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Reportagem (https://www.matinaljornalismo.com.br/categoria/matinal/reportagem-matinal/)

Novo Ensino Médio viola autonomia de


escolas e aprofundará desigualdades no
RS, dizem especialistas
17 janeiro 2022 por Luiz Felipe Mello (https://www.matinaljornalismo.com.br/author/luiz_felipe/)

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Novo Ensino Médio começa a ser implementado neste ano no RS | Foto: Seduc

Mudança a ser aplicada a partir deste ano no Estado visa aproximação com
mercado de trabalho. Oferta de “itinerários formativos”, porém, será limitada

No ano de 2022, o Rio Grande do Sul passará por mudanças profundas na vida
escolar. O prazo para a implantação do Novo Ensino Médio começou a correr e
despertou em integrantes da comunidade e estudiosos sentimentos de angústia e
expectativa para esta etapa da educação gaúcha e brasileira. A secretária estadual
Raquel Teixeira não esconde o entusiasmo pela reforma, a qual define como “uma
possibilidade de enriquecimento curricular da escola que o Brasil não tinha”. A
animação de Teixeira, entretanto, já não é partilhada por especialistas e
pesquisadores do Ensino Médio. Para eles, as alterações curriculares violam a
autonomia das escolas, desconsideram particularidades das regiões e
aprofundarão a desigualdade no ambiente escolar. 

As mudanças prometidas pelo Novo Ensino Médio


(http://portal.mec.gov.br/publicacoes-para-professores/30000-
uncategorised/40361-novo-ensino-medio-duvidas) ainda são desconhecidas do
grande público. A alteração principal está na redução da carga horária do
currículo obrigatório, que engloba as matérias comuns a todos os estudantes.
Essa diminuição tem como compensação a possibilidade do aluno selecionar o
restante da grade, em conformidade com seus interesses. A reforma, que segundo
a secretária Raquel Teixeira já era estudada desde 2012, foi consolidada na Lei
13.415 de 2017 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13415.htm). O texto previa adaptações dos Estados ao modelo
proposto nos anos seguintes para que a implantação ocorresse em 2020. No
entanto, o processo foi atrasado pela pandemia do coronavírus, jogando o prazo
obrigatório para este ano. 

De acordo com a secretária, o documento referente à implementação do Novo


Ensino Médio no Rio Grande do Sul já foi aprovado pelo Conselho Estadual de
Educação. “Aqui no Estado, o Conselho conduziu audiências e 22 instituições se
cadastraram oficialmente. Estamos completamente habilitados para começar a
reforma”, diz. Neste ano, as escolas públicas e privadas deverão oferecer, do total
de 3 mil horas, 1,8 mil de Formação Geral Básica e as demais 1,2 mil horas como
itinerário formativos, que serão optativos e ofertados de acordo com cada
instituição. 
As disciplinas, como conhecemos, não deixarão de existir, mas ganharão uma
nova nomenclatura e passarão a ser chamadas de “áreas do conhecimento”, termo
que já é conhecido de quem participa do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) e de outros vestibulares. Agora, Artes, Educação Física, Língua Inglesa e
Língua Portuguesa estarão englobadas nas Linguagens e suas tecnologias, assim
como Biologia, Física e Química formarão as Ciências da Natureza e suas
tecnologias. Filosofia, História, Geografia e Sociologia irão compor a Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas, enquanto a Matemática será Matemática e suas
Tecnologias. 

Conforme a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), no RS, os itinerários


formativos que serão implementados já neste ano são projeto de vida, mundo do
trabalho, cultura digital e iniciação científica. “É importante salientar que no
primeiro ano teremos Formação Geral Básica, e os itinerários. Para quem está no
segundo e no terceiro ano permanece como está. Isso quer dizer que quem já
está no Ensino Médio vai terminar o período no modelo em que entrou. Em 2023,
os alunos que estão hoje no primeiro ano estarão no segundo e aí eles irão
escolher os itinerários formativos. Além disso, pela primeira vez, o Ensino Médio
terá Educação Profissional e Técnica”, explica.

Raquel Teixeira destacou que o Novo Ensino Médio já é uma realidade em cinco
estados do Brasil: Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
“Já há turmas no Brasil que concluíram este modelo em 2020”, cita. “Este modelo,
depois de vivido, ninguém quer voltar atrás.”

“Planejamento fracassou” 

Se para secretária de educação, o Novo Ensino Médio é uma realidade, para


pesquisadores e especialistas no tema a reforma é inadequada e apartada do
contexto social. “A disputa pelo controle da formação dos jovens tem se
apresentado na história da educação brasileira de diversas formas, sendo a do
ensino médio e o acesso ao ensino superior as mais intensas. Nas últimas cinco
décadas (desde 1970), diversas propostas e ideologias reformistas foram testadas
– sendo que a grande maioria fracassou –, mas, continuamos produzindo
descontinuidades de políticas educacionais de Estado e promovendo reformas
isoladas do contexto social dos estudantes e, o mais grave, sempre culpabilizando
a escola, os professores e os próprios jovens pela falta de engajamento. Eu temo
que os jovens sejam enganados novamente. O melhor para os reformistas da
educação, não é o melhor para o presente e futuro dos estudantes”, argumentou o
professor e doutor Gabriel Grabowski, da Universidade Feevale, especialista em
Educação e representante da Associação de Escolas de Formação de Profissionais
do Ensino do Rio Grande do Sul no Conselho Estadual de Educação. 
Grabowski citou ainda as principais reclamações de quem faz parte do ambiente
escolar. “Passados mais de cinco anos de tramitação e preparação, a reforma
chegou nas escolas que reclamam: falta de diálogo, preparação das instituições,
formação de professores, melhoria das condições de infraestrutura, evasão de
estudantes em função da pandemia. Em síntese, o planejamento fracassou, e os
estudantes não irão receber o que lhes foi prometido: uma escola melhor, um
currículo melhor e sua participação no processo, que inclusive não foram
partícipes da construção”, indica.

O doutor em Educação pela UFRGS e pesquisador do Ensino Médio Mateus


Saraiva ampliou o discurso de Grabowski ao mencionar a ansiedade de quem não
sabe o que irá acontecer nos próximos anos. “É um processo bem extenso que
está acontecendo. Eu vejo entre outros pesquisadores um sentimento de angústia
muito forte, de não saber como lidar com esta mudança. E sem saber lidar não
propriamente com a questão de formação, mas também com o quadro de pessoal
para dar conta com qualidade do que está previsto em lei”, coloca.

Já o professor pesquisador Éder da Silva Silveira, integrante do Programa de Pós-


Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul, acredita que as
escolas permanecerão com os mesmos recursos humanos e de infraestrutura,
ainda mais por conta da Emenda Constitucional 95/2016, que instituiu uma nova
regulamentação do Teto de Gastos e limitou investimentos importantes na
Educação e em outras áreas pelos próximos 20 anos. “Aumentará ainda mais o
número de professores ministrando disciplinas sem ter tido uma formação inicial
ou continuada que dê o suporte necessário. A reforma do Ensino Médio é dotada
de profundos descompassos em relação às políticas de formação e valorização de
professores e de financiamento da educação pública”, afirma.

Atualmente, segundo dados da Seduc, o número de professores de Ensino Médio


é de 21.728, atuando diretamente em sala de aula. Houve ainda a contratação de 4
mil docentes temporários nos últimos meses. A secretária Raquel Teixeira
considera que o atual quadro poderá corresponder às necessidades da reforma.
“O Novo Ensino Médio vai acabar com o professor auleiro, que dá uma aula aqui e
sai correndo para outra escola. É claro que tem uma implicação de carreira que
temos de trabalhar, mas estamos estimulando e buscando contratos de 40 horas,
de preferência com dedicação exclusiva”, pondera. 

Itinerários formativos 
Os itinerários formativos, visto como oportunidades para que os alunos do
Ensino Médio saiam preparados para o mercado de trabalho, também são alvo de
críticas dos especialistas. Enquanto que para a secretária Raquel Teixeira essas
disciplinas servem para “dar uma formação profissional técnica para o estudante
sem o desqualificar para a universidade”, os especialistas acreditam que a ideia é
simplesmente muito bonita no papel, mas sem funcionalidade alguma. 

“Tem uma disciplina que é o projeto de vida. É na verdade uma tentativa de trazer
o ‘coaching’ para dentro da escola. É aquela ideia de que ‘você pode, você
consegue e tem de estabelecer metas para conseguir. Imagina um professor
dizendo isso para um aluno de periferia que tem de trabalhar a tarde inteira e
chega cansado na sala de aula”, cita o doutor em Educação Mateus Saraiva. “O
problema disso é a materialização não só para o estudante, mas também para o
professor. Imagina o docente tendo que passar essa mensagem diante da
precariedade em que ele vive.” 

O professor Éder Silveira considera impossível a maioria das escolas ter


condições de oferecer os itinerários formativos: “O que ficou na lei é que os
itinerários formativos serão ofertados de acordo com a disponibilidade e
condições dos sistemas de ensino, isto é, nenhuma escola ficou obrigada a
oferecer todos os itinerários. Em municípios com poucas escolas de Ensino
Médio será ofertado um ou no máximo dois itinerários formativos porque não há
recursos humanos e investimento na rede pública estadual para efetivar o
discurso da escolha. Há muita ilusão em relação ao conceito de escolha no Novo
Ensino Médio”, sustenta. 

No final de dezembro de 2021, a Portaria nº 350 da Seduc


(https://www.diariooficial.rs.gov.br/materia?id=661880) trouxe a nova
organização curricular do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da rede pública
estadual para este ano. Segundo o documento, Arte, Educação Física, Ensino
Religioso, Sociologia e Filosofia só terão apenas um período semanal e serão
ministradas em um único ano da última etapa escolar. Além disso, História e
Geografia serão ministradas duas vezes por semana no primeiro ano e uma vez
por semana nos segundo e terceiro anos. 
Mudança de grade apresentada em portaria da Seduc

A secretária Raquel Teixeira afirma que a redução está amparada na lei federal e
gera estranheza por causa da nomenclatura: “Se você olhar, Educação Física no
primeiro ano tem uma 1 hora. No segundo ano aparece zero e no terceiro também
zero. Não é que não vai ter aula, mas é que agora a disciplina consta nos
componentes curriculares por área. A nomenclatura mudou e essa flexibilidade
dá um conceito novo”, explica. 

O professor Gabriel Grabowski considera que a portaria apresenta problemas de


conteúdo e método. “No conteúdo reduz carga horária das Ciências Humanas
(Geografia, Filosofia, Sociologia, História, Artes, Educação Física, etc) e das
Ciências da Natureza (Biologia, Química e Física). A pandemia demonstrou que
estas áreas são imprescindíveis atualmente. Na educação do século XXI
precisamos reformar a formação humana, a educação, a ética, a Psicologia e as
Ciências da Natureza. A crise ambiental e climática estão dadas. O vírus da covid-
19 veio da destruição do meio natural. Já no método é a imposição feita no último
dia do ano, pegando escolas de surpresa, afetando o planejamento deste ano”,
afirma. “Quem entende do processo escolar é quem está na escola. Reforma sem
apoio de professores e estudantes não prosperará.”

RS está abaixo da meta no Ideb


O Rio Grande do Sul ainda precisa evoluir no que diz respeito ao Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principalmente quando o assunto é
Ensino Médio. Segundo dados de 2019, o Ideb gaúcho neste nível atingiu 4,2
(https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2020/09/ideb-
2019-rs-melhora-em-todos-os-niveis-mas-nao-atinge-nenhuma-meta-na-
educacao-basica-ckf3anffp0045014yjdl0t7xp.html), o que representa um
crescimento em relação a 2017 quando era 3,7. A nota fica em 4 quando são
consideradas apenas as escolas estaduais – o que já representa o maior resultado
dessas escolas no Ideb –, mas aumenta para 6,1 nas privadas. 

Criado em 2007, o Ideb reúne, em um só indicador, os resultados de dois


conceitos importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias
de desempenho nas avaliações. O Ideb é calculado a partir dos dados sobre
aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho no
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos.

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