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OLHANDO A CRUZ

Olhando àquela cruz atroz e augusta


Em que pende do mundo o Redentor,
Acaso aprendeste quanto custa,
Do perdão que te oferta, o inaudito penhor ?

Olhando àquela fronte lacerada


Por espinhos cruéis, de coroa irrisão;
O flanco assim, ferido pela espada,
As mãos e os pés cravados em prisão;
Olhando o sangue a salpicar-Lhe o rosto,
E do lado a correr-Lhe assim a flux,
Caíste em ti, tomada de desgosto,
Por ver o teu pecado imolando a Jesus ?

Olhando aquela rude populaça,


Vociferando insultos em tropel,
Enquanto o sacerdócio a ultrapassa
Na ironia mordaz e na chufa cruel,
Tu não sentiste o peso do pecado
A oprimir inclemente o Cordeiro de Deus,
A fim de te eximir ao preço acarretado
Por tuas culpas e os delitos teus ?

Não viste neste sangue que Lhe estua


Do flanco alanceado
A fronte que proveu e ainda atua,
Ela só, no delir a mancha do pecado ?
Não foste a essa fonte , compungida,
Buscar a purificação,
E ao Redentor
Pelos laços de amor
P’ra sempre unida,
Não rendeste de vez o coração ?

Meu salvador, revela hoje a minha alma


O sentido vital dessa cruz para mim!
Como ancora perene, eu nela encontre a calma
Da contrição perfeita
E a fé que n’alma delita
Essa visão sem fim!

Isolina A. Waldvogel.

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