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Cem Bilhões de Neurônios (Robert Lent)

OS SONS DO MUNDO -
CAPÍTULO 8: ESTRUTURA E
FUNÇÃO DO SISTEMA AUDITIVO
O QUE É O SOM?

• Perturbação vibratória do ambiente que permite a audição.


• Refere-se às vibrações de ar que somos capazes de perceber.
• Trata-se de uma forma de energia que deve ser sempre referida ao animal que a
percebe.
O Som como Forma de Energia

• Sistema auditivo comparado a alto-falantes.


• Alto-falantes são cones feitos de um material muito leve, postos a vibrar por
uma bobina eletromagnética colada no vértice.
• O deslocamento do cone provoca também o deslocamento das partículas e
moléculas que constituem o ar.
• O som se propaga em linha reta, mas isso ocorre nas três dimensões do
espaço.
O Som como Forma de Energia

• O som produzido pelo alto-falante propaga-se


como uma superfície esférica que cresce até
encontrar objetos no caminho, nos quais se
reflete gerando novas e novas esferas, ou até
ser absorvido, extinguindo-se.
• Nos instrumentos musicais, por exemplo, as
partículas do ar são postas a vibrar pela
vibração de cordas puxadas, percutidas ou
atritadas por um arco, ou pelo movimento do
ar impulsionado dentro de tubos de diferentes
formatos e tamanhos.
O Som como Forma de Energia

• As vibrações periódicas do ar que


produzem os sons são chamadas ondas
sonoras.
• São geralmente classificadas em dois
tipos: transversais e longitudinais.
• Transversais: o movimento das
partículas é perpendicular à direção de
propagação da onda.
• Longitudinais: as partículas se movem
na mesma direção de propagação.
O Som como Forma
de Energia
• A percepção auditiva é múltipla, pois é
capaz de perceber tons, ritmos, timbres de
diversos instrumentos, e assim por diante;
sendo composta por diferentes
submodalidades.
• Amplitude: grandeza proporcional à
energia sonora, e portanto proporcional
também à percepção de intensidade do
som.
• Frequência: grandeza - número de ciclos
por unidade de tempo - que representa o
tom de um som.
• O sistema auditivo humano é capaz
de perceber sons entre 20 e 20.000
O Som como Hz. Essa faixa perceptível é chamada
espectro audível. Na verdade, essa
Forma de faixa tão extensa só existe para as
Percepção: As crianças recém-nascidas; os adultos
geralmente não alcançam mais que
Submodalidades 15 kHz, e os idosos perdem ainda
Auditivas mais a percepção das altas
frequências.
O Som como Forma de Percepção: As Submodalidades Auditivas
A ESTRUTURA DO SISTEMA AUDITIVO

• Constituído por um conjunto de receptores RECEPTORES → NEURÔNIOS DE 2ª ORDEM →


que realizam a transdução dos estímulos AXÔNIOS, NERVO AUDITIVO → SNC →
sonoros em potenciais receptores. SINAPSES → NÚCLEOS → CÓRTEX CEREBRAL.

• Processo de captação e recepção da


informação auditiva para interpretação:
O Nervo Auditivo
É o órgão receptor da audição. As fibras que irão
Esse grupo (neurônios bipolares), em conjunto, é
compor o nervo emergem de toda a extensão da
caracterizado como gânglio espiral.
cóclea, são inicialmente os dendritos dos neurônios
bipolares.

Uma estrutura membranosa incrustada no osso A partir do gânglio os axônios saem da cóclea e formam o
temporal. O corte de uma volta da cóclea. nervo auditivo que formará o oitavo nervo craniano.
As vias aferentes da audição
reúnem diferentes
componentes paralelos,
cujos trajetos anatômicos
As Intrincadas são distintos. Durante esses
trajetos, fazem sinapses
Vias da Audição com neurônios de ordem
superior situados em
núcleos de vários níveis do
encéfalo, até alcançar o
córtex cerebral.
Duas características que distinguem o sistema auditivo dos demais
sistemas sensoriais:

1. Possui estágios sinápticos em cada


uma das grandes divisões do SNC:
2. Quase todos os núcleos auditivos são
bulbo, ponte, mesencéfalo, diencéfalo e
conectados reciprocamente, sendo
córtex cerebral.
grande o número de cruzamentos que
Essa regularidade facilita a
as fibras efetuam, através de
compreensão da organização
decussações e comissuras.
anatômica do sistema.

• As fibras do nervo auditivo penetram no SNC bilateralmente no nível do bulbo, onde inervam
os núcleos cocleares, que constituem o primeiro estágio sináptico central do sistema.
• Os neurônios do núcleo coclear anteroventral e os do núcleo coclear posteroventral projetam
para o complexo olivar superior.
As Intrincadas Vias da Audição

• Alguns axônios cocleares cruzam para o lado oposto pelo corpo


trapezóide e pelas estrias auditivas.
• O complexo olivar superior é formado por três divisões
anatômicas com funções distintas. Estas recebem fibras dos
núcleos cocleares ventrais e emitem axônios que formam o
lemnisco lateral.
• O colículo inferior é uma região de convergência de todas as
fibras auditivas ascendentes originadas em níveis mais baixos.
Emitem fibras para diferentes regiões do próprio mesencéfalo.
• O núcleo central está envolvido em aspectos da percepção
auditiva, o núcleo externo e o córtex dorsal participam dos
reflexos áudio motores que permitem que o indivíduo oriente
seu corpo em função da localização dos sons que ouve a cada
momento.
Na imagem temos componentes do sistema
auditivo que compõem o SNC. Tanto em A
como em B, os neurônios auditivos estão
representados em roxo e preto (os
aferentes) e em vermelho (os eferentes).
O Córtex Auditivo
• O córtex auditivo ocupa parte do lobo
temporal em ambos os hemisférios.
• Um diversificado conjunto de áreas pode ser
identificado no assoalho do sulco lateral,
estendendo-se para fora dele por quase todo
o giro temporal superior. Algumas dessas
áreas são reunidas na chamada região
auditiva central, ocupando o chamado giro de
Heschl, dentro do sulco lateral.
• Todo o conjunto é alvo das fibras talâmicas
provenientes do núcleo geniculado medial,
mas apenas uma delas é classicamente
considerada a área auditiva primária ou Al,
pelo fato de ser encontrada em todos os
mamíferos.
Surdez E A Localização Das Lesões Auditivas
• São várias as causas de surdez, desde traumatismos, infecções, substâncias tóxicas até o
enrijecimento das estruturas do ouvido médio devido à idade.

SURDEZ UNILATERAL: pode ser “de condução”, SURDEZ CENTRAL: é quase sempre de difícil
quando a lesão atinge o tímpano ou a cadeia tratamento, uma vez que atinge as regiões
ossicular, ou “neural” quando estão acometidos os auditivas do tronco encefálico, mesencéfalo,
receptores auditivos ou as fibras do nervo VIII. tálamo e córtex cerebral.

RUPTURAS NO TÍMPANO: Quando não é possível


restaurá-lo, ainda assim é possível restabelecer a “IMPLANTES COCLEARES”: procedimento
audição através de pequenos microfones e realizado quando há surdez causada por lesão
amplificadores posicionados atrás da orelha e no dos receptores, enquanto as fibras do nervo
meato auditivo externo, capazes de fazer vibrar de auditivo que emergem da cóclea permanecem
forma direta os ossículos remanescentes, ou mesmo normais.
a membrana basilar.
SONS FRACOS, SONS
FORTES E A MEDIDA
DO VOLUME

• O sistema auditivo permite


discriminar, com precisão, a
intensidade dos sons.
• Vibração da Membrana Basilar e
Intensidade dos Sons
• Codificação de Volume pelas
Fibras Auditivas
• O Reflexo de Atenuação
SONS • O sistema auditivo possui um “botão de
volume" natural. Trata-se de um mecanismo
FRACOS, chamado reflexo de atenuação, cuja função é
regular automaticamente a rigidez da
membrana timpânica e da cadeia ossicular,
SONS FORTES atenuando a amplitude de suas vibrações
quando os sons incidentes são muito fortes. A
E A MEDIDA proporcionalidade entre intensidade sonora e
amplitude de vibração dessas estruturas fica
mantida, mas o coeficiente de
DO VOLUME proporcionalidade é reduzido.

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-NC-ND.


A IDENTIFICAÇÃO DOS TONS

• O sistema auditivo é eficiente na identificação


dos tons, isto é, na avaliação da frequência das
ondas sonoras.
• Tonotopia
• Algumas células poderiam ser especializadas em
tons muito agudos, outras em tons não tão
agudos, e assim por diante.
• Esta ideia revelou-se verdadeira desde os
primeiros experimentos em biofísica da audição,
realizados pelo húngaro Georg von Békésy
(1899-1972) e que lhe valeram o prêmio Nobel
de medicina ou fisiologia em 1961.
A IDENTIFICAÇÃO DOS
TONS
• Tonotopia
• Sua primeira descoberta foi sobre a
estrutura da membrana basilar: verificou
que ela é mais estreita e rígida na base do
que no ápice da cóclea.
• As frequências mais baixas fazem vibrar
melhor as regiões da membrana basilar
mais próximas do ápice da cóclea, mas não
conseguem mover facilmente as regiões
próximas à base.
• O inverso acontece para as frequências
altas: fazem vibrar mais a membrana basilar
da base do que a do ápice.
A IDENTIFICAÇÃO DOS
TONS
• Tonotopia
• As características físicas da membrana basilar levaram
Békésy a propor o conceito de tonotopia, que significa
a representação ordenada dos tons ao longo da
membrana basilar.
• O conceito revelou-se verdadeiro não só para a
membrana basilar e os receptores auditivos, mas
também para as fibras do nervo e os neurônios da
maioria das regiões do SNC que fazem parte do sistema
auditivo.
A IDENTIFICAÇÃO DOS TIMBRES
• Análise Espectral • Cada pequeno grupo de
• Um som complexo penetra no ouvido células estereociliadas internas será
externo do mesmo modo que os tons ativado para um componente
puros, e igualmente faz vibrar a senoidal.
membrana timpânica, a cadeia
ossicular, a membrana da janela oval e • A separação dos componentes será
a perilinfa das escalas vestibular e transmitida às fibras auditivas, e
timpânica.
seguirá em paralelo até o córtex.
• Como a membrana basilar é
tonotópica os componentes senoidais • O córtex cerebral recebe a
do som incidente serão “separados”, informação detalhada do som que
cada um deles fazendo vibrar um
segmento diferente da membrana entrou no sistema: sua composição
basilar (com exceção, dos de ondas, bem como as
componentes mais graves). características de cada componente
(amplitude, frequência e fase).
A IDENTIFICAÇÃO DOS TIMBRES
• Na membrana basilar, o padrão • A existência desses neurônios
de vibração desloca-se do ápice especializados tem a vantagem
para a base ou vice-versa, como adaptativa de facilitar a
uma onda se desloca sobre a identificação de sons complexos
superfície de um líquido. habituais: um pássaro, por
• Em vários níveis do sistema exemplo, identifica com maior
auditivo existem neurônios, que facilidade o canto de sua espécie
são mais ativados por sons de do que de espécies desconhecidas;
frequência modulada. Ou seja, o
padrão temporal que envolve • Dentre os macacos, as
inicialmente uma sequência de vocalizações que produzem são
receptores e fibras auditivas também mais facilmente
converge para neurônios reconhecidas.
individuais ao longo do sistema.
AGRADECEMOS A ATENÇÃO!

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