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Introdução

Freud e a Educação é um exemplar de uma série de livros da editora Scipione


denominada Pensamento e ação no Magistério. A série reúne contribuições teóricas e
práticas de diversos pensadores e possui como objetivo discutir, orientar e auxiliar
modificações no fazer pedagógico em sala de aula.
Os títulos desta série estão distribuídos em três grandes áreas de interesse:
Fundamentos, Recursos Didáticos e Mestres da Educação.
Segundo a editora, a série é dirigida àqueles que procuram interagir com a
criança e o adolescente ao mesmo tempo em que participam do seu desenvolvimento
global.
O livro em questão apresenta 102 páginas, encadernação em brochura,
dimensões 17 x 23 x 1cm e está totalmente redigido em português.
sumário
Resumo da Obra
O livro faz parte do projeto de pesquisa de doutorado da psicóloga, professora e
psicanalista Maria Cristina Kupfer. A autora inicia sua explanação sobre as contribuições do
criador da psicanálise demonstrando como das 3.667 páginas que compõem a edição
espanhola de Obras Completas do autor, cerca de 200 delas tratam da educação de forma
dispersa, sem uma unidade aparente. A pesquisadora afirma que longe de significar com isso
um descaso em relação ao tema, essa dispersão demonstra como essa questão sempre
acompanhou a vida e o trabalho de Freud e assomava-se nos seus escritos repetidamente, pois
constituía uma reflexão contínua. Reflexão que por fim declara a tarefa de educar, assim
como a de governar e a de psicanalisar como impossível.
Os textos após a introdução são dedicados à biografia de Freud. Nascido em 6 de maio
de 1856, em Freiberg, uma pequena cidade na morável (na época pertencente à Áustria e hoje
em dia anexada à República Tcheca), Freud cresceu em uma família numerosa sendo
indubitavelmente o filho preferido de sua mãe. Talvez porque aos 11 anos um andarilho poeta
profetizara-lhe em versos um grande futuro, talvez porque nascera envolto em membrana
amniótica (sinal que sua mãe tomara como indicação profética de fama, glória e felicidade), o
fato é que desde criança os pais esperavam e contribuíram para que ele se tornasse um grande
homem.
Para compreender o valor que aos seus pais concediam aos seus estudos, basta
recorrer a um dos episódios de sua infância: quando a família se mudou para Viena, a Freud
foi destinado um pequeno escritório inteiro para o seu uso exclusivo. Na casa que devia
acomodar oito pessoas, havia além deste cômodo apenas mais três quartos. Apesar de seu
escritório estar separado do resto da casa, isso não impedia que os sons das lições de piano da
sua irmã chegassem até aquele quarto e atrapalhassem os seus estudos. Graças à Freud, uma
possível carreira de pianista foi interrompida, em favor dos seus estudos.
As primeiras lições foram ensinadas por sua mãe, e a elas seguiram-se as do
seu pai. Ambos ensinaram-lhe as primeiras letras, os textos bíblicos e religiosos. Freud
declarou-se posteriormente muito influenciado por essas leituras, e essas influências sem
dúvida fazem-se em 1927, nos seus textos de crítica à religião.
Aos 9 anos o menino presta um exame que o habilita a ingressar no Sperl
Gymnasium, local onde gradua-se aos 17 anos de idade com a distinção summa cum laude.
Ali sua educação consistia em um ensino cujos fundamentos eram as Humanidades. Freud
ressalta a disposição das disciplinas e a maneira como os conhecimentos formavam um
sistema coerente. Essa formação o fez sair do Gymnasium com amplos conhecimentos sobre a
cultura grega, latina, com o aprendizado de várias línguas, um profundo interesse por
arqueologia, e uma vastíssima leitura de poetas e escritores clássicos.
Freud pensa a educação
Os primórdios da teoria psicanalítica

Após o bacharelado, Freud inicia seu trabalho em clínica como médico neurologista.
Naquela época sua clientela compunha-se de pessoas em maior ou menor grau atingidas por
aquilo que era chamado na época de doenças nervosas. Os tratamentos sugeridos eram
eletroterapias, banhos, massagens, hidroterapia, internação, hipnose. Dentre as doenças
nervosas a histeria chama particularmente a atenção do médico. A grande quantidade de
pacientes, quase sempre mulheres, demonstravam sintomas que variavam desde vômitos
persistentes até alucinações visuais contínuas, passando por contrações, paralisias parciais,
perturbações visuais, ataques nervosos e convulsões.
A maioria dos médicos naquela época buscava apenas cura para estes sintomas. A
Freud ocorria a busca das origens dessas perturbações. Suas observações sobre os casos de
suas pacientes histéricas foram reunidas nos Estudos sobre a histeria, de 1895 e nas
Psiconeuroses de defesa, em 1986.
Desde textos, as ideias importantes para suas reflexões sobre a educação são as
seguintes:
 Há um nexo causal entre um fato desencadeante (o trauma) e os sintomas,
embora o paciente não se lembre dele na maioria das vezes;
 O fator desencadeante havia sido reprimível e a afastado da consciência devido
à natureza insuportável do trauma;
 A vida sexual se presta particularmente como conteúdo para a formação de tais
traumas, pela posição que ocupa em relação aos outros elementos da
personalidade e pela impossibilidade de descarregar ideias de cunho sexual
através da fala, por exemplo.
 O fato de que o agente responsável pela expulsão da ideia insuportável para
fora da consciência é o ego ou o eu, uma estrutura psíquica encarregada, entre
outras coisas, de defender o aparelho psíquico de perturbações perigosas à sua
integridade.
Em torno desse último ponto giram as primeiras questões teóricas desenvolvidas por
Freud nos primeiros tempos da psicanálise. Se as ideias incompatíveis são quase sempre de
cunho sexual, e se são julgadas insuportáveis pelo eu, então o que há de tão insuportável na
sexualidade? Essa pergunta leva o psicanalista à Educação e a interroga sobre o seu papel na
condenação da sexualidade.
Sexualidade e Educação

Nos primeiros anos de sua prática clínica, antes de conceituar o recalque, Freud
acreditava que era a moral, perpetuada através da educação que provocava as neuroses ligadas
a distúrbios da sexualidade. No entanto, o entendimento do recalque operado num plano
intrapsíquico (o eu como o agente do recalque) o fez pensar de modo diferente.
Freud percebe que há no interior da própria sexualidade um desprazer, e este desprazer
é que dá forças a moral, não o contrário. As forças morais não vão contra as tendências do
indivíduo, mas vão ao encontro dessas tendências. Ambas forças trabalham juntas, em
comunhão de interesses.
Em todos nós, segundo Freud, é preciso acontecer o recalque. Pois uma vida sob o
inteiro domínio dos impulsos seria impossível e até mesmo mortal. Esse recalque pode gerar
efeitos, como no caso dos pacientes das doenças mentais, mas é essencial a todo aparelho
psíquico “saudável”.

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