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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

Licenciatura em Direito

Camila do Carmo Saldanha Sales

Sociedade em Nome Colectivo

Chimoio,

Setembro de 2022
Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

Licenciatura em Direito

Camila do Carmo Saldanha Sales, nº 707200372

Sociedade em Nome Colectivo

Trabalho de pesquisa da Cadeira de Direito das


Sociedades Comerciais a ser apresentado à
Faculdade de Engenharia para fins avaliativos.

Docentes: Me. Júlio Malene/Ana Arone

Chimoio,

Setembro de 2022
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 1
1.1. Objectivos ........................................................................................................................ 2
1.1.1. Objectivo geral .......................................................................................................... 2
1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................... 2
1.2. Metodologia ..................................................................................................................... 2
2. Conceito de Sociedade............................................................................................................ 3
2.1. Sociedades em nome colectivo ........................................................................................ 3
2.1.1. Características ........................................................................................................... 4
2.1.2. Vantagens e desvantagens da sociedade em nome colectivo .................................... 5
2.1.3. Responsabilidade pela obrigação de entrada ............................................................. 6
2.1.4. Estatutos das sociedades em nome colectivo ............................................................ 6
2.1.5. Sócios de indústria .................................................................................................... 6
2.1.6. Concorrência e participações noutras sociedades ..................................................... 7
2.1.7. Direito à informação.................................................................................................. 7
2.1.8. Transmissão entre vivos de parte social .................................................................... 8
2.1.9. Amortização da parte social ...................................................................................... 8
2.1.10. Falecimento do sócio ............................................................................................... 9
2.1.11. Execução da parte social ......................................................................................... 9
2.1.12. Exoneração .............................................................................................................. 9
2.1.13. Exclusão do sócio .................................................................................................. 10
2.1.14. Avaliação da parte social....................................................................................... 10
2.1.15. Deliberações dos sócios ........................................................................................ 11
2.1.16. Administração e fiscalização ................................................................................. 11
2.1.17. Funcionamento da administração .......................................................................... 11
2.1.18. Extinção ou dissolução .......................................................................................... 12
3. Conclusão ............................................................................................................................. 14
4. Bibliografia ........................................................................................................................... 15
1. Introdução

O presente trabalho da disciplina de Direito das Sociedades Comerciais que ora se apresenta,
procura analisar sobre a sociedade em nome colectivo tendo em conta a responsabilidade dos
sócios.

O Código das Sociedades Comerciais, no seus artigos 254 e 256, procede a uma análise da
responsabilidade do sócio em nome colectivo em responsabilidade pela entrada e
responsabilidade pelas obrigações sociais, análise a que anda, por vezes, aliado um certo
pressuposto.

O entendimento da responsabilidade do sócio em nome colectivo como uma garantia pessoal


prestada por terceiro explica, em grande medida, o objectivo do estudo que agora se
apresenta. Em primeiro lugar, impõe-se enfocar o que resulta dos textos legais vigentes acerca
da responsabilidade do sócio em nome colectivo além da entrada. “Na sociedade em nome
colectivo o sócio, além de responder individualmente pela sua entrada, responde pelas
obrigações sociais subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os outros
sócios”. É assim que o Código das Sociedades Comerciais descreve a responsabilidade do
sócio em nome colectivo como elemento (ou “característica”) do tipo legal da sociedade em
nome colectivo.

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

 Estudar sobre a sociedade em nome colectivo.

1.1.2. Objectivos específicos

 Conceituar a sociedade e a sociedade em nome colectivo;


 Falar das características, vantagens e desvantagens da sociedade em nome colectivo;
 Discutir sobre a responsabilidade pela obrigação de entrada dos sócios e da
transmissão entre vivos de parte social.
1.2. Metodologia

Tendo em conta a especificidade do estudo, para a sua elaboração, optou-se pela consulta de
bibliografias que abordam sobre o tema do trabalho bem como de dispositivos legais que
regulam sobre a questão comercial, no caso concreto, o Código Civil e o Código Comercial.

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2. Conceito de Sociedade

Sociedade “é constituída por pessoas que mutuamente se obrigam a combinar esforços com
recursos para lograr fins comuns, repartindo, entre si, os dividendos.” E a existência da
mesma ocorre por meio de um contrato firmado por duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas,
que disponibilizam bens ou serviços para exercer uma atividade econômica visando lucro
(Almeida, 2012).

Nos termos do art. 980 do C.C, a sociedade se define, quando mais de uma pessoa, com os
mesmos propósitos e objectivos econômicos, se reúnem para a realização de negócios em
conjunto e a partilharem os resultados entre si. Da reunião destas pessoas com objectivos
comuns de realizar negócios e partilhar os resultados surge o contrato de sociedade.

2.1. Sociedades em nome colectivo

Este tipo de sociedade surgiu na Idade Média, especialmente para substituir as antigas
organizações familiares que realizavam um determinado tipo de actividade mercantil, a fim de
fazer desta actividade seu meio de subsistência. Com o passar dos tempos à referida sociedade
ligada por vínculos sanguíneos, passou a aceitar a participação de pessoas estranhas ao núcleo
familiar, facto este, que passou a exigir também que a actividade passasse a dispor um vínculo
contratual (Maarcondes, 1970).

Conforme menciona Marcondes (1970), esta sociedade é o primeiro dos tipos especificados
de sociedade comercial e que se distingue pela responsabilidade solidaria e ilimitada de todos
os sócios.

Segundo Martins (1960), a Sociedade em Nome Colectivo (SNC) é uma sociedade de pessoas
que se unem para a consecução de actividade econômica, de objectivo comercial ou civil, ou
seja, é um contrato pautado no carácter pessoal, na confiança recíproca, restringindo a
transferência de quotas de um sócio para terceiro estranho ao quadro social sem anuência dos
demais.

De acordo com Maia (2017), A sociedade em nome coletivo é um tipo de sociedade comercial
criada necessariamente por duas ou mais pessoas singulares ou coletivas (sócios), na qual
estes, para além de responderem individualmente perante a sociedade, pela realização da
entrada a que se obrigaram (em dinheiro, em espécie ou em indústria); respondem pessoal e

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ilimitadamente pelas dívidas da sociedade (perante os credores da sociedade),
subsidiariamente em relação à sociedade, mas solidariamente com os outros sócios.

2.1.1. Características

Alude Cunha (1994) que “na sociedade em nome colectivo o sócio, além de responder
individualmente pela sua entrada, responde pelas obrigações sociais subsidiariamente em
relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios”. É assim que o Código das
Sociedades Comerciais descreve a responsabilidade do sócio em nome colectivo como
elemento (ou “característica”) do tipo legal da sociedade em nome colectivo.

Esta sociedade tem como características básicas ser constituída por pessoas físicas e dividida
por quotas, onde todos os sócios respondem ilimitadamente e solidariamente pelas obrigações
sociais, ou seja, respondem integralmente pela dívida contraída pela sociedade, não
preservando nenhum dos sócios dos riscos inerentes ao investimento societário (Cunha,
1994).

Caso haja necessidade de modificações, essa deverá exigir o consentimento de todos os


sócios, eis que a sociedade tem sua origem num acordo de vontade, nos termos do n.º 1 do art.
982 do C.C.

O número mínimo de sócios admissível é de dois, sendo que, no domínio da responsabilidade,


esta será sempre ilimitada de acordo com artigo 254 do Código Comercial. Assim, ao invés do
que acontece regularmente nas sociedades comerciais, em que os credores sociais só estarão, à
partida, garantidos pelo património social, nas sociedades em nome colectivo estes podem
ainda, na eventualidade de a sociedade entrar em incumprimento, accionar o património
pessoal dos sócios (contudo, aplicar-se-á sempre o benefício da excussão prévia, isto é, a
liquidação precedente do património social).

Como há igualdade entre os sócios, e seu nome comercial obrigatório é a firma ou razão
social, que deverá conter o nome de, pelo menos, um dos sócios, seguido da designação, por
extenso ou abreviada, “SNC, nos termos da alínea b) do art. 26 e do art. 29 do Código
Comercial. No que ao capital social diz respeito, o regime societário não impõe uma cifra
mínima, uma vez que que os credores estarão protegidos pelo património pessoal dos sócios.

Neste domínio, cumpre ainda salientar, que são admitidas entradas de indústria, que se
traduzem em “serviços humanos não subordinados”. Quando existem vários devedores a regra
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no Direito Comercial é a da responsabilidade solidária. Isso significa que o credor tem o
direito de exigir a totalidade da prestação a qualquer um dos devedores (arts. 512.º, n.º 1,
518.º e 519.º, n.º 1, CC, art. 100 do Código Comercial). O devedor (solidário) que satisfizer o
direito do credor goza de direito de regresso contra cada um dos outros devedores pela parte
que lhes cabia (art. 524º CC e do art. 253 n.2 do Código Comercial). O direito de regresso é
um direito de compensação concedido legalmente ao devedor que satisfaz o direito do credor
quando existam outros devedores.

Segundo Maia (2017), quando se diz que os sócios da SNC respondem subsidiariamente em
relação à sociedade perante os credores, quer-se dizer que o património que é chamado a
responder primeiro pelas dívidas da sociedade é o património desta; só quando este não é
suficiente, é que é chamado a responder o património dos sócios (e qualquer um deles pode
ser chamado a pagar a totalidade da dívida, pois respondem solidariamente entre si).

2.1.2. Vantagens e desvantagens da sociedade em nome colectivo

Quanto às vantagens e desvantagens da sociedade em nome colectivo, Maarcondes (1970),


aponta as seguintes:

a) Vantagens da sociedade em nome colectivo


 Não existe um montante mínimo de capital social obrigatório;
 Solidariedade entre os empresários perante os credores;
 Partilha de conhecimentos e de responsabilidades entre sócios;
 Facilidade de obtenção de crédito bancário;
 Admissão de sócios de indústria;
 As entradas dos sócios podem ser em indústria, dinheiro ou outros bens;
 Os sócios de indústria não respondem pelas perdas sociais nas relações
internas.
b) Desvantagens da sociedade em nome colectivo
 Apesar de serem admitidas contribuições de indústria, o seu montante não é
computado no capital social;
 Diluição do controlo da empresa;
 Possibilidade de se verificarem conflitos entre os sócios; • responsabilidade
subsidiária aos restantes sócios; • risco de afetação do património pessoal dos
sócios às dívidas da empresa;

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 Obrigatoriedade de trabalhar em regime de contabilidade organizada;
 Complexidade de constituição e de dissolução da sociedade.

2.1.3. Responsabilidade pela obrigação de entrada

Segundo Coutinho (2001), “na sociedade em nome colectivo o sócio, além de responder
individualmente pela sua entrada, responde pelas obrigações sociais subsidiariamente em
relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios”. É assim que o Código das
Sociedades Comerciais descreve a responsabilidade do sócio em nome colectivo como
elemento (ou “característica”) do tipo legal da sociedade em nome colectivo.

Como resulta da própria noção de sociedade, os sócios obrigam-se a entrar para a sociedade
com bens ou serviços. O tipo de entradas admitido (capital, espécie ou serviços (indústria)
varia consoante o tipo societário. No que respeita às sociedades em nome colectivo são
admitido entradas de capital, incluindo a contribuição com indústria (art.254, 256, do Código
Comercial).

2.1.4. Estatutos das sociedades em nome colectivo

No que respeita aos estatutos das sociedades em nome colectivo, o artigo 255 do Código
Comercial, determina que:

1. Dos estatutos da sociedade em nome colectivo deve especialmente constar:

a) O nome completo de cada um dos sócios;


b) O valor atribuído às contribuições de indústria, para efeito da determinação da
repartição dos lucros.

2. Os sócios de indústria devem, em declaração anexa, descrever de forma sumária as


actividades que se obrigam a exercer.

2.1.5. Sócios de indústria

Segundo Coutinho (2001), não seria justo vedar a via societária à colaboração de pessoas
dotadas de poucos meios económicos na actividade mercantil. Entradas em indústria: são
entradas com serviços humanos não subordinados (Menezes, 2022). De acordo com Coutinho
(2001), com as entradas em indústria os sócios obrigam-se a prestar ou realizar determinada
atividade ou trabalho.

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Em regra, os sócios de capital participam nos lucros e nas perdas da sociedade de acordo com
a proporção dos valores nominais das respetivas partes sociais no capital social da sociedade.
De acordo com o n.º 1 do artigo 256 do Código Comercial, o valor das contribuições em
indústria não é computado no capital social. Neste entretanto, o sócio de indústria, nas
relações internas, não quinhoa nas perdas, salvo cláusula estatutária em contrário.

2.1.6. Concorrência e participações noutras sociedades

Quanto à questão da concorrência e participação dos sócios noutras sociedades, o artigo 257
do Código Comercial determina que:

1. Só com expresso consentimento de todos os outros pode um sócio exercer, por conta
própria ou alheia, actividade abrangida pelo objecto social, ser sócio de responsabilidade
ilimitada de outra sociedade, ou ser sócio com participação superior a vinte por cento no
capital ou nos lucros de sociedade cujo objecto seja, no todo ou em parte, coincidente com
aquele.

2. A sociedade pode exigir que o sócio lhe ceda o direito aos proventos obtidos ou a obter
com violação do disposto no número anterior, devendo fazê-lo nos trinta dias subsequentes ao
conhecimento do facto proibido e, em qualquer caso, até seis meses após a produção deste.

3. O consentimento previsto no n.° 1 presume-se no caso de o exercício da actividade ou a


participação noutra sociedade serem anteriores à entrada do sócio e todos os outros sócios
terem conhecimento desses factos.

2.1.7. Direito à informação

Todo o sócio que não seja administrador tem além do direito à informação consignado no
Código Comercial, o direito a ser informado do estado dos negócios e da situação patrimonial
da sociedade, devendo os administradores facultar-lhe a inspecção dos bens sociais e a
consulta na sede social da respectiva escrituração, livros e documentos. Na consulta da
escrituração, livros ou documentos e na inspecção de bens sociais pode o sócio fazer-se
acompanhar de perito, bem como usar da faculdade prevista no Código Civil no que respeita à
reprodução de documentos (nos 1 e 2 do artigo 258 do Código Comercial).

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2.1.8. Transmissão entre vivos de parte social

A Lei determina que a parte de um sócio só pode ser transmitida entre vivos, por acto
voluntário, com o consentimento expresso e unânime dos restantes sócios). Pretende-se, com
este regime, evitar a entrada de estranhos e/ou indesejados na sociedade (Coutinho 1987).

Ao abrigo do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 259 do Código Comercial, para que um sócio
possa transmitir, por acto entre vivos, a sua parte na sociedade é necessário o consentimento
de todos os outros. Os direitos especiais não se transmitem com a parte social

Segundo Coutinho (1987), a transmissão, por ato entre vivos, de forma voluntária da parte de
cada sócio designa-se de cessão de parte(s), a qual pode operar através de contrato de compra
e venda, doação, dação em cumprimento, troca ou permuta, etc

2.1.9. Amortização da parte social

O n.º 1 do artigo 260 do Código Comercial diz que a parte de um sócio deve ser amortizada
nos seguintes casos:

a) Por falecimento do sócio;


b) Por execução da parte, nos termos previstos na lei;
c) Por exoneração ou exclusão do sócio.

Se a amortização de uma parte social não for acompanhada da correspondente redução do


capital, as partes dos outros sócios serão proporcionalmente aumentadas, devendo tal facto ser
levado ao registo. Podem, porém, os sócios deliberar por unanimidade que seja criada uma ou
mais partes sociais, cujo valor nominal seja igual ao da que foi extinta, para imediata
transmissão à sócios ou a terceiros. A amortização da parte efectua-se nos termos previstos no
artigo 265. Após o registo da amortização da parte, a responsabilidade do sócio ou dos seus
sucessores no caso de morte, mantém-se por dois anos, relativamente aos negócios celebrados
antes daquele momento (n.os 2,3,4 e 5 do artigo 260 do Código Comercial

Ainda o artigo 260 do Código Comercial, nos seus n. 6, 7 e 8, os determina que não pode
proceder-se à amortização da parte social se no momento da sua efectivação a situação líquida
da sociedade, depois de satisfeita a contrapartida da amortização, se tornar inferior ao
montante do capital social. Quando haja lugar à amortização da parte social por falecimento
de sócio ou por exoneração de sócio com fundamento no n.º 2 do artigo 263 e esta não possa
efectivar-se pelos motivos previstos no número anterior, não são distribuídos lucros até que,
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sem infracção ao disposto no número anterior, seja satisfeita a contrapartida da amortização.
Quando por exclusão de sócio não possa efectivar-se a amortização pelos motivos previstos
nos números anteriores, o sócio retoma o direito aos lucros e à quota de liquidação até lhe ser
efectuado o pagamento.

2.1.10. Falecimento do sócio

A parte de um sócio só pode ser transmitida, por acto entre vivos, com o expresso
consentimento dos restantes sócios (art.259.º, n.º1 do Código Comercial). Ocorrendo o
falecimento de um sócio e se o contrato de sociedade nada preceituar em contrário, os
restantes sócios ou a sociedade devem satisfazer ao sucessor a quem couberem os direitos do
falecido o respetivo valor, a não ser que optem pela dissolução da sociedade (e o comuniquem
ao sucessor, dentro de 90 dias a contar da data em que tomarem conhecimento daquele facto);
ou optem por continuar a sociedade com o sucessor do falecido, se este o quiser (art. 261.º, n.
do Código Comercial).

2.1.11. Execução da parte social

Enquanto forem suficientes outros bens do sócio, o credor particular deste apenas pode
executar o direito aos lucros e à quota de liquidação. Quando os bens do sócio se tomarem
insuficientes, o credor pode exigir a amortização da parte daquele (n.os 1 e 2 do artigo 262 do
Código Comercial).

2.1.12. Exoneração

Para além dos casos previstos na lei ou nos estatutos, quando a duração da sociedade for por
tempo indeterminado ou se esta tiver sido constituída por toda a vida de um sócio ou por
período superior a trinta anos, qualquer sócio que tenha essa qualidade há, pelo menos, dez
anos tem o direito de se exonerar (n.º 1 do artigo 263 do Código Comercial). De acordo com
os n.os 2 e 3 do artigo 263 do Código Comercial, o mesmo direito é reconhecido a qualquer
sócio quando a sociedade, contra o seu voto expresso e apesar de haver justa causa, tenha
deliberado não destituir um administrador ou excluir um sócio, se exercer o seu direito no
prazo de noventa dias a contar da data em que tomou conhecimento do facto que permite a
exoneração. A exoneração só se efectiva no fim do ano social em que é feita a comunicação
respectiva, mas nunca antes de decorridos noventa dias sobre esta.

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2.1.13. Exclusão do sócio

No tange a exclusão do sócio nas sociedades em nome colectivo, o n.º 1 do artigo 264 do
Código Comercial diz que esta só pode ocorrer nos casos previstos na lei, nos estatutos e
ainda:

a) Quando lhe seja imputável violação grave das suas obrigações para com a sociedade,
designadamente a de não concorrência, ou quando for destituído da administração com
fundamento em justa causa que consista em facto culposo susceptível de causar
prejuízo à sociedade;
b) Em caso de interdição, inabilitação, declaração de falência ou de insolvência do sócio;
c) Quando, sendo sócio de indústria, se verificar a impossibilidade de serem prestados à
sociedade os serviços a que ficou obrigado.

2. A deliberação de exclusão deve colher os votos de todos os outros sócios e tem de ser
aprovada nos noventa dias seguintes àquele em que algum dos administradores tomou
conhecimento do facto que permite a exclusão.

3 Se a sociedade tiver apenas dois sócios, a exclusão de qualquer deles, com fundamento
nalgum dos factos previstos nas alíneas a) e e) do n.º 1, só pode ser decretada pelo tribunal.

4. O cálculo do valor da parte do sócio excluído é feito com referência ao momento da


deliberação de exclusão ou do trânsito em julgado se a exclusão resultar de decisão judicial.

2.1.14. Avaliação da parte social

Nos casos de morte, exoneração ou exclusão de um sócio, o valor da sua parte social é fixado
por um auditor de contas com base no estado da sociedade à data em que ocorreu ou produziu
efeitos o facto determinante da amortização; se houver negócios em curso, o sócio ou os
herdeiros participarão nos lucros e perdas deles resultantes. Na avaliação da parte social
observar-se-á, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 242, na parte
em que for aplicável. Sem prejuízo do disposto no n.º 6 do artigo 260, o pagamento do valor
da amortização deve ser feito, salvo acordo em contrário, dentro do prazo de seis meses a
contar do dia em que tiver ocorrido ou produzido efeitos o facto determinante da amortização
(nos 1,2 e 3 do artigo 265 do Código Comercial).

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2.1.15. Deliberações dos sócios

Salvo disposição legal ou estatutária em contrário, consideram-se tomadas as deliberações que


mereçam voto favorável da maioria dos sócios. As alterações aos estatutos, a fusão, a cisão, a
transformação, a dissolução e a designação de administradores estranhos à sociedade, só por
unanimidade podem ser deliberadas. A cada sócio pertence um voto e aplica-se à convocação
das assembleias gerais o disposto no artigo 416 (nos 1, 2, 3 e 4 do Código Comercial).

2.1.16. Administração e fiscalização

A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos


limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes.” Como expresso acima,
na sociedade em nome colectivo, a gerência fica a cargo dos sócios caso não tenha uma
expressa disposição, serão considerados gerentes, todos os sócios. De acordo com Martins
(2010), essa gerência não deve ser entendida como a administração gerencial da sociedade,
pois essa pode ser ocupada por qualquer pessoa sendo sócio ou não da firma. Esses gerentes
são os prepostos da sociedade, são as pessoas que irão actuar pela pessoa jurídica, como se
fosse a própria sociedade. Tal condição é dada pelo contrato social.

O no 1 do artigo 267 diz que todos os sócios são administradores, quer tenham constituído a
sociedade, quer tenham adquirido essa qualidade ulteriormente, salvo estipulação estatutária
em contrário. Por deliberação unânime dos sócios podem ser eleitos administradores pessoas
que não sejam sócios. Salvo estipulação estatutária em contrário, o administrador sócio só
pode ser destituído se houver justa causa, por deliberação tomada pela maioria dos restantes
sócios ou por decisão judicial proferida em acção intentada por qualquer deles. A destituição
de um administrador sócio, quando a sociedade tenha apenas dois sócios, ou quando aquele
tenha sido designado por cláusula especial dos estatutos, só pode ser decidida pelo tribunal. O
administrador não sócio pode ser destituído a todo o tempo, devendo, para isso, concorrer os
votos de todos os sócios ou da maioria, se houver justa causa. A fiscalização da sociedade
cabe, na falta de conselho fiscal ou fiscal único, a todos os sócios (nos 2, 3, 4, 5 e 6 do artigo
267 do Código Comercial).

2.1.17. Funcionamento da administração

O artigo 267 do Código Comercial, nos seus nos 1, 2 e 3, estabelece que a gestão e
representação da sociedade competem aos administradores e todos têm, salvo estipulação

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estatutária em contrário, poderes iguais e independentes. O administrador obriga a sociedade
com a sua assinatura acompanhada da menção da qualidade em que intervém, podendo esta
ser indicada através da aposição de carimbo da administração ou selo da sociedade. Qualquer
dos administradores pode opor-se aos actos que outro pretenda realizar, cabendo à maioria
dos administradores decidir sobre o mérito da oposição.

2.1.18. Extinção ou dissolução

Extinção ou Dissolução A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas nos art. 1007 do C.C e do art. 269 c.com. Dissolve-se a sociedade quando
ocorrer:

a) O número de sócio ficar reduzido à unidade sem que, no prazo de três meses, seja
reconstituída a pluralidade de sócios ou a sociedade se transforme em sociedade por
quota unipessoal;
b) O consenso unânime dos sócios;
c) A falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de seis meses;
d) Por qualquer outra causa prevista no contrato;
e) Pela realização do objectivo social, ou por este se tornar impossível, etc.

Quando a sociedade é feita apenas por dois sócios, e um deles sai da sociedade o sócio
remanescente tem o prazo três meses para encontrar outro sócio ou então a sociedade será
desfeita. O sócio remanescente pode efetuar a transformação da sociedade, passando a ser
empresário individual. O contrato poderá vir constando o prazo de funcionamento da
sociedade, sendo assim extinta na data pré-estabelecida no contrato social. A sociedade
também pode ser extinta caso a sua autorização de funcionamento seja extinta, na forma da
lei. Há também, a possibilidade de haver outra formas de dissolução da sociedade, porém
estas devem estar presente no contrato e poderão ser verificadas judicialmente quando
solicitadas. Quanto á representação, a sociedade só pode ser administrada pelos sócios, o que
impede a nomeação de terceiro para administrá-la, o entanto, a utilização da firma social, ou
seja a assinatura pela sociedade, será privativa dos que tenham os poderes necessários. Por
fim, o capital social será pelas mesmas normas das sociedades simples. Na sociedade em
nome colectivo, o credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade,
pretender a liquidação da quota do devedor nos termos do artigo 1010.⁰ do C.C. Isto quer
dizer que as cotas do sócio de uma sociedade em nome coletivo não podem ser liquidadas,

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pelos credores particulares desse sócio, em virtude de dívidas pessoais contraídas pelo
mesmo, estes deverão aguardar a dissolução ou liquidação da sociedade para que aí então
penhorem a parte do sócio – devedor.

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3. Conclusão

Do estudo apresentado, chegou a conclusão de que:

Nos seus termos, “a sociedade em geral é um contrato, pelo qual duas ou mais pessoas se
unem pondo em comum bens ou indústria, com o fim de lucrar em todas ou algumas das
espécies das operações mercantis e com o ânimo positivo de se obrigar pessoalmente como
sócios e voluntariamente.

Todos e cada um dos sócios responde solidariamente por todas e quaisquer convenções da
sociedade, posto que só um deles assignasse, uma vez que que assigne com a firma social,
salvas as restrições legisladas. Todo o sócio mercantil é solidariamente obrigado pelos
contratos sociais. Todas as vezes que a convenção entre os associados limita a sua
responsabilidade social para com terceiros, o contrato deixa de ser contrato de sócio.

Um problema se afigura, no entanto, prévio, o do âmbito da responsabilidade do sócio,


consiste na questão de saber por que obrigações sociais responde o sócio e que o sócio não
responde pelas obrigações sociais contraídas posteriormente à data em que dela sair, mas
responde pelas obrigações contraídas anteriormente à data do seu ingresso.

A parte de um sócio só pode ser transmitida, por acto entre vivos, com o expresso
consentimento dos restantes sócios que este regime restritivo da transmissão das participações
sociais é justificado com base no risco que representaria para os restantes sócios a entrada de
novos sócios, contra a sua vontade, para a sociedade, uma vez que estes, além de integrarem a
gerência, podem fazer incorrer em responsabilidade os demais sócios.

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4. Bibliografia

1. ALMEIDA, Jose Gabriel Assis de. (2012). A sociedade em conta de participação. Rio
de Janeiro: Forense
2. J. M. Coutinho de Abreu (2021). Curso de Direito Comercial – Das Sociedades,
Volume II, 7ª ed. Almedina, Coimbra.
3. MAARCONDES, Sylvio. (1970). Problemas de Direito Mercatil. São Paulo: Max
Limonad,
4. MAIA Pedro (2015). Estudos de Direito das Sociedades, Coord. J. M. Coutinho de
Abreu, 12ª ed. Almedina, Coimbra,
5. MARTINS, Fran. (1960). Sociedade por quotas no direito estrangeiro e brasileiro. V.1.
Rio de Janeiro: Forense.
6. MENEZES Cordeiro (2007). Direito das Sociedades II, Das Sociedades em Especial,
2ª ed. Almedina, Coimbra.
7. . Legislação:
 Código Civil
 Código Comercial).

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