaturas vão reagir do jeito que você espe-
ra. Four Against Darkness não só conta com uma tabela
de obstáculos que podem ser encontrados, mas também
apresenta uma lista que determina como as criaturas
podem reagir. Um dragão pode atacar ou pode deixar a
equipe barganhar com ele.
Ao contrário de aventuras que se passam em cidades
"seguras", que possuem pontos de mais sossego do que
outros, só estar em uma masmorra já é perigo suficiente
para um grupo de aventureiros. Por isso, é importante
que, no meio de uma aventura em uma dungeon, exis-
tam momentos de respiro – seja uma hora em que as
personagens vão parar para descansar, ou alguma re-
compensa incrível que será encontrada em um determi-
nado lugar.
No caso de Four Against Darkness, existe a possibili-
dade de parar e descansar em uma das salas caso o gru-
po ache necessário, mas é preciso estar sempre alerta;
afinal de contas, é uma dungeon com perigos. Se a porta
ficar aberta, há chances de que algum monstro passe por
ela e veja as personagens, mas também há tabelas intei-
ras de recompensas e itens mágicos que farão o esforço
valer a pena.
Pensar em sua personagem enfrentando uma dungeon
sozinha é complicado, uma tarefa praticamente impos-
sível. Mas em grupo, com pessoas com habilidades dife-
rentes, se torna uma tarefa mais possível, e isso em si é
a essência do RPG. Por mais que Four Against Darkness
seja um RPG solo, são vários elementos diferentes que,
quando reunidos, criam uma dungeon e toda uma aven-
tura – sem contar que, mesmo que só haja um jogador,
ele controla mais de uma personagem. Além disso, mes-
mo sendo um RPG solo, ele é um jogo que permite jogar
com mais pessoas e com uma figura de mestre.
8
Four Against Darkness
ALEATORIEDADE
Four Against Darkness não dá apenas uma opção de
dungeon, e sim várias. Não são modelos prontos: a
dungeon é composta de várias rolagens de dados que
determinam o que existe no ambiente, começando pela
própria entrada da masmorra. A cada nova sala que
precisa ser explorada, o jogador vai rolar dados para
saber o há nessa sala, que pode ir de nada até monstros
assustadores.
Mas nem tudo que você vai encontrar na dungeon
é necessariamente perigoso. Há salas da dungeon
que podem ter enigmas, uma fonte mágica, um tem-
plo sagrado ou até um altar amaldiçoado. É bem co-
mum que dungeons de RPGs tenham uma sala espe-
cial com itens ou propriedades diferentes do resto da
masmorra.
O conteúdo da dungeon é, com certeza, um dos prin-
cipais fatores para os jogadores, até porque eles preci-
sam encontrar algo lá dentro (ou nada, que também é
uma opção), mas Four Against Darkness também faz o
elemento da estrutura da dungeon ser importante. O es-
paço da sala precisa ser levado em consideração pelos
jogadores, inclusive para combates. Não ache que lutar
dentro de uma sala espaçosa é a mesma coisa que lutar
em um corredor da dungeon.
TOTAL PARTY KILL
O fato de o aspecto do formato físico da sala influen-
ciar o jogo acaba adicionando um nível de dificul-
TEORIA DE JOGOS
dade ao jogo, que é uma característica que remete a
RPGs mais antigos. Não é impossível sair vivo das
dungeons de Four Against Darkness, mas a missão
vai exigir bastante que o grupo pense bem no que fa-
zer, e pode ser que nem todas as personagens saiam
vivas.
Por isso é importante que a equipe de aventurei-
ros se prepare bem antes de entrar em uma dun-
geon. Talvez você não consiga os itens necessários
lá dentro, e sair da dungeon para voltar mais tarde
pode incluir batalhas adicionais que fazem toda a
diferença. Quanto maior a preparação, mais fácil
será fazer a exploração da masmorra, e isso começa
desde a escolha de personagens para entrar nessa
aventura.
As dungeons estão presentes em aventuras publicadas
há décadas. No clássico Dungeons and Dragons, a pri-
meira aventura solo desse sistema foi lançada em 1976,
nomeada Palace of the Vampire Queen (o nome tradu-
zido seria “Palácio da Rainha Vampira”). A aventura se
passa toda em uma dungeon com apenas um andar e
traz vários mapas diferentes para os jogadores e para o
mestre.
Já a primeira aventura dungeon crawl em computador
foi pedit5, desenvolvida em 1975 por Rusty Rutherford
no sistema educacional interativo PLATO, de Illinois,
Estados Unidos. Esse projeto foi tirado rapidamente do
sistema, mas serviu como base para outras aventuras
que vieram depois.
9
Four Against Darkness
Esses primeiros passos na criação de aventuras dun-
geon crawl acabaram rendendo vários jogos de compu-
tador e séries que vieram na década de 1980, por isso
acabam sendo tão nostálgicas. Entre eles está Wizardry,
Ultima, The Bard's Tale, Might and Magic, Phantasy
Star, Dungeon Master etc. Foram esses primeiros mo-
delos que ajudaram a definir os padrões do gênero dun-
geon crawl.
Mesmo ao longo dos anos, poder investigar uma
masmorra ainda é um fator que atrai muitos jogado-
res. Basta ver o público fiel do jogo Darkest Dungeon,
que inclusive foi baseado no RPG de mesa chamado
Torchbearer. E essa nostalgia pode ser vista também
na quantidade de jogadores fiéis de sistemas como
Dungeon Crawl Classics, que tem o aspecto de in-
vestigação de masmorra como um dos pontos prin-
cipais.
Aventuras do tipo dungeon crawl podem ser muito
divertidas, tanto pelas surpresas de cada sala quanto
pelo nível de dificuldade enfrentado durante a aven-
tura. Em Four Against Darkness, é possível que nem
todas as pessoas do grupo saiam vivas e inteiras des-
sa jornada, mas o RPG garante que os jogadores vão
se divertir e, caso tudo dê certo, será uma aventura
ótima para ser lembrada. E nada impede que essas
mesmas personagens voltem para investigar novas
masmorras.
 FERRAMENTAS DO MESTRE Four Against Darkness

INSERINDO
4AD EM SUA
CAMPANHA
E
m linhas gerais, Four Against Darkness
(4AD) foi pensado para ser um jogo de
exploração no qual um ou dois jogadores
controlam uma equipe de quatro personagens,
ao mesmo tempo em que vão gerando um mapa
de masmorra aleatório, com desafios, monstros e
recompensas também aleatórios. O jogo simula
e condensa alguns conceitos e características de
RPGs medievais em uma mecânica simples, en-
xuta e funcional, com partidas que podem durar
cerca de uma hora e meia, ou menos.

POR FÁBIO BENCHIMOL

 FERRAMENTAS DO MESTRE
Embora o objetivo seja criar uma
diversão simples e rápida, sem ne-
cessidade de muito preparo (ideal para
quando alguém do seu grupo fura e a sessão é cance-
lada, por exemplo), também é possível transformar o
jogo em uma sessão de RPG quase convencional, com o
“Mestre” sendo o responsável por gerar aleatoriamente
a masmorra, os desafios e etc e criando uma linha nar-
rativa enquanto os jogadores fazem os testes para seus
respectivos personagens (se você é um RPGista expe-
riente, provavelmente já fez algo parecido com isso ao
jogar qualquer board game).
Existem ainda outras possibilidades interessantes se
pensarmos em usar as regras do 4AD (ou parte delas)
como ferramentas para trazer uma experiência diferente
para a sua campanha de RPG convencional, algo como
um jogo dentro de um jogo. Seguem algumas opções.
A primeira seria considerarmos o 4AD como um ge-
rador de mapas (e não necessariamente masmorras).
Podemos facilmente extrapolar e adaptar essa ideia
para outros jogos, como por exemplo: um conjunto de
túneis em Mouse Guard, um labirinto de cercas-vivas
em um jardim vitoriano na Nova Europa, um bunker da
II Guerra Mundial, uma estação espacial abandonada e
o que mais a sua imaginação puder conceber… que tal
considerar as entranhas da serpente de The Day After
Ragnarok uma espécie de labirinto?
Dependendo da vontade do Mestre, esse mapa pode
ser gerado previamente e povoado da forma desejada
(talvez aproveitando o resultado de alguma partida so-
litária de 4AD) ou gerado em tempo real, com alguns
eventos-chave preparados anteriormente para uso no
momento apropriado.
Outra possibilidade é, durante uma sequência de
sonhos ou algum tipo de prisão mental, encanto,
etc, os personagens se verem em uma realidade al-
ternativa na qual adquirem personalidades medie-
vais, tendo que utilizar todos os seus recursos para
escapar dessa prisão (alguém ainda não viu Caverna
do Dragão?). Nesse caso, você pode conduzir uma
sessão normal de 4AD, e ao final, caso sejam bem su-
cedidos, os personagens retornam para sua própria
realidade.
Por fim, caso deseje realmente mesclar o 4AD na sua
história, independente do sistema que esteja jogando,
basta integrar um “labirinto genérico” na narrativa de
uma campanha em andamento, gerando uma sessão es-
pecial, na qual o grupo vai deixar de lado as regras con-
vencionais do cenário e encarar esse desafio específico
usando o sistema de 4AD.
Isso pode trazer uma experiência diferente aos joga-
dores, proporcionando uma sessão mais relaxada e com
uma dinâmica diferente, mas que ainda fará parte da sua
narrativa principal. Pense nisso como uma “fase bônus”
na sua campanha.
Claro, isso exigirá do Mestre uma certa preparação,
afinal, em princípio, labirintos não surgem do nada, e o
ideal é que essa exploração esteja de algum modo rela-
11
Four Against Darkness
cionada com a história em andamento, ou seja, quando
o grupo finalmente chegar ao ponto em que deve, por
exemplo, explorar o complexo de cavernas que abriga
um sinistro Culto à Cthulhu, deixe as Perícias Investiga-
tivas um pouco de lado e conduza uma sessão de 4AD
adaptada! Essa mudança de ritmo pode ser interessante
e talvez até promover um último momento de descon-
tração antes que os personagens sejam inevitavelmente
destroçados ou enlouquecidos por um dos Grandes An-
tigos!
Usando Rastro de Cthulhu como exemplo, seguem
algumas sugestões para adaptar e integrar 4AD em
uma aventura investigativa! Inicialmente, precisamos
ter em mente que o objetivo proposto é justamente ter
uma sessão diferente e divertida, e não criar uma ver-
são completa das regras de Rastro de Cthulhu para
4AD. Sendo assim, no espírito da simplicidade, é pos-
sível analisar as características principais dos seus per-
sonagens de RdC e encaixá-los em uma das classes
propostas em 4AD.
Andarilhos, Criminosos, Detetives Particulares e Jor-
nalistas, podem ser encarados como ladinos. Membros
do Clero, Enfermeiras, Médicos seriam Clérigos. Alie-
nistas, Antiquários, Cientista e Professores se encaixam
como Magos e assim por diante. Talvez você deva ex-
cluir dessa adaptação apenas Elfos, Anões e Halflings.
Em relação ao equipamento, apenas considere que ar-
mas leves são facas, porretes ou punhos; arcos e fundas
podem ser escopetas e armas de baixo calibre, enquanto
 FERRAMENTAS DO MESTRE
as armas de duas mãos podem ser to-
chas usadas para iluminar o caminho,
que dão mais dano por conta do fogo. Em
relação a armaduras e escudos, considere, para fins nar-
rativos, que o personagem tem uma boa esquiva (e não
necessariamente uma armadura).
Para as magias, o personagem pode encontrar um li-
vro ou páginas soltas contendo os feitiços iniciais, cujo
nomes podem ser trocados. Caso deseje dar um gosti-
nho a mais de Cthulhu no jogo, é possível considerar
que cada personagem tem um nível de Estabilidade
igual à sua vida, e cada uso de magia, ou alguns en-
contros específicos, diminuem essa característica em
um ponto.
Por fim, algumas regras de 4AD foram excluídas por
não se encaixarem bem com a temática de Cthulhu,
como por exemplo a opção de subornar monstros, no
mais, a intenção é usar a base do sistema sem alterações.
Divirtam-se e explorem novas ideias!
CONTEÚDOS DE SALAS
2D6 CONTEÚDO DE SALAS
Tesouro (conhecimento secreto) encontrado.
2 3
Role na Tabela de Tesouros
Tesouro protegido por armadilhas (cthulhu
3 mythos). Role na Tabela de Armadilhas e na de
Tesouros
Se for um corredor, vazio. Caso contrário, role
4 Para quebrar a maldição, a personagem deve en-
na tabela de Eventos Especiais
5 Vazio. Role na tabela de Recursos Especiais
6 Role na tabela de Vermes
7 Role na tabela de Capangas
Se for um corredor, vazio. Caso contrário, role
8 se você derrotá-la, você encontra uma página
na tabela de Capangas
9 Vazio
10-11 Se for um corredor, vazio. Caso contrário, role
na tabela de Monstros Bizarros
Se for um corredor, vazio. Se o grupo rolar esse
número antes de passar por pelo menos 04 sa-
12 las, role na tabela de Capangas ou Monstros Bi-
zarros. A partir da quinta sala, o grupo encon-
tra a saída.
12
Four Against Darkness
RECURSOS ESPECIAIS
D6 CONTEÚDO DE SALAS
Local Seguro: Todos os personagens feridos
1 recuperam 1 de Vida na primeira (e apenas na
primeira) vez que encontrarem esse local
Fonte Cristalina: Uma personagem de sua es-
colha ganha +1 de Ataque contra qualquer ini-
2 migo no próximo combate. Assim que o com-
bate acabar, o bônus desaparece
Área não-maculada: O grupo escolhe um per-
sonagem para recuperar um ponto de vitalida-
de OU estabilidade
Altar Amaldiçoado: Quando você entrar na sala,
um brilho misterioso emana do altar sinistro. Uma
personagem aleatória é automaticamente amaldi-
4 çoada e agora tem -1 nas suas rolagens de Defesa.
trar em uma Área não-maculada (ver 2, acima), ou
receber um magia de Benção
Estátua/Ídolo: você pode deixar a estátua sozi-
nha ou tocá-la. Se você tocá-la, role um d6. De
1-3, a estátua acorda e ataca o grupo (Nível 4
com 6 pontos de vida, imune a todas as magias;
5
com uma magia aleatória dentro). De 4-6, a es-
tátua quebra e você encontra uma página com
uma magia aleatória dentro
Sala de Enigma: a sala contém um baú coberto
de símbolos estranhos, que formam uma espé-
cie de enigma (Nível 6). Não é obrigatório tentar
abri-lo. Para cada tentativa falha, a personagem
tentando resolver o enigma perde 1 de vida ou
6 estabilidade. Personagens equivalente a Magos
e Ladinos adicionam seu nível na rolagem para
resolver enigmas. Se o enigma for resolvido, a
caixa abre: Faça uma rolagem de Tesouro para
determinar o conteúdo.
 FERRAMENTAS DO MESTRE
EVENTOS ESPECIAIS
O Mestre pode criar eventos especiais
que se encaixem na trama principal (mas não
obrigatórios para que a trama avance) e utilizá-los nos mo-
mentos apropriados. Sugestão: 1-3, os personagens fazem
um teste contra medo, nível 4, se falharem, perdem 1 de es-
tabilidade. 4-6, os personagens tem uma visão relacionada à
trama principal.
TESOUROS
D6 TESOUROS
<0 Nenhum tesouro encontrado
1-2 Alguma pista ou informação referente à aventura
Uma página de livro ou anotação com uma ma-
gia aleatória. O Personagem deve testar contra
3-4
uma dificuldade 3, se falhar, perde 1 de sanida-
de e não consegue usar a magia.
Um livro do Mythos. O Personagem deve testar
5-6 contra um dificuldade 4 ou perder 1 de sanida-
de. Se passar, pode escolher uma magia extra.
VERMES
D6 VERMES
3d6 ratos Nível 1, sem tesouro. Qualquer per-
sonagem ferida tem 1 chance em 6 de perder 1
1 ponto de vida adicional devido a um ferimento
infectado. Reações (d6): 1-3 fugir, 4-6 lutar
3d6 morcegos Nível 1, sem tesouro. Magias são
2 lançadas com -1 por conta da distração causada
por seus guinchos. Reações (d6): 1-3 fugir, 4-6 lutar
2d6 Cultistas, Nível 3, tesouro, vontade -1.
3 Reações (d6): 1-2 fugir, 3-4 fugir se estiverem
em menor número, 5-6 lutar
d6 Cães de Tindalos, Nível 4, sem tesouro. Rea-
4 ções (d6): 1 fugir, 2-3 fugir se estiver em menor
número, 4-6 lutar
d6 Carniçais, Nível 4, tesouro -1. Reações (d6):
5 1 fugir, 2-4 lutar, 5-6 lutar até a morte
2d6 Coisas-Rato, Nível 3, sem tesouro. Qualquer
personagem ferida por uma Coisa-Rato deve pas-
6 sar num teste contra veneno de nível 2 ou perde 1
de vida adicional. Reações (d6): 1-2 fugir, 3-6 lutar
13
Four Against Darkness
CAPANGAS
D6 CAPANGAS
d6+2 Zumbis. Nível 3. Sem tesouro. Reações:
1
Sempre lutar até a morte.
d6+3 Byakhee. Nível 3, tesouro -1. Magias
são lançadas por -1 por conta da distração
2
causada por seu voo. Reações Sempre lutar
até a morte.
d6 Andarilho Dimensional. Nível 4, Tesouro
3 +1. Reações (d6): 1-2 fugir se estiver em menor
número, 3-5 lutar, 6 lutar até a morte
d6+1 Espreitador Noturno. Nível 4, Tesouro:
4 normal. Reações (d6): 1-2 fugir se estiver em
menor número, 3-5 lutar, 6 lutar até a morte
d3 Shoggoth. Nível 5, Tesouro: normal. Shoggo-
ths se regeneram, a menos que sejam mortos por
magia, ou fogo. Se isso não acontecer, role um
5 dado para cada Shoggoth morto no próximo tur-
no. Com 5 ou 6, ele vai voltar à vida e continuar a
lutar. Reações (d6): 1-2 lutar, 3-6 lutar até a morte
2d6 Povo Serpente. Nível 3, Tesouro: normal.
6 Reações (d6): 1-2 fugir se estiver em menor nú-
mero, 3-6 lutar
CHEFÕES
Não existem chefões nessa versão, o confronto fi-
nal ou resolução da trama será feito usando o sis-
tema de Rastro de Cthulhu. Após explorarem pelo
menos quatro salas, assim que o grupo rolar um en-
contro com o Chefão, eles encontram a saída do la-
birinto.
FERRAMENTAS DO MESTRE Four Against Darkness

MONSTROS BIZARROS ARMADILHAS

D6 ARMADILHAS
D6 MONSTROS BIZARROS Os personagens encontram um bolsão de gás ve-
Filho de Yog-Sothoth. Nível 5, 4 pontos de 1-2 nenoso (nível 3). Todos testam Defesa sem o bônus
vida, 2 ataques, tesouro normal. Devido ao de armadura. Em caso de falha, perdem 1 de vida.
poder de sua investida direta, a primeira jo- Um alçapão (nível 4) se abre sob os pés da per-
1 gada de Defesa tem penalidade de -1. Reações 3-4 sonagem que lidera a ordem de marcha. Em
(d6): 1-2 lutar, 3-6 lutar até a morte. Persona- caso de falha, perde 1 de vida.
gens testam contra 4 de medo ou perdem 1 de
estabilidade. Um deslizamento de terra (nível 5) atinge a úl-
5-6 tima personagem na ordem da marcha. Caso
Cria Negra de Shub-Niggurath. Nível 3, 4 pon- falhe no teste, perde 2 de vida.
tos de vida, 3 ataques, tesouro normal. Reações
2 (d6): 1 fugir, 2-3 lutar, 4-6 lutar até a morte. Per-
sonagens testam contra 4 de medo ou perdem 1 TABELA DE INVESTIGAÇÃO DE SALA
de estabilidade
Lemuriano. Nível 5, 6 pontos de vida, 2 ata- VAZIA
ques, 2 rolagens de tesouro. Reações: sempre D6 SALA VAZIA
3 lutar até a morte. Personagens testam contra 4
de medo ou perdem 1 de estabilidade Ataque de monstros errantes! (role na tabela de
1 capangas)
Prole Amorfa de Tsathoggua. Nível 4, 5 pontos
de vida, 3 ataques, tesouro +1. Reações (d6): 1 2-4 A sala está vazia
4 fugir, 2-6 lutar. Personagens testam contra 4 de 5-6 Role na tabela de Tesouros
medo ou perdem 1 de estabilidade
Habitante da Areia. Nível 5, 3 pontos de vida,
2 ataques, tesouro normal. Reações: sempre lu-
5

s
tam. Personagens testam contra 4 de medo ou
perdem 1 de estabilidade
Vampiro Espacial. Nível 5, 4 pontos de vida,
sem tesouros. São criaturas invisíveis, cuja lo-
calização só é revelada por uma sinistra risada,
6 por conta disso, sempre ataca primeiro. Qual-
quer ataque contra um Vampiro Espacial é fei-
to com -1 de penalidade

14
DE MESTRE PARA MESTRE Four Against Darkness

JOGANDO
COM MAIS DE
UM JOGADOR
E
mbora Four Against Darkness seja um
“jogo solitário de exploração de masmor-
ras”, ele pode facilmente acomodar mais
de um jogador, com ou sem um Mestre de Jogo.
O livro de regras até tem dicas de como fazer
essa adaptação. Nesse artigo, você vai encontrar
mais dicas e detalhes sobre como transformar
Four Against Darkness em um jogo multiplayer
mais próximo dos RPGs tradicionais.

POR IVAN COLUCHI

 DE MESTRE PARA MESTRE
DECISÕES EM GRUPO
Existem diversas decisões durante uma
partida de Four Against Darkness que afe-
tam o grupo como um todo. Quando um chefão é derro-
tado, por exemplo, uma das personagens pode fazer um
teste de experiência para subir de nível. Quando há ape-
nas um jogador controlando o grupo de aventureiros,
ele escolhe por si só qual personagem tentará subir de
nível. No entanto, se há mais de um jogador, é preciso
decidir qual deles terá direito ao teste. Outro exemplo:
independentemente do número de jogadores, cada sala
só pode ser vasculhada uma vez. Quem fará a rolagem
de dados para vasculhar? E, caso o resultado seja uma
pista, quem escolherá entre as 15 opções disponíveis?
Em um combate, como será decidida a ordem de ação
(iniciativa) das personagens?
Para evitar confusão e discussões, que podem atrasar
o andamento do jogo, é importante que o grupo esco-
lha antecipadamente como eles tomarão decisões desse
tipo. As escolhas podem ser feitas aleatoriamente (ro-
lando dados), por intermédio de votações, ou podem
ser feitas por turno (cada vez um jogador diferente deci-
de). O essencial é que o critério de decisão seja definido
antes de iniciar a partida, para que o jogo possa fluir
mais facilmente e sem pausas.
Algumas decisões (como quais pistas foram encontra-
das e as reações dos monstros) podem ser delegadas ao
Mestre do Jogo, caso o grupo opte por ter um. As fun-
ções do Mestre serão abordadas mais adiante.
Four Against Darkness
JOGANDO EM GRUPO DE ATÉ 4
PESSOAS
A configuração inicial de quatro personagens por aven-
tura torna bem fácil a inclusão de até quatro jogadores,
cada um controlando uma personagem. Caso sejam dois
participantes, cada um teria duas personagens. Com
três jogadores, um poderá controlar duas personagens
enquanto os outros controlam uma cada.
Em um grupo de três pessoas, os participantes podem
preferir que cada um controle apenas uma personagem
(para não sobrecarregar um jogador). Isso irá desbalan-
cear um pouco a partida, tornando-a levemente mais di-
fícil, já que as tabelas de desafios foram planejadas para
quatro personagens. O grupo pode aceitar esse desafio
e aventurar-se assim mesmo, com um membro a menos.
Outra opção para jogos com apenas três personagens é
modificar algumas configurações iniciais: dê um ponto
de vida extra para cada personagem e diminua a quan-
tidade de vermes e capangas em 1. Por exemplo, ao in-
vés de rolar 3d6 para determinar o número de morcegos
vampiros (vermes), role 3d6-1. O número mínimo de
inimigos será sempre 1, mesmo que o resultado modifi-
cado seja 0.
JOGANDO COM 5 OU MAIS PESSOAS
Enquanto jogar com menos de quatro personagens torna
o jogo mais difícil, jogar com cinco ou mais personagens
diminuirá o desafio da partida. O grupo pode aceitar
16
 DE MESTRE PARA MESTRE
essa diferença e jogar assim mesmo,
com um nível de desafio mais baixo.
Essa pode ser uma boa opção caso os jo-
gadores sejam iniciantes. Uma partida mais fácil dará
espaço para que eles aprendam as regras com calma, an-
tes de tentarem uma dungeon mais desafiadora.
Ao jogar com cinco ou mais personagens, o grupo pode
mudar as configurações básicas do jogo, para adequar o
desafio ao número de jogadores. Uma opção é aumentar
o número de vermes ou capangas e aumentar os pontos
de vida dos chefões em 1 para cada personagem acima
de quatro. Ou seja, se o grupo tiver 6 personagens, cada
chefão receberá 2 pontos de vida adicionais e cada en-
contro com vermes ou capangas terá 2 monstros a mais.
Outra opção para um grupo de 5 pessoas, é que uma
delas seja o Mestre do Jogo, enquanto as outras contro-
lam uma personagem cada.
JOGANDO COM UM MESTRE
A presença de um Mestre de Jogo em Four Against Dar-
kness não é essencial, mas irá garantir que a partida seja
mais dinâmica e que os outros jogadores não fiquem so-
brecarregados, permitindo que cada um foque em sua
personagem. Usar Four Against Darkness com um Mes-
tre também é uma ótima opção para introduzir grupos
iniciantes ao mundo dos RPGs, pois é um sistema leve
e versátil.
O jogador que cumprir o papel do Mestre precisará
ter um bom conhecimento do funcionamento do jogo.
Como as regras para uma partida solo e uma aventura
em grupo são as mesmas, o Mestre pode jogar algumas
vezes sozinho para se familiarizar com o sistema, antes
de mestrar para o grupo.
Em Four Against Darkness, os monstros não rolam
dados, pois os ataques e defesas são sempre rolados pe-
las personagens dos jogadores. Mesmo assim, ainda há
muitas funções e rolagens que o Mestre do Jogo pode
assumir. As salas que formam a dungeon e seus conteú-
dos, assim como as reações dos monstros, são tarefas
que podem ser delegadas para o Mestre. Ele também
será responsável por anotar os pontos de vida dos ini-
migos e rolar suas habilidades especiais (como o sopro
de fogo dos dragões).
ROLAGENS DOS ROLAGENS DO
JOGADORES MESTRE
Ataque Salas
Defesa Conteúdos das salas
Vasculhar Reações dos Monstros
O Mestre pode agir como um árbitro, apenas infor-
mando os jogadores dos resultados de suas rolagens, ou
ele pode adicionar interpretação aos resultados, deixan-
do a experiência mais próxima dos RPGs tradicionais.
Ao rolar a tabela de reação dos monstros, por exemplo,
ao invés de apenas informar o grupo que os capangas
aceitam suborno, o Mestre pode interpretar os capangas
e dialogar com as personagens.
17
Four Against Darkness
PREPARANDO COM ANTECEDÊNCIA
Four Against Darkness tem um sistema para criar as
masmorras “ao vivo”, durante o andamento da partida.
Isso facilita a vida do Mestre, pois ele não precisa gastar
horas planejando a aventura antes do jogo começar.
No entanto, preparar uma dungeon com antecedência
pode ter suas vantagens. Uma masmorra pré-montada ga-
rante que o jogo não terá pausas para fazer as rolagens das
salas e desenhar o mapa. Também permite que o Mestre
personalize algumas tabelas e detalhes da partida, criando
desafios mais adequados aos tipos de personagens esco-
lhidas pelos jogadores. Personagens elfas, por exemplo, re-
cebem um bônus quando enfrentam orcs. O Mestre pode
incluir pelo menos um encontro com orcs para que a per-
sonagem elfa tenha seu "momento" durante a partida.
Para adicionar mais possibilidades narrativas, o Mestre
pode pedir que os jogadores definam alguns detalhes da
história das personagens: seus aliados, inimigos, local de ori-
gem etc. Assim, o Mestre pode usar esses detalhes para per-
sonalizar as pistas que as personagens encontram durante a
aventura. Por exemplo, quando uma personagem acumula
pistas para descobrir a “Localização de um item mágico”, o
Mestre pode descrever que esse item é um artefato perdido
que pertencia à família de um dos membros do grupo.
TEMAS
O Mestre do Jogo também pode criar um tema para a mas-
morra, como “castelo do necromante” ou “cavernas pantano-
sas”. Esses temas farão com que a dungeon seja menos gené-
DE MESTRE PARA MESTRE
rica, ajudarão na descrição do ambiente e poderão afetar os
tipos de monstros encontrados. No “castelo do necromante”,
por exemplo, o Mestre pode definir que pelo menos metade
dos inimigos (ou até mesmo todos) serão mortos-vivos.
Outra forma de personalizar as masmorras é criar missões
específicas que as personagens precisam cumprir para fina-
lizar a aventura. Ainda no exemplo anterior, o necroman-
te pode ter capturado alguns aldeões (amigos e conhecidos
das personagens) e pretende usá-los como cobaias em suas
experiências macabras. Para resgatar os prisioneiros, as per-
sonagens precisam das chaves da prisão. Cada chefão pre-
sente na masmorra tem uma das chaves e quando as perso-
nagens coletarem pelo menos três chaves, elas conseguirão
libertar os prisioneiros e tirá-los da masmorra.
Personalizar as opções de pistas disponíveis em
uma dungeon também é uma forma de diversificar as
aventuras. No caso dos prisioneiros do necromante,
citado acima, já está especificado que a masmorra tem
prisioneiros. Então não faz sentido que a opção “Al-
guém foi preso” (pág. 49 do livro de regras) esteja dis-
ponível como um segredo a ser descoberto acumulan-
do pistas.
NOVOS DESAFIOS
A criatividade dos jogadores geralmente significa que
surgirão situações não planejadas pelo Mestre ou des-
critas pelas regras. Nesses momentos, a mecânica básica
de Four Against Darkness será sempre rolar 1d6 e com-
parar o resultado com o nível do desafio (decidido pelo
18
Four Against Darkness
Mestre do Jogo). Um número maior ou igual ao nível de
dificuldade significa um sucesso.
Essa mesma mecânica pode ser usada pelo Mestre para
criar novos obstáculos. Talvez a masmorra tenha outro
andar, acessado apenas por um fosso, e as personagens
precisam escalar as paredes para continuar a aventura. O
Mestre deve decidir o nível de dificuldade da escalada e
os jogadores deverão rolar para descobrir se conseguiram
alcançar o próximo andar ou se caíram. Caso o grupo te-
nha os equipamentos necessários para realizar a tarefa, o
Mestre pode diminuir o nível de dificuldade.
EVOLUÇÃO E CAMPANHAS
Um dos prazeres de interpretar personagens é vê-las
evoluir e superar obstáculos cada vez maiores. Por isso,
os jogadores podem querer usar as mesmas personagens
durante diversas partidas de Four Against Darkness,
criando uma campanha. Quanto mais as personagens se
aventurarem, acumularem tesouros e subirem de nível,
mais fácil se tornarão os desafios.
Para manter a dificuldade das aventuras, o Mestre do
Jogo pode alterar as tabelas de inimigos, aumentando a
quantidade de monstros ou seus pontos de vida. Caso
o Mestre perceba que os combates estão muito fáceis,
mesmo com essas modificações, ele pode aumentar o
nível dos inimigos. É aconselhável aumentar outros fa-
tores (quantidade, habilidades especiais e vida) antes de
aumentar o nível dos monstros, pois a alteração de nível
é bem mais impactante do que as outras.
 ADAPTAÇÃO Four Against Darkness

QUATRO CONTRA A MASMORRA SOMBRIA

“Lembre-se: excesso de confiança é uma

morte lenta e traiçoeira.”
- O Narrador

D
arkest Dungeon é um RPG de turno
com elementos Lovecraftianos, lança-
do em janeiro de 2016 para PC, desen-
volvido e distribuído pela Red Hook Studios.
O papel do jogador é gerenciar o Hamlet (al-
deia) e enviar expedições de Heróis para mas-
morras nas ruínas da ancestral mansão de sua
família. Seu grande diferencial é, além do ge-
renciamento de recursos e da barra de vida, a
necessidade de lidar com os horrores causados
pelas expedições. Os heróis possuem uma bar-
ra de estresse, que sobe e desce a cada batalha,
e quando atinge seu ápice, revela uma aflição
catastrófica ou uma virtude gloriosa.

POR FRANCO GUGLIELMONI

 ADAPTAÇÃO
Darkest Dungeon abraça a im-
previsibilidade. As masmorras são
geradas de forma aleatória a cada nova
expedição, ou seja, nunca se sabe o que pode aconte-
cer. A missão pode ser um completo sucesso, ou um
desastroso fracasso. Em Four Against Darkness as coi-
sas não são tão diferentes, por isso, Darkest Dungeon
se torna uma excelente opção de customização para o
RPG de mesa. Ambos possuem um grupo de quatro
Personagens realizando missões em masmorras som-
brias, buscando riquezas enquanto enfrentam perigos
inomináveis.
ADAPTANDO A MASMORRA SOMBRIA
Para deixar sua jogatina mais sombria, esta adaptação
apresenta novas classes, magias, equipamentos, inimi-
gos e uma mecânica de estresse. O Flagellant, a Shiel-
dbreaker e a Antiquarian não receberam adaptações.
VARIAÇÕES DE CLASSE
O Guerreiro recebeu variações para Crusader e Man at
Arms. O Ladrão adaptou o Highwaymen e a Grave Ro-
bber. Já o Mago possui uma variação para Occultist.
O Guerreiro também serve como opção para o Bounty
Hunter, em questões estéticas, basta equipá-lo com gra-
nadas, gancho e um machado (Novos Equipamentos). O
Bárbaro serve como alternativa para o Leper (mas sem
as restrições de magia) e Hellion (usando o Bárbaro pa-
drão). O Clérigo cumpre bem o papel da Vestal.
Nota: As variações de classe mantém suas estatísticas
originais, mas substitui ou adiciona as listadas abaixo.
GUERREIRO (CRUSADER OU MAN AT ARMS)
□ Atributos:
□ Crusader: adiciona metade de seu nível (arre-
dondado para baixo) em todos os ataques, e
todo o seu nível contra mortos-vivos.
□ Man at Arms: além de somar seu nível no ata-
que, uma vez por encontro, escolhe um aliado
e o protege. Sempre que esse aliado for ataca-
do, faz a rolagem de defesa em seu lugar, so-
mando seu nível. Sempre que obtiver sucesso
em um teste de defesa, realiza um contra-a-
taque (teste de ataque sem modificadores) ao
oponente.
□ Equipamento Inicial:
□ Man at Arms: Equipamento padrão.
□ Crusader: Armadura pesada, arma de duas
mãos e frasco de água benta.
LADRÃO (HIGHWAYMEN OU GRAVE ROBBER)
□ Armas permitidas: Além das armas padrão, La-
drões (Highwaymen) podem usar pistolas.
□ Equipamento Inicial:
□ Highwaymen: Gazuas, armadura leve, pistola e
arma leve (para Highwaymen).
□ Grave Robber: Frasco de veneno, duas armas de
mão e armadura leve (para Grave Robber).
20
Four Against Darkness
MAGO (OCCULTIST)
□ Atributos: Além do habitual, recebe +1 em ataques
(mágicos ou não) contra Cultistas e Necromante
(Novos Inimigos).
□ Magias: O Occultist começa o jogo conhecendo 2
magias proibidas (Novas Magias) + 1 por nível. Ou
seja, Ocultistas de 1º nível tem 3 magias preparadas.
Só podem aprender e usar magias proibidas. O res-
tante mantém-se igual ao Mago.
□ Equipamento inicial: Arma leve, tomo de magia
proibida, crânio com vela (amuleto arcano).
NOVAS CLASSES
Abomination, Arbalest, Bounty Hunter, Houndmas-
ter, Jester, Musketeer e Plague Doctor.
ABOMINAÇÃO (ABOMINATION)
□ Atributos: Na forma humana adiciona seu nível
pela metade (arredondado) nas jogadas de defesa.
Pode assumir sua forma bestial 1 + nível vezes por
Aventura. Transformado, seus pontos de vida mu-
dam para 7 + nível. Se esses pontos caírem para zero,
retorna automaticamente para a forma humana,
com a mesma quantidade de vida que tinha antes
da transformação. Isso impossibilita assumir nova-
mente a forma bestial, mesmo sem ter gastado seus
usos, a menos que realize um Descanso. Isso permi-
te assumir a forma bestial novamente, mas apenas
com metade da vida bestial.
 ADAPTAÇÃO Four Against Darkness

Na forma bestial, pode somar
seu nível nas jogadas de ataque,
além de possuir 1 + 1 (a cada dois ní-
veis) pontos de fúria (igual Bárbaro). Ao final do
encontro, retorna a forma humana. Quando assume
forma bestial novamente, seus pontos de vida bes-
tial são os mesmos que tinha antes. Pontos de vida
bestial não podem ser recuperados durante o Des-
canso, mas sim de outras formas.
Sempre que assume a forma bestial, seus aliados re-
cebem 1 ponto de estresse.
□ Armadura permitida: Nenhuma.
□ Armas permitidas: Nenhuma, apenas correntes.
□ Equipamento inicial: Correntes, capa esfarrapada.
□ Riqueza inicial: Nenhuma.
□ Vida: 4 + nível (Humano). 7 + nível (Abominação). Abo-
minações de 1º nível possuem 5 pontos de vida em for-
ma Humana e 8 pontos de vida em forma bestial.
□ Armas permitidas: Arma leve, Pistola, Balestra,
Mosquete.
□ Equipamento inicial: Bandagem, Pistola ou Arma
leve, Mosquete ou Balestra.
□ Riqueza inicial: 2d6 peças de ouro.
□ Vida: 4 + nível. Artilheiras de 1º nível tem 5 pontos
de vida.
BARDO (JESTER)
□ Atributos: Soma seu nível para armadilhas. Duran-
te o Descanso, remove 1 ponto adicional de estresse
de todo o grupo ou 1 + nível pontos de um único
aliado, podendo ser ele mesmo. Bardos concedem
+1 em testes contra estresse.
□ Armadura permitida: Armadura leve.
□ Armas permitidas: Arma leve.
□ Magias: Pode usar, com seu alaúde, 2 vezes por
aventura os poderes Sono e Benção.
□ Equipamento inicial: Alaúde, arma leve, armadura
leve.
□ Riqueza inicial: 4d6 peças de ouro.
□ Vida: 3 + nível. Bardos de 1º nível tem 4 pontos de
vida.

ARTILHEIRA (ARBALEST OU MUSKETEER)

□ Atributos: Soma seu nível nos testes de ataque com
Mosquete ou Balestra. Inicia o combate em uma po-
sição afastada do corpo-a-corpo, podendo usar suas
armas de distância. Fora de combate, ao aplicar Ban-
dagens, seja em si ou em um aliado, recupera 1 ponto
extra de vida. Durante o Descanso, pode realizar uma
vigília, prevenindo ataques de Monstros Errantes.
□ Armadura permitida: Armadura leve, armadura
pesada.

21
 ADAPTAÇÃO
MÉDICA DA PESTE (PLAGUE
DOCTOR)
□ Atributos: Soma seu nível em joga-
das de ataque com funda. Fora de combate, ao apli-
car Bandagens, seja em si ou em um aliado, recupe-
ra 1 ponto extra de vida. Durante o Descanso, pode
escolher um companheiro do grupo e adicionar seu
nível +1 para recuperar pontos de vida adicionais,
usando 1 kit de suprimentos médicos.
□ Armadura permitida: Nenhuma.
□ Armas permitidas: Arma leve, funda.
□ Equipamento inicial: Arma leve, bandagem ou fun-
da, kit de suprimentos médicos.
□ Riqueza inicial: 3d6 peças de ouro.
□ Vida: 3 + nível. Médicas da Peste de 1º nível tem 4
pontos de vida.
MESTRE DE CANIL (HOUNDMASTER)
□ Atributos: Recebe +1 de ataque contra Bandoleiros
e Cães Raivosos (Novos Inimigos). Uma vez por
encontro pode escolher um companheiro de grupo
e ordenar que seu cão o proteja. Sempre que esse
companheiro for atacado, o cão faz uma rolagem de
defesa por ele, somando o nível do Mestre de Canil
ao teste.
Ao realizar uma jogada de ataque, o cão realiza um
ataque extra, somando ao teste metade do nível (ar-
redondado) do Mestre de Canil. O cão só pode rea-
lizar o ataque se não estiver protegendo ninguém.
Durante o Descanso, o Mestre de Canil envia o cão
para patrulhar a área, prevenindo ataques de Mons-
tros Errantes.
□ Armadura permitida: Armadura leve.
□ Armas permitidas: Arma de mão, funda.
□ Equipamento inicial: Apito de adestrador, biscoito
canino, arma de mão.
□ Riqueza inicial: 2d6 peças de ouro.
□ Vida: 3 + nível. Mestres de Canil de 1º nível tem 4
pontos de vida. Igual para o cão.
MAGIAS PROIBIDAS (NOVAS MAGIAS)
“Para lutar contra o abismo, é preciso conhecê-lo…”
O Narrador
□ Reconstrução Estranha: Cura 1d6 (+ nível do Ocul-
tista) pontos de vida, no entanto tem chance de cau-
sar efeitos negativos. Role 1d6, 3 ou menos o herói
recebe uma maldição (que pode ser removida nor-
malmente) e 1 ponto de estresse.
□ Enfraquecimento: Escolha um oponente. A magia
concede +2 nas jogadas de defesa de qualquer um
que for atacado pelo oponente escolhido.
□ Medo Ancestral: Só funciona em Vermes e Capan-
gas (exceto Cultistas e Refletidos). Ocasiona um tes-
te de vontade para os Monstros, independente de
quantos pontos de vida tenham.
□ Ataque Abissal: Funciona como uma jogada de ata-
que. Ocultistas somam seu nível. Se usada contra
22
Four Against Darkness
vermes ou capangas, funciona igual Bola de Fogo.
Não afeta mortos-vivos.
□ Necrose: Funciona como uma jogada de ataque.
Ocultistas somam seu nível. Não afeta mortos-vi-
vos. Inflige 2 pontos em chefões.
□ Pacto Proibido: Durante o Descanso, pode ser usa-
da para prevenir ataques de Monstros Errantes, mas
adiciona 1 ponto de estresse para todos do grupo.
Em combate concede +2 em jogadas de Ataque ou
Defesa para um aliado escolhido, mas adiciona 1
ponto de estresse para o alvo escolhido. O Ocultista
pode usar em si mesmo.
NOVOS EQUIPAMENTOS
□ Pistola (6 PO): Arma leve. Igual ao Arco.
□ Mosquete/Balestra (18 PO): Igual ao Arco.
□ Corrente/Gancho (5 PO): Arma leve. Usada com
duas mãos. Pode ser usado para prender opo-
nentes. Rolagens de Ataque -1. Seu dano é esma-
gador.
□ Frasco de Veneno (30 PO): Dano +1 quando combi-
nado com armas corpo-a-corpo ou arremesso cor-
tantes. Possui 10 usos.
□ Bombas (10 PO): Munição alternativa para fundas.
Contém 5 unidades. Dano +1 ou, para Vermes ou
Capangas, funciona como Bola de Fogo.
□ Alaúde (6 PO): Amuleto arcano do Bardo.
□ Kit de Suprimentos Médicos (10 PO): Usado du-
rante Descanso, +1 de vida.
 ADAPTAÇÃO
□ Frasco de Láudano (100 PO):
Uso único. Remove Aflição. Pode
ser obtido no lugar da Poção de Cura
na tabela de tesouros (50% chance).
ESTRESSE
“Loucura… nossa velha amiga!”
O Narrador
Os horrores escondidos nas masmorras cobram seu
preço. Por ser uma das mecânicas centrais de Darkest
Dungeon, não poderia ficar de fora desta adaptação. No
entanto, ela adiciona um nível extra de dificuldade e
complexidade, e isso é proposital.
Estresse é cumulativo e todos os personagens pos-
suem uma limitação de pontos de estresse igual a 12.
Assim como os pontos de vida, é zerado entre Aventu-
ras. Quando um personagem acumula 8 pontos de es-
tresse, realiza imediatamente um teste de aflição nível
4. Falha: recebe Aflição até o final da Aventura. Sucesso:
recebe Virtude até o final da Aventura.
□ Virtude: Um herói virtuoso recebe +1 para todos os
testes, incluindo testes contra a morte. Além disso,
adiciona metade de seu nível (arredondado) ao re-
ceber cura de qualquer fonte.
□ Aflição: Um herói aflito recebe -2 para todos os testes
(exceto testes contra a morte). Além disso, recupera
-1 ponto de vida sempre que receber cura de qual-
quer fonte. Aflição só pode ser tratada com Láudano.
Quando o estresse atinge o nível máximo, o herói faz
um teste contra morte, nível 3. Se falhar, morre de ata-
que cardíaco. A menos que atinja o valor máximo, ainda
está sujeito a receber pontos de estresse.
Estresse pode ser adquirido das seguintes formas:
□ Após qualquer combate, todos do grupo que falharem
em um teste contra estresse, nível 3, adquirem 1 ponto
□ Habilidades de Monstros
□ Magias proibidas
□ Habilidades de Classe
□ Altar Amaldiçoado (Recursos especiais) adiciona 1
ponto de estresse
□ Fantasma (Eventos especiais), falhar no teste de
medo adiciona 1 ponto de estresse. (Ocultistas tam-
bém somam seu nível neste teste)
□ Estresse pode ser removido das seguintes formas:
□ Magia Benção remove 2 pontos de estresse
□ Descanso remove 2 pontos de estresse
□ Habilidades de classe (refeição nutritiva do Halfling
também remove 1 ponto estresse)
□ Fonte (Recursos especiais) remove 1 ponto de es-
tresse do grupo todo
□ Templo Sagrado (Recursos especiais) remove 2 pon-
tos de estresse
NOVOS INIMIGOS
Darkest Dungeon compartilha muitas criaturas em
comum com Four Against Darkness, mas a masmorra
sombria ainda esconde alguns segredos…
23
Four Against Darkness
VERMES
D6 VERMES
3d6 Aranhas: Nível 1, sem tesouro. Reações:
1
1-3 Fugir, 4-6 Lutar.
d6+1 Serpentes: Nível 3, sem tesouro. Qual-
quer personagem ferida deve passar em um
2 teste contra veneno nível 3 ou perde 1 ponto de
vida adicional devido a picada venenosa. Rea-
ções: 1-3 Fugir, 4-6 Lutar.
2d6 Larvas Gigantes: Nível 2, sem tesouro.
Qualquer personagem ferida tem 1 chance em
3 6 de perder 1 ponto de vida adicional devido a
um ferimento infeccionado. Reações: 1-3 Fugir,
4-6 Lutar.
d6+1 Crias Suínas: Nível 3, tesouro -1, vonta-
4 de +1. Reações: 1 Fugir, 2-3 Fugir se estiver em
menor número, 4-5 Lutar, 6 Lutar até a morte.
d6+1 Cães Raivosos ou Cães Zumbi (50% chan-
ce): Nível 3, sem tesouro, vontade +1. Qualquer
personagem ferida deve passar em um teste nível
5
2 contra raiva/infecção ou perde 1 ponto de vida
adicional. Reações: 1-2 Fugir, 3-4 Lutar, 5-6 Lutar
até a morte. Cães zumbis são mortos vivos.
d6+1 Larvas Gigantes do Mar: Nível 3, sem
tesouro. Qualquer personagem ferida tem 1
6 chance em 6 de perder 1 ponto de vida adicio-
nal devido a um ferimento infeccionado. Rea-
ções: 1-3 Fugir, 4-6 Lutar.
ADAPTAÇÃO Four Against Darkness

CAPANGAS
D6 CAPANGAS
d6+1 Cultistas: Nível 4, tesouro -1. Podem usar as Magias Proibidas Enfraquecimento e Necrose. Magos (Ocultistas)
1 atacam cultistas com +1. Reações: 1 Fugir se estiver em menor número, 2-3 Suborno (10 PO por Cultista), 4-5 Lutar, 6
Lutar até a morte. Causam 1 ponto de estresse adicional.
d6+1 Bandoleiros: Nível 3, tesouro +1. Bandoleiros tem 2 chances em 6 de conseguirem agir de surpresa, agindo
2 antes do grupo. Se eles agirem antes do grupo, role a tabela de reações. Reações: 1 Fugir se estiver em menor nú-
mero, 2-3 Negociar (10 PO por Bandoleiro), 4-6 Lutar.
d6+2 Ectoplasmas: Nível 3, sem tesouro. Ataques físicos são feitos com -1. Ataques mágicos somam +1. Reações:
3 1-3 Fugir, 4-6 Lutar.
4 d6+2 Povo Suíno: Nível 4, tesouro +1. Reações: sempre lutar até a morte.
1d6+1 Abissais: Nível 3, tesouro normal. Armas cortantes recebem -1 no ataque. Reações: 1-2 Fugir se estiver em
5 menor número, 3-4 Lutar, 5-6 Lutar até a morte.
1d6+1 Refletidos: Nível 5, tesouro +1. Não são afetados por magia nem veneno. Nunca testam vontade. Sempre lutam até
6 a morte. Ataques com armas de esmagamento recebem +1. Causam 1 ponto de estresse no início do combate.

CRIATURAS ESTRANHAS
D6 CRIATURAS ESTRANHAS
A Coisa vinda das estrelas: Nível 5, 6 pontos de vida, sem tesouro, 3 ataques. Estresse +2 no início do combate. Imune a ma-
1 gias. Ataques com armas de esmagamento +1. Poderes especiais: Refração (causa 1 ponto de dano em todos os personagens
que falharem em um teste nível 4). Só pode haver 1 por Aventura. Sempre lutam até a morte.
O Colecionador: Nível 4, 4 pontos de vida, tesouro +1, 2 ataques. Poderes especiais: Mostrar Coleção (todos que falharem em
2 um teste nível 4 recebem 1 ponto de estresse), Coletar (um herói aleatório precisa passar em um teste nível 4 ou perde 2 pon-
tos de vida). Derrotar o Colecionador concede 1 pista. Reações: 1-2 Missão (Tragam a Cabeça), 3-5 Lutar, 6 Lutar até a morte.
Carniçal Atroz: Nível 4, 4 pontos de vida, tesouro normal, 2 ataques. Morto-vivo. Se causar ferimento, o herói deve
3 rolar um teste nível 3 contra infecção ou perde 1 ponto de vida adicional. Reações: 1-3 Fugir, 4-6 Lutar.
Gigante Sujo: Nível 4, 5 pontos de vida, tesouro do enigma. O Gigante guarda um enigma e não é hostil, a menos
4 que seja atacado pelos heróis antes de sua reação. Reações: 1-3 Oferece abrigo, 4-6 Suborno (30 PO).
Gárgula: Nível 4, 4 pontos de vida, tesouro +1. Ataques de armas cortantes -2. Ataque de armas esmagadoras +1.
5 Imune a magias e veneno. Reações: 1-2 Fugir; 3-4 Suborno (50 PO), 5-6 Lutar até a morte.
Suínotauro: Nível 5, 6 pontos de vida, tesouro +1, 2 ataques. Investida (primeira jogada de defesa -2). Golpe em área
6 (causa 1 de dano adicional para todos do grupo). Estresse +1. Reações: 1-3 Lutar, 4-6 Lutar até a morte.

24
ADAPTAÇÃO Four Against Darkness

CHEFÕES

D6 CHEFÕES
Profeta: Nível 5, 5 pontos de vida, tesouro normal, 2 ataques. Poder especial: Desabamento (todos que fa-
1 lharem em um teste nível 4, perdem 1 ponto de vida e recebem 1 ponto de estresse). Profetas possuem d3
capangas aleatórios. Reações: 1-2 Suborno (30 PO), 3-5 Missão, 6 Lutar.
Necromante: Nível 6, 5 pontos de vida, 2 rolagens de tesouro +1, 2 ataques. Sempre que o Necromante perder
1 ponto de vida, ele invoca 1 Esqueleto ou Zumbi (50% chance). Causa 1 ponto de estresse adicional para todos
2 do grupo no início da batalha. Concede -1 no teste contra estresse. Morto-vivo. Pode usar as Magias Proibidas
Enfraquecimento e Necrose. Possui o poder Drenar Energia (igual ao Senhor do Caos). Matar o Necromante
concede 1 pista. Reações: 1-2 Suborno (50 PO), 3 Missão, 4-5 Lutar, 6 Lutar até a morte.
Bruxa: Nível 4, 5 pontos de vida, tesouro normal. Pode usar a magia proibida Enfraquecer. A Bruxa escolhe um
3 herói aleatório. Se ele falhar em um teste de nível 3, ela o joga em seu caldeirão. No caldeirão, o herói perde 1
ponto de vida, ou 2 se o resultado do dado for 1 natural. Reações: 1-2 Suborno (30 PO), 3-4 Missão, 5-6 Lutar.
Príncipe Suíno: Nível 5, 6 pontos de vida, 2 rolagens de tesouro. Possui d6 Crias Suínas em seu covil.
4 Adiciona 1 ponto de estresse no início do combate. 3 ataques. Reações: 1 Suborno (100 PO), 2 Missão, 3-6
Lutar até a morte.
Sereia: Nível 5, 4 pontos de vida, 2 rolagens de tesouro +1. Possui d6 Abissais em seu covil. No início do
5 combate, todos os personagens fazem um teste contra encantamento, nível 4. Quem falhar está encantado
e fora de jogo até que alguém lance a magia Benção. Reações: 1-2 Missão, 3-4 Lutar, 5-6 Lutar até a morte.
O Adormecido: Nível 6, 6 pontos de vida, 3 rolagens de tesouro, 3 ataques. Estresse +2 no início do comba-
te. Testes contra estresse -1. Não é afetado por magias nem veneno. Ataques com armas de esmagamento
recebem +1. Poderes especiais: Refração (causa 1 ponto de dano em todos os personagens que falharem
6 em um teste nível 4), Estrela Cintilante (encanta um herói aleatório que falhar em um teste nível 4, ele está
fora de jogo até alguém lançar a magia Benção). Derrotar O Adormecido concede +1 em rolagens de XP e
uma pista. Reações: Sempre lutar até a morte.

25
CONTO Four Against Darkness

SANGUE NA
MONTANHA
O
segundo goblin caiu do teto descendo
sua adaga ao mesmo tempo. Mas o fez
de maneira tão apressada que sua cabe-
ça voou de volta para cima num arco perfeito.
“Você realmente sabe ler mapas? Isso aqui
não parece em nada com a cidade submersa dos
anões!”, gritou Narïa para o mago, enquanto gi-
rava o corpo para acertar sua espada ensanguen-
tada no próximo goblin.
 CONTO
“Continue falando, Narïa! Eu já
acertei quatro”, brincou Thorlot sal-
tando a frente. O braço terminando em
um pesado machado de encontro a caixa torácica de ou-
tra daquelas criaturas. Sequer sentiu a dentada na pan-
turrilha.
Mas o ladrão viu o pequeno adversário grudado na
perna do bárbaro e tentou acertá-lo. Afrouxou os dedos
na corda do arco e errou a flecha.
“Escuro demais! Faça algo, mago inútil!”
“Menos uma bola de...”
A voz de Narïa foi interrompida pelo globo de fogo
crepitante que em segundos percorreu a pequena a sala,
explodindo goblins em pedaços para todos os lados.
“Você quer nos matar, Aramir?”, berrou a guerreira.
Thorlot sacudiu o machado para soltar a carcaça do
monstro preso na lâmina.
“Cinco, guerreira”.
"Ah, josta! Três! Venha cá, maldito”, respondeu a
guerreira. E correu acertar o goblin que tentava fugir.
Sua espada abriu caminho da base da coluna até a nuca.
“Quatro. E nenhum ferimento”. Olhou para o sangue
gotejando nos furos nas pernas torneadas do bárbaro.
“Estamos quites”.
“Três. E só precisei de um golpe”, sorriu Aramir.
“Tentar matar a equipe não conta, mago”.
O ladrão guardou o arco, apanhou uma das tochas que
os companheiros haviam largado e começou a revistar os
adversários caídos pelo chão da gruta. Podia ter perdido
Four Against Darkness
o caminho até a ruína de Kalthax, mas não iria sair dali de
bolsos vazios. Os outros que se contentassem contando
monstros, ele iria contar moedas de ouro. Ou nada.
“Eles só carregam sal! É disso que essas criaturi-
nhas vivem quando não há aventureiros aqui? Sal?
Dá pra entender porque são tão enervados”, lasti-
mou Honus.
“Sal? Deixe-me ver isso, ladrão”. Aramir estendeu a
mão para apanhar uma pedra das mãos do companhei-
ro. Observou-a atentamente.
“Esses goblins imbecis provavelmente não sabem
diferenciar uma pedra de sal de um diamante”, falou
Narïa, se aproximando para ver melhor o que o mago
segurava. “Por isso se recusam a abandonar esse lugar”.
“Nós devemos estar nas antigas minas de sal dos
anões. Foi por conta dela que ergueram a cidade de Kal-
thax no passado”.
“Aquela cidade que você não conseguiu encontrar?”.
“O mapa deve estar desatualizado. Os goblins devem
ter cavado novos túneis...”.
“Como você consegue perder uma cidade, Aramir?
Uma josta de uma cidade!”.
“Silêncio”, sussurrou Honus. Todos prestaram a atenção
nele. “Ouço ruídos distantes. Há algo a mais andando por aí”.
“Devem ser mais goblins”. Thorlot ergueu sua tocha
que estava caída no chão caminhou até a entrada de um
corredor, tentando disfarçar que mancava.
Honus seguiu sorrateiro atrás do bárbaro, não sem an-
tes olhar para trás e confirmar se a guerreira iria também.
27
 CONTO
“Goblins não seriam capazes de
abrir mais túneis por livre e espontâ-
nea vontade. Eles precisam de uma lide-
rança”, Narïa disse para que apenas Aramir ouvisse.
A luz do fogo deixava entrever as marcas grosseiras que
centenas de picaretas deixaram nas paredes. Aqui e ali um
pequeno brilho refletido indicava a presença de sal no lu-
gar. O corredor rochoso fazia uma acentuada curva poucos
passos depois de sua entrada e seguia apenas mais alguns
metros até chegar em outra câmara, tão parecida quanto a
anterior, mas com duas outras portas de saída adiante.
De uma dessas portas, um arco rudemente escul-
pido, nada se podia dizer além de que levava a uma
estreita rampa descendo mais para o interior da mon-
tanha. Da outra porta vinha o ruído de passos insegu-
ros e pequenos objetos pontiagudos tilintando. Mais
goblins, provavelmente. Talvez acompanhados de um
grande orc.
“Que ótimo. Eu tinha razão”.
“Não sei o que você teme, ladrão. Você sequer sujou
suas botas na última batalha”, retrucou o bárbaro.
Aramir estendeu sua tocha para a companheira e pro-
curou o mapa guardado dentro de uma manga em suas
longas vestes. Ficou pensativo por um instante enquan-
to analisava os traços e símbolos marcados.
“Estamos procurando uma cidade que foi inundada.
Ela deve estar para baixo, mago”, disse Narïa.
“Com certeza Kalthax está abaixo de algum lugar. Mas
não desse lugar em que estamos. Não embaixo das mi-
nas. Nós tomamos alguma encruzilhada errada lá atrás.
Estamos perdidos”.
Os ruídos dos adversários chegando pareciam mais
próximos. E ainda assim, pareciam mais espaçados,
como se subitamente eles decidissem que valesse a pena
serem cautelosos e atacarem de surpresa.
O bárbaro deixou sua tocha cair ao chão e sacou de
volta o grande machado. Dobrou os joelhos e segurou
a arma firme com as duas mãos, retesando os múscu-
los do braço. Diante desse preparo, a guerreira entregou
uma das tochas para o ladrão e foi se postar ao lado de
Thorlot, empunhando com bravura sua espada. Olha-
vam firmemente para a escuridão adiante.
Honus se afastou de costas até encontrar uma parede
próxima do corredor por onde vieram. Sabia que a fala
do bárbaro tinha razão, estava com medo. Sabia que o
gesto da guerreira também tinha razão, não pretendia
desferir nenhum golpe nessa batalha. Olhou então para
o mago ao seu lado, falando sozinho:
“As minas de sal... foi por causa delas que os anões
construíram a cidade... o rio subterrâneo só inundou a
cidade, não as minas... os goblins chegaram para ocupar
só muito depois... mas como as minas de sal, foram des-
cobertas antes?”.
O grito estridente do goblin veio acompanhado de uma
pedrada. Narïa ergueu o escudo para aparar o golpe en-
quanto Thorlot rodopiava o braço para trás, para cima e
para baixo, terminando o golpe do machado de encontro
ao ombro da criatura que correra armada em sua direção.
28
Four Against Darkness
O goblin urrou de dor e logo em seguida rosnou, cra-
vando a ponta da adaga no abdômen do bárbaro. Ao
mesmo tempo, seu crânio foi perfurado da nuca até a
testa pela espada de Narïa.
A guerreira sorriu para o bárbaro.
“Mais um. E esse foi salvando sua vida”.
E tornou a olhar para a entrada escura adiante. Outra
pedrada veio e passou longe. Thorlot correu para dentro
do corredor e Honus arremessou a tocha por cima da
cabeça do companheiro, na tentativa de iluminar o que
estivesse lá dentro.
Um grande orc erguendo a espada esperava o bárbaro.
Thorlot aparou o golpe com seu machado, deixando seu
flanco exposto para um dos goblins que guardava seu líder.
O pequeno monstro aproveitou a oportunidade e com um
impulso fincou sua lança entre as costelas do adversário.
Narïa deslizou um dos pés para frente, mudando sua
posição para tentar ficar mais perto do companheiro de
armas. Mas imediatamente precisou se defender de ou-
tra pedrada que vinha em sua direção.
“O povo de Galthan lá fora nunca se queixou dos go-
blins... eles foram os primeiros cavar um túnel na mon-
tanha... era para guardar algo, não para retirar... mas o
quê?”, murmurava Aramir enquanto guardava o mapa
e fazia os primeiros gestos de uma magia.
Thorlot empurrou a espada do orc para trás e aprovei-
tou o que pôde do pouco espaço que tinha para desferir
um golpe na coxa do líder. Inesperadamente isso aca-
bou se mostrando um bom golpe. Sangue negro jorrou e
CONTO
o monstro cambaleou um pouco para trás, distraindo os
goblins que se postavam ao seu lado.
Nesse momento, Narïa saltou para dentro da escuridão
e deixou sua lâmina cruzar o rosto da irritante criatura que
lhe jogava pedras. O corpo do goblin aos pés do orc e a
guerreira lançou um rápido sorriso para o companheiro.
“Cada vez que alguém salva sua vida conta como um a
menos, amigo”, falou o ladrão do outro lado de Thorlot.
Honus havia chego desapercebidamente e apunhala-
do pelas costas o goblin que segurava a lança contra o
bárbaro, lançado o corpo morto da criatura cair também
aos pés do orc. Percebendo-se derrotado, o orc girou sua
espada sobre a cabeça e deixou a cair a esmo, miran-
do ora o ombro do bárbaro e ora a cabeça da guerreira.
Acertou o primeiro alvo e foi golpeado pelo segundo.
Thorlot caiu de joelhos, levando a mão até o corte que
sangrava. Sentia dor e cansaço. Honus imediatamente
se agachou ao seu lado na tentativa de fazer algo, en-
quanto Narïa recuava seu braço, retirando a ponta de
sua espada de dentro da axila do orc.
Um clarão cortou o ar juntamente com um estrondo.
O relâmpago ecoou pelos corredores da mina, mas es-
tavam todos surdos demais para ouvir. Também esta-
vam cegos demais para ver Thorlot se erguer e, ainda de
olhos fechados, levar uma das pontas de seu machado
até o queixo do orc. E, uma vez no queixo, até o nariz e,
de lá, até o topo na cabeça.
“Eles guardam o Sangue da Montanha!”, exclamou
Aramir para si mesmo.
29
Four Against Darkness
A guerreira observou a cabeça partida e peito incine-
rado do monstro e lançou um olhar até o mago.
“A gente conta esse como sendo de quem?”.
O bárbaro deu um leve tapa de agradecimento no om-
bro do ladrão e imediatamente percebeu que precisa-
va se apoiar um pouco. Honus o ajudou a caminhar até
uma das paredes e deixou que ali se escorasse e desli-
zasse até se sentar no chão.
“Ele vai ficar bem. É só um arranhão”.
“Essas minas têm mais do que sal”, disse Aramir er-
guendo um dedo e empostando a voz. “Séculos atrás o
povo que vive fora da montanha, o povo de Galthan,
abriu caminhos na rocha para guardar um tesouro do
qual pouco falam: o Sangue da Montanha”.
Os olhos do ladrão brilharam junto com um sorriso.
“Talvez estejamos longe da cidade, mas ainda podemos
encontrar a glória que viemos procurar, meus caros”.
“Você tem certeza disso, mago?”. Narïa limpava a espa-
da em um retalho de pano. “Não sabemos qual a extensão
desses túneis e nem ao certo sabemos se ainda há um te-
souro. Aliás, que josta de nome é esse para um tesouro?”.
Thorlot pigarreou um instante e cuspiu. Logo em se-
guida disse:
“Meu povo conta uma lenda sobre um tal sangue da
montanha. Mas não era um tesouro, era um rei”.
“Viu só? Estamos na tumba de rei antigo”.
Mesmo sem partilhar da mesma confiança do mago
e do ladrão, Narïa foi até Thorlot e ajudou a se levan-
tar. Ele já havia estancado os cortes, mas mesmo assim
 CONTO
ficou-se decidido que pela próxima
etapa ela caminharia na frente do gru-
po. Ergueu sua tocha e tomou o caminho
que passava por baixo do arco esculpido.
Desceram a rampa por um tempo até chegarem a uma
bifurcação.
“O caminho que parecer mais esculpido e menos es-
cavado”, sugeriu o mago. A voz um tanto fraca depois
dos feitiços.
Tomaram o caminho da direita e seguiram mais um
tempo entre curvas, degraus e rampas, até que por fim
chegaram em uma sala larga, alta e sem mais portas. As
paredes lisas estavam gravadas de runas. O chão esta-
va coberto por uma grossa camada de poeira. Ao centro
havia o que um dia fora uma fonte.
O mago se deteve diante de uma parede e se esforçou
para ler o que as runas diziam.
“Rei Szandor de Galthan.... sangue na montanha...
fonte de água...”
“Bem, parece que toda a água da fonte deve ter ido
embora para Kalthax”, riu Honus. Mas ninguém mais
achou graça em sua piada.
“O que exatamente você disse, Aramir?”, perguntou Narïa.
Thorlot se jogou ao chão e recostou-se na fonte, deci-
dido a passar as próximas horas ali. O ladrão suspirou
desanimado e deu a volta para o outro lado, procuran-
do algum segredo escondido na fonte.
“Szandor? Sangue da motanha?”. O mago olhou para
a amiga
Four Against Darkness
“Não. Não é isso que está escrito”.
O ladrão sentiu o dedo passar por cima de um dis-
creto pino escondido no pilar ao pé da fonte. Eufórico,
deitou-se e encostou o ouvido na pedra. Havia alguma
tensão ali, algum mecanismo. Parecia uma trava simples
demais para ter armadilhas.
“É verdade. Você tem razão. Aqui diz sangue na mon-
tanha”.
O mago olhou assustado para Narïa.
Clique.
“Achei algo aqui! Achei o tesouro!”.
A guerreira sacou a espada da cintura e girou sobre
os calcanhares velozmente a tempo de ver o alçapão se
abrir embaixo de Honus e levá-lo para sempre, para a
escuridão, para dentro da tumba do rei.
Com o estrondo, Thorlot levantou de um salto e cor-
reu para o outro lado da fonte a tempo de ver os últimos
vestígios do amigo desaparecer.
“Honus! Não!”.
“Quantas magias ainda te restam?”, perguntou Narïa.
“Poucas. Bem poucas”.
A guerreira observou o bárbaro ferido recuar para
trás e buscar seu machado. Uma fumaça verde se erguia
da abertura no chão, rapidamente tomando a forma do
rei-vampiro Szandor.
“Josta!”.
Esta noite, depois de séculos, haveria novo sangue na
montanha.
30
Acesse a pré-venda em
RETROPUNK.COM.BR/LOJA/
 PUNKVERSO
UM MULTIVERSO DE
POSSIBILIDADES
Curtiu essa edição especial e gratuita da Rolepunkers? Então saiba
que há muito mais de onde essa veio.
Todo mês os apoiadores do Punkverso recebem uma edição da Role-
punkers que, além de artigos semelhantes a estes que você viu aqui
traz também uma adaptação para Savage Worlds. Já tivemos adapta-
ção de Final Fantasy VII, Avatar: A Lenda de Aang, Jedi: The Fallen
Order, The Last of Us 2 e muitas outras.
Além disso também temos aventuras para os sistemas da RetroPunk
– e sim, teremos também aventuras de The Dark Eye – descontos, sor-
teios de vale compras e kit de produtos entre os apoiadores. Enfim, há
recompensas para todos os gostos, com certeza você irá uma que se
encaixa ao que você busca.
Por ser um financiamento o Punkverso traz uma de suas caracte-
rísticas: METAS EXTRAS!
Quanto mais pessoas apoiando mais recompensas podemos en-
tregar, nesse momento já temos liberados através das metas extras
vídeos e workshops mensais, além de uma aventura extra para um
dos outros sistemas da RetroPunk (Terra Devastada, Hora de Aven-
tura, Mouse Guard e Castelo Falkenstein), e claro, qualquer jogo
novo que lançarmos entrará aqui!
Então, o que está esperando para explorar os vários mundos da
RetroPunk?

Acesse CATARSE.ME/PUNKVERSO