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Processos de

Transferência de Calor
Prof. ª Eloá Suelen Ramos
Prof. ª Cândida Luiza Simonato

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof. ª Eloá Suelen Ramos
Prof. ª Cândida Luiza Simonato

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

R175p

Ramos, Eloá Suelen

Processos de transferência de calor. / Eloá Suelen Ramos; Cândida Luiza


Simonato. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

220 p.; il.


ISBN 978-85-515-0389-8

1. Calor - Transmissão. - Brasil. I. Simonato, Cândida Luiza. II. Centro


Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 536.2

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja muito bem-vindo à disciplina de Processos de
Transferência de Calor. Nesta disciplina, você construirá conhecimento a
fim de compreender, interpretar, descrever e quantificar estes processos, de
modo que possa se tornar apto a praticar estes processos profissionalmente.

No decorrer das três unidades, estudaremos os seguintes itens:


Alguns conceitos fundamentais e teóricos para que o processo seja entendido
desde a sua base principal; Como acontecem os fenômenos de transferência
de calor; A necessidade de conservação de energia; Processos de transferência
de massa pelo mecanismo de difusão; O fluxo de calor envolvido no processo
de transferência e seus mecanismos. A partir destes assuntos, poderemos
seguir com o projeto de condensadores, evaporadores, caldeiras e trocadores
de calor de modo geral.

Estudaremos os três diferentes tipos de processo de transferência de


calor: condução, convecção e radiação e os cálculos envolvidos em projetos
associados a cada situação. Ao final serão propostos exercícios de projeto de
trocadores de calor e compreenderemos um pouco mais cada particularidade.

Convidamos você, acadêmico, a estudar este livro didático com a


finalidade de desenvolver as competências de um engenheiro de projetos. O
conhecimento se constrói passo a passo e de nada adiantaria aprendermos
apenas os cálculos de projeto de trocadores. É de extrema necessidade que
você tenha o conhecimento de todas as propriedades envolvidas nos cálculos,
tanto na teoria quanto na prática.

Bons estudos!

Prof. ª Eloá Suelen Ramos


Prof. ª Cândida Luiza Simonato

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro


que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.

Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!

VI
Sumário
UNIDADE 1 – OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA
DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS.......................... 1

TÓPICO 1 – CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS......................................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 DEFINIÇÃO DE ENERGIA................................................................................................................. 3
2.1 DEFINIÇÃO DE MATÉRIA............................................................................................................ 5
2.2 DEFINIÇÃO DE PONTO DE FUSÃO E EBULIÇÃO.................................................................. 7
2.2.1 Ponto de ebulição e de liquefação.......................................................................................... 8
2.2.2 Calor específico......................................................................................................................... 8
2.2.3 Densidade absoluta.................................................................................................................. 8
2.3 DEFINIÇÃO DE DUREZA.............................................................................................................. 10
2.4 DEFINIÇÃO DE TEMPERATURA................................................................................................. 10
2.5 DEFINIÇÃO DE CALOR................................................................................................................. 11
2.5.1 Unidades de medida de calor................................................................................................. 11
2.6 CALOR SENSÍVEL........................................................................................................................... 12
2.6.1 Calor específico......................................................................................................................... 13
2.6.2 Capacidade calorífica............................................................................................................... 13
2.7 CALOR LATENTE............................................................................................................................ 14
2.8 ENTALPIA......................................................................................................................................... 15
2.9 CONCEITO DE FLUIDO................................................................................................................. 16
2.9.1 Forças que atuam sobre um fluido........................................................................................ 17
2.9.2 Hipótese do contínuo.............................................................................................................. 17
2.9.3 Fluido incompressível............................................................................................................. 17
2.9.4 Fluido compressível................................................................................................................. 18
2.9.5 Massa específica....................................................................................................................... 18
2.9.6 Volume específico.................................................................................................................... 19
2.9.7 Peso específico.......................................................................................................................... 19
3 DEFINIÇÃO DE CAPACIDADE CALORÍFICA VIBRACIONAL.............................................. 20
3.1 DEFINIÇÃO DE VOLUME............................................................................................................. 22
3.2 DEFINIÇÃO DE EXPANSÃO TÉRMICA..................................................................................... 23
3.3 DEFINIÇÃO DE CONDUTIVIDADE TÉRMICA........................................................................ 24
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 26
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 30

TÓPICO 2 – VISÃO GERAL DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR.............. 33


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 33
2 MECANISMO DE CONDUÇÃO....................................................................................................... 34
2.1 MECANISMO DE CONVECÇÃO................................................................................................. 35
2.2 MECANISMO DE RADIAÇÃO...................................................................................................... 36
2.3 MECANISMOS COMBINADOS.................................................................................................... 36
3 RELAÇÕES COM A TERMODINÂMICA E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO.......................... 37
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 40
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 41

VII
TÓPICO 3 – A NECESSIDADE DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA............................ 47
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 47
2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA EM UM VOLUME DE CONTROLE (VC)............................ 48
3 O BALANÇO DE ENERGIA EM UMA SUPERFÍCIE.................................................................... 53
4 METODOLOGIA PARA ANÁLISE DOS PROBLEMAS DA
TRANSFERÊNCIA DE CALOR......................................................................................................... 58
5 RELEVÂNCIA DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR...................................................................... 62
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 65

TÓPICO 4 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO....................... 67


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 67
2 DEFINIÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO............................................ 68
2.1 COMPOSIÇÃO DE MISTURAS..................................................................................................... 69
2.2 LEI DE FICK DA DIFUSÃO............................................................................................................ 70
2.3 DIFUSIVIDADE MÁSSICA . .......................................................................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 74
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 76

UNIDADE 2 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA.............................. 77

TÓPICO 1 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO................. 79


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 79
2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS....................................................................................................... 79
2.1 DEFINIÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR EM PAREDE PLANA
E SISTEMAS RADIAIS..................................................................................................................... 80
2.2 EQUAÇÃO GERAL DA CONDUÇÃO DE CALOR................................................................... 80
2.2.1 Condutividade térmica........................................................................................................... 83
2.2.2 Equação de Fourier.................................................................................................................. 85
2.2.3 Equação de Poisson.................................................................................................................. 85
2.2.4 Equação de Laplace................................................................................................................. 86
2.3 DEFINIÇÕES DE CONDIÇÕES DE CONTORNO E CONDIÇÃO INICIAL.......................... 86
2.4 CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE......................................... 89
2.4.1 Coordenadas Cartesianas....................................................................................................... 90
2.4.2 Coordenadas cilíndricas.......................................................................................................... 92
2.5 ANALOGIA COM SISTEMAS ELÉTRICOS................................................................................. 96
2.6 RAIO CRÍTICO DE ISOLAMENTO TÉRMICO........................................................................... 99
2.7 ALETAS OU SUPERFÍCIES ESTENDIDAS.................................................................................. 102
2.7.1 Tipos de Aletas......................................................................................................................... 102
2.7.2 Equação geral da aleta............................................................................................................. 103
2.8 CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME TRANSIENTE............................................................ 105
2.8.1 Análise global........................................................................................................................... 105
2.8.2 Diagrama de Heisler................................................................................................................ 110
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 120
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 121

TÓPICO 2 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO............... 123


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 123
2 DEFINIÇÃO DE CONVECÇÃO DE CALOR.................................................................................. 124
2.1 CONVECÇÃO DE CALOR NATURAL........................................................................................ 124
2.2 CONVECÇÃO DE CALOR FORÇADA........................................................................................ 125
2.3 ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO............................................................................ 125

VIII
2.4 CAMADA LIMITE ..............................................................................................................130
2.4.1 Camada limite de velocidade................................................................................................. 131
2.4.2 Camada limite térmica............................................................................................................ 132
2.4.3 Camada limite de concentração............................................................................................. 133
2.5 PARÂMETROS ADIMENSIONAIS............................................................................................... 135
2.5.1 Número de Reynolds............................................................................................................. 135
2.5.2 Número de Prandtl................................................................................................................. 135
2.5.3 Número de Nusselt................................................................................................................ 136
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 138
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 139

TÓPICO 3 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO................... 141


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 141
2 CONCEITO FUNDAMENTAIS.......................................................................................................... 141
2.1 DEFINIÇÃO DE RADIAÇÃO DE CALOR................................................................................... 141
2.2 INTENSIDADE DE RADIAÇÃO................................................................................................... 143
2.3 RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO.................................................................................................. 147
2.3.1 Lei de Stefan-Boltzmann........................................................................................................ 148
2.4 ABSORÇÃO, REFLEXÃO E TRANSMISSÃO EM SUPERFÍCIES............................................. 149
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 151
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 153
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 154

UNIDADE 3 – OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA


DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS ........................ 155

TÓPICO 1 – EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA.................................................................. 157


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 157
2 TROCADORES DE CALOR................................................................................................................ 158
2.1 APLICAÇÕES E CLASSIFICAÇÃO............................................................................................... 158
2.2 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O PROCESSO DE
TRANSFERÊNCIA DE CALOR...................................................................................................... 159
2.3 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O TIPO DE CONSTRUÇÃO...................................... 160
2.3.1 Trocadores de calor do tipo duplo tubo.............................................................................. 160
2.3.2 Trocadores de calor tipo casco e tubos................................................................................ 161
2.3.3 Trocadores de calor de placas............................................................................................... 163
2.3.4 Trocadores de calor de placas aletadas............................................................................... 165
2.3.5 Trocadores de calor de tubos aletados................................................................................. 165
2.3.6 Trocadores de calor regenerativos....................................................................................... 166
2.3.7 Trocador de Calor de Correntes paralelas.......................................................................... 167
2.3.8 Trocador de Calor em Contracorrente................................................................................. 167
2.3.9 Trocador de Calor de Correntes cruzadas.......................................................................... 168
2.3.10 Trocador de Calor de Escoamentos multipasse............................................................... 169
2.4 CLASSIFICAÇÃO PELO MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR....................... 170
2.4.1 Condensadores........................................................................................................................ 170
2.4.2 Geradores de vapor (caldeiras)............................................................................................. 170
2.5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE UM TROCADOR DE CALOR.................................................. 171
2.5.1 Desempenho térmico e operacional..................................................................................... 172
2.5.2 Manutenção............................................................................................................................. 172
2.5.3 Flexibilidade operacional....................................................................................................... 172
2.5.4 Custo.......................................................................................................................................... 172

IX
2.5.5 Critérios adicionais.................................................................................................................. 172
2.5.6 Perda de carga.......................................................................................................................... 173
2.6 TROCADORES DO TIPO CASCO E TUBOS............................................................................... 173
2.7 TROCADORES TIPO DUPLO TUBO............................................................................................ 173
2.8 TROCADORES RESFRIADOS A AR............................................................................................. 173
2.9 TROCADORES DE PLACAS.......................................................................................................... 174
2.10 TROCADOR DE CALOR............................................................................................................... 174
2.11 TUBOS.............................................................................................................................................. 174
2.12 ESPELHOS....................................................................................................................................... 175
2.13 CASCO............................................................................................................................................. 175
2.14 CABEÇOTES.................................................................................................................................... 175
2.15 CHICANAS..................................................................................................................................... 176
3 CALDEIRAS........................................................................................................................................... 176
3.1 CALDEIRAS FLAMOTUBULARES............................................................................................... 176
3.2 CALDEIRAS AQUATUBULARES................................................................................................. 177
3.3 CALDEIRAS PARA USINAS DE FORÇA TERMOELÉTRICA................................................. 177
3.3.1 Caldeiras industriais................................................................................................................ 177
3.3.2 Caldeiras combinadas............................................................................................................. 177
4 FATORES DE INCRUSTAÇÃO.......................................................................................................... 177
5 DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NOS TROCADORES DE CALOR............................... 178
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 180
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 181

TÓPICO 2 – CÁLCULOS DE TROCADORES DE CALOR E SUAS


PARTICULARIDADES .................................................................................................. 183
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 183
2 COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR.................................................... 183
2.1 MÉTODO DA MÉDIA LOGARÍTMICA DA FORÇA MOTRIZ (∆TML OU DTML)............. 185
2.2 MÉTODO DA EFICIÊNCIA – NUT............................................................................................... 188
3 MATERIAIS ISOLANTES TÉRMICOS............................................................................................ 207
4 PROPRIEDADES TÉRMICAS............................................................................................................ 208
5 PROPRIEDADES MECÂNICAS........................................................................................................ 209
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 210
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 213
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 214

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 217

X
UNIDADE 1

OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS


DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA
E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender conceitos teóricos e fundamentais sobre transferência de


calor e massa;

• conhecer definições de expressões utilizadas no dia a dia no sentido físico;

• identificar processos do dia a dia que possuem mecanismos de transferên-


cia de calor e massa;

• visualizar a necessidade de conservar energia nos processos;

• conhecer processos de transferência de calor e de massa por difusão.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

TÓPICO 2 – VISÃO GERAL DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE


CALOR

TÓPICO 3 – A NECESSIDADE DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

TÓPICO 4 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em


frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

1 INTRODUÇÃO

O estudo de transferência de calor pode ser considerado uma continuidade


do estudo da termodinâmica, sendo que esta última está apenas interessada nos
estágios iniciais e finais das interações das trocas de energia de um sistema com
sua vizinhança (trabalho e calor), enquanto que no estudo de transferência de
calor são vistos os modos e suas respectivas taxas.

Sempre que há um gradiente de temperatura no interior de um sistema.


ou quando há contato entre dois sistemas com temperaturas diferentes, há um
processo de transferência de energia. O processo através do qual a energia é
transferida é conhecido como transferência de calor.

Assim, sempre que houver um gradiente de temperatura em um meio,


ou entre meios, haverá transferência de calor, que consiste no fluxo de energia
térmica da maior para a menor temperatura, por três modos: condução; convecção;
e radiação.

Sabe-se que o processo de transferência de calor é a transmissão de


energia de um material para o outro. Para facilitar o conteúdo e darmos
início ao processo de aprendizagem deste tema, esta unidade apresentará
alguns conceitos fundamentais para o estudo da transferência de calor.

2 DEFINIÇÃO DE ENERGIA
Energia é definida basicamente como a capacidade de um corpo realizar
trabalho, ou seja, gerar força em um determinado corpo ou sistema.

Tem-se a energia sensível, que está associada à energia cinética dos átomos
e moléculas e seus componentes, relaciona o nível de transições e vibrações,
conforme ilustrado na Figura 1. Quanto maior a temperatura de um corpo, maior
será o seu nível vibracional, e, consequentemente, maior será sua energia sensível
e interna.

3
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

FIGURA 1 – TIPOS DE MOVIMENTOS ASSOCIADOS À MOLÉCULA E SEUS COMPONENTES


(ENERGIA SENSÍVEL)

FONTE: Adaptado de Callister (2002)

Além da energia sensível, relaciona-se a energia latente ao estado físico do


sistema, ou seja, as forças intermoleculares atuantes no sistema. A energia latente
caracteriza-se por ser baixa nos gases e aumentar nos líquidos, apresentando seu
maior valor em sistemas sólidos. Qualquer alteração no nível de energia térmica
do sistema (fornecimento ou remoção), poderá alterar a mudança de estado do
corpo em questão, conforme apresentado na Figura 2:

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DA COESÃO MOLECULAR NOS SÓLIDOS, LÍQUIDOS E GASES


(ENERGIA LATENTE)

FONTE: Adaptado de Callister (2002)

A terceira forma de energia conhecida é a Energia Química, que diz


respeito às ligações entre os átomos de uma molécula. Esta energia pode aumentar
ou diminuir em reações químicas, geralmente o calor da reação é absorvido ou
transferido para a vizinhança, o que define uma reação como endotérmica ou
exotérmica, respectivamente.

4
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

A energia que associa as interações no núcleo dos átomos é a energia


nuclear. E, por último, tem-se a energia interna (Equação 1.1) de um corpo, que
é aquela que pode sofrer alteração de acordo com as demais energias citadas
anteriormente (sensível, latente, química ou nuclear):

∆U = ∆Esen + ∆Elat + ∆Equí + ∆Enuc (1.1)

Designa-se que a soma da energia sensível e latente é a energia térmica ou


calor. Em casos onde existe diferença de temperatura entre dois corpos no espaço,
é possível afirmar que haverá transferência de calor, ou seja, passagem de energia
térmica de um corpo para o outro, o que caracteriza um fluxo de calor, tendo a
diferença de temperatura como força motriz.

NOTA

Um estudo mais detalhado das mudanças de estado foi realizado pelo químico


holandês Thomas Andrews (1813-1885), a partir de 1861, apresentado à Royal Society of London.
Nesse trabalho, ele mostrou que acima de uma dada temperatura e pressão, denominadas por
ele de valores críticos (TC, PC), todos os gases em geral podem causar sua liquefação. Como
resultado de suas experiências, ele fez a distinção entre vapor e gás ao afirmar que o vapor é
um gás em qualquer temperatura abaixo de sua TC. Estudos posteriores das curvas de Andrews,
incluindo a temperatura, resumem as mudanças de estado dos corpos.

2.1 DEFINIÇÃO DE MATÉRIA


Matéria é definida como tudo o que possui massa e ocupa determinado
lugar no espaço. Seus principais estados são: sólido, líquido e gasoso. A matéria
é definida com base em suas propriedades, que podem ser gerais ou específicas.
Propriedades gerais são aquelas comuns a todos os tipos de matéria, não
permitindo uma diferenciação entre elas. Temos como exemplos de propriedades
gerais: massa, peso, elasticidade, inércia e compressibilidade.

a) Massa

Expressa a quantidade de matéria de um corpo. Determina a inércia e o


peso. A massa é a medida da inércia. Quanto maior a massa de um corpo, maior
a sua inércia. Massa e peso são duas coisas diferentes. A massa de um corpo pode
ser medida em uma balança.

b) Inércia

5
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Resistência que um corpo oferece a qualquer tentativa de variação do


seu estado de movimento ou de repouso. O corpo que está em repouso tende a
ficar em repouso e o que está em movimento tende a ficar em movimento, com
velocidade e direção constantes.

c) Peso

É a força gravitacional entre o corpo e a Terra.

d) Elasticidade

Propriedade em que a matéria tem de retornar ao seu volume inicial após


cessar a força que causa a compressão.

A compressão, ou deformação, é proporcional à força exterior aplicada
e inversamente proporcional à secção do material. Chama-se de coeficiente de
elasticidade a constante de proporcionalidade, e o seu inverso é denominado de
módulo de elasticidade ou módulo de Young.

O que ocorre é que ao se aplicar uma força externa a um corpo, a


deformação ocorre até certo ponto, chamado de limite de proporcionalidade. A
partir deste ponto, o corpo não retornará ao seu estado original e atinge, assim, o
seu limite elástico. Caso a força externa continue a agir, o corpo passará ao estado
plástico, onde ocorrerá uma deformação permanente.

As diferentes elasticidades dos corpos são explicadas com base nos


modelos moleculares dos materiais, em que as forças de atração entre os átomos
ou moléculas são mais fortes ou mais fracas. As substâncias que apresentam
módulo de elasticidade reduzido possuem forças de atração baixas.

e) Compressibilidade

Propriedade em que a matéria tem de reduzir seu volume quando


submetida a certas pressões, conforme ilustrado na Figura 3. Ao puxar o êmbolo,
o interior do tanque é preenchido pelo ar. Quando o êmbolo é empurrado, o ar
em seu interior é comprimido.

A compressibilidade é representada pelo símbolo K e seu valor é uma


constante calculada pelo inverso do módulo da compressibilidade. Este módulo
representa a razão entre a pressão exercida sobre um corpo e a porcentagem de
diminuição do seu volume.

6
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

FIGURA 3 – DILATAÇÃO E COMPRESSÃO

FONTE: Adaptado de <http://bit.ly/2Nr2Pua>. Acesso em: 6 mar. 2019.

As propriedades específicas são exclusivas de cada tipo de matéria. Podem


ser classificadas em organolépticas, físicas e químicas.

As propriedades organolépticas são aquelas notadas pelos órgãos dos


sentidos (olhos, nariz, língua), ou seja, cor, brilho, odor e sabor. Já as propriedades
físicas são características, como ponto de fusão e ponto de ebulição, solidificação,
liquefação, calor específico, densidade absoluta e dureza.

NOTA

Em pontes, viadutos e entre trilhos de trem e metrô, existem pequenos espaços


deixados entre as placas de concreto ou entre os trilhos de ferro. Isso é feito de forma intencional.
Esses espaços são chamados de juntas de dilatação. Servem para permitir que esses materiais,
aquecidos pela passagem dos automóveis, possam dilatar sem deformar ou ruir as estruturas.

2.2 DEFINIÇÃO DE PONTO DE FUSÃO E EBULIÇÃO


Ponto de fusão e ebulição são as temperaturas em que a matéria passa da
fase sólida para a fase líquida e da fase líquida para a fase gasosa, respectivamente.

7
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

A fusão ocorre quando um corpo, em determinada pressão, recebe calor


e sua temperatura atinge determinado valor. A quantidade de calor varia de
acordo com a substância que compõe o corpo. De maneira geral, quando um
corpo está no estado sólido, apresenta uma forma bem definida e seus átomos
estão organizados ordenadamente.

O processo de ebulição ocorre quando certa quantidade de líquido em


determinada pressão recebe calor e atinge certa temperatura. Uma substância
no estado líquido não possui forma definida, assumindo, assim, a forma do
recipiente em que está contida.

2.2.1 Ponto de ebulição e de liquefação


Ponto de ebulição e de liquefação são as temperaturas em que a
matéria passa da fase líquida para a fase gasosa e da fase gasosa para a líquida,
respectivamente.

2.2.2 Calor específico


Calor específico é a quantidade de calor necessária para aumentar em 1
grau Celsius (ºC) a temperatura de 1 grama de massa de qualquer substância.
Pode ser medida em calorias.

O calor específico está diretamente ligado à área da Física chamada


de Calorimetria, que estuda as transferências de energia de um corpo com maior
temperatura para outro corpo de menor temperatura.

2.2.3 Densidade absoluta

Densidade absoluta é relação entre massa e volume de um corpo:

m (1.2)
d=
V

A densidade absoluta de um corpo é diferente da densidade do material


ou substância que o compõe. Para isto é necessária a diferenciação entre os tipos
de corpos. Por exemplo, se o corpo for maciço, considerado homogêneo, sua
densidade absoluta coincidirá com a densidade do material. Quando o corpo
apresenta partes ocas, sua densidade será menor que a densidade do material
que o compõe. Observe o exemplo a seguir.

8
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

Pense em uma esfera com raio externo (Re) e com uma parte oca de raio
Ri. Considerando apenas a massa da parte maciça da esfera teremos:

FIGURA 4 – ESFERA COM PARTE EXTERNA MACIÇA E PARTE INTERNA OCA

FONTE: <http://bit.ly/2kqlTwS>. Acesso em: 15 abr. 2019.

Sabendo que:

m m
µ= =
esfera
Vesfera 4 π R3
3 esfera

m (1.3)
µesfera =
Vesfera − Voco

m (1.4)
µesfera =
4 π ( R3 − R3 )
3 esfera i

(1.5)

Assim, chegamos à conclusão que μesfera<μmaterial.

9
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

2.3 DEFINIÇÃO DE DUREZA


Dureza é determinada pela resistência que a superfície do material oferece
ao risco por outro material. O diamante é o material que apresenta maior grau de
dureza na natureza.

Os primeiros ensaios realizados a respeito de dureza foram baseados


em minerais naturais, com uma escala construída unicamente em função de um
material riscar o outro.

A escala Mohs, que é um sistema qualitativo, foi concebido a fim de


determinar o quão duro é um material. Para noções maiores, o talco apresenta a
escala de 1 Mohs e o diamante de 10 Mohs.

Ao longo dos anos, diversas técnicas foram desenvolvidas a fim de medir


de forma quantitativa. Para isto, um pequeno penetrador é forçado sobre o
material a ser medido com condições controladas de carga e taxa de aplicação.
Desta forma, a profundidade ou o tamanho da impressão ao final do teste é
medida e relacionada a um número de dureza. Quanto mais macio o material
a ser medido, mais profunda será a impressão e menor será o índice de dureza.

Geralmente este é um teste de fácil realização por ser simples e barato,


não destrói o material de teste e pode-se ainda estimar outras grandezas, como o
limite de resistência à tração.

2.4 DEFINIÇÃO DE TEMPERATURA


Temperatura é a grandeza física que determina o grau de agitação das
partículas de um corpo, estabelecendo seu estado físico e térmico. A temperatura
é a força motriz para que haja transferência de calor entre dois corpos. Assim como
em casos onde existe diferença de concentração, que um meio mais concentrado
é transferido para um meio menos concentrado (processo de osmose), com a
temperatura acontece o mesmo. Corpos que possuem uma temperatura mais alta
tendem a transferir calor para corpos com temperaturas mais amenas. Se não
houver nenhuma diferença de temperatura entre as regiões, não há troca de calor.

A temperatura costuma ser medida por um termômetro e  indica o


grau de intensidade do calor em um determinado território. A física conceitua
temperatura de diversas formas:

• Temperatura absoluta: não depende de medida nem da substância ou


propriedade utilizada para medi-la, e que usualmente é medida na escala
Kelvin cujo símbolo é "T".

10
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

• Temperatura centígrada, temperatura Celsius ou temperatura centesimal: é


medida na escala centígrada.
• Temperatura crítica: temperatura acima da qual um gás real não pode ser
liquefeito por compressão isotérmica.
• Temperatura basal (Fisiologia): temperatura do corpo, estando este em repouso
absoluto.
• Temperatura Curie: temperatura acima da qual uma substância ferromagnética
perde o ferromagnetismo e passa a paramagnética.
• Temperatura de cor: temperatura que se determina pela comparação entre a
energia irradiada por um corpo num certo comprimento de onda (ou numa
faixa de comprimentos de onda) e a energia irradiada por um corpo negro no
mesmo comprimento de onda (ou na mesma faixa de comprimentos de onda).
• Temperatura efetiva: temperatura igual à de um corpo negro que emitiu para o
conjunto de todos os comprimentos de onda um fluxo total igual ao do corpo
considerado.
• Temperatura internacional: é medida na escala internacional de temperatura.
• Temperatura Kelvin: temperatura absoluta medida na escala Kelvin.
• Temperatura reduzida: o quociente da temperatura absoluta de um gás pela
sua temperatura crítica.
• Temperatura termodinâmica: num sistema isolado, a derivada parcial da
energia interna pela entropia.

2.5 DEFINIÇÃO DE CALOR


“Calor é a energia térmica em trânsito, devido a uma diferença de
temperatura entre os corpos” (GOWDAK). Ou seja, é uma forma de energia em
trânsito que ocorre devido à diferença de temperatura entre dois corpos. Este
processo é chamado de transferência de calor.

2.5.1 Unidades de medida de calor


A unidade utilizada para expressar calor no Sistema Internacional de
Unidades (SI) é o joule (J). Na prática é muito comum encontrarmos valores em
termos de calorias.

11
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Por definição, uma caloria (1 cal) é a quantidade de calor que deve ser
transferida a um grama de água para variar a temperatura em 1 oC, por exemplo,
de 15,5 °C  para 16,5 °C. Joule, após realizar alguns experimentos, estabeleceu
uma relação entre as duas unidades (joule e calorias):

1 cal = 4,18 J

Usa-se ainda a unidade quilocaloria (kcal) para medidas de quantidade


de calor:

1 kcal = 1.000 cal = 103 cal

Além disso, a British Thermal Unit (BTU) é também uma unidade técnica
usada para quantidade de calor. Geralmente é a unidade encontrada em manuais
para caracterizar equipamentos e máquinas que envolvem energia térmica:

1 BTU = 252,4 cal = 1.055 J

2.6 CALOR SENSÍVEL


O calor sensível é a forma de calor que correlaciona volume e temperatura
dos corpos. Dizemos que o corpo recebeu calor sensível quando o efeito produzido
é a mudança de temperatura. Por definição, ficou conhecido como processo
isobárico (sem variação de pressão). Em suma, quando a pressão de uma amostra
gasosa é mantida constante, a sua temperatura é diretamente proporcional ao seu
volume. Ou seja, quando a pressão do sistema é mantida constante, existe uma
relação direta entre volume e temperatura, de modo que:

V/T = constante

Esta correlação pode ser descrita ainda como:

Vi V f
= (1.6)
Ti T f

Em que, Vi e Vf representam volumes iniciais e finais do gás,


respectivamente, e Ti e Tf são as temperaturas iniciais e finais:

Q = Cp ∆T = m c∆T (1.7)

12
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

Em que:

Q = quantidade de calor trocado [J, cal, kcal, BTU etc.];


Cp = capacidade calorífica do corpo [J/ºC];
m = massa do corpo [g, kg];
c = calor específico da substância [J/(kg ºC)];
∆T = variação da temperatura (Tfinal - Tinicial) [K, ºC].

2.6.1 Calor específico


O calor específico corresponde à capacidade calorífica por unidade
de massa da matéria, tem como unidade J/kgK ou cal/gK, ou seja, representa
a quantidade de calor que é necessariamente fornecida por unidade de massa
de uma substância para elevar sua temperatura em 1 grau. Para a água, o calor
específico convencionado é de 1 cal/kg.

Sabe-se que Cv é o calor específico a volume constante e o Cp é o calor


específico à pressão constante. No quadro a seguir são apresentados o calor
específico de algumas substâncias:

QUADRO 1 – CALOR ESPECÍFICO DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS

Substância (sólidos e Calor específico (a 25 °C e 1 atm)


líquidos) (J/Kg.°C) (cal/g.°C)
Água 4200 1,0
Álcool etílico 2400 0,58
Alumínio 900 0,22
Chumbo 130 0,031
Cobre 390 0,092
Concreto 840 0,20
Ferro 450 0,11
Gelo (-5 °C) 2100 0,50
Mercúrio 140 0,033
Ouro 130 0,031
Prata 230 0,056
FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

2.6.2 Capacidade calorífica


Ao aquecermos um material, notamos que sua temperatura aumenta, isso
significa que de alguma maneira ele absorveu energia. A capacidade calorífica
representa a quantidade necessária de energia para aumentar um grau na
temperatura.

13
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

A capacidade calorífica pode ser representada matematicamente como:

dQ
C= (1.8)
dT

Sendo dQ a variação de energia e dT a variação de temperatura do corpo.


Em sólidos, geralmente a principal maneira de identificação de energia térmica
é devido ao aumento da energia vibracional dos átomos. Os átomos estão em
constante vibração, e apesar de serem independentes uns dos outros, suas vibrações
possuem relações com as ligações atômicas existentes. A capacidade calorífica de
uma substância expressa a sua capacidade de absorver calor da vizinhança.

Usualmente, expressa-se a capacidade calorífica em termos de um mol do


material enfocado. Isso leva a unidades possíveis, como J/mol.K e cal/mol.K. Existem
duas maneiras de avaliar a capacidade calorífica de acordo com as condições em
que a amostra está inserida. Uma é a capacidade enquanto se mantém constante o
volume da amostra, Cᵛ. A outra é a capacidade enquanto se mantém constante a
pressão externa, Cᵖ.

Tem-se sempre Cᵖ > Cᵛ, mas a diferença é pequena para a maioria dos
sólidos em temperaturas iguais à ou abaixo da temperatura ambiente.

2.7 CALOR LATENTE


Calor latente é o nome dado à quantidade de energia térmica utilizada
para alterar o estado físico de uma matéria. Por exemplo, derreter cubos de gelo:

Q = m.L (1.9)

Em que:

Q = quantidade de calor trocado (J);


m = massa que mudou de estado físico (kg);
L = calor latente da transformação física (J/kg).

O calor latente pode ser:

• Endotérmico (Q > 0): as transformações de fusão, vaporização e sublimação são


endotérmicas, pois a matéria precisa absorver calor.
• Exotérmico (Q < 0): as transformações de liquefação, solidificação e sublimação
inversa são exotérmicas, pois a matéria precisa liberar calor.

14
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

2.8 ENTALPIA
Entalpia é uma propriedade extensiva de uma substância, que está
relacionada com o calor de reação (Qp) e permite calcular o calor absorvido ou
liberado em uma reação química. É uma função de estado:

∆H= H final − H inicial (1.10)

A pressão constante:

QP = ∆H (1.11)

Toda reação química é acompanhada de uma variação de energia interna


(∆U) e de uma variação de entalpia (∆H) (Figura 5) na transformação de reagentes em
produtos:

FIGURA 5 – VARIAÇÃO DE ENTALPIA (∆H)

FONTE: <http://bit.ly/2m6S4lo>. Acesso em: 6 mar. 2019.

Segundo Dias (s.d., s.p.):

O  cálculo da variação da entalpia (ΔH) é um procedimento matemático


que utiliza as entalpias de cada um dos participantes de uma reação química
para determinar a quantidade de energia que foi absorvida ou liberada por
um processo químico qualquer. Considerando a equação a seguir:

A + B -> C + D

Para realizar o cálculo da variação da entalpia desta reação, é necessário


conhecer as entalpias de cada um dos participantes (reagentes e produtos):
 

15
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

• HA = entalpia da substância A;


• HB = entalpia da substância B;
• HC = entalpia da substância C;
• HD = entalpia da substância D.

Tendo conhecimento sobre a entalpia de cada um dos participantes


da reação, basta utilizar os valores na expressão matemática de subtração que
representa a variação da entalpia, que é:

∆H = H P − H R (1.12)

Para essa reação, temos que:

• Hp = Soma da entalpia dos produtos.

No caso da reação representada no Hp, temos a soma das entalpias dos


produtos C e D, sempre respeitando as quantidades estequiométricas, logo:

H P c.H C + d .H D
= (1.13)

• HR = Soma da entalpia dos reagentes.

No caso da reação representada no Hr, temos a soma das entalpias dos


reagentes A e B, sempre respeitando as quantidades estequiométricas, logo:

H R a.H A + b.H B
= (1.14)

2.9 CONCEITO DE FLUIDO

Um fluido é definido como uma substância que se deforma continuamente


sob a ação de um esforço cisalhante.

FIGURA 6 – PERFIL LINEAR DE VELOCIDADE

FONTE: Adaptado de Welty et al. (2008)

16
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

Um sólido, quando sujeito a uma força de cisalhamento, apresenta


deformação finita ou ruptura.

2.9.1 Forças que atuam sobre um fluido


a) Forças de corpo

Atuam sem contato físico. Exemplo: forças gravitacionais e eletromagnéticas:

b) Forças de superfície

= .g ρ .V .g
F m= (1.15)

Necessitam de contato físico para atuar. Exemplo: forças de pressão


(normal a superfície) e forças viscosas (atrito – normais e cisalhantes).

2.9.2 Hipótese do contínuo


Conforme o quadro a seguir, considera-se o fluido como uma distribuição
contínua de matéria (desprovida de espaços vazios) ou um Continuum:

QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS


MOLECULAR MICROSCÓPICA MACROSCÓPICA
Domínio Molecular Domínio do contínuo X > 10-3 m
X < 10-6 m 10-6m < x < 10-3 m Centímetro, metro, Km
micron milímetro
Mecânica do contínuo
FONTE: Adaptado de UFCG (2015)

Dentro da mecânica do contínuo é válido o princípio da conservação de


massa, energia e quantidade de movimento.

2.9.3 Fluido incompressível


Alguns fluidos, particularmente os líquidos, possuem massas específicas
que permanecem aproximadamente constantes sob uma ampla faixa de
temperatura e pressão. Fluidos que apresentam este comportamento são
denominados incompressíveis.

17
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

2.9.4 Fluido compressível


Apresenta variações de massa específica consideráveis quando submetido
a uma variação de pressão. Para gases ideais pode-se considerar a seguinte relação:

PM
ρ= (1.16)
RT

2.9.5 Massa específica


A massa específica de um fluido é definida como a quantidade de massa
de uma substância contida em uma unidade, como a quantidade de massa de
uma unidade de volume. Sob condições de escoamento, particularmente em
gases, a massa específica pode variar significativamente de um ponto para outro
no fluido. A massa específica ρ, em um ponto do fluido é definida como:

∆m  kg 
lim − = (1.17)
∆V →δ V ∆V  m3 

em que ∆m é a massa contida em um volume ∆V e δV é o menor volume


envolvendo o ponto para o qual as médias estatísticas são significativas.

FIGURA 7 – MASSA ESPECÍFICA

FONTE: <http://bit.ly/2lKy3ka>. Acesso em: 16 abr. 2019.

18
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

2.9.6 Volume específico


Volume específico é volume ocupado por unidade de massa de uma
substância (usado mais no estudo dos gases):

Volume  m3  1
=∆ = =  (1.18)
Massa  kg  ρ

2.9.7 Peso específico


Peso específico é peso da massa de uma substância contida em uma unidade
de volume:

Peso N
=γ = = ρ .g (1.19)
Volume  m3 

Exemplo 1: (FePeCS-DF) O metanol é um líquido, inflamável e perigoso,


que apresenta efeito tóxico no sistema nervoso, particularmente no nervo
óptico. Essa substância pode ser preparada através da hidrogenação
controlada do monóxido de carbono, em uma reação que se processa sob
pressão e em presença de um catalisador metálico. Com base na tabela
de calores-padrão de formação a seguir, calcule a variação da entalpia do
processo:

CO + H 2 → CH 3OH

Substância Entalpia (kJ/mol)


CO -110
CH3OH -726

Resolução:

Dados fornecidos pelo exercício:


HCO = -110 kJ/mol
HCH3OH = -726 kJ/mol
ΔH = ?

1) Analisar se a equação está ou não balanceada.


A equação da reação em questão não está balanceada, já que temos dois

19
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

hidrogênios no reagente e quatro no produto. Por isso, devemos colocar


o coeficiente 2 na frente da fórmula do H2 para igualar a quantidade de
hidrogênios.
CO + 2 H2 -> CH3OH

2) Calcular a entalpia dos reagentes (Hr):


Os reagentes dessa reação são o CO e o H2 (que apresenta entalpia zero
por ser uma substância simples mais estável). Assim sendo, temos que:
Hr = a.HCO + b.HH2
Hr = 1. (-110) + 2.0
Hr = -110 kJ.

3) Calcular a entalpia do produto:


O produto dessa reação é o CH3OH apenas. Logo:
Hp = a.HCH3O
Hp = 1. (-726)
Hp = -726 kJ.

4) Por fim, basta aplicar o Hp e o Hr encontrados na fórmula para calcular


a variação da entalpia:
ΔH = Hp – Hr
ΔH = -726 - (-110)
ΔH = - 616 kJ/mol
FONTE: <http://bit.ly/2m6S4lo>. Acesso em: 6 mar. 2019.

3 DEFINIÇÃO DE CAPACIDADE CALORÍFICA VIBRACIONAL


De maneira geral, a absorção de energia térmica em sólidos ocorre pelo
aumento da energia vibracional dos átomos. Isso significa que os átomos de um
material sólido costumam vibrar a frequências altas e amplitudes pequenas.
Estas vibrações possuem correlação com as ligações atômicas, o que leva à
criação de ondas reticulares que se propagam no material como um todo. Pode-
se compreender melhor observando a figura a seguir:

20
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

FIGURA 8 – VIBRAÇÃO DE ÁTOMOS DE MATERIAL SÓLIDO

FONTE: Adaptado de Callister (2002)

A contribuição vibracional varia de acordo com a temperatura, como


mostrado na figura a seguir. O valor de Cv é nulo a 0K, porém, aumenta rapidamente
com a elevação da temperatura. Em baixas temperaturas, a relação entre Cv e T é:

. ³
Cv = AT (1.20)

em que A é uma constante independente da temperatura.

21
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

FIGURA 9 – RELAÇÃO ENTRE CONTRIBUIÇÃO VIBRACIONAL E TEMPERATURA

FONTE: Adaptado de Callister (2002)

É possível observar que a partir da temperatura de Debye (ϴD), o valor


de Cv se estabiliza, tornando-se independente da temperatura e assumindo um
valor igual a 3R, sendo R o valor correspondente à constante universal dos gases.

3.1 DEFINIÇÃO DE VOLUME


Volume refere-se à grandeza física que expressa a extensão de um corpo
em três dimensões: comprimento, largura e altura. No sistema internacional (SI),
sua unidade de medida é o metro cúbico (m³).

O volume, junto à pressão e temperatura, compõe as três variáveis de


estado dos gases. Todos os gases possuem massa, porém sua forma e volume
não são constantes. O volume de um gás corresponde ao espaço ocupado por ele
mesmo.

Isso ocorre devido ao fato de os gases serem formados por partículas


(átomos ou moléculas) que se movimentam constantemente de maneira contínua
e desordenada em todas as direções e sentidos. O volume dos gases está ainda
diretamente relacionado com a temperatura, pois ocorrerá expansão ou contração
do gás com o seu aumento ou diminuição, respectivamente.

22
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

3.2 DEFINIÇÃO DE EXPANSÃO TÉRMICA


Quando submetidos a um aumento de temperatura, a maioria dos sólidos
se expande. Com a diminuição de temperatura, geralmente se contraem. Pode-se
descrever este comportamento a partir da seguinte equação:

l f − l0
= α l (T f − T0 ) (1.21)
l0

em que lf e l0 são os comprimentos inicial e final respectivamente, Tf e T0 são as


temperaturas final e inicial, respectivamente, e αl é o coeficiente linear de
expansão térmica. Pode-se reescrever a equação anterior como:

∆l
= α l ∆T (1.22)
l0

O coeficiente αl é uma propriedade exclusiva do material, que indica o


grau de expansão sob aquecimento. Sua unidade de medida é o inverso de uma
unidade de temperatura. Da mesma forma, para explicar a expansão volumétrica
de um sólido, utiliza-se a seguinte equação:

∆V
= αV ∆T (1.23)
V0

em que ∆V é a variação volumétrica do sólido, V0 é seu volume inicial e ∆V é o


coeficiente volumétrico de expansão térmica.

Do ponto de vista atômico, a expansão térmica é compreendida a partir


do aumento da distância média entre átomos. Para conhecimento:

23
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

• Os coeficientes dos metais variam, no exemplo dado, numa faixa, grosso


modo, de 5 x 10-6 a 25 x 10-6 (ºC-1).
• Ligas de ferro-níquel e ferro-cobalto foram desenvolvidas para proverem mais
estabilidade, chegando a 1 x 10-6 ºC-1.
• Em muitos materiais cerâmicos são encontradas forças de ligação
interatômicas relativamente fortes, o que explica uma variação, grosso
modo, entre 0,5 x 10-6 e 15 x 10-6 ºC-1.
• Os materiais poliméricos possuem expansões grandes ao serem aquecidos. Os
maiores valores são obtidos para os chamados polímeros lineares, que possuem
ligações secundárias fracas.

3.3 DEFINIÇÃO DE CONDUTIVIDADE TÉRMICA


A condutividade térmica está relacionada ao fenômeno de transporte de
calor de regiões de temperaturas mais altas para temperaturas mais baixas. Ela
caracteriza a habilidade de um material transferir calor.

Materiais que possuem um valor de condutividade térmica alto são


melhores condutores de calor. Desta maneira, estes materiais são utilizados
com mais frequência como dissipadores de calor e os materiais com baixa
condutividade são utilizados como isolantes térmicos.

Esta é uma característica particular de cada material e depende da


temperatura e sua pureza. Em geral, ocorre um aumento da condução de calor
com o aumento da temperatura. A condutividade térmica equivale à quantidade
de calor (Q) transmitida através de uma espessura (L), em uma superfície (A),
devido a uma variação de temperatura (∆T).

∆Q L
K= (1.24)
A.∆t ∆T

24
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

QUADRO 3 – CONDUTIVIDADE TÉRMICA DE DIFERENTES MATERIAIS

Condutividade térmica (a 27 °C)

 J 
Material  s   W 
=K =   
 m.K   m.K 
 
Prata 426
Cobre 398
Alumínio 237
Tungstênio 178
Ferro 80,3
Vidro 0,72 – 0,86
Água 0,61
Tijolo 0,4 – 0,8
Madeira (pinho) 0,11 – 0,14
Fibra de vidro 0,046
Espuma de poliestireno 0,033
Ar 0,026
Espuma de poliuretano 0,020
Polipropileno 0,25
Epoxi 0,30
Epoxi (não cargueada) 0,12 – 0,177

FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

25
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

LEITURA COMPLEMENTAR

A ORIGEM DAS "PROPRIEDADES GERAIS DA MATÉRIA" E A


CRENÇA DOS PROFESSORES NA VALIDADE E IMPORTÂNCIA DESSE
CONTEÚDO: UMA REFLEXÃO DO PAPEL DO LIVRO DIDÁTICO NO
ENSINO DE CIÊNCIAS
Cristiano Mattos
Alberto Gaspar

[...]

ORIGEM DAS PROPRIEDADES GERAIS DA MATÉRIA

A mais antiga referência que encontramos, de forma explícita, às


propriedades gerais da matéria data do século XVII. Essas propriedades aparecem
incorporadas nas "regras de raciocínio da filosofia", citadas por muitos filósofos
e cientistas da época. Entre eles, Newton propõe quatro regras em sua obra
Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, no livro III, O sistema do Mundo
(Newton 1687, p. 409). Em síntese, essas regras dizem que:

1- Não se deve admitir mais causas para os fenômenos naturais do que aquelas
que forem verdadeiras e suficientes para explicá-los.
2- Aos mesmos efeitos devemos, tanto quanto possível, atribuir as mesmas causas.
3- As qualidades dos corpos, obtidas a partir dos experimentos que fazemos com
eles, devem ser consideradas qualidades universais de todos os corpos, quaisquer
que sejam.
4- Na filosofia experimental nós devemos considerar corretas as proposições
obtidas por indução geral mesmo que sejam formuladas hipótese contrárias, até
que surjam fenômenos que justifiquem a revisão dessas proposições.

As propriedades gerais ou qualidades da matéria são apresentadas


por Newton num adendo à regra três. As qualidades que ele relaciona são:
extensão, solidez, impenetrabilidade, mobilidade e força de inércia. Para ele, na
comprovação da existência de uma propriedade, a sensibilidade pode prescindir
da razão. É o caso da impenetrabilidade: "Nós percebemos que os corpos que
manuseamos são impenetráveis e daí concluímos que a impenetrabilidade
deve ser uma propriedade universal de todos os corpos, quaisquer que sejam"
(Newton, 1687).

26
TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS

Um indício bastante forte de que essas regras de raciocínio da filosofia são


a origem das propriedades gerais da matéria, como conteúdo dos livros didáticos,
reside na coincidência ou semelhança entre os enunciados dessas regras e o
enunciado das propriedades gerais da matéria encontrados em todos os livros
didáticos de Física franceses e ingleses publicados até o final do século XIX que
pudemos consultar. Outro indício forte da origem filosófica, não científica, dessas
propriedades, pode ser inferido das dificuldades que os autores desses textos
apresentavam na forma como as abordavam. Dois exemplos particularmente
significativos são apresentados a seguir.

O primeiro é a abordagem dessas propriedades e do conceito de


impenetrabilidade apresentada no livro Cours de Physique, de Adolphe Ganot,
um dos primeiros e mais tradicionais livros didáticos de física de todo mundo.
Na edição de 1887 (Ganot, 1887), na apresentação da impenetrabilidade, incluída
numa longa descrição das propriedades da matéria composta de onze itens e mais
de dez páginas, são tantas as exceções que elas merecem um destaque muito maior
do que a exposição da própria propriedade. O segundo exemplo se refere ao livro
Properties of Matter (Tait, 1885), também em relação à impenetrabilidade. O autor
dedica mais de dez páginas apenas a essa propriedade, abordando a sua origem
e os problemas históricos e epistemológicos que a acompanham. Não obstante,
opta por tratá-la como uma propriedade "semicientífica", argumentando que "[...]
é inútil discutir questões dessa natureza, pelo menos até que se prove a existência
dos átomos. Portanto não vamos nos ocupar do significado estritamente científico
do termo impenetrabilidade" (Tait, 1885, p. 80).

Essa condição estabelecida por Tait − vincular o conhecimento das


propriedades da matéria à comprovação da existência dos átomos − parece
refletir o pensamento da outros autores de livros didáticos da época e foram a
razão determinante para a extinção das propriedades gerais da matéria dos livros
didáticos de Física.

Não pode ser considerada mera coincidência o desaparecimento desse


conteúdo dos textos didáticos de Física ingleses e franceses no final do século XIX
e início do século XX, exatamente quando inúmeras evidências experimentais
e teóricas tornaram a existência dos átomos uma hipótese aceita pela quase
totalidade da comunidade científica. No seu lugar aparecem, talvez como
conteúdo substituto, outras propriedades chamadas de mecânicas ou dos corpos,
como a densidade, tensão superficial, viscosidade, mobilidade e inércia.

Nos poucos textos onde essas propriedades ainda aparecem, nessa época,
sua ênfase é drasticamente reduzida em relação às abordagens anteriores. É o
caso do Elementary Course of Physics (Aldous, 1898) que restringe a apresentação
das propriedades gerais da matéria apenas a uma tabela onde se inclui, ainda,
a impenetrabilidade. Na segunda década do século XX, o Traité Élémentaire

27
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

de Physique (Ganot, 1918) mantém ainda uma referência de algumas linhas


à divisibilidade da matéria, única das antigas propriedades da matéria que
sobreviveu das edições anteriores, certamente pela necessidade de justificar a
ideia do átomo, já consolidada nessa época.

Embora a consolidação da ideia do átomo deva ter sido a causa


principal da extinção desse conteúdo, as novas ideias da física surgidas nesse
período revolucionário certamente contribuíram para essa extinção de forma
determinante. Os autores e respectivos sucessores dos tradicionais textos da
época parecem ter compreendido que as novas ideias tornaram desnecessárias
e irrelevantes as propriedades gerais da matéria. A impenetrabilidade, da forma
como era compreendida, tornou-se injustificável diante dos resultados dos
inúmeros experimentos então realizados buscando o conhecimento da estrutura
da matéria. É o caso dos trabalhos de Rutherford no estudo sobre a penetração de
partículas alfa nas até então impenetráveis lâminas de ouro.

A CRENÇA DOS PROFESSORES NAS PROPRIEDADES GERAIS DA


MATÉRIA

Para detectar o impacto da abordagem dos livros de Ciências na


validação de ideias pseudocientíficas, como as propriedades gerais da matéria,
apresentamos a professores e professoras de Ciências do ensino fundamental e
de Física do ensino fundamental e médio um questionário (ver anexo 1, leia o
texto na íntegra acessando o link indicado ao final). O objetivo desse questionário
foi verificar se as propriedades gerais da matéria ainda fazem parte da prática
didática desses professores e, em caso afirmativo, como eles a abordam. Optamos
por destacar uma delas – a impenetrabilidade – para melhor detalhamento da
análise. A razão da escolha foi a ênfase com que essa propriedade costuma ser
abordada nos textos didáticos do ensino fundamental. Para facilitar a análise,
dividimos o relato dos resultados obtidos em duas partes, a primeira apresenta
os dados obtidos de professores de Ciências do ensino fundamental, a segunda
apresenta os dados obtidos de professores de Física do ensino médio.

FONTE: <http://bit.ly/2ks5at5>. Acesso em: 6 mar. 2019.

28
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Encontramos muitas definições sobre energia, matéria, temperatura e calor.

• Pode-se conhecer as principais unidades de medidas utilizadas para definição de


calor.

• O calor sensível é a forma de calor que correlaciona volume e temperatura dos


corpos.

• Calor latente é o nome dado à quantidade de energia térmica utilizada para alterar
o estado físico de uma matéria.

• A entalpia se define como uma função de estado e seu cálculo foi exposto de acordo
com reações químicas.

• De maneira geral, a absorção de energia térmica em sólidos ocorre pelo aumento


da energia vibracional dos átomos. Isso significa que os átomos de um material
sólido costumam vibrar a frequências altas e amplitudes pequenas. Estas vibrações
possuem correlação com as ligações atômicas, o que leva à criação de ondas
reticulares que se propagam no material como um todo.

• Do ponto de vista atômico, a expansão térmica é compreendida a partir do aumento


da distância média entre átomos.

• A condutividade térmica está relacionada ao fenômeno de transporte de calor de


regiões de temperaturas mais altas para temperaturas mais baixas. Ela caracteriza
a habilidade de um material transferir calor.

29
AUTOATIVIDADE

1 Defina energia.

2 Diferencie temperatura e calor.

3 Em um laboratório de Física, uma amostra de 20 g de cobre recebeu 186 cal


de calor de uma determinada fonte térmica. Sabendo que o calor específico
do cobre é 0,093 cal/g°C, determine a variação de temperatura sofrida pela
amostra.

FONTE: <http://bit.ly/2m5xHox>. Acesso em: 16 abr. 2019.

4 Um bloco de ferro de 10 cm³ é resfriado de 300 °C para 0 °C. Quantas calorias


o bloco perde para o ambiente?
Dados: densidade do ferro=7,85g/cm³ e calor específico do ferro = 0,11cal/g.°C.

FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/12096238>. Acesso em: 16 abr. 2019.

5 Uma massa de 2 kg de água está a 100 °C. Determine a quantidade de calor


necessária para que 20% da substância sofra mudança para o estado gasoso.
Dado: LVAPORIZAÇÃO = 540 cal/g.

FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/15847925>. Acesso em: 16 abr. 2019.

6 Observe a entalpia padrão de formação, em KJ.mol-1 e a 25 °C, de algumas


substâncias:

CH4(g) -74,8
CHCl3(l) - 134,5
HCl(g) - 92,3

Se realizarmos a reação de cloração do metano, qual será o valor da variação


da entalpia do processo?

CH4(g) + 3Cl2(g) -> CHCl3(l) + 3HCl(g)

FONTE: <http://bit.ly/2k7l4IX>. Acesso em: 16 abr. 2019.

7 Diferencie compressibilidade e elasticidade.

30
8 Qual é a importância de conhecer os valores de condutividade térmica dos
materiais?

9 A respeito dos conceitos de capacidade térmica e calor específico, assinale a


alternativa correta:

a) ( ) A capacidade térmica refere-se à substância, enquanto o calor específico


depende da quantidade de substância existente.
b) ( ) A capacidade térmica é a quantidade de calor necessária para que 1 g da
substância eleve a sua temperatura em 1 °C.
c) ( ) O calor específico é fruto da razão entre a quantidade de calor recebida
por um corpo e o tempo gasto na troca de energia.
d) ( ) A capacidade térmica é uma grandeza que depende da quantidade da
substância e é determinada pelo produto da massa pelo calor específico.
e) ( ) Capacidade térmica e calor específico são sinônimos.

10 Qual deve ser a variação de temperatura aproximada sofrida por uma barra
de alumínio para que ela atinja uma dilatação correspondente a 0,2% de seu
tamanho inicial?
Dados: considere o coeficiente de dilatação do alumínio como 23x10 – 6 °C – 1.

FONTE: <http://bit.ly/2kqEfxP>. Acesso em: 16 abr. 2019.

31
32
UNIDADE 1
TÓPICO 2

VISÃO GERAL DOS PROCESSOS


DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

1 INTRODUÇÃO
Os processos de transferência de calor são aqueles que possuem energia
em trânsito devido a uma diferença de temperatura preexistente entre materiais
ou até mesmo entre diferentes espaços do mesmo material. Este processo ocorre
porque o sistema tende a atingir o equilíbrio térmico. No Tópico 3, abordaremos
de forma básica cada um dos processos de transferência de calor. Funcionará
como uma introdução para a Unidade 2, em que estes serão apresentados com
maior profundidade e realizaremos cálculos a respeito de cada caso.

A condução térmica  é o tipo de propagação do calor que consiste na


transferência de energia térmica entre as partículas que compõem o sistema.
Por exemplo: coloca-se uma das extremidades de uma barra metálica na chama
de fogo. Após alguns instantes, percebe-se que a outra extremidade também
esquenta, mesmo estando fora da chama de fogo. Esse fato ocorre porque as
partículas que formam o material receberam energia e, dessa forma, passaram
a se agitar com mais intensidade. Essa agitação se transfere de partícula por
partícula e se propaga em toda a barra até alcançar a outra extremidade. 

A convecção térmica  ocorre nos fluidos em geral em decorrência da


diferença de densidade entre as partes que formam o sistema. Por exemplo: na
geladeira, os alimentos são resfriados dessa forma. Como sabemos, o ar quente
é menos denso que o ar frio e é por esse motivo que o congelador fica na parte
de cima da geladeira. Dessa maneira, formam-se as correntes de convecção: o
ar quente dos alimentos sobe para ser resfriado e o ar frio desce refrigerando os
alimentos, mantendo-os sempre bem conservados. Essa também é a explicação
do porquê o ar-condicionado ser colocado na parte de cima de um ambiente. 

A condução e a convecção são formas de propagação de calor que, para


ocorrer, é necessário que haja meio material, contudo, existe uma forma de
propagação de calor que não necessita de um meio material (vácuo) para se
propagar, esta é a  irradiação térmica. Esse tipo de propagação do calor ocorre

33
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

através dos raios infravermelhos, sendo denominado ondas eletromagnéticas. É


dessa forma que o Sol aquece a Terra todos os dias, como também é o meio que a
garrafa térmica mantém, por longo tempo, o café quentinho em seu interior. 

2 MECANISMO DE CONDUÇÃO
Condução é o processo de troca de energia entre uma região de maior
temperatura e outra de menor temperatura pelo movimento cinético ou impacto
entre as moléculas. Isso significa que é um processo que ocorre com maior
frequência em sólidos devido ao menor espaço interatômico.

Este mecanismo pode ser visualizado como a transferência de energia de


partículas mais energéticas para partículas menos energéticas de uma substância
devido a interações entre elas.

O mecanismo da condução pode ser mais facilmente entendido


considerando, como exemplo, um gás submetido a uma diferença de temperatura.
A Figura 10 mostra um gás entre duas placas a diferentes temperaturas:

FIGURA 10 – GÁS ENTRE PLACAS A DIFERENTES TEMPERATURAS

FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

1 - O gás ocupa o espaço entre duas superfícies (1) e (2) mantidas a diferentes
temperaturas de modo que T1 > T2.
2 - Como altas temperaturas estão associadas a energias moleculares mais elevadas,
as moléculas próximas à superfície são mais energéticas (movimentam-se mais
rápido).

34
TÓPICO 2 | VISÃO GERAL DOS PROCESSOS

3 - O plano hipotético X é constantemente atravessado por moléculas de cima e de


baixo. Entretanto, as moléculas de cima estão associadas com mais energia que as de
baixo.

Portanto, existe uma transferência líquida de energia de (1) para (2) por
condução.

2.1 MECANISMO DE CONVECÇÃO


A convecção ocorre pelo escoamento dos fluidos. O fluido atua
como transportador de energia. O processo de convecção pode ser
classificado entre natural/livre ou forçado. Vejamos as diferenças a seguir:

• Natural ou livre: o gradiente de temperatura ocasiona uma diferença de


densidade e há a movimentação do fluido sem forças externas.
• Forçada: o movimento do fluido é causado pela atuação de uma força externa
sobre o sistema. Ex.: uso de bombas, ventiladores ou sopradores.

O mecanismo da convecção pode ser mais facilmente entendido


considerando, por exemplo, um circuito impresso (chip) sendo refrigerado (ar
ventilado), como mostra a figura a seguir:

FIGURA 11 – CIRCUITO IMPRESSO REFRIGERANDO

FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

1 - A velocidade da camada de ar próxima à superfície é muito baixa em razão das


forças viscosas (atrito).
2 - Nesta região o calor é transferido por condução. Ocorre um armazenamento de
energia pelas partículas presentes nesta região.
3 - Na medida em que estas partículas passam para a região de alta velocidade, elas
são carreadas pelo fluxo transferindo calor para as partículas mais frias.

35
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

No caso apresentado, dizemos que a convecção foi forçada, pois o


movimento de mistura foi induzido por um agente externo, no caso, um ventilador.

Suponhamos que o ventilador seja retirado. Neste caso, as partículas


que estão próximas à superfície continuam recebendo calor por condução
e armazenando a energia. Estas partículas possuem temperatura elevada e,
portanto, a densidade reduzida. Já que são mais leves, elas sobem, trocando calor
com as partículas mais frias (e mais pesadas) que descem.

Neste caso dizemos que a convecção é natural (é óbvio que no primeiro


caso a quantidade de calor transferido é maior).

2.2 MECANISMO DE RADIAÇÃO


Neste tipo de processo, a energia é transportada através de ondas
eletromagnéticas. Pode-se atribuir esta emissão às modificações das configurações
eletrônicas dos átomos ou moléculas constituintes.

O exemplo mais evidente que podemos dar é o próprio calor que


recebemos do sol. Neste caso, mesmo havendo vácuo entre a superfície do Sol
(cuja temperatura é aproximadamente 5500 ºC) e a superfície da Terra, a vida
na Terra depende desta energia recebida. Esta energia chega até nós na forma
de ondas eletromagnéticas. As ondas eletromagnéticas são comuns a muitos
fenômenos: raio-X, ondas de rádio e TV, micro-ondas e outros tipos de radiações.

2.3 MECANISMOS COMBINADOS


De uma maneira geral, a transferência de calor de um determinado
corpo ocorre pelos três modos de transferência de calor simultaneamente livres e
vibração da estrutura cristalina.

Nos problemas da engenharia, quando um dos mecanismos domina


quantitativamente, soluções aproximadas podem ser obtidas desprezando-se
todos, exceto o mecanismo dominante. Entretanto, deve ficar entendido que
variações nas condições do problema podem fazer com que um mecanismo
desprezado se torne importante. Como exemplo de um sistema em que ocorrem
ao mesmo tempo vários mecanismos de transferência de calor, consideremos
uma garrafa térmica. Neste caso, podemos ter a atuação conjunta dos seguintes
mecanismos esquematizados na seguinte figura:

36
TÓPICO 2 | VISÃO GERAL DOS PROCESSOS

FIGURA 12 – MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM GARRAFA TÉRMICA

FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

q1: convecção natural entre o café e a parede do frasco plástico;


q2: condução através da parede do frasco plástico;
q3: convecção natural do frasco para o ar;
q4: convecção natural do ar para a capa plástica;
q5: radiação entre as superfícies externa do frasco e interna da capa plástica;
q6: condução através da capa plástica;
q7: convecção natural da capa plástica para o ar ambiente;
q8: radiação entre a superfície externa da capa e as vizinhanças.

3 RELAÇÕES COM A TERMODINÂMICA E IMPORTÂNCIA


DO ESTUDO
A Termodinâmica é a ciência que correlaciona o calor e as outras formas
de energia existentes. As interações realizadas entre os sistemas e suas vizinhanças
são denominadas de calor e trabalho. Além disso, a termodinâmica lida com três
espécies de equilíbrio: térmico, mecânico e química. Sendo assim, é baseada em três
leis fundamentais:

• Lei zero: trata-se do equilíbrio de temperaturas, esta lei permite a medida de


temperatura e estabelece uma escala própria.
• Primeira lei: trata-se da lei da conservação da energia, que estabelece que a
quantidade total de energia em um sistema isolado permanece constante.

37
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

• Segunda lei: afirma que a quantidade de entropia de qualquer sistema isolado


termodinamicamente tende a aumentar com o tempo, até atingir um valor máximo.

A 1ª Lei da Termodinâmica governa quantitativamente estas interações. Sendo


a variação da energia interna ∆U, expressa pela diferença entre a quantidade de calor
Q trocada com o meio ambiente e o trabalho W realizado durante a transformação:

∆U = Q − W (1.25)

E pode ser enunciada como: "A variação líquida de energia de um sistema


é sempre igual à transferência líquida de energia na forma de calor e trabalho"
(CLAUSIUS, 1822-1888).

A 2ª Lei da Termodinâmica aponta a direção destas interações e diz que:


"É impossível o processo cujo único resultado seja a transferência líquida de calor
de uma região fria para uma região quente" (CLAUSIUS, 1822-1888).

Porém, a diferença crucial entre a transferência de calor e a termodinâmica


é que a segunda não leva em conta nem o mecanismo de transferência de calor e
nem os métodos de cálculo de taxa de transferência de calor.

O estudo da transferência de calor é fundamental para a engenharia.


Podemos citar alguns exemplos de aplicações de transferência de calor a seguir:

• na geração de eletricidade (hidráulica, fusão nuclear, fóssil, geotérmica etc.)


existem numerosos problemas que envolvem condução, convecção e radiação
e estão relacionados com o projeto de caldeiras, condensadores e turbinas;
• existe também a necessidade de maximizar a transferência de calor e manter a
integridade dos materiais em altas temperaturas;
• é necessário minimizar a descarga de calor no meio ambiente, evitando a
poluição térmica através de torres de refrigeração e recirculação.

Além disso, estes processos influenciam diretamente no desempenho dos


diversos setores. Por isso, uma análise do fenômeno de transferência de calor bem
realizada pode otimizar os processos de acordo com suas necessidades. Existe
um exemplo que facilita a diferenciação entre as duas disciplinas:

38
TÓPICO 2 | VISÃO GERAL DOS PROCESSOS

• Equilíbrio térmico de um frasco na geladeira: supõe-se um frasco sobre uma


mesa em temperatura ambiente. Posteriormente, este frasco é colocado em um
refrigerador. Desta maneira, afirma-se que Tgeladeira<Tfrasco.

Com isto, a situação pode ser observada de duas maneiras. A primeira,


termodinamicamente, temos que QT = ∆U = m.c.∆T. Em suma, o refrigerador
fornece o calor total necessário ao frasco para resfriá-lo de acordo com a sua
massa, calor específico e diferença de temperaturas.

Já a análise do ponto de vista do fenômeno de transferência de calor nos


permite obter uma visão mais aprofundada. A análise fenomenológica permite
responder questões como: quanto tempo será necessário para atingir o equilíbrio
térmico do sistema? Ou seja, quanto tempo será necessário para que a temperatura
do frasco se iguale à da geladeira? Com este tipo de análise é possível analisar
como acelerar ou retardar um processo, caso necessário.

NOTA

Quando manuseamos talheres que são produzidos com partes metálicas e


de madeira, por exemplo, é fácil perceber uma grande diferença na sensação de temperatura.
Apesar de as partes dos talheres estarem na mesma temperatura, a transferência de calor para
o metal é muito mais eficiente.

Também é assim com o gelo, que é um ótimo isolante térmico. Isso torna possível os


esquimós viverem em seus iglus: casas construídas com gelo. Quando estão dentro dos iglus,
os corpos dos esquimós produzem calor, que é refletido pelas paredes de gelo, mantendo o
interior de seus lares mais quente que o exterior.

39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Foi possível conhecer os três mecanismos de transferência de calor.

• Há diferenças entre condução de convecção e radiação.

• A convecção ocorre pelo escoamento dos fluidos. O fluido atua como


transportador de energia. O processo de convecção pode ser classificado entre
natural/livre ou forçado.

• No mecanismo por radiação, a energia é transportada através de ondas


eletromagnéticas. Pode-se atribuir esta emissão às modificações das
configurações eletrônicas dos átomos ou moléculas constituintes.

• Os três mecanismos ocorrem simultaneamente.

• A transferência de calor de um determinado corpo ocorre pelos três modos de


transferência de calor simultaneamente livres e vibração da estrutura cristalina.

• Pode-se relacionar a calorimetria com o estudo da termodinâmica e pontuar as


principais diferenças entre as ciências.

40
AUTOATIVIDADE

1 (UNISA-SP) Uma panela com água está sendo aquecida num fogão. O calor
das chamas se transmite através da parede do fundo da panela para a água
que está em contato com essa parede e daí para o restante da água. Na
ordem desta descrição, o calor se transmitiu predominantemente por:

a) ( ) radiação e convecção.
b) ( ) radiação e condução.
c) ( ) convecção e radiação.
d) ( ) condução e convecção.
e) ( ) condução e radiação.

FONTE: <http://bit.ly/2k8gAC1>. Acesso em: 16 abr. 2019.

2 (UNIFENAS) A transmissão de calor por convecção só é possível:

a) ( ) no vácuo.
b) ( ) nos sólidos.
c) ( ) nos líquidos.
d) ( ) nos gases.
e) ( ) nos fluidos em geral.

FONTE: <http://bit.ly/2k8gAC1>. Acesso em: 16 abr. 2019.

3 Sobre a transmissão de calor por condução é CORRETO afirmar que:

a) ( ) Ocorre somente nos sólidos.


b) ( ) Pode ocorrer no vácuo.
c) ( ) Caracteriza-se pela transmissão de calor entre partículas em razão da
diferença de temperatura.
d) ( ) Caracteriza-se pelo transporte de matéria entre regiões de um fluido em
razão da diferença de densidade.

FONTE: <http://bit.ly/2k8gAC1>. Acesso em: 16 abr. 2019.

4 (Acafe-SC) Preparar um bom churrasco é uma arte e, em todas as famílias,


sempre existe um que se diz bom no preparo. Em algumas casas, a
quantidade de carne assada é grande e se come no almoço e no jantar. Para

41
manter as carnes aquecidas o dia todo, alguns utilizam uma caixa de isopor
revestida de papel alumínio. A figura a seguir mostra, em corte lateral, uma
caixa de isopor revestida de alumínio com carnes no seu interior.

Considerando o exposto, assinale a alternativa correta que completa as lacunas


das frases a seguir:

A caixa de isopor funciona como recipiente adiabático. O isopor tenta ______ a


troca de calor com o meio por ________ e o alumínio tenta impedir _________.

a) ( ) impedir – convecção – irradiação do calor


b) ( ) facilitar – condução – convecção
c) ( ) impedir – condução – irradiação do calor
d) ( ) facilitar – convecção – condução

FONTE: <http://bit.ly/2m7n8Bt>. Acesso em: 16 abr. 2019.

5 Leia a música a seguir:

Menino do Rio
Menino do Rio, calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço, calção corpo aberto no espaço
Coração de eterno flerte, adoro ver-te
Menino vadio, tensão flutuante do rio
Eu canto para Deus proteger-te
O Havaí, seja aqui, tudo o que tu sonhares
Todos os lugares, as ondas dos mares
Pois quando eu te vejo eu desejo o teu desejo
Menino do Rio, calor que provoca arrepio toma esta canção
como um beijo.

42
A música apresentada, de autoria de Caetano Veloso e interpretada por Baby
Consuelo, foi composta em 1979. Logo na primeira frase, existe um contraste
entre as palavras calor e arrepio, que é o efeito de eriçamento dos pelos do
corpo por causa da sensação de frio. Marque a alternativa correta a respeito
das trocas de calor entre os corpos:

a) ( ) O calor é uma energia térmica em trânsito e é apenas transmitido por


meios materiais.
b) ( ) A sensação de frio é provocada pela perda de calor do corpo para o
meio ambiente por meio do processo de convecção térmica.
c) ( ) O calor é uma energia térmica em trânsito motivada pela igualdade
de temperatura, que se transfere por meio de três processos: condução,
convecção e irradiação térmica.
d) ( ) O único processo de transferência de calor que ocorre no vácuo é a
convecção.
e) ( ) O calor que provoca arrepio pode ser entendido como o calor perdido
pelo corpo de uma pessoa por meio do processo de condução térmica.

FONTE: <http://bit.ly/2m7n8Bt>. Acesso em: 16 abr. 2019.

6 Selecione a alternativa que supre as omissões das afirmações seguintes:

I - O calor do Sol chega até nós por _____________.


II - Uma moeda bem polida fica __________ quente do que uma moeda
revestida de tinta preta, quando ambas são expostas ao Sol.
III - Numa barra metálica aquecida numa extremidade, a propagação do
calor se dá para a outra extremidade por ____________.

a) ( ) radiação – menos – convecção.


b) ( ) convecção – mais – radiação.
c) ( ) radiação – menos – condução.
d) ( ) convecção – mais – condução.
e) ( ) condução – mais – radiação.

FONTE: <http://bit.ly/2k3MSOm>. Acesso em: 16 abr. 2019.

43
7 Julgue as afirmações a seguir:

I - A transferência de calor de um corpo para outro ocorre em virtude da


diferença de temperatura entre eles.
II - A convecção térmica é um processo de propagação de calor que ocorre
apenas nos sólidos.
III - O processo de propagação de calor por irradiação não precisa de um
meio material para ocorrer.

Estão corretas:
a) ( ) Apenas I.
b) ( ) Apenas I e II.
c) ( ) I, II e III.
d) ( ) I e III apenas.
e) ( ) Apenas II e III.

FONTE: <http://bit.ly/2k3MSOm>. Acesso em: 16 abr. 2019.

8 O resultado da conversão direta de energia solar é uma das várias formas


de energia alternativa de que se dispõe. O aquecimento solar é obtido por
uma placa escura coberta por vidro, pela qual passa um tubo contendo
água.  A água circula, conforme mostra o esquema a seguir:

Reservatório
de água quente

Radiação Coletor
solar Reservatório
de água fria
Água quente
para o consumo
Vidro Placa escura

São feitas as seguintes afirmações quanto aos materiais utilizados no aquecedor


solar:

I- O reservatório de água quente deve ser metálico para conduzir melhor o


calor.
II- A cobertura de vidro tem como função reter melhor o calor, de forma
semelhante ao que ocorre em uma estufa.
III- A placa utilizada é escura para absorver melhor a energia radiante do Sol,
aquecendo a água com maior eficiência.
44
Dentre as afirmações, pode-se dizer que, apenas está(ão) correta(s):

a) ( ) I.
b) ( ) I e II.
c) ( ) II.
d) ( ) I e III.
e) ( ) II e III.

FONTE: <http://bit.ly/2kDekTk>. Acesso em: 16 abr. 2019.

45
46
UNIDADE 1
TÓPICO 3

A NECESSIDADE DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

1 INTRODUÇÃO
Como já citamos anteriormente, a termodinâmica e a transferência de
calor são ciências que se complementam, ou seja, a transferência de calor pode
ser vista como uma extensão da termodinâmica. Muitas vezes, em problemas
de transferência de calor, a primeira lei da termodinâmica, que diz respeito à
conservação de energia, fornece uma ferramenta muito útil. Desta maneira, a
primeira lei pode ser tratada das maneiras apresentadas a seguir.

Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da  conservação de


energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível prever o comportamento
de um sistema gasoso ao sofrer uma transformação termodinâmica.

Ao estudar alguns fatos históricos sobre a busca de novas fontes de energia


e formas de realização de trabalho, percebemos que o homem utilizou diversos
recursos. Em função dessas descobertas, vimos que tanto o calor como o trabalho
e a energia interna são formas de energia e que, pelo que conhecemos de sistemas
mecânicos, a energia se conserva, e existe uma relação entre trabalho e energia.

Com base nos estudos realizados no decorrer da história, vimos que a


Primeira Lei da Termodinâmica trata do balanço energético entre as energias
inicial e final do sistema, a energia fornecida e o trabalho realizado pelo sistema,
ou seja, podemos afirmar que em qualquer processo termodinâmico analisado, a
quantidade de calor Q recebida pelo sistema é igual ao trabalho realizado por ele
mais a variação da energia interna.

47
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA EM UM VOLUME DE


CONTROLE (VC)
A lei de conservação de energia é apenas um título que sugere que a
energia total de um sistema é conservada e, consequentemente, a única maneira
de se alterar é com a energia cruzando a fronteira do sistema. Além disso, esta lei
sugere as formas nas quais a energia pode cruzar a fronteira de um sistema. Em
sistemas fechados, existem somente duas maneiras: transferência de calor através
da fronteira e trabalho realizado pelo/ou no sistema. De maneira que:

tot
∆Eacu =Q − W (1.26)

tot
Em que ∆Eacu = Q −W
corresponde à variação de energia total acumulada no sistema,
Q é o calor transferido e W é o trabalho efetuado ou recebido pelo sistema. Pode-se
observar este mecanismo conforme a figura a seguir:

FIGURA 13 – CONSERVAÇÃO DE ENERGIA EM UM SISTEMA FECHADO E EM UM


VOLUME DE CONTROLE

FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

Além disso, a primeira lei pode ser aplicada em um volume de controle,


também chamado de sistema aberto. Sistemas abertos compreendem uma região
do espaço delimitada por uma superfície de controle por onde a massa pode
transitar. Sempre que a massa entra ou sai do volume de controle, ela carrega
energia. Este processo de transferência de energia é chamado de advecção e
adiciona uma terceira forma de energia ao sistema. Desta maneira, alguns autores
sugerem que a primeira lei seja enunciada como: Primeira Lei da Termodinâmica
durante um Intervalo de Tempo ( ∆t ) .

Esta lei diz que: “O aumento na quantidade de energia acumulada em um


volume de controle deve ser igual à quantidade de energia que entra no volume
de controle menos a quantidade de energia que deixa o volume de controle”
(INCROPERA; WITT, 2002).

48
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

Aplicando-se este princípio, admite-se que a energia entra e sai do VC


ocorre devido à transferência de calor, ao trabalho realizado ou pela advecção de
energia. A primeira lei refere-se à energia total, que corresponde ao conjunto de
energia cinética e potencial (que somadas correspondem à energia mecânica), e
pela energia interna do sistema.

A energia interna pode ser subdividida entre energia térmica e outras


formas, como a energia química e nuclear. Devemos nos atentar ao fato de que
a soma das energias mecânica e térmica não é conservada, pois elas podem se
converter em outras formas de energia térmica. Por exemplo, sistemas com
reações químicas que diminuem a energia química do sistema, resultam em um
aumento na energia térmica.

Assim, podemos pensar na conservação de energia como resultado de uma


geração de energia térmica. Desta forma, a primeira lei pode ser enunciada da
seguinte maneira para a análise de transferência de calor: Equação das Energias
Térmica e Mecânica para um Intervalo de Tempo ( ∆t ) .

O aumento na quantidade de energia térmica e mecânica armazenada em


um VC deve ser igual à quantidade de energia térmica e mecânica que entra do
VC, menos a quantidade de energia térmica e mecânica que sai do VC, mais a
quantidade de energia térmica gerada no interior do VC. Isso deve ocorrer em um
intervalo de tempo ∆t , isto é, em qualquer instante deve haver um equilíbrio entre
todas as taxas de energia. Em palavras, isso quer dizer que a taxa de aumento da
quantidade de energia térmica e mecânica acumulada em um VC deve ser igual à
taxa na qual as energias térmicas e mecânica entram no VC, menos a taxa na qual
ambas deixam o VC, mais a taxa de energia térmica gerada no interior do VC.

Caso a entrada e a geração de energia térmica e mecânica sejam maiores


que a saída, haverá um armazenamento de enegia no VC. Se ocorrer o contrário,
haverá uma dimunuição neste armazenamento. Em casos em que as taxas são
iguais, ocorro o regime estacionário, que é o que acontece quando não há variação
na quantidade de energia térmica e mecânica no interior do VC.

A partir de agora, definiremos os símbolos para cada tipo de energia de
forma a montarmos as equações. A letra E representará a soma das energias térmica
e mecânica. O subscrito acu será utilizado para a energia acumulada no sistema;
a variação das energias térmica e mecânica acumuladas ao longo do intervalo de
tempo ∆t , é, então, ∆Eacu . A geração de energia térmica recebe o símbolo Eg .
Assim, o primeiro enunciado pode ser formulado da seguinte maneira:

∆Eacu − Eentra = Esai + Eg (1.27)

49
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Esta equação fornece ferramentas importantes para resolvermos problemas


de transferência de calor. Todas as aplicações da primeira lei devem iniciar com a
identificação de um VC e sua superfície de controle. A primeira etapa é identificar
a superfície de controle por meio de uma linha tracejada; a segunda é decidir se a
análise será realizada em um intervalo de tempo ∆t ,ou em termos de taxa. Isso
dependerá do objetivo da solução. A próxima etapa é identificar quais os termos
de energia que são relevantes para a solução do problema.
A energia total que se encontra no enunciado da primeira lei é constituída
pela energia cinética ( EC = 1 2 mV , onde m eV são massa e velocidade ) energia potencial
2

( EP = mgz , em que g é a aceleração da gravidade e z é a coordenada vertical ) e a energia


interna (U). Em alguns casos, as energias cinética e potencial poderão ser desprezadas
por serem muito pequenas.

Focaremos nossa atenção nos componentes sensível e latente da energia


interna em um único conjunto chamado U r . A energia sensível é a porção
correspondente à variação de temperatura. A energia latente é o componente
associado à mudança de fase. Por exemplo, se ocorre uma transformação no
volume de controle de sólido para líquido, ou de líquido para vapor, a energia
latente aumenta. Quando não ocorre mudança de fase, não há variação de energia
latente e este termo pode ser desprezado.

Com base nessa discussão, as energias térmica e mecânica acumuladas são


dadas por Eacu = EC + EP + U t , em que = U t U sen + U lat . Em muitos exercícios, o
termo de energia relevante será apenas o da Energia Sensível.

O termo de geração de energia está associado à conversão de alguma
forma de energia em energia térmica. Este é um fenômeno volumétrico, por
ocorrer dentro do VC e geralmente é proporcional à magnitude deste VC.

Os termos que se referem à entrada e saída de energia são fenômenos
de superfície, ou seja, estão associados apenas aos processos que ocorrem na
superfície de controle e são proporcionais à área superficial.

Quando a primeira lei é aplicada em um VC com um fluido atravessando
a sua fronteira, divide-se o termo de trabalho em duas contribuições. A primeira
contribuição é chamada de trabalho de escoamento, é associada à pressão que
movimenta o fluido através da fronteira. O símbolo W é utilizado para o restante
do termo de trabalho, exceto o trabalho de escoamento. Se o processo ocorre em
condições de regime estacionário e não há geração de energia térmica, a equação
que representa o processo é a seguinte:

50
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

(
m u1 + ρ v + 1 V 2 + gz
2 ) entrada
(
− m u1 + ρ v + 1 V 2 + gz
2 ) saída
0 (1.28)
+ q −W =

Na maioria das aplicações em sistemas abertos, as variações de energia


latente podem ser desprezadas de forma que a energia térmica se resume ao
seu componente sensível. Se o fluido é considerado um gás ideal com calores
específicos constantes, a diferença das entalpias entre os escoamentos de entrada
e saída podem ser representados por ( ient − isai=
) Cp (Tent − Tsai ) , em que Cp é o
calor específico. Se o fluido é um líquido incompressível, seus calores específicos
à pressão e volume constante são iguais.

Tendo já considerado condições de regime estacionário, inexistência de


variações na energia latente e ausência de geração de energia térmica, podemos
reescrever a equação anterior da seguinte maneira:

=q m.Cp.(Tsai − Tentra ) (1.29)

Exemplo 2: Uma barra longa feita de material condutor, com diâmetro D e


resistência elétrica por unidade de comprimento R'ᵉ, encontra-se inicialmente
em equilíbrio térmico com o ar ambiente e sua vizinhança. Esse equilíbrio
é perturbado quando uma corrente elétrica I é passada através do bastão.
Desenvolva uma equação que possa ser usada para calcular a variação na
temperatura da barra em função do tempo durante a passagem da corrente.

Solução:

Dados: Temperatura de uma barra com diâmetro e resistência elétrica


conhecidos, que varia ao longo do tempo devido à passagem de uma
corrente elétrica.

A seguinte figura representa o esquema:

51
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Considerações:

1- A qualquer tempo t a temperatura da barra é uniforme.


2- Propriedades constantes ( ρ , c, ε = α ).
3- Troca de calor por radiação entre a superfície externa da barra e a sua
vizinhança do tipo que ocorre entre uma pequena superfície e um grande
envoltório.

Análise: A primeira lei da termodinâmica pode ser usada com frequência


para determinar uma temperatura desconhecida. Nesse caso, os termos
relevantes incluem a transferência de calor por convecção e radiação a partir
da superfície, a geração de energia devido ao aquecimento elétrico resistivo
no condutor e uma variação no acúmulo de energia térmica. Umas vez que
desejamos determinar a taxa de variação da temperatura, a primeira lei deve
ser aplicada para um instante de tempo. Logo, aplicando os conhecimentos à
equação e considerando o comprimento da barra como L, tem-se que:

. . .
Eg − Esai =
Eacu

Em que a energia de geração é devida ao aquecimento elétrico


resistivo:

Eg = I 2 Rc' L

O aquecimendo se dá de forma uniforme no interior do VC e


poderia também ser representado em termos de taxa de geração de calor
volumétrica q (W / m ³ ) . A taxa de geração para todo o volume de controle
é, então, E = qV , em que q − I 2 Re' / (π D 4 ) . A saída de energia se dá por convecção
ÿ 2

e radiação líquida a partir da superfície:

Esai − h (π DL )(T − T∞ ) + ε v (π DL ) T 4 − Tviz4 ( )


E a variação no acúmulo de energia é devida à variação de temperatura.

Substituindo estas equações e o volume na equação do balanço de


energia temos:

 π D 2  dT
I R L − h (π DL )(T − T∞ ) − ε v (π DL ) T − T
2 '
e ( 4 4
viz ) ρc 
= L
 4  dt

52
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

Em que:

dT I Re − π Dh (T − T∞ ) − π Dε v T − Tviz
=
2 ' 4 4
( )
dt ρc π D 4
2
( )
• A equação anterior poderia ser resolvida para fornecer o comportamento
dinâmico da temperatura da barra através de sua integração numérica. Uma
condição de regime estacionária seria no final atingida, na qual dT dt = 0 . A
temperatura da barra é, então, determinada por uma equação algébrica na
forma:

π Dh (T − T∞ ) + π Dε v (T 4 − Tviz4 ) =
I 2 Re'

• Para condições ambientais fixas ( h,T∞, ,Tviz ) bem como uma barra de
geometria (D) e propriedades (ε , Re' ) fixas, a temperatura do regime
estacionário depende da taxa de geração de energia térmica e, portanto,
do valor da corrente elétrica.

FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

3 O BALANÇO DE ENERGIA EM UMA SUPERFÍCIE


Utilizando como exemplo a Figura 14, faremos a aplicação das exigências da
conservação de energia em uma superfície de um meio. Neste caso, as superfícies
de controle estão localizadas em ambos os lados da fronteira física e não envolvem
massa ou volume. Assim, os termos de geração e acúmulo não são relevantes,
trabalhando para este exemplo, somente com os fenômenos de superfície.

53
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

FIGURA 14 – O BALANÇO DE ENERGIA PARA A CONSERVAÇÃO DE ENERGIA NA


SUPERFÍCIE DE UM MEIO

FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002)

A exigência de conservação torna-se:

 − Esaí
Eent  = 0 (1.30)

Mesmo que possa ocorrer geração de energia térmica no meio, isto não
interfere no balanço de energia na superfície de controle. Essa exigência de
conservação vale para regime estacionário e para transiente.

Com base em uma área unitária, os termos apresentados na Figura 14 são a


condução do meio para a superfície de controle (q "cond ), a convecção da superfície
para o fluido (q "conv ) e a troca líquida de calor por radiação da superfície para a
sua vizinhança ( q "rad ) . Assim, o balanço de energia é o seguinte:

q "cond − q "conv − q "rad =


0 (1.31)

54
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

Exemplo 3:

Humanos são capazes de controlar suas taxas de produção


de calor para manter aproximadamente constante a sua temperatura
corporal de Tc = 37℃ sob uma ampla faixa de condições ambientais. Este
processo é chamado de termorregulação. Com a perspectiva de calcular a
transferência de calor entre um corpo humano e sua vizinhança, focamos
em uma camada de pele e gordura, com sua superfície externa exposta
ao ambiente e sua superfície interna a uma temperatura um pouco
abaixo da temperatura corporal,= T f 35
= ℃ 308 K . Considere uma
pessoa com uma camada de pele/gordura com espessura L = 3 mm e com
condutividade térmica efetiva k = 0,3W / ( mK ) . A pessoa tem uma área
superficial de 1,8 m² e está vestindo roupa de banho. A emissividade da
pele é ε = 0,95.

T = 297 K ,
• Estando a pessoa no ar em repouso a ∞ qual é a temperatura
superficial da pele e a taxa de perda de calor para o ambiente? A
transferência de calor por convecção para o ar é caracterizada por um
( 2
coeficiente de convecção natural h = 2W / m K . )
• Estando a pessoa imersa em água a T∞ = 297 K , qual é a temperatura
superficial da pele e a taxa de perda de calor? A transferência de
calor para a água é caracterizada por um coeficiente de convecção
( )
h = 200W / m 2 K .

Solução:
Dados: Temperatura da superfície interna da camada pele/gordura, que
tem espessura, condutividade térmica, emissividade e área superfícia
conhecidas. Condições ambientais.
Achar: Temperatura superficial da pele e taxa de perda de calor da pessoa
no ar e na água.

Ilustração do problema:

55
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Considerações:

1- Condições de regime estacionário.


2- Transferência de calor por condução unidimensional através da camada
pele/gordura.
3- Condutividade térmica uniforme.
4- Troca por radiação entre a superfície da pele e a vizinhança equacionada
como a troca entre uma superfície pequena e um amplo envoltório na
temperatura do ar.
5- Água líquida opaca para a radiação.
6- Roupa de banho não afeta a perda de calor do corpo.
7- Radiação solar desprezível.
8- Na parte 2, corpo completamente imerso na água.

Análise:
1- A temperatura da superfície da pele pode ser obtida fazendo-se um balanço
de energia na superfície da pele. A partir da seguinte equação:
 − Esaí
Eent  = 0

Com base em uma unidade de área, tem-se que:

u n n
qcond − q conv −qrad 0
=

Ou, rearrajando:

Ti − Ts
k
L
(
= h (Ts − T∞ ) + εσ Ts4 − Tviz4 )

A única incógnita é Ts , mas não podemos determiná-la


explicitamente em função da dependência com a quarta potência no
termo da radiação. Consequentemente, devemos resolver a equação
iterativamente, o que pode ser feito manualmente ou ainda com algum
software específico. Para acelerar a solução manual, escrevemos o fluxo
térmico por radiação em função do coeficiente de transferência de calor
por radiação:

Ti − Ts
k = h (Ts − T∞ ) + hr (Ts − Tviz )
L

Explicitando Ts , com Tviz = T∞ , temos:

56
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

kTi
+ ( h + hr ) T∞
Ts = L
k
+ ( h + hr )
L

Calculamos h, usando
= Ts 305
= K eT∞ 297 K , obtendo
( )
hr = 5,9W / m 2 K . Então, substituindo os valores numéricos na equação
anterior achamos:

0,3W / ( mK ) × 308 K
−3
+ ( 2 + 5,9 ) W / m² K × 297 K
Ts 3 × 10
= 307, 2 K m
0,3W / ( mK )
3 ×10−3 m
( )
+ ( 2 + 5,9 ) W / m 2 K

Com este novo valor de Ts, podemos recalcular hr e Ts, que não
mudam. Assim, a temperatura da pele é de 307, 2 K ≅ 34℃ .

A taxa de calor perdido pode ser encontrada pela determinação da


condução através da camada pele/gordura:

qs = kA
Ti − Ts 0,3W
=
2
×1,8m ×
( 308 − 307, 2 ) K = 146W
L mK 3 ×10−3 m

2- Como a água líquida é opaca para a radiação térmica, a perda de calor


na superfície da pele ocorre somente por convecção. Usando a expressão
anterior com hr = 0, encontramos:

0,3W
× 308 K
mK 200W
−3
+ 2 × 297 K
=Ts = 3 × 10 m m K 300, 7 K
0,3W
mK + 200W
3 ×10−3 m m 2 K

E:

qs = kA
Ti − Ts 0,3W
= ×1,8m 2 ×
( 308 − 300, 7 ) K = 1320W
L mK 3 ×10−3 m

57
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Comentários:
1- Ao usar balanços de energia envolvendo trocas por radiação, as
temperaturas que aparecem nos termos de radição devem ser expressas em
kelvin, sendo então recomendado que se use kelvin em todos os termos para
evitar confusão.
2- Na parte 1, as perdas de calor devido à convecção e à radiação são de
37 W e 109 W, respectivamente. Assim, não teria sido razoável desprezar a
radiação. Deve-se tomar cuidado e incluir a radiação quando o coeficiente
de transferência de calor é pequeno (como é frequente na convecção natural
para um gás), mesmo se o enunciado do problema não fornecer qualquer
indicação de sua importância.
3- Uma taxa típica para a geração de calor metabólica é de 100 W. Se a pessoa
permanecesse na água por muito tempo, a sua temperatura corporal começaria
a cair. A perda de calor maior na água é devida ao maior coeficiente de
transferência de calor, que, por sua vez, é devido ao fato de a condutividade
térmica da água ser muito maior quando comparada à do ar.
4- A temperatura da pele de 34 ºC na parte 1 é confortável, mas a temperatura
da pele de 28 ºC na parte 2 é desconfortavelmente fria.
5- Com a implementação do balanço de energia em um ambiente de
programação e a inserção dos parâmetros de entrada apropriados, um
modelo do sistema pode ser desenvolvido para calcular Ts e qs ou qualquer
outro parâmetro do sistema. Com esse modelo, estudos de sensibilidade
paramétrica podem ser efetuados para explorar, por exemplo, o efeito
da mudança do h no valor de Ts. Sempre que possível, é uma boa prática
validar o seu modelo em relação a uma solução conhecida que, neste caso, é
mostrada na análise anterior.

FONTE: Adaptado de Incropera et al. (2008)

4 METODOLOGIA PARA ANÁLISE DOS PROBLEMAS DA


TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Para facilitar a análise e resolução dos problemas de transferência de
calor serão sugeridos alguns passos, que se empregados de forma consistente
nos exemplos apresentados a seguir, desenvolverão em você, acadêmico,
uma avaliação mais aprofundada e confiante na sua capacidade de aplicar os
fundamentos estudados até este tópico. As etapas são as seguintes:

a) Encontre os dados do problema. Leia atentamente o problema e escreva de


forma sucinta e objetiva o que conhece do problema.
b) Escreva o que deve ser determinado no problema, sucintamente.
c) Desenhe um esquema do sistema físico. Quando aplicadas as leis da conservação,
insira no esquema a superfície ou superfície de controle necessárias através das
linhas tracejadas e setas indicando os processos de transferência de calor.
d) Liste as considerações pertinentes.

58
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

e) Escreva os valores das propriedades físicas necessárias para execução dos


cálculos, identificando a fonte na qual foram obtidas.
f) Analise o problema aplicando as leis da conservação apropriadas e insira as
equações das taxas conforme for necessário. Execute os cálculos necessários
para obtenção dos resultados.
g) Por fim, discuta os resultados. Esta discussão deve incluir principalmente um
resumo do que foi entendido do problema e uma crítica das considerações
originais.

• Exercício resolvido

O revestimento de uma placa é curado através de sua exposição a


uma lâmpada de infravermelho que fornece uma irradiação de 2000 W/
m². Ele absorve 80% da irradiação e possui uma emissividade de 0,50. A
placa também se encontra exposta a uma corrente de ar e a uma grande
vizinhança, cujas temperaturas são de 20 °C a 30 °C, respectivamente.

1. Se o coeficiente de transferência de calor por convecção entre a placa e o


ar ambiente for de 15 W/(m²K), qual é a temperatura de cura da placa?
2. As características finais do revestimento, incluindo tipos de uso e
durabilidade, são reconhecidas dependentes da temperatura na qual é
efetuada a cura. Um sistema de escoamento de ar é capaz de controlar a
velocidade do ar e, portanto, o coeficiente convectivo sobre a superfície
curada. Entretanto, os engenheiros de processos precisam saber como a
temperatura depende deste coeficiente convectivo. Forneça a informação
desejada calculando e representando graficamente a temperatura
superficial em função do valor de h para 2 ≤ h ≤ 200 W/m² K. Que valor
de h irá fornecer uma temperatura de cura de 50 °C?

Solução: Siga o procedimento descrito anterior ao exercício.

a) Revestimento com propriedades radiantes conhecidas é curado pela


irradiação de uma lâmpada de infravermelho. A transferência de calor a
partir do revestimento é por convecção para o ar ambiente e por radiação
com a vizinhança.

b) Encontrar: a temperatura de cura para h=15 W/m² K.


A influência do escoamento do ar na temperatura de cura para 2 ≤ h ≤ 200
W/m² K. O valor do h para o qual a temperatura de cura é de 50 °C.

c)Esquema:

59
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

d)
• Condições de regime estacionário:

ᵒ A perda de calor pela superfície inferior da placa é desprezível.


ᵒ A placa é um objeto pequeno em uma vizinhança grande e o
revestimento possui uma absortividade de ∝ = ε = 0,5 em relação
à irradiação oriunda da vizinhança.

e) 1- O processo apresenta condições de regime estacionário e não existe


transferência de calor pela superfície inferior da placa, a placa deve
ser isotérmica. Assim, a temperatura desejada pode ser determinada
posicionando-se uma superfície de controle em torno da superfície
exposta.
ÿ
0, e reconhecendo que não há
Adotando que, Eentrada − Esaída =
geração de energia interna, em que Eacúmulo = 0 , para condições de regime
estacionário. Com a entrada de energia devido à absorção da irradiação
da lâmpada pelo revestimento e a saída de energia devido à convecção e à
troca líquida por radiação para a vizinhança, segue-se que:

∝ Glâmpada − q "conv − q "radiação =


0

Sabendo que:

q"= h(Ts − T∞ )

E = εσ T 4 s

(
(∝ G )lâmpada − h (T − T∞ ) − εσ T 4 −T 4 vizinh =
0)
60
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

Substituindo os valores numéricos:

0,8 x 2000
W
m 2 ( ) (
− 15W / m 2 K (T − 293) K − 0,5 x 5, 67.10−8W / m 2 K
4

) (T 4
)
− 3034 =
0

E resolvendo por tentativa e erro, obtemos:

T = 377 K = 104 °C

2 Resolvendo o balanço energético anterior para valores selecionados de


h dentro da faixa desejada e representando graficamente os resultados,
obtemos:

Se uma temperatura de cura de 50 °C é desejada, a corrente de


ar deve ser tal que o coeficiente de transferência de calor por convecção
resultante seja:

h (T=50 °C) = 51,0 W/m²K

f) 1- A temperatura do revestimento (placa) pode ser reduzida pela


diminuição de T∞ e Tvizin , bem como pelo aumento da velocidade do ar e,
consequentemente, do coeficiente de transferência de calor por convecção.
2- As contribuições relativas das transferências de calor por convecção
e por radiação variam bastante em função do valor de h. Para h = 2W/

61
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

m²K, T = 204 °C e a radiação é dominante q "radiação ≈ 1232W / m² , q "conv ≈ 368 W / m ².


Ao contrário, para h = 200 W/m²K, T = 28 °C e a convecção prevalece (
q "conv ≈ 1606 W / m ². q "rad ≈ −6 W / m ². ) De fato, nesta condição a temperatura da placa é
ligeiramente inferior àquela da vizinhança e a troca líquida radiante é para
a placa.

FONTE: Adaptado de Incropera et al. (2008)

5 RELEVÂNCIA DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR


A transferência de calor é dominante na maior parte dos dispositivos de
conservação e produção de energia.

Um exemplo prático é a eficiência de um motor de turbina a gás que


aumenta com a temperatura de operação. A temperatura dos gases de combustão
dentro dos motores excede o ponto de fusão das ligas especiais usadas na
construção de pás e rotor de turbina. Para que se tenha uma operação segura, três
possibilidades são apresentadas. A primeira é injetar gases relativamente frios
através de pequenos orifícios nas extremidades das pás da turbina. Esses gases
envolvem a pá conforme forem arrastados pelo escoamento principal e auxiliam
no isolamento da pá em relação aos gases de combustão quente. Outra maneira
de assegurar o processo é aplicar nas pás e rotor um revestimento de barreira
térmica cerâmica, para garantia de uma camada extra de isolamento. E também,
projetando as pás e o rotor com um emaranhado de passagens internas para
resfriamento, configuradas para permitir que o motor de turbina a gás opere sob
tais condições externas.

FIGURA 15 – PÁ DE TURBINA A GÁS. (A) VISTA EXTERNA MOSTRANDO ORIFÍCIOS PARA A


INJEÇÃO DE GASES DE RESFRIAMENTO. (B) VISTA DE RAIOS X MOSTRANDO AS PASSAGENS
INTERNAS PARA RESFRIAMENTO

FONTE: Incropera et al. (2008)

62
TÓPICO 3 | A necessidade da conservação de energia

A transferência de calor é importante, não apenas no âmbito da engenharia,


mas também da natureza. Segundo Incropera et al. (2008), a temperatura regula
e dispara respostas biológicas em todos os sistemas vivos e no limite marca a
fronteira entre a doença e a saúde. Exemplos comuns são a hipotermia, que é
resultado do resfriamento excessivo do corpo humano, e o choque térmico,
que é disparado em ambientes quentes e úmidos. Ambos estão associados a
temperaturas corporais que excedem os limites fisiológicos e estão diretamente
ligados aos processos de convecção, radiação e evaporação que ocorrem na
superfície de um corpo, ao transporte de calor no interior do corpo e a energia
metabólica gerada no interior do corpo.

Avanços na medicina, como as cirurgias a laser, tornaram-se viáveis


pela aplicação dos princípios fundamentais da transferência de calor. Enquanto
altas temperaturas resultantes do contato com objetos quentes podem causar
queimaduras, tratamentos hipertérmicos são usados para destruir, por exemplo,
lesões cancerígenas. De maneira similar, temperaturas baixas podem induzir a
perda de extremidades do corpo, mas o congelamento localizado intencional pode
destruir tecidos doentes em criocirurgias. Verifica-se que terapias e dispositivos
médicos ocorrem pelo aquecimento ou resfriamento destrutivo de tecidos
doentes, deixando simultaneamente os tecidos sadios adjacentes inalterados.

NOTA

Verifica-se que terapias e dispositivos médicos ocorrem pelo aquecimento ou


resfriamento destrutivo de tecidos doentes, deixando simultaneamente os tecidos sadios
adjacentes inalterados.

63
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A termodinâmica e a transferência de calor são ciências que se complementam.

• Definimos Volume de Controle (VC).

• Definimos Superfície de Controle.

• Definimos a Primeira Lei da Termodinâmica durante um Intervalo de Tempo ( ∆t ).

• Deduzimos Equação das Energias Térmica e Mecânica para um Intervalo de


Tempo ( ∆t )

• Abrimos o termo de energia total nas mais diversas formas de energia.

• A equação a ser utilizada em processos ocorre em regime estacionário.

64
AUTOATIVIDADE

1 Diferencie energia sensível de energia latente.

2 Calcule a resistência térmica e a taxa de transferência de calor através de


uma lâmina de vidro de  janela (k  =  0,81  W/m.K)  com  1,0  m  de  altura,
0,5  m  de  largura  e  0,5  cm  de  espessura,  se  a temperatura da superfície
externa for 24 °C e a temperatura da superfície interna for 24,5 °C.

FONTE: <http://bit.ly/2lQWgp0>. Acesso em: 16 abr. 2019.

3 Calcule a taxa de transferência de calor por convecção natural entre uma


seção de área de 20x20 m do telhado de um barracão e o ar ambiente, se a
temperatura da superfície do telhado for 27 °C, a temperatura do ar -3 °C e
o coeficiente médio de transferência de calor por convecção 10 W/m2K.

FONTE: <http://bit.ly/2lQWgp0>. Acesso em: 16 abr. 2019.

65
66
UNIDADE 1
TÓPICO 4

PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA
DE MASSA POR DIFUSÃO

1 INTRODUÇÃO

O processo de transferência de massa é o resultado da diferença de


concentrações de uma espécie em uma mistura.

A  transferência de massa  é o processo de transporte onde existe a


migração de uma ou mais espécies  químicas  em um dado meio, podendo este
ser sólido, líquido ou gasoso. O transporte das espécies químicas pode ser feito
por dois mecanismos: difusão e/ou convecção. A difusão deve-se à diferença de
potenciais químicos das espécies, ou seja, à diferença de concentrações entre dois
locais num dado sistema. A convecção deve-se às condições de escoamento de
um sistema, por exemplo, líquido em movimento sobre uma placa (ARANTES,
2018).

Existem semelhanças notáveis ​​nas equações diferenciais aproximadas


comumente usadas ​​de  momentum  (momento linear, calor e transferência de
massa. As equações de transferência molecular da lei de Newton para momentum de
fluido a baixo número de Reynolds (fluxo de Stokes), lei de Fourier para o calor
e lei de Fick para massa são muito similares, dado que elas são todas aproximações
lineares a transporte de grandezas conservadas em um campo de fluxo (ARANTES,
2018).

A números de Reynolds mais altos, a analogia entre transferência de massa,


calor e momento torna-se menos útil devido a não linearidade das equações de
Navier-Stokes  (ou, mais fundamentalmente, a  equação geral de conservação
do momentum), mas a analogia entre transferência de calor e massa permanece
boa. Uma grande quantidade de esforços tem sido dedicada ao desenvolvimento
de analogias entre estes três processos de transporte, de modo a permitir a
previsão de um de qualquer dos outros (ARANTES, 2018).

67
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

2 DEFINIÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO


O processo de transferência de massa ocorre onde há um gradiente de
concentração de uma espécie em uma mistura, para que seu transporte ocorra de
uma região de alta concentração, o que significa mais moléculas por unidade de
volume, para outra de baixa concentração. O gradiente de concentração fornece
o potencial motriz para o transporte desta espécie. O processo ocorre por difusão
mássica, em líquidos, sólidos e gases. Ocorrendo mais facilmente em gases devido
ao espaçamento molecular, seguido de líquidos e por último, sólidos.

FIGURA 16 – TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO EM UMA MISTURA


GASOSA BINÁRIA

FONTE: Adaptado de Incropera et al. (2008)

NOTA

Exemplos de transferência de massa por difusão: produção de álcool, secagem


de madeira, remoção de substâncias voláteis poluentes por adsorção, entre outros,
encontrados em todos os locais, indústrias, corpo humano, natureza etc.

68
TÓPICO 4 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.1 COMPOSIÇÃO DE MISTURAS


Uma mistura é composta por duas ou mais espécies e sua quantidade
pode ser quantificada em termos de sua concentração mássica ρi (kg/m³) ou
molar Ci (kmol/m³). As concentrações mássicas e molares são relacionadas através
da massa molar da espécie MM i (kg/kmol) (Equação 1.32):

ρi = MM i . Ci (1.32)

ρi representa a massa da espécie i por unidade de volume da mistura e a


massa específica da mistura é igual a:

ρ = ∆ρi (1.33)

Para o número de moles totais por unidade de volume da mistura:

C = ΣCi (1.34)

A partir da fração mássica, é possível também obter a quantidade de


espécie i na mistura:

ρi
mi = (1.35)
ρ

Ou por fração molar:

Ci
xi = (1.36)
C

Para gases ideias, as concentrações mássicas e molares são relacionadas à


pressão parcial do constituinte pela lei dos gases ideais:

69
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Pi
ρi = (1.37)
Ri .T

E:

Pi
Ci = (1.38)
ℜ.T

Com Ri , a constante dos gases para espécie i e R


, a constante dos gases
universais.

2.2 LEI DE FICK DA DIFUSÃO


A lei de Fick corresponde à equação da taxa para a difusão mássica, e, em
uma mistura binária A e B, para a transferência da espécie A, pode ser expressa
pelas seguintes equações:

J A =
− ρ DAB ∇mA (1.39)

Ou:

J A* =
−CDAB ∇x A (1.40)

JA é o fluxo mássico difusivo da espécie A (kg/(s.m²), ou seja, a quantidade


de espécie A que é transferida por difusão por unidade de tempo e de área,
perpendicular à direção da transferência. O fluxo mássico é proporcional à massa
ρ
específica =ρ ρ A + ρ B (kg/m³) e com a fração mássica mA = A .
ρ
JA* é o fluxo molar difusivo da espécie A (kmol/(s.m²). Este é proporcional
à concentração molar total da mistura = C C A + CB (kmol/m³) e com a fração molar
CA
da espécie x A = .
C
DAB é o coeficiente de difusão binária ou difusividade mássica.

70
TÓPICO 4 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.3 DIFUSIVIDADE MÁSSICA


A difusividade mássica DAB em uma mistura binária de gases A e B pode ser
relacionada à pressão e temperatura, admitindo-se gases ideais, conforme segue:

DAB ~ p −1T 3/2 (1.41)

A relação é utilizada para estimar valores de difusividade mássicas, em


intervalos de pressão e temperatura restritos e em situações em que os dados de
DAB não são dados experimentalmente.

Para soluções líquidas binárias, estes dados são exclusivos de medições


experimentais e para pequenas concentrações de A e B, DAB aumenta com o aumento
da temperatura.

• Exercício resolvido

Exemplo 4: Considere a difusão de hidrogênio (espécie A) em ar, água


líquida ou ferro (espécie B), a T = 293 K. Calcule o fluxo da espécie nas bases
molar e mássica se o gradiente de concentração em um local específico for
dC A 1kmol
igual a = 3 . Compare o valor da difusividade mássica com o da
dx mm
condutividade térmica. A fração molar do hidrogênio é muito menor do que
um.
Dados: Gradiente de concentração do hidrogênio no ar, na água
líquida ou no ferro a T = 293 K.

Encontrar os fluxos mássico e molar do hidrogênio e os valores


relativos das difusividades térmica e mássica para os três casos.

71
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Condições de regime estacionário.


0, 41x10−4 m 2
Propriedades: Hidrogênio-ar (298K): DAB =
s
; Hidrogênio-água
0, 63 x10−8 m 2
DAB =
(298 K): s ; Hidrogênio-ferro (293 K): DAB =
0, 26 x10−12 m 2
s
. Ar (293 K):
21, 6 x10−6 m 2 kg
∝= ; Água (293 K): k = 0, 603W=
/ mK , ρ 998
= . Ferro
, C p 4182 J / kgK (300 K):
s m3
23,1x10 m .
−6 2
∝=
s

Resolução: A difusividade mássica do hidrogênio no ar a T = 293 K é:

T 3/2
DAB ,T = DAB ,298 K x ( )
298 K

3/2
0, 41x10−4 m 2  293K  0, 40 x10−4 m 2
=DAB ,T = x 
s  298 K  s

Para hidrogênio como uma espécie diluída, isto é, X A  1, as


propriedades térmicas do meio podem ser tomadas como aquelas do meio
hospedeiro, constituído pela espécie B. A difusividade térmica da água é:

W
0, 603
k mK= 0,144 x10−6 m 2 / s
=∝ =
ρ C p 998 kg x 4182 J
m3 kgK

A razão entre a difusividade térmica e a difusividade mássica é o


número de Lewis, Le. O fluxo molar do hidrogênio é descrito pela lei de Fick:

dxA
J A* = −CDAB
dx

A concentração molar total, C, é aproximadamente constante uma vez


que A é a espécie diluída, consequentemente:

dC A
J A* = − DAB
dx

Assim, para mistura hidrogênio-ar:

72
TÓPICO 4 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

−0, 40 x10−4 m 2 / s x1kmol / m³m =


J A* = −4 x10−5 kmol / sm²

O fluxo mássico do hidrogênio no ar é encontrado pela expressão:

2kg  4 x10−5 kmol  −8 x10−5 kg


J A =
J A*mA =x  −  =2
kmol  sm 2  sm

Os resultados para as três misturas são:

 m2  6m 
2
 kg 
Espécie B ∝ x106  D
 AB x10   Le J Ax106  2 
 s   s   sm 
Ar 21,6 40 0,54 80
Água 0,14 6,3 x 10-3 23 13 x 10-3
Ferro 23,1 260 x 10-9 89 x 106 0,52 x 106
FONTE: Adaptado de Incropera et al. (2008)

73
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• O processo de transferência de massa ocorre onde há um gradiente de


concentração de uma espécie em uma mistura, para que seu transporte ocorra
de uma região de alta concentração, o que significa mais moléculas por unidade
de volume, para outra de baixa concentração.

• O gradiente de concentração fornece o potencial motriz para o transporte


desta espécie. O processo ocorre por difusão mássica, em líquidos, sólidos e
gases. Ocorrendo mais facilmente em gases devido ao espaçamento molecular,
seguido de líquidos e por último, sólidos.

• As concentrações mássicas e molares são relacionadas através da massa molar


da espécie MMi (kg/kmol):

ρi = MM i . Ci (1.32)

• A lei de Fick corresponde à equação da taxa para a difusão mássica, e, em uma


mistura binária A e B, para a transferência da espécie A, pode ser expressa
pelas seguintes equações:

J A =
− ρ DAB ∇mA (1.39)

Ou:

J A* =
−CDAB ∇x A (1.40)

• A difusividade mássica DAB em uma mistura binária de gases A e B pode ser


relacionada à pressão e temperatura, admitindo-se gases ideais, conforme segue:

DAB ~ p −1T 3/2 (1.41)

A relação é utilizada para estimar valores de difusividade mássicas, em


intervalos de pressão e temperatura restritos e em situações em que os dados de
DAB não são dados experimentalmente.

74
• Para soluções líquidas binárias, estes dados são exclusivos de medições
experimentais e para pequenas concentrações de A e B, DAB aumenta com o
aumento da temperatura.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar tua compreensão. Acesse o QR Code, que te levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.

75
AUTOATIVIDADE

1 Uma placa de ferro está exposta a 700 ºC a uma atmosfera carbonetante


(rica em carbono) em um de seus lados e a uma atmosfera descarbonetante
(deficiente em carbono) no outro lado. Se uma condição de regime
estacionário é angida, calcule o fluxo de difusão do carbono através da
placa, dado que as concentrações de carbono nas posições de 5 e a 10 mm
(5x10-3 e 10-2m) abaixo da superfície são 1,2 e 0,8 kg/m³, respectivamente.
Considere um coeficiente de difusão 3x10-11 m²/s nessa temperatura.

2 Uma mistura gasosa contendo H2, N2, O2 e vapor d’água é pressurizada


contra uma lâmina de 6 mm de espessura de paládio cuja área é 0,25 m² a
600 ºC. O coeficiente de difusão é D H ( 600℃ ) = 1, 7 x10 m² / s e a concentração
−8

Pd

no lado da placa de alta e baixa pressão é, respectivamente, 2, 0 e 0, 4 KgH


2 / m2 Pd . A difusão acontece em estado estacionário, H2 é purificado por
difundir-se mais rapidamente que os demais gases, agindo a outra face da
lâmina que está sob pressão atmosférica. Calcular o fluxo de difusão do H2
(purificação) em kg/hora.

FONTE: <https://www.passeidireto.com/arquivo/42143289/pcm---resolucao-atividades-
assunto-3/2>. Acesso em: 16 abr. 2019.

3 A cementação de 1 mm de uma engrenagem a 800 ºC requer 10h. Qual seria


o tempo necessário para se obter a mesma profundidade a 900 ºC?
Dados: Q para a difusão de CFC = 137859 J / mol. R. R = 8,31 J / mol. K..

4 Uma folha de ferro de 1,5 mm de espessura é colocada em uma atmosfera


de nitrogênio a 1200 ºC para que possa se instaurar um estado de difusão
em regime estacionário. O coeficiente de difusão do nitrogênio no aço a esta
2
temperatura é de 6 x10−11 m e o fluxo de difusão é de 1, 2 x10−7 k / m ² s . Sabe-
s
se que a concentração de nitrogênio no lado da folha de aço onde a pressão
é mais elevada e de 4 kg/m³. A que distância sob a superfície do lado onde a
pressão é mais elevada pode-se medir uma concentração de 2,0 kg/m³?
FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/5286046>. Acesso em: 16 abr. 2019.

76
UNIDADE 2

PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA
DE CALOR E MASSA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• definir e compreender os fundamentos dos processos de transferência de


calor por condução, convecção e radiação;

• compreender os fenômenos de transferência de massa;

• estudar e deduzir as equações estudadas para cada mecanismo de trans-


ferência de calor e em que condições cada uma pode ser empregada;

• conhecer observações realizadas por estudiosos para compreensão de


processos do dia a dia.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você
encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das
informações apresentadas.

TÓPICO 1 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR


CONDUÇÃO

TÓPICO 2 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR


CONVECÇÃO

TÓPICO 3 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR


RADIAÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em


frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás
melhor as informações.

77
78
UNIDADE 2
TÓPICO 1

PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA
DE CALOR POR CONDUÇÃO

1 INTRODUÇÃO
O processo de transferência de calor por condução é o processo de
transferência de energia das partículas mais energéticas para as menos energéticas
de uma substância, devido ao gradiente de temperatura e ao mecanismo por
interação molecular.

A transferência de calor é predominante em meio sólido, mas pode ocorrer


também em menor intensidade em meios líquidos e gases.

Assim, serão estudados os conceitos fundamentais da condução de calor


em paredes planas e sistemas radiais, bem como a equação geral da condução de
calor.

Inicialmente, o estudo é realizado em condições simplificadas, ou seja,


regime estacionário, em que há maior facilidade para dedução da distribuição de
temperatura por ser linear, mas pode também ser aplicada a condução de calor
em regime transiente.

2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A seguir serão estudados os conceitos para compreensão dos processos
de transferência de calor por condução e estudo das equações fundamentais para
cálculos de distribuição de temperatura em regime estacionário e transiente.

79
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.1 DEFINIÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR EM PAREDE


PLANA E SISTEMAS RADIAIS
O estudo da condução de calor possibilita determinar a distribuição de
temperatura e o cálculo do fluxo de calor por condução dos pontos de maior
temperatura para menor temperatura de um dado corpo. No interior deste corpo,
o calor pode fluir em diferentes direções, por este motivo, define-se um sistema de
coordenadas, conforme a figura a seguir:

FIGURA 1 – (A) COORDENADAS CARTESIANAS (X, Y, Z). (B) COORDENADAS CILÍNDRICAS (R, Z,
Φ) (C) COORDENADAS ESFÉRICAS (R, Φ, ϴ)

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 63, 74, 75)

As superfícies são as fronteiras do sistema, que é o espaço definido para


o estudo.

2.2 EQUAÇÃO GERAL DA CONDUÇÃO DE CALOR


A equação geral da condução de calor é baseada em uma vasta evidência
experimental e sua dedução é apresentada da seguinte maneira:

Balanço de energia (1ª lei):

80
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

(Taxa de (Taxa de calor (Taxa de


(Acúmulo de
calor que - que sai do + geração de calor =
energia no V.C)
entra no V.C) V.C) no V.C)

FONTE: <http://www.professor.unisinos.br/jcopetti/transcal_ppg/Conducao.pdf>. Acesso


em: 6 mar. 2019.

FIGURA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR ATRAVÉS DE UMA PAREDE PLANA

FONTE: <http://www.professor.unisinos.br/jcopetti/transcal_ppg/Conducao.pdf>.
Acesso em: 6 mar. 2019.

Equacionando (1):

Entrada - Saída + Geração = Acúmulo

81
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

∂T ( x, t )
( A.q ) x − ( A.q ) x + ∆x + V .g ( x ) =ρ CpV . (2.0)
∂t

Escrevendo os dois primeiros termos como uma diferença finita:

∂T ( x, t )
− ( A.q ) x + ∆x − ( A.q ) x  + V .g ( x ) =ρ CpV . (2.1)
∂t

Sabendo que:

dT
q = -K (2.2)
dx

V = Α. ∆ x (2.3)

Sendo:
q = fluxo de calor (W);
W W
k = coeficiente de condutividade térmica ( ou );
m.°C m.°K
V = volume (m³);
A = área perpendicular ao fluxo de calor q (m²);
T= temperatura (K ou °C).

Substituindo a Equação 2.3 na 2.1:

∂T ( x, t )
- ( A.q ) x + ∆x - ( A.q ) x  + A.∆x.=
g ( x ) ρ Cp A.∆x. (2.4)
∂t

Divide a Equação 2.4 por A.∆x:

1  ( A.q ) x + ∆x − ( A.q ) x  ∂T ( x, t )
−   g ( x) =
ρ Cp. (2.5)
A ∆x  ∂t

82
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Aplica limite ao 1º termo da Equação (2.5):

1   ( A.q ) x + ∆x − ( A.q ) x   d ( x, t )
− lim     g ( x) =
ρ Cp. (2.6)
A ∆x →0   ∆x 
 dt

1 ∂ ∂T ( x, t )
− ( A.q ) + g ( x ) =
ρ Cp. (2.7)
A ∂x ∂t

E substituindo a Equação 2.3 na 2.7:

1 d ∂T dT ( x, t )
− [− AK + g ( x) =
ρ Cp. (2.8)
A dx ∂x dt

Tem-se a Equação 2.9, que é a equação global de distribuição de energia


em quaisquer coordenadas em estado transiente, com geração e k dependente da
temperatura:

1 d ∂T ∂T ( x, t )
[ AK + g ( x) =
ρ Cp. (2.9)
A dx ∂x ∂t

ρ = massa específica (kg/m³);


Cp = capacidade calorífica (J/kg °C);
g(x) = geração/ transformação de energia (W/m³).

2.2.1 Condutividade térmica


Simplificando a Equação (2.9), para k constante e A1 = A2 = A:

83
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

d  ∂T  ∂T ( x, t )
K  + g ( x) =
ρ Cp. (2.10)
dx  ∂x  ∂t

Sendo K = constante:

d  dT  g ( x ) ρ Cp ∂T ( x, t )
 + =. (2.11)
dx  dx  K K ∂t

K
Em que: α = , α = difusividade térmica (m²/s).
ρ .Cp
A Equação 2.12 é a equação de transferência de calor por condução, em
coordenadas cartesianas, com K constante, com geração e no estado transiente:

d ²T g ( x ) 1 ∂T ( x, t ) (2.12)
+ = .
dx ² K α ∂t

A equação foi deduzida para o sistema cartesiano de coordenadas, mas


esta independe do sistema de coordenadas adotado, desta forma, pode ser escrita
também em coordenadas cilíndricas e esféricas.

• Coordenadas cilíndricas:

Substitui A=2πrH, dr=dx e r=x na Equação 2.9:

1 d  dT  ∂T ( r , t )
 2π rHK  + g (r ) =
ρ Cp. (2.13)
2π rH dr  dr  ∂t

Se K= constante:

1 d  dT  g ( r ) 1 ∂T ( r , t )
r + = . (2.14)
r dr  dr  K α ∂t

84
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

• Para coordenadas esféricas:

Substitui A=4πr², dr=dx e r=x na Equação 2.9:

1 d  dT  ∂T ( r , t )
 4π r K  + g (r ) =
ρ Cp.
2
(2.15)
4π r ² dr  dr  ∂t

Se K= constante:

1 d  2 dT  g ( r ) 1 ∂T ( r , t )
r K + = . (2.16)
r ² dr  dr  K α ∂t

2.2.2 Equação de Fourier


A Equação de Fourier (2.17) pode ser obtida a partir das seguintes
simplificações da Equação 2.12:

• sem geração de calor;


• K uniforme e constante, g(x) = 0.

d ²T 1 ∂T ( x, t )
= . (2.17)
dx ² α ∂t

2.2.3 Equação de Poisson


Obtida a partir das seguintes simplificações da Equação 2.12:

• regime permanente (ou estacionário);

∂T
• K uniforme e constante, .
∂t

d ²T g ( x )
+ 0
= (2.18)
dx ² K

85
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.2.4 Equação de Laplace


Obtida a partir das seguintes simplificações da Equação 2.12:

• regime permanente (ou estacionário);


• K uniforme e constante.

d ²T
=0 (2.19)
dx ²

2.3 DEFINIÇÕES DE CONDIÇÕES DE CONTORNO E


CONDIÇÃO INICIAL
São expressões matemáticas de distribuição da temperatura, sendo que
a condição inicial se refere à distribuição inicial da temperatura no meio e as
condições de contorno são estabelecidas nas fronteiras do sistema com o meio.

Para estabelecer o modelo do processo são necessárias:

• Uma condição inicial (primeira ordem em relação ao tempo): t=0; T=T0;


• Duas condições de contorno para cada termo do sistema de coordenadas, onde
ocorre transferência de calor.

Tipos de condições de contorno:

a) C.C de 1ª espécie: temperatura conhecida nas fronteiras do sistema:

x = 0; T(0,t) = T1
x = L; T(0,t) = T2

FIGURA 3 – EXEMPLO DE CONDIÇÕES DE CONTORNO DE 1ª ESPÉCIE

FONTE: <http://www.professor.unisinos.br/jcopetti/transcal_ppg/Conducao.pdf>.
Acesso em: 6 mar. 2019.

86
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

As C.C. e a equação da distribuição devem ser representadas numa


formação matemática (F.M.):

QUADRO 1 – FORMULAÇÃO MATEMÁTICA PARA C.C. DE 1ª ESPÉCIE

Equação da Distribuição Abrangência


d  dT  g 0 ≤ ≤L
 + 0
=
dx  dx  K 0 x
1ª C.C. Fronteira 1
T = T1 x=0
2ª C.C. Fronteira 2
T = T2 x=L
FONTE: As autoras

b) C.C. de 2ª espécie: fluxo de calor conhecido:

 dT 
q0 =
−K  |r =
0
 dr 

 dT 
qL =
−K  |r =
L
 dr 

FIGURA 4 – EXEMPLO DE CONDIÇÕES DE CONTORNO DE 2ª ESPÉCIE

FONTE: <http://www.professor.unisinos.br/jcopetti/transcal_ppg/Conducao.pdf>.
Acesso em: 6 mar. 2019.

87
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

QUADRO 2 – FORMULAÇÃO MATEMÁTICA PARA C.C. DE 2ª ESPÉCIE

Equação da Distribuição
Abrangência
1 d  dT  g ( r )
r + 0
= ≤ ≤L
r dr  dr  K 0 x
1ª C.C.
dT Fronteira 1
q0 = − K r=0
dr
2ª C.C.
dT Fronteira 2
qL = − K r=L
dr
FONTE: As autoras

c) C.C. de 3ª espécie: troca de calor por convecção na superfície:

q condução = q convecção

dT
−K = h1 (T∞1 − T ( 0, t ) )
dx

dT
− K = h2 (T ( 0, t ) − T∞ 2 )
dx

FIGURA 5 – EXEMPLO DE CONDIÇÕES DE CONTORNO DE 3ª ESPÉCIE

FONTE: <http://www.professor.unisinos.br/jcopetti/transcal_ppg/Conducao.pdf>.
Acesso em: 6 mar. 2019.

88
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

QUADRO 3 – FORMULAÇÃO MATEMÁTICA PARA C.C. DE 3ª ESPÉCIE

Equação da Distribuição
Abrangência
d  dT  g 0 0≤ x ≤ L
 + 0
=
dx  dx  K

1ª C.C.
Fronteira 1
dT x=0
K + h1 (T∞1 − T ( 0, t ) ) =
0
dx

2ª C.C.
Fronteira 2
dT x=L
K + h2 (T ( 0, t ) − T∞ 2 ) =
0
dx
FONTE: As autoras

• F.M. para coordenada cilíndrica:

QUADRO 4 – FORMULAÇÃO MATEMÁTICA PARA COORDENADA CILÍNDRICA

Equação da Distribuição
Abrangência
1 d  dT  g (r )
r + 0
= 0≤ x ≤ L
r dr  dr  K
1ª C.C.
dT Fronteira 1
h1 (T∞1 − T ( 0, t ) ) + K 0
= r=0
dx
2ª C.C.
dT Fronteira 2
h2 (T ( 0, t ) − T∞ 2 ) + K 0
= r=L
dx
FONTE: As autoras

2.4 CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME


PERMANENTE
Neste tópico é abordado a transferência de calor em condição
unidimensional e regime permanente. O termo unidimensional refere-se a
somente uma coordenada ser necessária para descrever a variação espacial das
variáveis dependentes, e permanente, a temperatura ser independente do tempo,
em cada ponto do sistema.

89
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.4.1 Coordenadas Cartesianas


Na Figura 6 é apresentada a transferência de calor por condução em
parede ou placa plana, em regime permanente, sem geração interna de calor
e condutividade térmica constante. Trata-se de uma parede de espessura L que
separa dois ambientes com temperaturas diferentes.

FIGURA 6 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO EM


REGIME PERMANENTE

FONTE: As autoras

Para resolver este caso, são aplicadas as simplificações mencionadas


anteriormente, na equação geral de transferência de calor por condução (2.9):

d ²T d ²T d ²T g ( x ) 1 ∂T ( x, t )
+ + + = .
dx ² dy ² dz ² K α ∂t

Simplificando:
g ( x)
a) Sem geração interna de calor: =0
K
b) Regime permanente: ∂T ( x, t ) = 0
∂t
c)Unidimensional: d ²T d ²T d ²T d ²T
+ + =
dx ² dy ² dz ² dx ²

Considerando estas condições, d ²T = 0 e, assim, a solução é do tipo T(x).


dx ²
dT dθ
Definindo, θ = e substituindo na equação, tem-se: = 0.
dx dx
Ao integrar por separação de variáveis:

∫ dθ =
C1; C1 = 0

90
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

dT
Como definido θ = dT , então: = C1 , e integrando novamente, obtém-
dx dx
se a equação da reta:
T (=
x ) C1 x + C2 (2.20)

Para obtenção das constantes, as seguintes condições de contorno são


aplicadas para temperaturas nas superfícies das duas faces:

x=0; T=T1 (2.21)


x=L; T=T2 (2.22)

Para x=0:
C2 = T1 (2.23)
Para x=L:

T2 C1 L + T1
= (2.24)

T2 − T1 (2.25)
C1 =
L

Assim:

x
T ( x) =(T2 − T1 ) + T1 (2.26)
L

Para cálculo do fluxo de calor através da parede, Fourier desenvolveu


uma equação baseada na força motriz:

dT
q∝ (2.27)
dx

Em que: dx é a espessura do sólido (m); dT a força motriz (°C) e q é o fluxo


de calor (W/m²).

91
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Em seguida, Fourier introduziu a constante K (condutividade térmica) com


uma certeza de proporcionalidade:

dT
q = −K (2.28)
dx

Propôs também a equação para cálculo da taxa de transferência de calor, isto é:

(2.29)
dT
Q = q. A ou Q = − KA
dx

Ao substituir a Equação 2.26 na 2.29, tem-se:

d  x  − KA
Q=
− KA  (T2 − T1 ) + T1  = . (T2 − T1 ) (2.30)
dx  L  L

Ou:
Q −K
q
= = . (T2 − T1 ) (2.31)
A L

Ao conhecer o fluxo de calor, é possível aumentar o fluxo de calor q, com o


aumento de K, de forma de seja usado material bom condutor, ou pela redução da
espessura da parede, e, também, diminuir o fluxo de calor q, utilizando material
isolante ou aumentando a espessura da parede.

2.4.2 Coordenadas cilíndricas


A seguir é apresentada a transferência de calor por condução em
coordenadas cilíndricas, em regime permanente, sem geração interna de calor e
condutividade térmica constante.

Conforme estudado para coordenadas cartesianas, aplica-se as simplificações


necessárias na equação geral da condução, que para coordenadas cilíndricas,
corresponde à Equação 2.14:

92
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

1 d  dT  1 d ²T d ²T g ( r ) 1 ∂T ( r , t ) (2.14)
r + + + = .
r dr  dr  r ² d Φ ² dz ² K α ∂t

Simplificando:

g (r )
a) Sem geração interna de calor: = 0.
K
∂T ( r , t )
b) Regime permanente: =0.
∂t
c) Unidimensional: d ²T = 0 , pois para tubo longo, T é independente de z.
dz ²
d) Simetria radial, d ²T
= 0 , pois T é independente de Φ .
d Φ²

As simplificações c) e d) indicam que este é um problema unidimensional

na direção radial, r, resultando em: d  r dT  = 0 e solução do tipo T=T(r).


dr  dr 
Ao integrar por separação de variáveis:

 dT  dT
∫d r ∫ 0dr + C1 =
 dr = r C1
= (2.32)
 dr  dr

dr
∫ dT =
∫ C1 + C2 (2.33)
r

T ( r ) C1 ln ( r ) + C2
= (2.34)

Para obtenção das constantes C1 e C2, aplica-se as condições de contorno


na superfície interna r1 e externa r2:

r=r1; T=T1 (2.35)


r=r2; T=T2 (2.36)

Para r=r1:

=T 1 C1 ln ( r1) + C2 (2.37)

93
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Para r=r2:

=T 2 C1 ln ( r 2 ) + C2 (2.38)

Fazendo T1-T2, temos a equação da distribuição da temperatura:

T1 − T2 r
T (r )
= ln + T2
r1 r2 (2.39)
ln
r2

Para cálculo do fluxo de calor através da parede, utiliza-se a Lei de Fourier,


a partir da equação da taxa de transferência de calor (2.29), dada anteriormente:

dT
Q = − KA (2.29)
dx

Sendo a área: A=2πrL e substituindo as constantes C1 e C2:

dT
− K 2π rL
Q=
dr
( C1 ln ( r ) + C2 ) , ou derivando: Q = − K 2π LC1
T2 − T1
Substituindo Ci : Q = 2π KL (W)
r1
ln
r2

 
Q 2π KL T2 − T1  K T2 − T1

" =
q=  = (2.40)
A 2π rL  ln r1  r ln r1
 r2  r2

• Exercício resolvido

94
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Exemplo 1: Um equipamento condicionador de ar deve manter uma sala, de 15


m de comprimento, 6 m de largura e 3 m de altura a 22 °C. As paredes da sala,
de 25 cm de espessura, são feitas de tijolos com condutividade térmica de 0,14
Kcal/h.m.°C e a área das janelas são consideradas desprezíveis. A face externa
das paredes pode estar até a 40 °C em um dia de verão. Desprezando a troca de
calor pelo piso e teto, que estão bem isolados, calcule o calor a ser extraído da
sala pelo condicionador (em HP). Dado: 1HP = 641,2 Kcal/h.

Dados:

T1 =40 °C ,T2 =22 °C

0,14Kcal
k=
hm°C

=L 25
=cm 0, 25 m

Sala : 6 x15 x3 m

Resolução: Desconsiderando a influência de janelas, a área lateral das


paredes, desprezando o piso e o teto é:

A= 2 x (6 x 3) + 2 x (15 x 3) = 126m²

 kcal  2
0,14   x126m
kA  hm °C  kcal
Q
= . (T1 −=
T2 ) x ( 40 − 22 )=
°C 1270
L 0, 25m h

1270kcal 1 HP
=Q = x 1,979 HP
h kcal
641, 2
h

95
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

A potência requerida para o condicionador de ar manter a sala


refrigerada é: Q = 2 HP .

FONTE: <https://www.passeidireto.com/arquivo/5794508/lista-de-exercicios_3-
conducao_2014>. Acesso em: 20 jan. 2019.

2.5 ANALOGIA COM SISTEMAS ELÉTRICOS


O conceito de resistência elétrica pode ser escrito na forma de circuitos
equivalentes ao circuito elétrico, isto é, para:

• Coordenadas cartesianas:

dT
Q = − KA (2.29)
dx

Resolvendo a equação para x=0; T1 e x=L; T2:

x=L T2

Q ∫
X =0
dx = − KA ∫dT
T1
(2.41)

− KA(T2 − T1 )
Q= (2.42)

KA
=Q (T1 − T2 )
L (2.43)

Definindo:

L m m.m.°C °C
R= == = (2.44)
KA W .m² W .m² W
m.°C

Q=
(T1 − T2 ) (2.45)
R

96
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

em que R é a resistência devido à transferência de calor por condução em


coordenadas cartesianas:

Se K ↓, R ↑, Q ↓
Se L ↑, R ↑, Q ↓
Se K ↑, R ↓, Q ↑
Se L ↓, R ↓, Q ↑

FIGURA 7 – MEIOS COMPOSTOS: CIRCUITOS EM SÉRIE

FONTE: <http://www.usp.br/sisea/wp-content/uploads/2014/11/apostila.pdf>.
Acesso em: 7 mar. 2019.

Q=
(T1 − T2 ) (T2 − T3 ) = (T3 − T4 )
= (2.46)
R1 R2 R3

Somando:

Q=
(T1 − T4 )
(2.47)
R1 + R2 + R3

Fazendo:

RT = R1 + R2 + R3

Assim:

Q=
(T1 − T4 )
(2.48)
RT

L1 L2 L3
=R1 = ; R2 = ; R3 (2.49)
K1 A K2 A K3 A

97
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 8 – CIRCUITOS PARALELOS

FONTE: <http://bit.ly/2WsGwXQ>. Acesso em: 7 mar. 2019.

Q=
(TA − TB )
(2.50)
RT

RT = R1 + Rb + R5 para Rb = R2 + R3 + R4 (2.51)

L1 L5
=R1 = ; R5 (2.52)
K1 A K5 A

1 1 1 1
Em paralelo: = + +
Rb R2 R3 R4

L2 L3 L4
=R2 = ; R3 = ; R4 (2.53)
K2 A K3 A K4 A

1 K 2 A K3 A K 4 A
= + + (2.54)
Rb L2 L3 L4

Assim:

L2 L3 L4
Rb = (2.55)
K 2 AL3 L4 + K 3 AL2 L4 + K 4 AL2 L3

98
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.6 RAIO CRÍTICO DE ISOLAMENTO TÉRMICO


O isolamento térmico em tubulações é necessário, afim de restringir a
perda de calor de um fluido aquecido (ou frio).

FIGURA 9 – ISOLAMENTO TÉRMICO

FONTE: <http://www.usp.br/sisea/wp-content/uploads/2014/11/apostila.pdf>.
Acesso em: 7 mar. 2019.

∆T Ti − T∞ Ti − T∞
q
= = =
ΣR Rüüüüüüüü + R r 
ln  e  (2.56)
 ri  + 1
2π KL 2π re Lhe

Para um valor fixo de ri, L, K, Ti, T∞, o calor transferido é uma função
dq
apenas do re, = 0, condição necessária para que seja ponto de máximo, mas
dre
não suficiente. Verifica-se que na Equação 2.56 há uma contribuição de um termo
de condução e outro de convecção, desta forma, se o raio externo do isolamento
aumentar, ele diminui uma das resistências térmicas (condução), e, no outro lado,
a resistência térmica de convecção aumenta.

A partir dos cálculos, verifica-se que o máximo da transferência de calor


ocorre em:

99
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

dq −2π L (Ti − T∞ )  1 1 
= 0= 2 
− 2 
dre   re    Kre re h 
ln
   
  ri  + 1  (2.57)
 K re h 
 
 

1 1
Assim: =
Kre hre ²

K
rcrítico= re= (2.58)
h

Em que rcritico é o raio crítico de isolamento.


K
Se o raio crítico for menor que h a T.C aumenta devido às camadas de
isolamento até a espessura dada pelo raio crítico, mas se a espessura de isolamento
for maior que o raio crítico, adições sucessivas de camadas isolantes diminuirão
a perda de calor.

ATENCAO

Para tubos de pequeno diâmetro, a influência do raio crítico torna-se


considerável, caso contrário é desprezível, uma vez que o próprio raio do tubo ultrapassa o
raio crítico, ou seja, o raio crítico se encontra “dentro” do tubo e qualquer isolante diminuiria
a T.C. Se o isolamento em um tubo de vapor for umedecido, a condutividade térmica do
isolante aumenta, aumentando também o raio crítico.

• Exercício resolvido

100
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Exemplo 2: Um cabo elétrico de 15 mm de diâmetro deve ser isolado


7,32kcal
com borracha (k= 0,134 kcal/hm°C). O cabo estará ao ar livre ( he = hm2 °C ) a
20 °C. Investigue o efeito da espessura de isolamento na dissipação de calor,
admitindo uma temperatura na superfície do cabo de 63 °C.

Dados:

=d 0,=
015 m; r 0, 0075 m
kcal kcal
=k 0,134
= ; he 7,32 2 a 20 °C
hm°C hm °C

Resolução: Com isolamento:

kcal
0,134
k hm°C= 0, 018 m
re =
=
he 7,32 kcal
hm 2 °C

∆T Ti − T∞ Ti − T∞ kcal
q
= = = ≅ 20
ΣR Rcondução + Rconvecção r  hm
ln  e 
 ri  + 1
2π KL 2π re Lhe

Sem isolamento:

re → ri

πT Ti − T∞ kcal
q= = =≅ 15
ΣR 1 hm
2π re Lhe
FONTE: <https://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/8/8e/TCL_Vol_II_-_Isolamento_Termico.
doc>. Acesso em: 7 mar. 2019.

101
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.7 ALETAS OU SUPERFÍCIES ESTENDIDAS


Aletas são empregadas para aumentar a troca térmica entre um sólido e
um meio fluido, resultando no aumento da taxa de transferência de calor.

FIGURA 10 – SUPERFÍCIE ESTENDIDA

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 87)

Ao empregar aletas, é possível melhorar a transferência de calor pelo


aumento da área exposta. Aletas podem ser aplicadas, por exemplo, em: motores
elétricos, condensadores, dissipadores de componentes eletrônicos e camisa do
cilindro de combustão interna resfriados a ar (fusca).

2.7.1 Tipos de Aletas


Na figura a seguir são apresentadas algumas formas construtivas de aletas
geralmente usadas:

102
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 11 – TIPOS DE ALETAS

(a) (b) (c) (d)

(e) (f) (g) (h) (i)


FONTE: <http://www.usp.br/sisea/wp-content/uploads/2014/11/apostila.pdf>.
Acesso em: 7 mar. 2019.

Conforme a figura apresentada, estes são diferentes tipos de superfícies


aletadas:

a) aleta longitudinal de perfil retangular;


b) tubo cilíndrico com aletas de perfil retangular;
c) aleta longitudinal de perfil trapezoidal;
d) aleta longitudinal de perfil parabólico;
e) tubo cilíndrico equipado com aleta radial;
f) tubo cilíndrico equipado com aleta radial com perfil cônico truncado;
g) pino cilíndrico;
h) pino cônico truncado;
i) pino parabólico.

2.7.2 Equação geral da aleta


Aplicando as exigências da conservação de energia, a equação 2.59, no
elemento diferencial Figura 12, tem-se:

• Balanço de energia:

103
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 12 – BALANÇO DE ENERGIA EM SUPERFÍCIE ESTENDIDA

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 86)

(Calor transmitido
(Calor transmitido por (Calor transmitido por
por condução para
condução para dentro = + convecção de superfície
fora do elemento de
do elemento de volume) para o meio)
volume)
(q condução |x ) (qcondução |x + ∆x ) ( qconvecção )

dT
(q condução |x ) = − KAx
dx

dQx
(qcondução |x + ∆x ) : qx + dx =
QX +
dx
( )
dx + 0 dx 2 ; expansão em série de Taylor

qconvecção : qC hA (T − T∞ )
=

qC hP (T − T∞ ) , em que P é o perímetro ou superfície externa da aleta que está


=
em contato com o fluido.

104
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

(qcondução |x )
= (q
condução |x + ∆x ) +
( qconvecção )
(2.59)


QX = dQ + (2.60)
QX + x dx hP (T − T∞ )
dx

dQx
dx + hP (T − T∞ ) (2.61)
dx

Substituindo Qx:

d  dT 
−k  Ax  + hP (T − T∞ ) = 0 (2.62)
dx  dx 

Considerando ϴ= ( T − T∞ )→ dϴ=Dt, tem-se a Equação Geral da Aleta:

d  dθ  hP
A − θ=0 (2.63)
dx  dx  K

ϴ= ϴ(x)
A=A(x)

2.8 CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME TRANSIENTE


São apresentados métodos para determinação da dependência da
distribuição da temperatura no interior de sólido em relação ao tempo em regime
não estacionário ou transiente, e a determinação da transferência de calor entre
sólido e vizinhança. No regime transiente, as condições de contorno de um
sistema mudam, como é o caso de uma alteração na temperatura superficial de
um sistema, em que a temperatura em cada ponto do sistema também mudará
até que o estado estacionário seja alcançado.

2.8.1 Análise global


A análise global envolve a imersão de sólidos de pequena dimensão
em um fluido, cuja variação da temperatura em toda a dimensão do sólido é
insignificante.

105
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 13 – EFEITO DO NÚMERO DE BIOT NA DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA


DE UMA PAREDE PLANA

FONTE: <http://bit.ly/330IukC>. Acesso em: 7 mar. 2019.

Para esta análise é necessário o cálculo do número de Biot, que fornece


uma medida da queda de temperatura no sólido em relação à diferença de
temperaturas entre a superfície e o fluido. Para condição de regime estacionário,
o balanço de energia na superfície se reduz a:

kA
L
(Ts,1 − Ts,2 )= hA(Ts,2 − T∞ ) (2.64)

Rearranjando, obtém-se:

 LC 
 Ts ,1 − Ts ,2   kA  resistência condutiva
 =  =  = Bi (2.65)
T − T 1 resistência convectiva
 s ,2 ∞   
 hA 

LC hA hLC
=Bi = . (2.66)
kA 1 k

106
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Em que k é a condutividade térmica do sólido e L é o comprimento


característico L=V/A. Sendo que para:

1- Parede de espessura 2L; LC = L


2- Cilindro de raio externo ro ; LC = ro / 2
3- Esfera de raio externo ro ; LC = ro / 3

Se Bi calculado for menor de 0,1, utiliza-se o método da análise global. Mas


para Bi maior que 0,1, a análise é realizada por Cartas de Temperatura Transiente,
que envolve a variação da temperatura com o tempo e espaço.

Para distribuição de temperatura dentro do sólido suficientemente


uniforme, o balanço de energia é dado por:

Entra – Sai = Acúmulo – Geração

dT ( t )
ρ CpV
hA(T∞ − T( t ) = (2.67)
dt

dT ( t )
ρ CpV
dt
(
−hA T( t ) − T∞
= ) (2.68)

Equação Geral da Análise Global:

dT ( t )
ρ CpV
dt
( 0
+ hA T( t ) − T∞ = ) (2.69)

Simplificações:

dθ ( t ) dT ( t ) dT ∞
{ = −
dt dt dt
dθ ( t ) dT ( t )
{ =
dt dt
hA
{m =
ρ CpV

Substituindo as simplificações na Equação 69:

107
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

dT ( t ) hA
dt
+ T −T =
ρ CpV ( t ) ∞
(
0 ) (2.70)

dθ ( t )
+ mθ ( t ) =
0 (2.71)
dt

A Equação 2.62 é uma EDO de 1ª ordem homogênea. Integrando, tem-se:

( t ) e− mt + c
ln θ = (2.72)

Assim:

θ ( t ) = c.e − mt (2.73)

No instante, t=0; T=T₀:

ϴ(t)= (T( ) − T )
t ∞
(2.74)

ϴ(0)= (T( ) − T ) = θ 0 = T − T ∞
0 ∞ 0 (2.75)

Substituindo, tem-se o Perfil de Temperatura Transiente:

θ (t )
=
(=
T( ) − T )
t ∞
e − mt (2.76)
θ0 (T( ) − T )
0 ∞

Com Bi < 0,1 e condição de tempo t=0; T= T₀.

• Exercício resolvido

108
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Exemplo 3: Uma esfera sólida de cobre de 10 cm de diâmetro (

J W
ρ = 8954 kg / m3=
, Cp 383 .°C
= , k 386 .°C ) inicialmente a uma
kg m
Ti 250 °C é repentinamente imersa em um fluido agitado
temperatura =

W
=
∞ 50 °C com
mantido a T = h 200 .°C .
m2
a) Verificar se é possível a análise global.
b) Se for possível, determine o tempo necessário para que a temperatura da
esfera atinja 150 ºC.
c) Determine a temperatura do bloco a 5 e 10 minutos depois da imersão.

Resolução:

a) Verificar se Bi > 0,1:

L h. A
Bi
= ×
k.A 1

h.L
Bi =
k

4.π . ( 0, 05 )
3
Volume 4.π .r 3
Ls
= = = = 1, 66 ×10−2 m
4.π . ( 0, 05 )
2
Área 3.4.π .r 2

200.1, 66 ×10−2
Bi
= = 8, 63 ×10−3
386

b) Para determinação do tempo, utilizamos a seguinte expressão:

T ( t ) − T∞
= e − m.t
T0 − T∞

200.4.π . ( 0, 005 )
2
h. A
Sendo =
m = = 3,5 ×10−3
ρ .Cp.V 8954.383. 4 .π . ( 0, 05 )3
3

150 − 50
= e − m.t
250 − 50

109
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

0,5 = e
( )
− 3,5×10−3 .t

t = 198 segundos

c) Sendo 5 minutos = 300 segundos e 10 minutos = 600 segundos, temos:

T ( t ) − T∞ T ( 300 ) − 50 −( 3,5×10−3 ).300


= = e
T0 − T∞ 250 − 50

T ( 300 ) = 119,99℃

T ( t ) − T∞ T ( 600 ) − 50 −( 3,5×10−3 ).600


= = e
T0 − T∞ 250 − 50

T ( 600 ) = 74, 49℃


FONTE: <https://www.passeidireto.com/arquivo/43547854/transferencia-de-calor-cap-4>.
Acesso em: 7 mar. 2019.

2.8.2 Diagrama de Heisler


O método da análise global se aplica para número de Biot pequeno, mas
quando isso não ocorre é necessário resolver a equação geral da condução de
calor. Heisler desenvolveu soluções gráficas para avaliação da temperatura para
condução de calor transiente através de uma parede longa de espessura 2L, um
cilindro longo de raio r₀ e uma esfera de raio r₀.

Para que as cartas de Heisler sejam utilizadas, o corpo deve estar a


uma temperatura inicialmente uniforme, o coeficiente de transferência de calor
convectivo deve permanecer constante e uniforme e não deve haver geração de
calor no próprio objeto.

Para parede plana infinitamente longa (de espessura 2L), segue equação:

As cartas foram baseadas no primeiro termo da solução exata da série de


Fourier:

T( x ,t ) − T∞ ∞
4 sinλn − λn t ∝
λx
= ∑[ e L ² cos n (2.77)
Ti − T∞ n =0 2λn + sin 2λn L

110
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Em que:

Ti = temperatura inicial da placa;


T∞ = temperatura constante no contorno;
x= localização na parede plana;
λn = π(n+1/2);
α= difusividade térmica.

Na Figura 15 é apresentada a carta de Heisler, utilizada para parede plana


e plotada com três variáveis diferentes. Ao longo do eixo vertical da carta está
T ( 0, t ) − T∞
a temperatura dimensionalmente ao plano médio, θ 0 = e no eixo
Ti − T∞
∝t
horizontal está o número de Fourier, Fo = . As curvas no gráfico são valores

hL
para o inverso do número de Biot, com Bi = .
k
Na Figura 16, a carta é utilizada para determinar a variação de temperatura
dentro da parede do plano para diferentes números de Biot. No eixo vertical tem-
θ T ( x, t ) − T∞ x
se a razão = , em que a curva é a posição em que T é dada. No
θ0 T( 0,t ) − T∞ L
eixo horizontal é dado Bi-¹.

Na Figura 17, a carta apresenta a transferência de calor adimensional da


parede como uma função de variável de tempo adimensional. No eixo vertical
tem-se a razão da transferência de calor atual para a quantidade de transferência

Q
de calor total antes de T= T∞ e sobre o eixo horizontal, o Bi²Fo, uma variável
, Q
de tempo adimensional. 0

111
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 14 – CONDUÇÃO DE CALOR TRANSIENTE EM PAREDE PLANA

FONTE: Oliveira (2014, p. 13)

FIGURA 15 – TEMPERATURA DO PLANO MÉDIO, PARA UMA PLACA PLANA INFINITA, DE


ESPESSURA 2L

FONTE: Oliveira (2014, p. 13)

112
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 16 –TEMPERATURA COMO UMA FUNÇÃO DA TEMPERATURA DO CENTRO, PARA UMA


PLACA PLANA INFINITA, DE ESPESSURA 2L

FONTE: Oliveira (2014, p. 13)

FIGURA 17 – PERDA DE CALOR ADIMENSIONAL Q/Q0, PARA UMA PLACA PLANA INFINITA, DE
ESPESSURA 2L, COM O TEMPO

FONTE: Oliveira (2014, p. 13)

• Cilindro:
113
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 18 – CONDUÇÃO DE CALOR TRANSIENTE EM COORDENADA CILÍNDRICA

FONTE: Oliveira (2014, p. 14)

FIGURA 19 – TEMPERATURA DO PLANO MÉDIO, PARA UM CILINDRO INFINITO, DE RAIO R

FONTE: Oliveira (2014, p. 14)

114
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 20 – TEMPERATURA COMO UMA FUNÇÃO DA TEMPERATURA DO EIXO, PARA UM


CILINDRO INFINITO, DE RAIO R

FONTE: Oliveira (2014, p. 14)

FIGURA 21 – PERDA DE CALOR ADIMENSIONAL Q/Q0, PARA UM CILINDRO INFINITO, DE RAIO R

FONTE: Oliveira (2014, p. 14)

115
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

• Esfera:

FIGURA 22 – CONDUÇÃO DE CALOR TRANSIENTE EM COORDENADA ESFÉRICA

FONTE: Oliveira (2014, p. 15)

FIGURA 23 – TEMPERATURA DO PLANO MÉDIO, PARA UMA ESFERA, DE RAIO R

FONTE: Oliveira (2014, p. 15)

116
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 24 – TEMPERATURA COMO UMA FUNÇÃO DA TEMPERATURA DO EIXO, PARA UMA


ESFERA DE RAIO R

FONTE: Oliveira (2014, p. 15)

FIGURA 25 – PERDA DE CALOR ADIMENSIONAL Q/Q0, PARA UMA ESFERA, DE RAIO R

FONTE: Oliveira (2014, p. 15)

117
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

• Exercício resolvido

Exemplo 4: No tratamento térmico para endurecer bilhas de rolamento


feitas de aço ( c = 500 J / kg .K , ρ = 780 kg / m ³, k = 50W / m.K ), é desejável
aumentar a temperatura superficial por um curto período de tempo, sem
no entanto provocar um aquecimento significativo no interior da bilha.
Esse tipo de aquecimento pode ser obtido por meio de uma rápida imersão
da esfera em um banho de sal fundido a uma temperatura T∞ = 1300 K e
h = 5000W / m².K ). Considere que qualquer ponto no interior da esfera cuja
temperatura seja superior a 1000 K tenha sido atingido pelo tratamento.
Calcule o tempo necessário para tratar o milímetro mais externo de uma
esfera com 20 mm de diâmetro, se sua temperatura inicial é de 300 K.

Resolução: Utilizando as cartas de Heisler:

h.r0 5000 . 0, 010


Bi
= = = 1, 0
k 50
r 9
= = 0,9
r0 10

A partir destes valores, consultamos a Figura 15, temperatura como


uma função da temperatura do eixo, para uma esfera de raio R:

θ T − T∞
= = 0, 7
θ0 T0 − T∞

Como T = 1000 K temos:

(T0 − 1300 ) .0, 7 =


1000 − 1300

Desta maneira:

θ 0 T0 − T∞ 871 − 1300
Bi
= = = = 0,929 ~ 1
θi Ti − T∞ 300 − 1300

Para Bi = 1 utiliza-se a carta de Heisler (Figura 16). Perda de calor


adimensional Q/Q0, para uma esfera, de raio R:

118
TÓPICO 1 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

k 50
=
∝ = = 1, 28 ×10−5
ρ .c 7800.50

α .t 1, 28 ×10−5
t*
= = = 3,90 segundos
( 0, 01)
2
r02
FONTE: Adaptado de Incropera et al. (2008)

119
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• É possível definir o processo de transferência de calor por condução em parede


plana e sistemas radiais, determinando a distribuição de temperatura e o cálculo
do fluxo de calor por condução, bem como deduzir a equação geral da condução
de calor.

• As simplificações são fundamentais para obtenção das equações de Fourier,


Poisson e Laplace e em que condições cada uma pode ser empregada.

• O isolamento térmico é necessário para restringir a perda de calor de um fluido


aquecido.

• Aletas são empregadas para aumentar a troca térmica entre um sólido e um meio
fluido, seus tipos e a dedução do balanço de energia para obtenção da equação
geral da aleta.

• A análise global é necessária para cálculo do número de Biot e como utilizar o


digrama de Heisler.

120
AUTOATIVIDADE

1 Um objeto de 160 g de massa repousa, durante um minuto, sobre a superfície


de uma placa de 30 cm de espessura (L) e, ao final desse experimento, percebe-
se que o volume do objeto é 1% superior ao inicial. A base da placa é mantida
em 195 ºC, e nota-se que a sua superfície permanece em 175 ºC. A fração de
energia, em percentagem, efetivamente utilizada para deformar a peça é:

Dados:
• Condutividade térmica da placa (K): 50 w/m°C
• Calor específico do objeto (c): 432 J/kg°C
• Coeficiente de dilatação linear(α): 1,6.10–5 ºC–1
• Área da placa (A): 0,6 m2

FONTE: <http://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-fisica/exercicios-sobre-lei-
fourier.htm#questao-1>. Acesso em: 16 abr. 2019.

2 Assinale a alternativa CORRETA a respeito da Lei de Fourrier:

a) ( ) A Lei de Fourier determina a quantidade de calor trocada entre duas


regiões de uma superfície em função de suas dimensões.
b) ( ) A Lei de Fourier determina o fluxo de calor entre duas regiões de uma
superfície em função de suas dimensões.
c) ( ) A Lei de Fourier mostra que o fluxo de calor entre duas regiões de uma
superfície independe de suas dimensões.
d) ( ) Na lei de Fourier, o fluxo de calor e a condutividade térmica do material
que compõe a superfície são inversamente proporcionais.
e) ( ) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.

FONTE: <http://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-fisica/exercicios-sobre-lei-
fourier.htm#questao-1>. Acesso em: 16 abr. 2019.

3 Determine o calor transferido por m² de área de parede para o caso de um forno


com ar no interior a 1340 °C. A parede do forno é composta de uma camada de
0,106 m de tijolos refratários (k=1,13W/mK) e de 0,635 cm de aço (k=39 W/mK)
na superfície externa. Os coeficientes de transferência de calor convectivo nas
superfícies interna e externa são, respectivamente, 5110Wm²K-¹ e 45Wm²K-¹. O
externo está a 295 °C.

FONTE: <https://pt.scribd.com/document/168884777/EXERC-TRANSF-CALOR-pdf>. Acesso


em: 16 abr. 2019.

121
4 A parede de um incubador de ovos é composta por uma camada de fibra de
vidro (k=0,035W/mK) de 8 cm entre duas camadas de fórmica de 1 cm cada
uma (k=0,11W/mK). Do lado de fora a temperatura é TC = 10 ºC e o coeficiente de
troca de calor do lado externo do incubador é hc = 5W / m ² K . Do lado interno,
a temperatura é Th = 40 °C e devido um ventilador forçar o ar internamente
2
sobre os ovos, o coeficiente de troca convectiva é hh = 20W / m K .

a) Calcule o fluxo de calor através da parede do incubador.


b) Considerando que a incubadora seja como uma caixa de 2 m de largura x 5
m de comprimento x 4 m de altura, calcule o calor total perdido através das
paredes laterais mais a superior.
FONTE: <https://pt.scribd.com/document/168884777/EXERC-TRANSF-CALOR-pdf>. Acesso
em: 16 abr. 2019.

122
UNIDADE 2 TÓPICO 2

PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA
DE CALOR POR CONVECÇÃO

1 INTRODUÇÃO
O processo de transferência de calor por convecção ocorre pelo escoamento
de um fluido. Diferente da condução de calor, na convecção a propagação de
calor acontece através do transporte de matéria devido à diferença de densidade
e ação da gravidade.

A convecção inclui a transferência de energia pelo movimento global do


fluido (advecção) e pelo movimento aleatório das moléculas do fluido (condução
ou difusão).

FIGURA 26 – CORRENTES DE CONVECÇÃO

FONTE: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/radiacao-conducao-conveccao.htm>.
Acesso em: 7 mar. 2019.

123
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Um exemplo da ação das correntes de convecção é quando aquecemos


um líquido em uma chama. As camadas inferiores, ao se aquecerem, ficam menos
densas e sobem por causa do empuxo, enquanto que as camadas superiores
mais frias e densas descem por ação da gravidade. Desta forma, as correntes de
convecção são formadas, agindo de forma que as partes quentes se misturem
continuamente com as partes frias, até que o líquido seja aquecido igualmente.
Do mesmo modo, acontece a convecção nos gases.

2 DEFINIÇÃO DE CONVECÇÃO DE CALOR


A seguir serão estudados os conceitos para compreensão dos processos
de transferência de calor por convecção e estudo da camada limite, escoamento
laminar e turbulento e parâmetros adimensionais.

A convecção pode ser classificada como natural e forçada, dependendo da


origem do escoamento.

2.1 CONVECÇÃO DE CALOR NATURAL


A convecção natural ocorre por alteração na densidade da porção que
recebeu ou cedeu alguma parcela de calor. Na convecção natural, um corpo é
exposto a um fluido com temperatura diferente a do corpo, assim, o calor flui
entre o fluido e o corpo causando variação de densidade nas camadas situadas nas
vizinhanças da superfície. Com a diferença de densidade resultante do gradiente
de temperatura, o fluido mais pesado escoa de forma descendente, e o mais leve,
ascendente. Alguns exemplos são a troca de calor nos radiadores de vapor e nas
paredes de um edifício e o movimento do ar no deserto.

FIGURA 27 – CONVECÇÃO DE CALOR NATURAL

FONTE: <http://help.solidworks.com/2018/portuguese brazilian/SolidWorks/cworks/c_


Convection.htm?format=P&value=>. Acesso em: 7 mar. 2019.

124
TÓPICO 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.2 CONVECÇÃO DE CALOR FORÇADA


Na convecção forçada o movimento é provocado por um agente externo,
como por exemplo, ventiladores e bombas, enquanto que a convecção térmica
utilizada em geladeiras caseiras é natural. As correntes de convecção natural e
forçada transferem a energia interna armazenada no fluido essencialmente da
mesma maneira, no entanto, a intensidade do movimento de mistura é geralmente
maior na convecção forçada e, assim, as taxas de transmissão de calor são maiores
do que na convecção natural.

FIGURA 28 – CONVECÇÃO DE CALOR FORÇADA

FONTE: <http://help.solidworks.com/2018/portuguese brazilian/SolidWorks/cworks/c_


Convection.htm?format=P&value=>. Acesso em: 7 mar. 2019.

2.3 ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO


No regime laminar o escoamento das partículas do fluido é em camadas
sobrepostas, não se cruzando em sua trajetória. O movimento é lento e a perda
de carga do escoamento é função, principalmente, de sua viscosidade. Enquanto
que, no regime turbulento, este movimento é mais rápido, as partículas não
seguem uma trajetória definida, cruzando-se, de forma aleatória, ao longo do
fluxo. Assim, as perdas de carga estão relacionadas ao atrito do fluido com as
paredes da tubulação e a sua rugosidade.

125
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 29 – ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO

FONTE: HGP (2012, p. 1)

Um exemplo prático para melhor entendimento do escoamento laminar


e turbulento é a propagação da fumaça de um cigarro. No início, a fumaça se
propaga de forma uniforme, após, em movimentos de oscilação e, por fim,
num movimento irregular, espalha-se completamente misturando-se com o ar.
Desta forma, podemos concluir que no início o escoamento é laminar, e no final,
escoamento turbulento.

Estudando estes conceitos, Reynolds (HGP, 2012) observou que a


transição de escoamento laminar para turbulento em tubos é uma função da
velocidade do fluido, conforme Figura 30. Também verificou que o diâmetro do
tubo, a viscosidade e a massa específica influenciam a natureza do escoamento
e combinou essas variáveis em um parâmetro adimensional, conhecido como Re
≡ ρvD/μ, formando o número de Reynolds. Para escoamento em tubos com Re <
2300, o escoamento é laminar, acima deste valor, o escoamento pode ser laminar
ou turbulento (observou-se escoamento laminar para Re até 40000, quando
perturbações externas são minimizadas).

FIGURA 30 – ESCOAMENTO DE CORANTE EM TUBOS

FONTE: Adaptado de HGP (2012)

126
TÓPICO 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

No escoamento turbulento, as variáveis do fluido e do escoamento variam


com o tempo. O vetor “velocidade instantânea”, por exemplo, será diferente do vetor
“velocidade média,” tanto em magnitude como em direção.

FIGURA 31 – ESPESSURA DA CAMADA LIMITE δ É ARBITRARIAMENTE TOMADA COMO


A DISTÂNCIA DA SUPERFÍCIE

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 227)

Nesta figura apresentada verifica-se que, ao longo da distância x, a espessura


da camada limite aumenta, enquanto que o gradiente de velocidade e tensão cisalhante
diminuem. Isto implica que com o aumento da espessura da camada limite as forças
viscosas não conseguem mais amortecer as forças de inércia, tornando o escoamento
turbulento. Desta forma, para valores pequenos de x, considera-se que o escoamento
no interior da camada limite é laminar e, para valores de x intermediários, tem-se a
região de transição, onde flutuações entre escoamento laminar e turbulento ocorrem no
interior da camada limite e, por fim, para valores maiores, a camada limite é turbulenta.

O tipo da camada limite é baseado no número de Reynolds local Rex,


ρ vx
definido como, Rex = .
µ
Para escoamento sobre uma placa plana, tem-se:

Rex < 200000 → camada limite laminar;


200000 < Rex <3000000 camada limite laminar ou turbulenta (transição);
Rex > 3000000 → camada limite turbulenta.

Conforme visto na Figura 31:

127
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Se y; → 0 T(x,y) Tw (temperatura da placa).


Se y ; T(x,y) T (temperatura do fluido), para tanto, quando Tw T
, ocorre transferência de calor por convecção.

O fluxo de calor pode ser calculado com base na equação proposta por
Lewis:

=q h (T∞ − Tw ) , se T∞ > Tw (2.78)

=q h (Tw − T∞ ) , se Tw > T∞ (2.79)

Em que h é o coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m²°C).

Quando a taxa:

= = hA (Tw − T∞ )
Q Aq (2.80)

Para coordenadas cartesianas, a equação pode ser escrita como:

Q=
(Tw − T∞ )
1 (2.81)
hA

Em que, R = 1 .
hA
Assim, a equação passa a ser escrita como:

Q=
(Tw − T∞ ) (2.82)
R

R é a expressão da resistência devido à T.C. por convecção de coordenadas


cartesianas.

• Exercício resolvido

128
TÓPICO 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Exemplo 5: Sobre uma placa lisa aquecida a 80 °C corre água à temperatura


média de 20 °C. Se h=200 W/m²°C, determine a taxa de transferência de calor por
metro quadrado da placa durante 5 horas.
Dados:
h= 200 W/m²°C
A= 1m²
Tw= 80 °C
T∞ = 20 °C

Resolução:

= hA (Tw − T∞ )
Q Aq
=

W
=Q 200 2
.1m 2 . ( 80 − 20 ) °C
m °C

1J / s 12000 J
=Q 12000
= W =
1W s

3600 s
t = 5 horas. = t = 18000 s
1h

J
=Q 12000
= .18000 s 216 MJ
s
FONTE: As autoras

Exemplo 6: Uma parede composta é constituída por 3 camadas diferentes,


em perfeito contato térmico. A superfície externa à esquerda e à direita estão
mantidas à temperatura T₁ = 400 °C e T₂ = 50 °C. A espessura Li e a condutividade
térmica ki para i= 1,2 e 3 de cada camada são também conhecidas. Determine a
taxa de transferência de calor por metro quadrado através da camada composta,
admitindo que o fluxo de calor seja unidimensional e usando conceito de
resistência térmica.

129
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Dados:
A= 1 m²
T1= 400 °C
T2= 50 °C
k1= 20 W/m°C, L1= 5 cm
k2= 50 W/m°C, L2= 10 cm
k3= 100 W/m°C, L3= 15 cm

Resolução:

RT =R1 + R2 + R3 + R4

=R1
(=
T1−T2 )
;R
(=
T2−T3 )
;R
(=
T3−T4 )
;R
(=
T4−T5 )
;R
(T5−T6 )
1 2
L1 3
L2 4
L3 5
1
hA k1 A k2 A k3 A hA

1 L L L 1
RT = + 1 + 2 + 3 +
hA k1 A k2 A k3 A hA

=Q =
(T1−T6 ) ( 400 − 50 )=
°C
5,8.10⁴W
L1 L2 L3 0, 05 m 0,10 m 0,15 m
+ + + +
k1 k2 k3 20 W 50
W
100
W
m°C m°C m°C
FONTE: As autoras

2.4 CAMADA LIMITE


O conceito de camada limite é importante para a compreensão dos
fenômenos de transferência de calor e massa por convecção entre uma superfície
e um fluido em escoamento. Para isto, são estudadas as camadas limites de
velocidade, térmica e de concentração.

130
TÓPICO 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.4.1 Camada limite de velocidade


Para o escoamento em placa plana, quando as partículas do fluido entram
em contato com a superfície sua velocidade é nula e começam a atuar de forma
que aconteça o retardamento do movimento das partículas da camada de fluido
adjacente, que atuam do mesmo modo nas partículas da próxima camada, e assim
sucessivamente até uma distância da superfície y = δ , em que o efeito se torna
desprezível. O retardamento do movimento do fluido está associado às tensões
de cisalhamento τ que atuam em planos paralelos à velocidade do fluido. Com o
aumento da distância da superfície, o componente de velocidade do fluido, u,
aumenta até atingir o valor na corrente livre u∞ .

FIGURA 32 – DESENVOLVIMENTO DA CAMADA LIMITE DE VELOCIDADE

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 221)

δ é a espessura da camada limite, definida como o valor de y para u=0,99 u∞.


O perfil de temperatura na camada limite é tratado como a maneira que
u varia com y através da camada limite. Assim, o escoamento se caracteriza pela
existência de uma camada fina de fluido, que é a camada limite, onde gradientes
de velocidade e tensões de cisalhamento são grandes e outa fora da camada limite,
com gradientes de velocidade e tensões de cisalhamento desprezíveis.

A camada limite de velocidade está presente quando há escoamento de um


fluido sobre uma superfície e de grande relevância em problemas que envolvem o
transporte convectivo. Tem relação com a tensão de cisalhamento na superfície τ s e,
assim, com os efeitos de atrito na superfície. Conforme Equação 2.83 a camada limite
serve de base para determinação do coeficiente de atrito local, que é um parâmetro
adimensional e que permite determinar o arrasto viscoso na superfície:

131
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

τs
Cf = (2.83)
ρu ²∞ / 2

sendo que a tensão cisalhante na superfície é determinada a partir do


gradiente de velocidade na superfície (Equação 2.84):

∂u
τs = µ para y=0 (2.84)
∂y

µ = viscosidade dinâmica.

2.4.2 Camada limite térmica


A camada limite térmica se desenvolve quando há diferença entre as
temperaturas do fluido na corrente livre e da superfície.

No escoamento sobre uma placa plana isotérmica, na aresta frontal,


o perfil de temperatura é uniforme, com T(y)= T∞ . As partículas do fluido em
contato com a placa, atingem o equilíbrio térmico na temperatura da superfície
da placa. Essas partículas trocam energia com as da camada do fluido adjacente e
são desenvolvidos gradientes de temperatura no fluido, sendo que a região onde
esses gradientes são desenvolvidos é a camada limite térmica e a sua espessura,
δ , como um valor de y no qual a razão ( Ts − T ) / (Ts − T∞ ) =
0,99 ).

FIGURA 33 – DESENVOLVIMENTO DA CAMADA LIMITE TÉRMICA SOBRE UMA PLACA


PLANA ISOTÉRMICA

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 222)

132
TÓPICO 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

A qualquer distância x da aresta frontal, o fluxo térmico na superfície local


pode ser obtido pela Equação 2.85:

∂T
qs = − k para y=0 (2.85)
∂y

A expressão é apropriada, pois não há movimento de fluido e a transferência


de energia ocorre somente por condução. A transferência de calor por convecção é
regida pela simples lei de resfriamento de Newton, dada pela Equação 2.86, em que
h é o coeficiente convectivo local:

qs h (Ts − T∞ )
= (2.86)

Combinando as equações 2.85 e 2.86:

k ∂T
− | y =0|
∂y (2.87)
h=
Ts − T∞

As condições no interior da camada limite térmica, que influenciam o


gradiente de temperatura na superfície determinam a taxa de transferência de calor
através da camada limite. Já o valor do gradiente de temperatura diminui com o
aumento de x, e a taxa q e o coeficiente h diminuem com o aumento de x.
s

2.4.3 Camada limite de concentração


Na figura a seguir é considerada uma mistura binária que escoa sobre
uma superfície. CA,S é a concentração molar da espécie A na superfície e C A,∞ na
corrente livre. Quando as duas concentrações são diferentes, ocorrerá transferência
da espécie A por convecção. Na camada limite de concentração existem gradientes
 C A, S − C A 
de concentração e sua espessura δ é o valor de y no qual   = 0,99.
 C A, S − C A,∞ 

133
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

FIGURA 34 – DESENVOLVIMENTO DA CAMADA LIMITE DE CONCENTRAÇÃO DE UMA ESPÉCIE


SOBRE UMA PLACA PLANA

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 222)

A transferência de espécies por convecção entre a superfície e a corrente livre


do fluido é determinada pelo fluxo molar da espécie A, NA (kmol/(s.m²)), que está
associado à transferência de espécie por difusão, é expressa pela chamada de Lei de
Fick (Equação 2.88):

∂C A
N A = − DAB | y =0| (2.88)
∂y

em que DAB é o coeficiente de difusão binária.

No interior da camada limite em y>0, a transferência de uma espécie


ocorre devido ao movimento do fluido (advecção) e à difusão, mas em y=0 não há
movimento do fluido, assim a transferência de espécie ocorre somente por difusão.

Análoga à lei do resfriamento de Newton, a Equação 2.89 relaciona o fluxo


molar com a diferença de concentração através da camada limite:

N A, s hm ( C A, S − C A,∞ )
= (2.89)

Para, assim, determinar o coeficiente de transferência de massa por convecção


hᵐ (m/s), conforme Equação 2.90:

∂C A
− DAB | y =0|
∂y (2.90)
hm =
C A, S − C A,∞

134
TÓPICO 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.5 PARÂMETROS ADIMENSIONAIS


Os parâmetros adimensionais estudados são o número de Reynolds,
Prandtl e Nusselt, abordados a seguir.

2.5.1 Número de Reynolds


O número de Reynolds é definido como a razão entre as forças de inércia
e as forças viscosas, ou seja, as forças que promovem o movimento e as forças que
se opõem ao movimento. A expressão que representa a localização no ponto de
transição do escoamento laminar para turbulento é representada por:

forças deinércia ρVx


=Re = (2.91)
forças viscosas µ

Em que:
ρ= massa específica do fluido;
µ = viscosidade dinâmica do fluido;
V= velocidade de escoamento;
x= ponto de transição do escoamento.

Reynolds crítico Rec é o valor cuja transição inicia para escoamento em


placa plana:

ρVxc
Rec
= = 5.105 (2.92)
µ

Para valores de Re maiores, as forças de inércia prevalecem, e para valores


pequenos, as forças viscosas.

2.5.2 Número de Prandtl


Ao aquecer uma superfície sólida (placa plana), desenvolve-se uma camada
limite térmica semelhante à camada limite de velocidade. Na camada de fluido, há
uma rápida variação de temperatura, desde a parede até o fluido não perturbado,
longe da parede. A espessura da camada limite térmica é dada por δ e a razão entre
as duas espessuras é função do número de Prandtl:

135
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Cρ µ µ/ρ v
Pr
= = = (2.93)
kf k f / ( ρC p ) ∝

Em que:
v = viscosidade cinemática (m²/s);
C = capacidade térmica à pressão constante (J/kg K);

α = difusividade térmica (m²/s);
k f = condutividade térmica do fluido (W/(mK).

Pr>>1: óleos viscosos;


Pr<<1: metais líquidos;
Pr ≈ 1: gases.

2.5.3 Número de Nusselt


O número de Nusselt é muito utilizado para determinação do coeficiente
de transferência de calor por convecção:

hL
Nu
= = f ( Re, Pr ) (2.94)
kf

Em que:
h= coeficiente convectivo (W/m²K);
L= dimensão característica (m);
k f = condutividade térmica do fluido (W/mK).

• Exercício resolvido

136
TÓPICO 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Exemplo 7: Calcular o número de Reynolds e identificar se o escoamento é


laminar ou turbulento, sabendo-se que em uma tubulação com diâmetro de 4
cm escoa água com uma velocidade de 0,05 m/s.

Resolução:
Viscosidade dinâmica da água:

Ns
µ = 1, 0030.10−3
m2

ρVD 1000 x 0, 05 x 0, 04
Re
= = = 1994
µ 1, 0030.10−3

Desta forma, o escoamento é laminar.

FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/1972684>. Acesso em: 7 mar. 2019.

137
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O processo de transferência de calor por convecção ocorre pelo escoamento de


um fluido e quais são as diferenças entre os processos de condução e convecção
de calor.

• O processo de convecção é classificado em convecção natural e convecção


forçada.

• As observações realizadas por Reynolds são fundamentais para definição do


escoamento laminar e turbulento.

• O conceito de camada limite é importante para compreensão dos fenômenos de


transferência de calor e massa por convecção entre uma superfície e um fluido
em escoamento e também sua classificação em camada limite hidrodinâmica
ou de velocidade, térmica e de concentração.

• Conceitos básicos são necessários para determinação das equações para o


cálculo do fluxo de calor por convecção e do coeficiente de transferência de
calor por convecção.

138
AUTOATIVIDADE

1 Indique a alternativa que associa corretamente o tipo predominante de


transferência de calor que ocorre nos fenômenos, na seguinte sequência:

• Aquecimento de uma barra de ferro quando sua extremidade é colocada


numa chama acesa.
• Aquecimento do corpo humano quando exposto ao sol.
• Vento que sopra da terra para o mar durante a noite.

a) ( ) convecção – condução – radiação.


b) ( ) convecção – radiação – condução.
c) ( ) condução – convecção – radiação.
d) ( ) condução – radiação – convecção.
e) ( ) radiação – condução – convecção.

FONTE: <http://pessoal.educacional.com.br/up/4660001/6249852/lista_5_etapa_3_IGL_
fisica_GABARITO.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2019.

2 Assinale a alternativa CORRETA a respeito do fenômeno da convecção:

a) ( ) A convecção é caracterizada pela passagem de calor de molécula a molécula


de um material.
b) ( ) Esse fenômeno é o único responsável pela ocorrência do efeito estufa.
c) ( ) Esse fenômeno é caracterizado pelo transporte de calor através das ondas
eletromagnéticas.
d) ( ) A convecção pode ser definida como o transporte de massa motivado por
variações de temperatura.
e) ( ) A convecção ocorre em qualquer tipo de material.

FONTE: <https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-fisica/exercicios-
sobre conveccao.htm#resposta-4826>. Acesso em: 16 abr. 2019.

3 Ar atmosférico a 20 ºC e 1 m/s escoa-se sobre uma parede quadrada de 1 m x


1 m. A temperatura da parede é 40 ºC. Calcule a taxa de calor transferido da
parede para o ar.

FONTE: Oliveira (2014, p. 11)

4 Ar a 20 °C e 1 atm escoa sobre uma placa plana a 35m/s. A placa tem 75 cm de


comprimento e é mantida a 60 °C. Calcule a taxa de calor transferida da placa.

FONTE: <http://www.usp.br/sisea/wp-content/uploads/2015/10/AULA15.pdf>. Acesso em: 16


abr. 2019.

139
5 Um fluido escoa sobre uma placa plana isotérmica. O comprimento da placa é
ajustado de forma que o número de Reynolds na extremidade final seja 5x10³
e a velocidade do fluido 1 m/s. Determine a espessura das camadas limites
hidrodinâmica e térmica se o fluido for:

a) Ar a 20 ºC.
b) Água a 50 ºC.
c) Óleo a 140 ºC.

FONTE: <http://www.fem.unicamp.br/~em524/Textos_Transparencias/CAP_6/AULA-20.pdf>.
Acesso em: 16 abr. 2019.

140
UNIDADE 2 TÓPICO 3

PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA
DE CALOR POR RADIAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
A radiação térmica geralmente é a terceira forma de transferência de calor
estudada. Além disso, é geralmente a mais interessante devido ao fenômeno
de aquecimento da Terra pelo Sol se dar a partir deste mecanismo, e é isto que
proporciona a vida em nosso planeta.

Além de o Sol emitir radiação para a Terra, todo corpo que possui matéria
também emite. Este tipo de transferência de calor ocorre em decorrência da
temperatura absoluta dos corpos, ou seja, não necessita de um meio material para
se propagar (diferentemente dos outros dois mecanismos vistos até agora).

Neste tópico vamos estudar mais intensamente este mecanismo físico e


entender um pouco mais sobre a sua essência, bem como onde as pesquisas e
estudos realizados até então conseguiram chegar para explicá-lo.

2 CONCEITO FUNDAMENTAIS
A seguir serão estudados os conceitos para compreensão dos processos de
transferência de calor por radiação e estudo do corpo negro e lei de Stefan-Boltzmann.

2.1 DEFINIÇÃO DE RADIAÇÃO DE CALOR


Pense na seguinte situação: um corpo sólido está a uma alta temperatura
(T), enquanto a sua vizinhança está a uma temperatura mais baixa, chamada de
Tviz, e ao redor deste sistema existe apenas vácuo. A presença do vácuo impede
a transferência de calor pelos mecanismos de condução e convecção. Porém, por
intuição, afirmamos que o sólido acabará por esfriar até atingir a temperatura
ambiente. Certo?

141
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Certo! Porém, existe uma explicação física para este fenômeno. O que
ocorre é uma redução da energia interna deste sólido pela emissão de radiação
ocorrendo instantaneamente. Desta maneira, podemos afirmar que a taxa de
transferência de calor por radiação líquida, q(rad), que está “saindo” da superfície
do sólido é a sua temperatura (T) até atingir a temperatura da vizinhança (Tviz).

A radiação térmica está presente em todos os componentes que possuem


matéria. Tudo o que está ao seu redor está emitindo radiação térmica desde
que você esteja em um sistema aberto. Seu mecanismo é associado pela energia
liberada pelos elétrons que constituem a matéria.

A radiação é vista como a propagação de ondas eletromagnéticas, por


isso a importância dos conhecimentos de padrões de frequência de onda (ѵ)
e comprimento de onda (λ). A correlação entre essas duas propriedades e a
velocidade da luz (c = 2,998x108 m/s) se dá por:

c
λ= (2.95)
ν

O espectro eletromagnético está representado na figura seguinte. As


radiações com menores comprimentos de onda são de interesse de físicos e
engenheiros nucleares. Já as micro-ondas e ondas de rádio são geralmente
utilizadas pelos engenheiros elétricos (λ > 105 μm):

FIGURA 35 – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

FONTE: <https://www.infoescola.com/fisica/espectro-eletromagnetico/>. Acesso em: 7 mar. 2019.

142
TÓPICO 3 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

A fração intermediária é conhecida como radiação térmica. Ela é causada


pela temperatura da matéria e afeta o seu estado térmico. Por isso, o estudo da
radiação térmica nos processos de transferência de calor.

2.2 INTENSIDADE DE RADIAÇÃO


O fenômeno de radiação ocorre em todas as direções possíveis,
consequentemente surge o interesse em conhecer a sua distribuição direcional.
Os efeitos direcionais são importantes por influenciarem na determinação da taxa
de transferência de calor radiante líquida e estarem interligados ao conceito de
intensidade da radiação.

Analisando a figura que segue, devemos relembrar que o ângulo plano da


é definido por uma região entre os raios de um círculo e é medido como a razão
entre o comprimento de arco dl sobre o círculo e o raio r do círculo. Analogamente,
dw é definido como uma região entre os raios de uma esfera e é medido como a
razão entre a área dAn, sobre a esfera e o quadrado do raio da esfera:

dAn
dω ≡ (2.96)
r2

FIGURA 36 – REPRESENTAÇÃO DO ÂNGULO dAn

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 462)

143
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

A área dAn é um retângulo de dimensões rdθ x rsen (θ ) dθ , ou seja, d


An = r 2 sen (θ ) dθ dφ . Desta maneira:

=d ω senθ dθ d ∅ (2.97)

A radiação pode ser emitida em qualquer direção sobre a superfície. O


ângulo associado a ela pode ser obtido pela Equação 2.98 com limites definidos
de Ô = 0 até Ô = 2π e θ = 0 até θ = π / 2 . Assim:

. 2π π /2 π /2
=∫dω h

0 0
∫ sen
= ∫ senθ dθ 2π sr
θ dθ d ∅ 2π=
0
(2.98)

Em que h se refere ao hemisfério.

Ao falarmos de intensidade de radiação estamos nos referindo à taxa de


emissão a partir de dA1, que passa por dAn (Figura 36). Essa grandeza também é
conhecida como intensidade espectral Iλ,e da radiação emitida. Essa intensidade
espectral é a taxa com qual a energia radiante é emitida no comprimento de onda
λ na direção (θ ,Ô ) por unidade de área superficial emissora, por unidade do
ângulo desta direção e por unidade do intervalo do comprimento de onda (dλ).
Na sequência podemos ver que a área projetada é igual a dA1cos (θ ) :

FIGURA 37 – PROJEÇÃO DE dA1 NORMAL À DIREÇÃO DA RADIAÇÃO

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 463)

144
TÓPICO 3 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Portanto, a intensidade espectral que possui unidades de W / ( m2.sr.µ m ) é:

dq
I λ ,e ( λ , θ , φ ) ≡ (2.99)
dA1 cos θ .d ω.d λ

Em que dq / d λ é correspondente a dq.λ , sendo a taxa na qual a radiação


de comprimento de onda λ deixa dA1 e passa através de dAn . Rearranjando,
chegamos à Equação 2.100:

dqλ = I λ ,e ( λ , θ , φ ) dA1cosθ d ω (2.100)

Sendo que dqλ (taxa de radiação emitida por uma superfície) possui
unidades de W / µ m . Para que seja possível o cálculo desta taxa por uma região
definida é necessário conhecer a intensidade espectral ( I λ , l ) . Essa grandeza pode
ser calculada pela Equação 2.101, e substituindo a Equação 2.100, temos que o fluxo
de radiação espectral associado a dA1 é:

=dqλn I λ ,e ( λ , θ , φ ) cosθ senθ dθ d ∅ (2.101)

Vejamos este exemplo retirado do livro Fundamentos de Transferência de


Calor e de Massa, de Incropera et al. (2008, p. 464):

• Exercício resolvido

Exemplo 8: Tendo uma superfície com área A1= 10-3m2 que emite com
intensidade total IA1= 7000 W/m2.sr:

145
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

A radiação emitida por esta superfície é interceptada por outras três


superfícies com áreas A2 = A3 = A4 = 10-3 m², que distam 0,5 m de A1 e estão orientadas
conforme a figura a seguir. Qual é a intensidade associada à emissão em cada uma
das três direções? Quais os ângulos subentendidos pelas três superfícies vistas de
A1? Quais são as taxas de radiação das três superfícies ao interceptarem A1?

Considerações a serem feitas:

• A superfície A1 emite de forma difusa.


• A1, A2, A3 e A4 podem ser aproximadas de superfícies diferenciais ( A / r ² ) << 1
Resolução: Pela definição de emissor difuso temos que a intensidade da radiação
é independente da radiação, desta forma IA1 = 7000 W/m².sr para todas as três
direções. Por considerarmos as áreas como superfícies diferenciais, podemos
calcular os ângulos a partir da seguinte equação:

dA
dω =

Em que dAn é a projeção da superfície normal à direção da radiação.


Como A3 e A4 são normais, os ângulos podem ser encontrados a partir da
seguinte equação:

A3 10−3 m²
ω3= ω4= = = 4, 00 ×10−3 sr
−1 −1
r² ( 0,5m )²
Se A1 é considerada uma superfície diferencial, pode-se expressar a taxa
como:

I × A1cosθ1 × ω j −1
q1− j =

146
TÓPICO 3 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Em que ϴ1 é o ângulo entre a normal à superfície 1 e à direção da radiação:

7000W
q1− 2 = 2 ( )
10−3 m 2 × cos 60º 3, 46 ×10−3 sr =
12,1×10−3W
(m .sr )
7000W
q1−3 = 2 ( )
10−3 m 2 × cos 0º 4, 00 ×10−3 sr =28, 0 ×10−3W
(m .sr )
7000W
q1− 4 = 2 ( )
10−3 m 2 × cos 45º 4, 00 ×10−3 sr =
19,8 ×10−3W
(m .sr )

2.3 RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO


Um corpo negro é aquele que absorve toda a radiação incidente sobre ele, ou
seja, não a reflete. Imagine um objeto com uma pequena cavidade. Digamos que a
radiação incidente pelo orifício é refletida apenas na parte interna deste objeto, e não
passa novamente pelo orifício (conforme a Figura 38). Desta maneira, considera-se que
esta pequena abertura é um corpo negro, já que absorve toda a radiação que recebe.

FIGURA 38 – REPRESENTAÇÃO DE UM CORPO NEGRO

FONTE: Adaptado de Incropera et al. (2008, p. 467)

147
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Outros fatores caracterizam um corpo negro, como:

a) Para dada temperatura e comprimento de onda, nenhum outro corpo emite


mais energia do que um corpo negro.
b) O corpo negro é um emissor difuso, ou seja, sua radiação independe da direção.
c) Serve como um padrão em relação às propriedades das superfícies a título de
comparação.

2.3.1 Lei de Stefan-Boltzmann


O fluxo (energia por unidade de área, por segundo) de um corpo negro de
temperatura T é dado por:

π /2 ∞
= π ∫ cosθ senθ dθ ∫Bv (T ) dv σ T 4
F 2= ( 2.8) (2.102)
0 0

em que:

σ=
5, 67 ×10−5 ergs.cm −2 K −4 s −1 =
5, 67 ×10−8Wm −2 K −4

é a constante de Stefan-Boltzmann.

E
IMPORTANT

A Lei de Stefan-Boltzmann permite calcular a quantidade de radiação emitida em todas as


direções e ao longo de todos os comprimentos de onda a partir da temperatura do corpo
negro. Devido a este tipo de emissão ser difusa, tem-se que a intensidade total associada à
emissão de um corpo negro é:
ECN
I CN = (2.103)
π

148
TÓPICO 3 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

2.4 ABSORÇÃO, REFLEXÃO E TRANSMISSÃO EM SUPERFÍCIES

A partir de todo o conhecimento adquirido até agora, vamos definir que


( )
a irradiação espectral de um corpo Gλ W / ( m ².µ m ) como uma taxa na qual a
radiação de comprimento de onda λ incide sobre uma superfície por unidade de
área e intervalo de comprimento de onda λ em torno de λ. Este tipo de irradiação
inclui todas as contribuições espectrais.

Em situações mais generalistas, a irradiação interage com um meio
semitransparente, tal como a água ou vidro, como representado pela figura que segue.
Nesta figura observa-se que a irradiação pode ser refletida, absorvida ou transmitida.

FIGURA 39 – REPRESENTAÇÃO DOS FENÔMENOS DE ABSORÇÃO, REFLEXÃO


E TRANSMISSÃO EM SUPERFÍCIES

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 476)

A Equação 2.104 representa este tipo de fenômeno:

Gλ = Gλ ,ref + Gλ ,abs + Gλ ,tr (2.104)

149
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

A determinação de cada um dos componentes desta equação nem sempre


é simples, pois depende das condições nas superfícies superior e inferior, do
comprimento de onda da radiação e da composição e espessura do meio.

Em situações cotidianas da engenharia, o meio é opaco à radiação


incidente. Em casos assim, Gλ,tr = 0 e a absorção e reflexão são tratadas como
fenômenos de superfície, ou seja, são controladas por processos que ocorrem
apenas na superfície irradiada. Não há efeito líquido no meio do processo de
reflexão, porém para o processo de absorção deve-se considerar um aumento da
energia interna do meio.

O fenômeno de absortividade determina a fração de irradiação que é


absorvida por uma superfície. A refletividade determina a fração da radiação
incidente que é refletida pela superfície, e a transmissividade à capacidade do
material transmitir calor ao longo da sua área.

150
TÓPICO 3 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

LEITURA COMPLEMENTAR

O CONCEITO DE CAMADA LIMITE: UMA REVISÃO CRÍTICA DE


LIVROS-TEXTO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

VI Congresso Nacional de Engenharia Mecânica

Todos que atuam na área de educação reconhecem a importância dos livros-


texto para a formação dos estudantes e futuros profissionais. Na área de engenharia
não é diferente. No entanto, apesar de já termos vários programas de pós-graduação
bem consolidados, no Brasil, vários deles que já oferecem programas de doutorado,
ainda carecemos de profissionais do ensino de engenharia que também sejam autores
de livros-texto dirigidos ao ensino de graduação. Na área de engenharia mecânica
e, em particular, na de engenharia e ciências térmicas, a disciplina de transferência
de calor, hoje como há quase quarenta anos, beneficia-se de livros-texto que
foram traduzidos, em sua grande maioria, de livros-texto americanos testados em
universidades americanas. Uma explicação para isto talvez seja a relativa juventude
da universidade brasileira, com menos de noventa anos, e cujos primeiros cursos de
engenharia mecânica ainda não completaram seis décadas. A maioria dos professores
com mais de vinte ou até mais de trinta anos de formados em engenharia mecânica
tiveram a formação básica, na disciplina de transferência de calor, baseada nos livros-
texto traduzidos para a Língua Portuguesa. Uma referência bastante conhecida
foi o livro-texto Kreith (1977), traduzido por professores da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, da terceira edição americana, Kreith (1973). No prefácio
à primeira edição, reproduzido em Kreith (1973, 1977), é explicado que a obra
representava uma ampliação das notas de aula dos cursos ministrados pelo autor
em cursos de graduação e do primeiro ano da pós-graduação, como proposta de um
texto básico de transmissão do calor para engenharia. O livro-texto de Kreith (1973,
1977) é dividido em doze capítulos que tratam dos assuntos seguintes: capítulo 1:
introdução, onde é explicada a relação entre transmissão do calor e termodinâmica e
apresentados os três modos distintos de transmissão do calor, condução, convecção e
radiação; capítulos 2 e 3: onde são apresentados os modos de condução do calor em
regime permanente unidimensional, e bi e tridimensional, respectivamente; capítulo
4, onde é apresentada a condução do calor em regime não permanente; capítulo 5,
que trata da radiação térmica; capítulo 6, que trata dos fundamentos da convecção;
capítulo 7, sobre a convecção natural ou livre; capítulos 8 e 9 que tratam da convecção
forçada, no interior de tubos e dutos, e sobre superfícies externas, respectivamente;
capítulo 10, onde são apresentados os fundamentos da ebulição e da condensação;

151
UNIDADE 2 | PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

capítulo 11, onde é feita uma introdução a trocadores de calor; capítulo 12, que trata
da transferência de massa e de calor. Nas edições subsequentes, foram introduzidas
melhorias no texto e na apresentação dos tópicos. Um ponto alto e de grande
importância na proposta de ensino-aprendizagem de transferência de calor de Kreith
(1973, 1977) são os exemplos resolvidos à medida que são apresentados os conteúdos
teóricos em cada capítulo, seguidos de vários problemas propostos, em ordem
crescente de dificuldade [...].
FONTE: <http://bit.ly/328tYWR>. Acesso em: 3 abr. 2019.

152
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O efeito do Sol sobre a Terra ocorre a partir do fenômeno de radiação térmica.

• A radiação térmica é vista como a propagação de ondas eletromagnéticas e está


presente em todos os componentes que possuem matéria.

• Existe diferença entre os comprimentos de onda de cada uma das radiações de


acordo com o espectro eletromagnético.

• O corpo negro é aquele que absorve toda a radiação incidente sobre ele, além de
explorar como ocorre este tipo de fenômeno em corpos com tais características.

• A lei de Stefan-Boltzmann permite calcular a quantidade de radiação emitida


em todas as direções e ao longo do comprimento de onda.

• A constante de Stefan-Boltzmann permite calcular a radiação emitida em todas


as regiões e comprimentos de onda a partir da temperatura de um corpo negro.

• Os conceitos de absorção, reflexão e transmissão em superfícies são fundamentais.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar tua compreensão. Acesse o QR Code, que te levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.

153
AUTOATIVIDADE

1 Cite as diferenças entre absorção, reflexão e transmissão.

2 Para que serve a lei de Stefan-Boltzmann?

3 Uma panela com água está sendo aquecida num fogão. O calor das chamas
se transmite através da parede do fundo da panela para a água que está
em contato com essa parede e daí para o restante da água. Na ordem desta
descrição, o calor se transmitiu predominantemente por:

a) ( ) radiação e convecção.
b) ( ) radiação e condução.
c) ( ) convecção e radiação.
d) ( ) condução e convecção.
e) ( ) condução e radiação. 

FONTE: <https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-fisica/exercicios-sobre-
transmissao-energia-termica.htm>. Acesso em: 16 abr. 2019.

4 Num dia quente, você estaciona o carro num trecho descoberto e sob um
sol causticante. Sai e fecha todos os vidros. Quando volta, nota que “o carro
parece um forno”. Esse fato se dá porque:

a) ( ) o vidro é transparente à luz solar e opaco ao calor.


b) ( ) o vidro é transparente apenas às radiações infravermelhas.
c) ( ) o vidro é transparente e deixa a luz entrar.
d) ( ) o vidro não deixa a luz de dentro brilhar fora.
e) ( ) Nenhuma das alternativas.

FONTE: <https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-fisica/exercicios-
sobre-transmissao-energia-termica.htm>. Acesso em: 16 abr. 2019.

154
UNIDADE 3

OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS


DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA
E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• dimensionar equipamentos de troca térmica;

• diferenciar os modelos e tipos de trocadores de calor;

• escolher o melhor equipamento para cada tipo de processo;

• compreender os processos de troca térmica, suas necessidades, suas van-


tagens e desvantagens;

• calcular os parâmetros necessários para o projeto de trocadores de calor.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

TÓPICO 2 – CÁLCULOS DE TROCADORES DE CALOR E SUAS


PARTICULARIDADES

CHAMADA

Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em


frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás
melhor as informações.

155
156
UNIDADE 3
TÓPICO 1

EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

1 INTRODUÇÃO
Equipamentos de troca térmica consistem em dispositivos que facilitam
a transferência de calor entre dois ou mais fluidos de temperaturas diferentes.
Estes equipamentos são conhecidos como trocadores de calor e diversos tipos
já são conhecidos. Eles variam de acordo com a necessidade tecnológica, tipo de
processamento a ser empregado, condições operacionais, estrutura etc. Dentro
dos trocadores de calor ocorrem as diferentes formas anteriormente apresentadas
de transferência de calor (condução, convecção ou radiação).

Quando se fala em projeto de trocadores de calor, considera-se um tema


complexo, uma vez que existem diversos fatores relevantes a serem levados em
conta. Entre os parâmetros avaliados, destacam-se: a perda de carga, a quantidade
de calor a ser transferida, o desempenho a ser atingido, as dimensões e diversos
aspectos econômicos.

Existem diversas configurações possíveis para este tipo de equipamento,


desde os de duplo tubo (compactos) até evaporadores e condensadores de
superfície (equipamentos com milhares de metros quadrados).

Algumas etapas geralmente são seguidas para realizar o projeto de


equipamentos de troca térmica. Primeiramente, o projeto térmico é realizado
a fim de determinar a área de troca de calor necessária para transmitir o calor,
durante certo tempo, com as vazões e temperaturas específicas de cada fluido e
também considerando as perdas de carga de cada escoamento.

Em seguida, ocorre o projeto mecânico, que leva em consideração as


pressões e temperaturas de operação e as características específicas dos fluidos,
que são: expansões térmicas relativas, tensões térmicas e características referentes
à corrosividade dos materiais.

157
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Como última etapa é realizado o projeto de fabricação. Este projeto traduz


as características e dimensões com a intenção de construir o equipamento com
baixo custo. Neste momento ocorre a seleção dos materiais, o arranjo mecânico e
a especificação dos processos de fabricação.

Os princípios de transferência de calor e suas aplicações são de extrema


importância para a engenharia. Por isso, nesta unidade estudaremos os variados
tipos de trocadores de calor, suas principais características e aprenderemos a
melhor forma de seleção. Faremos ainda cálculos de projeto e eficiência visando
fazer uma escolha inteligente das propriedades térmicas e mecânicas.

2 TROCADORES DE CALOR
Trocadores de calor são equipamentos dimensionados para realizar a
troca de calor entre fluidos sem que os mesmos se misturem. Os fluidos podem
ser provenientes do processo em questão, ou então pode ocorrer de modo que o
fluido do processo troque calor com água, vapor d’água ou ar.

Os fluidos a trocarem calor possuem diferentes temperaturas. Nas


indústrias petrolíferas, químicas etc., os trocadores de calor são muito presentes.
Sua utilização permite que as condições do processo sejam atendidas com duas
principais vantagens: aumento da temperatura do fluido a ser aquecido sem
queima de combustível e impedimento que a energia contida no fluido processado
seja desperdiçada para o ambiente.

2.1 APLICAÇÕES E CLASSIFICAÇÃO


Os trocadores de calor estão presentes nos mais diversos processos
industriais. Entre eles, os que mais são lembrados são em processos de
aquecedores, refrigeração, condicionamento de ar, geração de energia, indústrias
químicas, petroquímicas, refinarias de petróleo, entre outros.

Özisik (1990) afirma que é necessária uma classificação dos equipamentos


para seu estudo. Eles podem ser diferenciados entre tipos, tamanhos, configurações
e disposições de escoamento. Nesta unidade, classificaremos os trocadores de
calor quanto ao tipo de processo de transferência de calor envolvido, tipo de
construção, distribuição de correntes e mecanismo de troca térmica.

158
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

2.2 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O PROCESSO


DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Neste tipo de classificação estudaremos os trocadores de contato direto
e de contato indireto. Quando se fala em contato direto, a transferência de calor
ocorre entre dois fluidos imiscíveis, como por exemplo, um gás e um líquido.
Exemplos típicos de trocadores de contato direto são as torres de resfriamento e
condensadores.

As torres de resfriamento são utilizadas geralmente para a disposição


de rejeitos térmicos dos processos, lançando o calor restante diretamente na
atmosfera:

FIGURA 1 – TORRES DE RESFRIAMENTO

FONTE: <https://www.mecanicaindustrial.com.br/wp-content/uploads/2012/05/Torre-de-
resfriamento-2.jpg>. Acesso em: 8 mar. 2018.

Devido à operação de troca térmica ser muito ampla, alguns aspectos


referentes ao processo de transferência de calor merecem destaque:

• Permuta – troca de calor sensível entre as duas correntes de processo. Visa


principalmente economizar energia aproveitando o calor contido num produto
que se quer resfriar para aquecer outra corrente.
• Aquecimento – cessão de calor sensível para uma corrente por um meio quente:
vapor, fluido térmico, exceto fogo direto.
• Resfriamento – remoção do calor sensível de uma corrente do processo por um
meio frio: água, fluido refrigerante.

159
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

• Condensação – retirada do calor latente da mudança de fase de uma das correntes


do processo por meio de um fluido frio, geralmente é associada à etapa de destilação.
• Vaporização – cessão de calor latente da mudança de fase de uma corrente do
processo utilizando um fluido quente, muito utilizada em conjunto com a destilação.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O TIPO DE


CONSTRUÇÃO
Podemos classificar os trocadores de calor de acordo com as suas
características construtivas. Os principais tipos são os tubulares, de tubos aletados,
placas, placas aletadas e regenerativos.

2.3.1 Trocadores de calor do tipo duplo tubo

Também são conhecidos como duplocanalizados (Figura 2), ou seja, são


constituídos por dois tubos concêntricos, inseridos um dentro do outro, formando
dois espaços de escoamento, um interno e outro externo.

FIGURA 2 – TROCADOR DE CALOR DUPLO TUBO

FONTE: <https://www.slideshare.net/janaynasilva52/trocadores-de-calor-68818208>. Acesso


em: 29 abr. 2019.

160
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

Geralmente este tipo de equipamento é utilizado em processos que não


necessitam de grandes escalas. Além disso, possui fácil manutenção em caso de
necessidade de paradas.

2.3.2 Trocadores de calor tipo casco e tubos


Os trocadores de calor tubulares são muito utilizados e podem possuir
diversos tamanhos. Seus arranjos de escoamentos também são vastos. Operam
em condições extremas de temperatura e pressão. São facilmente fabricados e de
custo baixo se comparados com outros modelos. O modelo mais conhecido é o
trocador de casco e tubos, que consiste em diversos tubos cilíndricos acoplados
a um casco cilíndrico, sendo que estes possuem eixos paralelos. A figura a seguir
ilustra um trocador de casco e tubos e seus principais componentes:

FIGURA 3 – TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBOS

FONTE: <http://armariodaeq.blogspot.com/2014/10/trocadores-de-calor.html>. Acesso em: 29


abr. 2019.

Este tipo de trocador é constituído por um feixe de tubos de pequenos


diâmetros (variam geralmente de ¼” a 1”) localizados internamente a um casco. O
feixe é envolvido por uma carcaça cilíndrica com um espaçamento onde ocorre a
passagem do fluido.

Como mostrado na Figura 4 adiante, as chicanas sustentam os tubos


dirigindo a corrente do fluido na direção normal aos tubos e aumenta a turbulência
do fluido no casco. Existe uma grande variedade de chicanas no mercado, e a
seleção é feita de acordo com a geometria e o espaçamento, a perda de carga
permitida no casco, as exigências de sustentação dos tubos e as vibrações geradas
pelo escoamento.

161
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Os cabeçotes do equipamento podem ser classificados como estacionários,


que são aqueles que estão ligados ao feixe de tubos e servem para admissão ou
admissão e descarga dos tubos; ou então, como cabeçotes de retorno, que dão
acabamento ao casco ou descarga do fluido dos tubos. O tamanho deste tipo de
trocador pode ser relacionado de duas maneiras (Figura 4):

• Quanto ao diâmetro nominal: medida do diâmetro interno do casco (em polegadas),


quando inteiro. E quando o casco possui o tipo K, com duas saídas, deve-se utilizar
a parte inteira do número que mede a gola do casco, seguida da parte inteira do
número que mede o diâmetro do casco.
• Comprimento nominal: é a medida do comprimento dos tubos (em polegadas),
ou quando tratam-se de tubos em U, o comprimento nominal é dado pela reta que
compreende a extremidade do tubo até a extremidade que passa pelo retorno do feixe.

FIGURA 4 – MÉTODO DE MEDIÇÃO DO COMPRIMENTO NOMINAL PARA


TROCADORES CASCO E TUBOS

FONTE: <http://aneste.org/trocadores-de-calor-casco-e-tubos.html>. Acesso em: 29 abr. 2019.

Outra variação possível neste tipo são os feixes de tubos. Estes podem
ser lisos, aletados ou em U. Os tubos lisos seguem alguns padrões quanto a
diâmetros e comprimentos. Os tubos aletados possuem a superfície amplificada,
dependendo do espaço, limpeza, manutenção, corrosão e custo. A classificação
deste tipo de tubo é realizada pela orientação das aletas, podendo ser transversais
ou longitudinais em relação ao tubo-base e à altura das aletas, como tubos de
alta aleta e tubos de baixa aleta. Os tubos em U apresentam dificuldades na
determinação do comprimento efetivo dos tubos para o cálculo da área de troca
térmica.

162
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

NOTA

Os materiais utilizados na construção são variados, podendo ser: aço, cobre,


latão, liga de cobre-níquel, bronze, alumínio e demais aços inoxidáveis.

As características apresentadas até agora diferem cada trocador de calor


de casco e tubos entre si, além de outros detalhes de construção.

2.3.3 Trocadores de calor de placas


Estes trocadores são geralmente construídos de placas delgadas. As placas
podem ser lisas ou onduladas. São utilizados para processos com temperaturas
e pressões moderadas, por não suportarem situações extremas como os tubos
cilíndricos. Observe a seguinte figura:

FIGURA 5 – TROCADOR DE CALOR DE PLACAS

FONTE: <http://www.hottopos.com/regeq11/gut.htm>. Acesso em: 29 abr. 2019.

163
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Eles são formados basicamente pelas placas metálicas finas prensadas em


um pedestal. O pedestal possui uma placa fixa, uma placa de aperto móvel e
barramentos superior e inferior. As placas fixas e de aperto servem para conexões
de tubulações de alimentação e coleta de fluidos.

O espaço compreendido entre duas placas é um canal de escoamento, que


pode ter uma espessura de 1,5 a 5 mm. O fluido entra e sai dos canais através
dos orifícios nas placas. As configurações do equipamento definem as trajetórias
dos fluidos quente e frio dentro do trocador e existe um grande número de
possibilidades de configuração. As principais vantagens deste tipo de trocador
são:

• Limpeza: por ser um equipamento desmontável, é facilmente limpado e


inspecionado. Em alguns setores industriais esta característica é valiosa, como
por exemplo, em indústrias farmacêuticas e alimentícias.
• Flexibilidade: podem ser facilmente redimensionados com a adição ou remoção
de placas.
• Economia: por serem compactos, podem utilizar materiais mais nobres na
construção. O espaço para instalação é reduzido.
• Rendimento térmico: possuem alta eficiência térmica.
• Turbulência: a turbulência pode ser aumentada pelas placas onduladas.
Esta turbulência reduz a formação de incrustações, pois mantém sólidos em
suspensão, fato que dificilmente é evitado em trocadores do tipo casco e tubos.
• Vazamentos: as gaxetas possuem respiros que impedem que os fluidos se
misturem em caso de vazamentos.

Como principais desvantagens podemos citar:

• Pressão: as pressões máximas toleradas são de 1,5 Mpa, por valores superiores
apresentarem vazamentos nas gaxetas.
• Temperatura: temperatura máxima de operação é de 150 ºC.
• Perda de carga: possui alta perda de carga pelo atrito, o que gera alto custo
de bombeamento. Para diminuir este efeito é possível aumentar o número de
passagens por passe.
• Mudança de fase: não são recomendadas operações de condensação ou
evaporação devido ao espaço reduzido dentro dos canais e às limitações de
pressão.
• Fluidos: não compatível para materiais de alta viscosidade ou com alto teor
fibroso.
• Vazamentos nas placas: a fricção entre placas pode desgastar o metal e
formar pequenos furos de difícil localização. Como precaução, é aconselhável
pressurizar o fluido de processo para que, no caso de vazamento na placa, o
fluido de utilidade não o contamine.

164
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

2.3.4 Trocadores de calor de placas aletadas

Trocadores de placas aletadas servem para aumentar o fator de


compacticidade, podendo chegar até cerca de 6000 m²/m³. A figura a seguir ilustra
configurações típicas de placas aletadas utilizadas em trocadores de calor:

FIGURA 6 – PLACAS ALETADAS

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP2.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

Cada aleta plana ou ondulada é separada por uma chapa plana. Existem
três arranjos possíveis para as correntes nestes casos: cruzadas, contracorrentes
ou paralelas. Este tipo de trocador de calor geralmente é empregado nas trocas
entre gás/gás, porém a baixas pressões, não ultrapassando 10 atm. Temperatura
máxima de operação gira em torno de 800 ºC e também são empregados em casos
de criogenia.

2.3.5 Trocadores de calor de tubos aletados

Trocadores de calor de tubos aletados são utilizados em casos onde há


necessidade de alta pressão de operação ou de uma superfície muito extensa.
A Figura 7 mostra a imagem de um equipamento deste tipo. A vantagem deste
tipo de trocador é a vasta condição de pressão e temperatura de operação até 30
atm e 870 ºC, respectivamente. A densidade máxima é de cerca de 330 m²/m³,
sendo menor do que em trocadores de placas aletadas. Geralmente se encaixam
em processos de turbinas de gás, reatores nucleares, automóveis e aeroplanos,
bombas de calor, refrigeração, eletrônica, criogenia, condicionadores de ar etc.

165
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

FIGURA 7 – TROCADOR DE CALOR DE TUBOS ALETADOS

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP2.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

2.3.6 Trocadores de calor regenerativos


Estes trocadores são classificados em estáticos ou dinâmicos. Os estáticos
não possuem partes móveis e consistem em uma massa porosa (bolas, seixos)
através da qual os fluidos quentes e frios passam alternadamente. O escoamento
é regulado por uma válvula alternadora, sendo que durante o escoamento do
fluido quente o calor é transferido do fluido quente para o miolo do trocador
regenerativo. Ao cessar o escoamento do fluido quente, o fluido frio é liberado.
Durante a passagem do fluido frio, transfere-se calor do miolo para o fluido frio.
Os regeneradores de tipo estático não são tão compactos quando operados em
altas temperaturas (900 ºC), como os pré-aquecedores de ar. Quando operados
em sistemas de refrigeração costumam possuir tamanhos reduzidos (EEL, 2019).

Em regeneradores dinâmicos, o miolo possui forma de tambor e fira em


torno de um eixo que passa periodicamente através da corrente quente, e logo em
seguida, da corrente fria. O calor absorvido primeiramente é liberado quando em
contato com a segunda corrente (EEL, 2019).

Regeneradores rotativos operam em temperaturas limites de 870 ºC e seus


miolos geralmente são de cerâmica. Este tipo de equipamento é adequado apenas
para a troca de calor de gás para gás, não é conveniente de líquido para líquido,

166
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

pois a capacidade calorífica do miolo de transferência de calor é muito menor do


que a capacidade calorífica do líquido (EEL, 2019).

No momento em que o miolo da transferência de calor gira, a temperatura


dos gases e da parede depende do espaço e do tempo. Nos trocadores estacionários
é suficiente definir as temperaturas de entrada e saída, suas vazões, os coeficientes
de transferência de calor de cada fluido e as áreas superficiais do trocador. Em
trocadores rotativos é necessário, além de tudo isso, relacionar a capacidade
calorífica do rotor com a capacidade calorífica das correntes dos fluidos, com
vazões dos fluidos e com a velocidade de rotação.

2.3.7 Trocador de Calor de Correntes paralelas


Em correntes paralelas, os fluidos quente e frio entram pela mesma
extremidade do equipamento e fluem na mesma direção. A saída dos fluidos
também ocorre na mesma extremidade, sendo esta a contrária à de entrada.

FIGURA 8 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DO ESCOAMENTO EM CORRENTES PARALELAS

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP2.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

2.3.8 Trocador de Calor em Contracorrente


Os fluidos quente e frio entram em extremidades opostas e seguem o
fluxo oposto um do outro até a sua respectiva extremidade de saída:

167
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

FIGURA 9 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DO FLUXO CONTRACORRENTE

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP2.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

2.3.9 Trocador de Calor de Correntes cruzadas


Equipamentos desta natureza funcionam de maneira que os dois fluidos
fluem perpendicularmente um ao outro. Os escoamentos nesses casos ainda
podem ser misturados ou não, dependendo do projeto e utilidade do trocador.

FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DE CORRENTES CRUZADAS (MISTURADAS E NÃO


MISTURADAS)

Escoamento Escoamento
cruzado cruzado
(não misturado) (misturado)

Escoamento Escoamento
no tubo no tubo
(não misturado) (não misturado)
FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP2.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

168
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

A primeira figura mostra uma disposição em que ambos os fluidos fluem


através de canais separados, por isso eles não se movem na direção transversal.
Diz-se, então, que cada corrente do fluido está não misturada. Na segunda parte da
figura, o fluido frio passa pelo interior dos tubos e não se move transversalmente.
Entretanto, o fluido quente pode se mover na direção transversal, por isso
chamamos esta corrente de misturada. A mistura tende a tornar a temperatura
uniforme do fluido na direção transversal, por isso a temperatura de saída de
uma corrente misturada apresenta variação desprezível na direção cruzada. Em
geral, três configurações são possíveis para este tipo de trocador:

1) Ambos os fluidos estão não misturados.


2) Um fluido está misturado e o outros estão não misturados.
3) Ambos os fluidos estão misturados (pouquíssimo utilizado).

2.3.10 Trocador de Calor de Escoamentos multipasse

O escoamento multipasse, ou com passes múltiplos, é comumente


empregado em projetos de trocadores de calor por intensificar a eficiência global
do equipamento. É possível uma grande variedade de configurações das correntes
com múltiplos passes. A figura a seguir ilustra as disposições típicas:

FIGURA 11 – ESCOAMENTO MULTIPASSE


Fluído do lado casco

Fluído do lado dos tubos

Fluído do lado casco

Fluído do lado casco

Fluído do lado Fluído do lado


dos tubos dos tubos

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP2.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2019.

169
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

A primeira imagem ilustra um passe no casco e dois passes no tubo, esse


tipo de trocador recebe o nome de um-dois. A segunda configuração mostra dois
passes no casco, quatro passes nos tubos, e a terceira, três passes no casco e seis
passes no tubo.

2.4 CLASSIFICAÇÃO PELO MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA


DE CALOR
Quando classificados pelos mecanismos de transferência de calor,
referimo-nos a combinações possíveis dos processos, que podem ser:

• Convecção forçada ou convecção livre monofásica.


• Mudança de fase (ebulição ou condensação).
• Radiação ou convecção e radiação combinadas.

Em todos estes casos, considera-se convecção forçada monofásica em


ambos os lados do trocador de calor. Condensadores, caldeiras e radiadores
de usinas de força espaciais incluem mecanismos de condensação, ebulição e
radiação sobre uma das superfícies do trocador de calor.

2.4.1 Condensadores
Estes equipamentos são utilizados em diversas aplicações, como usinas
de força a vapor de água, plantas de processamento e usinas nucleares elétricas
de veículos espaciais. Os principais tipos de condensadores são os de superfície,
a jato e evaporativos. O de superfície é o mais comum por apresentar a vantagem
de o condensador ser devolvido à caldeira. A densidade do vapor é muito baixa,
sendo que a vazão do fluido é alta pela pressão de vapor que gira em torno de
1,0 a 2,0 polegadas de mercúrio. Como alternativa para minimizar a perda de
carga na transferência do vapor da turbina para o condensador, monta-se o
condensador ordinariamente abaixo da turbina. A água do resfriamento flui
horizontalmente pelos tubos, enquanto o vapor flui verticalmente para baixo,
passando transversalmente pelos tubos.

2.4.2 Geradores de vapor (caldeiras)


As caldeiras a vapor constituem uma das mais primitivas formas
conhecidas de trocadores de calor. O termo gerador de vapor é muitas vezes
utilizado por caldeiras das quais a fonte de calor é uma corrente de fluido quente
ao invés de produtos de combustão. São sistemas projetados com o intuito de
aquecer ar ou água produzindo energia. Seus projetos variam dos mais simples

170
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

até os mais elaborados. Os mais simples consistem em um recipiente fechado


onde calor é aplicado à água, que passa por todo o sistema sob a forma de vapor.

É utilizada em muitos sistemas de aquecimento doméstico e aquecedores


de água. A água geralmente é aquecida entre 140 ºF e 200 ºF, embora em alguns
casos sejam utilizadas temperaturas mais baixas a fim de economizar energia.

Os tubos por onde a água aquecida passa podem ser posicionados no chão
ou no teto. Os fornos que aquecem o fluido dependem de ventiladores, enquanto
as caldeiras necessitam de bombas. Eles podem estar conectados ao sistema por
encanamentos para que a água possa ser fornecida ao sistema de aquecimento.

As caldeiras possuem como benefício o fato de não exigirem filtros de ar.


Seu sistema é composto por um sistema de alimentação de água, um sistema de
vapor e um sistema de combustível.

O sistema de água fornece a água necessária para a caldeira ser programada


a atender a demanda de vapor. Esta água é chamada de água de alimentação. A
água de alimentação pode ser proveniente de vapor condensado ou retornado de
processos ou água de composição.

O sistema de vapor controla o vapor produzido pela caldeira. Ele é


direcionado por meio de tubulações até o ponto de uso. A pressão deste vapor é
controlada durante todo o sistema utilizando válvulas e manômetros.

O sistema de combustível inclui todo o equipamento que fornece


combustível para gerar calor.

O tamanho de uma caldeira depende da sua aplicação prática. Caldeiras


menores são comumente vistas em máquinas de vapor móveis, locomotivas,
motores etc. A eficiência das caldeiras pode ser analisada de duas maneiras:
eficiência de combustão e eficiência térmica.

A eficiência de combustão é a quantidade de energia potencial química


do combustível que é destinada ao processo de combustão para produção de
energia térmica. A eficiência térmica é vista como a porcentagem de energia de
combustível.

2.5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE UM TROCADOR DE CALOR

Existem diversas maneiras de se fazer a seleção do melhor trocador de


calor para cada tipo de projeto. Cada projetista leva em consideração algum
critério em particular, o que pode fazer com que opiniões se contraponham. O
critério mais utilizado é da existência e disponibilidade de cálculos confiáveis
para o projeto.

171
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

2.5.1 Desempenho térmico e operacional


Escolhe-se o tipo de trocador de calor baseado nas especificações do
processo, como o fluxo térmico, os limites de temperatura e perda de carga.

A escolha é realizada de acordo com as condições operacionais, como a


corrosão, depósitos, tensões e esforços envolvidos. A corrosão é um fato analisado
no momento da seleção dos materiais de construção. Deve-se levar em conta
também a possibilidade de ocorrência de problemas de depósitos.

2.5.2 Manutenção
Este fator busca destacar a necessidade de acesso para limpeza mecânica
e química das áreas expostas a problemas. Deve também permitir a substituição
de componentes danificados ou eventuais reparos.

2.5.3 Flexibilidade operacional


O trocador deve apresentar operação satisfatória, isto é, se estável, não
permitir incrustações excessivas, evitar problemas com vibrações.

2.5.4 Custo

O custo inicial muitas vezes condiciona a seleção do trocador de calor.


Não se deve pensar neste item apenas como o investimento, mas também se deve
levar em conta o custo operacional envolvido.

2.5.5 Critérios adicionais


Os critérios adicionais para seleção são aqueles que levam em consideração
as dimensões dos comprimentos dos tubos, diâmetros, dimensões dos tubos e
experiências anteriores.

172
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

2.5.6 Perda de carga


Este é um critério muito importante a ser considerado em um projeto de
trocador de calor. O escoamento do fluido está diretamente associado à perda
de carga, significando a energia que é “desperdiçada”. Em geral, o aumento da
perda de carga resulta em aumento de coeficientes de película, aumentando a
taxa de transferência de calor.

2.6 TROCADORES DO TIPO CASCO E TUBOS


Equipamentos multitubulares formam o projeto padrão para a maioria dos
processos. Suas principais vantagens são o custo reduzido por unidade de área de
troca térmica e sua variedade de tamanhos e tipos disponíveis. A desvantagem
que se destaca é referente a sua inflexibilidade construtiva, sendo praticamente
impossíveis alterações de projeto após a instalação.

2.7 TROCADORES TIPO DUPLO TUBO


Estes trocadores são instalados em sua maior parte em trocas de calor
sensível, ou seja, aquecimento ou resfriamento onde a troca térmica não ultrapassa
20 m². A principal vantagem é de ser fácil o arranjo da tubulação e fácil limpeza,
além de permitir um bom controle da distribuição dos fluidos. A sua principal
desvantagem é o custo elevado por unidade de área de troca térmica.

2.8 TROCADORES RESFRIADOS A AR

Geralmente são utilizados em processos terminais onde há necessidade


de resfriamento até temperaturas de aproximadamente 40 ºC. Possuem tubos
aletados na parte externa, o que favorece a grande área de troca térmica onde
há baixo coeficiente de película. Sua principal vantagem é justamente o fato de
utilizar o ar ao invés da água, reduzindo grande parte dos problemas de poluição.
A desvantagem em questão é o uso de ventiladores para movimentação do ar.

173
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

2.9 TROCADORES DE PLACAS


Utilizados em processos que geram corrosão, apresentam dificuldade
de limpeza e esterilização. Sua principal desvantagem é a pequena faixa de
pressão de operação, alta perda de carga e necessidade de capacidades térmicas
semelhantes em ambos os lados.

2.10 TROCADOR DE CALOR


A figura a seguir apresenta um esquema básico de um trocador de calor
do tipo casco e tubos:

FIGURA 12 – ESQUEMA BÁSICO DE UM TROCADOR DE CALOR DO TIPO CASCO E TUBOS

FONTE: <https://docplayer.com.br/11061274-2-2-criterios-de-selecao-de-um-trocador-de-calor.
html>. Acesso em: 8 mar. 2019.

As letras desta figura representam, respectivamente:

A- tubos;
B- espelhos;
C- casco;
D- cabeçotes;
E- tampas;
F- divisor;
G- chicanas.

2.11 TUBOS

São componentes básicos e determinam a área de troca térmica de um


trocador de calor. São geralmente os componentes mais caros do equipamento e
também os mais suscetíveis à corrosão.

174
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

Os tubos mais utilizados são lisos, porém alguns projetos são feitos com tubos
com aletas inteiriças ou baixas aletas. Pode-se observar a diferença na seguinte figura:

FIGURA 13 – TUBOS

FONTE: Perry e Green (1999, p. 42)

NOTA

Estas aletas inteiriças tem como função aumentar a área de troca de calor,
compensando assim o coeficiente de película baixo em relação ao lado interior.

2.12 ESPELHOS
Os espelhos funcionam como suporte para o conjunto de tubos, que é
chamado de feixe. Consiste em uma placa perfurada, onde os tubos são inseridos
e fixados ou por mandrilagem ou por solda, dependendo do tipo de processo.

2.13 CASCO
O casco possui forma circular e é feito de tubos de aço padronizados
dependentes da pressão que a parede necessitará suportar. Diâmetros maiores
são fabricados com chapas calandradas.

2.14 CABEÇOTES
Os cabeçotes servem para distribuir o fluido que percorre o feixe tubular.
O feixe possui diversos modelos de construção, que diferencia os passes entre os
tubos e o casco.

175
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

2.15 CHICANAS

As chicanas são utilizadas com três funções específicas: suportar os


tubos na posição apropriada para a montagem e operação, evitar vibrações do
escoamento, guiar o fluxo do casco para o feixe aumentando a velocidade, a
turbulência e o coeficiente de troca térmica.

3 CALDEIRAS
As caldeiras produzem vapor d’água ou aquecimento de fluidos térmicos.
A maior parte do vapor utilizado em processos de grande porte são provenientes
de caldeiras, e apenas uma pequena parte é gerada por refervedores. A energia
pode ser obtida a partir da queima de combustíveis sólidos, líquidos e gasosos. São
equipamentos de fácil utilização e automatização. A eficiência da tranformação
da energia elétrica em vapor pode atingir até 99%.

Pode-se classificar as caldeiras de acordo com as seguintes características:


finalidade; fonte de aquecimento; conteúdo nos tubos; princípio de funcionamento;
pressão de serviço; tipo de fornalha etc. Os dois grandes grupos de caldeiras
que produzem vapor pela queima de combustíveis são: flamotubulares e
aquatubulares.

3.1 CALDEIRAS FLAMOTUBULARES


Neste tipo de equipamento, os gases quentes de combustão circulam
pelos tubos que atravessam o reservatório de água a ser aquecida para produzir
vapor. Os tubos podem ser montados com um ou mais passes. As vantagens
deste tipo de caldeira são as seguintes: fácil construção; baixo custo; robustez;
não exigem um tratamento de água muito específico; pouca alvenaria; pode-se
utilizar qualquer tipo de combustível (sólido, líquido e gasoso).

Entre as desvantagens, podemos citar: pressão limitada de 15 atm; partida


lenta; baixa capacidade e baixa taxa de produção e vapor por unidade de área
de troca de calor; circulação de água deficiente; dificuldade para instalação de
superaquecedores; economizadores e preaquecedores de ar.

176
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

3.2 CALDEIRAS AQUATUBULARES

Neste tipo de caldeiras, a água a ser aquecida passa no interior de tubos


envoltos com o gás de combustão. Suas principais vantagens são: maior taxa
de produção de vapor por unidade de área de troca de calor; possibilidade de
utilização de temperaturas superiores a 450 ºC e pressões acima de 60 atm; partida
rápida devido ao volume reduzido de água nos tubos; fácil limpeza; sua vida útil
pode chegar a até 30 anos.

Suas desvantagens são o fato de custar até 50% mais do que uma caldeira
flamotubular, complexa construção e necessidade de um tratamento de água
cuidadoso.

3.3 CALDEIRAS PARA USINAS DE FORÇA TERMOELÉTRICA


São projetadas para produzir vapor com alta pressão e temperatura
visando gerar mais energia.

3.3.1 Caldeiras industriais


Produzem vapor saturado ou levemente superaquecido, empregado em
aquecimento, evaporação e outros.

3.3.2 Caldeiras combinadas


Utilizadas para ambas as finalidades.

4 FATORES DE INCRUSTAÇÃO
Com o decorrer do tempo, as superfícies dos trocadores de calor tendem
a ficar cobertas por partículas referentes ao escoamento, o que gera um processo
de corrosão causado pelo fluido no trocador. Como consequência, é gerada certa
resistência no fluxo de calor, o que faz com que o desempenho do equipamento
seja comprometido.O efeito gerado é tratado como um fator de incrustação (Rd),
que deve ser considerado no cálculo de transferência de calor junto com as outras
resistências térmicas existentes.

177
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

O fator de incrustação é obtido experimentalmente pela seguinte equação:

1 1
Rd
= − (3.0)
U sujo U limpo

Deve-se sempre levar em condiseração a incrustação presente no processo,


pois demais danos econômicos podem ser gerados, como por exempo, as perdas de
energia geradas pela falta de eficiência térmica, custos adicionais de limpeza, perda
de produção. As incrustações são divididas em seis classes:

1) Incrustação por precipitação: quando ocorre a cristalização de alguma substância


presente na solução.
2) Incrustação por sedimentação: quando ocorre acúmulo de sólidos suspensos no
fluido.
3) Incrustação por reação química: quando há uma reação química produzindo
sólidos no processo.
4) Incrustação por corrosão: quando há o acúmulo de produtos de corrosão na
superfície de transferência de calor.
5) Incrustação biológica: existe o depósito de microrganismos no processo.
6) Incrustação por solidificação: quando ocorre a cristalização de um líquido puro.

A velocidade e a temperatura das correntes do processo são os fatores


considerados decisivos para afetar a taxa de incrustação sobre determinada
superfície. Já o aumento da velocidade de escoamento, diminui a taxa de depósito.

5 DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NOS TROCADORES DE


CALOR
Em trocadores de calor do tipo estacionário, a transferência de calor do
fluido quente para o frio provoca uma variação de temperatura em um ou em ambos
os fluidos. A Figura 14 ilustra o comportamento da temperatura com o passar do
tempo. A temperatura é plotada em função da distância à entrada do fluido.

A Figura 14a é referente a um trocador de calor operando em contracorrente


onde a elevação da temperatura do fluido frio se iguala à queda da temperatura
do fluido quente. Na Figura 14b o fluido quente se condensa e transfere calor para
o fluido frio, aumentando a temperatura deste durante todo o percurso.

Na Figura 14c é representada uma situação em que o líquido frio evapora


e resfria o fluido quente durante o percurso. A Figura 14d retrata um escoamento
paralelo, em que o fluido frio apresenta elevação da temperatura, enquanto o fluido
quente é resfriado. Por isso, trocadores de calor com esta configuração apresentam
eficiência limitada. A Figura 14e ilustra uma configuração contracorrente em que
os fluidos se deslocam em sentidos opostos:

178
TÓPICO 1 | EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA

FIGURA 14 – DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURAS EM TROCADORES DE CALOR

FONTE: Özisik (1990, p. 72)

Todos estes casos mencionados foram referentes a trocadores de um único


passe. Ao falarmos de escoamentos multipasse ou cruzados, o comportamento da
distribuição de temperatura é um pouco mais complicado.

A Figura 15 mostra a distribuição de temperatura em um trocador de


calor de um passe no casco e dois passes nos tubos:

FIGURA 15 – DISTRIBUIÇÃO AXIAL DE TEMPERATURA EM TROCADOR DE CALOR DE


UM PASSE NO CASCO E DOIS PASSES NOS TUBOS

FONTE: Özisik (1990, p. 73)

179
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• É possível definir o conceito de trocadores de calor.

• São diversas as utilidades de um trocador de calor.

• Classificam-se trocadores de calor de diferentes maneiras: por mecanismo de


transferência de calor ou tipo de construção.

• Os principais critérios definem o trocador de calor a ser utilizado em cada


situação.

• É importante o conhecimento de cada parte específica de um trocador de calor.

• Caldeiras são trocadores de calor e variam de acordo com seus tipos de


funcionamento.

180
AUTOATIVIDADE

1 Um copo de água está à temperatura ambiente de 30 °C. Joana coloca cubos de


gelo dentro da água. A análise desta situação permite afirmar que a temperatura
da água irá diminuir porque:

a) ( ) O gelo irá transferir frio para a água.


b) ( ) A água irá transferir calor para o gelo.
c) ( ) O gelo irá transferir frio para o meio ambiente.
d) ( ) A água irá transferir calor para o meio ambiente.

FONTE: <https://www.mundovestibular.com.br/articles/7291/1/Exercicios-de-Calorimetria/
Paacutegina1>. Acesso em: 17 abr. 2019.

2 Um menino inglês mediu sua temperatura com um termômetro graduado


na escala Fahrenheit e encontrou 96,8 °F. Esse menino está:

a) ( ) Com febre alta, mais de 39 °C.


b) ( ) Com temperatura menor que 36 °C.
c) ( ) Com a temperatura normal de 36 °C.
d) ( ) Com temperatura de 38 °C.
e) ( ) Com temperatura de 34,6 °C.

FONTE: <https://www.mundovestibular.com.br/articles/7291/1/Exercicios-de-Calorimetria/
Paacutegina1>. Acesso em: 17 abr. 2019.

3 O tipo de panela mais recomendado, por questões de saúde, é a panela


de aço inox. Entretanto, o aço inox tem uma baixa condutividade térmica.
Para solucionar este problema, os fabricantes fazem uso de um difusor de
calor, geralmente de alumínio, cujo objetivo é melhorar a condutividade e
homogeneizar a transferência de calor no fundo da panela.

Dados:
• Condutividade térmica do alumínio = 60 cal/s.m.°C.
• Calor latente de vaporização da água = 540 cal/g.
• Calor latente de fusão do gelo = 80 cal/g.
• Calor específico da água = 1 cal/g.°C.
• Calor específico do gelo = 0,5 cal/g.°C.Com relação ao exposto, marque V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

181
a) ( ) O fluxo de calor através do difusor depende da sua geometria, do material
e da diferença de temperatura entre as faces inferior e superior.
b) ( ) Supondo que a face inferior do difusor está a 105 °C e a face superior está
a 100 °C, o fluxo de calor através do difusor é 1,8 cal/s.
c) ( ) O   fundo   da   panela   aquece a água colocada no seu interior unicamente
por convecção, que envolve o transporte de matéria de uma região quente para
uma região fria e vice-versa.
d) ( ) O calor recebido por uma substância  dentro  da  panela pode causar
mudança de temperatura, mudança de fase ou ambas.
e) ( ) Supondo um  fluxo de calor  através  do fundo da panela de  2,0 kcal/s,
e que dentro dela foi colocado  150 g  de gelo a  -10  °C, serão necessários
aproximadamente 6,4 segundos para fundir 2/3 do gelo.
f) ( ) O difusor de alumínio é aquecido por radiação proveniente da chama da
boca do fogão.

4 Um amolador de facas, ao operar um esmeril, é atingido por fagulhas


incandescentes, mas não se queima. Isso acontece porque as fagulhas:

a) ( ) Têm calor específico muito grande.


b) ( ) Têm temperatura muito baixa.
c) ( ) Têm capacidade térmica muito pequena.
d) ( ) Estão em mudança de estado.
e) ( ) Não transportam energia.

FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/2515404>. Acesso em: 17 abr. 2019.

182
UNIDADE 3
TÓPICO 2

CÁLCULOS DE TROCADORES DE
CALOR E SUAS PARTICULARIDADES

1 INTRODUÇÃO
Os trocadores de calor são equipamentos amplamente utilizados na
indústria de processos, pois o processo de troca de calor entre dois fluidos, que
estão a diferentes temperaturas e se encontram separados por uma parede sólida,
ocorre em muitas aplicações na engenheira. Sua utilização está relacionada à
flexibilidade de projeto, à fácil adaptação às condições de operação do processo
e construção resistente. Suas aplicações podem ocorrer desde o aquecimento de
ambientes, no condicionamento de ar, produção de potência até a recuperação de
calor em processos, entre outros.

Geralmente os trocadores de calor são incluídos nos processos visando


resfriar ou aquecer fluidos. São muito utilizados como aquecedores de ambientes,
refrigeradores, geradores de energia, utilizados também nos mais diversos
segmentos industriais.

Genericamente, para melhorar a troca de calor, são colocados aletas em


toda a área da tubulação. Estas aletas fazem com que o fluido se disperse em
áreas menores, assim, facilitando a troca de calor. Aletas, consistem em células
interligadas entre si, onde circula fluido. São construídas em materiais de
excelente condutibilidade térmica. Seu uso, acarreta uma grande desvantagem
em um sistema termodinâmico, pois reduzem drasticamente a pressão com
relação a entrada e saída. A maioria dos trocadores de calor, utilizam tubos com
geometrias que favorecem a troca de calor, onde internamente, há em sua área
aletas.

2 COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


Para análise de trocadores de calor, uma etapa muito importante é a
determinação do coeficiente de transferência de calor.

O coeficiente global de transferência de calor é função do coeficiente


convectivo de condução, convecção e radiação:

183
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

U ≡ f ( h cond, h convec, h radiação ) (3.1)

J/s
U=A (3.2)
m 2 °C

Em situações em que são adicionadas aletas às superfícies expostas a um


ou ambos os fluidos, o aumento da área superficial reduz a resistência térmica
à transferência de calor por convecção. Ao incluir os efeitos da deposição de
impurezas dos fluidos nas paredes e as aletas, o coeficiente global de transferência
de calor pode ser representado pela Equação (3.3):

1 1 1
= = (3.3)
UA Uf Af Uq Aq

Em que f e q indicam os fluidos frios e quentes.

O cálculo de um coeficiente global depende se ele está baseado


na área superficial no lado do fluido quente ou do fluido frio, sendo que
U f ≠ U q se A f ≠ A q .

QUADRO 1 – VALORES APROXIMADOS DOS COEFICIENTES GLOBAIS DE


TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Situação física W/m²K


Parede com superfície externa de tijolo aparente, revestida 2,55
internamente de gesso, não isolado.
Janela de vidro simples. 6,2
Condensador de vapor. 1100 - 5600
Aquecedor de água de alimentação. 1100 - 8500
Condensador de Freon-12 resfriado com água. 280 - 850
Trocador de calor água-água 850 - 1700
Trocador de calor de tubo aletado com água no interior dos 25 - 55
tubos e ar sobre os tubos.
Trocador de calor água-óleo. 110 - 350
Vapor-óleo combustível pesado. 56 - 170
Vapor-querosene ou gasolina 280 - 1140
Trocador de calor de tubo aletado, vapor no interior dos tubos 28 - 280
e ar sobre os tubos.
Condensador de amônia, água nos tubos. 850 - 1400
Condensador de álcool, água nos tubos. 255 - 680
Trocador de calor gás-gás. 10 - 40
FONTE: Adaptado de <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP3.pdf>. Acesso em: 8 mar.
2019.

184
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

2.1 MÉTODO DA MÉDIA LOGARÍTMICA DA FORÇA MOTRIZ


(∆TML OU DTML)
Para projetar um trocador de calor é necessário relacionar a taxa total
de transferência de calor, as temperaturas de entrada e saída dos fluidos, o
coeficiente global de transferência de calor e a área superficial total disponível
para a transferência de calor.

FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO DE FLUXOS DE CALOR NA HORIZONTAL E VERTICAL

FONTE: As autoras

=Q U.A. ( F.∆Tml ) (3.4)

Ou:

QT
A= (3.5)
U ( F ∆Tml )

Em que:
Q= Taxa.
U= Coeficiente Global de Transferência de Calor.
A= Área de Troca Térmica.
F= Fator de geração da força motriz.
∆ Tml = Média apropriada de diferenças de temperaturas.

185
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

NOTA

F = 1 para escoamento concorrente e escoamento contracorrente, caso


contrário, F ≠ 1 (<1).

∆T − ∆T2
∆Tml =1 ∆T
=
∆T1 (3.6)
ln
∆T2

Na análise da transferência de calor em trocadores de correntes cruzadas e


multipasses, introduz-se um fator de correção F, para que ∆Tml simples possa ser
ajustada para representar a diferença de temperatura ∆T corr para a disposição
de correntes cruzada e multipasse na forma:

∆Tcorr =F ( ∆Temcontracorrente ) (3.7)

NOTA

Os fatores de correção podem ser aplicados no fluido quente, esteja no lado


do casco ou dos tubos. As cartas de fatores de correção para as disposições de correntes
são encontradas em literaturas como a de Perry e Green (1999), entre outros.

De maneira geral, o F é menor que a unidade nos arranjos de correntes


cruzadas e multipasses, e igual à unidade nos trocadores de calor contracorrente.
O fator representa o grau de afastamento da diferença média de temperatura em
relação à ∆Tml na contracorrente.

Nas figuras 17, 18 e 19 são mostrados os parâmetros P (situado entre 0 e


1), que representam a eficiência térmica do fluido do lado do tubo, e o R, de zero a
infinito, com zero correspondente à condensação pura do vapor no lado do casco
e infinito correspondente à evaporação no lado dos tubos.

186
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

FIGURA 17 – FATOR DE CORREÇÃO F PARA CÁLCULO DE ∆TCORR EM TROCADORES


MULTIPASSES COM CORRENTES CRUZADAS – UM PASSE NO CASCO E DOIS PASSES NOS
TUBOS, OU UM MÚLTIPLO DE DOIS PASSES NOS TUBOS

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP3.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2019.

FIGURA 18 – FATOR DE CORREÇÃO F PARA CÁLCULO DE ∆TCORR EM TROCADORES


MULTIPASSES COM CORRENTES CRUZADAS – DOIS PASSES NO CASCO E QUATRO PASSES
NOS TUBOS, OU UM MÚLTIPLO DE QUATRO PASSES NOS TUBOS

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP3.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2019.

FIGURA 19 – FATOR DE CORREÇÃO F PARA CÁLCULO DE ∆TCORR EM TROCADORES


MULTIPASSES COM CORRENTES CRUZADAS – CORRENTES CRUZADAS, UM SÓ PASSE, OS
DOIS FLUIDOS SEM MISTURA

FONTE: <https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP3.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2019.

187
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

O método da média logarítmica é facilmente utilizado em análise de


trocadores de calor quando as temperaturas dos fluidos na entrada são conhecidas
e as temperaturas de saída ou são especificadas ou podem ser determinadas de
imediato pelas expressões do balanço de energia. O valor ∆Tml para trocador de
calor, pode assim, ser determinado.

No entanto, em casos em que apenas as temperaturas de entrada são


conhecidas, utiliza-se o método da efetividade – NUT.

2.2 MÉTODO DA EFICIÊNCIA – NUT


Para definir a efetividade de um trocador de calor, deve-se determinar a
taxa de transferência de calor máxima possível, Q máx, no trocador. Em caso de um
trocador contracorrente com comprimento infinito, um dos fluidos apresentaria
a máxima diferença de temperaturas possível, Tq,e - Tf,e. Considerando que Cf <
Cq, o fluido frio apresentaria a maior variação de temperatura e, como L→∞, ele
seria aquecido até a temperatura de entrada do fluido quente (Tf,s = Tq,e):

Cf < Cq: Q máx = Cf (Tq,e – Tf,e)

Se Cq < Cf, o fluido quente teria a maior variação de temperatura e seria


resfriado até a temperatura de entrada do fluido frio (Tq,s = Tf,e):

Cq < Cf: Q máx = Cq (Tq,e – Tf,e)

Assim:

Q =C (Tq, e - Tf, e) (3.8)


ᵐáx ᵐin

Em que Cf e Cq são as taxas de capacidade calorífica dos fluidos quente e


frio e Cmín é igual ao menor entre Cf e Cq. Quando conhecidas as temperaturas de
entrada dos fluidos quente e frio, a Equação (3.8) fornece a taxa de transferência
de calor máxima que poderia alcançar o trocador.

Vale ressaltar que a taxa de transferência de calor máxima possível não é


igual a Cmáx (Tq,e-Tf,e). Caso o fluido que apresente a maior taxa de capacidade
calorífica também experimentar a máxima variação de temperatura possível, a
conservação de energia na forma Cf(Tf,s – Tf,e) = Cq(Tq,e-Tq,s), exigirá que outro
fluido tenha uma variação de temperatura ainda maior.

188
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

Assim, define-se a efetividade ( ε ) como a razão entre a taxa de transferência


de calor real em um trocador de calor e a taxa de transferência de calor máxima
possível.

NUT = Número de unidade de transferência:

Q trocado
ε= (3.9)
Q máx possível trocada

U .A
NUT = (3.10)
C mín

C ≡ Taxa deCapacidadeTérmica

 kg J   J / s 
 .Cp ) fluido = 
C=m . =  (3.11)
 s kg °C   °C 

C mín
= ( m. Cp ) mín ≡ C máx
= ( m. Cp ) máx (3.12)

• Casos especiais

ᵒ Quando fluido frio apresentar Cmín:

Q trocada
ε= (3.13)
( m.Cp ) frio (T f ,s − T f ,e )
No limite:

QT
ε= (3.14)
( m.Cp ) frio (Tq ,s − T f ,e )

QT
ε= (3.15)
C mín (Tq ,e − T f ,e )

189
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

FIGURA 20 – GRÁFICO DE TEMPERATURAS QUENTE E FRIA

FONTE: As autoras

ᵒ Quando fluido quente apresentar Cmín:

QT
ε= (3.16)
Q máx possível

QT
ε= (3.17)
( m.Cp )quente (Tq ,e − Tq ,s )
No limite:

Tq,s Tf,e

QT
ε= (3.18)
C mín (Tq ,e − T f ,e )

190
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

FIGURA 21 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE TEMPERATURAS

FONTE: As autoras

C máx mq Cpq
m f Cp f
C mín

Conforme Incropera et al. (2008), na sequência é apresentado um resumo com


relações da efetividade, desenvolvidas para uma variedade de trocadores de calor e
de acordo, com a configuração de escoamento:

1) Tubos concêntricos (bitubulares):

Escoamento paralelo:

1 − exp  − NUT (1 + Cr ) 
ε= (3.19)
1 + Cr

Escoamento contracorrente:

1 − exp  − NUT (1 − Cr ) 
ε= (Cr<1) (3.20)
1 − Cr exp  − NUT (1 + Cr ) 

NUT
ε= (Cr=1) (3.21)
1 + NUT

2) Casco e tubos:

Um passe no casco (2,4,.. passes nos tubos):

191
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

−1
 1 + exp  − NUT (1 + Cr 2 )1/2  
ε = 2 1 + Cr + (1 + Cr ) .
2 1/2
 (3.22)
 1 − exp  − NUT (1 + Cr 2 )1/2  

n Passes no casco (2n, 4n,... passes nos tubos):

−1
 1 − ε Cr n   1 − ε Cr n 
ε=
( 1 − ε ) − 1 ( 1 − ε ) − Cr  (3.23)

3) Escoamento cruzado (passe único):

Dois fluidos não misturados:

 1 
1 − exp   ( NUT )0,22 exp  −Cr ( NUT )0,78  − 1 
ε=
 Cr 

{ } (3.24)

Cmáx (misturado), Cmín (não misturado):

 1 
{
ε=   (1 − exp −Cr 1 − exp ( − NUT ) 
 Cr 
} (3.25)

Cmín (misturado), Cmáx (não misturado):

{
1 − exp (−Cr −1 1 − exp  −Cr ( NUT ) 
ε= } (3.26)

4) Todos os trocadores (Cr=0):

1 − exp ( − NUT )
ε= (3.27)

As expressões anteriores podem ser expressadas graficamente, de forma


que a abscissa corresponde ao número total de unidades de transferência (NUT)
e as linhas contínuas ao caso de Cmín misturado e Cmáx não misturado.

192
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

FIGURA 22 – EFETIVIDADE DE UM TROCADOR DE CALOR COM


CONFIGURAÇÃO PARALELA

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 436)

FIGURA 23 – EFETIVIDADE DE UM TROCADOR DE CALOR COM CONFIGURAÇÃO


CONTRACORRENTE

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 436)

193
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

FIGURA 24 – EFETIVIDADE DE UM TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBOS COM UM PASSE


NO CASCO E QUALQUER MÚLTIPLO DE DOIS PASSES NOS TUBOS (DOIS, QUATRO,.. PASSES)

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 437)

194
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

FIGURA 25 – EFETIVIDADE DE UM TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBOS COM DOIS PASSES


NO CASCO E QUALQUER MÚLTIPLO DE QUATRO PASSES NOS TUBOS (QUATRO, OITO,..
PASSES)

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 437)

FIGURA 26 – EFETIVIDADE DE UM TROCADOR DE CALOR DE ESCOAMENTO CRUZADO COM


UM PASSE, COM OS DOIS FLUIDOS NÃO MISTURADOS

FONTE: Incropera et al. (2008, p. 437)


195
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

• Exercício resolvido

Exemplo 1: (PUC-RIO) Uma corrente de 1 kg/s de água é resfriada de 90 °C até


60 °C num trocador de calor concorrente no qual o agente de resfriamento é uma
corrente de água, com uma temperatura inicial de 40 °C. O coeficiente global é
conhecido e igual a 1000 W/m²K. Calcular a área de troca térmica pelo método de
∆Tml. A taxa de escoamento de água fria é 2 kg/s.

Q= UA (F∆Tml)
F=1 (Trocador de calor contracorrente)

(T q, e − T f , e ) − (T q, s − T f , s )
∆Tml =
 T q, e − T f , e 
ln  
 T q, s − T f , s 

Considerando sem perdas para o meio externo:

QT , q = Q , f
T

(m Cp)q ( T q, e − T q, s ) =
(m Cp)f ( T f , s − T f , e)

Cp f ≅ Cp q ≅ 4, 20 kJ / kg .°C

mq (T q, e − T q, s ) +T f , e
T f ,s=
mf

1 kg / s ( 90 − 60 ) °C +40 °C
T f ,s=
2 kg / s

T f ,=
s 55 °C

196
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

QT
= ( mCp∆T ) q ou f

QT
= ( mCp∆T ) q

=QT (1kg / s.4, 2kJ / kg °C. ( 90 − 60 ) °C )


QT =126 kJ / s

QT
A=
U ( F ∆Tml )

126 kJ / s
A=
 
kJ / s  ( 50 − 5 ) °C 
1, 00 1
m² K  50 
ln 
 5 

A = 6,35 m 2

A = 6, 45 m 2

FONTE: Adaptado de <http://wbraga.usuarios.rdc.puc-rio.br/fentran/transcal/resolvidos/


cap12/Enunciados%20-%20Trocadores%20-%20Global.doc>. Acesso em: 17 abr. 2019.

• Exercício resolvido

Exemplo 2: Resolver o exercício anterior para as mesmas vazões, temperaturas


e U, considerando que o trocador de calor seja de correntes cruzadas com os
dois fluidos não misturados.

197
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

QT por B.E

Qq = ( mCp∆T ) q = QT

Q=
T Q
=q 126 kJ / s

F ≠1
P/ ∆Tml como F ≠ 1
∆Tml (contracorrente)

T f , s → Considerando

Qq = QT

( mCp∆T ) q = ( mCp∆T ) f
T f ,=
s 55°C

∆T1 = (90-55) °C
∆T1 = 35 °C

∆T2 = T q, s − T f , e
∆T2 = (60-40) °C
∆T2 = 20 °C
∆Tml (contracorrente) = 26,8 °C
F=? = f(Z,P) = f(R,P)
Tt , s − Tt ,e 55 − 40
P= = = 0,3
Ts ,e − Tt ,e 90 − 40
Ts ,e − Ts ,s 90 − 60
Z= = =2
Tt , s − Tt ,e 55 − 40

198
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

A partir dos valores obtidos, encontra-se nos gráficos de fatores de


correção para ∆Tml ( “F”), F= f(R,P), F= f(Z,P).

F ≅ 0,93

QT 126000 J / s
A=
= = 5, 06 m 2
U ( F ∆Tml ) 1000 J / s 0,93.26,8 °C
( )
m2 K
FONTE: <http://www.dequi.eel.usp.br/~felix/Trocadores.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

• Exercício resolvido

Exemplo 3: Refazer o exercício usando o método concorrente para o trocador


de calor.

UA NUT ( Cmín ) quente


NUT = →A≡
Cmín U
− ln [1 − ε . (1 + Cr ]
NUT= ? =
1 + Cr
Cmín ( mCp
 ) q 1kg / s
Cr =
= = = 0,5
Cmáx ( mCp
 ) f 2 kg / s
Q
ε= T
Qmáx

Qmáx = máxima quantidade de calor que pode ser trocada.

ε=
( mCp
 ) q (T q, e − T q, s )
( mCp
 ) q ( T q, e − T f , e )

199
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS


(=90 − 60 )
0, 60
( 90 − 40 )

NUT=
− ln [1 − 0, 6. (1 + 0,5]
1 + 0,5
NUT= 1,53

 J 
1,53 1 kg / s. 4200
 kg °C 
=A = 6, 447 m 2
J /s
1000 2
m °C
FONTE: <http://www.dequi.eel.usp.br/~felix/Trocadores.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

• Exercício resolvido

Exemplo 4: Um trocador de calor de tubo carcaça com dois passes na carcaça e


dois passes nos tubos é utilizado na troca de energia entre duas correntes de água
pressurizadas. Uma corrente escoa 5000 libra massa/hora e é aquecida de 75 até
220 °F. A corrente quente escoa com 2400 lm/h e entra a 400 °F. O U é de 300 W/
m²K, determine a área de troca térmica necessária.

F ≠ 1, pois não é concorrente e nem contracorrente.

QT
A=
U ( F ∆Tml )

200
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

QT
= ( mCp∆T ) f

=QT 2268 kg / h.4200 J / kg °C (104, 4 − 24 ) °C

QT = 7, 67.108 J / h , para ∆Tml contracorrente.

T q, s = ?

Q=
q Q=
f QT

=QT ( mCp ) q ((T q, e − T q, s )

7, 67.108 J / h =1088, 6 kg / h

CpTe − CpTs
Cp =
2

• Estimativa

Qq = Q f

( mCp∆T ) q = ( mCp∆T ) f

2268.80
∆Tq ≅
1080, 6

∆Tq ≅166 °C

Tq , s ≅ 204, 4 −166 =38 °C

kJ
QT 1088, 6kg / h.4,36
=
kg °C
( 204, 4 − Tq , s ) °C 7, 67.105 kJ / h

T
=q,s 42,8 °C

H 2O
Cp42,8 ≅ 4,18 kJkg °C

201
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

Estimativa inicial. – ok

∆T1 = 100 °C

∆T2= 18,8 °C

100 −18,8
∆Tmlcontracorrente = = 48, 6 °C
100
ln
18,8

Para obtenção do F, utiliza-se os gráficos de fatores de correção para


∆Tml (“F”).

F=? = f(Z,P) = f(R,P)

Tt , s − Tt ,e 24 −104, 4
P= = = 0,5
Ts ,e − T 42,8 − 204, 4
Z= ≅ t ,e

F ≅ 0,68

Cálculo da área:

QT
A=
U ( F ∆Tml )

J h
7, 67.108 .
A= h 3600 s
300 J / sm²°C ( 0, 68.48, 6 ) °C

A = 21,5 m 2

FONTE: <http://www.dequi.eel.usp.br/~felix/Trocadores.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

202
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

• Exercício resolvido

Exemplo 5: Uma unidade condensadora é constituída por um trocador de calor


tubo carcaça, com o vapor condensando a 85 °C na carcaça. O coeficiente no lado
do condensado é de 10600 W/m²K. Água a 20 °C entra pelos tubos que fazem dois
passes na carcaça. A água deixa a unidade na temperatura 38 °C, pode-se assumir um
coeficiente global de transferência de calor de 4600 W/m²K. A taxa de transferência de
calor trocado é de 2.10⁶ kW. Qual deverá ser a área de troca térmica?

U= 4600 W/m²K
QT = 2.106 W / m 2 K

∆Tmlcontracorrente

∆T1 = 65 °C

∆T2 = 47 °C

65 − 47
∆Tmlcontracorrente == 55,5 °C
65
ln
47

203
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

F= f(P,Z)

Tt , s − Tt ,e 38 − 20
P= = ≅ 0, 28
Ts ,e − Tt ,e 85 − 20
Ts ,e − T 85 − 85
Z= s ,s
= ≅0
F=1 Tt , s − Tt ,e 38 − 20

Cálculo da área:

QT
A=
U ( F ∆Tml )

2.106 W
A=
4600W / m 2 °C ( F .55,5 ) °C

A = 7833 m 2
FONTE: <http://www.dequi.eel.usp.br/~felix/Trocadores.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

• Exercício resolvido

Exemplo 6: Refazer o exercício anterior pelo método NUT.

Cmín = Com mudança de fase devido ao calor latente.


UA
NUT =
Cmín
 )f )
Cmín = ( mCp
QT = ( mCp ) f ∆T

2.109 W
( mCp ) f =
( 38 − 20 ) °C
Cmín = 1,1. 108W / °C

Cmín
Cr =
Cmáx
Cr =0
NUT = -ln (1- ε )
NUT = -ln (1-0,28)
NUT = 0,33

204
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

QT
ε=
Qmáx

2.109 W
ε=
Cmín (Tq, e − Tf , e )

2.109 W
ε=
1,1.108W / °C ( 85 − 20 ) °C

ε = 0, 28

Cálculo da área:

UA
NUT =
Cmín

0,33.1,1.108W / °C
A=
4600W / m 2 °C

A = 7891,3 m 2

FONTE: <http://www.dequi.eel.usp.br/~felix/Trocadores.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

• Exercício resolvido

Exemplo 7: Água fria a 20 °C e 5000kg/h deve ser aquecida utilizando-se água


quente alimentada a 80 °C e 1000kg/h. De um catálogo de fabricante de trocador
de calor casco e tubos (um passe no casco e dois nos tubos) seleciona-se uma das
opções que apresenta U.A= 11600 W/K. Determinar a temperatura de saída de
água quente.

205
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

QT
= ( mCp
 ) ∆Tq

=QT ( mCp
 ) (Tq, e − Tq, s )
q

QT = ε . Qmáx

=QT ε . ( mCp ) limitante (Tq, e − Tf , e )

UA
NUT =
Cmín
kg h J
 ) f = 5000
Cmín = ( mCp . .=
4180 5805,55 J / s°C
h 3600 s kg °C
11600W / K
NUT = =2
5805,55 J / s°C

ε = f ( NUT )

−1
 − NUT (1+ Cr 2 ) 
1/2

1 + e
ε1= 2 (1 + Cr + (1 + Cr ) .
2 1/2 
 − NUT (1+ Cr 2 ) 
1/2

 1 − e 

fmCp
 5000
Cr = = = 0,5
mCp
 q 10000

−1
 −2 (1+ 0,52 ) 
1/2

1 + e
ε1= 2 (1 + 0,5 + (1 + 0,5 ) .
2 1/2 
 −2 (1+ 0,52 ) 
1/2

 1− e 

ε1 = 0, 69

=QT ε Cmín (Tq, e − Tf , e )

=QT 0, 69.5805,55W / °C ( 80 − 20 ) °C

QT = 240327W

206
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

=QT ( mCp ) q (Tq, e − Tq, s )

kg h
240327J/s = 10000 . . 4180 J / kg °C ( 80 − Tq, s )
h 3600 s

, s 59,3 °C
Tq=

FONTE: <http://www.dequi.eel.usp.br/~felix/Trocadores.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

3 MATERIAIS ISOLANTES TÉRMICOS


O isolante térmico tem como função reduzir a transmissão de calor entre
sistemas por fatores técnicos e/ou econômicos, e por este motivo, são utilizados
em revestimentos.

O isolamento térmico é composto por material isolante térmico, capaz


de diminuir de forma eficaz a transmissão de calor entre sistemas físicos; um
sistema de fixação e sustentação mecânica, utilizado para manter o isolante e o
revestimento na posição necessária; e uma proteção externa.

Faz-se necessária também a compressão das definições de isolação térmica


e isolamento térmico. A isolação térmica é a condição em que se encontra o sistema
físico submetido ao processo de isolamento térmico, enquanto o isolamento
térmico é o processo para que se obtenha a isolação térmica de um sistema físico,
ao aplicar adequadamente o material isolante térmico.

Desta forma, a isolação térmica é fundamental para que se reduza a


transferência de calor entre sistemas com gradientes de temperatura, além
de proporcionar ao processo, economia de energia, estabilidade operacional,
conforto térmico, evitar condensação, proteção as estruturas do sistema e entre
outras vantagens, desde que seja considerada uma análise da fonte de calor e
de sua forma de transmissão, para determinação dos materiais e das técnicas de
aplicação.

A técnica de isolação térmica consiste em utilizar materiais que resistam


à propagação do calor e, assim, a quantidade de energia perdida por unidade
de tempo e a seleção do material isolante deve ser compatível com a forma de
transferência de calor e suas propriedades mecânicas e térmicas, conhecidas
para proteção adequada do sistema de montagem, da espessura de isolamento
necessária, e da película hidrófuga com a qual deve ter protegida etc.

Não é possível afirmar que existe um material isolante ideal, por isso,
dentre as principais perguntas de projetistas e engenheiros estão: Qual o material

207
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

isolante a ser utilizado, que espessura deve ser usada e quais as precauções
necessárias na montagem do material selecionado? Para responder a estas
questões, é indispensável um estudo sobre o processo e cada tipo de instalação a
ser executada.

Assim, para o correto projeto do sistema, as propriedades ideais para que


os materiais sejam considerados bons isolantes térmicos são:

• baixo coeficiente de condutividade térmica (k até 0,030 kcal/m°Ch), pois menor


será a espessura necessária para a mesma capacidade isolante;
• boa resistência mecânica;
• baixa massa específica, de forma a não sobrecarregar o aparelho isolante;
• estabilidade química e física;
• inércia química;
• resistência específica ao ambiente da utilização;
• facilidade de aplicação;
• resistência ao ataque de roedores, insetos e fungos;
• baixa higroscopicidade;
• inodor;
• econômico.

4 PROPRIEDADES TÉRMICAS
O isolante térmico é caracterizado pela baixa condutividade térmica,
com capacidade para retardar a transferência de calor, exceção feita aos isolantes
refletivos.

Um exemplo de isolante refletivo é o alumínio, que depende de subdivisões


dos espaços de ar e de uma baixa emissividade térmica, para que se tenha uma
baixa condutividade térmica. E para que a transferência de calor por radiação
seja realmente retardada, a superfície refletiva deve apresentar um lado ao ar ou
espaço vazio.

Propriedades térmicas importantes:

• calor específico;
• difusividade térmica;
• coeficiente de dilatação térmica;
• resistência à temperatura.

A difusividade térmica trata-se se uma propriedade relevante em


aplicações em que a temperatura varia com o tempo, devido à taxa de variação
de temperatura no interior de uma isolação ser inversamente proporcional à
difusividade térmica para uma determinada espessura.

208
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

A condutividade térmica do isolante varia de acordo com a forma e


estrutura física da isolação, com o ambiente e as condições de aplicação.

As variações de forma e estrutura incluem:


• densidade;
• medida de espaço celular;
• diâmetro e disposição das fibras ou partículas;
• transparência à radiação térmica;
• quantidade e extensão dos materiais de ligação;
• tipo e pressão do gás no interior da isolação.

Já as condições de ambiente e aplicação incluem:

• temperatura;
• teor de umidade;
• orientação de isolação e direção do fluxo de calor.

5 PROPRIEDADES MECÂNICAS
Alguns tipos de isolantes térmicos podem ser utilizados como apoio de
carga por possuírem suficiente resistência estrutural. Para tais aplicações, as
propriedades mecânicas avaliadas são:

• resistência à compressão;
• cisalhamento;
• tensão;
• tração;
• impacto e flexão.

Estas propriedades do isolamento variam de acordo com sua composição,


densidade, diâmetro da fibra utilizada e orientação, tipo e quantidade de material
fibroso.

209
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

LEITURA COMPLEMENTAR

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS DE UMIDIFICAÇÃO


AQUOSO AQUECIDO E TROCADOR DE CALOR E DE UMIDADE NA
VIA AÉREA ARTIFICIAL DE PACIENTES EM VENTILAÇÃO MECÂNICA
INVASIVA

Introdução

A respiração prolongada de gases inadequadamente condicionados


através de um tubo endotraqueal pode acarretar hipotermia, espessamento
das secreções, destruição do epitélio das vias aéreas e atelectasias. Além dessas
consequências, a parede e o muco dos brônquios e dos bronquíolos é que sofre
maior influência da umidade e da temperatura do gás. Quando o paciente utiliza
uma via aérea artificial é necessário que seja acrescentado ao circuito de ventilação
um sistema para umidificar e aquecer o gás inalado. Segundo a American Society
for Testing and Materials (ASTM), os umidificadores são definidos, sobretudo
pelo método de exposição do gás ao vapor de água, sendo os mais usados os
umidificadores de bolha aquecido ou não aquecido e os trocadores de calor e de
umidade. Os umidificadores de bolha possuem sistemas de liberação oronasal
de oxigênio e seu objetivo é apenas aumentar o conteúdo de vapor de água
fornecendo umidade absoluta entre 15 e 20 mg/L. Em decorrência do resfriamento
e do menor tempo de contato, esses dispositivos se tornam menos eficientes
quando o fluxo aumenta acima de 10L/min. Existem vários tipos de trocadores de
calor e de umidade, dentre eles:

• Os umidificadores com condensadores simples com condutividade térmica


elevada, são compostos por uma malha metálica, metal dobrado ou tubos
metálicos paralelos e recapturam cerca de 50% da umidade expirada pelo
paciente, com uma eficácia em torno de 50%.
• Os umidificadores com condensadores higroscópicos possuem uma maior
eficácia por utilizar um condensador de baixa condutividade térmica (como
papel, algodão ou espuma) e estão impregnados por um sal higroscópico
(cloreto de cálcio ou de lítio). A baixa condutividade ajuda a reter mais calor e
o sal ajuda a reter mais umidade. Esses dispositivos atingem uma eficácia de
aproximadamente 70% (40mg/L expirado; 27mg/L recuperado).
• Os umidificadores hidrofóbicos utilizam um elemento que repele a água
com uma grande área de superfície e baixa condutividade. A eficácia desses
dispositivos é de 70%. O filtro trocador de calor e umidade (FTCU) ideal deve
operar com uma eficácia de 70% ou mais, utilizar conexões padrão, possuir
uma baixa complacência e adicionar um mínimo de peso, de espaço morto e
de resistência ao fluxo de um circuito ventilatório. A eficácia do trocador pode
diminuir com o aumento do fluxo, da frequência e dos volumes respiratórios
elevados, assim como em níveis elevados de fração inspirada de O2. Além disso,
a resistência ao fluxo através do trocador também é importante. Quando ele é
seco, a resistência através da maioria dos dispositivos é mínima. No entanto, em
virtude da absorção da água, a resistência ao fluxo do trocador aumenta após
210
TÓPICO 2 | CÁLCULOS DE TROCADORES DE

algumas horas de uso. Em alguns pacientes a resistência aumentada pode não


ser tolerada, especialmente naqueles com doença respiratória que já possuem
trabalho respiratório aumentado.

Comparados a outros dispositivos, os FTCU podem prevenir as infecções.


Os trocadores que funcionam como barreira à entrada de micro-organismo são
chamados de filtros, os quais possuem condensadores de membranas com poros
menores que 0.6 micrômetros de diâmetro. Ainda são poucos os estudos que
avaliam os efeitos, vantagens e desvantagens entre o uso dos FTCU comparado
com o sistema de umidificação aquoso aquecido. Assim, o objetivo deste estudo
foi avaliar os níveis de temperatura e umidade do gás inalado pelo paciente
submetido à ventilação mecânica invasiva durante o uso da umidificação aquosa
aquecida (UAA) e FTCU, correlacionando-os com parâmetros ventilatórios.

Materiais e Método

Trata-se de um estudo prospectivo e randomizado, cuja randomização


foi feita por sorteio, com uma amostra de 20 indivíduos admitidos na unidade
de terapia intensiva de um hospital público composta por pacientes sem
pneumopatias prévias à ventilação mecânica invasiva, acometidos por distúrbio
cérebro-vascular, na faixa etária de 18-60 anos e usando via aérea artificial
(tubo orotraqueal ou cânula de traqueostomia), divididos em dois grupos de 10
pacientes. Um grupo usou o UAA, marca Intermed Misty-3 (São Paulo, Brasil),
e o outro grupo usou o FTCU Hygrobac “S”, marca Mallinckrodt® (Tyco®). O
projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê Institucional de Ética em Pesquisa,
n° 106/2004, conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e a
participação de todos os indivíduos foi realizada mediante consentimento prévio
assinado pelo familiar.

Critérios de exclusão

Foram excluídos do estudo os pacientes com doenças atípicas ou doenças


associadas com mau prognóstico (pacientes em fase terminal com falência de
múltiplos órgãos), presença de instabilidade hemodinâmica e contraindicação a
uma das formas de umidificação instituída na pesquisa. As patologias encontradas
no grupo da UAA ficaram assim descritas: Acidente Vascular Cerebral – 30 %,
Trauma Crânio Encefálico – 20 % e Trauma Raquimedular – 20 %. No grupo que
usou o FTCU as patologias foram: Trauma Crânio Encefálico – 20 %, Trauma
Raquimedular – 20% e Tumor Cerebral – 20 %.

Variáveis analisadas

Foram avaliados dados antropométricos e sinais vitais: temperatura


corpórea, frequência cardíaca (FC), pressão arterial média (PAM), frequência
respiratória (FR) que foram aferidos através dos sensores de superfície da Dixtal®
(SPBrasil) e os parâmetros ventilatórios: volume corrente (VC), volume minuto
(VM), frequência respiratória (FR), saturação de oxigênio (SO2 ), pressão de platô
da via aérea (Pplatô), modo de ventilação e fração inspirada de oxigênio (FIO2 ).
211
UNIDADE 3 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS

No que se refere ao gás inalado foram realizadas medidas referentes à umidade


relativa (UR) e temperatura (T°C).

Equipamentos utilizados

Os valores de UR e T foram coletados com o TermoHigrômetro portátil


digital, marca ETI®, modelo ETI 8711 (Inglaterra), com faixa: 0 a 90 °C e 0
a 100% UR, resolução: 0,1 ºC e 0,1 UR, precisão: ± 0,5 °C para temperatura e ±
3% para umidade relativa na faixa de 15 a 90%. Os pacientes foram ventilados
mecanicamente com equipamentos Servo-Monterey® (Takaoka) e os parâmetros
VC, VM, FR, Pplatô e FIO2 mensurados na tela do ventilador. O VC foi instituído
entre 6-10 ml/Kg, VM > 10 ml/Kg e evitouse Pplatô > 35cmH2O. Os sinais vitais (FR,
PA, T°C) foram aferidos através dos sensores de superfície da Dixtal® (SPBrasil).

Procedimento experimental

Os pacientes depois de admitidos na UTI foram entubados e os parâmetros


da ventilação mecânica invasiva foram ajustados com o intuito de minimizar o
desconforto e trabalho respiratório. Além disso, procurou-se manter uma relação
entre a pressão arterial de O2 e a fração inspirada de O2 (PaO2 /FIO2) maior que
28514. O sensor de umidade relativa (UR) e T do gás foram acoplados no “Y”
do circuito do ventilador, no fim dos ramos inspiratório e expiratório junto ao
paciente. As medidas foram realizadas durante 30 minutos a cada 24 horas por
5 dias consecutivos. Seis medidas foram realizadas durante esses 30 minutos e
sempre na fase inspiratória. A cada registro eram avaliados a UR, T, VC, VM, FR,
SO2, FIO2, Pplatô e FC. Além disso, foi avaliado o modo ventilatório em que se
encontrava o paciente. Os modos adotados foram o modo controlado a pressão
(PCV) e espontâneo (pressão de suporte-PS). No reservatório do grupo com UAA,
utilizava-se 280 ml de água destilada e ao fim de 30 min registrava-se o volume
final de água no reservatório e o volume de condensação formado ao longo do
circuito de ventilação. O aquecimento da placa do umidificador era de 40 °C,
sendo padronizada para todos. O FTCU era trocado a cada 24 horas conforme
orientação do fabricante. O volume de condensação foi drenado e mensurado.

Análise estatística

Inicialmente analisou-se o tipo de distribuição das variáveis através do


teste Kolmogorov-Smirnov. Para verificar as diferenças entres os dados foram
usados testes paramétricos t-student para as variáveis UR, T do gás, VC, VM,
FR e não paramétricos de Mann-Whitney para as outras variáveis. Todos os
testes foram analisados com nível de significância de 95% (p < 0.05) usando-se o
software SPSS versão 8.0.

Resultados

Os grupos estudados apresentavam-se homogêneos no que se refere à


idade, peso, gênero, dias de internamento, FC, FR, PAM e SaO2. [...]

FONTE: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbfis/v10n3/31949.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

212
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• É necessário conhecer o coeficiente global de transferência de calor e


metodologias utilizadas para avaliação dos trocadores de calor.

• É fundamental compreendermos o coeficiente global de transferência de calor,


função, cálculo e valores aproximados.

• O método da média logarítmica da Força Motriz e método da Eficiência – NUT


– é muito utilizado para dimensionamento e avaliação dos trocadores de calor.

• As equações para o cálculo da taxa total de transferência de calor, área de troca


térmica, gráficos dos fatores de correção e média logarítmica de diferentes
temperaturas necessitam ser conhecidas quando se trata de projetos de
trocadores de calor.

• É necessário avaliar a efetividade de um trocador de calor e determinar a taxa


de transferência de calor máxima possível.

CHAMADA

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213
AUTOATIVIDADE

1 Um trocador de calor de escoamento cruzado em único passe com ambos


os fluidos sem mistura tem água que entra no tubo a 16 °C e o deixa a 33
°C, enquanto o óleo (Cp = 1,93 kJ/kg.°C e ῤ = 870 kg/m³) que flui a 0,19 m³ /
min entra a 38 °C e o deixa a 29 °C. Considerando que a superfície da área
do trocador de calor é 20 m², determine o valor do coeficiente global de
transferência de calor.
FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17
abr. 2019.

2 Um trocador de calor de casco e tubo com dois passes no casco e oito passes
no tubo é utilizado para aquecer álcool etílico (Cp = 2670 J/kg°C) nos tubos
de 25 °C para 70 °C a uma taxa de 2,1 kg/s. O aquecimento deve ser feito
com água (Cp = 4190 J/kg°C), que entra no lado do casco a 95 °C e o deixa
a 45 °C. Considerando que o coeficiente global de transferência de calor é
950 W/m²°C, determine a superfície de transferência de calor do trocador de
calor.
FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17 abr.
2019.

3 Um trocador de calor contracorrente de tubo duplo deve aquecer água de


20 °C a 80 °C a uma taxa de 1,2kg/s. O aquecimento é obtido por água
geotérmica disponível a 160 °C com vazão mássica de 2 kg/s. O tubo interno
tem uma parede fina e diâmetro de 1,5 cm. Considerando que o coeficiente
global de transferência de calor do trocador é 640 W/m²°C, determine o
comprimento do trocador de calor necessário para alcançar o aquecimento
desejado.
FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17 abr.
2019.

4 Um teste é realizado para determinar o coeficiente global de transferência


de calor em um trocador de calor de casco e tubos para óleo-água que tem
24 tubos de diâmetro interno de 1,2 cm e 2 m de comprimento em um único
casco. A água fria (Cp = 4180 J/kg.°C) entra nos tubos a 20 °C, a uma taxa
de 3 kg/s, e os deixa a 55 °C. O óleo (Cp = 2150 J/kg.°C) escoa através do
casco e é resfriado de 120 °C para 45 °C. Determine o coeficiente global
de transferência de calor U desse trocador de calor com base na superfície
interna dos tubos.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17 abr.


2019.

214
5 Um trocador de calor de fluxo cruzado de único passe é utilizado para
resfriar a água (Cp = 4,18 kJ/kg°C) de um motor diesel de 90 °C para 60
°C, usando ar (Cp = 1,02 kJ/kg°C) com temperatura de entrada de 30 °C.
Ambos os escoamentos (de ar e de água) não misturados. Considerando
que as taxas de vazão mássica de água e ar são 42000 kg/h e 180000 kg/h,
respectivamente, determine a diferença média logarítmica de temperatura
para esse trocador de calor.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17 abr.


2019.

6 Vapor no condensador de uma termoelétrica deve ser condensado a uma


temperatura de 30 °C com água de refrigeração de um lago próximo que
entra nos tubos do condensador a 14 °C e os deixa a 22 °C. A superfície dos
tubos tem 45 m², e o coeficiente global de transferência de calor é 2100 W/
m²°C. Determine a vazão mássica necessária da água de resfriamento e do
vapor no condensador.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17


abr. 2019.

7 Um trocador de calor contracorrente de tubo duplo deve aquecer água de


20 °C a 80 °C a uma taxa de 1,2 kg/s. O aquecimento é obtido por água
geotérmica disponível a 160°C com vazão mássica de 2kg/s. O tubo interno
tem parede fina e diâmetro de 1,5 cm. O coeficiente global de transferência
de calor do trocador de calor é 640W/m²°C. Usando o método da efetividade
NTU, determine o comprimento do trocador de calor necessário para
alcançar o aquecimento desejado.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17


abr. 2019.

8 Considere um trocador de calor de fluxo cruzado de único passe com ambos


os fluidos não misturados. A água entra no tubo a 16 °C e o deixa 33 °C,
enquanto o óleo (Cp = 1,93 kJ/kg°C e ῤ = 870 kg/m³ ) que flui a 0,19 m³/min
entra no tubo a 38 °C e o deixa a 29 °C. Considerando que a superfície da
área do trocador de calor tem 20 m² , pelo método NUT, determine:

a) O valor de NTU.
b) O valor do coeficiente global de transferência de calor.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17 abr.


2019.

215
9 Um trocador de calor de casco e tubos com um passe no casco e quatro
passes nos tubos deve resfriar óleo à taxa de 1kg/s (Cp = 2100J/kg°C) de 90
°C até 40 °C, com água (Cp = 4180J/kg°C) entrando a 19 °C, à taxa de 1kg/s.
O coeficiente global é U = 250 W/m²°C. Calcule a área de troca de calor
necessária, a partir do método NUT.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17 abr.


2019.

10 Um trocador de calor de escoamento cruzado ar-água com eficiência de


0,65 é utilizado para aquecer água (Cp = 4180J/kg°C) com ar quente (Cp
= 1010 J/kg°C). A água entra no trocador de calor a 20 °C, a uma taxa de
4kg/s, enquanto o ar entra a 100 °C a uma taxa de 9kg/s. Considerando que
o coeficiente global de transferência de calor baseado no lado da água é
260W/m²°C, determine a área da superfície de transferência do trocador de
calor no lado da água. Considere ambos os fluidos sem mistura.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2215440>. Acesso em: 17


abr. 2019.

216
REFERÊNCIAS
ARANTES, E. J. Transferência de massa. 2018. Disponível em: http://
paginapessoal.utfpr.edu.br/eudesarantes/disciplinas/fenomenos-de-transporte/
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