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Política Educacional - 2018.

Nome: Camila Cândido Rocha

Questões para acompanhar a leitura do texto Os tempos e os espaços escolares no


processo de institucionalização da escola primária no Brasil, de Diana G. Vidal e
Luciano F. Filho (2000).

- Quais as principais características das “casas escolas”, “escolas monumento” e


“escolas funcionais”?

As “casas escola” eram espaços muitas vezes improvisados, com salas que
comportavam alunos de diferentes faixas etárias e níveis de aprendizado. A criação da
escola era muitas vezes conduzida por um grupo de pais, que custeava a contratação de
um professor e a manutenção do espaço. Estas escolas não possuíam um cronograma
bem definido e os professores faziam uso de punições que envolviam castigos físicos e
humilhações psicológicas a fim de disciplinar os seus alunos.
As escolas monumento surgem na segunda metade do século XIX e visavam
incutir o apreço à educação racional e científica, valorizando uma simbologia estética,
cultural e ideológica que servia à imagem que a jovem república desejava passar à
sociedade. As classes possuíam espaços demarcados para alunos e professores, e
havia rígida separação de sexos. Foi nesse período que surgiu o calendário escolar, as
férias, o horário das aulas e o de descanso. Também neste período surge o ensino em
dois turnos para atender à demanda de discentes.
O tempo, os espaços, o trabalho dos professores e outros aspectos eram
racionalizados. Era possível distinguir um aluno escolarizado daquele que não recebeu
uma educação formal de acordo com seus gestos, que eram economizados ao máximo
nesse modelo pedagógico.
As escolas funcionais foram construídas com materiais menos custosos em
relação aos das escolas-monumento, e seu estilo buscava simplicidade e economia. Os
espaços demarcados de professores e alunos são abolidos, a quantidade de alunos por
sala é otimizada, e a pedagogia recebe forte influência dos ideais escolanovistas. Tanto
os métodos de ensino quanto as suas construções visam realizar um processo educativo
rápido e eficiente.

- Qual a importância da discussão sobre “tempos” e “espaços escolares” atualmente,


mesmo dois séculos depois da cristalização da escola como local dedicado à
aprendizagem (p. 32)?
Essa discussão evidencia e reforça o pensamento de que espaços e tempos
não são instituídos e organizados nos ambientes escolares de forma aleatória. Estão
sempre à serviço de indivíduos, grupos ideológicos e instituições. Nas escolas, como
explica Borges (2004) o poder disciplinar produz saber, sendo aceito e praticado por todos
os membros da instituição escolar numa relação hierárquica. Os tempos e espaços atuam,
como um discurso que institui sistemas de valores e ressignificações de experiências, que
permitem a interiorização de comportamentos e representações sociais.

A pressão punitiva exercida para que os alunos comportem-se, cumpram horários,


frequentem as aulas e façam as suas tarefas, disciplina-os para uma sociedade que exigirá
níveis gradualmente mais exigentes de disciplina em prol da manutenção do sistemas de
poder e da estrutura da sociedade. Os ambientes educativos, trabalham num sistema de
vigilância, controle e correção. Fazendo portanto, parte de um sistema punitivo com função
normalizadora.

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