Você está na página 1de 73

Introdução ao Estudo de Bacteriologia Clínica

Conteudista: Prof.ª Dra. Niara da Silva Medeiros


Revisão Textual: Prof.ª Ma. Sandra Regina Fonseca Moreira 

Material Teórico

Material Complementar

Referências
1/3

Material Teórico

 Objetivos da Unidade:

Adquirir conhecimento sobre métodos de coleta, armazenamento,


processamento e análise de amostras para análises microbiológicas;

Conhecer os procedimentos de biossegurança e da rotina de análise de


amostras no setor de microbiologia.

Biossegurança em Laboratório de Bacteriologia Clínica


Em qualquer setor em que trabalhamos no laboratório de análises clínicas devemos levar em
consideração os aspectos de biossegurança, e não é diferente no setor de Microbiologia. 

Neste setor, trabalhamos com diferentes tipos de amostras biológicas que são potencialmente
contaminadas com bactérias, fungos ou vírus. Além disso, alguns desses microrganismos são
capazes de liberar aerossóis e contaminar o ambiente e o pro ssional através do ar.

Vale lembrar que necessitamos utilizar os EPIs (equipamentos de proteção individuais) como
jaleco, luvas, máscara e óculos de proteção, sempre que houver manipulação de amostras
biológicas. Além disso, o laboratório deve estar equipado com os EPCs (Equipamentos de
proteção coletivos), que todos os pro ssionais devem compartilhar. Um exemplo de EPC
utilizado no laboratório de microbiologia, é a Cabine de Segurança Biológica (CSB), também
chamada de Cabine de Fluxo Laminar, que no setor de microbiologia é fundamental (Figura 1).
A CSB é utilizada para proteção do pro ssional durante a manipulação de materiais biológicos
altamente infectantes, substâncias tóxicas e culturas de células. Esse tipo de equipamento
deve estar em local de pouco trânsito e distante de portas. Os principais tipos de cabines de
segurança biológica são divididos em três classes: I, II e III.

Figura 1 – Cabine de Segurança Biológica: utilizada para


manipular amostras contaminadas com microrganismos
Fonte: Adaptada de SALVATIERRA, 2018; VERMELHO, 2019
O pro ssional manipula amostra por trás de um vidro
protetor e dentro da cabine o ambiente é mantido estéril
pela ltração contínua do ar.
Você Sabia?
A diferença entre Cabine de Segurança Biológica (CSB) e Capela de
Exaustão? Tanto as CSBs quanto as capelas são consideradas
Equipamentos de proteção coletiva e são essenciais para a proteção
dos pro ssionais. Ambas têm papel de evitar a inalação e a dispersão
no ambiente do material que está sendo manipulado, mas, ao mesmo
tempo, possuem nalidades diferentes. As CSB geralmente são
utilizadas para manipular amostras contaminadas com
microrganismos, pois possuem um ltro (HEPA), evitando que os
aerossóis formados dispersem no ambiente, ltrando o ar que entra e
o que sai da cabine, além de evitar que a amostra se contamine com
microrganismos externos. Já as capelas de exaustão são utilizadas
para manipular produtos químicos, e não devem ser utilizadas para
microrganismos infecciosos, pois não possuem o ltro HEPA.   Veja
abaixo a imagem de uma capela de Exaustão:
Figura 2 – Capela de exaustão: utilizada para manipulação
de produtos químicos
Fonte: VERMELHO, 2019
Explore
O manual do Ministério da saúde, sobre a Biossegurança em
Laboratório biomédico e de Microbiologia no link a seguir e observe as
diferenças entre os níveis de biossegurança e as relações entre os
microrganismos.

Considerações Gerais sobre Coleta, Seleção de


Amostras, Conservação e Transporte de Amostras
Biológicas
Para que ocorra um diagnóstico microbiológico dedigno é necessário que a coleta da amostra
seja adequada, bem como deve ser entregue ao laboratório rapidamente, com sistema de
transporte e processamento adequados para aumentar a detecção de agentes patogênicos.

Após ocorrer a coleta adequada das amostras, o microbiologista tem a responsabilidade de


selecionar o procedimento e testes microbiológicos adequados para cada tipo de amostra,
além disso, pode haver necessidade de o biomédico instruir os coletadores, frente a coleta das
amostras, ou ainda se comunicar com o médico para veri car se o diagnóstico clínico está de
acordo com os achados laboratoriais. 

Os procedimentos de coleta de materiais biológicos utilizados para o diagnóstico


microbiológico será de acordo com o tipo de amostra. As amostras provenientes de pacientes
internados em hospitais, geralmente são coletadas por enfermeiros, técnicos de enfermagem
ou médicos, e direcionadas ao laboratório para análise. 

Já a coleta de amostras de pacientes ambulatoriais (laboratórios de análises clínicas


convencionais), vai depender do tipo de amostra. Por exemplo, amostras de urina podem ser
coletadas em domicílio ou no laboratório pelo próprio paciente. Se o paciente é criança, deve
ser coletada com saco coletor ou ainda por sonda (utilizada para diagnóstico microbiológico).
Outros tipos de amostras tais como sangue, aspirados, exsudatos, entre outros, são coletados
por pro ssionais habilitados, incluindo biomédicos. 

Devemos sempre considerar que cada tipo de amostra deve ser coletado em frascos adequados
e transportados ao laboratório ou até o setor de análise de maneira que não inter ra no
resultado. Vamos ver na Tabela 1 a seguir as amostras utilizadas no setor de microbiologia, em
qual frasco deve ser coletada e como é realizado o seu transporte

 Importante!

Toda amostra para análise microbiológica deve ser


cuidadosamente coletada para que não haja contaminação
externa. Então, a orientação ao paciente e ter um
pro ssional treinado para realização da coleta é
fundamental!

Tabela 1 – Coleta e transporte de amostras biológicas utilizadas no diagnóstico


microbiológico

Frasco para
Amostra Volume adequado
coleta/transporte

Frasco de hemocultura Recém-nascidos:


com meio nutritivo ou 1mL/cultura
Frasco de hemocultura
Sangue Criança: 5 a 10
com lise-centrifugação
ou tubo heparinizado mL/cultura
estéril Adultos: 20mL/cultura

Cultura bacteriana: 1 a 5

Líquido Tubo estéril com tampa mL


cefalorraquidiano de rosca Cultura micobactérias:
maior volume possível

Tubo estéril com tampa


Líquidos estéreis
de rosca ou frasco de Maior quantidade
(abdominal, pleural,
hemocultura com meio possível
sinovial, pericárdio)
nutritivo

Tubo estéril com tampa


Cateter de rosca ou frasco de Não se aplica
coleta de material

1. Trato respiratório 1. Swab em meio de 1. Não se aplica


transporte
2. Garganta 2. Coleta de sangue 2. Idem cultura de
para cultura sangue
3. Epiglote
3. Tubo anaeróbio 3. 1 a 5 mL
4. Seios da face estéril ou frasco
pequeno 4. 1 a 2 mL
5. Trato inferior
4. Tubo estéril com
tampa de rosca,
tubo anaeróbio ou
frasco pequeno

Seringa sem agulha com


Ouvidos tampa; tubo estéril com Qualquer volume
tampa de rosca

Fonte: MURRAY, 2017, p. 153

Saiba Mais
Como o diagnóstico é diretamente in uenciado pela coleta, transporte
e processamento das amostras, leia no Capítulo 16, o item “Material
Clínico Transporte e Processamento” do livro Microbiologia Médica, o
detalhamento de cada tipo de amostra biológica e quais bactérias
geralmente são encontradas em cada sítio. 
Como as questões de coleta de amostra e transporte são críticas quando falamos de
diagnóstico microbiológico, devemos considerar alguns aspectos importantes: 

1 Deve-se conhecer os processos siopatológicos das doenças infecciosas, para


identi car o melhor momento para realizar a coleta da amostra clínica; 

2 O ideal é que o paciente não tenha feito o uso de terapias antimicrobianas antes da
coleta, pois pode interferir no crescimento bacteriano in vitro;

3 Deve-se considerar que o local da coleta seja representativo do local da infecção e


se deve evitar contaminação de outros tecidos;

4 Amostras coletadas há muito tempo, por exemplo 24h, não têm valor de
diagnóstico, pois podem estar potencialmente contaminadas;

5 A quantidade de amostra coletada deve ser su ciente para realização das técnicas,
evitando resultados falso-negativos ou recoletas;

6 A suspeita clínica determina o sítio de coleta da amostra biológica, como é


realizado o transporte e ainda quais os procedimentos técnicos utilizados para
realizar a identi cação do microrganismo;

7 A coleta de amostras utilizando “swab” de algodão deve ser evitada. O ideal é


utilizar Swabs de algodão alginato de sódio, e encaminhar ao laboratório em meio
de transporte ou solução salina, nunca secos;

8 O médico deve informar ao laboratório quando há suspeita de algum agente


infeccioso em particular, para que se realize técnicas especí cas;

9 Juntamente com a amostra, deve estar informado o sítio de coleta ou a origem da


amostra para que o laboratório selecione os métodos adequados;

10 A amostra sempre deve ser identi cada com as informações do paciente; 


11 O tempo de coleta, transporte e estocagem da amostra pode provocar morte dos
microrganismos presentes na amostra. Para evitar que isto ocorra, é necessário
levar a amostra rapidamente para análise no laboratório;

12 Toda amostra que chega ao laboratório deve ser considerada como contaminada e,
portanto, deve ser manuseada com cuidado.

Exercício

1 Qual EPC é utilizado amplamente no laboratório de microbiologia clínica e qual a


importância do seu uso?

2 Por que a coleta e transporte da amostra é tão importante para análise


microbiológica? O que pode acontecer com a amostra nesta fase do diagnóstico?

3 Em qual frasco devem ser coletados os líquidos cavitários para análises


microbiológica? E qual o volume adequado para o exame?

4 Como pode ocorrer a contaminação da amostra em coleta de tecidos? O que se


deve considerar no momento da análise deste tipo de amostra?

5 Cite pelo menos 3 aspectos importantes que devemos considerar no momento da


coleta e transporte de amostra para o setor de microbiologia?
Elaboração de um Fluxo de Amostras em um
Laboratório de Bacteriologia Clínica
O diagnóstico microbiológico adequado compreende a execução de várias etapas que devem
ser seguidas para identi cação da bactéria causadora da doença. Observe a seguir (Figura 3) o
conjunto dessas etapas realizadas na rotina laboratorial.

Figura 3 – Etapas realizadas no diagnóstico


microbiológico

Para realizar a detecção de bactérias em amostras biológicas é necessário seguir algumas


etapas. Vale ressaltar que para cada tipo de amostra biológica existem procedimentos e
técnicas especí cas que devem ser realizadas. Ao longo desta disciplina veremos cada uma
delas. 
O uxo de amostras no laboratório pode acontecer basicamente em 7 etapas:

Etapa 1: Coleta e transporte da amostra (ver Tabela 1 desta unidade).

Etapa 2: Análise microscópica da amostra. Nesta etapa, pode estar incluída a análise a fresco
com colorações especí cas, como coloração de Gram e Ziehl-Neelsen, por exemplo.

Etapa 3:  Cultura da amostra (em meios de cultura) a m de isolar o microrganismo.

Etapa 4: Provas bioquímicas de identi cação (provas realizadas de acordo com a morfologia
da bactérias).

Etapa 5: Detecção de anticorpos (sorologia) (de acordo com a espécie de bactéria).

Etapa 6: Testes de ácidos nucleicos (de acordo com a espécie de bactéria).

Etapa 7: Teste de sensibilidade a antimicrobianos.

O diagnóstico microbiológico é demorado. Os resultados levam pelo menos 18h para serem
liberados. Este tempo mínimo é necessário, pois os métodos tradicionais de diagnóstico
dependem do crescimento bacteriano e identi cação, que vai depender do tempo de
crescimento de cada bactéria. Este tempo de crescimento pode variar de 18h até várias
semanas, que é o caso das micobactérias.  Por isso, pode-se ter alternativas de diagnóstico
para agilizar o processo e tratar o paciente mais rapidamente. Veja a seguir as vias de
diagnóstico que podem ser utilizadas na rotina (Figura 4).
Figura 4 – Visão geral do uxo de amostra até o
diagnóstico microbiológico
Fonte: GOERING, 2020

A cultura de espécimes normalmente envolve um mínimo


de 18 horas de incubação antes que as colônias se tornem
visíveis e possam ser identi cadas. Os testes de
susceptibilidade aos antimicrobianos envolvem um período
adicional de incubação.
Tipos e Preparação de Meios de Cultura
Os meios de cultura possuem função essencial no diagnóstico de bactérias e devem ser
compostos de fatores indispensáveis e especí cos para o crescimento microbiano. Portanto,
meio de cultura (Figura 5) é considerado um material nutritivo, preparado em laboratório, que
possui a nalidade de favorecer o crescimento de microrganismos. Neles são encontrados
nutrientes (fatores químicos) necessários para o crescimento de determinada bactéria.
Fatores físicos (tais como temperatura) podem ser controlados de acordo com a bactéria de
interesse.

Figura 5 – Meios de cultura em placas de Petri


Fonte: Reprodução
E quais são os fatores químicos e físicos necessários para o crescimento das bactérias?

Os meios de cultura podem variar em sua composição química e concentração, de acordo com
a sua nalidade (veremos a seguir como os meios de cultura são classi cados). O fatores
químicos mais importantes para o crescimento de bactérias são água, fontes de carbono, de
nitrogênio, de fósforo, de enxofre e sais minerais, além de possuírem fatores de crescimento
para aqueles microrganismos que são mais exigentes.

Já os fatores físicos são temperatura, pH e pressão osmótica. Em conjunto, estes fatores


aumentam a probabilidade de detecção da bactéria nas amostras.

 Importante! 

Cada espécie de bactéria necessita de determinadas


condições físicas e químicas. Existem bactérias que irão
crescer na presença de oxigênio e outras na ausência. Ainda
há bactérias que gostam de maior quantidade de sais
minerais e outras não. A escolha das condições de
crescimento de cada bactéria vai depender do sítio da
amostra coletada e da bactéria de interesse.

Já sabemos que os meios de cultura são materiais que favorecem o crescimento bacteriano e
que possuem ingredientes indispensáveis para esse crescimento. E como podemos classi cá-
los? Existem diferentes tipos?

Os meios de cultura podem ser classi cados, quanto ao seu estado físico em líquidos,
semissólidos ou sólidos (Figura 6). Nos meios líquidos é adicionada água destilada ou
deionizada, nos meios semissólido e sólidos é adicionado um composto solidi cante, o ágar.
A adição do ágar aos meios de cultura dão um aspecto de gelatina. Quanto maior a
concentração de ágar, mais sólido será o meio de cultura. Portanto, nos sólidos, há em torno
de 1 a 2% de ágar e nos meios semissólidos de 0,3% a 0,5%.

Os meios de cultura sólidos e semissólidos são chamados também de


ágar, pois na sua composição está presente este componente, que
fornece a gelatinização do meio. Apenas os meios de cultura líquidos
são chamados de caldo, pois não contêm ágar na sua composição.
Figura 6 – Meios de cultura nas diferentes características
físicas
Fonte: Reprodução
Você Sabia?
Você sabe de onde vem o ágar? O ágar é composto pelo ácido
poligalacturônico, que é um polímero originário das algas marinhas.
Este ágar tem a capacidade de se fundir em torno de 100°C e quando é
resfriado, torna-se sólido na temperatura de 40 a 45°C, com aspecto
de gelatina. 

Os meios de cultura também podem ser classi cados quanto a sua constituição química
(função), que são os meios de cultura simples, os enriquecidos, seletivos e os diferenciais e os
de manutenção.

Os meios de cultura simples são compostos por elementos essenciais para o crescimento de
bactérias que são pouco exigentes, podemos citar como exemplo o caldo simples “LB broth”.

Os meios de cultura enriquecidos podem estar no estado líquido (caldos) ou sólidos. São
chamados assim pois possuem grande quantidade de nutrientes promovendo o crescimento
de microrganismos mais exigentes, e ainda mantendo as bactérias viáveis (vivas) em
determinadas amostras. Neste tipo de meio de cultura crescem variadas espécies de bactérias.
Um exemplo de meio de cultura enriquecido é o ágar sangue e o ágar chocolate
Figura 7
Fonte: Adaptada de Pixnio

Meios de cultura enriquecidos: Ágar-Sangue (esquerda) e


Ágar-Chocolate (direita): favorecem o crescimento de
diferentes espécies de bactérias (gram positivas e gram
negativas).

Os meios de cultura seletivos favorecem o crescimento de determinadas bactérias, e inibem o


crescimento de outras. Estes meios são assim chamados pois contém inibidores, que podem
ser antibióticos, por exemplo, que impedem o crescimento de certas bactérias sem inibir o
crescimento da bactéria alvo. Um meio seletivo amplamente utilizado na rotina laboratorial é o
Ágar MacConkey, em que crescem apenas bactérias gram negativas, pois contém inibidores de
crescimento de bactérias gram-positivas. 

 Já os meios de cultura diferenciais são utilizados para diferenciar espécies de bactérias em um
mesmo cultivo. Estes meios de cultura são compostos por determinados corantes ou produtos
químicos que sofrerão ou produzirão alterações, ou ainda permitirão padrões de crescimento
que serão utilizados para a identi cação ou diferenciação das bactérias. Podemos citar como
exemplo o ágar MacConkey (diferencia bactérias lactose- negativa das lactose- positivas),
Ágar Salmonella-Shigella (Ágar SS), que pigmenta as colônias das bactérias Salmonella sp. em
preto (Figura 8).

Por m, os meios de cultura de manutenção são utilizados com a nalidade de manter as


bactérias viáveis (vivas) de uma cultura bacteriana. O Ágar ou caldo nutriente é um exemplo.

Figura 8 – Meios de cultura diferenciais


Fonte: Reprodução

(A) Ágar MacConkey: diferenciação da fermentação a


lactose positivo (rosa) e lactose negativo (amarelo). (B)
Ágar Salmonella-Shigella, colônias pretas indicam a
presença de Salmonella.
 Importante!

Existem meios de cultura que podem ter diferentes funções,


ou seja, ser enriquecido e também diferencial. Ou ainda ser
um meio seletivo e diferencial ao mesmo tempo. Estes tipos
de meios têm um papel importante para o andamento da
rotina laboratorial, já que podem aumentar a agilidade de
diagnóstico.

No dia a dia do laboratório, podemos trabalhar com diversos tipos de meios de cultura que são
fundamentais para realização do diagnóstico. A seguir (Tabela 2), podemos ver alguns
exemplos de meios de cultura amplamente utilizados na rotina e sua utilização.

Tabela 2 – Principais Meios de cultura e suas classi cações

Meio de cultura Utilidade

Conservação e manutenção de culturas em


Ágar nutriente  temperatura ambiente. Usado também para observar
esporulação de bacilos gram positivos.

Cresce a maioria das bactérias de importância clínica.


Ágar Sangue Diferencia as bactérias quanto à produção de
hemólise.

Favorece o crescimento de bactérias fastidiosas


Ágar Chocolate
(exigentes).

Ágar Salmonella- Seleciona e isola espécies de Salmonella e Shigella,


Shigella (SS) em amostras de fezes, alimentos e água.
Ágar MacConkey Isola bactérias gram negativas, pois possui o cristal
violeta que inibe o crescimento de bactérias gram
positivas.

Isolamento e quanti cação de microrganismos


Ágar CLED
presentes em amostras de urina.

Favorece o crescimento das principais espécies


Ágar Mueller-Hinton bacterianas. Utilizado no teste de avaliação da
resistência a antimicrobianos.

Saiba Mais
Os meios de cultura podem ser adquiridos comercialmente, podem
estar prontos para o uso, ou podem ser preparados no laboratório,
conforme a demanda. Saiba mais detalhes sobre os meios de cultura e
como são preparados no vídeo a seguir: 

[BIO] Exigências nutricionais - Microbiologia


Exercício

1 Quais são as etapas que compreendem o diagnóstico de amostras para pesquisa de


bactérias?

2 Por que o diagnóstico microbiológico não é rápido? Quais são os fatores


envolvidos?

3 Quais são os fatores químicos e físicos que devem ser considerados para o
crescimento microbiano in vitro?

4 Como os meios de cultura podem ser classi cados? Qual a nalidade de cada um?

5 Em que situações são utilizados os meios de cultura sólidos, semissólidos e


caldos?

Técnicas de Semeadura
Existem variadas técnicas para semear as amostras para pesquisa microbiológica. A escolha
da técnica para o cultivo de bactérias varia de acordo com o tipo de meio de cultura e a
nalidade do cultivo. Veremos a seguir os métodos de semeadura que são mais utilizados na
rotina.
Técnica de Semeadura Semiquantitativa 
A técnica de semeadura quantitativa, ou semiquantitativa, é utilizada para amostras colhidas
com swab, diluídas em solução siológica ou amostras de urina. A realização desta técnica
ocorre da seguinte maneira: após pincelar a alça calibrada no material, faça uma estria vertical
no centro do meio de cultura, de um lado ao outro; Com a mesma alça, estrie o material
carregando-o até o nal, conforme a Figura 9.

Figura 9 – Placas de cultura demonstrando os padrões de


linhas paralelas dos espécimes, com os quais é necessário
realizar contagens semiquantitativas de bactérias
Fonte: Reprodução

(A) Desenho esquemático da técnica. (B) Placa de ágar


sangue com crescimento bacteriano pela técnica de
semeadura semiquantitativa.
A análise semiquantitativa é utilizada para veri car a possibilidade de contaminação bacteriana
em cateteres intravasculares, o que pode causar bacteremia. Existe uma relação estatística
entre as bactérias isoladas e a bacteremia associada aos cateteres quando estão presentes
mais de 15 colônias da bactéria. A partir disso, o cateter é removido e realizada nova cultura.

Além disso, a análise semiquantitativa é utilizada para amostras de urina, na qual são
utilizadas alças de platina ou descartáveis calibradas (0,01 ou 0,001mL) para estimar a
quantidade de UFC (unidade formadora de colônia) por mL de amostra. 

Você Sabia?
Na microbiologia, UFC signi ca “Unidade Formadora de Colônia”.  Na
maioria dos casos, é interessante quanti car o número de células
(bactérias) viáveis. A maneira mais utilizada é a contagem de células
viáveis que são capazes de formar uma colônia (vista a olho nu).
Então, considera-se que cada colônia é originada a partir de uma
única célula viável. Contudo, nem sempre isso ocorre, duas ou mais
células podem formar agregados e dar origem a uma única colônia.
Por isso, os resultados normalmente são expressos na unidade de
medida UFC (FIGURA 11).

Técnica de Esgotamento
A técnica de esgotamento tem a nalidade de obter colônias isoladas, permitindo distinguir os
diferentes microrganismos em um material ou cultura polimicrobiana (com mais de um
microrganismos) através da sua morfologia colonial. Portanto, esta técnica tem o objetivo de
isolar as espécies de bactérias de uma amostra (Figuras 10 e 11).

Figura 10 – Padrão de linhas alternantes para inoculação


de espécimes em placas de cultura para obter colônias
bacterianas isoladas
Fonte: PROCOP, 2018
Figura 11 – Meio de cultura com crescimento bacteriano
Fonte: Adaptada de Getty Images

Técnica de esgotamento evidenciando as colônias (setas),


também chamadas unidades formadoras de colônias (UFC).

Técnica de Semeadura em Estrias


Esta técnica é utilizada quando os meios de cultura estão em tubos. Tem a nalidade de
obtenção do crescimento microbiano nos meios de cultura para estocar bactérias, veri car o
metabolismo (provas bioquímicas), ou ainda analisar a capacidade de crescimento em
determinado meio de cultura.
Para realizar este procedimento é necessário um meio de cultura inclinado em tubo. Em um
ambiente asséptico, semear a amostra com a alça ou agulha de níquel cromo realizando
estrias na superfície (ápice) do meio de cultura, conforme a Figura 12.

Figura 12 – Técnica de semeadura em estrias, ágar


inclinado em tubo
Fonte: Reprodução

Técnica de Semeadura em Picada


Esta técnica tem como objetivo avaliar se uma bactéria é móvel ou não, sendo geralmente
utilizada em meios de cultura Semissólidos.

Para realizar esta técnica é necessário a utilização da agulha de níquel cromo, realizando uma
picada no centro do meio de cultura e penetrando até a metade da sua altura. Após incubação,
veri ca-se a motilidade da bactéria. Se é móvel, o meio de cultura ca todo turvo. Se não é
móvel, a turvação só aparecerá no local da picada (Figura 13).
Figura 13 – Técnica de semeadura em picada. Prova de
motilidade
Fontes: Reprodução

Explore
Ficou curioso(a) sobre como são realizadas estas técnicas na prática?
Então assista ao vídeo a seguir e observe como é a execução das
diferentes técnicas de semeadura utilizadas na microbiologia. 

[BIO] Técnicas de manipulação


Controle de Qualidade em Bacteriologia Clínica
Todos os setores do laboratório devem ter implementados a gestão e o controle da qualidade,
e não é diferente no setor de microbiologia. É necessário haver um protocolo de inspeção a
m de avaliar a qualidade de todos os procedimentos e rotina do laboratório nas fases pré-
analítica, analítica e pós-analítica. A implantação do controle de qualidade é importante para
gerar con ança nos resultados obtidos e padronizar os processos.

O protocolo de qualidade para laboratórios de análises clínicas estão dispostos na RDC 302 de
Outubro de 2005 e a sua implantação tem como objetivo a acurácia, con abilidade e
reprodutibilidade dos testes realizados. O programa de qualidade tem como papel monitorar
continuamente todos os fatores envolvidos no processo de diagnóstico e assim conseguir
identi car, constantemente, os processos que devem ter melhorias.

No laboratório, devem ser implementados os controles de qualidade externo (CQE) e interno


(CQI). O CQE, que também pode ser chamado de teste de pro ciência, compreende a análise
de amostras que são enviadas por instituições com as quais o laboratório está conveniado.
Estas amostras são analisadas na rotina normalmente e os resultados encontrados devem ser
encaminhados para as instituições, que comparam os resultados obtidos com os esperados.
Os resultados devem estar dentro da faixa de erro para que o laboratório “passe” no teste de
pro ciência.

Já o CQI compreende o monitoramento constante dos processos através de indicadores de


qualidade. O CQI avalia diariamente todos os procedimentos executados através de
procedimentos padrão conduzidos em associação com o exame de amostras de pacientes.
Tem como objetivo avaliar se o sistema analítico está operando dentro dos limites de
tolerância pré-de nidos. Para esta realização, são utilizadas cepas de bactérias padronizadas
(ATCC) (em que se sabe qual é a bactéria) que são submetidas aos mesmos testes realizados
na rotina de amostras dos pacientes. Assim se consegue veri car se os testes, técnicas, meios
de cultura, provas bioquímicas estão “funcionando” adequadamente, porque já se sabe o
resultado que deveria ser.

Explore
A implantação do Controle de qualidade no laboratório de
microbiologia é obrigatória e, portanto, devemos conhecer quais são
as exigências e como deve ser colocado em prática. Para saber mais
acesse o Manual elaborado pela ANVISA no link: 
Exercício

1 Para quais tipos de amostra é utilizada a técnica de semeadura semiquantitativa? E


por que ela é chamada assim?

2 Qual o objetivo da realização da técnica de esgotamento?

3 Os meios de cultura podem estar dispostos em tubos. Quais são as técnicas de


semeadura que podem ser utilizadas nestes casos?

4 Qual a diferença do controle de qualidade interno e externo no laboratório de


microbiologia?

5 Por que o controle de qualidade é importante para o laboratório de microbiologia?


Qual a resolução que regulamenta esta implantação?

Prova de Sensibilidade às Drogas Antimicrobianas 


O teste de sensibilidade aos antibióticos (TSA) é uma medida in vitro para avaliar a
probabilidade de que um agente antimicrobiano especí co trate uma infecção causada por um
determinado organismo, ou seja, veri car a capacidade de antimicrobianos de inibir o
crescimento de determinadas bactérias através de ensaios em laboratório.

O TSA pode determinar se uma bactéria é sensível ou resistente aos diferentes antibióticos
auxiliando na escolha destes para o tratamento na prática clínica. Além disso, o TSA pode
detectar a quantidade mínima necessária de antibiótico para inviabilizar aquela bactéria,
evitando que se use doses maiores do que necessário.
A maioria dos métodos de teste de sensibilidade aos antimicrobianos é realizada com culturas
de bactérias vivas puras (extraídas da amostra do paciente), usando uma variedade de
métodos padrão. Existem diferentes métodos para determinar a sensibilidade das bactérias na
presença de antibióticos. Alguns métodos são qualitativos, ou seja, determinam se as bactérias
são sensíveis, resistentes ou intermediárias aos antibióticos, outros métodos são
quantitativos, pois determinam a quantidade necessária de antibiótico para matar aquela cepa.

Vale ressaltar que os testes realizados e suas interpretações são estabelecidos por diretrizes.
As diretrizes mais comumente usadas são produzidas pelo Comitê European Committee on
Antimicrobial Susceptibility Testing (EUCAST) e pelo Clinical and Laboratory Standards Institute
(CLSI). Essas diretrizes são comparáveis e é essencial que cada laboratório de diagnóstico
escolha uma diretriz aprovada para a interpretação dos resultados de seus testes de
sensibilidade aos antimicrobianos. Cada vez mais, métodos moleculares com tempos de
resposta rápidos estão sendo usados para detectar mecanismos de resistência antimicrobiana
especí cos.

Saiba Mais
No Brasil, temos o BrCAST (Brazilian Committe on Antimicrobial
Susceptibility Testing), que tem como objetivos determinar e rever
constantemente os testes de sensibilidade realizados nos laboratórios,
a m de padronizar estes testes, desenvolver controle de qualidade e
buscar um consenso internacional e/ou harmonização com o European
Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (EUCAST) e o Clinical
and Laboratory Standards Institute (CLSI). Acesse o site do BrCast e veja
quais são os padrões estabelecidos para realização dos testes de
sensibilidade.
BR Cast
02/07/2021 Prezados colegas da área de saúde, Conforme estabelecido pelo
Termo de Cooperação Técnico Cientí co do BrCAST, a cada dois anos, o Comitê
Gestor do BrCAST deve ser substituído por novos membros em 50% de sua
totalidade.
LEIA MAIS BRCAST 

Seleção dos antibióticos


Cabe aos laboratórios selecionar os antibióticos mais adequados para realizar os testes de
sensibilidade. Porém, deve-se levar em consideração que o agente antimicrobiano deve ter
e cácia clínica, veri cação de sua prevalência de resistência, o custo, as indicações do Food
Drug Administration (FDA) e as recomendações sobre a droga de primeira escolha e
alternativas.

 A quantidade de antibióticos a serem testados deve ser limitada, existem drogas que têm
prioridade nos testes e outras alternativas. No entanto, os laboratórios devem testar pelo
menos um agente microbiano de cada classe de antibiótico e, além disso, deve-se testar os
antibióticos que estão nos formulários padronizados nos hospitais.
Explore
Existem variadas classes de antibióticos e cada uma delas possuem
determinados mecanismos de ação. No artigo “Antibióticos:
importância terapêutica e perspectivas para a descoberta e
desenvolvimento de novos agentes”, você vai veri car que existem
antibióticos de origem natural e semissintéticos que compreendem os
β-lactâmicos, tetraciclinas, aminoglicosídeos, macrolídeos, peptídicos
cíclicos; estreptograminas, entre outros (lincosamidas, cloranfenicol,
rifamicinas etc.) e os antibióticos de origem sintética, que são as
sufonamidas, uoroquinolonas e oxazolidinonas. Leia o artigo e veja o
mecanismo de ação de cada um:

Antibióticos: importância terapêutica e


perspectivas para a descoberta e
desenvolvimento de novos agentes
microbial natural products; drug discovery; antibiotics REVISÃO Antibióticos:
importância terapêutica e perspectivas para a descoberta e desenvolvimento
de novos agentes Antibiotics: therapeutic importance and perspectives for the
discovery and development of new agents Denise Oliveira Guimarães; Luciano
da Silva Momesso; Mônica Tallarico Pupo Departamento de Ciências
Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Av.
LEIA MAIS SCIELO 

Antibiograma: método de difusão de disco


O antibiograma é também conhecido como teste de disco de difusão, ou ainda Método de
Kirby-Bauer. Este método foi criado em 1966 por Bauer e colaboradores e foi padronizado em
1971 e 1975 pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS).

É o método qualitativo mais utilizado nos laboratórios de microbiologia por ser simples,
con ável, ter baixo custo, maior reprodutibilidade, e ainda poder ser aplicado para quase todas
as bactérias. No entanto, este método não é quantitativo (não determina a dose do
antibiótico), deve ser utilizado para bactérias de crescimento rápido e se deve ter cuidado com
a interpretação dos resultados, que é manual.

Como é realizado este método? 

Resumidamente, este método compreende o preparo de uma suspensão bacteriana de cultivo


recente. Esta suspensão é inoculada (depositada) em uma placa de ágar Muller-Hinton e são
adicionados discos de papel contendo os antibióticos a serem testados. Esta placa é incubada
em estufa e, em seguida, são analisados os padrões de crescimento ao redor de cada disco
(halos). Estes resultados são comparados com tabelas padronizadas.

Vejamos a seguir o passo a passo de como é realizado o método de disco de difusão. É


importante destacar que todo o procedimento deve ser realizado em um ambiente asséptico
(cabine de uxo laminar ou em volta do bico de Bunsen).

1 Material necessário: Placas de ágar Mueller-Hinton, antibióticos impregnados em


discos de papel- ltro, estufa a 37°C, cultura de bactérias em caldo simples, bico de
Bunsen, pinças estéreis, réguas e swabs estéreis.
2 Com uma alça bacteriológica, tocar na colônia a ser testada. Suspendê-la em
salina estéril (NaCl 0,85%) até se obter uma turvação compatível com a Escala 0,5
de Mac Farland (1x108 UFC/mL) (esta escala é padrão e se compara à turvação do
tubo).

A Escala de McFarland é um padrão de turvação que se utiliza para


determinar a intensidade de multiplicação bacteriana em meios de
cultura líquidos. É composta por 11 concentrações diferentes (0,5 a
10). O grau de turvação mostra a concentração de bactérias (quanto
mais bactérias, maior a concentração e maior a turvação). Para
realizar o antibiograma, é necessário utilizar a diluição de 0,5.

3 Umedecer o swab no tubo contendo a suspensão bacteriana e semear na placa


contendo o meio de cultura, de forma suave, em pelo menos cinco direções,
abrangendo toda a superfície (Figura 14).
Figura 14
Fonte: VERMELHO, 2019

(A) Impregnação do swab de algodão com o meio de cultura


líquido crescido com o microrganismo isolado. (B)
Semeadura no ágar Mueller-Hinton. A semeadura é feita
passando-se levemente o swab umedecido sobre toda a
superfície do meio de cultura.

4 Aguardar aproximadamente 5 a 10 minutos para a superfície do ágar secar.

5 Com uma pinça estéril, colocar os discos sobre a superfície de meio de cultura,
colocando uma leve pressão com a ponta da pinça para aderência (Figura 15).
Figura 15 – Deposição dos discos de antibióticos
Fonte: VERMELHO, 2019

Após a seleção dos antibióticos a serem testados no


antibiograma, estes são depositados na superfície do meio
de cultura, de forma espaçada, com auxílio de uma pinça
estéril.

6 Incubar a placa com os discos em estufa bacteriológica a 36°C por 18 a 24 horas


(Figura 16).

Figura 16 – Estufa bacteriológica, para incubação das


placas e tubos com meio de cultura para crescimento
microbiano
Fonte: Wikimedia Commons

7 Observar e medir os halos formados ao redor dos discos de papel (Figura 17).
Figura 17 – Visualização da placa do teste de antibiograma
Fonte: VERMELHO, 2019

Após o período de incubação, os halos de inibição (região


clara ao redor dos discos) devem ter seus diâmetros
medidos em milímetros com auxílio de uma régua comum
ou de um paquímetro.
Cada disco de difusão tem impregnada uma quantidade especí ca de
antibiótico e neles estão grifadas as siglas dos antibióticos para
identi cação durante a leitura.

Os resultados obtidos são lidos com o auxílio de uma régua ou paquímetro para medir o
diâmetro dos halos de inibição de cada disco. Estas medidas são comparadas com tabelas
padrão que determinam se aquela bactéria é sensível, intermediária ou resistente ao
antibiótico testado. 

Sensível (S): A infecção pode ser tratada com a dosagem recomendada do


antimicrobiano. Você visualiza um halo transparente ao redor do disco de antibiótico
indicando que ele mata as bactérias e pode ser utilizado no tratamento.

 Resistente (R): Indica que as concentrações sistêmicas usuais do antimicrobiano não


inibem o microrganismo, gerando ine cácia clínica. Você não visualiza halos
transparentes ao redor do disco de antibiótico, indicando que mesmo na presença de
antibióticos, as bactérias conseguem crescer normalmente, ou seja, são resistentes.

 Intermediário (I): Microrganismos com CIMs do antimicrobiano que alcançam níveis


sistêmicos e teciduais, mas a resposta é baixa.

Para análise do tamanho do halo formado, deve ser consultada a tabela padrão, pois para cada
antibiótico é esperado um tamanho especí co de halo para concluir se a bactéria é sensível,
intermediária ou resistente àquele antibiótico. 
Saiba Mais
Você sabe o que signi ca uma bactéria ser sensível, intermediária ou
resistente a um antibiótico? Abaixo você verá as novas de nições
dispostas pelo EUCAST. Acesse o link a seguir e clique no item “3 -
Rede nição Das Categorias Dos Testes De Sensibil S, I E R”

BR Cast
LEIA MAIS BRCAST 

Concentração Inibitória Mínima (CIM)


Os métodos quantitativos de análise de sensibilidade a antimicrobianos têm como objetivo
determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM). A CIM é equivalente à menor
concentração capaz de inibir o crescimento bacteriano. Esta determinação é importante para
indicar ao clínico qual a dose mínima daquele antibiótico capaz de eliminar aquela bactéria,
sendo indispensável para evitar que se use doses maiores do que o necessário.

Cada bactéria terá a sua CIM para determinado antibiótico. E esta será determinada para cada
tipo de amostra. 
Método da diluição em tubo
Este método também pode ser chamado de macrodiluição em tubos. Foi uma das primeiras
técnicas a serem adotadas para avaliar a sensibilidade aos antimicrobianos. Para que esta
técnica seja realizada, utiliza-se meio de cultura líquido que permitirá o crescimento
bacteriano e diluições seriadas e logarítmicas de agentes antimicrobianos.
Vejamos os passos de como é realizado este método:

1 Primeiramente, as diluições de meio de cultura com os antimicrobianos são


realizadas. Geralmente são 8 ou mais diluições (ex. 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128
µg/mL), totalizando de 1 a 2 mL por tubo.

2 Em cada tubo é inoculada uma suspensão de bactérias padronizada em uma


concentração de 5 x 105 UFC/mL.

3 O inóculo é incubado de 16 a 20 horas, em uma temperatura 35±2°C. O tempo de


incubação depende da bactéria e do agente antimicrobiano testado. Após este
período, os tubos são observados a olho nu. 

4 O crescimento bacteriano é evidenciado quando o tubo estiver turvo, ou seja,


aquela concentração de antibiótico não evitou o crescimento bacteriano.

5 Quando se observa um tubo límpido, é indicativo de que não houve crescimento


bacteriano. O primeiro tubo da diluição seriada com ausência de crescimento
representa a concentração inibitória mínima (CIM), ou seja, a menor
concentração de antimicrobiano capaz de inibir o crescimento bacteriano. Os
resultados são expressos em µ/mL.

Observe abaixo como podemos veri car o crescimento microbiano nos tubos. Quanto maior a
concentração de antimicrobiano, menor a turvação e menor quantidade de colônias que
crescem no ágar, ou ausência de crescimento (Figura 18).
Figura 18 – Representação esquemática do teste de
macrodiluição em tubo, após a inoculação e incubação
Fonte: anvisa.gov.br

Observe que no tubo com a concentração de 16 µg/mL é o


primeiro tubo onde não há turvação, sendo assim, esta é a
concentração inibitória mínima (CIM).

Quanto ao uso desta técnica, é importante ressaltarmos que há vantagens e desvantagens.


Como vantagens podemos destacar:

É um método quantitativo determinando a concentração mínima inibitória;

Podemos avaliar um número considerável de bactérias através deste método.

No entanto, entre as desvantagens podemos citar que:

Esta técnica utiliza uma quantidade grande de reagentes;

Ocupa muito espaço no laboratório;


Por ser um método manual, demanda bastante tempo de execução, além de
possuir maior risco de ocorrerem erros.

Método das micro diluições


Este método é muito semelhante à diluição em tubo. Entretanto, utiliza quantidades menores
de reagentes, uma vez que se realizam as diluições em placas de ELISA estéreis de 96 poços
(Figura 19) com o fundo em formato de “U”, o que permite melhor visualização do resultado.
É amplamente utilizada na rotina laboratorial, pois ocupa pouco espaço, tem maior
reprodutibilidade, gera resultados quantitativos e podem ser utilizados kits comerciais
padronizados. Como desvantagem podemos citar o custo mais alto e a in exibilidade na
escolha dos antimicrobianos a serem testados, pois a placa já vem pronta.

Figura 19 – Placa de Elisa 96 poços, utilizada para


realização da microdiluição
Fonte: Wikimedia Commons
No método de microdiluição também são realizadas diluições logarítmicas que podem ser de 4
a 8 diluições. A concentração nal bacteriana em cada poço deve car aproximadamente em 5

x 104 a 105 UFC/mL. As placas, após inoculação, são incubadas a 35±2°C num período de 16 a
20 horas (vai depender da espécie bacteriana e do antimicrobiano testados). Após o período de
incubação, é realizada a leitura visual (olho nu) e veri cada a turvação de cada poço. A
concentração mínima inibitória (CIM) será o primeiro poço que não apresenta turvação,
observe a Figura 20.

Figura 20 – Placa de 96 poços, técnica de microdiluição


Fonte: anvisa.gov.br

Os valores anotados à esquerda, representam as


concentrações de antibióticos em cada linha. Observe na
coluna 2, o poço 2C é o primeiro poço da coluna que não
apresenta turvação (ponto branco no centro do poço),
portanto, para esta amostra a concentração mínima
inibitória é de 32µg/mL.
 Importante!

Nem todas as bactérias têm o mesmo tempo de crescimento


e nem todos os testes seguem o mesmo padrão. Por
exemplo, as bactérias Haemophilus spp. e Streptococcus spp.
crescem entre 20 e 24 horas. Outra variante é que quando
forem testados os antibióticos oxacilina e vancomicina para
Staphylococcus spp. e Enterococcus spp., a incubação deve ser
realizada por um período de 24 horas.

Método da diluição em placa


Este método também pode ser chamado de ágar-diluição e, diferentemente dos vistos até
aqui, utilizam-se placas de ágar sólido, e não meio líquido de cultura, para crescimento das
bactérias. 

Este método ocorre da seguinte forma: existem diferentes placas de ágar, sendo que cada
placa contém uma concentração de antimicrobiano. Geralmente testam-se de 6 a 12
concentrações diferentes dentro de uma escala de diluições logarítmicas. Cada placa possui
uma diluição especí ca, logo, o número de placas é igual ao número de concentrações
testadas. Cada placa pode ser utilizada para testar até 32 bactérias diferentes (mesmo
antibiótico e mesma concentração). 

Como ocorre a inoculação da bactéria em cada placa? 

As amostras são inoculadas utilizando-se um multi-inoculador, que dispensa de 1 a 3 µL de

suspensão bacteriana em uma concentração de 1 x 104 UFC/mL. Este inoculador possui de 32


a 96 pinos, permitindo que este número de amostras seja inoculado simultaneamente sobre o
ágar contido na placa de Petri. As placas são incubadas por 18 a 24 horas, a 35°C. 
Após incubação, determina-se a concentração mínima inibitória (CIM), que é de nida como a
concentração em que não há crescimento bacteriano. Esse achado é observado a olho nu
(Figura 21).

Figura 21 – Determinação da concentração inibitória


mínima pelo método de ágar-diluição
Fonte: Reprodução

Observe que há 3 placas, portanto, 3 diluições diferentes


(cada placa com uma diluição), cada ponto esbranquiçado
equivale a uma cepa de bactéria diferente testada para o
mesmo antibiótico e mesma concentração em cada placa.
Observe que a CIM é diferente para cada bactéria testada.
Exercício

1 Como é realizado o antibiograma?

2 O que é a MacFarland? Em qual teste utilizamos?

3 Qual a diferença dos testes de sensibilidade aos antibióticos? Em que situações se


deve utilizar cada um?

4 O que é Concentração Inibitória Mínima? Como podemos determiná-la?

Diagnóstico de Infecções do Trato Urinário e


Urocultura
O diagnóstico de infecções do trato urinário se dá pela presença da bacteriúria signi cativa
(bactéria na urina). As infecções do trato urinário podem acometer rins, pelves renais e
ureteres (vias urinárias superiores), bexiga e uretra (vias urinárias inferiores. Podem ser do
tipo simples ou complicadas.

Entre as infecções simples estão a cistite ou pielonefrites agudas em mulheres jovens sem
lesões das vias urinárias ou doença sistêmica coexistente. Já entre as infecções complicadas,
estão a cistite ou pielonefrite em homens e crianças, em pacientes com cateteres de longa
permanência ou em mulheres com infecções repetidas, anomalias urológicas ou doenças
coexistentes. Para todos esses casos, o exame de urina e a urocultura são su cientes para o
diagnóstico.   

O exame de urina é um dos mais solicitados no laboratório. Primeiramente, é realizado o EQU


(Exame Qualitativo de Urina), no qual se avalia aspectos físicos da urina (pH e cor) e aspectos
químicos (proteínas, corpos cetônicos, hemácias, entre outros).  Após a realização do EQU é
realizada a urocultura, quando se tem suspeita de infecção no trato urinário, como cistite.

Urocultura, ou cultura de urina, tem a nalidade de pesquisar bactérias na urina. Em seguida,


realiza-se o teste de sensibilidade a antimicrobianos (TSA), a m de avaliar qual antibiótico é
mais adequado para o tratamento. 

O paciente que está fazendo uso de antibióticos não deve realizar o


exame de urocultura (exceto em algumas situações avaliadas pelo
médico), pois pode obter resultados inconclusivos ou falso negativos.

Coleta
O sucesso de um bom exame de urocultura está relacionado à coleta adequada do material.
Para isso, é necessário orientar o paciente corretamente. Em condições normais, a urina deve
ser estéril. Porém, ela pode ser facilmente contaminada no momento da coleta com a
microbiota da região genital (períneo, vagina, próstata ou uretra).

A amostra de urina deve ser colhida em frasco estéril de boca larga com tampa de rosca. O
paciente deve reter a urina por pelo menos 2 a 3 horas antes da coleta ou coletar a primeira
urina da manhã. A amostra geralmente utilizada para realização do exame é a de jato médio.
Mas pode ser utilizada amostra de urina de qualquer jato, urina de paciente com cateterismo
vesical, urina coletada por sonda de alívio, urina coletada por punção suprapúbica, amostra de
urina de primeiro jato, ambas amostras coletadas de jato médio.
 Procedimentos de coleta da amostra de urina de jato médio para urocultura:

Deve ser realizada a higiene prévia da região genital com água e sabão ou
clorexidina aquosa a 0,2%; 

Desprezar o primeiro jato de urina, e colher o jato médio em frasco apropriado


desprezando o restante da micção no vaso sanitário; 

O volume adequado para o exame depende da metodologia utilizada, mas


geralmente 2 mL é su ciente. A urina deve ser transportada em temperatura
ambiente e deve ser processada em até 2 horas. Após esse tempo, deve ser
refrigerada e processada em até 24 horas.

 Importante!

O paciente não deve ingerir líquido em excesso, pois pode


reduzir a contagem de colônias ou fornecer um resultado
falso-negativo.

Análise microbiológica
A análise microbiológica da amostra compreende a análise de Gram e cultura da amostra, que
pode ser por semeadura quantitativa em placa ou por laminocultivo.

Microscopia pelo método de Gram

Homogeneizar bem a amostra de urina (sem centrifugar);


Retirar 10µL da urina e colocar em formato de gota em uma lâmina. Deixar secar
ao ar;

Fixar no calor brando antes de corar;

Realizar a coloração de Gram;

Reportar o número de microrganismos observados e suas características


morfológicas e tintoriais por campo de imersão. A quantidade de microrganismos
encontrados pode ser reportada como raros, alguns ou numerosos.

Obs.: A presença de um ou mais microrganismos por campo é relacionada geralmente com

≥105 UFC/mL. Além disso, se forem encontradas células epiteliais e/ou mais de um tipo de
microrganismos no Gram, sugere-se contaminação da amostra no momento da coleta.

Cultura, contagem e leitura da urocultura


Para semear a urina em meio de cultivo pode ser utilizada a metodologia quantitativa,
utilizando alça calibrada de platina ou plástico. A alça de platina requer calibração. As de
plástico podem ser de 10µL ou de 1µL e são descartáveis e estéreis.

Quanto ao meio de cultura para semeadura, pode-se utilizar o ágar CLED e o ágar MacConkey,
mas há também meios com substratos cromogênicos como CHROMagar, CPS ID2 e CPS ID3,
que permitem uma identi cação de nitiva ou presuntiva dos principais gêneros de bactérias
isoladas em uroculturas.

As principais bactérias encontradas em urocultura são Escherichia coli,


grupo Klebsiella pneumoniae, Enterobacter spp., Citrobacter spp.
Enterococcus spp. e Streptococcus agalactiae.

Como é realizada a técnica? 

A técnica de semeadura quantitativa em placa é a mais utilizada nos laboratórios e é realizada


da seguinte maneira:

Homogeneizar a urina sem centrifugar;

Imergir a alça calibrada de 10µL ou de 1µL na urina de forma vertical duas a três
vezes. Retirar a alça veri cando se essa contém a amostra;

Semear em placa de ágar MacConkey, CLED ou meio cromogênico pela técnica


quantitativa (Figura 22);

Incubar em estufa de 35±2 °C por 18 a 24h;

Interpretar o crescimento das colônias de acordo com a quantidade de urina


semeada nas placas. Amostras com contagem a partir de 105 UFC/mL são
consideradas positivas. Veja a tabela abaixo:

Tabela 3 – Interpretação de crescimento

Alça calibrada Diluição Colônias Contagem

1µL 1:1000 50 50.000 UFC/mL


10µL 1:100 50 5.000 UFC/mL

Obs. 1: Se após o período de incubação o resultado for negativo e no Gram foi observado
presença de microrganismos ou número elevado de leucócitos, incubar por mais 18 a 24h.
Sempre correlacionar com a leitura do Gram.

Obs. 2: Se forem observados cocos gram-positivos no Gram, recomenda-se semear a amostra


em ágar sangue para favorecer o isolamento de Streptococcus agalactiae e observar a presença
de hemólise, quando presente.

Obs. 3: Se a amostra for urina de punção suprapúbica, ou de paciente com suspeita de


síndrome uretral aguda, devese semear a urina em ágar sangue. Considerar qualquer
crescimento microbiano e realizar a identi cação e o antibiograma. Se não houver
crescimento, incubar por mais 48h antes de liberar o resultado.
Figura 22 – Meio de cultura com semeadura pela técnica
quantitativa
Fonte: Reprodução

Outra maneira de realizar a urocultura é pelo laminocultivo (Figura 23), que consiste em uma
embalagem plástica, cilíndrica, transparente e com a tampa conectada a um suporte plástico
com duas faces. A face larga contém meios de cultura como o ágar CLED, e a outra face,
dividida em dois, contém o meio de citrato e um meio seletivo para bacilos gram negativos,
permitindo a realização do teste de indol.

Figura 23 – Sistema de laminocultivo para análise


microbiológica de urina
Fonte: Reprodução

O método de laminocultivo é realizado da seguinte maneira: 

Homogeneizar bem a amostra de urina não centrifugada;

Colocar aproximadamente 1mL sobre os dois lados do laminocultivo. Com


movimentos delicados, fazer com que esse volume entre em contato com toda a
superfície. Pode ainda mergulhar a lâmina dentro do frasco de urina;
Incubar em estufa a 35±2 °C por 18 a 24h. Se caso negativo, ver a Obs.1, citada
anteriormente.

 Importante!

A interpretação das culturas nunca é isolada. Deve-se levar


em consideração não só a contagem de microrganismos,
mas também a presença ou ausência de leucócitos, idade do
paciente e, se possível, a sintomatologia clínica e histórico
do paciente (exames anteriores). Exames de urocultura com
contagem igual ou superior a 105 UFC/mL são considerados
positivos (bacteriúria signi cativa) (Figura 24).

Figura 24 –  Bacteriúria signi cativa


Amostras de urina de jato médio podem ter até 103 UFC/mL
e não representa infecção urinária. Contagens acima de 105
UFC/mL é considerada con ável e positiva de infecção.

Explore
Para saber mais sobre os Antibióticos (visão geral) e O que é
resistência a antibióticos, acesse:

Antibióticos: Visão geral (artigo) | Khan


Academy
If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external
resources on our website.
LEIA MAIS KHAN ACADEMY 
Microbiota
Chamamos de microbiota o conjunto de microrganismos que vivem permanentemente ou
transitoriamente em determinado sítio do hospedeiro, e que não causam infecção ou nenhum
outro dano em situações normais. 

No organismo humano, a microbiota se encontra geralmente nas partes do corpo que estão
em contato com o meio externo como a pele, mucosas e trato gastrointestinal. Cada região
possui uma colonização própria de microrganismos.

A microbiota pode ser dividida em transitória ou residente. A microbiota transitória


compreende os microrganismos que permanecem por pouco tempo no organismo e que não
estabelecem colonização signi cativa. Já a microbiota residente é quando os microrganismos
instalam residência e permanecem por tempo indeterminado em situações normais.

A presença da microbiota é muito importante, pois age como proteção ao hospedeiro


impedindo a colonização por microrganismos patogênicos, através da competição por
nutrientes, sítios de adesão, produção de substâncias nocivas aos patógenos e alterações das
condições ambientais, como alteração de pH no local e disponibilidade de oxigênio. 

Quando há alteração da microbiota, pode ocorrer a instalação de microrganismos patogênicos


que causam doenças. Além disso, deve-se destacar que a própria microbiota do hospedeiro
pode causar infecções quando, em situações anormais, atinge outros sítios que não os de
residência.
A microbiota normal anteriormente era conhecida por ora normal.
Esta denominação entrou em desuso, pois ora se refere às plantas, e
as bactérias pertencem ao reino Protista e não estão classi cadas no
reino Plantae. 

Veja abaixo os sítios em que existe colonização natural de microrganismos (microbiota


normal) (Tabela 4).

Tabela 4 – Representantes da microbiota normal por região corporal

Região Principais componentes Comentários

A maioria dos micróbios


em contato direto com a
pele não se torna
residente, uma vez que as
secreções das glândulas
sudoríparas e sebáceas
Propionibacterium, têm propriedades
Staphylococcus, antimicrobianas
Corynebacterium, Micrococcus,
Pele  A queratina é uma
Acinetobacter, Brevibacterium;
barreira resistente, e o pH
Candida (fungo) e Malassezia
baixo da pele inibe muitos
(fungo)
micróbios

 A pele também apresenta


um conteúdo
relativamente baixo de
umidade
Olhos Staphylococcus epidermidis, S.
(conjuntiva) aureus, difteroides, A conjuntiva, uma
Propionibacterium, continuação da pele ou
Corynebacterium, membrana mucosa,
estreptococos e Micrococcus contém basicamente a
mesma microbiota
encontrada na pele

As lágrimas e o ato de
piscar também eliminam
alguns micróbios ou
inibem a colonização por
outro

Embora alguns membros


da microbiota normal
sejam potenciais
patógenos, sua habilidade
para causar doenças é
Staphylococcus aureus, S. reduzida pelo
Nariz e
epidermidis, e difteroides antagonismo microbiano
garganta
aeróbios no nariz; S.
(sistema
epidermidis, S. aureus, As secreções nasais
respiratório
difteroides, Streptococcus matam ou inibem o
superior)
pneumoniae, Haemophilus e crescimento de muitos
Neisseria na garganta micróbios, e o muco e o
movimento ciliar também
removem muitos
micróbios

Boca Streptococcus, Lactobacillus,


Actinomyces, Bacteroides, A umidade abundante, a
Veillonella, Neisseria, atmosfera quente e a
Haemophilus, Fusobacterium, presença constante de
Treponema, Staphylococcus, alimentos tornam a boca
Corynebacterium e Candida um ambiente ideal para
(fungo) os micróbios. A boca é
capaz de abrigar
populações microbianas
grandes e diversas na
língua, bochechas, dentes
e gengiva

Os atos de morder,
mastigar, movimentar a
língua e salivar desalojam
os micróbios. A saliva
contém várias substâncias
antimicrobianas

O intestino grosso contém


os maiores números de
microrganismos da
microbiota residente no
corpo, principalmente em
razão da disponibilidade
de umidade e nutrientes

O muco e a descamação
Escherichia coli, Bacteroides,
periódica previnem que
Fusobacterium, Lactobacillus,
muitos microrganismos
Intestino Enterococcus, Bi dobacterium,
colonizem o revestimento
grosso Enterobacter, Citrobacter,
do trato gastrintestinal.
Proteus, Klebsiella e Candida
Além disso, a mucosa
(fungo)
produz uma série de
substâncias
antimicrobianas

A diarreia também
elimina parte da
microbiota normal

Staphylococcus, Micrococcus,
Sistemas Enterococcus, Lactobacillus, A parte proximal da
Bacteroides, difteroides uretra em ambos os sexos
reprodutivo aeróbicos, Pseudomonas, contém uma micro- biota
e urinário Klebsiella e Proteus na uretra; residente; a vagina tem
lactobacilos, Streptococcus, uma população de
Clostridium, Candida micróbios ácido-
albicans (fungo) e Trichomonas tolerantes em virtude da
vaginalis (protozoário) na natureza de suas secreçõe
vagina
O muco e a descamação
periódica previnem que
muitos microrganismos
colonizem o revestimento
do trato urogenital; o
uxo de urina remove os
micróbios
mecanicamente. Além
disso, o pH da urina e a
ureia são antimicrobianos

Os cílios e o muco
expelem os micróbios da
cérvice uterina para a
vagina, e a acidez da
vagina inibe ou mata os
micróbios

Fonte: TORTORA et al., 2017, p. 392

Saiba Mais
É importante conhecer a microbiota normal e seus sítios, pois
devemos considerar na hora do diagnóstico quais microrganismos são
naturalmente encontrados em determinada região, para não liberar
um resultado equivocado.  Acesse na sua biblioteca virtual o livro
Microbiologia médica de Jawetz et al., 26. ed. 2014, Capítulo 10, p. 165.

Conceitos de Fatores de Virulência: Fatores Próprios


da Bactéria e Fatores Causados por Bacteriófagos
Estamos constantemente em contato com microrganismos, mas, geralmente, este contato
não causa uma infecção ou doença. O processo patogênico inclui uma série de mecanismos
complexos nos quais vários componentes microbianos interagem com o hospedeiro
determinando se a doença irá se instalar. Os fatores podem ser: formação de bio lme,
variação de hidrofobicidade da superfície e a presença de certos genes que codi cam fatores
de virulência. O processo de instalação da doença se dá através de três etapas: contato, invasão
e disseminação. 

Mas, o que chamamos de fatores de virulência? Fatores de virulência são estruturas ou


metabólitos bacterianos utilizados por bactérias no desenvolvimento do processo infeccioso.
Estes fatores permitem que o patógeno entre, replique, dissemine e persista no hospedeiro, o
que pode ser por mecanismos de destruição ou escape do Sistema Imunológico. Na Tabela 5 a
seguir estão alguns exemplos dos fatores de virulência bacterianos.

Função Fatores de virulência

Anexo Adesivos ( mbriae, proteínas a mbrial de surfase)


Exopolícariassacarídeos

Ácido lipoteicoico

Proteínas de membrana externa


Vesículas de membrana externa

Flagelos

Invasão
Enzimas (colagenase, hialuronidase, condroitina,
sulfatase, brinolisina, fosfatase ácida e Dnase)

Exopolissacarídeos (cápsula)
IgA, IgC, IgM, C3 e C5 proteases
Sobrevivência (evasão de Lipopolissacarídeo (porção antige-O)
defesas de hospedeiro ou Flagelos
aquisição ou nutrientes) Exotoxinas
Proteínas de choque térmico
Produtos nais metabólicos

Exotoxinas
Enzimas (colagenase, hialuronidase, sulfato de
condroitina, gingipains, aminopeptidases,
Dano Direto fosfolipase, neuraminidase e fosfatase ácido)
Produtos nais metabólicos (ácidos graxos de
cadeia curta, poliaminas, compostos voláteis de
enxofre, indol, amônia)

Lipopolisacarídeo (principalmente lipídio A porção)


Peptidoglycan
Ácido lipoocíoico
Fimbriae
Dano Indireto Exopolysacarídeos
Proteínas de membrana externa (porínas)
Lipoproteínas
DNA
Proteínas de choque cardíaco
Saiba Mais
É importante conhecer os fatores de virulência desenvolvidos pelas
bactérias, já que estes estão diretamente relacionados com a
patogenicidade do microrganismo e são importantes para o
diagnóstico das doenças causadas por bactérias. Veja o Capítulo 9, p.
153 do livro Microbiologia médica de Jawetz et al., 26. ed. 2014, itens
“Regulação dos fatores de virulência” e “Fatores de Virulência
bacterianos” na sua biblioteca virtual.
2/3

Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados


nesta Unidade:

Livros
VERMELHO, A. B. et al. Práticas de microbiologia. [2. ed.] Grupo GEN, 2019.
Capítulo 5: Técnicas de isolamento e contagem de microrganismos, p. 89.

GOERING, Richard V. et al. Mims Microbiologia médica. [6. ed.] Grupo GEN, 2020. Capítulo
20: Infecções do trato urinário, p. 236.

PROCOP, Gary W. et al. Diagnóstico microbiológico-Texto Atlas. [7. ed.] Grupo GEN, 2018.

Leitura
Princípios de biossegurança aplicados aos laboratórios de ensino universitário de
microbiologia e parasitologia
Princípios de biossegurança aplicados aos
laboratórios de ensino universitário de
microbiologia e parasitologia
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PARASITOLOGIA Princípios de biossegurança
aplicados aos laboratórios de ensino universitário de microbiologia e
parasitologia Principles of biosafety applied to microbiology and parasitology
laboratories in universities Luis Antônio SangioniI ; Daniela Isabel Brayer
PereiraII ; Fernanda Silveira Flores VogelI ; Sônia de Avila BottonI,
IDepartamento de Medicina Veterinária Preventiva, Centro de Ciências Rurais
(CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Avenida Roraima, 1000,
prédio 44, sala 5007, 97105-900, Camobi, Santa Maria, RS, Brasil.
LEIA MAIS SCIELO 

Descrição dos Meios de Cultura Empregados nos Exames Microbiológicos


Segurança e Controle de Qualidade no Laboratório de Microbiologia Clínica 

Uso racional de antimicrobianos e os fatores de resistência


USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS E A RESISTÊNCIA MICROBIANA

USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS E A


RESISTÊNCIA MICROBIANA
I. Introdução Um dos mais graves problemas que atingem os serviços de saúde
em todo mundo é a emergência de microrganismos resistentes a diversos
antimicrobianos. A presença de microrganismos resistentes é bastante
evidente em infecções relacionadas à assistência à saúde.
LEIA MAIS ANVISA 
3/3

Referências

BROOKS, G. F.; CAROL, K. C.; BUTEL, J. S.; MORSE, S. A.; MIETZNER, T. A. Microbiologia
médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26 ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

GOERING, R. V. Microbiologia Médica de Mims. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

MADIGAN T. et al. Microbiologia de Brock. 14 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

MURRAY, P. R. Microbiologia médica. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

OPLUSTIL, C. P. et al. Procedimentos básicos em Microbiologia clínica. 3 ed. São Paulo:


Sarvier, 2010. 

PROCOP, G. W. Diagnóstico microbiológico. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

TORTORA, G. J. FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM F. Microbiologia. 6 ed. São Paulo: Atheneu, 2015

SALVATIERRA, C. M. Microbiologia - Aspectos morfológicos, bioquímicos e metodológicos.1


ed. São Paulo: Érica, 2014.

VERMELHO, A. B. Práticas de microbiologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019

Você também pode gostar