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FAU/UFRJ - Departamento de Tecnologia de Construção INSTALAÇÕES SANITÁRIAS

PROFESSOR RAFAEL TAVARES ESGOTO SANITÁRIO E ÁGUAS PLUVIAIS

ESGOTO SANITÁRIO
&

ÁGUAS PLUVIAIS

RAFAEL TAVARES E RODRIGO COSTA


FAU/UFRJ - Departamento de Tecnologia de Construção INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
PROFESSOR RAFAEL TAVARES ESGOTO SANITÁRIO E ÁGUAS PLUVIAIS

ÍNDICE
1. CONCEITOS BÁSICOS DE ESGOTAMENTO 46
1.1 OBJETIVO 46
1.2 NORMAS RELACIONADAS 46
1.3 NOÇÕES BÁSICAS 46
1.4 SIMBOLOGIA 49
1.5 TUBOS E CONEXÕES 50
1.6 TERMINOLOGIA 51
2. CONCEPÇÃO DO PROJETO 53
2.1 DADOS NECESSÁRIOS PARA O PROJETO 53
2.2 PASSO A PASSO 53
3. COMPONENTES DA INSTALAÇÃO 54
4. CARACTERÍSTICAS E DIMENSIONAMENTO – ESGOTO SANITÁRIO 56
4.1 RAMAL DE DESCARGA E RAMAL DE ESGOTO 56
4.2 TUBO DE QUEDA 57
4.3 CAIXA DE INSPEÇÃO 59
4.4 CAIXA DE PASSAGEM 60
4.5 POÇO DE VISITA 60
4.6 TUBO OPERCULADO E TÊ DE INSPEÇÃO 60
4.7 COLETORES PREDIAIS E SUBCOLETORES 60
4.8 TUBULAÇÕES DE VENTILAÇÃO 61
4.9 TUBO DE GORDURA 64
4.10 CAIXA DE GORDURA 64
4.11 TUBO SECUNDÁRIO 65
4.12 CAIXA SIFONADA 65
5. CARACTERÍSTICAS E DIMENSIONAMENTO – ÁGUAS PLUVIAIS 66
5.1 GENERALIDADES 66
5.2 DADOS LOCAIS 66
5.3 LAJES DE COBERTURA HORIZONTAIS 67
5.4 CALHAS 67
5.5 RAMAIS HORIZONTAIS 67
5.6 COLUNA DE ÁGUAS PLUVIAIS 68
5.7 CAIXA DE AREIA 68
6. SITUAÇÕES ESPECIAIS DE ESGOTAMENTO 70
6.1 BANHEIROS CONJUGADOS 70
6.2 PAVIMENTO DE DESVIO 70
6.3 COBERTURA 70
6.4 VASOS EM BATERIA 71
6.5 PISCINA 72
6.6 PAVIMENTO TÉRREO (PRÉDIO SEM SUBSOLO) 74
6.7 PAVIMENTO TÉRREO (PRÉDIO COM SUBSOLO) 75
6.8 SUBSOLO E INSTALAÇÕES DE NÍVEL INFERIOR À VIA PÚBLICA 76

7. DETALHES DE EXECUÇÃO E MONTAGEM 77


7.1 BANHEIRA 77
7.2 LAVATÓRIO 77
7.3 MICTÓRIO 77
7.4 PIA DE COZINHA 77
7.5 TANQUE 77
7.6 VASO SANITÁRIO 77
8. DISPOSITIVOS DE TRATAMENTO 78
8.1 TERMINOLOGIA 78
8.2 DIRETRIZES GERAIS 79
8.3 FOSSA SÉPTICA 79
8.4 FILTRO ANAERÓBIO 82
9. DISPOSIÇÃO DOS EFLUENTES 84
9.1 REDE DE ÁGUAS PLUVIAIS 84
9.2 SUMIDOURO 84
9.3 VALAS DE INFILTRAÇÃO 86
9.4 VALAS DE FILTRAÇÃO 88

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1. CONCEITOS BÁSICOS DE ESGOTAMENTO


1.1 Objetivo
O objetivo dessa apostila é fornecer diretrizes para a elaboração e execução de projetos de instalações
prediais de esgotos sanitários e águas pluviais, a fim de atender às condições mínimas de funcionamento dos
sistemas, previstas nas normas da ABNT.

1.2 Normas relacionadas


NBR5688/99 - Sistemas prediais de água pluvial, esgoto sanitário e ventilação - Tubos e conexões de PVC, tipo DN -
Requisitos.
NBR8160/99 - Sistemas prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução.
NBR9648/86 - Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário.
NBR10844/89 - Instalações prediais de águas pluviais.
NBR13969/97 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos -
Projeto, construção e operação.

1.3 Noções básicas


Antes de apresentar o funcionamento de uma instalação predial de esgoto sanitário e águas pluviais, é
necessário entender o processo global, que compreende desde a retirada da água até sua devolução ao meio
ambiente (ver figura 1.3.a).

Figura 1.3.a. Ciclo de processamento da água.

O sistema predial divide-se em duas partes:


esgoto sanitário e águas pluviais. Essas duas redes
funcionam independentemente, sem comunicação entre
ambas. Por sua vez, o sistema de esgoto sanitário
decompõe-se em primário e secundário (ver figura 1.3.b).
Caracteriza-se como tubulação primária aquela
possibilita o acesso de gases provenientes da rede
pública ou de unidades de tratamento. Porém, todo
esgoto secundário é lançado a uma tubulação primária. A
partir disso, tubulação secundária é aquela protegida por
um desconector ou sifão que impede o contato com
gases oriundos da tubulação primária. Essa proteção se
dá através do fecho hídrico (ver figura 1.3.c), que é o
responsável pelo isolamento dos gases. Diferenças de
pressão causadas por uma forte descarga, por exemplo,
podem causar a ruptura do fecho hídrico. Para protegê-lo,
faz-se necessário o uso das ventilações, cuja função é
justamente assegurar a eficácia do fecho hídrico e
permitir a saída de gases para o meio. Essas tubulações
não recebem despejos, prolongam-se até a cobertura da
edificação e possuem a extremidade superior aberta.
Figura 1.3.b. Esgoto de um banheiro e sua classificação.

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A partir desse entendimento, pode-se visualizar


melhor a rede predial e seu funcionamento conjunto.
As tubulações de esgoto não funcionam sob pressão,
e sim, por gravidade. O destino dos efluentes
recolhidos em cada aparelho é mostrado nas figuras
1.3.d e 1.3.e.

Figura 1.3.c. Exemplos de Fecho hídrico.

Figura 1.3.d. Destino dos despejos gerados em uma edificação típica.

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Figura 1.3.e. Esquema Ilustrativo do Funcionamento da Instalação Predial de Esgoto Sanitário e Águas pluviais.

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1.4 Simbologia

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1.5 Tubos e conexões

junção dupla junção invertida junção simples

Ref.: www.tigre.com.br

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1.6 Terminologia
Altura do fecho hídrico. Profundidade de camada Câmara vertedoura. Parte do interior de um recipiente
líquida, medida entre o nível de saída dos dotado de septo, que fica entre este e o orifício de
desconector e o ponto mais baixo da parede ou colo saída.
inferior que separa os compartimentos ou ramos de Coletor predial. Trecho de tubulação compreendido
entrada e saída do aparelho. entre a última inserção do subcoletor, ramal de
Aparelho de descarga. Dispositivo que se destina à esgoto ou de descarga e o coletor público ou sistema
lavagem provocada ou automática de aparelhos particular.
sanitários. Coletor público. Tubulação pertencente ao sistema
Aparelho sanitário. Aparelho ligado à instalação predial público de esgotos sanitários e destinada a receber
e destinado ao uso de água para fins higiênicos ou a os efluentes dos coletores prediais e conduzi-los ao
receber dejetos e águas servidas. destino apropriado.
Coluna de ventilação (CV). Tubo ventilador vertical que
Barriletes de ventilação (BV). Tubulação horizontal com se prolonga através de um ou mais andares e cuja
saída para a atmosfera em um ponto e destinada a extremidade superior é aberta à atmosfera, ou ligada
receber dois ou mais tubos ventiladores. a tubo ventilador primário ou a barrilete de
Bujão (B). Nome dado à peça de inspeção adaptável à ventilação.
extremidade de tubulação ou conexão, ou a Curva de raio longo. Conexão em forma de curva cujo
dispositivos sifonados. raio médio de curvatura é maior ou igual a duas
vezes o diâmetro interno da peça.
Caixa coletora (CC). Caixa onde se reúnem os dejetos
líquidos que exigem elevação mecânica. Desconector. Dispositivo munido de fecho hídrico, a
Caixa de distribuição (CDt). Caixa destinada a receber fim de vedar o retorno de gases às tubulações.
esgoto e distribuí-lo uniforme e proporcionalmente à Geralmente, interliga tubulações primárias e
vazão afluente, de modo a manter descargas secundárias, não permitindo que os gases da
efluentes próximas de grandezas pré-estabelecidas. primeira penetrem na segunda.
Caixa de inspeção (CI). Caixa destinada a permitir Despejo industrial. Esgoto proveniente da utilização de
inspeção, limpeza e desobstrução das tubulações. água por indústrias e afins.
Caixa de passagem (CPs). Caixa equipada com grelha Diâmetro nominal (DN). Número que classifica os
ou tampa cega destinada a receber água de lavagem tubos e conexões quanto ao seu tamanho
de pisos ou outros efluentes de tubulações (diâmetro). Seu valor é expresso em milímetros (mm)
secundárias de uma mesma unidade autônoma. e aproxima-se do diâmetro interno dos tubos.
Caixa neutralizadora (CNe). Caixa destinada a corrigir o
pH de esgotos, através da adição de agentes Esgoto. Todo refugo líquido que deve ser conduzido a
químicos. um destino final.
Caixa de resfriamento. Caixa destinada a provocar o Esgoto Sanitário. Esgoto proveniente da utilização de
resfriamento do esgoto recebido, evitando danos à água para fins higiênicos.
rede pública e destinos finais.
Caixa retentora de areia (CA). Dispositivo projetado e Fecho hídrico. Camada líquida acumulada
instalado para separar e reter detritos, indesejáveis permanentemente em um desconector, que serve
às redes de águas pluviais. Também é conhecida para impedir a passagem de gases.
apenas como caixa de areia. Fossa Séptica (FS). Reservatório destinado a prover
Caixa retentora de gordura (CG). Dispositivo projetado um tratamento primário ao esgoto, através dos
e instalado para separar e reter gordura e outras processos de sedimentação e digestão. Possui fluxo
substâncias provenientes dos despejos de pias, horizontal e funcionamento contínuo.
indesejáveis às redes de esgoto sanitário. Também é
conhecida apenas como caixa de gordura. Instalação primária de esgotos. Grupo de tubulações
Caixa retentora de óleo (CO). Dispositivo projetado e ao qual têm acesso gases provenientes do coletor
instalado para separar e reter óleos e lubrificantes, público ou dispositivos de tratamento.
indesejáveis às redes de esgoto sanitário. Também é Instalação secundária de esgotos. Grupo de
conhecida apenas como caixa de óleo. tubulações protegidas por desconectores contra o
Caixa retentora (CR). Dispositivo projetado e instalado acesso de gases provenientes das tubulações
para separar e reter substâncias indesejáveis às primárias.
redes de esgotos sanitários e águas pluviais.
Caixa sifonada (CS). Caixa equipada com fecho hídrico Ligação ao coletor público (LCP). Ponto onde o coletor
destinada a receber efluentes das instalações predial se conecta ao coletor público de esgoto
secundárias de esgotos. sanitário.
Câmara receptora. Parte do interior de um recipiente
dotado de septo, que fica entre este e o orifício de Poço de visita (PV). Poço visitável que permite a
entrada. inspecionar, limpar e desobstruir as tubulações.
Câmara de retenção da caixa de gordura. Espaço da Peça de inspeção. Dispositivo que permite a
caixa destinado à retenção e à retirada de gordura. inspecionar, limpar e desobstruir as tubulações.

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Pia de despejo (PD). Aparelho sanitário capaz de desconectores de rupturas causadas por aspiração
receber resíduos sólidos recolhidos em recipientes ou compressão.
portáteis. Tubo ventilador de alívio. Tubo ventilador secundário
Ralo (R). Caixa equipada com grelha superior que liga tubo de queda, ramal de esgoto ou descarga
destinada a receber despejos provenientes de à coluna de ventilação.
chuveiros ou lavagem de pisos. Tubo ventilador de circuito (VC). Tubo ventilador
Ralo sifonado (RS). Caixa sifonada equipada com secundário que liga-se a um ramal de esgoto,
grelha superior e destinada a receber despejos atendendo a diversos aparelhos sem ventilação
provenientes de lavagem de pisos e/ou aparelhos individualizada.
sanitários de um banheiro. Tubo ventilador invertido (VIn). Tubo ventilador
Ramal de descarga (RD). Tubulação que recebe individual em forma de cajado, que liga o orifício
despejos diretos dos aparelhos. existente no colo alto do desconector do vaso
Ramal de esgoto (RE). Tubulação que recebe despejos sanitário ao ramal de descarga.
de ramais de descarga. Tubo ventilador primário (VP). Prolongamento do tubo
Ramal de ventilação (RV). Tubo ventilador que interliga de queda acima do mais alto ramal a ele ligado, com
o desconector ou ramal de descarga de um ou mais a extremidade ultrapassando a cobertura do prédio e
aparelhos sanitários a uma coluna de ventilação ou aberta à atmosfera.
ventilador primário. Tubo ventilador secundário (VSe). Prolongamento de
Rede pública de esgotos sanitários. Grupo de tubo secundário acima do mais alto ramal a ele
tubulações pertencente ao sistema urbano de ligado, com a extremidade ultrapassando a
esgotos sanitários, controlado diretamente pelas cobertura do prédio e aberta à atmosfera.
autoridades públicas. Tubo ventilador suplementar (VSu). Tubulação que liga
o ramal de esgoto ao tubo ventilador de circuito que
Sifão (S). Dispositivo desconector que destina-se a serve a ele.
receber efluentes das instalações de esgoto Tubulação primária. Tubulação à qual têm acesso
sanitário. gases provenientes da rede pública ou dos
Subcoletor (SC). Tubulação que recebe efluentes dispositivos de tratamento.
provenientes de tubos de queda ou ramais de Tubulação de recalque. Tubulação que recebe esgoto
esgoto. proveniente de equipamentos de elevação mecânica
Sumidouro. Espaço destinado a receber e permitir a (bombas de recalque).
infiltração no solo de efluentes provenientes de Tubulação secundária. Tubulação protegida por
dispositivos de tratamento de esgoto. desconector que impede o contato com gases
existentes nas tubulações primárias.
Tubo horizontal. Qualquer tubulação instalada
horizontalmente ou cujo ângulo com a horizontal é Unidade autônoma. Cada uma das unidades de uma
menor que 45°. edificação (parte da edificação vinculada a uma
Tubo vertical. Qualquer tubulação instalada fração ideal de terreno), formada por dependências
verticalmente ou cujo ângulo com a vertical é menor e instalações de uso privativo e dedicada a usos
que 45°. residenciais ou não. É identificada por ordem
Tubo de queda (TQ). Tubulação vertical que recolhe alfabética ou numérica. Exemplo: um prédio
despejos provenientes de subcoletores, ramais de residencial com 6 apartamentos possui 6 unidades
esgoto e ramais de descarga (tubulações autônomas.
horizontais), conduzindo-os até uma caixa de Unidade Hunter de Contribuição. Fator numérico de
inspeção. probabilidade que representa a associação de dois
Tubo operculado (TO). Conexão tubular equipada com fatores: a freqüência habitual de utilização e a vazão
tampa removível que permite inspecionar a típica de cada uma das diferentes peças sanitárias
tubulação. de um conjunto de aparelhos heterogêneos em
Tubo ventilador (TV). Tubulação destinada a permitir a funcionamento em hora de contribuição máxima. É a
saída dos gases presentes na instalação de esgoto unidade utilizada para medir os despejos sanitários
ou no coletor público, além de possibilitar a dos diversos equipamentos existentes.
circulação de ar no interior da instalação com o
objetivo de garantir o fecho hídrico dos Vaso sanitário (VS). Aparelho sanitário destinado a
receber exclusivamente dejetos humanos.

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2. CONCEPÇÃO DO PROJETO
2.1 Dados necessários para o projeto
São etapas imprescindíveis para iniciar o projeto:
1. Determinação do ante-projeto de arquitetura;
2. Determinação do projeto de estruturas e fundações;
3. Compatibilização dos demais projetos de instalações da edificação;
4. Determinação da existência de infra-estrutura local e/ou possibilidade de ligação com o coletor público.

2.2 Passo a passo


Projetar uma instalação predial é um processo de análise e proposta de condições criadas e desejadas (que
podem ser as mais variadas) e proposição de soluções que atendam a essas solicitações. Seguem abaixo as etapas
usuais a serem seguidas em um projeto de instalações de esgotos sanitários e águas pluviais:
1. Localizar os pontos de recepção de despejos (equipamentos);
2. Definir e localizar os pontos de destino (tubulações verticais);
3. Definir e localizar dispositivos de armazenamento, tratamento e escoamento (caixas coletoras, fossas
sépticas, filtros anaeróbios, sumidouros e valas de infiltração), se necessário;
4. Definir e localizar tubulações que conduzem os efluentes dos pontos de recepção ao ponto de destino
(ramais de descarga, ramais de esgoto e subcoletores);
5. Estabelecer visitas e pontos de inspeção (tubos operculados, caixas de inspeção e bujões);
6. Estabelecer ventilações necessárias às tubulações projetadas;
7. Definir e localizar a instalação de recalque de esgoto (no caso de instalações em nível inferior à via
pública);
8. Determinar, para cada trecho de tubulação projetada, do número de Unidades Hunter de Contribuição
(UHC);
9. Dimensionar tubulações e equipamentos;
10. Especificar materiais, dispositivos e equipamentos projetados;
11. Fixar diretrizes construtivas;
12. Apresentação final do projeto (plantas baixas, esquema vertical, detalhes construtivos, memória de
cálculo);
13. Elaboração do manual de operação e manutenção (opcional);
14. Quantificação de materiais e equipamentos (opcional);
15. Orçamento e/ou estimativa de custo;
16. Supervisionar execução e anotar responsabilidade técnica.

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3. COMPONENTES DA INSTALAÇÃO
Como já foi definido, Unidade Hunter de Contribuição (UHC) é a unidade utilizada para medir os despejos
sanitários dos diversos equipamentos existentes em uma edificação. Portanto, cada um desses equipamentos
contribui com um número de UHC correspondente à quantidade de esgoto que produzem e possuem um diâmetro
nominal mínimo para seus respectivos ramais de descarga (tabelas 1 e 2). É importante lembrar que 01 UHC
corresponde à vazão de um lavatório residencial que corresponde a 28 litros por minuto.

NÚMERO DE UNIDADES HUNTER DIÂMETRO NOMINAL DO


APARELHO
DE CONTRIBUIÇÃO RAMAL DE DESCARGA (mm)
Banheira residencial 3 40
Banheira de uso geral 4 40
Banheira hidroterápica 6 75
Banheira infantil (hospital) 2 40
Bacia de assento (hidroterápica) 2 40
Bebedouro 0,5 30
Bidê 2 30
Chuveiro residencial 2 40
Chuveiro coletivo 4 40
Chuveiro hidroterápico 4 75
Ducha escocesa 6 75
Ducha perineal 2 30
Lavador de comadre 6 100
Lavatório residencial 1 30
Lavatório de uso geral 2 40
Lavabo cirúrgico 3 40
Lava pernas (hidroterápico) 3 50
Lava braços (hidroterápico) 3 50
Lava pés (hidroterápico) 2 50
Mictório com válvula de descarga 6 75
Mictório com caixa de descarga 5 50
Mictório com descarga automática 2 40
Mictório de calha (por metro) 2 50
Mesa de autópsia 2 40
Pia residencial 3 40
Pia de serviço (despejo) 5 75
Pia de laboratório 2 40
Pia de lavagem instrumentos (hospital) 2 40
Pia de cozinha industrial (preparação) 3 40
Pia de cozinha industrial (lavagem) 4 50
Tanque 3 40
Máquina lava-louças 4 75
Máquina lava-roupas (até 30 Kg) 10 75
Máquina lava-roupas (de 30 até 60 Kg) 12 100
Máquina lava-roupas (acima de 60 Kg) 14 150
Vaso sanitário 6 100
Tabela 1. Unidades Hunter Contribuição e Diâmetro dos Ramais de Descarga (ref.: NBR 8160).

DIÂMETRO NOMINAL DO NÚMERO DE


RAMAL DE DESCARGA UNIDADES HUNTER
(mm) DE CONTRIBUIÇÃO
30 ou menor 1
40 2
50 3
75 5
100 6
Tabela 2. Unidades Hunter Contribuição para aparelhos
não-relacionados na Tabela 1 (ref.: NBR 8160).

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Antes de lançar e dimensionar as tubulações e caixas, é necessário identificar corretamente os diferentes


tipos existentes, enquadrando-as na categoria correspondente. A seguir, apresentam-se variados componentes da
instalação de esgoto sanitário e águas pluviais que devem ser dispostos e dimensionados no projeto. Porém, cabe
ressaltar que a ordem apresentada não é aplicável ao desenvolvimento do mesmo, sendo somente uma boa forma
de expor os temas para a etapa de dimensionamento. Para fins de projeto, deve-se seguir a hierarquia do capítulo 2.
E ainda, é importante observar os diâmetros mínimos para cada tipo de tubulação, como mostra a tabela 3.

TUBULAÇÃO DIÂMETRO
MÍNIMO (mm)
Tubo de Queda Primário 100
Esgoto Primário 100
Coluna de Ventilação 75
Ramal de Ventilação 50
Tubo de Gordura 75
Tubo Secundário 50
Coluna de Águas Pluviais 50
Ramal Secundário (chumbo) 30
Ramal Secundário (PVC) 40
Ramal Secundário (ferro fundido) 50
Tabela 3. Diâmetros mínimos para tubulação de
esgoto sanitários e águas pluviais.

ESGOTO SANITÁRIO

Ramal de Descarga
Ramal de Esgoto
Tubo de Queda
Caixa de Inspeção
Coluna de Ventilação
Ramal de Ventilação
Coletores Prediais e Subcoletores
Tubo de Gordura
Caixa de Gordura
Tubo Secundário
Caixa Sifonada
Caixa de Passagem
Poços de Visita
Tubos Operculados
Instalações de Recalque

ÁGUAS PLUVIAIS

Coluna de Águas Pluviais


Coletores Horizontais
Calhas
Caixas de Areia

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4. CARACTERÍSTICAS E DIMENSIONAMENTO - ESGOTO SANITÁRIO


4.1 Ramal de descarga e ramal de esgoto
Classifica-se como ramal de descarga
toda tubulação que recebe despejos diretos dos
equipamentos. E ramal de esgoto é a canalização
que recebe efluentes dos ramais de descarga.
Após a definição dos aparelhos e das tubulações
de destino, podem-se projetar e dimensionar os
ramais de descarga e de esgoto (ver figura 4.1.a).

Características dos ramais de descarga e esgoto

• Ramais de descarga ou esgoto que atendem


a banheiras, bebedouros, bidês, ralos de
chuveiros ou duchas, lavatórios, pias de
lavagem (sem despejos gordurosos),
máquinas lava-roupas e tanques são,
necessariamente, tubulações de esgoto
secundário. Portanto, devem conectar-se a
outra canalização secundária (ramais de
esgoto ou tubos secundários), sem a
necessidade do uso do sifão. Em outro caso, Figura 4.1.a. Tubulações de um banheiro típico.
podem conectar-se a tubos primários, por
meio de desconectores (caixas ou ralos
sifonados).
• Ramais de descarga ou esgoto de máquinas lava-louças, pias de cozinha e outros equipamentos que recebam
despejos gordurosos devem ser lançados em tubos de gordura (ligação a outra tubulação secundária) ou em
tubulações primárias por meio de dispositivos separadores (caixas de gordura).
• Ramais de descarga ou esgoto de mictórios só podem ser ligados a ralos ou caixas sifonadas com tampa cega,
em material não-atacável pela urina.
• Ramais de descarga ou esgoto que atendem a pias de serviço (despejo) e vasos sanitários devem ligar-se
diretamente a tubulações primárias ou caixas de inspeção.
• Os diâmetros mínimos para os ramais de descarga são dados pelas tabelas 1 e 2. Já para ramais de esgoto,
utiliza-se a tabela 4. As declividades mínimas a serem adotadas para ambos são 1% (para diâmetros iguais ou
maiores que100 mm) e 2% (para diâmetros iguais ou menores que 75 mm).

DIÂMETRO NOMINAL NÚMERO DE UNIDADES


DO TUBO (mm) HUNTER CONTRIBUIÇÃO
30 1
40 3
50 6
75 20
100 160
150 620
Tabela 4. Dimensionamento dos ramais
de esgoto (ref.: NBR 8160).

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4.2 Tubo de queda

Tubo de queda é uma tubulação


vertical com diâmetro uniforme destinada a
receber o esgoto produzido em um ou mais
banheiros que se situam em pavimentos
superiores, conduzindo-os até uma caixa de
inspeção (ver figura 4.2.a). A conexão entre
o tubo de queda (tubulação vertical) e o
ramal de esgoto do banheiro (tubulação
horizontal) pode ser feita diretamente
através da combinação de uma Junção e um
Joelho 45° (situação 1) ou com um Tê
sanitário (situação 2).

Figura 4.2.a – Esquema vertical


mostrando o tubo de queda.

Características do tubo de queda

• Deve ser o mais vertical possível e possuir diâmetro sempre igual ou superior a maior tubulação ligada a ele.
Além disso, o menor diâmetro admitido para tubos de queda é 100 mm.
• O tubo de queda prolonga-se até, no mínimo, 15 cm acima do nível da água do mais alto aparelho sanitário que
despeja nele. A partir daí, transforma-se em ventilação primária que ergue-se, no mínimo, 30 cm acima de lajes
de cobertura ou telhados e 2 m quando houver terraços habitáveis no último pavimento. O dimensionamento da
ventilação primária segue as mesmas tabelas utilizadas para ventilação.
• A extremidade superior de uma ventilação primária dever ser protegida para evitar a entrada de chuva, detritos
ou animais. Para tal, pode-se utilizar um terminal de ventilação, uma curva de 90° ou um Tê.
• Nas mudanças de direção devem sempre ser empregadas curvas de raio longo e visitas junto a elas, para fins de
limpeza e desobstrução (figura 4.2.b). Na sua parte inferior, o tubo de queda liga-se a uma caixa de inspeção.
Para isso, torna-se necessária a utilização de uma curva longa e um trecho horizontal de tubulação. Antes de
qualquer curva, dispõe-se uma visita para desobstruir a tubulação em caso de entupimentos. A peça utilizada
para isso é o Tê de Inspeção (ver figura 4.2.b).
• Os tubos de queda são dimensionados segundo a tabela 5, sendo que o diâmetro mínimo para tubulações que
recebem despejos de vaso sanitário é 100mm.

DIÂMETRO NÚMERO MÁXIMO DE UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO


NOMINAL PRÉDIOS DE ATÉ PRÉDIOS COM MAIS DE 3 PAVIMENTOS
DO TUBO (mm) 3 PAVIMENTOS EM 1 PAVIMENTO EM TODO O TUBO
30 2 1 1
40 4 2 8
50 10 6 24
75 30 16 70
100 240 90 500
150 960 350 1900
200 2200 600 3600
250 3800 1000 5600 Figura 4.2.b. Detalhe
300 6000 1500 8400 das conexões.
Tabela 5. Dimensionamento de tubos de queda (ref.: NBR 8160).

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• Quando houver necessidade de desviar a tubulação, existem duas situações distintas: o desvio é maior ou
menor que 45°. Quando for menor que 45°, o tubo de queda é dimensionado normalmente pela tabela 4. Se o
desvio é maior que 45°, o dimensionamento divide-se em 3 partes:
1ª parte: a parte superior do tubo de queda, anterior ao desvio, deve ser dimensionada normalmente pela tabela
5.
2ª parte: o diâmetro do trecho horizontal de desvio é estabelecido de acordo com a tabela 6, a mesma utilizada
para trechos horizontais (coletores e subcoletores).
3ª parte: a parte da tubulação vertical posterior ao desvio é normalmente dimensionada pela tabela 4,
observando-se sempre que esta não deve ter menor diâmetro que o trecho horizontal, a fim de evitar
estrangulamentos.

DIÂMETRO NÚMERO MÁXIMO DE UHC


NOMINAL DECLIVIDADE MÍNIMA (%)
DO TUBO (mm) 0.5 1.0 2.0 4.0
100 - 180 216 250
150 - 700 840 1000
200 1400 1600 1920 2300
250 2500 2900 3500 4200
300 3900 4600 5600 6700
Tabela 6. Dimensionamento de coletores prediais e subcoletores (ref.: NBR 8160).

Exercício: Dimensionar um tubo de queda (TQ) de um prédio. O tubo recebe despejos de 15 banheiros iguais, um por
andar, sendo que cada um possui:
1 Vaso Sanitário
1 Bidet
1 Lavatório
1 Ralo de Box-Banheira

Resolução:
1 vaso = 6 UHC
1 bidet = 2 UHC
1 lavatório = 1 UHC
1 box-banheira = 3 UHC
------------------
12 UHC por banheiro x 15 pavimentos = 180 UHC (todo o tubo)

Segundo a tabela de dimensionamento de tubo de queda, temos que checar qual é o diâmetro que atende às duas
condições necessárias:
Nº UHC em 1 pavimento
Nº UHC em todo o tubo
Diâmetro Nominal mínimo para Tubos de Queda

Para 180 UHC, toma-se o número imediatamente superior, que corresponde a 500 UHC. Na mesma linha, para
esquerda, verificamos se o n° de UHC também atende ao máximo por pavimento. No caso so exercício, temos 12
UHC por pavimento, podendo chegar até um máximo de 90 UHC.

Por último, confirmamos se 100mm atende ao diâmetro mínimo para um Tubo de Queda.

Atendidas a todas as condições, tomamos o diâmetro da primeira coluna à esquerda.

Ø = 100mm

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4.3 Caixa de inspeção


A função das caixas de inspeção é permitir a verificação,
limpeza e desobstrução das tubulações de esgoto. Pode ser
construída em concreto ou alvenaria, deve ser revestida e
impermeabilizada. As caixas de inspeção são instaladas para
auxiliar na condução do esgoto até o coletor público ou fossas
sépticas. Devem ser utilizadas quando houver união de
subcoletores, alteração no diâmetro das tubulações ou
modificação no curso dos encanamentos, como mostra a figura
4.3.a.

Características da caixa de inspeção


• Como foi citado anteriormente, a caixa de inspeção pode ser
quadrada ou redonda. A profundidade máxima permitida é
1,00m. Sendo quadrada, suas dimensões mínimas são 0,60m
x 0,60m, já a redonda deve ter diâmetro mínimo de 0,60m.
Em casos onde a profundidade necessita ser superior a
1,00m, a caixa de inspeção é trocada por poço de visita (PV).
• O fundo da caixa deve ser executado a fim de evitar o acúmulo
e permitir a rápida passagem dos efluentes sanitários e sua
tampa deve ser removível e também assegurar perfeita
vedação (ver figura 10).
• As tampas das caixas de inspeção devem permitir acesso total
e fácil para fins de limpeza, não criando qualquer obstáculo
para sua abertura.
• A distância máxima entre caixas de inspeção é 25,00m. E a
distância máxima entre a ligação com o coletor público e a
última caixa de inspeção é 15,00m.

Figura 4.3.a. Uso da caixa de inspeção.

• Deve-se priorizar a construção de caixas de inspeção em áreas não-edificadas do lote.


• A distância máxima entre vasos sanitários, caixas retentoras ou caixas sifonadas e a caixa de inspeção não deve
ultrapassar 10,00m.
• Nos casos de prédios com 5 pavimentos ou mais, as caixas de inspeção devem ser instaladas a, no mínimo,
2,00m dos tubos de queda que despejam seus efluentes nela.
• Quando a caixa de inspeção se localizar em prismas e outras áreas internas, esses devem possuir portas ou
janelas que permitam fácil acesso às caixas.
• Uma caixa de inspeção não deve ser instalada em área pertencente a uma unidade autônoma quando essa
receber despejos provenientes de outras unidades.

Figura 4.3.b. Detalhe construtivo da caixa de inspeção.

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4.4 Caixa de passagem


A caixa de passagem é um dispositivo utilizado para coletar águas provenientes de lavagem de pisos ou
tubulações secundárias.

Características da caixa de passagem


• Pode ter base redonda ou poligonal. Se cilíndrica, deve ter diâmetro mínimo de 15 cm; se possuir base poligonal,
deve ser projetada de modo que permita a inscrição de uma circunferência de 15 cm de diâmetro.
• Pode ter tampa cega ou grelha e abertura mínima de 10 cm.
• Não é permitido que caixas de passagem recebam despejos fecais. E quando recebem despejos de cozinhas ou
mictórios, devem ser equipadas com tampa hermética.
• Quando receberem despejos de mictórios, deve-se utilizar PVC ou outro material não-atacável pela urina.
• O dimensionamento da tubulação de saída é dado pela tabela 4.

4.5 Poço de Visita


Assim como a caixa de inspeção, o poço de
visita é um dispositivo usado a fim de permitir possíveis
visitas para inspecionar, limpar e desobstruir as
tubulações. É utilizado quando a profundidade máxima
de caixa de inspeção é ultrapassada (ver figura 3.6.1).

Características do poço de visita


• Possui profundidade mínima de 1 m e base circular
(com diâmetro mínimo de 1,10 m) ou retangular
(com lado mínimo de 1,10 m).
• A câmara de acesso possui diâmetro interno útil
mínimo de 60 cm.
• Na câmara de acesso dos poços de visita, devem
ser projetados degraus que permitem a descida até
seu interior.
• Sua tampa deve ser removível, além de permitir
fechamento hermético.
• O fundo do poço deve ser executado a fim de evitar
o acúmulo e permitir a rápida passagem dos
efluentes sanitários.

Figura 4.5.a. Corte de um poço de visita.

4.6 Tubo Operculado e Tê de Inspeção


Tubos operculados são peças utilizadas nos encanamentos para permitir visitas aos mesmos.

Características do tubo operculado


• Deve ser instalado antes das curvas das tubulações para permitir a possível desobstrução desses pontos, já que
esses se tornam inatingíveis pela mudança de direção.
• Deve possuir aberturas que permitam a utilização de equipamentos manuais ou mecânicos para limpeza.
• Sua tampa deve ser hermética e removível.

4.7 Coletores Prediais e Cubcoletores


Existem dois tipos de tubulações horizontais de esgoto: coletores prediais e subcoletores. Para dimensionar
essas tubulações em casos residenciais, deve-se considerar o somatório dos aparelhos de com o maior número de
unidades de contribuição de cada banheiro. Utilizando-se a tabela 6, é possível escolher o diâmetro mais apropriado
a tubulação, associado a declividade mais interessante ao projeto.

Características dos coletores prediais e subcoletores


• O comprimento máximo de subcoletores dever ser 15,00m, empregando-se caixas ou outras peças de inspeção
a fim de solucionar possíveis entupimentos.
• O diâmetro nominal mínimo de suboletores e coletores prediais é 100mm.
• Devem ser preferencialmente retilíneos e construídos em áreas não-edificadas.

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• Quando houver mudanças de direção inevitáveis, deve-se empregar caixas de inspeção ou curvas de raio longo,
preferencialmente a 45° e nunca superiores a 90°. Só é permitida a utilização de uma curva entre dois pontos
de inspeção. Para desvios da horizontal para a vertical, podem ser utilizadas curvas curtas.
• A inserção de um ramal de descarga ou esgoto no coletor predial requer a utilização de caixa de inspeção ou
junção a 45° ou menor, utilizando-se nesse caso outro dispositivo de inspeção.
• As tubulações devem ser assentadas sobre base firme e, quando necessário colocá-las acima do solo, devem
ser suportadas por braçadeiras de ferro fundido ou por consolos, vigas, pilares e saliências nas paredes,
assegurando o alinhamento e a declividade desejados.

Exercício: Dimensionar as tubulações que interligam as caixas


de inspeção do projeto representado ao lado, considerando
que a inclinação máxima adotada terá de ser 1%.

Resolução:

• Trecho CI-1/CI-3
Total de UHC=50
Consultando a tabela 6, temos:
Ø = 100mm (i=1%)

• Trecho CI-2/CI-3
Total de UHC=70
Consultando a tabela 6, temos:
Ø = 100mm (i=1%)

• Trecho CI-3/CI-4
Total de UHC=120
Consultando a tabela 6, temos:
Ø = 100mm (i=1%)

• Trecho CI-4/CI-5
Total de UHC=195
Consultando a tabela 6, temos:
Ø = 150mm (i=1%)

• Trecho CI-5/Coletor Público


Total de UHC=195
Consultando a tabela 6, temos:
Ø = 150mm (i=1%)

4.8 Tubulações de ventilação


Existem diversas tubulações destinadas à ventilação na instalação de esgoto sanitário. Para estudo, vamos
dividi-las em grupos:
• Ventilações decorrentes do prolongamento de tubos verticais são ventilações primárias (tubo de queda),
ventilações secundárias (tubo secundário) e ventilações de gordura (tubo de gordura). Esses casos devem
obedecer
• Ramal de ventilação é o pequeno trecho de tubulação que conecta a tubulação primária à coluna de
ventilação, evitando variações de pressão que possam romper o fecho hídrico.
• Coluna de ventilação é uma tubulação vertical com diâmetro uniforme destinada a garantir a ventilação de
um ou mais banheiros, a fim de assegurar os fechos hídricos.

Características das tubulações de ventilação


• Qualquer coluna de ventilação deve ter diâmetro uniforme, extremidade inferior ligada à caixa de inspeção,
subcoletor ou tubo de queda (no mais baixo ramal de esgoto ou descarga ou ponto abaixo deste) e
extremidade superior aberta e prolongada acima da cobertura (30 cm para telhados e lajes de cobertura ou
2 m para terraços habitáveis) ou conectada a tubo ventilador primário (15 cm acima do nível de água do
mais alto aparelho);
• A coluna de ventilação possui extremidade superior aberta à atmosfera ou conectada a tubo ventilador
primário ou a barrilete de ventilação.
• A extremidade superior aberta também não deve situar-se a menos de 4 m de qualquer vão de acesso ou
ventilação, exceto em casos que seja erguida 1 m acima das vergas dos vãos em questão;

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• Projeta-se a coluna de ventilação paralela ao tubo de queda, e de modo que qualquer despejo acidental que
nela penetre possa escoar normalmente por gravidade, retornando ao tubo de queda, ramal de descarga ou
desconector que originou o tubo ventilador.
• O tubo ventilador primário e a coluna de ventilação são tubulações verticais e, preferencialmente, projetadas
sob um único eixo reto. Em caso de mudanças de direção, devem ser utilizadas curvas com ângulos não
superiores a 90°;
• Todo desconector deve ser ventilado. O comprimento máximo para o bom funcionamento dos ramais de
ventilação é dado pela tabela 7;
DIÂMETRO NOMINAL DO DISTÂNCIA
RAMAL DE DESCARGA MÁXIMA
(MM) (m)
40 1.00
50 1.20
75 1.80
100 2.40
Tabela 7. Distancia máxima de um
desconector à ventilação.

Figura 4.8.a. Esquema de medição da


distância máxima do desconector.

• Em edificações com apenas 1 pavimento, deve existir um tubo ventilador com diâmetro mínimo de 100 mm,
conectado diretamente a caixa de inspeção, coletor predial, subcoletor ou ramal de descarga de vaso sanitário. E
é obrigatório seu prolongamento além da cobertura do prédio (nas mesmas condições citadas anteriormente).
No caso de prédios exclusivamente residenciais de até 3 pavimentos, o tubo ventilador pode ter diâmetro
mínimo de 75 mm;
• Em edificações de 2 ou mais pavimentos, os tubos de queda devem ser prolongados além da cobertura do
prédio (nas mesmas condições citadas anteriormente), sendo obrigatória a utilização de ramais individuais
conectados à coluna de ventilação;
• Em edificações que já possuam, no mínimo, 1 tubo ventilador primário com diâmetro igual ou superior a 100
mm, fica dispensado o prolongamento do tubo de queda, desde que:
a. o comprimento do tubo não exceda1/4 da altura total do prédio;
b. o tubo de queda não receba mais de 36 Unidades Hunter de Contribuição;
c. a coluna de ventilação seja prolongada até a cobertura do prédio ou conecte-se com uma que o faça,
respeitando os limites estabelecidos na tabela 8.

Figura 4.8.b. Esquemas de ligação das tubulações de ventilação.

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• Se não for interessante prolongar as colunas de ventilação até a cobertura, pode-se utilizar um barrilete de
ventilação para conectar diversas tubulações, dimensionado pela tabela 8. A contribuição é dada pela soma de
todas as tubulações verticais atendidas e a distância considerada é a mais extensa, desde a base da coluna de
ventilação até a extremidade aberta do barrilete;
• É dispensado o uso de tubo ventilador no ramal de descarga do vaso sanitário auto-sifonado ligado através de
um ramal exclusivo ao tubo de queda que possua, no máximo, 2,40m, contanto que esse TQ que receba
efluentes de outros ramais corretamente ventilados do mesmo pavimento, imediatamente abaixo da ligação com
o ramal de descarga do vaso sanitário (figura 4.8.c). Quando não for possível ventilar o vaso sanitário ligado
diretamente ao tubo de queda, o tubo de queda deverá ser
ventilado imediatamente abaixo da ligação do vaso sanitário
(figura 4.8.d);

Figura 4.8.c. Vaso sanitário ligado diretamente Figura 4.8.d. Vaso sanitário ligado diretamente
ao tubo de queda (caso 1). ao tubo de queda (caso 2).

• As colunas de ventilação são dimensionadas através da tabela 8; enquanto os diâmetros dos ramais são dados
pela tabela 9. É importante também observar as condições e diâmetros mínimos citados anteriormente.

DIÂMETRO NOMINAL DO DIÂMETRO MÍNIMO DO TUBO VENTILADOR (mm)


TUBO DE QUEDA OU NÚMERO DE UHC 50 75 100 150 200 250 300
RAMAL DE ESGOTO COMPRIMENTO MÁXIMO PERMITIDO (m)
75 10 46 317
75 21 33 247
75 53 29 207
75 102 26 189
100 43 11 76 299
100 140 8 61 229
100 320 7 52 195
100 530 6 46 177
150 500 10 40 305
150 1100 8 31 238
150 2000 7 26 201
150 2900 6 23 183
200 1800 10 73
200 3400 7 57
200 5600 6 49
200 7600 5 43 171
250 4000 24 94 293
250 7200 18 73 225
250 11000 16 60 192
250 15000 14 55 174
300 7300 9 37 116 287
300 13000 7 29 90 219
300 20000 6 24 76 186
300 26000 5 22 70 152
Tabela 8. Dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação.

GRUPO DE APARELHOS SEM VASO SANITÁRIO GRUPO DE APARELHOS COM VASO SANITÁRIO
DIÂMETRO NOMINAL DO DIÂMETRO NOMINAL DO
NÚMERO DE UHC NÚMERO DE UHC
RAMAL DE VENTILAÇÃO (mm) RAMAL DE VENTILAÇÃO (mm)
Até 2 30 Até 17 50
3 a 12 40 18 a 60 75
13 a 18 50
19 a 36 75
Tabela 9. Dimensionamento de ramais de ventilação.

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4.9 Tubo de gordura


O tubo de gordura (ver figura 4.9.a) é um conduto
vertical de diâmetro uniforme que destina-se a receber
despejos de pias de cozinha e lança seus despejos em
caixas de gordura, situadas nos pavimentos superiores
(geralmente portáteis) ou no pavimento térreo. O
dimensionamento dos tubos de gordura é dado pela tabela
5, a mesma utilizada para os tubos de queda.

Figura 4.9.a. Esquema vertical de um tubo de gordura.

4.10 Caixa de gordura


Sempre que a edificação gerar despejos
gordurosos (pias de cozinha, copas ou laboratório), é
obrigatória a instalação de caixa de gordura para receber
os despejos de tubos de gordura. A caixa de gordura
divide-se em duas câmaras: uma receptora e outra
vertedoura, separadas por um septo fixo (ver figura
4.10.a). O fecho hídrico tem a dupla função de impedir o
lançamento de gordura na rede pública de coleta e evitar
o acesso de gases à tubulação secundária. A capacidade
de retenção da caixa é denominada volume útil.
As caixas de gordura devem possuir tampas
herméticas e removíveis, além de sofrer limpezas
periódicas para retirada dos resíduos que nela se
acumulam. O material utilizado para confecção pode ser
concreto, alvenaria de tijolos ou ferro fundido. Seus
despejos devem ser lançados a uma caixa de inspeção.
Existem 4 tipos de caixas de gordura: pequena
(CGP), simples (CGS), dupla (CGD) e especial (CGE). Figura 4.10.a. Corte de uma caixa de gordura.

Caixa de gordura pequena Caixa de gordura simples


É uma caixa cilíndrica, utilizada quando se tem apenas VU = Volume útil, em litros
a contribuição de uma pia. Possui as seguintes N = número de pessoas atendidas pela cozinha
dimensões: No caso de ambientes de ocupação exporádica, deve-
Diâmetro interno: 30 cm se considerar 50% de sua lotação, com 1m² por
Altura do fecho hídrico: 20 cm pessoa.
Volume útil: 18 litros É também uma caixa cilíndrica, utilizada para despejos
Diâmetro de saída: 75 mm de duas pias, com as seguintes características:
Diâmetro interno: 40 cm
Caixa de Gordura Dupla Altura do fecho hídrico: 20 cm
É uma caixa cilíndrica utilizada para recolher despejos Volume útil: 31 litros
de mais de duas pias, com as seguintes Diâmetro de saída: 75 mm
características:
Diâmetro interno: 60 cm Caixa de gordura especial
Altura do fecho hídrico: 35 cm É utilizada quando os volumes calculados ultrapassam
Volume útil máximo: 120 litros 120 litros. É uma caixa construída sob medida e
Diâmetro de saída: 100 mm calculada da mesma forma que a CGD. Suas
Calcula-se o volume útil da seguinte forma: dimensões são as seguintes:
Distância entre o septo e a saída: 20 cm
VU = 20 + 2 x N Altura do fecho hídrico: 35 cm
Diâmetro de saída: 100 mm

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Exercício: Dimensionar um tubo de gordura e uma caixa de gordura que atendem a 10 apartamentos (1 por andar),
sendo que cada um é composto de sala, 2 quartos, cozinha (1 pia e 1 máquina lava-louças) e dependência de serviço.

Resolução:
Nº de UHC em 1 pavimento: Volume útil da caixa de gordura: VU = 20 + 2 x N
3 + 4 = 7 UHC VU = 20 + 2 x (4 pessoas x 10 apartamentos)
VU = 160 litros > caixa de gordura dupla
Nº de UHC no tubo de gordura:
10 x 7 = 70 UHC Dimensões da caixa de gordura:
Diâmetro interno: 60 cm
Consultando a tabela 5, temos: Ø = 75mm Altura do fecho hídrico: 35 cm
Volume útil máximo: 120 litros
Diâmetro de saída: 100 mm

4.11 Tubo secundário


O tubo secundário (ver figura 4.11.a) é um conduto
vertical de diâmetro uniforme destinado a receber esgotos
secundários, que lança seus efluentes nas caixas sifonadas. O
dimensionamento dos tubos secundários é dado pela tabela 5, a
mesma utilizada para os tubos de queda.

Figura 4.10.a. Esquema


vertical de um tubo
secundário.

Em prédios de 2 ou mais pavimentos que recebem descargas de


tanques ou máquinas lava-roupas (equipamentos que utilizam sabão em pó
ou outros produtos que formam espuma), é recomendável evitar a ligação de
aparelhos em alguns trechos pavimentos inferiores. Isso porque há formação
de zonas de pressão, podendo causar retorno de espuma pela tubulação. São
consideradas zonas de pressão de espuma (ver figura 4.11.b):
- trecho vertical de tubulação com comprimento equivalente a 40 diâmetros,
imediatamente antes da primeira curva;
- trecho horizontal de tubulação com comprimento equivalente a 10
diâmetros, imediatamente após a primeira curva;
- trecho horizontal de tubulação com comprimento equivalente a 40
diâmetros, imediatamente antes da segunda curva;
- trecho vertical de tubulação com comprimento equivalente a 40 diâmetros,
imediatamente antes da base da coluna;
- trecho horizontal de tubulação com comprimento equivalente a 10 diâmetros
após a curva na base da coluna.

Figura 4.11.b. Esquema vertical com as zonas de pressão de espuma.

4.12 Caixa sifonada


São caixas dotadas de fecho hídrico utilizadas para receber despejos secundários, evitando a passagem de
gases para a tubulação secundária.

Características das caixas sifonadas


• Pode ser circular ou poligonal;
• Se circular, sua base deve ter diâmetro mínimo de 30 cm;
• Se poligonal, sua deve permitir a inscrição de um círculo com 30 cm de diâmetro;
• Altura mínima do fecho hídrico: 20 cm;
• A tubulação de saída deve ter diâmetro mínimo de 75mm.

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5. CARACTERÍSTICAS E DIMENSIONAMENTO – ÁGUAS PLUVIAIS


5.1 Generalidades
Sabendo-se da abundância de chuvas e dos efeitos
danosos que estas podem causar aos edifícios, cabe ao
instalador projetar o escoamento das mesmas, priorizando
sempre o trajeto mais curto e o menor tempo possível. Além
disso, vale lembrar que o sistema de águas pluviais é
completamente independente do sistema de esgotos sanitários.
Em geral, os municípios proíbem o lançamento livre de
águas de chuva ao terreno. Com isso, a captação das águas
pluviais se dá através de calhas e ralos situados em varandas,
terraços, coberturas e outros. A partir daí, são conduzidos pelos
ramais horizontais até as colunas de águas pluviais e, depois, até
as caixas de areia, onde serão lançadas à galeria de águas
pluviais (figura 5.1.a).

Figura 5.1.a. Esquema vertical de instalação de águas pluviais.

5.2 Dados locais


Antes de dimensionar os componentes do projeto, é necessário conhecer alguns dados relativos à
intensidade pluviométrica do local, fixando-se a precipitação e o período de retorno.
Período de retorno é o número de anos em que, para a mesma duração da chuva, uma conhecida intensidade
pluviométrica será igual ou, no máximo, o dobro. Os períodos de retorno usuais são os seguintes:

INTESIDADE PLUVIOMÉTRICA (mm/h) • 1 ANO: áreas pavimentadas, que toleram


LOCAL PERÍODO DE RETORNO (anos) pequenos empoçamentos.
1 5 25
Belém 138 157 185 • 5 ANOS: coberturas e terraços.
Belo Horizonte 132 227 230
Florianópolis 114 120 144 • 25 ANOS: coberturas e áreas nas quais
Fortaleza 120 156 180 empoçamentos ou extravasamentos não são
Goiânia 120 178 192 tolerados.
João Pessoa 115 140 163
Maceió 102 122 174 Para edificações de até 100 m² de área de
Manaus 138 180 198 projeção horizontal, pode-se considerar a intensidade
Niterói 130 183 250 pluviométrica igual a 150 mm/h. A norma estabelece
Porto Alegre 118 146 167 um padrão de cálculo de áreas (ver figura 5.2.a).
Rio de Janeiro 122 167 227
São Paulo 122 172 191
Tabela 10. Chuvas intensas com duração de 5 minutos.

Figura 5.2.a. Indicação das áreas de contribuição (Ref.:NBR 10844/89).

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A vazão de projeto é dada pela fórmula 4:

Q=ixA.
60 Fórmula 4. Vazão de projeto.

Q = vazão de projeto (l/min)


I = intensidade pluviométrica (mm/h)
A = área de contribuição (m²)

5.3 Lajes de cobertura horizontais


Devem ser projetadas a fim de evitar empoçamentos, com
declividade mínima de 0,5% para garantir o escoamento até os pontos de
drenagem projetados. Havendo chance de obstrução, devem ser
previstos dois ou mais pontos de drenagem, utilizando-se o ralo
hemisférico, também conhecido como ralo “abacaxi”. (ver figura 5.3.a).

Figura 5.3.a.Ralo Hemisférico.

5.4 Calhas
As calhas mais usuais são as semi-circulares e retangulares, e são calculadas pela equação de Manning
(fórmula 5).
Q = K x S x Rh2/3 x d1/2 Fórmula 5. Equação de Manning.
n
MATERIAL COEFICIENTE
Q = vazão de projeto (l/min)
S = área da seção molhada (m²) Plástico, fibrocimento, alumínio, aço inox, aço
0,011
n = coeficiente de rugosidade (tabela X) galvanizado, cobre, latão
Rh = raio hidráulico (m) Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012
P = perímetro molhado Cerâmica e concreto não alisado 0,013
d = declividade (m/m) Alvenaria não revestida 0,015
K = 60.000 Tabela 11. Coeficientes de rugosidade.

aCalha semi-circular Calha retangular


Rh = π x (r²/2) . Rh = a x b .
πxr b + 2a

Figura 5.4.a. Calha semicircular. Figura 5.4.b. Calha retangular.

5.5 Ramais horizontais


Os ramais horizontais têm a função de conduzir a água recolhida pelos ralos e transportá-la até as colunas de
águas pluviais.
ÁREA (m²)
DIÂMETRO
Características das colunas de águas pluviais DECLIVIDADE MÁXIMA
(mm)
• Devem ter diâmetro uniforme. 0.5 1.0 2.0 4.0
• Seu dimensionamento é feito em função da área 50 - - 35 50
coletada pelos ralos que nela despejam, segundo a 75 - 75 105 150
tabela 12. No momento da escolha, devem-se levar em 100 - 150 215 310
consideração as possibilidades construtivas do edifício, 150 300 420 600 840
analisando os diâmetros e as declividades mais 200 590 870 1190 1740
convenientes. 250 980 1520 1960 3040
300 1590 2470 3180 4940
Tabela 12. Área máxima coletada por ramal horizontal.

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5.6 Coluna de Águas Pluviais


As colunas de águas pluviais (AP) são tubulações verticais que têm a função de recolher a água proveniente
dos coletores horizontais, conduzindo-as até a caixa de areia.

Características das colunas de águas pluviais


• Devem ter diâmetro uniforme.
• O dimensionamento das colunas de águas pluviais é dado em ÁREA (m²) DIÂMETRO (mm)
função da área coletada pela tubulação, segundo a tabela 13. 46 50
Recomenda-se, no entanto, o diâmetro mínimo de 75 mm. 130 75
288 100
780 150
Tabela 13. Área máxima coletada por tubulação vertical. 1616 200

5.7 Caixa de Areia

A caixa de areia tem a função de separar e reter o material mais pesado trazido pelas tubulações de águas
pluviais, provenientes das coletas de pisos ou telhados. Ela deve ter dimensões que proporcionem baixas velocidades
de fluxo, a fim de permitir a deposição de areia e outras partículas no fundo da caixa e evitar seu lançamento na rede
pública. A limpeza da caixa deve ser regular, retirando-se os resíduos depositados.

Figura 5.7.a. Detalhe da caixa retentora de areia.

Exercício: Dimensionar todas as tubulações para a cobertura abaixo representada.

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Resolução:
Deve-se lembrar que os ralos hemisféricos devem estar dispostos de modo a distribuir equilibradamente o fluxo de
águas coletadas para as colunas de águas pluviais. E ainda, o diâmetro mínimo recomendado para as colunas é
75mm. E as declividades adotadas devem atender às possibilidades de rebaixamento do pé-direito dos pavimentos
inferiores.

Tubulações:

• AP-1 > recebe uma contribuição de 120 m² > Tabela X > DN = 75 mm

• AP-2 > recebe uma contribuição de 200 m² > Tabela X > DN = 100 mm

• Trecho horizontal RH-1/AP-1 > recebe uma contribuição de 60 m² > Tabela Y > DN = 75 mm (d=1%)

• Trecho horizontal RH-2/AP-1 > recebe uma contribuição de 60 m² > Tabela Y > DN = 75 mm (d=1%)

• Trecho horizontal RH-3/AP-2 > recebe uma contribuição de 100 m² > Tabela Y > DN = 100 mm (d=1%)

• Trecho horizontal RH-4/AP-2 > recebe uma contribuição de 100 m² > Tabela Y > DN = 100 mm (d=1%)

Exercício: Determinar a área máxima possível esgotada por uma calha retangular de concreto com altura de 15 cm e
largura de 20 cm, considerando-se declividade de 1% e índice pluviométrico de 150mm/hora.

Resolução:
Primeiramente, deve-se calcular o raio hidráulico:
Rh = a x b . Rh = 0,0375
b + 2a

Em seguida, é possível achar a vazão máxima possível para a calha:


Q = K x S x Rh2/3 x d1/2 Q = 60.000 x 0,03 x (0,0375)2/3 x (0,01)1/2 Q = 1551,25 litros/min
n 0,013

Finalmente, encontra-se a área máxima coletada através da equação de vazão:


Q=ixA. 1551,25 = 150 x A . A = 620m²
60 60

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6. SITUAÇÕES ESPECIAIS DE ESGOTAMENTO


6.1 Banheiros conjugados
No caso de banheiros conjugados, são consideradas duas situações distintas:
• os banheiros pertencem a mesma unidade habitacional;
• os banheiros pertencem a unidades diferentes.
No primeiro caso, o esgotamento de um dos vasos sanitários pode ser lançado ao ramal de descarga do
outro (ver figura 6.1.a). Existe ainda a possibilidade de utilizar apenas um ralo sifonado, desde que o número de
aparelhos que nele despejam não ultrapasse o numero de entradas.
Em outro caso, se os banheiros pertencem a unidades distintas, cada conjunto (banheiro) será esgotado
individualmente ao tubo de queda existente (ver figura 6.1.b). Além disso, cada um possuirá ramal de ventilação e
ralo sifonado individuais, para facilitar reparos e manutenções.

Figura 6.1.a. Banheiros de mesma unidade habitacional. Figura 6.1.b. Banheiros de unidades habitacionais diferentes.

6.2 Pavimento de desvio


Quando for necessário desviar tubos de queda e outras tubulações verticais, o esgoto produzido no
pavimento onde ocorrem os desvios deve ser lançado à tubulação depois dos desvios (ver figura 6.2.a). Quando
existirem obstáculos como prismas, estruturas ou outras instalações que tornem necessária a utilização de mais de
uma curva na tubulação que vai ao tubo de queda, é obrigatória a utilização de visita na extremidade do subcoletor
(bujão). O emprego de subcoletores é válido para qualquer situação de tubulação de desvio. Porém, note-se que não
é ideal em pavimentos tipo, pois a visita é realizada pelo pavimento inferior e pode acarretar transtornos a outras
unidades habitacionais.

Figura 6.2.a. Planta baixa e esquema vertical de tubulação desviada (pavimento tipo e pavimento de desvio).

6.3 Cobertura
Quando existirem desconectores instalados em coberturas, consideram-se ventilados aqueles que
atendem às seguintes condições:
• o número de UHC é menor ou igual a 15;
• a distância entre o desconector e uma tubulação ventilada atende aos valores estabelecidos na tabela 7.

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Caso a distância for maior que os limites fixados pela tabela 7, deve-se utilizar os princípios de ventilação
adotados nos demais pavimentos (ver figura 6.3.a).

Figura 6.3.a. Situações de esgotamento com diferentes distâncias (consultar tabela X).

6.4 Vasos em bateria


Quando diversos vasos sanitários auto-sifonados são esgotados em um ramal de descarga, deve-se ventilar
os mesmos através do tubo ventilador de circuito, que liga o trecho de tubulação situado entre o penúltimo e o ultimo
vaso sanitário (contados a partir do tubo de queda) à coluna de ventilação (ver figura 6.4.a – situação 1). Para casos
com mais de 3 vasos e aparelhos em pavimentos superiores descarregando no mesmo tubo de queda, é obrigatória
a instalação de tubo ventilador suplementar, que liga o trecho de tubulação situado entre o tubo de queda e o
primeiro vaso sanitário (contados a partir do tubo de queda) ao tubo ventilador de circuito (ver figura 6.4.a – situação
2). É importante lembrar que cada tubo ventilador suplementar pode atender a, no máximo, 8 vasos sanitários,
contados a partir daquele mais próximo do tubo de queda (ver figura 6.4.a – situação 3).

Figura 6.4.a. Diferentes casos de vasos em bateria.

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Tubos de queda que recebem descargas em mais de 10 pavimentos devem ser ligados à coluna de
ventilação através de tubo ventilador de alívio, a cada 10 pavimentos (contados a partir do andar mais alto). Essa
tubulação deve ter sua extremidade inferior conectada a ao tubo de queda através de uma junção 45º, em ponto
imediatamente abaixo da entrada do ramal de descarga ou esgoto. E ainda, deve ter sua extremidade superior ligada
à coluna de ventilação através de junção invertida, instalada a 15 cm, no mínimo, acima do nível de
transbordamento de água do mais alto aparelho atendido pelo ramal de esgoto ou descarga.
Para dimensionamento dos tubos ventiladores, é necessário observar alguns critérios:
- ramal de ventilação: diâmetro mínimo definido pela tabela 9;
- tubo ventilador de circuito: diâmetro mínimo definido pela tabela 8;
- tubo ventilador suplementar: diâmetro mínimo igual à metade do diâmetro do ramal de esgoto ao qual está
conectado;
- coluna de ventilação: diâmetro mínimo definido pela tabela 8;
- tubo ventilador de alívio: diâmetro igual àquele da coluna de ventilação à qual está conectado.

6.5 Piscina
Basicamente, a qualidade e a salubridade oferecidas por uma piscina estão intimamente relacionadas com
a qualidade da água no interior do tanque. A água da piscina deve estar isenta de microrganismos indesejados, além
de e apresentar condições físicas, químicas e físico-químicas que não prejudiquem a saúde e o bem estar dos
usuários e que não causem corrosão ou danos aos equipamentos.
Essas condições são obtidas através dos tratamentos físico (filtração, aquecimento e outros) e químico
(adição de produtos) da água do tanque. O conjunto de equipamentos com essa finalidade denomina-se sistema de
filtragem e recirculação. Vale ressaltar que as piscinas funcionam permanentemente com o abastecimento inicial e,
quando necessário, quantidades mínimas de águas são acrescentadas para repor pequenas perdas acontecidas no
processo.
O sistema de recirculação e tratamento inclui toda a tubulação, equipamentos e dispositivos destinados à
filtração, aquecimento e desinfecção da água. Seus principais componentes são: tubulações, filtros, bombas de
recirculação, pré-filtros, drenos ou ralos de fundo, coadeiras, dispositivos de retorno, dispositivos de aspiração,
dispositivosde hidroterapia, dosadores de produtos químicos, visores de retrolavagem e aquecedor.
Abaixo, apresenta-se uma descrição dos seus componentes:

Aquecedor. É normalmente instalado na linha de Dosador de produto químico. Deve ser instalado na
retorno da água filtrada para a piscina. Pode ser a linha de retorno da água filtrada para a piscina e de
gás, óleo, energia elétrica (resistência elétrica ou acordo com as instruções do fabricante.
bomba de calor.) ou solar. Dreno ou ralo de fundo. Deve ser conectado à
Bomba de recirculação. Obriga a água a fluir através tubulação de sucção da bomba hidráulica. A água que
do filtro e retornar ao tanque. Ela deve ser flui através do dreno arrasta toda a sujeira que tende
dimensionada de acordo com as características do a se depositar na parte mais profunda do tanque. Ele
filtro e com a perda de carga nas tubulações. também permite a drenagem total da piscina para fins
Coadeira. A coadeira é instalada na parede do tanque de manutenção. Quando a piscina for construída em
na altura do nível da água e conectada à sucção da terreno com presença de lençol freático próximo à
bomba. Sua função é promover um fluxo superficial superfície, torna-se necessária a instalação de uma
da água da piscina e assim recolher as partículas válvula hydro-relief no dreno, para permitir a entrada
flutuantes, tais como folhas, insetos, óleo e outros. de água do terreno para dentro do tanque quando
Dispositivo de aspiração. O dispositivo de aspiração é este for esvaziado.
usado quando existe uma tubulação de sucção Filtro. Sua finalidade é remover partículas sólidas em
destinada exclusivamente à conexão de aspirador. É suspensão ou coloidais pela passagem da água
instalado abaixo do nível da água da piscina e deve através de um meio filtrante.
permanecer vedado por um .plug. Pré-filtro. A função do pré-filtro, localizado antes do
Dispositivo de hidroterapia. O dispositivo de bocal de sucção da bomba, é reter as partículas
hidroterapia produz um jato de água com grande maiores (folhas, papel etc.) em um cesto coletor para
profusão de microbolhas de ar. Esse jato tem ação evitar que elas causem obstrução do rotor da bomba.
hidromassageadora terapêutica. Visor de retrolavagem. Permite observar, durante a
Dispositivo de retorno. O dispositivo de retorno é operação de retrolavagem do filtro, a limpeza do meio
instalado na parede do tanque abaixo do nível da filtrante.
água, e controla a vazão e a direção da água que
retorna à piscina após a filtragem.

Na figura 6.5.a estão representados diagramas esquemáticos do sistema de recirculação. A água puxada
pela bomba sai pelo dreno principal (ralo de fundo) e pela coadeira (skimmer). Pela tubulação, chega ao pré-filtro,
descartando os detritos maiores, seguindo então para o filtro (dispositivo preenchido com areia). Ainda pressionada
pela bomba, retorna à tubulação, que a conduzirá aos dispositivos de retorno e esses, por sua vez irão devolver a
água à piscina.

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Figura 6.5.a. Esquema do sistema de recirculação.

Os filtros para piscinas devem ser


dimensionados a partir do volume de água
contido no tanque e do tempo de recirculação
desse volume de água. O tempo de
recirculação é o tempo necessário à filtração
de um volume de água igual ao volume do
tanque da piscina, ou seja, é o tempo
necessário para passar esse volume de água
através do sistema de recirculação e
tratamento.
Esse tempo deve ser inferior ao tempo
máximo indicado na tabela 14. O tempo
máximo de recirculação é estabelecido em
função da velocidade de contaminação da
água do tanque, ou seja, quanto maior for a
taxa de introdução de impurezas em função do
Figura 6.5.b. Esquema de funcionamento (piscina residencial).
volume de água, maior deve ser a velocidade
Ref.: www.jacuzzi.com.br
de filtração. Isto significa que um volume de
água equivalente ao do tanque dever á fluir
através do sistema de recirculação e
tratamento em um tempo menor. Essa tabela
leva em consideração o grau de freqüência da
piscina (classe de piscinas) e o volume de água
disponível por banhistas (profundidade do
tanque). Quanto maior é a freqüência e menor
o volume de água por banhista, menor é o
tempo máximo de recirculação admitido.

Figura 6.5.c. Esquema de funcionamento (piscina pública).


Ref.: www.jacuzzi.com.br

CLASSE DE PISCINAS
PROFUNDIDADE DO TANQUE PÚBLICAS, COLETIVAS RESIDENCIAIS PRIVATIVAS
Profundidade máxima até 0,60m 2 horas 6 horas
Profundidade mínima inferior a 0,60m e 4 horas 6 horas
profundidade máxima superior 0,60m
Profundidade mínima entre 0,60m e 1,80m 6 horas 8 horas
Profundidade mínima superior a 1,80m 8 horas 12 horas
Tabela 14. Tempo de máximo de recirculação completa.

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6.6 Pavimento térreo (prédio sem subsolo)


No caso do pavimento térreo (nível da rua),
qualquer aparelho sanitário despeja seus efluentes
diretamente na respectiva caixa (inspeção, gordura,
sifonada ou areia). São considerados corretamente
ventilados os desconectores que atendem às seguintes
condições:
• O número de UHC é menor ou igual a 15;
• A distância entre o desconector e uma tubulação
ventilada atende aos valores estabelecidos na tabela 7.
A seguir, são expostas 2 situações distintas acerca
do esgotamento de vasos sanitários e ralos sifonados em
pavimentos térreos.

Distância vaso sanitário/caixa de inspeção é menor ou


igual a 2.40m

• Se a caixa de inspeção à qual estão ligados o vaso


sanitário e o ralo sifonado recebe efluentes de tubo de
queda devidamente ventilado, o vaso sanitário é
considerado ventilado (ver figura 6.6.a).

Figura 6.6.a. Vaso/Ci menor que 2.40m com TQ ventilado.

• Quando a caixa de inspeção não recebe


contribuições tubo de queda ventilados, deve-se
ventilar a caixa de inspeção. Para tal, existem
duas opções: cria-se uma ventilação exclusiva
para a caixa de inspeção ou prolonga-se uma
coluna de ventilação qualquer conectando-a à
caixa de inspeção (figura 6.6.b).

Figura 6.6.b. Vaso/CI menor que 2.40m com CI


ventilada.

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Distância vaso sanitário/caixa de inspeção é maior que


2.40m
• Nesse caso, deve-se prolongar uma coluna de
ventilação qualquer, conectando-a ao ramal que liga o
vaso sanitário à caixa de inspeção (antes da ligação do
ralo sifonado), observando a distância máxima de
2.40m (figura 6.6.c).

Figura 6.6.c. Vaso/CI maior que 2.40m com ramal ventilado.

6.7 Pavimento térreo (prédio com subsolo)


No caso do pavimento térreo de prédios com
subsolo, deve-se observar alguns critérios:
• As tubulações verticais devem ser lançadas em
subcoletores, presos ao teto do subsolo, que
conduziram os efluentes até as respectivas caixas,
que devem ser instaladas fora dos limites do subsolo.
• Os subcoletores devem, obrigatoriamente, ser
equipados com peças que permitam a visita (bujões).
• A distância entre o bujão e a caixa de inspeção não
pode ser superior a 25.00m. Caso seja impossível,
deve-se instalar um tê de inspeção (ou tubo
operculado) para permitir a visita pelo subsolo, no
máximo, a cada 25.00m.
• Na base da coluna das tubulações verticais também
deve ser instalado um tê de inspeção (ou tubo
operculado).
• Nos casos em que for impossível esgotar diretamente
os aparelhos nas caixas situadas no pavimento térreo
(como visto no item 5.6) devido à distância, deve-se
utilizar um subcoletor para cada tipo de despejo,
respeitando-se a diferença entre eles (primário,
secundário, gordura e pluvial).
• Para fins de ventilação, devem ser observadas as
mesmas recomendações expostas no item 5.6.

Figura 6.7.a. Esgotamento de pavimento


térreo em edifício com subsolo.

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6.8 Subsolo e instalações de nível inferior à via pública


Quando existirem aparelhos e outros dispositivos situados em nível inferior a via pública, a contribuição dos
mesmos deverá ser lançada a uma caixa coletora. Após receber os despejos por gravidade, o esgoto é recalcado
para uma caixa de inspeção, em nível superior, através do uso de bombas de eixo vertical. É vedada a ligação de
qualquer aparelho à caixa coletora sem intermédio de caixa de inspeção. Nos casos de subsolos que possuem
apenas esgoto secundário, é possível lançar os efluentes à caixa sifonada e, em seguida, à caixa coletora.

Figura 6.8.a. Subsolo com contribuição de esgoto primário. Figura 6.8.b. Subsolo sem contribuição de esgoto primário.

Características da caixa coletora


• O dimensionamento da caixa coletora deve evitar constantes
acionamentos do sistema de bombeamento. O método usual de
dimensionamento consiste em adotar um volume igual 40% dos
reservatórios superiores do prédio.
• Quando houver esgoto primário no subsolo, a caixa coletora deve ter
profundidade mínima de 0.90m. Caso contrário, pode-se adotar a
profundidade mínima de 0.60m.
• É obrigatória a ventilação de qualquer caixa coletora. No caso de
recebimento de esgoto primário, deve-se criar uma coluna de
ventilação exclusiva. Caso receba somente esgotos secundários, a
caixa coletora pode ser conectada a qualquer coluna de ventilação.
• Os diâmetros mínimos da tubulação de recalque das bombas são: 3”
(quando há esgoto primário) e 2” (quando há apenas esgoto
secundário). Figura 6.8.c. Esquema de recalque de
uma caixa coletora.

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7. DETALHES DE EXECUÇÃO E MONTAGEM


7.1 Banheira 7.2 Lavatório

7.3 Mictório 7.4 Pia de Cozinha

7.5 Tanque 7.6 Vaso Sanitário

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8. DISPOSITIVOS DE TRATAMENTO
8.1 Terminologia Fossa séptica de câmaras em série. Unidade que
possui compartimentos comunicantes para
Câmara de decantação. Compartimento da fossa ocorrência dos fenômenos de decantação e
séptica onde ocorre o processo de decantação. digestão, com a predominância da digestão no
Câmara de digestão. Compartimento da fossa primeiro compartimento.
séptica destinado à acumulação e à digestão do Fossa séptica de câmaras sobrepostas. Unidade que
material decantado. possui compartimentos independentes para
Câmara de escuma. Compartimento da fossa séptica ocorrência dos fenômenos de decantação e
destinado à acumulação e à digestão da escuma. digestão, havendo separação entre os despejos e o
lodo digerido.
Diâmetro nominal (DN). Número que classifica os Fossa séptica de câmara única. Unidade que possui
tubos e conexões quanto ao seu tamanho apenas um compartimento para ocorrência dos
(diâmetro). Seu valor é expresso em milímetros (mm) fenômenos de decantação e digestão.
e aproxima-se do diâmetro interno dos tubos.
Digestão. Processo bioquímico de decomposição das Lodo. Substância acumulada por sedimentação dos
matérias orgânicas em substâncias e compostos sólidos existentes nos esgotos frescos ou da
mais simples e estáveis. digestão no interior das fossas sépticas.
Dispositivos de entrada e saída. Peças utilizadas na Lodo digerido. Lodo proveniente da digestão
entrada e na saída da fossa séptica, com a completa de substâncias decantadas na fossa
finalidade de garantir a distribuição uniforme dos séptica.
líquidos e impedir a saída de escuma. Lodo fresco. Lodo instável que ainda não iniciou seu
processo de digestão.
Efluente. Substância predominantemente líquida que
é despejada por fluxo normal, através do dispositivo Sumidouro. Poço destinado a receber efluentes
de saída da fossa séptica. devidamente tratados e permitir a sua infiltração no
Escuma. Substância constituída por material graxo, solo.
mistura de sólidos e gases, que ocupa a camada
superficial do líquido presente no interior da fossa Tubo de Limpeza. Tubulação instalada no interior da
séptica. fossa séptica cuja finalidade é possibilitar a visita
Esgoto. Despejos líquidos provenientes das dos dispositivos de remoção de lodo.
edificações, à exceção das águas pluviais.
Vala de filtração. Unidade de tratamento por filtração
Filtro anaeróbio. Unidade biológica de fluxo biológica constituída por leito filtrante e tubulação,
ascendente em condições anaeróbias, cujo meio cuja finalidade é complementar o tratamento
filtrante mantém-se permanentemente afogado, realizado pelas fossas sépticas.
que tem a finalidade de tratar os efluentes Vala de infiltração. Vala que recebe efluentes da
provenientes da fossa séptica. fossa séptica e distribui-os para as camadas
Fossa séptica. Unidade de sedimentação e digestão, subsuperficiais do solo, através de tubulação
dotada de fluxo horizontal, destinada ao tratamento adequadamente instalada.
de despejos.

RAFAEL TAVARES E RODRIGO COSTA página - 78 -


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8.2 Diretrizes Gerais


O projeto de fossas sépticas e outros dispositivos de tratamento ou disposição de efluentes deve satisfazer
algumas condições:
• Afastamento mínimo de 20 metros de qualquer fonte de abastecimento de águas ou poço.
• Facilidade de ligação futura ao coletor público.
• Facilidade de acesso e manutenção, devida à necessidade de limpeza periódica para retirada do lodo digerido.
• Não comprometimento de mananciais e da estabilidade de construções e terrenos vizinhos.
• Nos locais desprovidos de redes de esgoto sanitário, devem ser previstos dispositivos de tratamento e disposição
dos efluentes.
• Realização de inspeções semestrais.

8.3 Fossa Séptica


Em áreas não servidas pela rede pública de esgotos sanitários, é necessário tratar previamente os despejos
antes de lançá-los ao meio ambiente. Sendo assim, faz-se necessário uso das fossas sépticas, cuja finalidade é
justamente separar e transformar as substâncias sólidas contidas nos despejos sanitários antes de jogá-las no terreno.
Apesar de existirem dois tipos de fossa séptica (seca e com transporte hídrico), somente o segundo tipo será
detalhado, por ser o mais comumente utilizado (ver figura 8.3.a).

Figura 8.3.a. Planta baixa e corte de uma fossa séptica cilíndrica com câmara única.

Características das fossas sépticas

• As partes sólidas do esgoto que entra na fossa se depositam no fundo, formando o lodo, através do processo de
decantação.
• Já na superfície, forma-se uma camada com densidade menor que aquela o produto líquido denominada escuma
que dificulta a circulação do ar e favorece a ação de bactérias anaeróbias. Tais microorganismos atuam onde não
há circulação de ar, transformando a matéria orgânica em gases ou substâncias solúveis que podem ser lançadas
ao ambiente.
• A altura mínima do líquido para que seja possível a ação neutralizante das bactérias é 1,20m.
• Não devem ser lançados à fossa quaisquer despejos provenientes do sistema de águas pluviais.
• Os efluentes de uma fossa podem ser lançados no solo (através de sumidouros ou valas de infiltração) ou em
águas de superfície (quando tratadas complementarmente por valas de filtração ou filtros anaeróbios).
• Quanto à forma, as fossas sépticas podem ser primas de base cilíndrica, retangular ou quadrada. Quanto à
compartimentação, podem ter câmara única, câmaras em série ou câmaras sobrepostas.

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• Preferencialmente, as fossas devem ser implantadas em local próximo à origem dos despejos e, no mínimo, a 15
metros de qualquer manancial, fonte de água ou poço. Recomenda-se, sempre que possível, a instalação da fossa
na parte do terreno próxima ao logradouro, a fim de facilitar uma futura ligação com a rede publica a ser criada. A
escavação do terreno para implantação da fossa deve permitir que sua parte superior fique um pouco abaixo do
nível do terreno.
• Para dimensionar fossas sépticas de câmara única, existem dois métodos mais empregados: a utilização da tabela
prática de dimensionamento (ver tabela 15) ou o cálculo do volume através da fórmula que considera as variáveis
que influenciam no funcionamento do equipamento (ver fórmula 1 e tabelas 16 e 17). Cabe ressaltar que o
segundo método é mais preciso que o primeiro, por tomar a condição real de uso e manutenção, enquanto o
primeiro considera as piores situações de uso.
• As fossas devem ter capacidade de armazenar lodo digerido por, no mínimo, 10 meses ou 300 dias. Já o período
de digestão do lodo considerado para efeitos de cálculo é 50 dias. O número de pessoas a ser considerado não
deve ser inferior a 5, e o volume mínimo admissível para a câmara de decantação é 500 litros. O volume útil
mínimo das fossas sépticas é 1250 litros.
• Nos prédios que abrigarem ocupantes permanentes e temporários, a fossa séptica será dimensionada de forma a
atender concomitantemente a ambos os casos, considerando a contribuição total.

CONTRIBUINTES PERMANENTES CONTRIBUINTES TEMPORÁRIOS


VOLUME DIÂMETRO C.
ALTURA Apto. Residência Escritório Restaurante Cinema
ÚTIL EXTERNO popular
(metros) 200 150 50 25 02
(litros) (metros) 120
litros/dia litros/dia litros/dia litros/refeição litros/lugar
litros/dia
1614 1.20 2.00 5 6 7 23 46 403
1848 1.50 1.50 6 7 8 26 52 462
2089 1.20 2.50 7 8 9 30 60 522
2618 1.50 2.00 8 10 11 37 74 654
2564 1.20 3.00 9 10 11 37 72 641
2860 1.80 1.56 9 11 13 40 81 715
3039 1.20 3.50 10 12 14 44 88 760
3388 1.50 2.50 11 13 15 48 96 847
3514 1.20 4.00 12 14 16 50 100 878
4041 1.80 2.08 13 16 18 57 115 1010
4158 1.50 3.00 13 16 18 59 118 1039
4239 2.12 1.65 14 16 19 60 121 997
4928 1.50 3.50 16 19 22 70 140 1235
5221 1.80 2.60 17 20 23 74 149 1305
5340 2.50 1.50 17 21 24 76 152 1335
5966 2.12 2.20 19 23 27 85 170 1491
6401 1.80 3.12 21 25 29 91 182 1600
7567 2.50 2.00 25 30 34 108 216 1891
7693 2.12 2.75 25 30 34 109 240 1923
7704 3.00 1.50 25 30 35 120 240 1926
9420 2.12 3.30 36 40 42 165 324 2355
9790 2.50 2.50 37 42 44 171 337 2447
10914 3.00 2.00 45 48 53 205 404 2728
12015 2.50 3.00 51 56 61 245 480 3204
14124 3.00 2.50 70 70 76 313 614 4035
17334 3.00 3.00 86 99 100 385 753 5098
Tabela 15. Fossas sépticas de câmara única cilíndricas (ref.: Silotto e Silotto LTDA - Construconsult).

V = N ( C x T + 100 x Lf Fórmula 1. Volume útil de fossas sépticas com câmara única (ref.: NBR 13969).

V = Volume útil (litros)


N = Número de contribuintes (pessoas)
C = Contribuição de despejos (litros/pessoa/dia)
T = Período de detenção (em dias)
Lf = Contribuição de lodo fresco (litros/dia)

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CONTRIBUIÇÃO (litros/dia)
EDIFICAÇÃO UNIDADE
Despejos (C) Lodo fresco (Lf)
Hospitais leito 250 1
Apartamentos (multifamiliares) pessoa 200 1
Permanente
Ocupação

Residências (unifamilares) pessoa 150 1


Escolas (internatos) pessoa 150 1
Residências populares pessoa 120 1
Hotéis (sem cozinha e lavanderia) pessoa 120 1
Alojamento provisório pessoa 80 1
Fábricas em geral operário 70 0,30
Temporária

Escritórios pessoa 50 0,20


Ocupação

Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50 0,20


Escolas (externatos) pessoa 50 0,20
Restaurantes e similares refeição 25 0,10
Cinemas, teatros e templos lugar 2 0,02
Tabela 16. Contribuição diária de despejos e lodo fresco (ref.: NBR 13969).

PERÍODO DE DETENÇÃO
CONTRIBUIÇÃO (litros/dia)
horas dias
Até 6000 24 1
6000 a 7000 21 0,875
7000 a 8000 19 0,790
8000 a 9000 18 0,750
9000 a 10000 17 0,710
10000 a 11000 16 0,670
11000 a 12000 15 0,625
12000 a 13000 14 0,585
13000 a 14000 13 0,540
Acima de 14000 12 0,500
Tabela 17. Período de detenção (ref.: NBR 13969).

Exercício: Dimensionar uma fossa séptica de câmara única para uma escola pública de 400 alunos e 15 funcionários.

Resolução:

N = número de contribuintes = 400 alunos + 15 funcionários = 415 contribuintes

Utilizando a tabela de contribuição diária, obtemos:


• escola externato para 415 contribuites = 415 x 50 litros = 20750 litros
• Contribuição de lodo fresco (Lf) = 0,20

Utilizando a tabela de período de detenção (T), obtemos:


• T = 0,5 dia (20750 = acima de 14000 litros)
Utilizando a fórmula V = N(CT+Lf), obtemos:
V = 415 x (50 x 0,5 + 0,20)
V = 415 x 25,20
V = 10.458 litros ou 10,46 m³

Arbitrando-se um diâmetro interno de 2,50 metros, temos:


Volume de uma fossa cilíndrica = Hútil x ¶ r²
10,46 = Hútil x 3,1415 x 1,25²
10,46 = Hútil x 3,1415 x 1,5625
10,46 = Hútil x 4,91
Hútil = 2,13 metros

Dimensões adotadas para a fossa séptica: 2,50 (diâmetro) x 2,15 (altura útil)

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8.4 Filtro Anaeróbio


A função do filtro anaeróbio
(ver figura 8.4.a) é prover tratamento
biológico ao esgoto, realizado através
do sistema de fluxo ascendente.
Dessa forma, torna-se obrigatória sua
utilização para tratar os efluentes
vindos das fossas sépticas.

Figura 8.4.a. Corte de um filtro


anaeróbio cilíndrico.

Características dos filtros anaeróbios

• Os filtros anaeróbios são tanques de forma prismática, podendo ter base quadrada ou circular.
• O leito filtrante deve ter altura determinada igual a 1,20m, para qualquer que seja o volume dimensionado. Da
mesma forma, a profundidade útil é fixa e igual a 1,80m para qualquer volume adotado.
• As dimensões mínimas permitidas para filtros anaeróbios são: 0,95m (diâmetro) e 0,85m (largura). Além disso, o
diâmetro máximo e a largura não podem exceder ao valor equivalente a três vezes a profundidade útil.
• Quando as medidas máximas são ultrapassadas e não atinge-se o volume requerido, torna-se necessário
empregar mais de um filtro.
• A capacidade mínima útil a ser adotada é 1250 litros.
• A transmissão de efluentes da fossa séptica para o filtro anaeróbio pode ser feita através de tubulação apropriada
(tê e curva) ou de caixa de distribuição (nos casos onde há mais de um filtro).
• O nível de saída de efluentes do filtro anaeróbio deve ser 0,10m inferior ao nível da fossa.
• O material utilizado na composição do leito filtrante deve ter granulometria uniforme, admitindo-se dimensões
entre 0,04m e 0,07. Comumente, adota-se a pedra britada nº4 para constituição do leito filtrante.
• O fundo falso possui aberturas de 0,03m, com espaços de 0,15 entre si.
• Da mesma forma que a fossa séptica, o filtro anaeróbio pode ser dimensionado de duas formas: a utilização da
tabela prática de dimensionamento (ver tabela 18) ou o cálculo do volume através da fórmula que considera as
variáveis que influenciam no funcionamento do equipamento (ver fórmula 2 e tabelas 16 e 17). Cabe ressaltar que
o segundo método é mais preciso que o primeiro, por tomar a condição real de uso e manutenção, enquanto o
primeiro considera as piores situações de uso.

CONTRIBUIÇÃO CONTRIBUIÇÃO
FILTRO BIOLÓGICO ANAERÓBIO
PERMANENTE TEMPORÁRIA
Apto Casas Escritório Cinema
Volume Útil Diâmetro Altura Restaurante
Quantidade 200 150 50 02
(litros) (metros) (metros) 25 litros/dia
litros/dia litros/dia litros/dia litros/lugar
1248 1 1.00 2.00 - Até 5 15 30 375
1804 1 1.20 2.00 6 7 21 42 543
2496 2 1.00 2.00 8 10 30 60 751
2769 1 1.50 2.00 9 11 33 66 834
3608 2 1.20 2.00 11 15 43 86 1086
4083 1 1.80 2.08 13 16 49 98 1229
4992 4 1.00 2.00 15 20 60 120 1503
5338 2 1.50 2.00 16 22 66 132 1668
5652 1 2.12 2.20 17 23 68 136 1687
7216 4 1.20 2.00 22 29 86 172 2173
7937 1 2.50 2.00 24 32 95 190 2390
8166 2 1.80 2.08 25 33 98 196 2459

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(continuação)
11076 4 1.50 2.00 34 59 160 320 4000
11304 2 2.12 2.20 45 64 180 360 4500
11639 1 3.00 2.00 50 75 200 400 5000
15874 2 2.50 2.00 96 127 382 764 9562
16332 4 1.80 2.08 98 131 393 786 9838
Tabela 18. Filtros biológicos anaeróbios cilíndricos (ref.: Silotto e Silotto LTDA - Construconsult).

V = 1,60 x N x C x T Fórmula 2. Volume útil de filtros anaeróbios (ref.: NBR 13969).

V = Volume útil (litros)


N = Número de contribuintes (pessoas)
C = Contribuição de despejos (litros/pessoa/dia)
T = Período de detenção (dias)

Exercício: Dimensionar um filtro anaeróbio cilíndrico para uma escola pública de 400 alunos e 15 funcionários.

Resolução:

N = número de contribuintes = 400 alunos + 15 funcionários = 415 contribuintes

Utilizando a tabela de contribuição diária, obtemos:


• escola externato para 415 contribuites = 415 x 50 litros = 20750 litros

Utilizando a tabela de período de detenção (T), obtemos:


• T = 0,50 dia (20750 = acima de 14000 litros)

Utilizando a fórmula V = 1,60 x N x C x T, obtemos:


V = 1,60 x 415 x 50 x 0,50
V = 16600 litros ou 16,60 m³

Adotando-se a altura útil de 1,80 metros, temos:


Volume do cilindro = Hútil x ¶ R²
16,60 = 1,80 x 3,1415 x R²
R² = 2,93
R = 1,71 metros

Diâmetro máximo permitido = 3 x altura útil = 5,40 m (OK!)

Dimensões adotadas para o filtro anaeróbio: 3,60 (diâmetro) x 1,80 (altura útil)

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9. DISPOSIÇÃO DOS EFLUENTES


Após o tratamento do esgoto, existem quatro opções distintas para lançar os efluentes:
• Rede de águas pluviais;
• Sumidouro;
• Valas de infiltração;
• Valas de filtração.

9.1 Rede de Águas Pluviais


Nos casos onde a área do projeto
é atendida apenas pela rede águas
pluviais, é permitido lançar os efluentes
da fossa séptica na galeria de águas
pluviais (ver figura 9.1.a). Porém, são
obrigatórios o filtro anaeróbio e a caixa de
inspeção após a fossa séptica.
Figura 9.1.a. Esquema de disposição dos efluentes em regiões
atendidas apenas pela rede de águas pluviais.

9.2 Sumidouro
Em casos onde não existe galeria de águas pluviais e a absorção do terreno é boa, é recomendada a utilização
de poços denominados sumidouros para transmitir os efluentes ao solo (ver figura 9.2.a).

Figura 9.2.a. Planta baixa e corte de um sumidouro sem enchimento.

Características dos sumidouros

• Devem ser utilizados em terrenos cuja absorção seja superior a 40 litros/m²/dia.


• Os sumidouros devem ter as paredes revestidas de alvenaria de tijolos (assentados com juntas livres) ou anéis
pré-moldados de concreto corretamente perfurados.
• O fundo dos sumidouros deve ser preenchido com camada, no mínimo 50 cm de espessura, de cascalho, britas ou
coque.

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• As lajes de cobertura dos sumidouros devem ser construídas em concreto armado, estar no mesmo nível do
terreno e possuir tampão hermético (cuja menor dimensão seja 60 cm) que permita visita.
• No momento que se observar a redução da capacidade de absorção do sumidouro, devem ser construídas novas
unidades, a fim de promover a vazão necessária.
• Quando construídos dois ou mais sumidouros cilíndricos, os mesmos devem ficar afastados entre si a uma
distância igual a pelo menos, 3 vezes o seu diâmetro ou 6 metros (aquela que for maior).
• No caso de desativação de sumidouros, os mesmos devem ser preenchidos com terra.
• Após escolher um diâmetro conveniente ao sumidouro, sua profundidade é calculada pela fórmula 8.1,
consultando-se a tabela 19 para obter o tempo de infiltração

P = N x √t . Fórmula 3. Profundidade de sumidouros (ref.: NBR 13969).


2xπxD

P = profundidade do sumidouro (metros)


N = número de contribuintes (pessoas)
t = tempo de infiltração do efluente no terreno (minutos)
D = diâmetro do sumidouro (metros)

TEMPO DE INFILTRAÇÃO
TIPO DE SOLO TEMPO DE INFILTRAÇÃO
Areia grossa limpa 1 minuto
Cinzas, Carvão 1 minuto
Cascalho e Argila com poros não cheios 1 minuto
Areia fina 2 a 5 minutos
Areia com Argila 5 a 10 minutos
Argila com um pouco de areia 30 a 60 minutos
Argila compacta ou rocha decomposta 120 a 300 minutos
Tabela 19. Tempo de infiltração dos solos.

Exercício: Dimensionar um sumidouro para um prédio multifamiliar com 20 moradores e 2 funcionários, sabendo-se
que o solo do local é composto por areia e argila.

Resolução:
N = número de contribuintes = 20 alunos + 2 funcionários = 22 contribuintes

Utilizando a tabela de tempo de infiltração, obtemos:


• Areia com Argila = 10 minutos (utilizando-se a situação mais desfavorável)

Utilizando a fórmula e adotando-se um diâmetro de 3 metros, obtemos:


P = 2.60m
P = N x √t . P = 22 x √5 .
2xπxD 2 x 3,14 x 3

Dimensões adotadas para o sumidouro: 3,00 (diâmetro) x 2,60 (profundidade)

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9.3 Valas de Infiltração


O sistema conhecido como valas de infiltração consiste em uma série de tubulações horizontais assentadas a
determinada profundidade, cujo solo permite absorção dos efluentes.

Figura 9.3.a. Planta baixa e corte de sistema de valas de infiltração.

Características das valas de infiltração

• Devem ser utilizadas em terrenos cuja absorção esteja compreendida entre 25 e 40 litros/m²/dia.
• A percolação do líquido através do solo permite a mineralização dos esgotos, evitando que esses se transformem
em fontes de contaminação das águas subterrâneas e superficiais.
• A área na qual são construídas as valas de infiltração é denominada campo de infiltração.
• Em valas em valas escavadas em terreno, com profundidade entre 0,60m e 1,00m, largura mínima de 0,50m e
máxima de 1,00m, devem ser assentados em tubos de drenagem de, no mínimo, 100mm de diâmetro.
• A tubulação deve ser envolvida em material filtrante apropriado e recomendável para cada tipo de tubo de
drenagem empregado, sendo que sua geratriz deve estar a 0,30m acima da soleira das valas de 0,50m de largura
ou até 0,60m, para valas de 1,00m de largura. Sobre a câmara filtrante deve ser colocado papelão alcatroado,
laminado de plástico, filme de termoplástico ou similar, antes de ser efetuado o enchimento restante da vala com
terra.
• A declividade da tubulação deve ser de 1:300 a 1:500.
• Deve haver pelo menos duas valas de infiltração para disposição do efluente de um tanque séptico.
• O comprimento máximo permitido para cada vala de infiltração é 30.00m.
• O espaçamento mínimo entre as laterais de duas valas de infiltração é 1.00m.
• A tubulação de efluente entre o tanque séptico e os tubos instalados nas valas de infiltração deve ter juntas
tomadas.
• A área de infiltração total das valas é determinada em função da capacidade de absorção do terreno, calculada
segundo a fórmula 4 e as tabelas 19 e 20. O método de cálculo abaixo também pode ser aplicado ao
dimensionamento de sumidouros. Para efeito de dimensionamento da vala de infiltração, a área encontrada se
refere apenas ao fundo da vala.

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A= V .
Fórmula 4.Área de infiltração necessária (ref.: NBR 13969).
Ci

A = área de infiltração necessária (m²)


V = volume de contribuição diária (litros/dia)
Ci = coeficiente de infiltração (litros/m²/dia)

FAIXA CONTRIBUIÇÃO APROVÁVEL COEFICIENTE DE


DOS SOLOS INFILTRAÇÃO
1 Rochas, argilas compactas de cor branca, cinza ou preta, variando a Menor que 20
rochas alteradas e argilas medianamente compactas de cor
avermelhada.
2 Argilas de cor amarela, vermelha ou marrom, medianamente compactas, 20 a 40
variando a argilas pouco siltosas e/ou arenosas.
3 Argilas arenosas e/ou siltosas, variando a areia argilosa ou silte argiloso 40 a 60
de cor amarela, vermelha ou marrom.
4 Areia ou silte pouco argiloso, ou solo arenoso com húmus e turfas, 60 a 90
variando a solos constituídos predominantemente de areias e silte.
5 Areia bem selecionada e limpa, variando a areia grossa com cascalhos. maior que 90
Tabela 20. Possíveis faixas de variação de coeficiente de infiltração dos solos.

Exercício: Dimensionar um sistema de valas de infiltração para atender aos efluentes diários de uma edificação,
sabendo-se que o tanque séptico contribui com 2160 litros/dia e o terreno é composto por silte pouco argiloso.

Resolução:
Consultando-se a tabela 15, obtemos o coeficiente de infiltração do terreno: 60 litros/m²/dia (pior hipótese).

Aplicando-se a fórmula 4, temos:

A = 2160 . A = 36 m²
60
Considerando-se a vala com 0,60m de largura, obtemos o comprimento:

A = comprimento x largura 36 = comprimento x 0,60 Comprimento total das valas = 60 m

Como o comprimento máximo admitido é 30.00m, podemos dividir o comprimento total em 2 valas:

O sistema seria composto de 2 valas de 30.00m cada.

Ou ainda, se a disponibilidade de espaço for pequena, podemos dividir o comprimento total em 3 valas menores:

O sistema seria composto de 3 valas de 20.00m cada.

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9.4 Valas de Filtração


Os sistemas de valas de filtrações são constituídos de duas canalizações superpostas, com a camada entre as
mesmas ocupada com areia (ver figura 8.4.a). Esse sistema deve ser empregado quando o tempo de infiltração do solo
não permite adotar outro sistema mais econômico (vala de infiltração) e /ou quando o risco de poluição do lençol
freático é inaceitável.

Figura 8.3.1. Planta baixa e corte de sistema de valas de infiltração.

Figura 9.4.a. Planta baixa e corte de sistema de valas de filtração.

Características das valas de filtração

• A profundidade da vala é de 1,20m a 1,50m e a largura na soleira é de 0,50m.


• Uma tubulação receptora, com DN 100 do tipo de drenagem, deve ser assentada no fundo da vala.
• A canalização receptora é envolvida por uma camada de brita nº1 e em seguida a aplicação da camada de areia
grossa de espessura não inferior a 0,50m, que forma o leito filtrante.
• Uma tubulação de distribuição do efluente do tanque séptico, com DN 100mm do tipo de drenagem, deve ser
assentada sobre a camada de areia.
• Uma camada de cascalho, pedra britada ou escória de coque, é colocada sobre a tubulação de distribuição,
recoberta em toda a extensão da vala com papel alcatroado ou similar.
• Uma camada de terra deve completar o enchimento da vala.
• Nos terminais das valas de filtração devem ser instaladas caixas de inspeção.
• Efluente do tanque séptico é conduzido a vala de filtração de tubulação, com no mínimo DN 100mm, assente com
juntas tomadas, dotadas de caixas de inspeção nas deflexões.
• A declividade das tubulações deve ser de 1:300 a 1:500.
• Efluente do tanque séptico é distribuído equivalentemente pelas valas de filtração, através de caixa de
distribuição.
• Para fins de dimensionamento, as valas de filtração devem ter a extensão mínima de 6m por pessoa, ou
equivalente, não sendo admissível menos de duas valas para o atendimento de um tanque séptico.

RAFAEL TAVARES E RODRIGO COSTA página - 88 -

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