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Seminário Nazareno de Cabo Verde

ETED

Antigo Testamento I

O Professor:
Oziel Duarte Morais

Apostila Adaptada
Mindelo 2016
Antigo Testamento I

Parte I
ANTIGO TESTAMENTO I
Introdução
Diariamente a maioria nós manuseamos e estudamos a Bíblia, mostrando a
importância que Ela tem, buscando nEla orientações e reposta que acreditamos não
haver em nenhum outro lugar, crendo ser Ela a Palavra inspirado de Deus. No entanto
algumas preocupações quanto à Bíblia nos vem à mente:
 Porque surgiu a Bíblia?
 Quando Ela foi escrita?
 Como foi escrita?
 Quem determinou quais os livros são sagrados e a comporiam?
 Como surgiram os apócrifos e as bíblias diferentes?
São estas perguntas que estaremos respondendo.
Deus é um Deus que Se revela ao homem, começando a falar com o homem
diretamente do Édem, andando com este na viração do dia (Gn 3;8-9). Mas com o
pecado o homem se afastou de Deus, passando a ter restrições.
Com isso, Deus passou a usar a revelação para falar com o homem, realizando isso
através de homens escolhidos, e estes por sua vez passaram a registrar tudo aquilo que
recebiam, preservando isso para as gerações futuras. É esta coletânea de registros que
hoje chamamos de “Cânon Bíblico”.
A Bíblia possui 66 livros escritos por cerca de 40 autores, durante um período de
1600 anos. Todos os autores tiveram seu estilo, cultura, temperamentos e características
próprias que marcam os seus escritos.
O primeiro autor foi Moisés, e o registro da primeira ordem a esse respeito
encontramos em Êxodo 17:14. Agora perguntamos como Moisés que viveu por volta de
1500 a.C tem conhecimento fidedigno de detalhes de revelação feita a Adão?
Entendemos que o mesmo deus que revelou a Adão é o mesmo que inspirou a Moisés,
entendemos que o poder do Espírito de Deus é suficiente resposta.
Além disso, as gerações relatadas na seqüência histórica podem traçar uma
corrente histórica de adão a Moisés de sete homens que foram verdadeiros “livros
humanos”, os quais compartilharam as suas gerações, havendo assim uma preservação.
Mas então como foram agrupados e escolhidos os escritos sagrados a partia de
Moisés? Como chegaram a nós os atuais 66 livros do cânon? Esses 40 autores

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receberam a inspiração como?Numa reunião com Deus? Sendo que estavam separados
1600 anos na história de Moisés a João? E porque há bíblias com cânones diferentes?
São estas perguntas que vamos responder nesse capitulo.

Como Foi Escrita a Bíblia


g. Material usado:
a) Cerâmica, pedra, argila, cera: Usados nos primórdios por Moisés e os
profetas.
b) Papiro: feito de planta, uma espécie de cana que crescia em lagos e rios do
Egito e da Síria. As lâminas de sua entrecasca eram retiradas, prensadas, secas
e polidas. Usou-se até o século III a.D.
c) Pergaminho: Era a pele curtida de ovelhas, cabras e outros animais. As peles
eram limpas e os pelos retirados.
2. Instrumentos: Cinzel de ferro, para atalhar pedras e cerâmica. Estilete, para
argila e cera, e a pena (cana compacta feita de junco, variando d 14 a 40 cm), para
pergaminho e papiro. Penas de aves só começaram a ser usados no século III a.C.
3. Tinta: era uma mistura de carvão, goma e água.
4. Forma: em rolos. Colavam se as folhas de papiro lado a lado e enrolavam em
torno de um pau. Em media tinham o comprimento de 12 metros, mas havia alguns até
com 48 metros. Em geral, eram escritos de um lado só. Usados até o século II a.D.
Posteriormente surgiram os livros (ou códice) com a arrumação das folhas de papiro.
5. Língua: Hebraico era a língua do povo de Israel no tempo da independência (ou
seja antes do cativeiro). O aramaico era falado pelos povos da Mesopotâmia e aparece
em alguns trechos do V.T (Ed 4:8 a 6:18 e 7:12-26, Jr 10 e 11, Dn 2: 4 a 7:28). O
hebraico começa a desaparecer como língua comum do povo por volta de 722 a.C. (O
grego é a língua do novo testamento).
6. Tipos de escrita: Alguns tipos de escrita que podemos citar são:
a) Uncial – Dos mais antigos manuscritos gregos, que só usavam letras
maiúsculas desenhadas, data do 4º século.
b) Minúsculo – Data do 9° século. Era o tipo de escrita onde letras pequenas
eram conectadas sem espaço entre palavras. Os significados de palavras que podiam ter
mais que uma interpretação, passava de escrita para escrita com todos os rigores de
cuidado.
As vogais no hebraico só surgiram com os massoretas em 800 a.D.
Os títulos Bíblicos
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Por quê e de onde surgiram o nome que damos a este cânon sagrado?
1. Escrituras Sagradas
É o nome no qual o N.T se refere ao V.T (Mt 21:42; 22:29; Lc 4:21; Rm 1:2)
2. Bíblia
O significado desta palavra no grego é “livro”, e isto nos fala da unidade que há
nela, pois é um “livro composto por 66 livros”. Deriva se de “Biblos”, que era o nome
da entrecasca do papiro (planta usada para a escrita), ou então do nom edo porto Sírio
de onde os papiros eram embarcados para todo o mundo que os usava.
A palavra grega “Bíblia” aparece em Mc 12:26, traduzida como livro, e no
segundo século as Escrituras já eram conhecidas como os “livros” ou a “Bíblia”.
3. Testamento
Este nome nos leva a considerar não os livros, propriamente, mas pelo seu
principal assunto, pos “testamentum” é o termo latino correspondente ao grego
“diatere” que significa aliança, pacto, testamento, vontade. Aparece em Jr 31;31-34; Lc
22:20; 2Co 3:6 e 14; Hb 7:22. Antigo e Novo Testamento só passaram a ser usados a
partir do 3° século.

Considerações Acerca da História do Cânon


Mas como foram escolhidos os trinta e nove livros que compõe o V.T?
1- Os autores sagrados ao receberem as revelações da parte de Deus, as
comunicaram verbalmente, contudo, foram também orientados a
registrarem de forma escrita algumas daquelas mensagens, para que
ficasse para a posteridade.
(Ex 14:14; 24:4 e 7; Is 30:8; Jr 30:2; At 7:38).
Muitos homens usados por Deus no tempo do V.T nada escreveram, por outro
lado, muitos outros homens escreveram literaturas religiosas nesta época, embora não
tivessem recebida orientação divina para isso. Houve tempos, portanto, onde circularam
juntos, livros religiosos sagrados e não sagrados, lidos e manuseados pelo povo.
2 – O cânon, ou seja, o grupo de livros sagrados, não foi meramente produto de
uma decisão conciliar, em um determinado momento histórico, mas sim um gradual
reconhecimento pelos judeus da autoridade divina em alguns livros então escritos.
Esta coleção de livros acabou sendo posteriormente provada, agrupada e fixada
pelo concilio da igreja. De certa forma, a igreja “canonizou” o que já estava canonizado.
3- Alguns princípios serviram de guia para canonização de um livro pela igreja
primitiva:
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a) Tem autoridade divina/ É um “assim diz o Senhor”?


b) Foi escrito por um homem de Deus? É autentico?
c) tem poder para transformar vidas?
d) Foi aceito pelo povo de Deus, lido e usado como regra de vida e fé?
4 – com certeza o mais precioso teste de canonicidade é o testemunho que o
Espírito santo dá à autoridade de Sua própria palavra. Provocando uma reposta de
reconhecimento, fé e submissão no coração do servo de Deus.
A canonicidade não era uma qualidade “atribuída” aos livros por testes humanos,
como quer afirma r a igreja católica, pois como exemplo, quando uma criança
reconhece seu pai em uma multidão, não lhe acrescenta nenhuma qualidade de
parentesco, mas apenas confirma um relacionamento intenso já existente.

A Formação do Cânon do V.T


Vejamos os itens seguintes:
1) Os primeiros livros reconhecidos como sagrados foram os que compõem
a Lei, veja quão cedo foi a aprovação e o uso em Js 1:7-8.
2) A lei, entretanto foi esquecida com o passar do tempo, levando o povo à
idolatria e ao pecado em Israel, até que encontrada de novo no reinado de
Josias (¨620 a.C), trazendo gozo e quebrantamento à nação (2Cr 34:14-
33).
3) A seguir muitas das profecias registradas, provaram ser divinas pelo seu
fiel comprimento e então foram aceites como “inspiradas” e “canônicas”.
4) O terceiro grupo de livros aceitos como sagrados foram os “escritos”,
compostos e aceitos em tempos diversos (Lc 24:44). Na época do
chamado “silencio profético” (após 400 a.C), muitos livros históricos e
poéticos circulavam entre os judeus. Entre estes alguns eram
reconhecidamente sagrados, outros, reconhecimentos espúrios e, uns
poucos, duvidosos quanto à natureza.
Para este julgamento, os judeus usavam alguns critérios:
a) Está o conteúdo deste livro em conformidade doutrinária com a Lei?
b) É fiel historicamente?
c) Foi escrito até o tempo do profeta Malaquias?
Considerava que Deus falara até ao profeta Malaquias, e depois disto viera o
tempo do silencio.

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5) Foi neste tempo, por volta de 250 a.C, que um grupo de 70 sábios judeus,
na cidade egípcia de Alexandria, ao traduzir o cânon hebraico para o
grego, adicionou à Lei e aos profetas já reconhecidos como sagrados,
mais alguns livros sobre os quais não se tinha chegado a uma definitiva
com respeito à sua canonicidade.
Esta versão chamou-se “Septuaginta”. Só mais tarde aqueles livros de caráter
duvidoso foram considerados espúrios pelos judeus, mas o cânon da Septuaginta já era
consagrado e usado por muitos grupos religiosos.
6) No ano 90 a.D, no Concilio de Jâmnia, os judeus recusam definitivamente
a canonicidade dos livros apócrifos e fixam o seu cânon. Aqui, no
entanto, claramente já reconhecemos os dois cânones espalhados pelo
mundo: o judeu e o grego (Septuaginta).
7) Jerônimo, entre 385 a 405 a.D traduziu para o latim (Vulgata Latina) o
cânon da Septuaginta e esta era a versão universal 6ídia6ca-romana.
Na reforma, Lutero foi ao hebraico, e surpreendeu não encontrando ali os
apócrifos, fazendo então uma nova versão para o alemão, do cânon judaico.
8) Em 1546, no Concilio de Trento, como contra-reforma, a igreja católica
confirmou o cânon da Vulgata Latina e emitiu anátemas contra sua
rejeição.

Os Termos Canônico, Apócrifos e Pseudo-Epigrafo


Cânon – É a palavra grega que significa uma regra, vara de medir, cana. Cânon
neste sentido então, refere-se aos livros que se conformam com as regras ou padrões da
inspiração e autoridade divinos.
Esta palavra aparece em Gl 6:16. Foi a igreja, guiada por Deus, quem de certo
modo reconheceu o cânon, após longos debates. Assim a igreja “canonizou” os livros
sagrados, submetendo-os às regras ou padrões para verificar sua real inspiração.
Nas escrituras hebraicas os livros canônicos são 24, mas são os mesmos 39 do
nosso V.T, apenas agrupados de forma diferente. A igreja Católica, contudo, acrescenta
ao seu V.T outros 14 livros ou pedaços de livros, aos quais chamamos apócrifos.
Apócrifos – Quer dizer “oculto”, ou “espúrios”. São os 14 livros ou pedaços de
livros que fazem parte do cânon católico, mas não são aceitos como sagrados pelos
judeus e protestantes, tendo, contudo alto valor histórico.
Eles foram incluídos como se fossem sagrados, quando foi efetuada a versão grega
do V.T (Septuaginta), mas considerados espúrios posteriormente pelos judeus, daí
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surgiu o termo que só ganhou ênfase, na redescoberta destes fatos, durante o período da
reforma.
Como contra-reforma a Igreja Católica manteve se fiel ao cânon da Septuaginta e
chamou estes livros de Deuterocanônicos (“Canônicos da 2ª época”). São eles: Tobias;
Judite; Ester 10:4 a 16:24; Sabedoria de Salomão; Eclesiástico; Baruque; 1 e 2
Macabeus; Adições ao livro de Daniel (Os três jovens na fornalha, Bel e o Dragão, a
história de Suzana); oração de Manassés; 3 e 4 Esdras.
Pseudo-Epígrafos: são os livros religiosos e apocalípticos, escritos com a
pretensão de serem sagrados, no entanto, nem discutidos como tal o foram sendo por
todos (judeus, católicos e protestantes) rejeitados. Ex: Apocalipse de Sofonias, de
Zacarias, de Esdras. Enoque os doze patriarcas, etc.

Cânon Hebraico, Católico e Protestante do V.T.


Não parece ser dispensável dizer que a ordem de disposição dos livros só tornou-
se necessárias, possível e clara à medida que um cânon estabelecido substitui os rolos
isoladamente estudados.
1) O Cânon Hebraico é composto de 24 livros, divididos em três grupos.
São eles; ale (Torah), os profetas (neblhim), e os escritos (Kethubhim).
Esta também foi a ordem de aceitação dos livros como canônicos:
Torah: Gêneses, Êxodo, Livitico, Números, Deuteronômio.
Neblhim: Josué, Juizes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze
(Profetas Menores).
Kethubhim: Salmos, provérbios, Jó (Poesia), Cantares, Rute, Lamentações,
Eclesiásticos, Ester (Os cinco rolos)¹, Daniel Esdras e Neemias, Crônicas
(Históricos).
2) O Cânon Católico é o mesmo da Septuaginta. Divide os livros do V.T
em quatro grupos: Lei, História, Poesia e Profecia. Acrescentam ao
conteúdo canônico hebraico, os livros apócrifos sendo, ao todo 46 livros:
Lei: Gêneses, Êxodo, Livitico, Números, Deuteronômio.
Históricos: Josué, Juizes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas ou
Paralipômeros, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, 1 e 2 Macabeus.
Poéticos: Jó, salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria de Salomão,
Eclesiástico.

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Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruque, Ezequiel, Daniel, Amós,


Oséias, Joel Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,
Zacarias, Malaquias.
Em algumas versões antigas, Samuel e Reis são apresentados como 1, 2, 3 e 4
Reis, e Esdras e Neemias como 1, e 2 Esdras.

O Cânon Protestante: possui o mesmo conteúdo do cânon hebraico,


porém distribuídos em 39 livros diferentes, seguindo, no entanto, classificação idêntica
ao cânon católico, como segue:
Lei: Gêneses, Êxodo, Livitico, Números, Deuteronômio.
Históricos: Josué, Juizes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras,
Neemias, Ester.
Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiásticos, Cantares.
Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Amós, Oséias, Joel
Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias,
Malaquias.

Apócrifos
Na realidade, os sentidos da palavra “apocrypha” refletem o problema que se
manifesta nas duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra
apocrypha significava “oculto” ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o
sentido de “esotérico” ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na
época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado
aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados
previamente como “pseudepígrafos”.
Desde a era da Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos
judaicos não-canônicos originários do período intertestamentário. A questão diante de
nós é a seguinte: verificar se os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque
sua mensagem era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade
duvidosa.

As Heresias dos Apócrifos


Tobias (200 a.C)- É uma história novelística sobre a bondade de Tubiel (Pai de
Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta: justificação pelas

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obras (4: 7-11; 12:18); mediação dos santos (12:12); superstições (6:5, 7-9, 19); um anjo
engana Tobias e o ensina a mentir (5: 16-19).
Judite (150 a.C)- história de uma heroína viúva e formosa que salva a sua cidade
enganando um general inimigo e decapitando-o. Sua grande heresia é a própria história
onde os fins justificam os meios.
Baruque (100 a.D)- Apresenta se como sendo escrito por Baruque, o cronista do
profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. É,
porém, de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, após a
vinda de Cristo. Entre outras coisas trás a intercessão pelos mortos (3:4).
Eclesiástico (180 a.C)- É muito semelhante ao livro de Provérbios, se não fosse
tantas as heresias como: justificação pelas obras (3: 33-34); trato cruel aos escravos
(33:26 e 30; 42: 1 e 5), além de incentivar o ódio aos samaritanos (50: 27-28).
Sabedoria de Salomão (40 a.C)- livro escrito com finalidade exclusiva de lutar
contra a incredulidade e idolatria do epicurismo³. Apresenta: o corpo como prisão da
alma (9: 15); doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma (8:19-20); salvação
pela sabedoria (9:19).
I Macabeus (100 a.C)- Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”,
que no chamado período interbíblico (400 a.C a 3 a. D), lutam contra os inimigos dos
judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II Macabeus (100 a.C)- não é a continuação de I Macabeus, mas um relato
paralelo, cheios de lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta: oração pelos
mortos (12: 44-46); culto e missa pelos mortos (12:43); o próprio autor não se julga
inspirado (15:38-40; 2:25-27); intercessão pelos santos (7:28 e 15:14).
Adições a Daniel (capitulo 13)- A história de Suzana. Segunda esta lenda Daniel
salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos; (capitulo 14) Bel
e o Dragão ( contem histórias sobre a necessidade de idolatria); (capítulo 3: 24 90) o
cântico de três jovens na fornalha.
Porque Recusar os Apócrifos
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade.
4. Nenhum concilio da igreja os consideraram canônicos senão no final do século IV.
5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os
livros apócrifos.

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6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, Rejeitaram os


livros apócrifos.
7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data,
reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas
palavras
À vista desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os
cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se foram Palavra de Deus, nem os
citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando examinados
segundo os critérios elevados de canonicidade, estabelecidos, verificamos que aos livros
apócrifos falta o seguinte:
1. Os apócrifos não reivindicam ser proféticos.
2. Não detém a autoridade de Deus. O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180
a.C.) diz:
“Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos
profetas, e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel digno de
louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto não somente os autores destes discursos
tiveram de ser instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tomar (por meio
deles) muito hábeis tanto para falar como para escrever”.
Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura
da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também
escrever alguma coisa acerca da doutrina e sabedoria... “Eu vos exorto, pois a ver com
benevolência, e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos,
se algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes
de dar o sentido (claro) das expressões.” Este prólogo é um auto-reconhecimento da
falibilidade humana.
3. Contêm erros históricos (v. Tobias 1.3-5 e 14.11) e graves heresias, como a
oração pelos mortos (2Macabeus 12.45,46; 4).
4. Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos
devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se encontram
nos livros canônicos.
5. Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos.
6. Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades
messiânicas.
7. O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados,
recusou-os terminantemente.

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A comunidade judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos. Alguns
cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor que se lhes
atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como
Escrituras Sagradas.
Conclusão
Uma vez formado o cânon, havia uma grande quantidade de rolos, de vários
tamanhos (7-12 metros), o que dificultava a consulta às escrituras. Com a invenção da
imprensa no século XV, a pequena biblioteca sagrada foi arrumada em “Livros” com
páginas contendo 66 livros sagrados.
Em 1227, Estevão Langton, professor da universidade de Paris e posteriormente
Arcebispo de Cantuária, dividiu o conteúdo bíblico em capítulos, e em 1551, Roberto
Stephens dividiu os capítulos em versículos.
A primeira edição da Bíblia em português data de 1753, é apenas o V.T. na versão
de João Ferreira de Almeida. A Bíblia toda em português só apareceu em 1819.

Parte II
Introdução a Pentateuco
Percurso Histórico
Titulo
O nome Pentateuco não aparece em nenhum dos escritos da bíblia e nem ao menos
é conhecido pelos judeus do período de Moisés. “A palavra é composta de dois termos
do grego, “Penta”, que significa ‘Cinco”, e “teucos”, “um utensílio”, “um vaso”, ou
“estojo”. O termo alaúde, provavelmente do vaso de aproximadamente 9 metros, que
colocava os rolos de papiro contendo a Lei de Moisés.
Os judeus ainda chamam esses livros de hamissã humtse hatôrah (os cinco quintos
da Lei), pois segundo os hebreus a Lei tem cinco partes, e toda ela está naqueles cinco
livros. O Pentateuco é a totalidade da Lei divina.
No V.T os hebreus se referiam ao Pentateuco como “livros da Lei” ou “Lei de
Moisés”. Esse conjunto é formado por cinco livros; Gêneses, Êxodo, Livítico, Números,
Deuteronômio. Foi Orígenes (165?-254?) a usar pela primeira vez esse termo.

História da criação
Por volta do ano 1500 a.C, Moisés é chamado por Deus e orientado a escrever o
que Deus haveria de lhe revelar (Ex 17:14). Além de possuir formação nobre e culta e

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ter acesso à história mundial nos registros palacianos egípcios (Ex 2), era um homem de
profunda comunhão com Deus.
E Moises relata a história do Pentateuco sob a inspiração do Espírito do Senhor, e
com a ajuda das fontes orais, sonhos, visões e até ouvindo deus audivelmente. Adão
passou toda a história da criação a Lameque pai de Noé (contemporâneo de Adão 56
anos), Noé conviveu com a sua geração sete antes do dilúvio e onze anos depois dela,
90 anos depois do seu neto Sem, (foi contemporâneo de Abraão 56 anos).
Transmitida por sete homens de Deus (Adão, Lameque, Noé, Abraão, Jacó, Coate,
Anrão), guardaram e protegida por eles não seria difícil de preservar a história que Deus
tornaria registrada no livro de gêneses.
O mundo foi criado em seis dias (períodos de tempo), e no sexto dia o homem e a
mulher foram feitos. E passaram a dominar toda a criação. Foi feito o pacto de promessa
da vida eterna, mas com a desobediência veio em conseqüência a morte. Trazendo uma
decadência física, moral e espiritual.
Com isso Deus passou a ser o Juiz, santo, amoroso e Justo. Ele tinha um plano
maravilhoso para a humanidade, e ainda tem, pois Ele não abriu mão da comunhão, vida
plena, paraíso edênico. Mas tem um plano de redenção e necessitava que alguém:
 Cumprisse o pacto, obedecendo a Deus sem falha, como Adão não conseguira.
 Pagasse a divida (pena de morte) que todo homem tem para com Deus.
 Reaproximasse a humanidade de Deus, restabelecendo a comunhão, e ensinando-os
a querer Deus.
 Destruísse o inimigo de Deus, mentor da rebelião e queda.
Os homens vivendo muitos anos multiplicando-se, povoando grande parte da terra,
no entanto com o pecado e a corrupção se afastavam cada vez mais de Deus, até que Ele
decidiu “limpar” a terra da geração má. O dilúvio foi a manifestação do juízo de Deus.
Noé tem três filhos e Sem é abençoado. De Cão vieram os cananitas, egípcios,
babilônicos e os fenícios. De Jafé os medos, persas e gregos. De Sem os hebreus,
assírios e sírios. Todos com a mesma língua até a torre de babel.
Entre os capítulos 11 e 12 à um grande e desconhecido lapso histórico.
História de Israel
Em torno do ano 2200 a.C um semita habitante da terra de Ur, é chamado pelo
Deus a quem temia, para sair com a sua esposa e num ato de fé ir para uma terra
desconhecida e prometida a ele.
Abraão obedece a deus e vai, e quer cumprir a promessa da grande descendência
com uma escrava. Mas o filho da promessa veio aos 100 anos de idade. De Isaque veio
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dois gêmeos, Jacó se sobre-sai a Esaú e continua a promessa depois de ter um encontro
com Deus no vale de Jaboque, e será o pai de doze filhos que vão continuar a história de
Israel.
Embora o 11º tenha ocupado um destaque na história do povo israelita é de Judá o
quarto filho que deus vai escolher para dar continuidade á linhagem escolhida do
Messias. Por causa da fome eles vão passar muito tempo no Egito como povo
privilegiado acabando como escravo com a mudança das dinastias.
O povo de Deus não foi criado para ser escravo, por isso Deus vai levantar um
libertador, Moisés que os levaria à terra prometida desde Abraão, Cannã. Libertação
esta depois das 10 pragas que libertou cerca de 600 mil homens com suas famílias após
uma peregrinação de 430 anos, tornando assim uma nação.
Passariam então 40 anos no deserto onde até tirar aquela geração desanimada e
saudosista do Egito, e trabalhar no caráter do povo fazendo um pacto baseado nas leis
sociais, rituais civis, o sacerdócio, construção do tabernáculo, e instituições de festas.
Foi o mesmo numero de 600 mil homens e suas famílias que entraram na terra
prometida depois de 40 anos de travessia no deserto. E essa nova geração devia lembrar
os feitos e guardar as leis que Deus havia dado a seus pais.
O libertador Moisés morreu em 1406 a.C, e o jovem conquistador, Josué dirigiu o
povo na luta e tomada de Canaã. Terra abandonada nos 430 anos que agora é dividida
entra as doze tribos, os doze filhos de Jacó.
Autoria
A autoria do Pentateuco é motivo de muita discussão nos circuitos de estudos
Bíblicos e Hermenêuticos. Uma idéia sustentada hoje no meio liberal e neo-ortodoxo é
que eles representam uma fusão de quatro correntes teológicas, que produzem quatro
documentos conhecidos pelas iniciais J, E, D, P.
Autoria Mosaica
Apesar de tanta discussão acadêmica acerca da autoria do Pentateuco, os
conservadores têm mantido a opinião de que os escritos são de um homem histórico por
nome Moisés.
Esta aceitação não é baseada simplesmente numa fé cega ou antiacadêmica, mas
existem fatos bem seguros;
a) Moisés era um homem competente para escrever os livros pois tinha boa
instrução em toda a ciência do Egito (Ex 7:22), uma grande potencia mundial
da época.

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Antigo Testamento I

b) Em vários momentos ele apresenta como sendo testemunha ocular. Alguns


detalhes são bem pessoais e difícil de ser descrevida por uma terceira pessoa
(Ex 34:5-9).
c) Em alguns momentos o autor mostra como recebendo uma revelação de Deus,
com quem tinha uma profunda comunhão (Nm 12:6-8)
d) A tradição judaica atribuiu a obra a Moisés.
e) O senhor Jesus reconheceu que os escritos do Pentateuco foram obras de
Moisés (Lc 24:27, 44 e Jo 5:46)
f) A igreja primitiva entendeu também que Moisés era o autor do Pentateuco (At
26:22)
Moisés com certeza teria usado escritos de outros autores em questões de histórias
das guerras, genealogia, o que faz com que em alguns trechos acha uma diferença
lingüística.
Quanto à narração da sua mote com certeza foi Josué a escrever, pois ele deixou a
Josué os escritos (Ex 14:17), como ele os passou aos levitas (Dt 31:24-26).

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Antigo Testamento I

Bibliografias
 Ângela Gagliarde Jr. Panorama do Felho Testamento. Editora Sepal.
 Albert de Rury (org). O Pentateuco em Questão. Editora Vozes.
Petrópolis
 Isaltino Gomes Coelgo Filho. O Pentateuco e a Sua
Contemporaneidade. Editora Eclésia.
 William S. La Sor. Introdução ao Antigo Testamento. Editora Vida
Nova

Oziel Morais 15

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