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Psicologia Social Crítica

- Compromisso social;
- Consciência & participação;

Alguns pensadores & suas teorias

Antônio Ciampa - Identidade

-Trabalha com a teoria do sintagma identidade-metamorfose-emancipação, que, de maneira geral,


postula que a identidade é um processo contínuo de metamorfoses e que essas metamorfoses devem
ser orientadas para a emancipação, para a busca de projetos de vida que
levem os sujeitos a uma condição de autonomia frente ao sistema.
- Visa discutir, no campo da Psicologia Social Crítica, a relevância da construção de umape da
consciência de um projeto de vida para a emancipação do sujeito, mostrando como as políticas de
identidade agem em caminho oposto, no sentido de maior heteronomia do sujeito.
- A existência de uma identidade política, somada a um projeto de vida autônomo conduzem o
indivíduo a conquistar fragmentos de emancipação de sua identidade.

Ignacio Martín-Baró (Psicologia da Libertação)

- Um dos seis jesuítas assassinados brutalmente pelo exército salvadorenho no dia 16 de novembro
de 1989, em El Salvador, foi o precursor da psicologia da libertação.
- Defensor de uma psicologia que se dedicasse ao atendimento dos problemas das maiorias
populares, ele argumentava que era preciso “fazer uma psicologia política que leve em conta o
poder social na configuração do psiquismo humano e que, portanto, contribua para construir um
novo poder histórico como requisito de uma nova identidade psicossocial das maiorias até hoje
dominada”;
- A Psicologia da Libertação de Martín-Baró é uma abordagem crítica que parte da realidade social
vivenciada pelos povos latino-americanos para depois construir um conhecimento teórico relevante,
indo além da convencional constatação e interpretação dos fatos.
- Objetiva libertar o ser humano da o produzida por uma minoria dominante, onde o psicólogo
social tem um importante papel mediador.
- Influenciou a Psicologia Comunitária no Brasil, que surge a partir da busca da legitimação de uma
Psicologia menos elitizada e mais voltada aos problemas sociais.
- A contribuição da Psicologia da Libertação para o desenvolvimento da Psicologia Comunitária é
apontar para a necessidade de se desenvolver uma prática propondo a visão dos processos
psicossociais a partir da vertente do dominado, ao invés de enxergá-lo da vertente do dominador.

Michel Foucault (arqueogenealogia do saber)

- Investiga "a história das relações que o pensamento mantém com a verdade" e desnaturaliza corpo,
alma e psiquê considerando-os invenções histórico-discursivas, as quais só têm sentido se inseridas
em determinados arranjos epistêmicos de produção de verdades, no caso, o surgimento das ciências
humanas;
- O discurso foucaultiano sobre a Psicologia em sua fase arqueológica, no livro História da Loucura,
com o intuito de oferecer subsídios para a compreensão da história dos discursos da Psicologia, no
que se refere à edificação do sujeito e do objeto psicológicos e em seus efeitos subjetivadores;
- A disciplina, na arqueogenealogia de Foucault, desvelou mecanismos de produção, manipulação e
articulação de poderes corpóreos;
- A produção do sujeito disciplinar foi elemento funcional na produção de uma racionalidade sobre
corpos e almas psicologizáveis;
- Assim, disciplina é a técnica de constituição de corpos úteis, dóceis e submissos, saber-referência
para o diagnóstico de indivíduos normais ou desviantes;
- Ele estuda a transversalidade entre psicologia e disciplina, analisando os efeitos disciplinares na
reinvenção de corpos e almas e na produção do próprio sujeito psicológico, principalmente na
constituição dos exames e laudos periciais;

Herbert Kelman (Influência Social)

A teoria da influência social de Herbert Kelman (1958) assume que há três processos de influência
que uma pessoa (P) pode sofrer de outra (O): obediência ou submissão (compliance), identificação
(identification) e internalização (internalization), que descrevemos:

a) obediência ocorre quando P aceita a influência de O ou de um grupo de modo a obter uma


reação favorável — seja ganhar uma recompensa específica ou evitar uma punição específica, ou
ganhar aprovação ou evitar desaprovação.

b) Identificação ocorre quando P aceita a influência de O ou de um grupo de modo a estabelecer ou


manter uma relação autodefinidora satisfatória. A relação pode ser baseada em reciprocidade –
em que a pessoa procura cumprir as expectativas do outro, ou pode ser baseada em modelação – em
que a pessoa procura assumir o papel do outro, ou parte dele.

c) Internalização ocorre quando P aceita a influência de O ou de um grupo de modo a manter a


congruência de ações e crenças com seu próprio sistema de valores. Congruência com os valores
pode assumir a forma de consistência cognitiva – em que o comportamento induzido é percebido
como conducente à maximização dos valores, ou a forma de adequação afetiva – em que o
comportamento induzido é percebido como em continuidade com o autoconceito da pessoa
(Kelman, 2006)

Bader Burihan Sawaia (Desigualdade social e sofrimento)

- Por trás da desigualdade social há sofrimento, medo, humilhação, mas há também o extraordinário
milagre humano da vontade de ser feliz e de recomeçar onde qualquer esperança parece morta.
- A Psicologia tem o dever de resguardar essa dimensão humana nas análises e intervenções sociais,
desmentindo as clássicas imagens dos desvalidos contentando-se em se conservarem vivos.
- Assim, ela colabora com o aperfeiçoamento de políticas sociais, evitando mecanismos de inclusão
social perversa.
- A concepção de afeto de Espinosa e a de liberdade de Vigotski são pressupostos importantes: um
afeto que é a base da ética e da política; uma liberdade que exige a ação coletiva e não se confunde
com livre-arbítrio, tendo por base a criatividade e a imaginação.
- Nessa perspectiva, um dos desafios do combate à desigualdade social é elucidar o sistema afetivo/
criativo que sustenta a servidão nos planos (inter)subjetivo e macropolítico, para planejar uma
práxis ético/estética de transformação social.

González-Rey (Noções de sujeito e subjetividade)


- O primeiro aspecto a destacar em relação a obra deve ser sobre a importância que tem para a
psicologia hoje o debruçar-se sobre as noções de sujeito e subjetividade.
- O caldo cultural e ideológico contemporâneo traz em seu bojo, entre outras concepções, uma visão
de homem que anula a noção de sujeito.
- Na perspectiva histórica, que é a do autor e também a nossa, afirmar o homem como sujeito
significa reconhecer a sua possibilidade de superar o imediato, o que está dado, em direção à
realização de projetos assumidos.
- E reconhecer que se trata de uma possibilidade constituída historicamente. Para isso, é necessário
afirmar a subjetividade como a experiência própria do sujeito histórico.
- A subjetividade é um complexo e plurideterminado sistema, afetado pelo próprio curso da
sociedade e das pessoas que a constituem dentro do contínuo movimento das complexas redes de
relações que caracterizam o desenvolvimento social.

Individualização & Psicologização do Social

- A individualização é vista como um processo da Psicologia Social que fragmenta a convivência


coletiva e fragiliza as pressões sociais por mudança.

- Já a Psicologização tenta enquadrar questões sociais no modelo da Psicologia Social Americana,


baseada em apenas em processos psicológicos, sem considerar os contextos político-sociais.

- Bauman (2003) investiga o processo de individualização no estágio ‘líquido’ da modernidade,


tempos de desengajamento. Os problemas, diz Bauman, são sofridos e enfrentados solitariamente e
são inadequados à agregação numa comunidade de interesses à procura de soluções coletivas para
problemas individuais. Inexistindo o caráter coletivo das queixas, podemos também esperar o
“desaparecimento dos grupos de referência que ao longo dos tempos modernos serviram como
padrão de medida relativa.” (p. 79). Bauman aponta o colapso dos “grupos de referências” e a
ênfase na individualização, coincidindo com um aumento dos diferenciais de riqueza e renda.

Paulo Freire (Pedagogia da autonomia)

- Tal política propunha um movimento de reorientação curricular com a organização de processos


pedagógicos fortemente articulados com a ideia e a prática de uma escola comprometida com a
comunidade na qual se insere;
- Uma escola cujo funcionamento depende da participação efetiva de professores, alunos, pais e
mães em Conselhos Escolares – instâncias decisórias em âmbito escolar, eleita por seus pares;
- Em plenárias para avaliação do processo pedagógico da escola e na disponibilização de seu
pensar, das significações construídas no seu cotidiano para serem colhidas, estudadas,
compreendidas e transformadas em conteúdo mediador de novas interpretações de mundo,
como propõe a pedagogia da libertação assumida por tal política educacional;
- Trata-se, portanto, de uma relação visceral entre escola e comunidade;
- Parafraseando Cortella (2000), uma “escola dos muros para fora”, que acolha a comunidade mas
que também se coloque para a comunidade como espaço possível de articulação das demandas da
população, através da apropriação do conhecimento como ferramenta de libertação;
- Para a perspectiva freireana, o conteúdo mediador de novas interpretações da realidade não vem
do livro didático ou de programas pré-definidos.
- Ao contrário, vem das falas da comunidade, das falas de alunos e alunas, das representações que
eles têm das vivências ou das experiências construídas nas relações cotidianas com os espaços
comunitários mais próximos, mas também com os acontecimentos em nível contextual maior na
medida em que se colocam como sujeitos imersos em redes de relações sociais, políticas,
econômicas e culturais que demarcam e influenciam fortemente, por assim dizer, seu modo de agir e
pensar.
- Pois, segundo Freire (1987, p.86) é “a partir da situação presente, existencial, concreta, refletindo
o conjunto de aspirações do povo, que podemos organizar o conteúdo programático da educação ou
da ação política”.
- Trata-se de um movimento pedagógico para o qual o conhecimento, muito embora necessário, não
é um conhecimento desvinculado da prática que liberta.

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