ETED
Antigo Testamento I
O Professor:
Oziel Duarte Morais
Apostila Adaptada
Mindelo 2016
Antigo Testamento I
Parte I
ANTIGO TESTAMENTO I
Introdução
Diariamente a maioria nós manuseamos e estudamos a Bíblia, mostrando a
importância que Ela tem, buscando nEla orientações e reposta que acreditamos não
haver em nenhum outro lugar, crendo ser Ela a Palavra inspirado de Deus. No entanto
algumas preocupações quanto à Bíblia nos vem à mente:
Porque surgiu a Bíblia?
Quando Ela foi escrita?
Como foi escrita?
Quem determinou quais os livros são sagrados e a comporiam?
Como surgiram os apócrifos e as bíblias diferentes?
São estas perguntas que estaremos respondendo.
Deus é um Deus que Se revela ao homem, começando a falar com o homem
diretamente do Édem, andando com este na viração do dia (Gn 3;8-9). Mas com o
pecado o homem se afastou de Deus, passando a ter restrições.
Com isso, Deus passou a usar a revelação para falar com o homem, realizando isso
através de homens escolhidos, e estes por sua vez passaram a registrar tudo aquilo que
recebiam, preservando isso para as gerações futuras. É esta coletânea de registros que
hoje chamamos de “Cânon Bíblico”.
A Bíblia possui 66 livros escritos por cerca de 40 autores, durante um período de
1600 anos. Todos os autores tiveram seu estilo, cultura, temperamentos e características
próprias que marcam os seus escritos.
O primeiro autor foi Moisés, e o registro da primeira ordem a esse respeito
encontramos em Êxodo 17:14. Agora perguntamos como Moisés que viveu por volta de
1500 a.C tem conhecimento fidedigno de detalhes de revelação feita a Adão?
Entendemos que o mesmo deus que revelou a Adão é o mesmo que inspirou a Moisés,
entendemos que o poder do Espírito de Deus é suficiente resposta.
Além disso, as gerações relatadas na seqüência histórica podem traçar uma
corrente histórica de adão a Moisés de sete homens que foram verdadeiros “livros
humanos”, os quais compartilharam as suas gerações, havendo assim uma preservação.
Mas então como foram agrupados e escolhidos os escritos sagrados a partia de
Moisés? Como chegaram a nós os atuais 66 livros do cânon? Esses 40 autores
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receberam a inspiração como?Numa reunião com Deus? Sendo que estavam separados
1600 anos na história de Moisés a João? E porque há bíblias com cânones diferentes?
São estas perguntas que vamos responder nesse capitulo.
Por quê e de onde surgiram o nome que damos a este cânon sagrado?
1. Escrituras Sagradas
É o nome no qual o N.T se refere ao V.T (Mt 21:42; 22:29; Lc 4:21; Rm 1:2)
2. Bíblia
O significado desta palavra no grego é “livro”, e isto nos fala da unidade que há
nela, pois é um “livro composto por 66 livros”. Deriva se de “Biblos”, que era o nome
da entrecasca do papiro (planta usada para a escrita), ou então do nom edo porto Sírio
de onde os papiros eram embarcados para todo o mundo que os usava.
A palavra grega “Bíblia” aparece em Mc 12:26, traduzida como livro, e no
segundo século as Escrituras já eram conhecidas como os “livros” ou a “Bíblia”.
3. Testamento
Este nome nos leva a considerar não os livros, propriamente, mas pelo seu
principal assunto, pos “testamentum” é o termo latino correspondente ao grego
“diatere” que significa aliança, pacto, testamento, vontade. Aparece em Jr 31;31-34; Lc
22:20; 2Co 3:6 e 14; Hb 7:22. Antigo e Novo Testamento só passaram a ser usados a
partir do 3° século.
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5) Foi neste tempo, por volta de 250 a.C, que um grupo de 70 sábios judeus,
na cidade egípcia de Alexandria, ao traduzir o cânon hebraico para o
grego, adicionou à Lei e aos profetas já reconhecidos como sagrados,
mais alguns livros sobre os quais não se tinha chegado a uma definitiva
com respeito à sua canonicidade.
Esta versão chamou-se “Septuaginta”. Só mais tarde aqueles livros de caráter
duvidoso foram considerados espúrios pelos judeus, mas o cânon da Septuaginta já era
consagrado e usado por muitos grupos religiosos.
6) No ano 90 a.D, no Concilio de Jâmnia, os judeus recusam definitivamente
a canonicidade dos livros apócrifos e fixam o seu cânon. Aqui, no
entanto, claramente já reconhecemos os dois cânones espalhados pelo
mundo: o judeu e o grego (Septuaginta).
7) Jerônimo, entre 385 a 405 a.D traduziu para o latim (Vulgata Latina) o
cânon da Septuaginta e esta era a versão universal 6ídia6ca-romana.
Na reforma, Lutero foi ao hebraico, e surpreendeu não encontrando ali os
apócrifos, fazendo então uma nova versão para o alemão, do cânon judaico.
8) Em 1546, no Concilio de Trento, como contra-reforma, a igreja católica
confirmou o cânon da Vulgata Latina e emitiu anátemas contra sua
rejeição.
surgiu o termo que só ganhou ênfase, na redescoberta destes fatos, durante o período da
reforma.
Como contra-reforma a Igreja Católica manteve se fiel ao cânon da Septuaginta e
chamou estes livros de Deuterocanônicos (“Canônicos da 2ª época”). São eles: Tobias;
Judite; Ester 10:4 a 16:24; Sabedoria de Salomão; Eclesiástico; Baruque; 1 e 2
Macabeus; Adições ao livro de Daniel (Os três jovens na fornalha, Bel e o Dragão, a
história de Suzana); oração de Manassés; 3 e 4 Esdras.
Pseudo-Epígrafos: são os livros religiosos e apocalípticos, escritos com a
pretensão de serem sagrados, no entanto, nem discutidos como tal o foram sendo por
todos (judeus, católicos e protestantes) rejeitados. Ex: Apocalipse de Sofonias, de
Zacarias, de Esdras. Enoque os doze patriarcas, etc.
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Apócrifos
Na realidade, os sentidos da palavra “apocrypha” refletem o problema que se
manifesta nas duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra
apocrypha significava “oculto” ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o
sentido de “esotérico” ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na
época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado
aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados
previamente como “pseudepígrafos”.
Desde a era da Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos
judaicos não-canônicos originários do período intertestamentário. A questão diante de
nós é a seguinte: verificar se os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque
sua mensagem era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade
duvidosa.
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obras (4: 7-11; 12:18); mediação dos santos (12:12); superstições (6:5, 7-9, 19); um anjo
engana Tobias e o ensina a mentir (5: 16-19).
Judite (150 a.C)- história de uma heroína viúva e formosa que salva a sua cidade
enganando um general inimigo e decapitando-o. Sua grande heresia é a própria história
onde os fins justificam os meios.
Baruque (100 a.D)- Apresenta se como sendo escrito por Baruque, o cronista do
profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. É,
porém, de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, após a
vinda de Cristo. Entre outras coisas trás a intercessão pelos mortos (3:4).
Eclesiástico (180 a.C)- É muito semelhante ao livro de Provérbios, se não fosse
tantas as heresias como: justificação pelas obras (3: 33-34); trato cruel aos escravos
(33:26 e 30; 42: 1 e 5), além de incentivar o ódio aos samaritanos (50: 27-28).
Sabedoria de Salomão (40 a.C)- livro escrito com finalidade exclusiva de lutar
contra a incredulidade e idolatria do epicurismo³. Apresenta: o corpo como prisão da
alma (9: 15); doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma (8:19-20); salvação
pela sabedoria (9:19).
I Macabeus (100 a.C)- Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”,
que no chamado período interbíblico (400 a.C a 3 a. D), lutam contra os inimigos dos
judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II Macabeus (100 a.C)- não é a continuação de I Macabeus, mas um relato
paralelo, cheios de lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta: oração pelos
mortos (12: 44-46); culto e missa pelos mortos (12:43); o próprio autor não se julga
inspirado (15:38-40; 2:25-27); intercessão pelos santos (7:28 e 15:14).
Adições a Daniel (capitulo 13)- A história de Suzana. Segunda esta lenda Daniel
salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos; (capitulo 14) Bel
e o Dragão ( contem histórias sobre a necessidade de idolatria); (capítulo 3: 24 90) o
cântico de três jovens na fornalha.
Porque Recusar os Apócrifos
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade.
4. Nenhum concilio da igreja os consideraram canônicos senão no final do século IV.
5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os
livros apócrifos.
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A comunidade judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos. Alguns
cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor que se lhes
atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como
Escrituras Sagradas.
Conclusão
Uma vez formado o cânon, havia uma grande quantidade de rolos, de vários
tamanhos (7-12 metros), o que dificultava a consulta às escrituras. Com a invenção da
imprensa no século XV, a pequena biblioteca sagrada foi arrumada em “Livros” com
páginas contendo 66 livros sagrados.
Em 1227, Estevão Langton, professor da universidade de Paris e posteriormente
Arcebispo de Cantuária, dividiu o conteúdo bíblico em capítulos, e em 1551, Roberto
Stephens dividiu os capítulos em versículos.
A primeira edição da Bíblia em português data de 1753, é apenas o V.T. na versão
de João Ferreira de Almeida. A Bíblia toda em português só apareceu em 1819.
Parte II
Introdução a Pentateuco
Percurso Histórico
Titulo
O nome Pentateuco não aparece em nenhum dos escritos da bíblia e nem ao menos
é conhecido pelos judeus do período de Moisés. “A palavra é composta de dois termos
do grego, “Penta”, que significa ‘Cinco”, e “teucos”, “um utensílio”, “um vaso”, ou
“estojo”. O termo alaúde, provavelmente do vaso de aproximadamente 9 metros, que
colocava os rolos de papiro contendo a Lei de Moisés.
Os judeus ainda chamam esses livros de hamissã humtse hatôrah (os cinco quintos
da Lei), pois segundo os hebreus a Lei tem cinco partes, e toda ela está naqueles cinco
livros. O Pentateuco é a totalidade da Lei divina.
No V.T os hebreus se referiam ao Pentateuco como “livros da Lei” ou “Lei de
Moisés”. Esse conjunto é formado por cinco livros; Gêneses, Êxodo, Livítico, Números,
Deuteronômio. Foi Orígenes (165?-254?) a usar pela primeira vez esse termo.
História da criação
Por volta do ano 1500 a.C, Moisés é chamado por Deus e orientado a escrever o
que Deus haveria de lhe revelar (Ex 17:14). Além de possuir formação nobre e culta e
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ter acesso à história mundial nos registros palacianos egípcios (Ex 2), era um homem de
profunda comunhão com Deus.
E Moises relata a história do Pentateuco sob a inspiração do Espírito do Senhor, e
com a ajuda das fontes orais, sonhos, visões e até ouvindo deus audivelmente. Adão
passou toda a história da criação a Lameque pai de Noé (contemporâneo de Adão 56
anos), Noé conviveu com a sua geração sete antes do dilúvio e onze anos depois dela,
90 anos depois do seu neto Sem, (foi contemporâneo de Abraão 56 anos).
Transmitida por sete homens de Deus (Adão, Lameque, Noé, Abraão, Jacó, Coate,
Anrão), guardaram e protegida por eles não seria difícil de preservar a história que Deus
tornaria registrada no livro de gêneses.
O mundo foi criado em seis dias (períodos de tempo), e no sexto dia o homem e a
mulher foram feitos. E passaram a dominar toda a criação. Foi feito o pacto de promessa
da vida eterna, mas com a desobediência veio em conseqüência a morte. Trazendo uma
decadência física, moral e espiritual.
Com isso Deus passou a ser o Juiz, santo, amoroso e Justo. Ele tinha um plano
maravilhoso para a humanidade, e ainda tem, pois Ele não abriu mão da comunhão, vida
plena, paraíso edênico. Mas tem um plano de redenção e necessitava que alguém:
Cumprisse o pacto, obedecendo a Deus sem falha, como Adão não conseguira.
Pagasse a divida (pena de morte) que todo homem tem para com Deus.
Reaproximasse a humanidade de Deus, restabelecendo a comunhão, e ensinando-os
a querer Deus.
Destruísse o inimigo de Deus, mentor da rebelião e queda.
Os homens vivendo muitos anos multiplicando-se, povoando grande parte da terra,
no entanto com o pecado e a corrupção se afastavam cada vez mais de Deus, até que Ele
decidiu “limpar” a terra da geração má. O dilúvio foi a manifestação do juízo de Deus.
Noé tem três filhos e Sem é abençoado. De Cão vieram os cananitas, egípcios,
babilônicos e os fenícios. De Jafé os medos, persas e gregos. De Sem os hebreus,
assírios e sírios. Todos com a mesma língua até a torre de babel.
Entre os capítulos 11 e 12 à um grande e desconhecido lapso histórico.
História de Israel
Em torno do ano 2200 a.C um semita habitante da terra de Ur, é chamado pelo
Deus a quem temia, para sair com a sua esposa e num ato de fé ir para uma terra
desconhecida e prometida a ele.
Abraão obedece a deus e vai, e quer cumprir a promessa da grande descendência
com uma escrava. Mas o filho da promessa veio aos 100 anos de idade. De Isaque veio
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dois gêmeos, Jacó se sobre-sai a Esaú e continua a promessa depois de ter um encontro
com Deus no vale de Jaboque, e será o pai de doze filhos que vão continuar a história de
Israel.
Embora o 11º tenha ocupado um destaque na história do povo israelita é de Judá o
quarto filho que deus vai escolher para dar continuidade á linhagem escolhida do
Messias. Por causa da fome eles vão passar muito tempo no Egito como povo
privilegiado acabando como escravo com a mudança das dinastias.
O povo de Deus não foi criado para ser escravo, por isso Deus vai levantar um
libertador, Moisés que os levaria à terra prometida desde Abraão, Cannã. Libertação
esta depois das 10 pragas que libertou cerca de 600 mil homens com suas famílias após
uma peregrinação de 430 anos, tornando assim uma nação.
Passariam então 40 anos no deserto onde até tirar aquela geração desanimada e
saudosista do Egito, e trabalhar no caráter do povo fazendo um pacto baseado nas leis
sociais, rituais civis, o sacerdócio, construção do tabernáculo, e instituições de festas.
Foi o mesmo numero de 600 mil homens e suas famílias que entraram na terra
prometida depois de 40 anos de travessia no deserto. E essa nova geração devia lembrar
os feitos e guardar as leis que Deus havia dado a seus pais.
O libertador Moisés morreu em 1406 a.C, e o jovem conquistador, Josué dirigiu o
povo na luta e tomada de Canaã. Terra abandonada nos 430 anos que agora é dividida
entra as doze tribos, os doze filhos de Jacó.
Autoria
A autoria do Pentateuco é motivo de muita discussão nos circuitos de estudos
Bíblicos e Hermenêuticos. Uma idéia sustentada hoje no meio liberal e neo-ortodoxo é
que eles representam uma fusão de quatro correntes teológicas, que produzem quatro
documentos conhecidos pelas iniciais J, E, D, P.
Autoria Mosaica
Apesar de tanta discussão acadêmica acerca da autoria do Pentateuco, os
conservadores têm mantido a opinião de que os escritos são de um homem histórico por
nome Moisés.
Esta aceitação não é baseada simplesmente numa fé cega ou antiacadêmica, mas
existem fatos bem seguros;
a) Moisés era um homem competente para escrever os livros pois tinha boa
instrução em toda a ciência do Egito (Ex 7:22), uma grande potencia mundial
da época.
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Bibliografias
Ângela Gagliarde Jr. Panorama do Felho Testamento. Editora Sepal.
Albert de Rury (org). O Pentateuco em Questão. Editora Vozes.
Petrópolis
Isaltino Gomes Coelgo Filho. O Pentateuco e a Sua
Contemporaneidade. Editora Eclésia.
William S. La Sor. Introdução ao Antigo Testamento. Editora Vida
Nova
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