PROGRAMA
INTRODUÇÃO
PREAMBULO
CAPITULO I-As Leis Segundo As quais se Processa o Pensamento Independentemente
do Conteúdo Que Possa Vir a Ter.
CAPITULO II-O Domínio
CAPITULO III-O Objecto de Estudo.
CAPITULO IV-Dos Procedimentos de Avaliação e Validade
Unidade I-Procedimentos de Aquisição
Unidade II-Procedimentos de Demonstração
Unidade III-Procedimentos de Exposição
Unidade IV-Unidade IV-Procedimentos de Explicação ou Prova.
INTRODUÇÃO
PREÂMBULO
Todo aquele que acreditar que a ciência é capaz de fazer qualquer afirmação sobre a
razão porque as pessoas têm de ser educadas não conhece coisa alguma sobre a
verdadeira natureza da educação. E o mesmo sucede com a moral: <<ética científica>>
é uma expressão sem sentido algum.
Tudo porque o cientista é um ser humano e, como tal, não pode deixar de ter as suas
convicções, os seus ideais e os seus desejos. É apenas natural, embora não seja justo,
que ele procure, ainda que <<inconscientemente>>, apresentar as suas ideias e ideais
pessoais, como se derivassem das ciências.
1/ As ciências que têm por objecto o homem são as que estão essencialmente
arriscadas a entenderem-se para um campo onde não têm competência. Pelo facto de,
por exemplo, a saúde é um bem naturalmente desejado pelo homem, a medicina
facilmente chega a acreditar que os seus ensinamentos sobre medidas higiênicas são
da mesma natureza dos preceitos morais. Pelo facto de que a psicologia conhece que
um espirito funcionando normalmente é um valor desejado, o psicólogo julga-se
autorizado a enunciar regras sobre educação. A psicologia médica esta ainda mais
propensa a cometer este erro do que qualquer uma espécie de psicologia. O médico
psicólogo observou muitissimas vezes as desastrosas consequências que uma
educação errada pode ter no desenvolvimento do carácter e da personalidade. Portanto,
isto vem simplesmente provar que este ou aquele método de educação <<tem>> de ser
adoptado.
2/ Educação é mais do que instrução; é, primariamente, a construção de uma
personalidade moral. A ética e a educação estão, portanto, intimamente,
correlacionadas. E a educação não termina depois de se ter frequentado uma escola
superior ou um colégio: praticamentei7, a educação nunca termina. Somos educados
pelos factos, pelas influências do meio ambiente e pelas ideias, de forma que temos de
nos educar a nós próprios.
o estudante não precisa ir além da página quatro para aprender a lei, supostamente
descoberta por Galileu ao olhar para um lustre oscilante enquanto contava sua
pulsação. Entretanto, ninguém tem dúvidas de que um pêndulo qualquer, de qualquer
comprimento e massa, se posto em movimento, logo irá parar.
Isto é uma prova conclusiva de que pêndulos não são isocrónicos: o período da última
oscilação não é o mesmo da primeira; um pêndulo realmente isocrônico oscilaria
indefinidamente. Como podemos conciliar a lei com a observação? Normalmente se diz:
Esqueça o que vê e aprenda a lei. O que é uma forma mais sofisticada de se dizer: A
ciência não lida com esses tipos de pêndulos que você usa, mas sim com pêndulos
ideais para os quais não há atrito e pressão e onde o fio não possui peso, etc. Isso
satisfaz ao professor de ciências com conhecimento em HISTÓRIA, FILOSOFIA e
SOCIOLOGIA, mas será que satisfaz ao estudante? Schecker (1988, NT: reproduzido
na revista original). É função da Epistemologia como ramo da filosofia exprimir esses
pêndulos ideais.
A INTELIGÊNCIA FONTE DO CONHECIMENTO
Estás metafísicas que estão no interior das pregas da ciência não constituem um vício
(como pensavam os neopositivistas), mas, as vezes, uma virtude.
II
Porém, tudo isto implica um Colorário embaraçoso: o que para uma época histórica (ou para
uma comunidade científica), se pode revelar como <<metafisico>> pode, por sua vez, ser
considerado por outra época histórica (ou por outra comunidade científica) precisamente
como o próprio fundamento da cientificidade.
Se NECESSÁRIO FOR CONTINUAR PG. 91 EM AS RAZÕES DA CIÊNCIA
Poderíamos perguntar: Por que a filosofia é a única que produz conceitos? Por não poder
criar o Uno, “a filosofia faz surgir acontecimentos com seus conceitos ”, ao passo que “a arte
ergue monumentos com suas sensações, a ciência constrói estados de coisas com suas
funções” (idem, ibid., p. 255). Os conceitos são cifras sem preexistência e é isso que faz
deles acontecimentos singulares. Acontecimento cifrado garantia de uma temporalidade
ao conceito que não se refere nem ao passado, nem ao presente e muito menos ao futuro.
Uma temporalidade que diz da ordem do “adormecido”, em que o imprescindível para o
conceito é poder fazer parte de uma nova cena: “O acontecimento é talvez a figura
contemporânea do álteron, do que não pode ser integrado, nem identificado, nem
compreendido, nem previsto”.
I. 6-O PARADIGMA
É toda a teoria associada a certas aplicações padrão que se torna consenso para uma
determinada comunidade científica.
Thomas Kuhn (1922-1996)1, no seu já clássico ensaio A estrutura das revoluções
científicas (1962), articula sua postura epistemológica.
I. 6.1) três categorias essenciais: ciência normal, paradigma e revolução científica.
Sua teoria central é que o conhecimento científico não cresce de modo acumulativo e
contínuo. Ao contrário, esse crescimento é descontínuo, opera por saltos qualitativos,
que não se podem justificar em função de critérios de validação do conhecimento
científico como defendia Karl Popper.: A sua justificação reside em factores externos,
que nada têm a ver com a racionalidade científica e que contaminam a própria prática
científica.
Os saltos qualitativos preconizados por Kuhn, ocorrem nos períodos de
desenvolvimento científico, em que são questionados e colocados em causa os princípios,
as teorias, os conceitos básicos e as metodologias, que até então orientavam toda a
investigação e toda a prática científica.
Kuhn utiliza o conceito de paradigma em dois sentidos fundamentais. Em sentido largo,
o paradigma kuhniano refere-se àquilo que é partilhado por uma comunidade
científica, será uma forma de fazer ciência, uma matriz disciplinar. Significando neste
caso, uma «concepção de mundo» um «modo de ver» e de «praticar», que engloba um
conjunto de teorias, instrumentos, conceitos e métodos de investigação. Por exemplo, o
modelo de ciência construído na modernidade, é considerado um paradigma,
comummente denominado, no campo das ciências naturais, como paradigma mecânico
1
– newtoniano ou empírico – analítico, e aplicado às ciências sociais, paradigma
positivista, naturalista, ou quantitativo.
Num sentido restrito, o paradigma é um exemplar; é um conjunto de soluções de
problemas concretos, uma realização científica concreta que fornece os instrumentos
conceptuais e instrumentais para a solução de problemas. Por exemplo, na mecânica e
na electricidade, o modelo de Newton do movimento dos planetas (Lei da Gravitação
Universal), ou o modelo de Franklin da garrafa de Leyden, são respectivamente,
exemplos de paradigmas no sentido restrito, os quais são designados como «modelos
exemplares»".
importa sublinhar que com o conceito de paradigma, Kuhn se aproxima a uma
compreensão histórica das mudanças produzidas na ciência através dos tempos, ao
identificar uma estrutura básica na permanente evolução da ciência, que se concretiza
como mostra a figura a) numa sucessão de fases de ciência normal seguida de fases de
revoluções científicas, passando por uma fase intermédia de acumulação de anomalias e
logo de crises.
I. 6.2)À fase de ciência normal correspondem as realizações reconhecidas durante certo
tempo por alguma comunidade científica como fundamento para sua prática posterior.
Durante dita etapa a comunidade científica trabalha orientando-se por uns princípios
ou crenças comuns, inerentes ao paradigma dominante.
Nesta fase o paradigma indica à comunidade o que é interessante investigar, como
realizar essa investigação, impondo um sentido para o trabalho realizado pelos
investigadores e limitando os aspectos considerados relevantes da investigação
científica. Toda a investigação é realizada dentro e à luz do paradigma aceite pela
comunidade. Nesta fase de ciência normal, o cientista não procura questionar ou
investigar aspectos que extravasam o próprio paradigma, este limita-se a resolver um
conjunto de incongruências que o paradigma lhe vai fornecendo, assim como,
dificuldades de menor importância, que vão permitindo mantê-lo em actividade e que
possibilitam simultaneamente revelar o seu engenho e a sua capacidade na resolução
dos enigmas.
Ora, em determinada altura de desenvolvimento da ciência começam a aparecer
anomalias2, isto é, factos que contrariam ou que não obedecem à visão da realidade que
o paradigma proporciona, e que fazem com que o referido paradigma entre numa fase
de crise, devido a que o mesmo não está conseguindo dar conta da dinamicidade e
continuidade das descobertas científicas. Esta situação de crise se estenderá até que se
decide investigar a anomalia e se descobre que para explicá-la, é necessário mudar a
maneira como vemos o mundo, produzindo-se assim no interior da ciência uma
Revolução científica, a qual traz consigo a assunção de mudanças de compromissos
profissionais.
I.6. 3)A fase de revolução científica.
portanto, correspondem aqueles episódios de desenvolvimento não acumulativo em que
um antigo paradigma é deslocado completa ou parcialmente por outro novo e
incompatível (Kuhn, T. 1971, p. 179). Ou seja, a transição a um novo paradigma é a
Revolução Científica.
Figura 1. 3 Surgimento de um paradigma
Tendo em conta que os paradigmas uma vez aceites, tendem a cristalizar caminhos
reconhecidos como seguros em determinada época, a revolução científica, de acordo
com Demo, P. (1995) se faz na quebra de paradigmas cristalizados, ou no choque entre
eles, provocando renovações mais ou menos radicais.
Quadro 1.2 Exemplo de aplicação dos conceitos de paradigma, ciência normal, crise e
revolução científica de acordo com Kuhn (tomado do site
http://etimologias.dechile.net/?paradigma, sem autor).
2
O centro do universo Orbita dos planetas
Paradigma A terra é o centro do Originalmente se creia
dominante universo. O sol e os que os planetas tinham
planetas giram em volta uma órbita circular
da terra
Ciência normal Os científicos criam O modelo de Ptolomeo,
modelos e formulas que baseia-se em órbitas
explicam o movimento circulares.
dos planetas. O mais
popular é o modelo dos
“ciclos e epiciclo” de
Cláudio Ptolomeo (85-
165 a. C.)
Crise As fórmulas de Ptolomeo As fórmulas de Ptolomeo
resultam muito resultam muito
complicadas e não complicadas e não
correspondem com as correspondem com as
observações. observações.
Revolução científica Muitas ideias novas Muitas ideias novas
começam a florescer, começam a florescer,
entre elas a de Nicolau entre elas a de Johannes
Copérnico (1473-1543), Kepler (1571-1630), que
que estipula que o sol é o estipula que os planetas
centro do universo e que seguem uma orbita
a Terra e os planetas elíptica e não circular.
giram em volta do sol
Novo paradigma Galileu Galilei (1564- Sir Isaac Newton (1643-
1642) com a ajuda de um 1727) demonstrou com
telescópio construído por ajuda de uma nova
ele, que Copérnico tinha matemática (o calculo
razão, que a terra girava diferencial) e as leis do
em volta do sol e no ao movimento (que ele
avesso. próprio inventou) que
Kepler tinha razão: que
a terra girava no orbita
elíptica e não circular.
CONCEPTUALIZAÇÃO PARADIGMATUCA
O Paradigma-É toda a teoria associada a uma certa aplicação padrão que se torna consenso
para uma determinada comunidade científica.
É, nossa função, na qualidade de profissional em Filosofia, expressar do que da triádica
filosófica se deve considerar de conhecimento.
O paradigma da triádica filosófica é formalizado pela Categoria Filosofia e pelos
conceitos Ciência e o conceito Teoria.
1. A Filosofia - é simplesmente pensamento, faculdade do espirito humano, que tem
como função explicar determinados ¡fenómenos que inquietam a compreensão, através
das sensações passando pela percepção que em cada época histórica se defracta em
razões com níveis de necessidade e universalidade percurtivas para prossecução dos
problemas que assolam a consciência (com+ciência).
2.A Ciência - é um conjunto de teorias bem verificadas que explicam padrões de
regularidades e irregularidades entre fenómenos cuidadosamente estudados. Isto sugere
duas principais linhas de investigação:
a) uma delas visando saber qual o estatuto dos fenómenos acerca dos quais se supõe
saber algo,
b) e a outra apontando para a matéria e para o conteúdo do conhecimento teórico
(teo=Deus é ria=caminho ou, ainda, teo=Deus, como verdade e verdade com conotação
científica).
3.Teoria - é um conjunto de hipóteses coerentemente interligadas que têm como
finalidade explicar, interpretar, elucidar ou unir um dado número de conhecimentos.
4.Conhecimento - é a apreensão do objecto pelo sujeito através de determinados meios
teóricos.
O Dilema da Triádica Filosofica- São duas proposições contraditórias, sendo que uma é
necessariamente verdadeira, não se podendo dizer que quer uma quer outra são falsas.
É a situação que aqui conhecemos perante a qual a filosofia pretende dialogar com as
ciência, acerca da sua constituição progressiva, do seu devir e da sua constituição
progressiva.
O Devir é um principio de clarificação. É o alongar-se no tempo da classificação, somente
possível no seu termo porque cada ciência acede no seu devido tempo à positividade,
consoante o grau de complexidade do seu objecto. É o devir que dá resposta ao caso,
segundo Cournot, um maiores epistemologia do século XIX, é a intercepção entre duas
séries causas independentes.
A DIAMETRALIDADE CONCEPTUAL
Modelo do Silogismo Filosófico
Premissa Maior - na Natureza todas as verdades tomadas em conjunto formam um todo
harmonioso.
Premissa Menor - enquanto que entre as hipóteses falsas e os efeitos verdadeiros a
Dissonância é flagrante.
A validade é uma propriedade dos raciocínios e não das proposições que os compõem, ao
passo que a verdade é uma propriedade das proposições que compõem os raciocínios.
Isto é, uma proposição pode ser verdadeira ou falsa; mas não faz sentido dizer que é
válida ou inválida. Pelo contrário, um raciocínio é válido ou inválido mas não faz
sentido dizer que é verdadeiro ou falso. Esta não é uma mera convenção, nem uma
distinção meramente verbal; ela corresponde à diferença que existe entre a avaliação de
um raciocínio e a avaliação de uma proposição. Avaliar uma proposição é muito
diferente de avaliar um raciocínio. Quando avaliamos um raciocínio e sancionamos a
sua qualidade, afirmamos que ele nos “conduz” à verdade, assumindo que as premissas
são verdadeiras. Esta verdade a que ele nos “conduz” é a proposição que se conclui.
Assim, avaliar positivamente um raciocínio é afirmar que, assumindo a verdade das
suas premissas, ele nos garante a verdade da conclusão. Logo, temos de distinguir essa
qualidade que os bons raciocínios têm, que consiste em garantir a verdade das suas
conclusões, da própria verdade das suas conclusões: é preciso distinguir o comboio que
nos conduz ao Porto, do Porto.
UM INTERESSE DE RAZÃO
Queremos simplesmente chamar a atenção para uma situação paradoxal que por si só
demonstra que a situação das ciências não é tão clara como parece: é a situação que
aqui conhecemos, na qual a filosofia pretende dialogar com as ciências acerca das formas
da sua constituição progressiva, do seu devir.
«PROBLEMA» entende-se aqui num sentido objectivo que marca o emprego do termo
no singular. Não se trata pois dos «problemas» que poderia levantar a história das
ciências e, por conseguinte, da existência de uma prática distinta que lhe corresponderia
no mundo das práticas teóricas.
Este «problema» pode refractar-se através de um certo número de questões distintas e
convergentes.
Para quem existe uma história das ciências? Para quem a história das ciências é um
problema? «Para quem», quer dizer: em que lugar do discurso teórico, em função de
que situação real deste discurso? Ao propor tais questões, damo-nos já conta de que
existe uma certa relação de vizinhança entre a história das ciências e a filosofia: por
isso se põe o problema do seu interesse em vez do seu objecto (1).
Interesse, entende-se ainda aqui, num sentido objectivo e sistemático: toda a disciplina
teórica deve com efeito corresponder ao que Kant chama «um interesse de razão».
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(1) Depois destas lições, apareceu uma colectânea de artigos de George Canguilhem intitulada:
«Études d`Histoire et de Philosophie des Sciences». A sua introdução, inédita, trata do objecto da
história das ciências, o que parece contradizer a nossa asserção. Mas é assaz notável que o autor
tenha de início levantado a questão sob a forma da generalidade e da indeterminação de um «De
quê«; «de quê uma história das ciências é histórica?», e declara em seguida: «O objecto do
historiador das ciências não pode ser limitado senão por uma decisão que lhe determina o interesse
e a importância».
Resumiremos a tese deste artigo:
1º) O objecto da história das ciências não é objecto da ciência;
2º) A relação da história das ciências com o seu objecto não é a relação de uma ciência com o seu
objecto;
3º) E no entanto a história das ciências mantém com a ciência, uma relação ao mesmo tempo
paradoxal e essencial. É esta relação que procuramos especificar na nossa exposição.
AS VIAS DE ACESSO
I. A via filosófica e a via científica
A METAFISICA
Qualquer sistema de objectos tem direito a ser considerado como estando «em repouso
absoluto». Seja qual for o quadro de referência a ser escolhido, poderão determinar-se
relativamente a ele os movimentos de todos os outros sistemas. Visto que, porém, se
poderá escolher qualquer outro sistema de objectos como quadro de referência, os
movimentos determinados em relação à primeira escolha não tem nenhum direito
especial a ser considerados como absolutos. Deste modo, não há possibilidade de
especificar quais os movimentos absolutos; não é aplicável nenhum conceito empírico de
movimento absoluto.
_______________
(1) D. M. Knitht, Atoms and Elements (Londres: Hutchinson, 1967)
(2) Sobre filosofia corpuscular e ciência natural, consulte-se R. Harré, Matter and
Method, parte II (Londres: Macmillan, 1964).
gerais o que é a ciência, aquilo que os cientistas procuram conseguir e a maneira como
desempenham tal tarefa. Com isto ficaremos de posse do vocabulário que nos permitirá
falar do processo científico e dos respectivos produtos. Regressaremos depois aos
campos da lógica, da epistemologia e da metafísica, para examinar algumas das mais
importantes teorias clássicas respeitantes ao conhecimento científico e àquilo que
pensamos serem os seus limites e possibilidades, dentro dos contextos históricos actuais
relativamente à presente pesquisa científica.
UNIDADE II-DOMINIO
A) Como se equaciona todo o problema da instituição de uma forma de conhecimento.
1°]Dizer que uma ciência tem um domínio real, ou que uma ciência tem um objecto, são duas
proposições diferentes:
1°) Postulado:
a)“porque” a ciência parte da realidade ou seja afasta-se dela. A que distância? Porque caminho?
2°) Postulado:
b) mas ainda, o seu limite preciso não está fixado de antemão: deverá ser acrescentado, sobreposto à
realidade, para que se torne possível criar um conhecimento no interior desse limite.
Teorema :
B) A história de uma ciência não encontra o conceito do seu objecto senão na ciência da qual
constitui a história
1°] Constituição do seu campo de acção: Uma ciência não nasce da definição de um objecto, nem do
encontro com um objecto, nem da imposição de um método.
2°] Nasce da constituição de um corpo de conceitos com as suas regras de produção. Por esta mesma
razão o devir de uma ciência é a formulação dos conceitos e das teorias desta ciência.
3°] Não só ciências diferentes terão formas diferentes de devir, assim como no seio da unidade
nominal de uma mesma ciência, conceitos e teorias, podem ter devires diferentes, tipos de
constituição ou de formação que não se podem reduzir num único modelo.
AS CATEGORIAS
As categorias mais gerais intervêm de diversas maneiras no pensamento, e nelas se
incluindo a maneira como efectumos a percepção do mundo, o modo como se organiza a
linguagem e como se procede à escolha das alternativas linguísticas com as quais se
descreve e teoriza aquilo que é percebido.
As categorias sobre as quais nos de bruçaremos são a de substância, a de qualidade e a
de relação. De certo modo, as categorias constituem o reflexo dos tipos de perguntas que
se formulam acerca da Natureza. A categoria de substância, diz respeito às «coisas» e
reflecte questões por ventura suscitadas pelos objectos materiais e pelas coisas
individuais, isto é, problemas tais como o que é e que coisa é ou ainda como poderá
dizer-se, a categoria de substância ocupa-se da classificação e da identificação das coisas
– eis o Koh-in-noor, uma coisa individual, que é um diamante, uma forma da substância
a que se dá o nome de carbono.
Ao aplicarmos tais categorias, quer na sua forma geral quer específica, isso permite-nos
ordenar o mundo percebido, mundo muito complexo tanto na estrutura como no
comportamento. Será fundamental a enorme variedade das coisas ou estas são na
realidade, variedades de uma matéria básica?
Os metafísicos, como também já vimos podem recomendar que se adopte uma visão
diferente quanto aos constituintes últimos das coisas e das substâncias, que será, talvez,
quer o átomo permanente de Parménides quer a entidade transitória de Heraclito. Mas
o mundo com que temos de lidar não nos oferece indivíduos parmenidianos e os que
parecem heraclitianos, tal como os relâmpagos, revelam-se, de facto, após exame mais
aprofundado, entidades aristotélicas de breve duração. Como se vê, reconhecemos as
modificações das coisas relativamente permanentes e a sua criação e desaparecimento.
Contudo, a criação proporciona também modos alternativos. É possível conceber-se a
criação de maneira tal que um idividuo passe a existir de repente onde antes não havia
fosse o que fosse. Trata-se da criação a partir do nada, a criação ex nihilo. Diz a antiga
expressão que Ex nihilo nihil fit, ou seja, «do nada, nada se cria». Tal máxima nega o
modo de criação por meio do qual uma coisa surge para a existência onde antes nada
havia.