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Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 31 de Março de 2022 |Ano XIV | nº 996

Sociedade Civil exige:

Governo deve ser sério

nos reassentamentos
FMI regressa ao tugúrio dos “ladrões” para governar

Nyusi recebe
presente
envenenado
Xai-Xai
Edil não gosta nem
quer escombros
no Município
2| zambeze | destaques | Quinta-feira, 31 de Março de 2022

Linha de Crédito Alargada de 470 milhões de dólares

FMI volta mas tem exigências: fiscalização das finanças

e contenção de salários de funcionários públicos
zz dentro de duas semanas terá que ser aprovado pelo Conselho de Administração
do FMI. É um grande ganho para nós. Eles já nos confiam - Filipe Nyusi

As relações entre Moçambique e as instituições da Bretton

Woods, nomeadamente Banco Mundial e Fundo Monetário
Internacional, bem assim dos parceiros programáticos de
apoio directo ao Orçamento do Estado, azedaram em 2016
depois das entidades terem descoberto que o país havia se
constituído como avalista de empresas privadas à revelia
do Parlamento, o que precipitou a vergonha das chamadas
“dívidas ocultas”, no valor de 1.2 biliões de dólares. A partir
desse momento os parceiros que garantiam o apoio directo
ao Orçamento do Estado colocaram Moçambique na lista
negra por más práticas e suspenderam os apoios que vinham

S
canalizando.

eis anos depois, o gradual das medidas restritivas,

FMI dá um pas-
so significativo
rumo à retoma
do financiamen-
to ao país, mas tudo ainda está
dependente da decisão do Con-
selho de Administração daquela
instituição financeira e do Parla-
mento moçambicano. O acordo
alcançado, esta segunda-feira,
resulta de várias rondas de ne-
gociações com a equipa do FMI
liderada por Álvaro Piris, via vir-
tual, em Janeiro e Fevereiro de
2022, seguidas de uma missão
presencial a Maputo, de 14 a 22
de Março, na qual foi discutido
um programa de três anos sob a
Linha de Crédito Alargada (ECF).
De acordo com o comunicado
do FMI que o Zambeze teve aces-
so, o acordo alcançado está inse-
rido num programa de três anos,
no qual o FMI vai desembolsar
470 milhões de dólares que visa
promover o crescimento susten-
tável e inclusivo e a estabilidade
macroeconómica de longo prazo.
“Nos últimos anos, a econo-
mia moçambicana foi atingida
por uma série de choques seve-
ros que correm o risco de inten-
sificar vulnerabilidades e agravar
as condições socioeconómicas.
Ataques terroristas devastadores
no Norte do país deslocaram mais
de 800.000 pessoas e atrasaram o
desenvolvimento de projectos de
Gás Natural Liquefeito (GNL). O
Governo conseguiu estabilizar a
situação de segurança com a ajuda
de parceiros bilaterais e regionais.
Os ciclones relacionados às mu-
danças climáticas e a pandemia
da Covid-19 afectaram a infra-es-
trutural física e a saúde pública.
Fortes medidas de contenção da
pandemia, combinadas com uma
campanha de vacinação bem su-
cedida, permitiram uma reversão
enquanto as políticas do Governo
para mitigar o impacto socioeco-
nómico da pandemia se beneficia-
ram de apoio internacional - todos
os factores que contribuem con-
juntamente para uma recuperação
estável da economia”, pode-se ler
no documento emitido pelo FMI.
O preço da retoma
Entretanto, o FMI não vai
deixar tudo barato. Com esta
retoma vai exigir do Governo
moçambicano um programa de
médio prazo, a concentração no
crescimento, sustentabilidade
fiscal, bem ainda nas reformas
na gestão e governança das fi-
nanças públicas, tudo assistido
por aquela instituição financeira.
“O programa equilibra o for-
necimento de financiamento com
um ajuste moderado que recons-
truirá o espaço político e reduzi-
rá a dívida e as vulnerabilidades
de financiamento. As medidas
acordadas incluem uma série de
reformas na administração fiscal
e na política do IVA. Do lado da
despesa, a reforma da massa sala-
rial recentemente aprovada irá, ao
longo do tempo, reduzir a pressão
sobre as finanças públicas de re-
munerar os funcionários públicos
e conduzir a uma convergência da
massa salarial, em relação ao PIB,
para níveis médios observados na
região mais alargada”, diz FMI.
Num outro desenvolvi-
mento, o FMI acrescenta que
o programa conjunto também
apoiará as reformas do Governo
abordando desafios estruturais
de longo prazo na gestão de re-
cursos públicos e governança,
visando manter o ritmo das re-
formas estruturais para melho-
rar a gestão dos recursos fiscais.
“Um passo importante será
a aprovação de uma lei de fun-
dos soberanos (SWF), garantin-
do um quadro institucional forte
para gerir a riqueza dos recursos
naturais, centrado inicialmente
no GNL. Na área da governa-
ção, a publicação do relatório de
auditoria COVID, a submissão
ao Parlamento de alterações à
Lei de Probidade Pública e le-
gislação sobre o Combate ao
Branqueamento de Capitais e ao
Financiamento do Terrorismo são
elementos fundamentais do pro-
grama do Governo. O programa
também aborda a transparência
na gestão da dívida e no sector
de recursos naturais, áreas-chave
identificadas no Relatório de
Diagnóstico de 2019 sobre Trans-
parência, Governança e Corrup-
ção, preparado pelo Governo
com o apoio do FMI”, acrescenta.
Na área social, o FMI vai
apoiar as reformas do Governo
para mitigar o impacto da pan-
demia da Covid-19, na vida e
nos meios de subsistência dos
mais vulneráveis da sociedade.
“À medida que esses pro-
gramas temporários terminam, o
programa apoiado pelo FMI in-
clui espaço para financiar um au-
mento nas transferências perma-
nentes para famílias vulneráveis
por meio do Instituto Nacional
de Acção Social (INAS). Os fun-
cionários continuarão a colaborar
com os parceiros de desenvolvi-
mento nesta área”, pode-se ler.
Ninguém nos dava nada
Reagindo sobre este regresso,
o Presidente da República, Filipe
Nyusi, diz que é um alívio para
o país porque estava a ser difícil
conseguir financiamentos em
outros quadrantes. Aliás. Nyusi
disse que no concerto das nações
era visto como um Presidente do
país dos ladrões, em referência ao
escândalo das “dívidas ocultas”.
“O problema não é o FMI.
Mesmo quando ia a China pe-
dir dinheiro, a China dizia re-
solva primeiro o problema com
o FMI. Portanto, ninguém nos
dava nada. Fui a Washington
DC e fui chamado de Presiden-
te dos país de ladrões. Não tinha
peso nenhum, mas fomos nos
impondo e tentar devolver a con-
fiança e o grupo durante anos.
Eles aprovaram e dentro de duas
semanas terá que ser aprovado
pelo Conselho de Administra-
ção do FMI. É um grande ganho
para nós. Eles já nos confiam”,
disse Filipe Nyusi, tendo na al-
tura referido que há um conjun-
to de exigências colocadas na
mesa, sem no entanto especificar.
CTA apela à contenção
A Confederação das As-
sociações Económicas (CTA)
considera que a retoma do FMI
ao financiamento de Moçam-
bique é sinal de optimismo e
confiança no futuro, por parte
de vários segmentos nacionais.
A CTA olha para a decisão
como um balão de oxigénio para
o futuro da economia, mas o Go-
verno diz que é preciso celebrar
com cautelas e refere que mar-
ca o fim de mais de cinco anos
de sanções, por causa da des-
coberta das chamadas “dívidas
ocultas”; a CTA destaca o que
considera de “final feliz” de um
problema que vinha asfixiando
a economia moçambicana e já
causou problemas de tesouraria
e falta de bens essenciais, com
destaque para o sector da saúde.
“A decisão abre boas pers-
pectivas para o financiamen-
to da economia e reabre a
confiança do país perante os
mercados, o que certamente
vai dinamizar o país”, afir-
ma Prekash Prehlad, líder do
pelouro económico na CTA.
Credibilidade de volta
O retorno do FMI a Moçam-
bique é também visto como um
sinal positivo de relançamen-
to do país aos mercados inter-
nacionais por alguns juristas.
Michel Sambo considera que
a medida significa que aquilo que
eram as inquietações do FMI e que
foram os condicionalismos para o
regresso está ultrapassado, abrin-
do deste modo portas para uma
sã convivência entre as partes.
“A decisão é positiva, quer
para o Governo, quer para os cre-
dores do país, pois o país terá mar-
gens para alimentar a economia e
honrar com os seus compromissos
internacionais”, afirma Sambo.
Ainda assim, outros analis-
tas entendem que o país deve
tirar ilações da travessia ao de-
serto que teve e não baixar a
guarda no combate à corrupção.
Quinta-feira, 31 de Março de 2022 | destaques | zambeze |3

Proprietários não cumprem com taxas nem apresentam planos de reutilização

Município de Xai-Xai ameaça

confiscar ruínas e escombros
zz Simulam venda para depois apresentarem preços altos- Emídio Xavier

le órgão de fiscalização das ac-

Elton da Graça tividades do município, Justino
Chizango, a segunda sessão da
A autarquia de Xai-Xai reconhece a existência de um Assembleia Municipal, cuja pre-
número considerável de ruínas e escombros quer na baixa da visão está marcada para o mês
cidade, assim como na zona nobre da praia de Xai-Xai, o que de Maio, vai passar em revista
de algum modo desfigura a urbe, acarretando elevados custos a problemática das ruínas e es-
para o saneamento e segurança daqueles lugares. Neste con- combros, bem como a necessida-
texto, o edil de Xai-Xai, Emídio Xavier, ameaça a breve tre- de de reordenamento territorial.
cho levar os proprietários dessas infra-estruturas à barra do A Assembleia Municipal
tribunal, por não cumprirem com os planos de reutilização pretende ainda trazer recomen-

A
das mesmas nem efectuar o pagamento das taxas de DUAT.
palavra de or- pela cidade, o autarca apontou
dem é o arresto, com preocupação a ruína do anti-
pois os proprie- go Hotel de Xai-Xai, que até hoje
tários das ruínas o proprietário não mostra inte-
e escombros resse de reaproveitar, e quando o
não pagam as taxas relativas ao mesmo é notificado pela edilida-
Direito do Uso e Aproveitamento de para o pagamento das taxas de
de Terra (DUAT), muito menos uso e aproveitamento não se faz
apresentam planos de reutilização presente nem apresenta o plano
das infra-estruturas, sendo que de reutilização, o que é preocu-
a maioria das ruínas sem reutili- pante na medida em que aquela
zação é pertencente a privados. infra-estrutura, nas condições em
Esse fenómeno, segundo o se encontra, desfigura o cartão-
autarca, acaba acarretando custos -de-visitas da praia de Xai-Xai.
ao município, porque este tem de “O proprietário daquela infra-
assegurar a segurança para que -estrutura não se sabe onde está.
aquelas infra-estruturas não se- O município já notificou-lhe vá-
jam moradias de malfeitores e, rias vezes e o mesmo declinou
quiçá, perigar a prática do turis- de se apresentar, ou seja, não tem
mo, sobretudo na zona da praia. planos de utilização daquele local
Mesmo sem avançar o nú- nem paga a taxa de DUAT. O mu-
mero total de ruínas que pululam nicípio não tem outra alternativa
senão avançar com o processo de
arresto”, avisou Emídio Xavier,
acrescentando que está em curso,
através do gabinete jurídico da-
quela autarquia, um trabalho de
levantamento de todas as ruínas
e escombros pertencentes a pri-
vados para uma batalha jurídica.
É que, no entender da edilida-
de, a cidade de Xai-Xai está cada
vez mais rejuvenescida. Porém, a
existência de ruínas e escombros
no domínio do sector privado aca-
ba deitando abaixo todo o esfor-
ço empreendido pela autarquia.
O edil de Xai-Xai diz ter co-
nhecimento de alguns proprietá-
rios desonestos que depois que
são notificados para apresentarem
planos de utilização das respec-
tivas ruínas simulam a venda e,
quando aparece um potencial in-
teressado a tendência é de dificul-
tar o interessado, apresentando-
-lhe preços proibitivos, o que leva
o mesmo a desistir da operação
de venda, deixando a infra-estru-
tura em condições de abandono.
P r e o c u p a - n o s …
Entretanto, a Assembleia
Municipal de Xai-Xai mostra-
-se preocupada com a existência
de inúmeras ruínas naquela cida-
de e assegura que está em curso
a apresentação de uma solução
que possa auxiliar ao município
para lidar com esses assuntos,
ou seja, para o presidente daque-
dações ao município na apli-
cação dos instrumentos legais,
um dos quais relacionados
com a expropriação de terra.
Justino Chizango chamou
atenção aos proprietários das
ruínas para que tenham bom
senso, ou seja, se os legítimos
proprietários não têm planos de
reaproveitar aquelas infra-estru-
turas que cedam aos que demons-
tram capacidade para o efeito.
“Existe uma comissão já
constituída para lidar com o fe-
nómeno das ruínas, bem como
analisar a matéria de reordena-
mento territorial, e acreditamos
que a segunda sessão, a aconte-
cer daqui a alguns dias, poderá
trazer ideias construtivas sobre
o que fazer com aquelas infra-
-estruturas cujos proprietários não
mostram intenção de reaprovei-
tar”, afirmou Justino Chizango.

Taxista é morto a tiro na RAS

Passageiros que viajavam para

Moçambique são roubados após avaria

A
Polícia de Del-
mas, Mpuma-
langa, iniciou
uma caça ao
homem que
matou a tiro um taxista de 39
anos e roubou passageiros que
viajavam para Moçambique.
O porta-voz da Polícia de
Mpumalanga, brigadeiro Selvy
Mohlala, disse que o incidente
ocorreu no domingo ao longo
da rodovia N12, em Delmas.
“Segundo a informação, o
motorista transportava passa-
geiros de Joanesburgo para Mo-
çambique quando o táxi em que
viajavam começou a apresentar
problemas mecânicos. O moto-
rista então decidiu voltar ao pos-
to de gasolina Petroport na N12
para obter assistência, mas o táxi
perdeu energia e desligou ao lon-
go do caminho”, disse Mohlala.
De repente, disse Mohlala,
três suspeitos armados chega-
ram ao local e apontaram ar-
mas de fogo para os viajantes
enquanto exigiam dinheiro.
“O motorista então disse aos
suspeitos que eles não tinham
dinheiro, e um deles aparente-
mente atirou e o matou. Eles
começaram a roubar os celu-
lares e dinheiro dos passagei-
ros e fugiram”, disse Mohlala.
Enquanto isso, a Polícia em
Mpumalanga também está à pro-
cura por três suspeitos que supos-
tamente violaram duas mulheres e
roubaram instrumentos musicais
de uma igreja antes de fugir com
o carro do pastor em Thulamaha-
she, perto de Bushbuckridge.
Mohlala disse que duas mu-
lheres, de 30 e 38 anos, estavam
numa sala da igreja quando ou-
viram um tiro do lado de fora,
seguido por uma batida na porta.
Três suspeitos armados
abriram a porta à força. Eles
supostamente mantiveram as
mulheres sob a mira de uma
arma enquanto tentavam en-
contrar o paradeiro do pastor.
Os suspeitos exigiram di-
nheiro e teriam violado as
mulheres antes de roubar
os instrumentos musicais.
4| zambeze
Um ano depois do ataque brutal à Vila de Palma
Segurança continua crítica e ainda não há data
para retoma do projecto de gás da TotalEnergies
O ataque à Vila de Palma foi dos mais violentos desde o
início do extremismo violento em Outubro de 2017 e aquele
que atraiu a atenção do mundo, com várias cadeias interna-
cionais de informação a reportar o sucedido. Até aqui nunca
foram apurados os números de vítimas humanas, mas estima-
tivas apontam para dezenas de civis mortos, entre nacionais e
estrangeiros que trabalhavam nas empresas subcontratadas
para prestação de serviços e fornecimento de bens no projec-
V
to de gás natural.
árias infra-
-estruturas
públicas e pri-
vadas foram
destruídas;
milhares de pessoas abandona-
ram as suas casas, agravando a
crise humanitária em Cabo Del-
gado. Cerca de 25.000 pessoas
procuraram refúgio em Afungi,
onde funcionava o acampamen-
to da TotalEnergies, e em Qui-
tunda, concretamente na vila de
reassentamento. Eram os únicos
locais seguros e protegidos pelas
Forças de Defesa e Segurança
mais próximos da Vila de Palma.
Agências humanitárias, o
Governo (através das Forças de
Defesa e Segurança - FDS) e a
própria TotalEnergies lideraram
uma campanha de transporte de
vítimas dos ataques para a cida-
de de Pemba. Sucede, porém,
que todas as entidades envolvi-
das nessas operações privilegia-
ram os funcionários do Governo
distrital, trabalhadores da Tota-
lEnergies e de outras empresas
ligadas aos projectos de gás natu-
ral e colaboradores das agências
humanitárias das Nações Unidas.
A população local da Vila
de Palma, que não tinha nenhu-
ma ligação profissional com os
projectos de gás natural, teve
que contar com as suas próprias
forças para escapar do terror do
inimigo. Foram dezenas de mi-
lhares de pessoas que fugiram a
pé e através de barcos para zonas
relativamente seguras, deixando
para trás seus meios de sobrevi-
vência e outros bens adquiridos
com muito sacrifício. Cinco dias
depois do início dos ataques, a
TotalEnergies colocou os seus
meios aéreos e marítimos à dis-
posição para ajudar no transpor-
te da população local de Palma.
O ataque de 24 de Março
aconteceu um dia depois do Go-
verno e a TotalEnergies terem
anunciado que os trabalhos no
complexo de Afungi iriam re-
tomar gradualmente em Abril,
três meses depois de terem sido
interrompidos devido às ame-
aças de segurança. Na altura, a
petrolífera francesa tinha exigido
às autoridades moçambicanas
| destaques |
de mil efectivos das Forças Ar-
madas e da Polícia para Cabo
Delgado. A intervenção militar
do Ruanda foi fundamental na
recuperação da estratégica Vila
Municipal de Mocímboa da
Praia, que era controlada pelos
extremistas violentos depois do
assalto de Agosto de 2020. As
tropas ruandesas foram ainda de-
a definição e implementação de
cisivas na recuperação de várias
um plano de acção com o objec-
aldeias dos distritos de Mocím-
tivo de reforçar a segurança num
boa da Praia e Palma; no res-
perímetro de 25 quilómetros do
gate de civis e na destruição de
centro das operações petrolíferas.
bases dos extremistas violentos.
Em resposta, o Governo de-
Apesar dos avanços signi-
clarara a área do projecto Mo-
ficativos no terreno – que se
zambique LNG como sendo
traduzem na recuperação de vi-
uma zona de operação especial
las-sedes distritais, postos admi-
de segurança e reforçou as infra-
nistrativos e aldeias pelas forças
-estruturas de segurança e o con-
conjuntas de Moçambique, Ru-
tingente das FDS para garantir
anda e da SADC, a segurança no
a retoma das obras de constru-
norte de Cabo Delgado continua
ção da fábrica de GNL e dos
crítica. Os extremistas violentos
programas de desenvolvimen-
têm lançado ataques esporádicos,
to comunitário. Mas o ataque à
sobretudo nos distritos de Maco-
Vila de Palma forçou a TotalE-
mia e Ibo (concretamente na Ilha
nergies a anunciar, em Abril de
do Ibo), aumentando as dúvidas
2021, a retirada de Afungi por
sobre a retoma do projecto de
“força maior”, interrompendo o
LNG em Afungi, cujo perímetro
maior investimento directo es-
de segurança é actualmente ga-
trangeiro em África, avaliado
rantido pelas tropas ruandesas.
em 23 mil milhões de dólares.
Em finais de Janeiro, o Presi-
Pressionado e em risco de
dente da TotalEnergies, Patrick
perder investimentos no sector
Pouyanné, mostrou-se confiante
de gás natural, o Governo aban-
quanto à retoma do projecto Mo-
donou a sua retórica contra a in-
zambique LNG, que se encon-
tervenção militar estrangeira em
tra suspenso há quase um ano.
Cabo Delgado e desencadeou
De visita a Moçambique, Pa-
uma campanha de pedido de
trick Pouyanné deixou claro que
apoio externo para a luta contra
ainda não havia datas concretas
o extremismo violento. Parale-
para a retoma do projecto. “Estou
lamente, não renovou o contrato
optimista em poder voltar a Mo-
com o grupo DAG – empresa mi-
çambique, mas da próxima vez
litar privada que operava em Cabo
não a Maputo. A minha próxima
Delgado desde Abril de 2020.
visita será a Palma, Mocímboa
No início de Julho de 2021,
da Praia, em Mueda, e quan-
quando os moçambicanos aguar-
do vir que a vida está de volta
davam pela chegada das tropas
à normalidade, o que significa
da SADC, o Governo do Ruan-
reposição dos serviços estatais
da anunciava o destacamento
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
e da população, só aí o projecto
poderá retomar. O meu objectivo
continua a ser de retoma neste
ano de 2022”, disse o represen-
tante máximo da TotalEnergies.
Há duas semanas, o director
da TotalEnergies em Moçam-
bique, Maxime Rabilloud, na
companhia do governador de
Cabo Delgado, Valige Tauabo,
visitou o Porto de Mocímboa
da Praia para avaliar as condi-
ções daquela infra-estrutura a
fim de decidir sobre o reinício
das actividades de dragagem.
O objectivo é permitir o acesso
de navios de carga naquele por-
to para abastecer os distritos do
norte de Cabo Delgado e, futura-
mente, o projecto de gás natural.
O Porto de Mocímboa da
Praia, único no norte de Cabo
Delgado, foi uma das infra-
-estruturas visadas pelos ex-
tremistas violentos durante os
ataques armados de Agosto de
2020, que culminaram com
a ocupação da vila munici-
pal por um período de um ano.
Na semana passada, o Gover-
no central reconheceu que ainda
estavam criadas as condições para
o retorno seguro das famílias des-
locadas às suas zonas de origem.
“Ainda persistem alguns precon-
ceitos por parte dos funcionários
públicos. Entendemos que há um
trauma devido ao que passaram
e reconhecemos a necessidade
urgente de reabilitação de infra-
-estruturas e alocação de meios
de trabalho, especialmente meios
circulantes, incluindo ambulân-
cias”, disse Margarida Talapa, a
ministra que chefiou uma brigada
do Conselho de Ministros que tra-
balhou no norte de Cabo Delgado.
A governante confirmou
que ainda não foi executada a
movimentação da população
de Mocímboa da Praia que se
refugiou na península de Afun-
gi, em Palma, devido à fal-
ta de condições para o efeito.
Segundo escreve o jornal Carta
de Moçambique, Margarida Tala-
pa referiu-se ainda à existência do
que chamou de “falhas na consoli-
dação de segurança nas zonas afec-
tadas” pelo extremismo violento.
Esta semana, o Presidente da
República anunciou que pediu
apoio internacional para financiar
as operações militares de combate
ao extremismo violento em Cabo
Delgado, avaliadas em 275 mi-
lhões de euros por ano. “Pedimos
para que os nossos amigos nos
possam ajudar, porque as opera-
ções que agora estão em curso [em
Cabo Delgado] são muito, muito
caras. São aproximadamente 275
milhões de euros por ano. Então,
precisamos de apoios de todos
aqueles que puderem, na dimensão
que possam”, disse Filipe Nyusi.
Moçambique precisa ain-
da de 290 milhões de euros para
criar capacidade real de defesa
de Moçambique, através da ca-
pacitação e reequipamento das
tropas para que o país seja autó-
nomo “para manter a paz”, de-
pois da retirada das forças estran-
geiras do Ruanda e da SADC.
Em Fevereiro último, Nyusi
pediu apoio da União Europeia
para financiar a intervenção mi-
litar do Ruanda e da SADC em
Cabo Delgado. Este sábado, o
Ruanda também anunciou ter
pedido apoio da União Europeia
para financiar as operações das
suas tropas em Cabo Delgado. A
informação foi revelada pelo Alto-
-Comissário do Ruanda em Mo-
çambique, Claude Nikobisanzwe,
que acrescentou que as tropas ru-
andesas continuarão no terreno até
que a situação esteja controlada.
Entretanto, o facto de Mo-
çambique não ter condenado a
invasão da Ucrânia pelas tropas
russas está a gerar algum esfria-
mento nas relações com o Oci-
dente, incluindo com a União
Europeia. Era expectável que
Moçambique, um Estado que
defende o princípio da soberania
nacional e o direito à autodeter-
minação dos povos, condenas-
se a agressão russa da Ucrânia,
bem assim a flagrante violação
dos direitos humanos, sobretudo
o direito à vida de milhares de
civis ucranianos. O esfriamen-
to das relações com o Ocidente
pode afectar as promessas feitas
pela União Europeia de apoio
no combate ao extremismo vio-
lento em Cabo Delgado. (CDD)
Quinta-feira, 31 de Março de 2022 | Comercial | zambeze |5
6| zambeze | opinião | Quinta-feira, 31 de Março de 2022

Almadina Sheikh Aminuddin Mohamad

Bem-vindo, mês de Ramadhaan

C
hegou o impor alguns tipos de para qualidades angélicas, sua relação para com o seu mesma coisa que um leão na
g r a n d e restrições naquilo que a já que o jejum é um Senhor, ao mesmo tempo realidade. Podemos brincar
mês de pessoa mais gosta, na nossa exercício espiritual das que se eleva através da com a fotografia do felino,
Ramadhaan, rotina diária os verdadeiros nossas almas que estiveram purificação da sua alma. mas já não o podemos fazer
e com crentes esperam-no com retidas no corpo por onze A instituição do jejum com o rei da selva quando
ele chegaram os seus muita ansiedade, o que meses, quase esquecendo- tem grandes objectivos, ele estiver diante de nós.
dias abençoados, dias de revela que a felicidade pode se da sua sa ntida de . sendo o primeiro de entre A fotografia ou a imagem
perdão e de misericórdia, ser adquirida ao satisfazer O jejum torna-se real eles a piedade. A essência de fogo não emite calor,
nos quais se renova a alguns aspectos espirituais, quando o jejuador adopta a da piedade é a salvação pelo que não queimam.
ânsia pela introspecção e sacrificando algumas perfeição moral até atingir a do Ser Humano de tudo o Nos actos de adoração
reflexão nas falhas, nos necessidades f ísic a s. perfeição humana, pois não que o prejudica, tanto na também há aparência
pecados e o consequente É um mês de abstinência, se trata apenas da abstenção sua pessoa, como na sua de uma imagem real.
retorno à rectidão. um mês para rever o nosso de comida, da bebida e das família, na sua sociedade, Permanecer com fome e
Consta num aforismo comportamento e nos relações carnais, mas sim, e de tudo o que o impede com sede é uma imagem
do Profeta Muhammad impormos alguma disciplina. e antes de mais, de evitar de alcançar a perfeição. de jejum mas não de
(S.A.W.), no qual citando É o mês de solidariedade, tudo o que Deus proibiu, O jejum é um exercício para Ramadhaan, e por isso o
o Criador diz: “Ó gente pois é o mês em que o não só durante o dia neste a paciência e para a abstenção Profeta (S.A.W.) disse:
da Minha obediência, que Profeta (S.A.W.) diz que abençoado mês, mas também da dureza e causticidade no “O jejum do mentiroso ou
Me ama, que Me adora, e Deus aumenta a nossa durante a noite, pois o dia-a-dia das nossas vidas. do intriguista não vale”.
também os que transgridem provisão e nos encoraja a jejuador abstém-se de tudo É um momento de pausa E disse: “Muitos
as minhas ordens! Eu não alimentarmos os outros, bem aquilo que é ilícito e também para o Homem analisar a jejuadores não ganham
vos desapontarei da Minha como a praticar a caridade. de outras coisas lícitas. sua forma de estar na vida. nada do seu jejum
misericórdia, pois Eu sou Há muita gente na nossa Na realidade, o objectivo Deus diz no Qur’án, senão a fome e a sede”.
mais misericordioso do que terra, particularmente no do jejum é enfraquecer Cap. 2, Vers. 183 e 184: Estas são aparências e
uma mãe para com o seu Centro e Norte do país, que o instinto animalesco na “Ó crentes! Foi-vos imagens do jejum, mas
filho. Ó Meus servos! Juro devido aos ciclones e outras pessoa, já que é a partir deste prescrito o jejum, como na realidade não são
pela Minha Honra e Minha calamidades perdeu tudo o instinto que Satanás assedia foi prescrito aos vossos jejum, pois são imagens
Majestade! Se Me vierem que tinha, sendo esta uma o Ser Humano, razão pela antepassados, para que sem alma e sem vida.
cheios de pecados iguais ao excelente oportunidade qual o Profeta Muhammad possais tornar-vos piedosos. O Profeta Muhammad
número de pedras e grãos para ampliarmos o nosso (S.A.W.) disse: “Quem não (Jejuai por) dias contados”. (S.A.W.) disse também: “Em
de areia, e disserem: Meu grau de generosidade, se abstém de falar mal e Recomendo aos crentes, cada noite deste mês há um
Senhor! Eu arrependo-me! demonstrando alguma de praticar falsidades, para além de se entregarem proclamador que de forma
Eu direi: Meu servo! Eu solidariedade para com as então Deus não precisa que à recitação do Qur’án, constante apregoa: “Ó tu que
aceitei o teu arrependimento”! vítimas das intempéries. essa pessoa se abstenha entregarem-se também à buscas o bem! Avança! Ó
O Isslam é uma religião Na verdade, o Jejum de comer e de beber”. reflexão da mensagem e tu que buscas o mal! Pára”!
de positivismo. Quebra a do Ramadhaan é uma (Al-Bukhari; Musslim) do significado contidos (At-Tirmizi; Ibn Maja)
rotina e o costume, com o oportunidade para Com isto concluímos no Jejum do Ramadhaan. Va m o s t o d o s t i r a r
objectivo de renovar o ego, elevarmos as nossas almas, que o jejuador, com o seu Em todas as coisas no melhor proveito deste
pois este quando se habitua elevá-las deste Mundo para verdadeiro jejum, alcança a Mundo há diferença entre Grande Mês Abençoado.
a alguma coisa inclina-se o Outro Mundo, o Mundo satisfação divina purificando aparência, imagem e Desejo a todos os irmãos
a ela paralisando a mente. dos Céus. Elevá-las das assim o seu coração e a sua realidade. Por exemplo, a muçulmanos Um Feliz e
Não obstante este mês qualidades animalescas alma, purifica também a foto de um leão não é a Proveitoso Ramadhaan.

zambezE
FICHA TÉCNICA

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O n d e a n a ç ã o s e r e e nco n t r a

Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002 Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544 Grafismo: NOVOmedia, SARL
(E-mail: munguambe2 @hotmail.com Fotografia: José Matlhombe
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Arminda Janfar Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá,
Impressão: Sociedade do Notícias S.A
Francisco Rodolfo, Douglas Madjila, Randulani
Quinta-feira, 31 de Março de 2022 | opinião | zambeze |7

Francisco Rodolfo M aputadas

Uma contribuição à XVII edição da CASP

Empresários moçambicanos: a
fragilização das empresas está no
medo de se “associar” internamente…
zz Porquê não conseguimos imprimir Livros da Educação anualmente em Moçambique?...

F
omos nesta
quarta-feira
(30.3.2022)
com o Pedro
à nossa cava-
queira habitual, mas desta
vez no Café e Restaurante
“Acácias”, no Jardim dos
Professores, no Bairro da
Polana- Cimento, mas que
pertence ao Hotel Cardoso.
Já eram cerca das 12
horas depois de termos as-
sistido pela TVM ao vivo à
sessão de abertura da XVII
Reunião do CASP (Con-
ferência Anual do Sector
Privado), presidida pelo
Presidente da República de
Moçambique, Filipe Jacin-
to NYUSI, ali no Centro
Internacional de Confe-
rências Joaquim Chissano.
- “Tu, oh Rodolfo, vens
sempre com aquela de que
eu te faço provocações!...”
-E não acha provoca-
ção quando nas nossas ca-
vaqueiras estivemos com
as atenções viradas na
guerra da Rússia-Ucrânia?
- “É evidente que sim,
nunca poderíamos fugir à
regra, porque aquela maka*
é grande, de tal maneira que
as novas gerações vão enten-
der…” – diz o Pedro depois
de pedir capuchinho para ele
e meu cafezinho da ordem.
-Quando há guerra a eco-
nomia não anda, não há pro-
gresso. Veja como o fluxo da
vida (movimentação de pes-
soas e bens) na Zona Centro,
desde que Mariano Nhongo,
passou infelizmente para a
história, depois de morto em
combate pelas FDS (Forças
de Defesa e Segurança) e a
sua autoproclamada Junta
Militar da RENAMO, caiu
em “banho-Maria” … Al-
guns jovens a ver aquelas
imagens da Ucrânia chegam
à conclusão de que “guer-
ra é guerra”. Vamos ver se
há acordo, porque a tabela
para nós do Terceiro Mun-
do vai ser pior. O trigo que
nós adoramos sempre para
sikatiana**vem lá da Ucrâ-
nia e Rússia, mas que ago-
ra virá com agravamento e
doutros fornecedores. Até
a UE (União Europeia) vai
se ressentir, para não fa-
lar dos combustíveis, com
maior realce para o gás…
- “É por isso que tu rea-
ges sempre quando dizem na
“Escolinha do Barulho”, na
Av. 24 de Julho – que a FRE-
LIMO não fez nada – esque-
cendo-se do tempo dos 16
anos (da guerra de desestabi-
lização) e mais bassela***,
dos anos da zanga do Presi-
dente Afonso Dhlakama...”
- “Esperemos que com
“recados” do Presidente da
República, Filipe NYU-
SI na XVII Conferência do
CASP da CTA, no discur-
so de abertura, a Equipa
do Eng. Agostinho Vuma
seja mais agressiva…”
-Sempre disse: Empre-
sários moçambicanos: a fra-
gilização das empresas está
no medo de se “associar” in-
ternamente… Se as empre-
sas moçambicanas tiverem
a ousadia de se associarem
entre si vão ser mais fortes.
- “Tu sempre reclamas:
como é que mesmo a ní-
vel de estradas, só as em-
presas estrangeiras con-
seguem, amiudadamente,
ganhar os concursos pú-
blicos internacionais para
trabalhar no nosso país…”
-Veja, por exemplo, oh
Pedro: porquê não conse-
guimos imprimir Livros
da Educação anualmen-
te em Moçambique?...
- “A indústria gráfica
não é capaz de consertar
com o Governo de Moçam-
bique, por forma a fazer-se
investimento neste negó-
cio de livros escolares” …
-Gostaríamos de uma re-
flexão desta problemática da
continuação da impressão de
livros escolares noutros paí-
ses, principalmente na Índia.
A questão é que a produ-
ção de livros lá fora coloca
o Ministério da Educação
e Desenvolvimento Huma-
no numa situação delicada.
A chegada tardia dos livros
para níveis da 1ª Classe,
por exemplo, cria constran-
gimentos aos petizes. Quer
dizer, se o MINEDH não
recebe o manual até ao pri-
meiro trimestre não deve
a dinâmica porta-voz Gina
Guibunda convencer os pais
e encarregados de educação
que o professor tem alterna-
tivas. Se por um lado o livro
pode chegar aos portos de
Maputo, Beira e Nacala, com
as chuvas na zona Centro e
Norte, que são cíclicas, po-
derão ser recebidos nalguns
distritos já no 2º semestre.
- “Tens imensas ra-
zões por sempre teres re-
clamado a chegada tardia
do livro impresso lá fora”.
-O nosso empresariado
aproveite as parcerias todas,
para que esta questão da im-
pressão do livro escolar tenha
fim, para que ao Presidente
da República, Filipe NYUSI,
lhe seja atribuído outro pré-
mio, como a “Formiga” que
recebeu do Eng. Agostinho
Vuma, manda chuva da CTA
– disse ao Pedro depois da
garçonete trazer-nos a conta.
Marcamos nosso en-
contro para a semana, mas
gostaríamos que a guerra
Rússia/Ucrânia terminasse.
Moçambique é país sempre
de guerra, e isso condiciona o
desenvolvimento de Moçam-
bique. A guerra sacrificou
gerações inteiras, pois des-
truir é fácil mas reconstruir
é difícil. Veja Mariupol aos
escombros: triste, mas cada
um defende os seus interes-
ses. É o “Mundo CÃO…”
maka* - língua tsonga
que significa problema, di-
ria à maneira de Mia Cou-
to: “problema grande”.
sikatiana**- bolos con-
feccionados com sura (ex-
traído do coqueiro/palmeira)
muito apreciado em Inham-
bane, e não só, pois alguns
produtores enviam para
África do Sul e até Portugal.
bassela***, saguate no
sentido figurado, além dos
16 anos de guerra houve
mais outras que termina-
ram com o novo Acor-
do: Nyusi/Dhlakama, que
culminou com o Acordo
Nyusi/Ossufo Momade.

Comercial

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8| zambeze
C assamo L alá *
O seguro automóvel
O
seguro au-
tomóvel
foi criado
com o in-
tuito de
garantir que os lesados em si-
tuação de acidente rodoviário
serão compensados dos pre-
juízos sofridos, tendo como
base o princípio geral da
responsabilidade estabeleci-
do no Código Civil que diz o
seguinte: “Aquele que, com
dolo ou mera culpa, violar ili-
citamente o direito de outrem
ou qualquer disposição legal
destinada a proteger interes-
ses alheios, fica obrigado a
indemnizar o lesado pelos da-
nos resultantes da violação”.
O Código da Estrada pu-
blicado em 20/05/1954 que
vigorou até o ano de 2011,
J aime A ntónio S aía
A falha russa na criação
dos canais de informação
A
ctualmen -
te, a mídia
se faz cada
vez mais
presente no
nosso quotidiano, tornando-
-se um verdadeiro instrumen-
to de manipulação social e
dominação cultural. A mídia
defende os interesses do ca-
pital, já que este controla os
meios de comunicação, inter-
vindo de forma contundente
na veiculação de informação.
Este elemento a Rússia não
conseguiu controlar desde a
sua existência, razão pela qual
tem havido contradições de
narrativas no conflito entre a
Rússia e Ucrânia, porque a mí-
S obre o A mbiente R odoviário
em relação ao seguro auto-
móvel, inicialmente, não im-
punha a obrigatoriedade de
segurar. Esta obrigação de fa-
zer seguro teve início quando
foi publicada a Lei 2/2003 de
21 de Janeiro, com o objec-
tivo de actualizar o artº 57
do Código da Estrada então
em vigor, passando desde
então, até ao presente, a im-
por a obrigatoriedade de se
fazer seguro automóvel e de
se aplicar uma multa de dois
salários mínimos a quem não
tenha seguro. Quando no ano
de 2011 se publicou o actual
Código da Estrada, em vez
de este instrumento legislati-
vo assumir o que tinha sido
imposto pela referida Lei
2/2003, omitiu a multa esta-
belecida. O Artº 157 do novo
saiajusce@gmail.com
dia ocidental coloca Moscovo
numa posição de desvantagem
na Ucrânia e, por sua vez, a
Rússia tenta de todas as formas
nos trazer uma outra aborda-
gem sobre o mesmo conflito,
mas acontece que a Rússia
acaba saindo em desvantagem
na transmissão de informação,
porque o Ocidente tem todos os
mecanismos para favorecer a
Ucrânia. A guerra de narrativas
que é uma disputa sem trégua
entre a Rússia e o Ocidente, de-
vido a rivalidade que existe en-
tre eles, e o Ocidente não quer
uma Rússia forte que tenha uma
capacidade de se impor criando
balance of power (equilíbrio do
poder) com os Estados Unidos
| opinião |
Código da Estrada apenas diz
que “os veículos a motor só
podem transitar na via pú-
blica desde que seja efectu-
ado o seguro obrigatório nos
termos da Lei específica”. A
única espécie de penalização
relacionada com o seguro
automóvel no actual Código
da Estrada diz o seguinte:
“O veículo que tendo dado
causa ao acidente sem seguro
deve ser apreendido”(artº162,
nº1, alínea f).
Pelo facto de o Código da
Estrada não mencionar uma
multa por ausência de seguro,
que funcionaria como uma
medida de persuasão, pode
estar a contribuir para se fazer
pressupor, erradamente, que
ainda não foi estabelecida uma
sanção monetária por ausência
e com os demais Estados que
compõem o grupo ocidental.
O grande erro da Rússia no
conflito com a Ucrânia é de
não ter criado sistemas de ins-
trumentalização da opinião pú-
blica, porque se tivesse criado
esses sistemas teria a possibi-
lidade de entrar na guerra das
narrativas muito forte, mas
não tendo este canal, para en-
trar na guerra das narrativas, a
Rússia encontra-se fragiliza-
da em termos de sua imagem.
Vale dizer que se pegarmos
a teoria da diplomacia de múl-
tiplos canais perceberemos que
quanto mais houver domínio
da teoria haverá domínio da in-
formação por parte da Rússia.
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
de seguro e contribuir também
para não desenvolver no cida-
dão moçambicano a cultura
do seguro. A prova disto é que
uma estatística publicada anos
atrás revelava que aproxima-
damente 30% dos veículos cir-
culam sem seguro ou com se-
guro caducado. Por esta razão,
convém esclarecer que a Lei
2/2003 de 21 de Janeiro não foi
revogada, e portanto, prevale-
ce a multa estabelecida de dois
salários mínimos para quem
não possua seguro de respon-
sabilidade civil automóvel.
Sobre as vantagens de fa-
zer um seguro, interessa re-
alçar o seguinte. Ao fazer um
seguro automóvel de respon-
sabilidade civil, para além de
o cidadão cumprir com a Lei,
está a garantir que, em caso de
Neste momento há uma
disseminação de uma infor-
mação falsa sobre o assunto
guerra na Ucrânia. Portanto, a
Rússia para resguardar a sua
imagem dentro do seu território
usou uma estratégia de fechar
a informação ao povo russo, o
que alguns analistas entendem
como uma decisão precipita-
da e de desespero, porque vê
a sua imagem manchada pe-
rante a opinião pública. Ainda
que tenham uma certa ajuda
de alguns intelectuais, que ten-
tam olhar o assunto da invasão
num prisma realístico, a Rússia
precisa de criar um mecanis-
mo de informação muito forte
no Sistema Internacional, pois
acidente, sendo responsável
por indemnizar os prejuízos
causados a terceiros, haverá
condição de o fazer uma vez
que a companhia de seguros
representa o segurado nestas
situações. Por outro lado, o
custo de um seguro normal
contra terceiros ronda aproxi-
madamente 3.600,00mts por
ano, ou seja, 300 meticais por
mês. Assim sendo, não se jus-
tifica que muitos proprietários
de veículos optem por não fa-
zer o seguro automóvel, o que
pode causar dissabores quan-
do ocorre um acidente sendo
necessário ressarcir os pre-
juízos causados a terceiros.
Por: Cassamo Lalá –
DIRECTOR DA ESCOLA
DE CONDUÇÃO
INTERNACIONAL
não é uma simples questão de
estar, mas uma questão política
de salvaguardar a sua imagem.
Um outro dado importan-
te é que a Rússia foi arrastada
para uma guerra e não se aper-
cebeu, ou seja, arrastou-se um
Estado que estava muito forte,
perante um cenário em que o
Ocidente estava fragilizado em
termos de coesão da decisão, o
que levou Emmanuel Macron
a dizer que a NATO tinha uma
morte cerebral, contudo, os
membros da NATO, perante
a ameaça da Rússia, tiveram
que fortalecer as suas alian-
ças, portanto, a Rússia precisa
de assumir uma nova roupa-
gem no Sistema Internacional.
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
D ouglas M adjila
Um Governo baseado
no embuste
Q
uando os comentários considerados propa-
gandistas chegam a um nível em que se tor-
nam das mais seguras fontes de informação
observa-se um crescimento na sua procura,
e não só, uma luta para apurar a sua vera-
cidade, e, para infelicidade de alguns, chega-se de facto
aos factos e para infelicidade desses mesmos, a estratégia
defensiva de que trata-se de mera propaganda cai por terra,
e fica a verdade, a de que esse Estado confunde-se com
uma espelunca pela calamitosa gestão de que é vítima.
Fora o alargado descontentamento do povo com as inú-
meras façanhas protagonizadas pelo seu Governo, as fontes
informativas oficializadas reportaram nos últimos dias a
frieza embusteira com que se lida com as massas populares
efectivamente donas desta não Nação, melhor dizendo, deste
território. A problemática dos combustíveis revelou-se um
altíssimo expoente causador da pobreza neste país, sempre
foi assim, mas os últimos acontecimentos demonstraram
detalhadamente o monstro económico que é o combus-
tível, pois é através desses recursos que se faz qualquer
movimento. Esse combustível devia também conduzir às
mãos desses governantes à zona da consciência por tempo
suficiente para perceberem o quão são maus governantes.
E já agora, aonde anda o vangloriado “combate à po-
breza”, ou então o país enriqueceu, ou pior, aquilo era um
plano só de candidatura e não de governação, ou de gover-
nação quinquenal, na estulta ideia de que se pode acabar
com a pobreza em cinco anos, se esse era o plano, falhou.
Mas, a gestão pública de hoje clarifica que esse combate foi
sempre uma fantochada, os combustíveis chegam ao país bem
baratos e a corja dos insensíveis os vende a um preço de ouro a
povo que jamais vira bronze, e mesmo certeza da tamanha po-
breza, aliás, essa é propalada por essa mesma corja. Sem um
mínimo de consideração pelo povo que dirige. Lamentável.
Essas vergonhosas taxas do Município de Maputo agora
são no mínimo uma falta de vergonha, e poderia até se con-
siderar essa danosa gestão como fruto de gestão octogenária,
mas não. Isso não é velhice, esse presidente do município
é dos maiores embusteiros que existente nesse partido.
| opinião | zambeze |9
Editorial
Horizonte não quer
discursos para inglês ver
C
onvenhamos. Apesar de todas as contrariedades que se cru-
zam pelo caminho, o país está no mar alto. Mesmo com as
convulsões características do alto mar, os marujos seguram
o barco. E quando falamos de marujos, referimo-nos a todos
os que do Rovuma ao Maputo, sem desfalecimentos, dão o
seu contributo valioso para atingirmos não apenas o porto em si, mas, so-
bretudo, que este seja seguro e transmita toda a confiança que se augura.
Quando falamos deste porto seguro, falamos da premente necessidade de esclarecer
todas as zonas de penumbra que fustigam o mar sócio-político e económico nacional,
levantando algumas dúvidas no seio dos patrões, que afinal de contas somos todos
nós, como sugeriu o Presidente da República. Eliminar estas dúvidas através de um
portentoso esclarecimento é na verdade um grande marco que pode muito bem guin-
dar o país ao mais alto estágio de ética, que por sua vez nos vai empurrar ao almejado
estágio de crescimento sócio-económico e quiçá granjear novas simpatias no globo.
Em verdade, não basta pintar o país de símbolos que não ostenta, não basta fazer
promessas vãs de cumprimento de determinadas metas, apenas para “inglês ver”. Urge,
antes de tudo, fazer estudos sérios, fazer avaliações prenhes de seriedade no terreno,
e só por fim avançar. O Presidente da República, nas suas visitas em território nacio-
nal, tem dito repetidas vezes que as diversas adversidades que infelizmente existem
não devem significar amolecer as capacidades que todos temos e demonstramos na
construção do edifício nacional, ou seja, o PR incentiva que todos nos envolvamos
com estoicismo na realização das diferentes tarefas da reconstrução, pois tudo o resto
ao seu devido tempo terá a resposta sobre a qual todos nos sentiremos orgulhosos.
Não devemos ficar especados ou parados no tempo, diz o PR. E a colorir estas
palavras aparecem exemplos bem vivos que nos fazem perceber a real dimensão da
moçambicanidade. Os empresários não ficam atrás. De conferência em conferência
vão se revezando na busca de soluções. Os académicos, idem entre aspas. Discutem
o país real. As mulheres bamboleiam seus corpos e fazem o convite ao gozo. Os
jovens fazem planos do amanhã, e as flores que nunca murcham sorriem para a
bonança vindoura. Os patrões (o povo) vibram. É o pulsar do país num momento
de ebulição que assenta em dois pilares. A cooperação e a resolução dos problemas
internos para a paz em Moçambique, abrindo um espaço geográfico que atraia
investidores e suscita sossego económico. A dinâmica mostra que é extremamente
importante esclarecer as “dívidas ocultas”, eliminando as dúvidas do povo, pois
estas dívidas quando ocultadas não correspondem aos fundamentos da cooperação.
A dinâmica manda dizer que a guerra contra o terrorismo, independentemente do
que se passa no campo, a verdadeira situação que por lá se vive deve ser do do-
mínio do povo, porque não interessa oficialmente ouvir isto e na mesma ocasião
ouvir outro foco, sobretudo vindo do estrangeiro, sobre o mesmo assunto. A guerra
em Cabo Delgado, em exclusivo, merece reflexão e assumpção da sua realidade.
Discursos de ocasião, mentiras, grosserias, só nos confundem na qualidade de
patrões. Incentivamos os esforços de todos quantos se têm empenhado em con-
tribuir para o engrandecimento da nação, engordando a dinâmica, consolidando
a prosperidade e coesão nacional, atirando bem para longe as sequelas derivadas
do período conturbado a favor de uma paz duradoira em prol das populações.
10 | zambeze
RANDULANI
Kangahanya e as manias de falar
Português como o Tsungu!? (1)
N
o interior
do vas-
to reino
indígena
encontra-
va-se um povoado muito co-
nhecido por sua característica
aversiva com os costumes
alheios, razão por que, desde
tempos bem recuados, ficou
conhecido como terra dos
Maprimitivo. Os Maprimitivo
viviam na paz com a sua ter-
ra, com a harmonia nas suas
rotinas pela sobrevivência,
felizes com o seu destino de
merecerem tudo aquilo que
havia ali em Muranzini. As
terras daquele povoado eram
férteis, devolviam aos cen-
tésimos tudo o que nelas era
depositado, propositadamente
ou por erro, por isso que os
seus habitantes tinham todos
os sentidos de vida, de graça
e de maldição, e viviam cele-
brando com grandes festivi-
dades tudo o que lhes sucedia.
Apesar de ser um território
vasto, todos os habitantes
de Muranzini conheciam-se
mutuamente, sobretudo atra-
vés de um rasto histórico das
respectivas famílias, honro-
so, sinistro, heróico, vilão,
feiticeiro, nobre, psicopata,
roubador ou mesmo ocioso.
É em Muranzini onde
Kangahanya nasceu e viveu
os anos todos que teve para
viver tranquilo e confortável
na sua condição de Mapri-
mitivo como tantos outros,
mas o seu estilo simpático e
Comercial
ANUNCIE NO
ZAMBEZE
inclinação natural para acei-
tar tudo e fazer tudo que lhe
deu maior notoriedade, não só
em Muranzini como em todo
o reino. Kangahanya recebia
chamamentos aqui e ali, con-
cordava em fazer qualquer
trabalho, e em troca também
anuía qualquer oferta; por
causa disso, Kangahanya
vestia-se extraordinariamen-
te, era um tipo seco e alto de
um metro e setenta e nove
centímetros, mas, imagine-se
vestes doados por gente gor-
da e baixinha que ele usava.
Kangahanya era um homem
que tinha cor de esquilo, mas
vestia roupas de escarlate e
outras mais vivas sem con-
templações, aliás, é esta a
razão que lhe valeu o nome
Kangahanya (basta viver).
Kangahanya era o ser
mais conhecido em Muranzi-
ni, até os animais de muitos
curais o conheciam, não lhe
faltavam temas para provo-
car uma empolgante conver-
sa que podia levar o tempo
fosse possível até que, de
repente, surgisse uma soli-
citação, para carregar lenha
numa floresta qualquer ou
para levar o barril ao poço
buscar a água. Mas a pro-
messa de retomar a conversa
ficava selada e o convívio
de ocasião se dispersava,
cada um para o seu destino
desconhecido. Nas noites de
festas por ocasiões de sim-
ples celebrar a vida ou por
outros motivos mais especí-
|opinião|
ficos como recordação dos
defuntos, transformados em
espíritos protectores e prove-
dores, uniões de constituição
de família (lowolo ou lobo-
lo), apresentação de crian-
ças à lua, à mãe natureza,
agradecimento pela colheita
abundante… Kangahanya
era o personagem central,
presente e activo em todos os
trabalhos, suas ideias eram
sempre válidas, seu trabalho
sempre aclamado, mas isso
tudo não era bastante para ele
deixar de ser Kangahanya.
O reino indígena tinha
vários povoados, do norte ao
sul, do este ao oeste, da flo-
resta dos macacos de rabo
curto e esquilos devastadores
de culturas ao grande rio dos
gigantes jacarés, mas o povo-
ado de Muranzini era o mais
afamado, e Kangahanya era
o sol que atraía todas as aten-
ções. Um dia, numa celebra-
ção majestosa do grande rei
M’pwata-Txani, na qual to-
dos os capazes lá estiveram,
crianças e velhos, jovens e
adultos, mulheres e homens,
os mais próximos do rei pri-
varam com o Kangahanya,
queriam-no para estar na casa
real, servir o rei e ter os privi-
légios cobiçados por muitos.
– Não sei fazer mais nada
na vida que viver como Ma-
primitivo do jeito que só inte-
ressa aqueles que me querem
por um tempo para que sobe-
je também o meu…porque lá
em Muranzini a gente vive
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Quinta-feira, 31 de Março de 2022
por viver, mas a natureza
nunca nos abandonou – res-
pondeu o Kangahanya. Mas
ainda ouviu mais promessas,
mais garantias, mais possibi-
lidade de ele ser um alguém, e
não um simples Kangahanya,
mas o Faz Tudo de Muranzini
declinou as propostas. – A mi-
nha vida é Muranzini, eu vou
para onde posso, mas sempre
volto, no mesmo dia ou no
dia seguinte, mas sempre vol-
to. Viver fora de Muranzini,
longe da minha gente e dos
meus espíritos pode causar
desgraça à minha vida. Tam-
bém não sei falar a língua das
pessoas que o rei recebe nem
vestir como vocês vestem e
tomo banho na lagoa e no rio
dos hipopótamos desde que
nasci – ajuntou Kangahanya.
A festa juntou a todos, e
todos se alegraram, come-
ram todas as carnes dos ani-
mais que vivem nas casas e
aqueles que gozam a vida do
mato, até a carne daqueles
que vivem nas profundidades
das águas foi comida naquela
ocasião. Cantou-se e dançou-
-se, até houve espaço para
os espíritos manifestarem
sua satisfação com o povo, e
lançar recomendações face
aos problemas, grandes e
pequenos, que se anteviam,
pois os espíritos vêm o futu-
ro, o seu estatuto omnisciente
lhes permite isso, como tam-
bém decidem o destino de
seus descendentes, que ainda
gozam a vida sobre a terra.
Veio a noite com o céu car-
regado de estrelas brilhantes e
no centro do reino fogueiras
transformaram-se numa luz
misteriosa, onde todos os pre-
sentes pareciam anjos, con-
versando todos com todos,
rindo com plena graciosidade,
comendo os melhores nacos
dos animais conseguidos de
graça. Poucos instantes veio
do fundo do horizonte um
clarão, era o astro da noite,
e a festa conheceu o seu êx-
tase, o rei apareceu, houve
invocações, foram sacrifica-
dos os animais de consagra-
ção. O rei falou, apresentou
os convidados, jubilou-se da
harmonia do seu reinado e di-
tou os decretos todos. A festa
toda acabou com o o raiar do
sol do dia seguinte e todos já
estavam nas suas povoações.
Dias depois, em Muranzi-
ni circulava uma notícia, ha-
via um homem que visitava
a povoação, afinal de contas,
um estrangeiro, convidado
daquela grande festa do rei.
Engraçara-se por uma mulher
desconsolada, de Muranzini,
uma formosa criatura femi-
nina que ficou sem marido
por conta dos trabalhos além-
-fronteira. O forasteiro mal
falava a língua dos Maprimi-
tivo, mas conhecia a lingua-
gem do amor, e o Tsungu não
mais viu o caminho de regres-
so à sua terra porque todas
as luzes daquela noite mos-
traram-lhe uma vida nova,
resumida naquela mulher.
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
Comunidade ruandesa em Maputo organiza
trabalho comunitário na cidade da Matola
O Alto-Comissariado do Ruanda e a Comunidade Ruan-
desa em Moçambique, em colaboração com o Conselho Mu-
nicipal da Cidade da Matola, realizou um trabalho comunitá-
rio “Umuganda”, no sábado, 26 de Março de 2022, na Escola
Secundária da Matola, nesta autarquia.
A
jornada de lim-
peza contou com
a participação de
mais de 850 pes-
soas, incluindo a
Comunidade Ruandesa residente
na Matola, a população local, auto-
ridades locais e amigos do Ruanda.
O trabalho comunitário é uma
das soluções locais para os desafios
do país, onde todos os cidadãos são
mobilizados a participar na solu-
ção dos seus problemas e também
é uma forma de aproximar as pes-
soas para o bem da comunidade.
Na sua intervenção após o
“Umuganda”, o Alto-Comissário
em Moçambique, Claude Niko-
bisanzwe, agradeçeu a todos pela
participação na actividade, men-
cionando ainda que “para o Alto-
-Comissariado do Ruanda a reali-
zação desta actividade na Matola é
um acto de solidariedade. Escolhe-
mos esta área porque, por um lado,
está próxima à escola que possui
Qualidade e integridade são principais recomendações de
Carlos Mesquita durante a visita ao LEM e ANE
O
ministro das
Obras Públicas,
Habitação e Re-
cursos Hídricos,
Carlos Mesqui-
ta, visitou na passada sexta-feira, 25
de Março, data que coincide com o
seu sexagésimo aniversário nata-
lício, o Laboratório de Engenharia
de Moçambique (LEM) e a Ad-
ministração Nacional de Estradas
(ANE), com uma mensagem efusi-
va de resgate do papel do LEM no
controlo de qualidade e materiais
de construção a aplicar em obras
públicas e privadas, e ao sector de
estradas a necessidade de revisitar
a concepção, gestão e desenho dos
projectos de construção de estradas.
Numa altura em que aumen-
tam as críticas sobre a qualidade
das obras públicas no país, depois
da passagem da tempestade Ana,
Dumako e Gombe, que danifica-
ram infra-estruturas no Norte e
Centro do país, Carlos Mesquita
desafiou a direcção do LEM a ino-
var e ser mais actuante e pragmá-
tica. “É retórica falar da resiliência
e qualidade das obras quando os
desafios das mudanças climáticas
estudantes que necessitam de usar
um caminho limpo e organizado
que os ajudará a chegar à escola
seguros e assim serem mais pro-
dutivos. Por outro lado, a escolha
da cidade da Matola foi determina-
da pelo facto de muitos ruandeses
praticarem actividades comerciais
nesta região e eles devem mos-
trar solidariedade à comunidade
moçambicana que os acolheu”.
Claude Nikobisanzwe expli-
cou ainda aos participantes que
uma actividade similar (Umu-
ganda) foi organizada na zona da
Mafalala, na cidade de Maputo,
em 2020, acrescentando que esse
compromisso ajuda o Governo a
poupar enormes somas de dinhei-
ro quando realizado mensalmente.
“Gostaríamos de partilhar com
os nossos irmãos e irmãs em Mo-
çambique a ideia que ajuda a man-
ter o bairro limpo e institui o senso
de propriedade”, disse o Alto-Co-
missário. “As autoridades do Con-
nos mostram outras abordagens
que devemos ter, devemos levar
este assunto muito a sério e pro-
curar soluções e experiências de
outros actores, como o Reino dos
Países Baixos, que tem algumas
soluções sobre a questão da gestão
dos recursos hídricos”, afirmou.
Acrescentou que o Laborató-
rio de Engenharia de Moçambique
|nacional|
selho Municipal da Matola podem
contar com o apoio do Alto-Comis-
sariado sempre que necessário” .
No Ruanda, “o trabalho co-
munitário “Umuganda” é rea-
lizado todos os meses, onde os
cidadãos participam no exercício
de limpeza ou outras actividades
sociais nos seus bairros. Contu-
do, devido à Covid-19 o trabalho
comunitário foi suspenso para
tem uma responsabilidade enorme,
pois é impossível falar da qualidade
das obras sem mencionar o papel
deste. “Por isso desafio o LEM a
ocupar a cadeia de produção dos
materiais, sobretudo no controlo
da qualidade”, referiu Mesquita,
durante o encontro que mante-
ve com quadros seniores e outros
trabalhadores daquela instituição.
conter a disseminação da pande-
mia, porém, uma vez que a maio-
ria da população já foi vacinada e
os índices de infecção baixaram o
trabalho comunitário retomou”.
O “Umuganda” também visa
consciencializar sobre a necessidade
de desenvolver acções sobre como
manter os lugares públicos limpos
para preservar o meio ambiente e
garantir o bem-estar dos cidadãos.
Numa outra abordagem, re-
comendou ao LEM a apresentar
os resultados de como são res-
ponsabilizados os produtores dos
materiais de construção e buscar
outras valências nas universidades
e no sector privado, para respon-
der aos desafios que são impos-
tos pelas mudanças climáticas.
Como conclusão, Carlos Mes-
quita chamou atenção ao LEM de
que estes encontros serão frequen-
tes e aos académicos recomendou
que estes devem estar preparados
com informações claras e objec-
tivas, para partilhar com todos os
actores da sociedade para melho-
rar a sua prestação no controlo da
produção dos materiais e constru-
ção das obras públicas e privadas.
Ao sector de estradas, o minis-
tro Mesquita deu recomendações à
Administração Nacional de Estra-
das (ANE) em três perspectivas: a
primeira, quer um sector íntegro,
transparente na contratação dos
empreiteiros e fiscais das obras pú-
blicas e chamou, activamente, ao
papel dos fiscais no monitoramen-
to e fiscalização, devendo os qua-
dros seniores da ANE serem mais
zambeze | 11
Elsa Silvestre, directora da
Escola Secundária da Matola, ex-
pressou o seu apreço à comuni-
dade ruandesa por organizar esta
actividade, uma vez que ajuda o
povo de Moçambique a apren-
der muito com a experiência do
Ruanda no “Umuganda” como
uma das suas soluções locais.
A representante das autori-
dades do Município da Matola,
Florência Muianga, agradeceu à
comunidade ruandesa pela nobre
ideia de partilhar a experiência de
limpeza “nos nossos bairros e re-
feriu que esta actividade demons-
tra as fortes relações bilaterais
entre Moçambique e Ruanda”.
O Alto-Comissário aproveitou
ainda a ocasião para falar sobre a
situação de segurança na provín-
cia de Cabo Delgado, informan-
do aos participantes que a situa-
ção está a melhorar na sequência
das operações conjuntas entre as
Forças de Defesa e Segurança
ruandesas e moçambicanas. “O
Ruanda aprecia o progresso feito
até agora. O Ruanda e Moçambi-
que também estão envolvidos em
diferentes quadros de coopera-
ção bilateral de interesse mútuo”.
proactivos e criativos na monitoria
dos projectos em construção. “De-
vemos ser profissionais, devemos
fazer as coisas com a consciên-
cia de que estamos a fazer bem”.
Segundo, desafiou a ANE a
planificar de forma integrada com
outros sectores do Estado e do
privado, por forma a evitar que,
no futuro, haja obras de cortes de
estrada para dar lugar a outros ti-
pos de construções e, por último,
recomendou esta área para apostar
nas empresas nacionais, com vis-
ta a criar capacidade e aumentar
os postos de trabalho. “Devemos
apostar no empresariado nacional,
devemos criar capacidade interna,
devemos criar oportunidades de
estágios dos estudantes das uni-
versidades técnicas, por forma a
termos um país capacitado para
responder às dinâmicas e à evolu-
ção do mundo”, referiu durante a
visita que efectuou àquele sector.
Por fim, apelou ao sector de
estradas a ter foco, a trabalhar para
o bem-estar das comunidades e en-
contrar formas legais de incluir todos
os aspectos ligados à salvaguarda
social nos projectos de construção.
12 | zambeze
Violência doméstica contra a mulher
O silêncio mortífero
Desde o tempo de Adão e Eva que as relações afectivas
são difíceis, e movidas por violência, seja ela, física, verbal ou
psicológica. E infelizmente os mais atingidos são as mulheres,
provavelmente porque em Moçambique o número de mulheres
é maior em relação ao número dos homens ou porque simples-
C
mente a nossa sociedade é machista.
ontudo, com a
eclosão da Co-
vid-19 no país
os números de
casos de mulhe-
res vítimas de violência doméstica
aumentaram. Há quem diga que
esse facto deve-se ao estresse gera-
do pela convivência, pois antes da
pandemia os casais conviviam pou-
co tempo juntos devido ao trabalho
e com o desemprego gerado pelo
coronavírus muitos casais viram-se
obrigados a conviver juntos 24 ho-
ras por dia. Outros ainda afirmam
que a pandemia apenas trouxe à
superfície os problemas sociocultu-
rais enraizados na nossa sociedade.
“Daí que é necessário que se faça
um trabalho de base para descons-
truir os fenómenos sociais de forma
rotineira, começando pela educação
dos nossos filhos homem e mulher,
educando-os da mesma forma, prin-
cipalmente na forma como os cor-
rigimos, mudar a forma como a so-
ciedade olha para o papel da mulher.
Podemos dar o exemplo das igrejas,
isto é, algumas delas permitem que
as mulheres ministrem a palavra de
Deus e outras não, ou nas profissões
que a sociedade já instituiu que não
são para mulheres, entre outros fe-
nómenos, pois, a estrutura social na
qual o indivíduo está inserido tem
grande influência no comportamen-
to, atitudes e na tomada de decisões.
Porém, não podemos dizer
que o ser humano é incapaz de to-
mar as suas próprias decisões, isto
porque ele é por natureza um ser
reflexivo e de racionalidade, daí
que ele é capaz de tomar decisões
próprias, optar pelo que o favorece.
Em suma, no caso específico
da violência doméstica a mulher até
pode tomar a decisão de denunciar
o seu namorado ou cônjuge, mas se
algum dos membros do grupo social
em que ela está inserida, seja família,
amigos, igreja, entre outros, tiver uma
opinião diferente ela pode decidir
não denunciar o seu agressor”, disse
o sociólogo Pedro Chicolo Mavie.
É o caso da nossa fonte, que res-
ponde pelo nome fictício de Marlene
Sitoe, que optou por não denunciar o
seu parceiro e seguir com a sua vida.
“Chamo-me Marlene Sitoe,
tenho 27 anos de idade, conhe-
ci o pai da minha filha quando eu
tinha apenas 18 anos de idade e
vivemos juntos durante 10 anos.
Bem, como acontece em grande
| SUPLEMENTO FEMENINO |
parte dos relacionamentos, no início
tudo corria muito bem, três meses
depois eu engravidou. No início da
gravidez eu não fazia a menor ideia
de que estava grávida, ainda era mui-
to nova e não sabia nada sobre o as-
sunto. Apenas me sentia mal e sofria
de dores de cabeça, vómitos. Assim
sendo, a minha irmã mais velha, que
na época vivia com ela, apercebeu-
-se do que estava a acontecer e co-
meçou a desconfiar do que poderia
ser, então ela mandou-me comprar
um teste de gravidez na farmácia,
depois fiz o teste e deu positivo.
Lembro-me de ter ficado mui-
to nervosa e ela perguntou-me se o
pai da minha filha trabalhava, com
quem ele vivia e se eu queria man-
ter a gestação, e aconselhou-me a
falar com o meu namorado. Lá fui
conversar com ele e ele entrou em
pânico, a única coisa que me disse é
que eu deveria falar com as minhas
irmãs e o que elas decidirem para ele
estava tudo bem. E lá fui de novo
transmitir o recado, então, as minhas
irmãs me perguntaram se queria
abortar e eu disse que não, porque
tinha muito medo que aquela fosse a
única filha que Deus me deu, ou pior,
de morrer durante o procedimento.
Assim sendo, dois meses depois
a família do meu namorado foi pedir
o papel do lobolo ao meu cunhado
e ele recusou-se, alegando que ainda
era criança; até então ele não fazia
ideia do que estava a acontecer. Daí
que no quarto mês de gestação eles
foram informar ao meu pai que eu
estava grávida. Nossa! O meu pai
ficou muito chateado porque não
era isso que almejava para mim.
Com isso, ele disse que era para a
família do meu namorado me levar
com eles”, contou Marlene Sitoe.
De príncipe encantado dos filmes
a sapo
“Quando me mudei para a casa
dele, ele continuou me tratando su-
per bem, antes de sair para traba-
lhar ele me dava banho, preparava
o mata-bicho; durante o dia ligava
para saber como eu estava, se eu ti-
nha comido, voltava cedo por volta
das 18:30 horas, não bebia e ainda
ia à igreja. Hum! Ele era o homem
dos meus sonhos, e como se isso
fosse pouco ele era um bom pai, mas
esse sonho só durou quatro anos.
Tudo estragou-se quando ele
comprou um carro, já não parava em
casa, voltava no dia seguinte, preferia
ficar com os amigos do que comigo
e com a nossa filha; já não ia a igreja.
E o caro que era para nós os dois eu
já não tinha o direito de subir, nem
sequer aceitava me dar boleia para a
igreja. Começou a sair com muitas
mulheres, inclusive com a secretá-
ria que por coincidência era nossa
vizinha, e eles nem faziam questão
de esconder porque ele comprava
roupa para ela e a mesma quando
me via se ria de mim com as amigas.
Bem, no início eu reclamava
com os pais, eles o chamavam aten-
ção, até que se cansaram e pediram
que o tio nos ajudasse a resolver os
nossos problemas”, argumentou.
Nessa época, tudo que uma
mulher não deseja viver no seu
relacionamento para mim era
normal
“Era normal encontrar calcinhas
de outras mulheres no carro dele, era
normal o meu marido sair na sexta-
-feira e voltar na segunda-feira, era
normal ele acordar de madrugada
ir a casa de banho só para falar ao
telefone; era normal ele sair de casa
de madrugada, era normal aos finais
de semana eu preparar um almoço
em família e ele reclamar de alguma
coisa de propósito, só para não ficar
em casa. Era normal me bater sem
eu ter feito nada, mas quando ele não
tinha dinheiro eu era o amor da vida
dele, mal ele recebesse tudo voltava
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
ao normal, na sua perspectiva”, disse
Ele dizia que eu padecia de
problemas psicológicos- Marlene
Sitoe
“Quando eu reclamava sobre
porquê não dormia em casa e não
atendia as minhas chamadas, ele
dizia que eu não estava bem de ca-
beça e que se eu quisesse poderia
sair de casa. Ele me tratava mal, era
normal irmos juntos a uma festa e
na volta ele deixar-me na porta de
casa e voltar a sair, e quando eu ne-
gava sair do carro ele me arrastava.
Eu já não tinha paz, daí que
decidi sair de casa, mas ele não
aceitou tão facilmente; não aceitou
que eu levasse as minhas malas,
tive que colocar todas as minhas
roupas em sacos plásticos, e nisso
ele gravava mas não sei para quê.
Agora estou bem, vivo em paz
e feliz”, termina Marlene Sitoe.
Infelizmente, Marlene não
é a única mulher que é víti-
ma de violência doméstica.
“Nunca pensei que namorar
fosse me enlouquecer e não de
amor”, contou a nossa fonte, que
responde pelo nome fictício de
Ana Manjate
“Chamo-me Ana Manjate, tenho
23 anos de idade e faz apenas três me-
ses que saí de um namoro turbulento.
Meu Deus! Pareciam cenas de filme.
Tudo começou em Julho do ano
passado quando um dia eu saí com
algumas amigas para comer algu-
ma coisa. Nesse dia, um homem
dos seus 27 anos aproximou-se e
começamos a conversar, trocamos
os contactos e tudo parecia normal.
Continuamos a conversar pelo
WhatsApp e marcamos para sair uma
semana depois. Ele pediu-me em na-
moro e eu aceitei. Nos dávamos bem
e eu estava solteira e pensei: porquê
não¬? No primeiro mês estava tudo
bem, mas no segundo ele começou
com uma atitude estranha. Eu já não
podia olhar para os lados, não podia
sair com as minhas amigas, a não
ser que ele estivesse presente. Ob-
viamente que eu disse para ele que
não gostava da forma como ele me
tratava e ele prometeu mudar, então
deixei passar”, disse Ana Manjate.
Será que as pessoas
mudam ou se revelam com o
tempo?
“Um tempo depois, ele come-
çou a comparar-me com as mulhe-
res que se deitam com homens mais
velhos em troca de dinheiro… dizia
coisas do género todas as mulheres
são prostitutas, inclusive você, e se
conversássemos de algum assun-
to que eu não tinha conhecimento
ele me chamava de burra. Jamais
imaginei que o homem que deveria
cuidar de mim fosse me chamar de
burra, por isso nesse dia nós discu-
timos e levantou a mão para mim,
então levei as minhas coisas e fui
me embora. Mais tarde ele ligou-
-me implorando para que voltasse, e
quando perguntei se voltaria a agre-
dir-me fisicamente ele disse-me que
essa era a forma dele mostrar que
se importa comigo. É óbvio que eu
não voltei”, concluiu Ana Manjate
Será que bater numa mu-
lher é prova de amor?
De acordo com a activista so-
cial Alice Macaringue, apesar de
algumas culturas olharem para a
agressão física por parte de um ho-
mem como uma demonstração de
carinho e amor a uma mulher não
podemos aceitar tal prova, porque
a partir do momento que algo nos
causa dor e sofrimento não é bom
e o amor é o sentimento mais belo
e puro que existe. Daí que aconse-
lho as mulheres que são vítimas da
violência doméstica a denunciar. É
claro que existem casos que dão para
resolver na base do diálogo. Mas não
podemos tapar o sol com a peneira,
algumas vezes as mulheres que são
agredidas durante o casamento têm a
sua parcela de culpa, isto porque al-
gumas preferem negligenciar alguns
sinais que o homem vai deixando
transparecer que ele é violento e
mau carácter, algumas porque se
deixam cegar pelo amor e outras
porque entram em relacionamentos
movidas por interesse financeiro.
“Em todo o caso, é importante
que as mulheres prestem atenção
na forma como o seu parceiro age
perante algum problema, como
ele fala, se respeita os teus planos
ou objectivos de vida, e se pude-
rem conhecê-lo antes mesmo de
aceitar namorar, deixar bem claro
como é que nós gostaríamos que
o nosso futuro parceiro nos tratas-
se”, argumentou a activista social.
 Quinta-feira, 31 de Março de 2022 | SUPLEMENTO FEMENINO | zambeze | 13

Porquê é que algumas mu-

lheres sofrem caladas?
“Algumas mulheres sofrem cala-
das porque acreditam que não podem
denunciar os seus cônjuges, pelo con-
trário devem respeitá-los, ou porque
sozinhas não conseguirão sustentar a
sua família porque o marido é o pro-
vedor; outras ainda por vergonha do
que as outras família vão dizer, ou
têm medo dos filhos culpá-las por te-
rem colocado o pai na cadeia, entre
outras causas. Entendo que seja uma
decisão muito difícil, mas acon-
selho a todas as mulheres a pensar
nelas em primeiro lugar porque só
assim ela poderá ser feliz e cuidar
dos filhos. Não podemos esquecer
que, infelizmente, grande parte das
crianças têm a tendência de repro-
duzir o comportamento dos pais,
ou seja, se uma criança cresce as-
sistindo brigas, agressões, insultos,
a probabilidade de repetir esses ac-
tos dentro de um relacionamento é
maior”, terminou Alice Macaringue.
Quando uma mulher é vítima de
violência doméstica deve procurar
as autoridades competentes para
denunciar, como o caso do SER-
NIC, a Procuradoria, nos casos em
que foram violados bens públicos;
o Gabinete de Atendimento à Mu-
lher, Criança, Homem Vítima de
Violência Doméstica, ou dirigir-se
à esquadra mais próxima, e não ao
Secretário do Bairro, como muitas
mulheres têm feito, pois o crime
de violência doméstica não é da
competência do tribunal comunitá-
rio resolver. E por tratar-se de um
crime público, qualquer um pode
denunciar, não precisa ser necessa-
riamente a vítima, e legalmente o
queixoso não tem legitimidade para
pedir o não seguimento do proces-
so”, disse o advogado Augusto Lopes.
Afinal o que é violência
doméstica?
De acordo com a Convenção
Interamericana para Prevenir, Pu-
nir e Erradicar a Violência contra
Mulher é qualquer acto ou conduta
baseada no género que cause mor-
te, dano ou sofrimento físico, se-
xual ou psicológico à mulher, tanto
na esfera pública quanto privada.
Mulheres que inspiram
N
ilza Zefanias Cham-
bule, ou simplesmente
chefe Nilza, moçam-
bicana de 23 anos de idade, mãe.
É a única mulher numa família de
três irmãos. Nilza é cozinheira e
confeiteira de mão cheia, CEO da
Yunnuss Pattyseries e actualmente
integra a equipa do júri da Batalha
das Confeiteiras da Tv Sucesso.
“A minha infância foi mui-
to calma, cheia de amor e carinho
dos meus pais. Na altura, os meus
pais apelidaram-me de mãe grande
porque eu queria fazer coisas que
não correspondiam à minha idade,
por exemplo eu comecei muito
cedo a fazer trabalhos de cozinha.
Quando mais nova sonhava em
ser advogada, mas a vida levou-me
para a culinária. Acredito que esteja
no meu DNA, uma vez que venho
de uma família de cozinheiros, o
meu avô foi cozinheiro; o meu pai
é cozinheiro numa residência, e ele
sempre teve receio de expandir.
Bem, a coragem que ele não teve
eu tive”, disse Nilza Chambule.
Considera-se uma pessoa
atrevida?
“Sim, por mais que eu não te-
nha prática, quando alguém per-
gunta-me se sou capaz de fazer algo
ta das 10 horas e ela disse que eu
poderia ir com o meu certificado
para conversar com ela às 13 ho-
ras do mesmo dia. Corri tanto que
cheguei antes da mãe Tassnim che-
gar. Felizmente ela me recebeu de
braços abertos e deu-me uma se-
mana para fazer um mini-estágio
onde eu faria as coisas que eu dis-
se anteriormente que sabia fazer
de modo a ser avaliada”, afirmou.
A minha primeira receita
foi um sucesso
“No primeiro dia fiz um bolo
que ficou tão bom que até a respon-
sável por avaliar-me, que era dia-
tinha cozinhado”, argumentou. bética, provou e gostou. Continuei
a fazer outras receitas que foram
Profissionalizei-me depois
da maternidade
“Quando engravidei tive que
parar de estudar e ir ao lar, daí que
tive que aprender muito cedo ter
que sair para procurar algo para o
auto-sustento, e a primeira porta
que bati me aceitaram, isto é, no
Centro de Formação Profissional
ASSMA, com a ajuda da tia Só-
nia, prima da mãe Tassnim, a quem
desde já agradeço. Ela forneceu
o número de telefone da prima.
Lembro-me que eu estava muito
aflita em encontrar algo para fazer.

Dicas de Culinária
eu respondo que sim, depois dou- Em suma, entrei em contacto
-me tempo para aprender a fazer.
Lembro-me que ainda na in- aprovadas, daí que ela deu-me a
fância eu e o meu irmão mais oportunidade de aperfeiçoar por
Peito de Frango Fitness com Limão velho éramos responsáveis por
cuidar do nosso irmão mais novo
mais três meses e acabei ficando
lá aproximadamente por 7 meses.
e da casa, o que fez com que eu Depois abracei um novo projecto
ganhasse responsabilidade muito de emprego na Lolita Bolos, onde
cedo. Entretanto, comecei a cozi- também fui recebida de braços
nhar com seis anos de idade, não abertos, a quem também agradeço.
me lembro qual foi o prato, mas Na Lolita Bolos trabalhei como
lembro-me que aos 11 ou 12 anos decoradora de bolos por 2 anos,
um dia a minha mãe demorou vol- mas em Dezembro do ano passado
tar e a patroa teve que deixá-la em decide abraçar novos projectos pes-
casa e eu tive que cozinhar, pre- soais, um deles era criar a minha
parei um caril de camarão e arroz. marca Yunnuss Pattyseries, que
Diferentemente dos outros dias, patrocina bolos “ao quadro meus
nesse dia a patroa da minha mãe pais, meus heróis na Tv Sucesso”.
Você que gosta de consumir refeições saudáveis aprenda a entrou dentro de casa mas para a e a mesma disse-me para entrar Acredito que com o tem-
preparar uma receita fitness aqui! minha sorte a casa já estava limpa em contacto com o departamento po vamos conquistando o nos-
e arrumada e o aroma da refeição de Recursos Humanos e assim fiz. so espaço no mercado porque
Ingredientes invadia todos os compartimentos Passados duas semanas eu não tive não viemos para ser mais uma
• 500 Gramas de frango dessossado e em pelo, cortados da casa, tanto que ela não acredi- resposta, mas nem com isso desisti. empresa, mas sim para marcar
em files tou que tinha sido eu uma criança Lembro-me que numa sexta- a diferença no mercado de tra-
• 2 Colheres de sopa de sumo de limão de apenas 12 anos de idade que -feira orei e voltei a ligar por vol- balho”, afirma a chefe Nilza.
• Raspas de casca de limão
• 1⁄4 Xícara de azeite de oliva extra virgem
• 2 Colheres de sopa de partes iguais de orégano seco,
manjericão e alho em pó. Tudo misturado
• 1 colher de sopa de salsinha picada fresca
Dica de beleza
• 2 colheres de sopa alho fresco bem picado
• Sal e pimenta a gosto Receita caseira para fortalecer as unhas com cravo-da-Índia
Modo de preparo
Coloque o frango, o azeite, os temperos secos, o alho, o suco Ingredientes
e as cascas de limão, o mel, a pimenta e o sal numa sacola de • 1 cravo-da-Índia
freezer ou outro recipiente, misture bem antes de fechar. • 1⁄2 alho previamente picado
Deixe marinar por 30 minutos, esquente uma frigideira com • 1 vidro de base incolor
spray ante aderente, adicione o frango e deixe grelhando entre 4
e 5 minutos de cada lado, coloque a salsinha depois que tirar do Modo de preparo
fogo e já está. Coloque os ingredientes dentro do vidro da base, use o pincel do próprio vidro para aplicar
nas suas unhas. Para deixar as suas unhas bem fortalecidas aplique a mistura duas vezes por
Bom apetite! semana.
14 | zambeze
Na cidade de Maputo
Amnésia é sintoma de uma doença
que se resolve sem tratamento
CRIZALDA VILANCULOS
Felizmente, a maioria dos casos de amnésia resolve-se sem
tratamento. No entanto, se um distúrbio físico ou mental esti-
ver presente deve ser tratado com a ajuda de médico especia-
lizado, mas o apoio familiar é crucial para que a pessoa possa
melhorar a sua qualidade de vida. Com vista a reduzir casos
de discriminação aos pacientes com amnésia, principalmente
na terceira idade, no seio familiar e na sociedade no geral, a
Médica-Neurologista no Hospital Central de Maputo (HCM),
Deise Catamo Vaz, referiu que é importante olhar para a
pessoa idosa com muito carinho, pois o facto de padecer de
D
amnésia não significa que ela é uma pessoa inútil.
e acordo
com a mé-
dica, as
causas da
amnésia são
vastas, mas na terceira ida-
de está patente a demência.
Acrescentou que existe outra
causa, dando como exemplo
a doença orgânica no cérebro.
Para ela, o idoso é aquela
pessoa que muitos anos foi
esquecida. ʺQuero chamar a
atenção de que esta pessoa
pode ter uma qualidade de
vida melhor, mesmo tendo
essa situação de amnésia ou
demênciaʺ, afirmou a médica.
Ressalvou ser importante
colocar esta pessoa no conví-
vio familiar, o que de alguma
forma o ajuda com muita ale-
gria. Não há necessidade de
se irritar com o idoso quando
está com alguma enfermida-
de. Segundo a fonte, no seio
familiar seria benéfico ensinar
algumas tarefas simples, para
além da medicação que é dado
no hospital, sendo uma terapia
para poder melhorar a qualida-
de de vida do idoso amnésico.
Entretanto, amnésia não
é uma doença. Porém, é um
sintoma de uma doença, neste
contexto dependendo da doen-
ça e da faixa etária, o indiví-
duo esquece dos acontecimen-
tos recentes ou do passado.
A fonte disse ainda que
partes de pacientes que pro-
curam pelos Serviços de
Neurologia é devido ao es-
quecimento, afirmando que
depois da avaliação médica
descobre-se o real motivo do
esquecimento que o pacien-
te apresentou na consulta.
Segundo a mesma fonte,
muitas vezes o real motivo do
esquecimento é a subcarga, ou
seja, a rotina agitada que o in-
| nacional | Quinta-feira, 31 de Março de 2022
anos atrás. Estamos na ordem
decrescente, esse cenário mos-
tra que a nossa sociedade está
mais ciente quando se fala de
qualquer enfermidade, a saú-
de está em primeiro lugar”.
Segundo a fonte, na ida-
de mais avançada, isto é, nos
idosos aí costuma ser muito
preocupante. Quando o idoso
está perante uma amnésia ou
demência é bastante doloroso.
Explica que “quando depara-
mos com esta situação, nós mui-
tas vezes indicamos para uma
divíduo tem devido a algumas
terapia ocupacional. Esta terapia
tarefas diárias. Acrescentou
visa orientar o paciente e junto
que este esquecimento pode
a sua família, para melhor lidar
ser temporário, alguns se-
com a dificuldade que o paciente
gundos e algumas horas, mas
tem com a perda da memória”.
também a duração pode ser
De acordo com a médica,
longa, dependendo da serieda-
rência de um especialista. A crucial procurar ajuda no cen- nalgum momento certas pes-
de da doença ou traumatismo.
fonte acrescentou que há cer- tro de saúde mais próximo. soas que perdem memória so-
tas pessoas com o passar do “Na nossa área de neuro- frem de violência no seio da
A procura melhorou tempo e também por conta da logia os pacientes são refe- família. Afirma que os fami-
idade que se tem a demência ridos, nós estamos no nível liares destas pessoas com am-
Por sua vez, a médica-
este indivíduo não recupera. quarternário, isto é, é uma su- nésia de certa forma não sabe
-residente em Neurologia,
Segundo a fonte, nes- bespecialidade. Normalmente lidar com a nova situação que
Yanina Badoro, salientou que
ta situação o indivíduo está as pessoas procuram ajuda nos o seu familiar está a apresentar.
avaliando no período de 4
na fase de progressividade. centros de saúde primários e Explicou igualmente que é
anos para cá, isto é, desde o
Apontou o exemplo de um os médicos referenciam a nós, importante que esta família este-
ano de 2018 até ao ano pre-
indivíduo com AVC, ou após porque é uma patologia subes- ja junto do psicólogo para poder
sente, a procura pelos Servi-
AVC, o quadro da pessoa pecializada”, explicou a fonte. receber orientações sobre como
ços da Neurologia por parte
é generativo como Alzhei- Esta profissional comunga lidar com este indivíduo para de
da sociedade melhor bastante.
mer, e demência secundária. da mesma opinião da médica forma gradual melhorar a quali-
Badoro reconhece que há
Aliás, referiu que um pa- Deise Catamo Vaz quando diz dade de vida deste paciente. O
necessidade de sensibilizar a
ciente com patologia de ansie- que a sociedade está mais preo- melhor trabalho para um pacien-
sociedade para cuidar mais da
dade, stress sobre o mesmo com cupada com a saúde. Apesar do te com amnésia está no seio da
saúde no geral. Mas também
amnésia ou falha de memória é momento não ter números plau- família e com o próprio paciente.
chama atenção aos colegas
possível recuperar a memória. síveis, podemos perceber que a A fonte em alusão diz que
de profissão para prestar mais
Badoro referiu que no seio maior parte da população procu- o papel da família é bastante
atenção no histórico clínico
da família ou na comunida- ra ajuda nas unidades sanitárias. importante, pois esta tem o de-
do paciente, principalmente
de é muito importante estar Ressalva que “o número ver de dar o suporte emocional,
nos Serviços de Neurológica.
atento aos idosos, quando este de pacientes que temos ago- como o tratamento terapêutico.
“Mesmo aquilo que a socieda-
idoso guarda algo e esquece, ra nos Serviços de Neurolo- Afirma que quando o pa-
de considerava meio banal hoje
se for de forma recorrente é gia não é igual com há quatro ciente não tem o apoio da família
já referencia qualquer sintoma
o prognóstico não é nada satisfa-
neurológico e procura pela
tório, porque a tendência do pa-
ajuda. Para nós como profis-
ciente é ficar agressivo, alteração
sionais da saúde já é benéfico e
do comportamento, depressão
também monstra de forma cla-
e mesmo tentativa de suicídio.
ra que a nossa sociedade está
De acordo com a fonte,
mais ciente e preocupada com
quando os indivíduos con-
a saúde no geral”, disse a fonte.
trolam a sua tensão arterial,
Salientou que quando os
a diabetes, o colesterol, esse
pacientes busca esses serviços
indivíduo terá boa melhoria
de saúde é prioritário saber
nesta componente cognitiva.
do histórico clínico. Com este
Para ela, o que aconte-
histórico clínico vai nos direc-
ce na verdade as pessoas es-
cionar a uma certa doença ou
tão sob stress e ansiedade
aparição de doenças infectuo-
em diversos ângulos da vida.
sas, vasculares ou demência.
A fonte referiu igualmente
Igualmente disse que é
que tem outros casos que são
possível o paciente que tem
degenerativos. “Nestes casos
a enfermidade amnésica me-
temos que nos adaptar, ou seja,
lhorar a sua qualidade de
informar a família na adapta-
vida sem que haja interfe-
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
ção do paciente no seio familiar
para poder melhorar a qualida-
de de vida do paciente”, afirma.
Segundo a fonte, se poraven-
tura no seio da família, principal-
mente quando se trata de pessoa
idosa, começar a esquecer de
certas coisas não vão arrastan-
do o quadro do idoso, é melhor
procurar ajuda de imediato.
“Não procurarem ajuda
no estado avançado da doen-
ça”, aconselha a especialista.
Segundo avança a nossa en-
trevistada, o neurologista é a pes-
soa indicada para orientar melhor,
mesmo nos casos que não são
previsíveis existem mecanismos
de melhorar a vida do paciente
amnésico. O facto simples de es-
quecer não significa que não pos-
so ter uma boa qualidade de vida.
Para a médica, é importante
não isolar o idoso quando está
com amnésia ou qualquer en-
fermidade. Este idoso o facto
de estar naquela situação não
significa que não é útil. Expli-
cou igualmente que muitos
idosos acabam agravando
o seu estado de saúde por
culpa dos seus familiares.
Intervenção do psicólogo no
paciente amnésico
A Psicóloga Clínica e Mes-
tre em Saúde Mental, chefe do
sector de Saúde Mental no Hos-
pital Geral de Chamanculo, Re-
gina Roque Macovela, ajuda na
reabilitação cognitiva para que
Comercial
o paciente aprenda a lidar com
a perda da memória e estimule
outros tipos de memória para
compensar o que foi perdido.
Neste caso, de acordo com
a fonte, o acompanhamento
também tem como objecti-
vo fazer com que o paciente
desenvolva estratégias para
viver com a perda de memó-
ria, principalmente nos ca-
sos das perdas permanentes.
Amnésia é a perda da me-
mória e pode ocorrer de forma
total ou parcial, e desaparecer
sem tratamento ou pode levar a
perda de memória permanente.
Além disso, a amnésia pode
ser retrógrada, quando não se
lembra de coisas mais antigas ou
anterógrada, quando a perda da
memória acontece após o evento
responsável pela perda da me-
mória, havendo mais dificuldade
| nacional | zambeze | 15
lato da família até se chegar ao ro da sua casa e do quarteirão
diagnóstico, explicou a fonte. onde este vive. Além dessa difi-
Para a nossa entrevistada, culdade de esquecer em algum
essas situações podem ser pre- momento, o que lhe incomoda
venidas com atitudes que esti- é o facto de este ter alguma di-
mulam e equilibram o funciona- ficuldade para se locomover
mento cerebral, como ter hábitos por conta da paralisia que tem.
alimentares saudáveis, ricos em Segundo a fonte, o facto de
antioxidantes, evitar o estresse, algumas vezes esquecer de certas
praticar exercícios físicos, re- coisas, principalmente quando
criações, além de fazer leituras deixa num sítio que a posterior não
e actividades de concentração. lembra, não deixa o feliz. “Cada
um é feliz à sua maneira, esque-
ço de alguma sim, mas estou feliz
Apesar de esquecer vivo feliz
comigo mesmo”, disse a fonte,
Armando Chimoio Moia- com sorriso estampado no rosto.
ne, de 73 anos de idade, resi- Explicou que para poder lem-
dente no bairro do Zimpeto, na brar onde deixa as coisas, às vezes
para construir novas memórias. cidade de Maputo, relata que leva um período de 30 dias ou sem
Segundo a fonte, essa situa- é frequente no seu dia-a-dia se precisar da coisa e do nada encon-
ção pode ser desencadeada por esquecer de algumas coisas. tra sem fazer nenhum esforço.
acidentes em que acontece uma Entretanto, uma das coisas A fonte não sabe da exis-
pancada forte na cabeça, por que não consegue dizer à nossa tência de pessoas especializa-
exemplo, ou ser consequência do equipa de reportagem é o núme- das no tratamento da amnésia.
uso de medicamentos, infecções
crónicas, doenças neuronais ou
presença de tumor no cérebro.
Ainda na lógica da fonte,
no adulto quando verificar-
-se a perda supracitada es-
tamos perante amnésia.
Entretanto, segundo Regi-
na Macovela, nas crianças me-
nores de 4 anos é complicado
diagnosticar, uma vez que ainda
estão em processo de desen-
volvimento e a memória não é
excepção, mas existem questões
básicas que uma criança tem o
domínio e caso verificar-se a
perda deve se fazer uma ava-
liação profunda, incluindo re-

Moza apoia vítimas do Ciclone Ana em Tete
O Moza Banco associa-se aos esforços do Governo
distrital de Angónia, na província de Tete, de forma a
minimizar o sofrimento de mais de 300 famílias vítimas do
Ciclone Ana, através da doação de bens alimentares não
perecíveis.
A
entrega do
donativo,
composto
maioritaria-
mente por
toneladas de farinha de milho
produzida localmente, decor-
reu recentemente, no distrito
de Angónia, província de Tete,
cabendo à Administração lo-
cal a responsabilidade de fa-
zer chegar e distribuir todos os
produtos às comunidades bene-
ficiárias, afectadas pelo Ciclo-
ne Ana naquele ponto do país.
O administrador distrital,
Raimundo Brumo, começou
por agradecer o gesto do Moza
Banco, tendo em seguida garan-
tido que a farinha será canaliza-
Minimizada carência alimentar dos
deslocados no Norte de Moçambique
T
eve lugar re-
centemente,
nas instalações
do Instituto
Nacional de
Gestão e Redução do Risco
de Desastres (INGD), a ceri-
mónia de doação que o Grupo
japonês Mitsui efectuou a favor
dos deslocados da província de
Cabo Delgado. Ao todo foram
doadas 185 toneladas de ali-
mentos, entre os quais arroz,
farinha de milho, feijão-frade
e óleo alimentar, avaliados em
100 mil dólares americanos.
Os alimentos já foram en-
tregues no armazém do INGD
em Pemba pela empresa ETC
Group Limited (ETG), uma
afiliada do Grupo Mitsui.
O director-geral da Mitsui
em Moçambique, Yota Orii,
lembrou que “esta é a segunda
vez, num espaço de um ano,
que a Mitsui efectua uma doa-
ção do género. No ano passado
foi só arroz, desta vez decidi-
mos alargar a outros produtos”.
Acrescentou que “temos
estado focados em mitigar o
sofrimento das populações ca-
renciadas de Moçambique e de
Cabo Delgado em particular”.
No leito do grande rio
da aos legítimos beneficiários.
“O Governo distrital soli-
citou apoio ao nosso parcei-
ro Moza Banco, tendo sido
prontamente respondido e o
resultado é este, já temos co-
mida para os nossos irmãos
e filhos que neste momen-
to estão a precisar. A comida
irá chegar a todos”, afirmou.
Para o Moza, este apoio é
a forma que o Banco encon-
trou de se associar aos esfor-
ços do Governo na busca de
soluções por forma a mini-
mizar parte do sofrimento vi-
vido por estas comunidades.
Esta acção enquadra-se na
Política de Responsabilidade
Social do Banco, que se cen-
Por seu lado, a Presidente
do INGD, Luísa Celma Me-
que, após agradecer à Mitsui,
referiu que “estes produtos,
em função das nossas necessi-
dades, irão fazer a diferença.
Temos uma grande confian-
ça naquilo que a Mitsui tem
estado a fazer no nosso país,
não só este ano como em anos
anteriores, uma vez que desde
2015 que vem prestando este
tra na melhoria das condições
de vida das comunidades onde
o Banco actua, fomentando
relações profícuas e duradoi-
ras com os seus stakeholders.
Durante a passagem da de-
tipo de solidariedade. Esta é
mais uma prova de que es-
tão sempre ao nosso lado”.
Concluiu afirmando que,
“como instituição, iremos se-
guir o circuito destes produ-
tos que são agora doados para
que realmente cheguem às
pessoas que deles necessitem.
Estes produtos não são para fi-
car no armazém. Têm de che-
gar às pessoas necessitadas”.
Onde o n e g ó cio
pressão tropical Ana, na zona
Norte e Centro do país, o dis-
trito de Angónia, em particular,
foi afectado, tendo sido destruí-
das total ou parcialmente infra-
-estruturas sociais e habitacio-
Iniciativa estendeu-se a Maputo, Beira e Chimoio
Access Bank e REPENSAR
realizam acções de limpeza
em praias e plantam mangais
O Access Bank Mozambique,
em parceria com a REPENSAR -
Cooperativa de Educação Ambien-
tal, realizou durante o mês de Março
várias acções de limpeza nas cida-
des de Maputo, Beira e Chimoio.
A iniciativa teve lugar nas praias
da Miramar, em Maputo, e do Esto-
ril, na Beira. No Chimoio, a acção
de limpeza decorreu ao longo da
Av. 25 de Setembro. Esta actividade
incluiu ainda o plantio de 43 mudas
de mangais e 56 de casuarinas nas
referidas praias, e contou com a par-
ticipação de colaboradores do Ban-
co e de activistas da REPENSAR.
Ao todo foram recolhidos 87
quilos de lixo reciclável, dos quais
48kg são de vidro e 39kg de garrafas
e tampinhas de plástico. Foram ainda
apanhados 32 sacos de lixo comum.
A acção enquadra-se no pla-
no de acções que o Banco está a
implementar ao longo do ano em
curso, enquanto instituição am-
bientalmente responsável, refor-
çando a sua preocupação com a
conservação do meio ambiente.
A iniciativa visou igualmen-
te consciencializar a população
sobre a importância da limpeza,
tanto em locais públicos, como
em lugares privados, e incenti-
se r e e n co n t r a
nais, nomeadamente 27 salas
de aula, 286 casas, 1 sistema de
abastecimento de água, 166,6
hectares de área cultivada e cer-
ca de 300 famílias, o que corres-
ponde a cerca de 1500 pessoas.
var o uso responsável das praias.
A parceria com a REPENSAR
surge no âmbito do movimento
Let´s do it, liderado pelo ambienta-
lista Carlos Serra. Trata-se de uma
organização vocacionada a acções
de educação ambiental e sustenta-
bilidade, criada com o objectivo de
contribuir para a educação ambiental
de jovens, crianças e comunidades.
Para Bruno Gaspar, director de
Comunicação Corporativa no Ac-
cess Bank, “investir no ambiente
é investir no futuro. Queremos in-
cutir, sobretudo nos mais novos, a
sensibilidade em relação ao meio
ambiente. Se os mais pequenos
notarem que uma garrafa na areia
da praia pode colocar em risco
a sua própria saúde, então vere-
mos no futuro adultos com cada
vez mais consciência dos male-
fícios do lixo para o ambiente”.
Segundo avançou ainda o
mesmo responsável, “o Access
Bank pretende levar a questão
da educação ambiental para as
escolas primárias do país”, por-
que entende que “os problemas
da má conservação do meio am-
biente devem ser atacados na base,
daí a importância desta pedagogia
começar pelos mais pequenos”.
Quinta-feira, 31 de Março de 2022 No leito do grande rio Onde o n e g ó cio se r e e n co n t r a
zambeze | 17

Moçambique é o terceiro país

africano com Tecnologia 5G
A Moçambique Telecom, SA. (Tmcel) procedeu sexta-
-feira, 25 de Março, em Maputo, ao pré-lançamento da
Tecnologia 5G, na sequência da modernização e expansão
tecnológica, enquadrada no contexto da estratégia de de-

D
senvolvimento da Rede Nacional de Telecomunicações.

este modo, mento económico de Moçam-

Moçambi-
que fica en-
tre um dos
primeiros
países africanos que irá comer-
cializar a 5ª geração de tecno-
logia de comunicação sem fio,
depois das Repúblicas da Áfri-
ca do Sul e do Quénia, sendo
a Tmcel uma das primeiras
operadoras africanas, detida
maioritariamente pelo Esta-
do, a fazer o pré-lançamento
da tecnologia em referência.
No acto, realizado em par-
ceria com a Huawei, empresa
chinesa que está a implemen-
tar o projecto, a vice-ministra
dos Transportes e Comunica-
ções, Manuela Rebelo, refe-
riu que a Tecnologia 5G trará
grandes mudanças para os
serviços públicos e privados,
impulsionando o desenvolvi-
bique, à semelhança do que
já está a acontecer no mundo.
“A Tecnologia 5G é a mais
alta tecnologia de ponta a nível
da indústria de telecomuni-
cações e, na Tmcel, vai ope-
rar, inicialmente, em conjunto
com a rede 4G, antes do seu
desenvolvimento totalmente
autónomo ao longo do tem-
po”, disse a governante, acres-
centando que esta tecnologia volvimento, usando as tecno- logia moderna no mundo. da palavra, o director-geral da
permitirá que o país fortaleça logias e soluções de próxima Para Mahomed Rafique Huawei Moçambique, Antó-
a sua base para o crescimen- geração, que estão neste mo- Jusob, a Tecnologia 5G não nio Hou, indicou que “juntos
to por meio da intensificação mento disponíveis nas áreas é das operadoras, é um servi- devemos trabalhar de forma
das actividades económicas de medicina, agricultura, edu- ço para os moçambicanos. “É incansável para que as teleco-
dos sectores dominantes e cação, dentre outros sectores. um serviço que nem todos os municações de alta qualidade
da diversificação de outros. Por sua vez, o Presidente países têm. É um serviço com cheguem a todos, manten-
Segundo enfatizou Manue- do Conselho de Administração alta qualidade para realizar do as pessoas conectadas”.
la Rebelo, as vantagens que da Tmcel, Mahomed Rafique maior conectividade a uma ve- “Um grande passo foi
o 5G traz para Moçambique Jusob, considerou tratar-se locidade até 10 vezes superior dado e uma porta nova e
são vastas, permitindo ao país de um momento especial por que a velocidade existente ac- mais eficiente de comuni-
superar muitos desafios estru- demonstrar que Moçambi- tualmente no país”, enfatizou. car foi introduzida hoje em
turais, sistémicos e de desen- que está na onda da tecno- Fazendo igualmente uso Moçambique”, destacou.

Fundadora da Lionesses of Africa insta mulheres a

“sair da zona de conforto para serem empreendedoras”

O
Standard Bank,
em parceria
com a Liones-
ses of Africa e
a embaixada
do Reino dos Países Baixos em
Moçambique, promoveu recen-
temente a primeira edição do ano
do Lioness Lean In Live Webinar,
um evento virtual de partilha de
experiências e estabelecimento
de parcerias no ramo empresarial
entre mulheres empreendedoras.
Na sua intervenção de abertura,
a gestora-sénior do Africa China
Banking no Standard Bank, Tanuja
Viriato, considerou que o Lioness
Lean in Breakfast tem contribuído
para o surgimento de novas empre-
endedoras, bem como para o cresci-
mento das que já estão no mercado.
“Os produtos e serviços das
mulheres empreendedoras moçam-
bicanas têm estado a penetrar não só
o mercado nacional, mas também o
regional, e isso é sinal de crescimen-
to e demonstra que esta iniciativa é
relevante”, realçou Tanuja Viriato.
Por sua vez, a fundadora e
directora executiva da Liones-
ses of Africa, Melanie Hawken,
instou às participantes a aban-
donar a zona de conforto e a
apostarem na inovação para po-
derem destacar-se no mercado.
“O crescimento só começa
quando saímos da nossa zona de
conforto e começamos a traçar no-
vas estratégias para enfrentar os de-
safios que nos impedem de dar o pri-
meiro passo. Igualmente, temos de
ser assertivas nas abordagens e ter-
mos foco durante a jornada empre-
endedora”, disse Melanie Hawken.
Na ocasião, o responsável da
Área de Cooperação na Embai-
xada do Reino dos Países Baixos
em Moçambique, Marteen Rusch,
realçou a importância da iniciativa
que, na sua opinião, tem poten-
cial para promover o desenvolvi-
mento do ecossistema de empre-
endedorismo feminino no país.
“Priorizamos a rapariga e a
mulher em todas as nossas in-
tervenções e é neste âmbito que
apoiamos várias iniciativas de
promoção do empreendedorismo
feminino em Moçambique. Por
isso esperamos que as conquistas
e experiências partilhadas pelas
oradoras sirvam de inspiração para
as demais mulheres. Por estarmos
no mês da mulher é também im-
portante que reflictamos sobre os
desafios que estas enfrentam no seu
dia-a-dia”, referiu Marteen Rusch.
O evento teve como oradoras
Gércia Sequeira (ITIS – Instituto
de Tecnologias, Inovação e Solu-
ções), Taciana Lopes (Escritório
de Advogados TPLA e Mozambi-
que Women of Energy) e Yolan-
da Matine (Azura), para além de
Anna Karina de Sousa (Executive
Nails), Sofia Maquile (Smaq) e
Aurora Matavel (SCS), que na
qualidade de expositoras falaram
sobre os seus produtos e serviços.
Jurista na área de energia, Tacia-
na Lopes é fundadora do Escritório
de Advogados TPLA, focado em
projectos de energia e de infra-es-
truturas com grande foco em ques-
tões ambientais, alterações climáti-
cas, desenvolvimento sustentável e
aspectos ligados ao conteúdo local.
“Trabalhamos essencialmen-
te com projectos de geração de
energia eléctrica, gás e petróleo na
Bacia do Rovuma, mas tentamos
trazer uma perspectiva de sustenta-
bilidade, na forma como prestamos
o nosso aconselhamento jurídico.
Decidimos que queríamos ser um
escritório jovem e inovador, por
isso só contratamos jovens, mui-
tos dos quais formados por nós”.
Há alguns anos, e como resul-
tado do contacto com mulheres
que actuam na área de energia,
Taciana Lopes esteve por detrás da
criação da Mozambique Women
of Energy, “uma plataforma de
mulheres defensoras dos Objecti-
vos de Desenvolvimento Sustentá-
vel, concretamente os relativos ao
Acesso Universal à Energia para
Todos (número 5) e à Igualdade e
Equidade de Género (número 7)”.
18 | zambeze |economia| Quinta-feira, 31 de Março de 2022

Vinte e três milhões de gigajoules de Gás Natural

Lançada construção de projectos

de gás de Pande e Temane
O Governo de Moçambique e parceiros envolvidos na
implementação do Contrato de Partilha de Produção (PSA)
anunciam, em Inhassoro, província de Inhambane, o lança-
mento da primeira pedra visando a construção da Central
Térmica de Temane (CTT), da Linha Temane-Maputo (TTP)
e da fábrica de gás de cozinha, infra-estruturas que contri-
buirão para o aumento da disponibilidade de energia segura

O
e de qualidade no país e na região.

PSA, cele- Universal à Energia, até 2030,

brado entre
o Governo, a
ENH e a Sa-
sol, orçado em
cerca de 760 milhões de dólares
norte-americanos, preconiza a
produção de 4.000 barris de pe-
tróleo leve por dia, 23 milhões
de gigajoules de Gás Natural por
ano para a geração de energia,
bem como a produção de 30.000
toneladas de Gás de Petróleo
Liquefeito (GPL), vulgarmente
conhecido como gás de cozinha.
O Gás Natural, a ser usado
para a implementação do Pro-
jecto da CTT, será fornecido
pela Empresa Nacional de Hi-
drocarbonetos (ENH) e a Sasol,
na sua qualidade de co-vende-
doras do produto, no âmbito
de um contrato firmado com a
Electricidade de Moçambique,
E.P. (EDM), em Maio de 2021.
O projecto da “Central Térmi-
ca de Temane” para Geração de
450 Megawatts de Energia, a es-
trutura accionista da CTT resulta
de uma parceria público-privada
formada e liderada pela Globeleq,
EDM e Sasol, com uma concessão
válida por 25 anos, devendo no fi-
nal do contrato transferir-se o ac-
tivo para o Estado moçambicano.
Com um investimento de
652,3 milhões de dólares norte-
-americanos, a CTT prevê a
geração de 450MW de energia
eléctrica, num modelo de gera-
ção em ciclo combinado à base
do Gás Natural, que será forneci-
da à EDM para a distribuição no
mercado nacional e o exceden-
te será exportado para a região,
sendo que o projecto da CTT
será construído pela empreiteira
espanhola TSK e tem a duração
prevista de 34 meses, com opera-
ção comercial prevista para 2024.
Espera-se que este projecto
aumente cerca de 16% da ca-
pacidade instalada de produção
de energia no país, contribuindo
para resposta à demanda de cer-
ca de 1,5 milhões de famílias, no
âmbito do Programa de Acesso
e a industrialização nacional.
Projecto da Linha Temane-
Maputo (TTP)
O Projecto da CTT ancora,
ainda, a construção de uma Linha
de Transporte de 400kV, avalia-
da em cerca de 500 milhões de
dólares norte-americanos, com
uma extensão de cerca de 563km,
ligando Temane a Maputo, e
com Subestações em Vilankulo,
Chibuto, Matalane e Maputo.
Esta infra-estrutura, desig-
nada Linha de Transporte de
Temane (TTP), representa a pri-
meira fase do desenvolvimento
do Projecto da “Espinha Dor-
sal” do sistema de transporte de
energia de Alta Tensão a partir
de Tete para Maputo, conjugado
com os projectos de produção
de energia no Vale do Zambeze.
Adicionalmente, o TTP irá
criar condições para a electri-
ficação rural, assim como para
potenciar a actividade agrícola
e a mineração ao longo do seu
trajecto. Contribuirá ainda para
a redução do actual elevado ní-
vel de perdas de energia no sis-
tema de transporte de energia.
Importa referir que para a im-
plementação do Projecto TTP foi
criada a Sociedade Nacional de
Transporte de Energia (STE, SA),
detida integralmente pela EDM.
A CTT e o TTP contribui-
rão substancialmente no balan-
ço entre a produção e procura
de energia em Moçambique,
melhorando a segurança e esta-
bilidade da rede, através da in-
terligação da Rede Sul com as
redes Centro e Norte do país.
Produção de 30.000 toneladas
de GPL por ano
O PSA contempla, ain-
da, a construção de uma nova
unidade de processamen-
to de petróleo leve e GPL.
Com efeito, a produção de
30.000 toneladas de GPL per-
mitirá que Moçambique reduza
as importações desta fonte ener-
gética em cerca de 70%, adicio-
nando valor aos recursos naturais
descobertos no país. Esta será a
primeira unidade de produção de
GPL no país e o seu desenvolvi-
mento deverá criar oportunida-
des de negócios em toda a sua
cadeia de valor, desde a produ-
ção, transporte de GPL a granel,
armazenamento, enchimento,
distribuição e revenda ao público.
Investimentos e impacto
esperado
Toda a cadeia dos projectos
de geração de gás e energia de
Temane, incluindo a planta de
Gás, GPL, Central Térmica e
infra-estrutura de transporte, te-
rão um investimento global de
aproximadamente dois (2) bili-
ões de dólares norte-americanos.
Os fundos foram disponibi-
lizados por vários parceiros de
cooperação, como o Banco Mun-
dial, Reino da Noruega, Reino
Unido, Banco Africano de De-
senvolvimento (AfDB), Banco
Islâmico de Desenvolvimento
(BID), International Finance Cor-
poration (IFC), juntamente com
os seus parceiros do empréstimo
“B”, FMO e Fundo de Infra-
-estrutura da África Emergente,
a International Development Fi-
nance Corporation (DFC) dos
EUA e o Fundo de Desenvolvi-
mento da OPEP (OPEC Fund).
A Multilateral Investment Ga-
rantee Agency (MIGA) forneceu
cobertura de seguro contra ris-
cos políticos aos investidores de
capital do Sector Privado. Além
do aumento da capacidade de
produção e geração de energia
no país espera-se criar mais de
3.000 empregos, durante a fase de
construção, com mais 400 empre-
gos permanentes estabelecidos,
quando as operações começarem.
Os moçambicanos serão prio-
rizados para empregos, duran-
te a construção e as operações.
Reagindo a este acto, Mike
Scholey, CEO da Globeleq, dis-
se que “o projecto regional de
energia de Temane representa
um exemplo perfeito do suces-
so da parceria público-privada,
permitindo estabelecer soluções
de longo prazo, visando o cres-
cimento económico e a transição
energética de Moçambique”.
Por sua vez, o Presidente da
EDM, Marcelino Gildo Alberto,
referiu que este “projecto repre-
senta um passo importante para
a materialização da estratégia
do Governo, visando o alcance
do Acesso Universal à Energia
Sustentável até 2030. Espera-
-se, igualmente, que este projec-
to impulsione a industrialização
do país, resultante da melhoria
de qualidade, disponibilidade e
Quinta-feira, 31 de Março de 2022 |economia| zambeze | 19

fiabilidade da energia. De igual
modo, Moçambique consolidará
o seu posicionamento como Pólo
Regional de Energia Eléctrica”.
Na mesma ocasião, Priscillah
Mabelane, Vice-Presidente Exe-
cutiva para os Negócios de Ener-
gia da Sasol, disse que “a Sasol
orgulha-se de fazer parceria com
a ENH, EDM e Globeleq nestes
empolgantes projectos de gás e
electricidade, que permitirão a
expansão da rede já existente de
infra-estruturas de monetização
do gás no país e a criação de em-
pregos, o fornecimento de ener-
gia sustentável e os benefícios
duradouros para o país. A Sasol
renova o seu compromisso em se
empenhar para uma contribuição
significativa para a economia e in-
dustrialização de Moçambique”.
Por seu turno, o Presidente
do Conselho de Administração
(PCA) e CEO da ENH, Estêvão
Pale, referiu que se trata de um
marco importante para a empre-
sa, uma vez que “permitirá que a
empresa consolide o seu mandato
legal de agregador dos produtos
petrolíferos produzidos em Mo-
çambique, contribuindo assim
para o desenvolvimento da cadeia
de valor de GPL, e consequente-
mente para o crescimento do país”.

XVI Cerimónia de Graduação no Instituto Superior

de Educação e Tecnologia – One World
O Instituto Superior de Educação e Tecnologia ISET- estudantes, por um lado. O em-
-OWU, localizado no posto administrativo de Changalane, penho de cada um no mundo do
distrito de Namaacha, realizou na sexta-feira última (25) a trabalho, onde a partir de hoje são
sua XVI Cerimónia de Graduação, na qual foram colocados desafiados, tem de dignificar a for-
ao mercado 80 licenciados, dos quais 32 formados em Peda- mação tida durante quatro anos,
gogia e 48 em Educação para Desenvolvimento Comunitário. bem como a instituição que os for-

D
os graduados,
42 são do en-
sino presencial
que durante
quatro anos
estudaram no regime de interna-
to e os restantes 38 formaram-
-se através do ensino à distância.
Na ocasião, o ministro da Ci-
ência, Tecnologia e Ensino Supe-
rior, Daniel Nivagra, felicitou a
direcção do ISET- One World por
investir na formação e empode-
ramento da mulher moçambica-
na rumo à paridade de género na
educação, visto que dos gradua-
dos 50% são do sexo feminino.
“Louvamos o facto de na pre-
sente cerimónia de graduação,
dos 42 graduados na modalidade
presencial e regime de internato
50% corresponderem à cifra de
mulheres, sendo que na modali-
dade do ensino à distância, dos 38
graduados 44% corresponderem à
cifra de mulheres, perfazendo um
universo global de 48% de mu-
lheres no total de 80 graduados”.
O ministro congratulou ainda
o ISET-One World por ter efectu-
ado com sucesso a avaliação insti-
tucional e possuir todos os cursos
por si ministrados acreditados,
tanto os ministrados na modalidade
presencial, quanto os à distância.
“Este é o caminho que se pre-
tende que seja seguido por todas
as instituições do ensino superior,
ou seja, a sua permanente actuação
dentro do quadro legal em vigor
no ensino superior”, acrescentou.
A Directora Executiva da
ADPP, organização que tutela o
ISET - One World, Birgit Holm,
referiu-se ao facto da XVI gradu-
ação realizar-se num momento em
que a ADPP Moçambique celebra
40 anos de actividades no país.
“É um marco importante para
nós realizarmos mais uma cerimó-
nia de graduação num momento em
que celebramos 40 anos da nossa
história em que o ISET-One World
é parte de 2005, ano da sua criação”.
A directora chamou à atenção
os estudantes sobre a necessidade
de observarem adequadamente a
cooperação e partilha do conhe-
cimento em todos os domínios da
vida. “No ISET – One World apren-
deram que trabalhando em equipa
e a respeitar um ao outro, sendo a
única maneira de avançar e ter solu-
ções para os problemas. Se ficamos
só a lutar cada um pela sua carreira e
vida não vamos longe”, disse acres-
centando que a ADPP e o ISET –
One World orgulham-se bastante
por ser uma das poucas instituições
de ensino superior que está locali-
zada no campo, dentro da comuni-
dade que a instituição está a servir.
Por seu turno, o Director-Geral
da instituição, António Niquice,
referiu-se ao empenho demonstra-
do por cada estudante até à conclu-
são, com sucesso, do primeiro ciclo
do ensino superior, a licenciatura.
“Os técnicos superiores que o
ISET-One World coloca ao merca-
do hoje são fruto de um trabalho
abnegado dos graduados enquanto
mou para servir o nosso país”, disse.
Acrescentou que os estudantes
devem difundir os ideais da forma-
ção do ISET-One World através do
trabalho com e para as comunidades.
Os graduados, em mensa-
gem colectiva, manifestaram a
sua prontidão para encararem
os desafios pela frente e, através
de ética e deontologia profissio-
nal atingirem os seus objectivos.
“Estamos abertos para abraçar
o futuro com toda a responsabilida-
de, não pretendemos ser um cami-
nho florescido, mas sim um modelo
a ser seguido pela sociedade isenta
do analfabetismo, pobreza, desi-
gualdades sociais e desemprego”.
“Acreditamos que o maior
ganho nesta formação não se-
rão os ditos ‘salários gordos’,
mas sim a contribuição através
do profissionalismo face à cons-
trução duma sociedade firme nas
possibilidades de viver de for-
ma honesta e caridosa”, afirmou.

Comercial

*Serviço de inteligência exclusivo para assinates, com publicações regulares sobre politica e economia africana
*Arquivo de inteligência sobre empresas, negócios e individualidades desde década 1980
*Relatórios a pedido (“tailoe-made”), de acordo com necessidades de pesquisa e analise de clientes individuas
(verificação de historial, “due dIIIIgence”, consultoria)

Para mas informação, contacte: Patrícia Dias, +351 936 307 183 (Tel/Whatsapp) ou patricia@africamonitor.net
20 | zambeze |nacional| Quinta-feira, 31 de Março de 2022

Guião para apoiar jornalistas a reportar de forma

correcta matéria de Violência Baseada no Género (VBG)
nero e com o Governo”, disse a
fonte. Ressalvou ainda que este
ano “estamos a planear apoiar,
depois do lançamento, continu-
ar a trabalhar com os jornalistas
de modo a publicarem, no mí-
nimo, 25 artigos sobre VBG de
forma correcta. “Nesta campa-
nha temos como consultor o Dr.
Eduardo Namburete, que apoia
na mentoria dos mesmos”.
“Maputo não é um país”,
disse o Presidente da Mesa da
Assembleia-Geral do MISA,
Frederico Jamisse, afirman-
do de forma categórica que a
instituição que tutela partici-
pou de forma activa na produ-
ção do Código Deontológico
de Comunicação Ética sobre
Violência Baseada no Género.
Na ocasião, o dirigente do
MISA apelou aos jornalistas
para não apenas publicarem
matérias relacionadas com a
VBG, mas também trazer so-
luções para que a sociedade
ou os praticantes acordem do
abismo, não pautando pela vio-
lência mas sim pelo diálogo.
Segundo Jamisse, o do-
cumento já existe, mas é
com a Acção Social, trabalha- importante é que este che-
Crizalda Vilanculos mos com o Ministério de Gé- gue às redacções para os jor-
A media deve assumir a responsabilidade de manter e am-
pliar a visibilidade dos assuntos relacionadas com a Violência Comercial
Baseada no Género, sem reforçar o problema e expor as víti-
mas, de modo a diminuir os efeitos negativos da mesma. Afirma
DOUTOR MWANACHIPETA
nalistas criarem palestras e
debates sobre como repor-
tar assuntos ligados à VBG.
“Por causa da moda, nós
fazemos o lançamento e ter-
minamos em Maputo, re-
alçou Frederico Jamisse.
Para ele, “Maputo não é o
centro de atenções, é impor-
tante que o documento abran-
ja todos os jornalistas do país
para que estes possam, através
das rádios comunitárias, jor-
nais locais, media televisiva
difundir a mensagem e de-
sencorajar a prática da Vio-
lência Baseada no Género”.
Outro calcanhar de Aquiles
que parece estar a incomodar
o nosso interlocutor tem a ver
com as redacções, tendo afir-
mado que as mulheres nestas
instituições são postas de fora
na hora de tomada de decisões.
Frederico Jamisse apelou
às instituições jornalísticas
para não excluírem as mu-
lheres, referindo ainda que é
importante que haja um lugar
especial para as mulheres nas
redacções. Acrescentou que as
mulheres estão livre de tomar
as próprias decisões e estar en-
volvidas em todos os processos.

N
a Coordenadora de Género da medicusmundi, Karina Dulobo.
o âmbito do
lançamento
do Código
Deontológico
de Comuni-
cação Ética sobre Violência Ba-
seada no Género, que aconteceu
no dia 17 de Março de 2022,
numa das salas do Ministério do
Género, Criança e Accão Social
(MGCAS), a Coordenadora de
Género na organização acima
citada, Karina Dulobo, reforçou
a necessidade dos jornalistas
melhorarem a qualidade de co-
bertura jornalística sobre maté-
rias relacionadas com a VBG.
O lançamento deste regu-
lamento visa contribuir para
uma cobertura mais ampla e
qualificada, fornecendo infor-
mações que de certa forma vão
apoiar numa melhor reporta-
gem da VBG na sociedade.
A fonte contou que os jorna-
listas devem igualmente saber
usar as principais terminologias
ligadas ao género, com desta-
que para as relacionadas com
a VBG, apontando que estão a
lançar um regulamento que é um
guião para apoiar os jornalistas.
“Nós formamos jornalistas, e
com este instrumento todos os
jornalistas de certa forma serão
ajudados a reportar da melhor
maneira a VBGʺ, frisou a fonte.
De acordo com a Coor-
denadora da medicusmundi,
esta é uma organização não-
-governamental que, com o
instrumento lançado, pretende
igualmente mudar o estereóti-
po sobre como as mulheres e
os homens quando aparecem
na media são vistos quando
matam alguém, que pode ser
como assassinos à sangue frio.
“Neste documento nós mos-
tramos e definimos quais os
conceitos sobre género e suas
leis. Ajudamos os jornalistas
como reportar, apoiamos com
os endereços das organizações
da Sociedade Civil nas quais
possam trabalhar”, disse a fonte.
Nesta ordem de ideias, a
instituição em alusão, no ano
passado, formou 30 jornalis-
tas aproximadamente, mas em
duas fases, sendo que na pri-
meira formação foi de forma
presencial e a segunda virtual.
“Estamos a fazer parcerias
AGORA JÁ SE ENCONTRA EM MAPUTO
CURA E RESOLVE VARIOS PROBLEMAS TAIS COMO:
Zing-poda – Faz crescer o pénis do homem para qualquer (tamanho,
largura e cumprimento)
zz Tembo – Dá forca ao Homem zz Protege o corpo e empresas
zz Diabetes zz Faz subir de cargo
zz Hemorróides zz Faz acabar problemas do tribunal
zz Sorte no Trabalho zz Resolve problemas de gravidez
zz Tensão Alta zz Resolve problemas de amor
zz Sucessos nos negócios zz Tira maus espíritos
zz Impotência sexual zz Devolução de bens roubados
zz Ejaculação precoce zz Sucessos nos exames
zz Recuperar amor perdido zz Diminuir barriga (estética)
zz Mulher ter sorte com homem zz Borbulhas no pénis
zz Pessoa que faz xixi na cama zz Comichão
zz Dá sorte a pessoas que não tem zz Dores das ancas e dores de
zz Resolve conflitos conjugais cabeça
zz Asma zz Ser apertado com espíritos anoite
zz Paralisia zz Sonhar a fazer sexo
zz Menstruação prolongada zz Deixar de fumar
zz Dores das pernas
Doutor faz baffu para proteger contra o Corona Vírus
Visite: Alto Mae, Paragem Av. De Angola, Perto da Nossa Farmácia
Contactos: 84 – 2236478, 870634739, 822226623
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
Desporto recreativo
Campeonato da Cidade
de Maputo em alta
Bairro de Hulene
Ressuscitados ainda na cova
No bairro de Hulene, na ci-
dade de Maputo, jogou-se no
fim-de-semana a 3ª jornada do
Torneio de Abertura e a equipa
dos Ressuscitados ainda não co-
nheceu o sabor da vitória, pois
no fim-de-semana somou mais
uma derrota com a Célula “F”,
por três a um. Por sua vez, a
Nova Luz bateu mais vez o seu
rival, Célula “D”, por dois a um,
somando sete pontos. Em senio-
Comercial
|desporto|
Resultados da 4ª jornada
- Seniores
Nova Luz x Célula “B”
(1-0), Clemarc x Bloco (1-
0), Matsuva x Spartak (1-
0), Amigos x Galos (1-0).
4ª Jornada - Veteranos
O campo do Sporting vai
acolher os seguintes jogos:
Real Madala x Cruzeiro, Ti-
gres x Célula “D”, Escorpião
x Ondas do Mar, Nova Alian-
ça x Mavalane; e no Estádio
de Hulene haverá os seguintes
jogos: Veteranos x Sporting,
res tudo está a decorrer com mui-
Nova Luz x Ressuscitados
ta garra e cada jogo é uma final.
e Célula “F” x Célula “H”.
Resultados da 3ª jorna-
5ª jornada - Seniores
da- Veteranos
No sábado haverá os se-
Célula “F” x Ressuscitados
guintes jogos: Clemarc x
(3-1), Veteranos x Mavalane
Célula “B” e Amigos x Blo-
(2-2), Nova Luz x Célula “D”
co, e no domingo haverá os
(2-1), Cruzeiro x Ondas do Mar
seguintes jogos: Cofres x
(1-2), Nova Aliança x Sporting
Spartak e Galos x Nova Luz.
(1-0), Tigres x Célula “H” (0-2),
José Matlhombe
Escorpião x Real Madala (0-3).
O
Campeonato
de Veteranos
da Cidade de
Maputo vai
na sua quarta
jornada com grande motivação
e entrega a cada jornada, estan-
do dividido em duas séries (“A”
e “B”) para acomodar todas as
equipas já que entraram novas.
Resultados da 4ª jornada
Série A
Jardim x Malhampsene
(3-1), Khongolote x Chou-
pal (3-0), Bunhiça x Amigos
Matola (1-3), Leões Bravos
Dominguez supera Tico-Tico e
torna-se no mais internacional
de sempre pelos Mambas
O
experiente mé-
dio ofensivo dos
‘Mambas’, Do-
minguez, tornou-se no fute-
bolista com mais internacio-
nalizações pelos Mambas.
O feito foi conseguido
diante da Mauritânia (derrota
1-2), em jogo particular inse-
rido na 2.ª jornada do Torneio
Internacional de Nouakchott,
tendo o capitão chegado às 95
internacionalizações, supe-
rando o recorde que até então
zambeze | 21
x FCKm15 (1-4), Matendene
x Campoane (1-2), Vetera-
nos Unidos x Círculo (1-2),
Madgumb’s x Munnas (1-1).
Série B
Inhagoia x ADV (0-3),
Tsalala x Mafalala (3-1)
, Chamwaris x Luís Cabral
(0-3)
Vientes de Tsalala x União
Desportiva de Maputo (2-2),
Amigos de Khongolote x
Aeroporto (3-1), Xipanipane x
Tlhavane (0-4), e Eleven Main
ficou de fora.
José Matlhombe
pertencia ao antigo avança-
do dos ‘Mambas’, Tico-Tico.
Recorde-se que o futebo-
lista, de 38 anos, tinha igualado
na passada terça-feira o recorde
de 94 internacionalizações no
jogo com o Níger (empate 1-1).
Dominguez fez a sua es-
treia na Selecção Nacional
em 2004, sendo que dois anos
depois conquistou o seu pri-
meiro título nacional ao ser-
viço do seu clube do cora-
ção, o Desportivo de Maputo.
22 | zambeze | Cultura| Quinta-feira, 31 de Março de 2022

Stewart Sukuma comemora

40 anos de carreira musical
SILVINO MIRANDA

Na noite da última quarta-feira (23) teve lugar, nas instala-

ções do Moza Banco, um evento do lançamento das comemora-
ções dos 40 anos de carreira do músico e activista social Stewart
Sukuma, que entrou no mundo da música em 1982. Como forma
de celebrar estas quatro décadas de muito trabalho várias são as

40
actividades programadas pelo artista, seus parceiros e banda.
anos de
carreira
m u -
sical
serão
comemorados por vários espec-
táculos ao longo do ano, tendo
o lançamento das festividades
acontecido na última quarta-fei-
ra. Para marcar este feito, o artista
também lançou um novo single.
“São 40 anos de carreira
em que me permiti sair da mi-
nha zona e apresentar ao mundo
algo que sempre sonhei fazer, de
certa forma um pouco apreensi-
vo, com medo daquilo que se-
riam as repercussões do mundo,
mas com muita vontade e dedi-
cação de poder mostrar o meu
trabalho”, explicou Sukuma.
As comemorações dos 40
anos de percurso artístico de
Stewart Sukuma irão realizar-
-se ao longo de várias cidades
nacionais, claro, com espectá-
culos. Será feita uma retrospec-
tiva tocando músicas antigas já
conhecidas, não obstante estar
inclinado agora para outras áre-
as de âmbito social, entrando
também para a literatura e ac-
tivismo social. Também serão
feitas angariações de modo a
ajudar as pessoas vítimas de ci-
clone na Ilha de Moçambique.
“Comecei agora a escrever
um livro, se calhar no mês de
Maio lançaremos um livro de po-
esia. Talvez também participar
em filmes, pois sempre sonhei
em ser actor”, afirma o artista.
No evento, Sukuma referiu
que existe um leilão de carta fe-
chada de 7 artigos pessoais, que
o mesmo põe em leilão como seus primeiros anos de carreira neste momento, e uso uma frase visando reconhecer e cele-
forma de angariar fundos para em arranjar instrumentos para de referência neste poema “há brar a vida e obra de Stewart
ajudar a população deslocada tocar, estúdios para gravar, uma ilha em cada um de nós, Sukuma, um ícone da música
de Cabo Delgado e para apoiar um mercado em que para ven- mas nenhum de nós é uma ilha”, nacional, com um inestimá-
algumas pessoas na Ilha de Mo- der as músicas é difícil e até juntando todos e lutarmos pela vel contributo na valoriza-
çambique, vítimas do ciclone. hoje, mesmo com os 40 anos mesma causa, que é o bem- ção da cultura moçambicana.
“Quem quiser ficar com os de carreira ainda continua este -estar do povo moçambicano. O Presidente da Comissão
produtos, estes são um casaco dilema. “É lógico que ao lon- Olhando para o passa- Executiva do Moza Banco,
e um poster, uma peça e um go dos anos as coisas melhora- do, quero perspectivar o fu- Manuel Soares, disse duran-
acessório da minha marca, duas ram, mas o maior desafio é criar turo, quero encarar esses 40 te a sua intervenção que os 40
fotografias que eu próprio tirei uma mentalidade nas pessoas anos como o início de uma anos de carreira de Stewart
na Ilha de Moçambique quan- para que valorizem a cultura nova fase, quero continu- marcam um percurso ao longo
do fazia o programa Txopela moçambicana”, diz Sukuma. ar a fazer música, a entregar do qual o músico tem brindado
e um outro artigo”, enumera. “Quero com essas comemo- o meu coração ao povo mo- os amantes da música, e não só,
Para Sukuma, num país em rações fazer de Moçambique um çambicano, a promover este com sons e ritmos contagian-
que a indústria cultural, criati- lugar próspero para todos e vou país ao nível nacional e inter- tes, verdadeiros sucessos que se
va e musical é quase zero, não usar um poema que escrevi para nacional”, enfatiza Sukuma. destacam pela riqueza das suas
havendo desafios, sendo assim, a Ilha de Moçambique, relacio- O Moza Banco associa- composições, poesia e melodia
os desafios são todos, desde os nado com o que está a acontecer -se a estas comemorações, e que os tornaram intemporais.

Município de Maputo reúne artistas, Festival 2022

O
pelouro da
Cultura e Tu-
rismo do Con-
selho Munici-
pal de Maputo
(CMM) juntou, na semana finda
(21 e 22), artesãos e fazedores de
teatro, em duas sessões que con-
taram com a intervenção de aca-
démicos, representantes de insti-
tuições que tutelam a cultura e do
BCI, como parceiro financeiro.
Orientaram os encontros a verea-
dora da Cultura e Turismo, Isabel
Macie, e o director da Cultura,
Rodrigo Sala, ambos do CMM.
Os dois encontros seguiram-
-se ao fórum que reuniu, na mes-
ma semana, escritores e agentes
literários, num quadro de eventos
integrados nas comemorações
dos dias mundiais da Poesia, do
Artesão e do Teatro, e no âmbi-
to do Programa de Capacitação
dos Líderes e Agentes Culturais,
desenvolvido pelo município.
O BCI, representado por
Heisler Castelo David, interveio
nas sessões abordando a com-
ponente de Financiamento de
Projectos Artísticos. Destacaram-
-se, igualmente, as intervenções
de Dadivo José, da Escola de
Comunicação e Arte (UEM), so-
bre “O Papel das Instituições do
Ensino do Teatro na Profissio-
nalização e Internacionalização
dos Actores”; de Baptista Mata-
vele, da Direcção Nacional das
Entidades Legais, com o tema
“O Processo de Legalizações
das Associações Culturais”; e de
Nelson Chilengue, Administra-
dor da FEIMA – Feira de Arte-
sanato, Flores e Gastronomia de
Maputo, que abordou o papel da
indústria na economia da cidade.
Refira-se que os dias mun-
diais da Poesia, do Artesão
e do Teatro são anualmen-
te celebrados a 19, 21 e 27
de Março, respectivamente.
Quinta-feira, 31 de Março de 2022
Contra factos não há argumentos. O Rap
moz está bem, apesar de pouca mídia
SILVINO MIRANDA
O Rap nunca será somente um género musical, mas sim
uma arte apreciada por muitas pessoas que se identificam e so-
nham em alcançar o topo usando esta arte. Neste contexto, Toni
Orlando Çambique, de 20 anos de idade, residente na Matola-
P
-Tchumene, decidiu colocar a cara no Rap (Ritmo, arte e poesia).
ara ele, o Rap é
vida. “Na ver-
dade, é parti-
cular falar do
Rap, por isso
não quero aqui generalizar,
pois cada um com os seus sen-
timentos em relação ao Rap,
então, para mim, o que sinto
pelo Rap é algo muito maior,
por isso que o considero de
vida e faz parte da minha vida”.
A importância do meu
Rap é de transmitir muita in-
formação positiva para a so-
ciedade, muito calor, amor e
alegria. Nas suas composições
musicais fala do viver na so-
ciedade, sendo nessa mesma
sociedade onde se inspira.
A génese da sua história
artística surge na infância,
apesar de nunca ter sonhado
em ser artista, mas na altura
escutava músicas do mesmo
género do Hip-hop, mais pelo
gosto e não com a perspectiva
de um dia se tornar um rapper.
Ao longo do tempo teve
amigos, aliás, conheceu alguns
amigos “artistas” e quando
estavam juntos simplesmen-
te falavam de música. Tinham
um mini-estúdio e foi lá onde
surgiu a paixão de cantar.
“Eles foram dando di-
cas básicas, faziam kizomba.
Tentaram puxar-me para en-
trar na onda deles (kizomba),
mas, como eu vinha escutan-
do Rap, quando me juntei a
eles tive algumas dicas. En-
tão, senti dentro de mim e
falei com eles: deixem-me
começar no Rap, caso eu não
consiga vou convosco e ten-
tar kizomba”, afirma o artista.
“E lá comecei a fazer al-
gumas gravações no estúdio
deles; o bicho dentro de mim
foi crescendo e a paixão co-
meçou a expandir-se dentro de
mim. A experiência foi ficando
cada vez mais boa, só que eles
não sabiam bem compor 100%
uma letra de Rap, e quan-
do comecei a perceber senti
que precisava de ter alguém
da mesma área que pudesse
me dar uma mão”, assegura.
Nessa trajectória conhe-
ceu o Fumaça MC, que tam-
bém contribuiu no seu cresci-
mento. De seguida conheceu
o Meck Mário, com 11 anos
de experiência tanto no Rap
assim como no canto, en-
tão percebeu que encontrou
a pessoa de que procurava.
Gravou algumas faixas com
Meck Mário, sendo que a sua
primeira música contou com a
participação do mesmo, na fai-
xa intitulada “Te quero mais”.
Todas as gravações que
fazia eram apenas ensaios,
tendo uma experiência básica
e que foi um momento tam-
bém de muita aprendizagem.
“E lá comecei a fazer algu-
mas gravações no estúdio
deles; o bicho dentro de
mim foi crescendo e a pai-
xão começou a expandir-
-se dentro de mim. A ex-
periência foi ficando cada
vez mais boa, só que eles
não sabiam bem compor
100% uma letra de Rap, e
quando comecei a perce-
ber senti que precisava de
ter alguém da mesma área
que pudesse me dar uma
mão”
Através dessas ligações
e parcerias foi surgimento o
TM FAMILY, grupo musi-
cal composto por ele e Meck
Mário. TM FAMILY signi-
fica Tony e Mário Família.
Após a criação do nome foi
conhecendo pessoas mara-
vilhosas como Neblina, que
actualmente o tem dado mui-
to suporte, e o Slave Jullyass.
“O certo é que fui gra-
vando com o Meck Mário,
ele ajudava-me na composi-
ção das minhas letras, e até
então também faz o mesmo,
gravamos 9 faixas, com os te-
mas Te quero mais, Direitos
iguais, A vida não é só entor-
nar, Quero cuidar-te”, enfatiza.
Dos temas menciona-
dos, assim como os que não
foram mencionados, são de
género diversificado; apesar
do Meck ser rapper ele deci-
diu abraçar a área do canto.
Após o lançamento das mú-
| Cultura|
sicas, que por sua vez foram
bem recebidas, sentiram-se
gratos pela recepção da socie-
dade, então decidiram continu-
ar a trabalhar juntos e trazer à
sociedade o bom gosto da nos-
sa música, com versos e instru-
mentais de agradar os ouvidos.
“Depois disso gravamos
duas músicas que já estão
disponíveis e agora estamos
a trabalhar numa EP que tem
como título “Último capítu-
lo da vida”. Esta EP conta
com 10 faixas e com muitas
histórias dentro dela. Ainda
não está disponível, mas den-
tro em breve, faltando ape-
nas alguns ajustes”, afirma.
Dificuldades é algo que não
pode faltar num caminho cer-
to, pois é por elas que se pode
contar histórias emocionantes
e motivadoras aos outros. “As
dificuldades que enfrentei e
que estou a enfrentar têm a ver
com a falta de dinheiro, pois
hoje em dia este faz tudo. Esta
é a maior dificuldade, pior
quando não tens um braço au-
xiliar para te dar suporte. Ago-
ra não está sendo fácil gerir a
música, escola e o curso que
estou a fazer de electricidade.
Mas creio que dias melho-
res virão, esta é só uma fase e
mais uma história para contar.
O meu maior sonho como ra-
zambeze | 23
pper é continuar a transmi-
tir informações por cima de
uma instrumental, trabalhar
árduo para colocar o meu
nome no mercado/praça, ter
dinheiro e fama”, assegura.
Para Toni Çambique, a si-
tuação actual do Rap nacional
está melhor, pois tem vindo a
mostrar melhorias em todos os
aspectos, no nível de criação
(conteúdo), as gravações (qua-
lidade), vídeos. A seu ver, o
Rap moz está bem posicionado,
desde a velha escola até a nova.
Contra factos não há argu-
mentos, o Rap moz está bem,
apesar de ter pouca mídia. Con-
tudo, o Ministério da Cultura
e Turismo quase não apoia os
artistas, sendo que os fazedores
do Hip-hop é a camada mais
injustiçada por estes órgãos. O
turismo mais ou menos, pois
estes convidam o artista devi-
do a sua visibilidade ou nome.
“Para começar, agradeço
a Deus por tudo que tem feito
por mim. Não importa o que
der e vier, estar no mundo do
Rap é a melhor coisa que já
me aconteceu… aprendi mui-
ta coisa e conheci pessoas
maravilhosas, pessoas soli-
dárias, que deram o seu con-
tributo no meu crescimento
e tenho que também retribuir
noutras pessoas que vão pre-
cisar de alguma mão”, afirma.
“O meu muito obrigado
“Depois disso gravamos
duas músicas que já es-
tão disponíveis e agora
estamos a trabalhar
numa EP que tem como
título “Último capítulo
da vida”. Esta EP conta
com 10 faixas e com
muitas histórias dentro
dela. Ainda não está dis-
ponível, mas dentro em
breve, faltando apenas
alguns ajustes”
vai para Meck Mário, o meu
parceiro de luta, meu mestre, e
para Neblina, de tanto ela estar
presente chamo-a de madrinha,
e para Slave Jullyass, Rei Bravo
Kamikhaze. Esses manos tam-
bém nunca me deixaram para
trás e recebo muito apoio de-
les. Que continuem a apoiar, “a
ideia de nós fazedores de Hip-
-hop é de elevar o Rap ao mais
alto nível”, disse a terminar.
 z ambezE
Comercial Comercial

Renovação de Renovação de
assinaturas assinaturas
para 2022 O n d e a n a ç ã o s e r e e nco n t r a para 2022
Av. Emília Daússe nº1100 l Cell: 82 30 73 450 l zambeze.comercial@gmail.com l Maputo

Governo deve criar condições adequadas para a sua população

Sociedade Civil preocupada

com reassentamentos
reassentamento. Mesmo na Po-
CRIZADA VIANCULOS lítica Nacional de Terra, que
neste momento está a decorrer
No âmbito da auscultação pública sobre a Revisão da a sua revisão, muitos interve-
Política Nacional de Terras, um processo que busca co- nientes de direito não conhecem
lher as diferentes sensibilidades dos moçambicanos sobre o seu instrumento de trabalho.
as questões relacionadas com a gestão da terra no país, que Para a fonte em alusão, é di-
decorreu no dia 24 de Março, na cidade de Maputo, a So- fícil a aplicação da lei sem ter o
ciedade Civil esteve em peso e não deixou de colocar a tóni- seu domínio ou conhecimento.
ca em questões relacionadas com o reassentamento. Nesta O Governo deve massificar e di-
ordem de ideias, a Sociedade Civil sustenta a pertinência fundir as leis de todas as formas
do Governo moçambicano, com muita urgência, rever os para que os agentes nomeados
estende até ao estudo, para cada in-
terveniente dar aquilo que é o seu
ponto de vista em prol da melhoria
da qualidade de vida da população.
Igualmente, explicou a ne-
cessidade dos intervenientes te-
rem conhecimento da legislação
no seu todo. “É preciso empe-
nho e domínio do instrumento
de trabalho, pois assim tudo será
facilitado no exercício laboralʺ,
garantiu a edil de Majacadze.
sim uma continuidade, tendo em
conta os princípios que norteiam
eventualmente a actual política.
A fonte diz que a Política
Nacional de Terra de forma al-
guma deve excluir a participa-
ção e respeito da promoção dos
direitos da mulher que eventual-
mente vão de acordo com a po-
lítica que mexe com o processo.
Contudo, de acordo com o
Coordenador da Comissão da Po-

A
instrumentos que ditam a execução dessas actividades.
s infra-estru-
turas que por
vezes são er-
guidas para
reassentar as
populações são de qualidade ina-
ceitável e por vezes as indemniza-
ções são um calcanhar de Aquiles.
Segundo Agostinho Cha-
parro, da Sociedade Civil, o re-
assentamento preocupa vários
intervenientes e a população no
geral. “Aliás, a falta de consul-
tas comunitárias é que dita as la-
cunas existentes no processo de
reassentamentoʺ, frisou a fonte.
A fonte referiu que quando na
comunidade a consulta é defeitu-
osa e mal planificada todo o pro-
cesso resultará no fracasso total.
“Nós como Sociedade Civil reco-
mendamos ao Governo para olhar
no processo de reassentamento e
levar a cabo com muita seriedade.
Explicou que existem fa-
mílias que vivem nas zonas de
conservação e nos distritos de
Moatize e Tete estão a ter bar-
reiras para serem reassentadas,
afirmando igualmente que no
Governo moçambicano, junta-
mente com os investidores, as
lacunas de certa forma persistem.
De acordo com o nosso in-
terlocutor, a Revisão da Política
Nacional de Terra é vista como
um ganho maior e de grande sa-
tisfação, tendo acrescentado que o
quadro legal deve merecer maior
seriedade da parte do Governo.
Para ele, o Governo é um ór-
gão que garante as condições ade-
quadas para a sua população, afir-
mando que “o debate teve como
objecto ou base questões relacio-
nadas com o reassentamentoʺ.
Explicou igualmente que
existem certos executores da
lei que não têm o domínio da
lei. O défice do conhecimen-
to pode de certa forma contri-
buir negativamente para que
no processo existam lacunas.
Ressalvou que é normal
chegar num distrito e procurar
interagir com o administrador
local e este não ter o domínio
da lei que regula o processo de
pelo Governo possam de certa
forma responder com rigor ao
cargo que lhes foi incumbido.
“O conhecimento ou o domí-
nio das leis deve partir da base,
de modo a transmitir aos demais
intervenientes ou envolvidos nos
processos”, disse a fonte em jeito de
apelo aos intervenientes envolvidos.
É pertinente conjugarmos toda
a legislação, assim podemos
trazer resultados desejados
A Presidente do Município de
Majacadze, Maria Helena Langa,
defende a necessidade da legisla-
ção que regula a terra ser conhe-
cida na sua profundidade. Isto é,
não é suficiente conhecer a Lei
de Terra e no final do dia não ter
o domínio da lei das autarquias.
“Cada qual deve ter o domínio
da sua autoridade na área a que
está adstrito. Se soubermos conju-
garmos toda a legislação podemos
fazer o nosso trabalho com mais
produtividadeʺ, apelou a dirigen-
te do Município de Majacadze.
A fonte frisou que o convite se
A esperança é a última a morrer
Segundo o coordenador da Co-
missão da Política de Terra junto
do Ministério da Terra e Ambiente,
André Calengo, no âmbito do pro-
cesso de Revisão da Política Nacio-
nal de Terras de 1995, que even-
tualmente se espera ou conduza à
revisão da Lei de Terras de 1997,
assegurou que houve entendimento
na mesa-redonda para se discutir
dois assuntos muito pertinentes que
resultaram no trabalho da Comis-
são da Revisão da Política Nacional
de Terras, designado diagnóstico da
implementação da actual política
de 1995 e rascunho do anteprojec-
to da Política Nacional de Terras.
Sublinhou que o projecto vai
ser submetido ao Governo e even-
tualmente a esperança é a última
a morrer, esperando-se que seja
aprovada uma nova Política de
Terras que resultará ou vai surgir
uma nova realidade da revisão da
actual Política Nacional de Terras.
Para a fonte, não é uma ques-
tão de uma descontinuidade, mas
lítica de Terra, o balanço foi posi-
tivo porque conseguiu-se superar
todas as expectativas. Foi possível
um envolvimento activo na aus-
cultação pública que antecedeu o
trabalho domiciliar nas comuni-
dades. Por outro lado, referiu que
o balanço duma forma geral foi
positivo, embora existam algu-
mas lacunas como a Covid-19 que
afectou o mundo e Moçambique
não fugiu à regra, dificuldades de
acesso a algumas zonas no Cen-
tro do país e norte de Cabo Del-
gado por conta do conflito militar.
Estas declarações foram fei-
tas no âmbito da auscultação pú-
blica sobre a Revisão da Política
Nacional de Terras, um processo
que busca de certa forma reco-
lher diferentes sensibilidades
dos moçambicanos sobre ques-
tões relacionadas com gestão
da terra no território nacional.
No evento estiveram presen-
tes representantes da Sociedade
Civil, sector privado, autori-
dades comunitárias, entidades
públicas, entre outros agen-
tes do sector de terras.

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