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PASTOREANDO O CORAÇÃO DA CRIANÇA

I. POR QUE ORIENTAR AS SUAS CRIANÇAS?

Palestra Proferida pelo Dr. Tedd Tripp em Out/94 na X Conferência da Editora Fiel

***

Gn. 18:19. "Porque Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua
casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor, e
pratiquem a justiça e o juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o
que tem falado a seu respeito."

Esta passagem chama os pais para dirigirem seu filhos. Eu sei que a nossa cultura tem
se afastado desta tarefa, e que o nosso país, EUA, exporta tanto coisas boas como ruins,
e por isso eu estou certo que você também tem sido tentado a se afastar desta tarefa. A
minha oração é que nestes dias nós sejamos colocados face a face com a tarefa de dirigir
nossas crianças, e que Deus possa corrigir nossas falhas e também nos levar a
obediência.

A porção deste verso que eu quero olhar neste momento é a seguinte: "Para que ordene
a seus filhos e a sua casa". Esta passagem nos chama a ordenar a nossa casa. Deixe-me
colocar aqui , aquilo que já é óbvio. Este chamado para que nós dirijamos as nossas
crianças, implica que elas precisam de direção. As crianças não tem um conhecimento
maduro, não conhecem a si mesmas, não possuem experiência da vida, elas pedem
direção. E a palavra aqui é que nós devemos por ordem, é colocar as coisas no lugar
certo. Nós precisamos dirigir nossas crianças, o que descreve um relacionamento de
autoridade. Nós somos pessoas chamadas para dirigir nossas famílias. Deus tem nos
dado autoridade para assim agir. No meu país é difícil cumprir este mandamento, pois
nós fazemos parte de uma cultura que não gosta de autoridade. Nós não gostamos de
estar debaixo de autoridade e também não gostamos de exercer autoridade.

Razões Para Orientá-las

Quais são algumas razões pelas quais as crianças precisam se submeter a nossa
autoridade? Por que as crianças precisam de alguém que lhes diga o que é bom para
elas? Quais são as necessidades, de uma criança, que pedem direção? Como que as
crianças se beneficiam recebendo direção? Essas são as perguntas que queremos
responder através da Palavra de Deus.

A primeira razão é que ouvir os pais, é o meio pelo qual o filho ou a filha adquire o
entendimento e o temor do Senhor. Há alguma coisa em ouvir e responder aquilo que
uma pessoa sábia diz e isto ensina a criança a aprender o temor do Senhor. Em Pv.2:1-5
é apresentado uma resposta sábia à correção e à direção, pois as palavras do pai tem
sido aceitas sendo postas no depósito e o coração se aplicou ao entendimento, e, o filho,
tem recebido entendimento e discernimento, pois é através de ouvir o pai que a criança
encontra o conhecimento de Deus. Por isso nós precisamos ser dedicados no instruir
nossas crianças. Nós não devemos permitir que as nossas crianças não recebam estes
ensinamentos, pois a criança que não ouve a instrução de seu pai não vai aprender o
temor do Senhor e, sem o temor do Senhor, ela não vai encontrar o conhecimento de
Deus. É conhecendo o temor de Deus que há a possibilidade de se conhecer a Deus.
Então uma das razões porque as crianças precisam da direção dos pais é que assim elas
aprenderão o temor do Senhor. Nesta passagem você encontra muitas bênçãos que se
seguirão à obediência, e estas bênçãos não virão sobre a criança que não ouve a
instrução dos pais.

A segunda razão pela qual as crianças devem receber a direção dos pais é que este é o
meio pelo qual a filha e o filho crescerão em sabedoria e ganharão entendimento
(Pv.4:1; Pv.13:1; Pv.19:20; Pv.23:22).

A terceira razão é que, recebendo a direção dos pais, a criança terá condição de
conhecer a atitude de ser discreto e evitará problemas (Pv.5:1-2). Neste texto são
mencionados muitos avisos e advertências com relação a perigos que serão evitados
através do ouvir a instrução dos pais (Pv. 5:7). Em Pv. 7:13 menciona os sentimentos de
tristeza do homem que não deu ouvidos aos pais. Como é que a criança pode atravessar
o desafio da fornicação, da atração e do prazer sexual? Como é que se pode olhar para
estes perigos com um julgamento maduro? Pois o nossos jovens não têm se livrado
destes perigos e os jovens estão agindo de maneira que desonram a Deus no seu
comportamento. As nossas crianças precisam saber que o pecado do sexo haverá de
trazer resultados terríveis, e este texto nos diz que isto é aprendido pelo ouvir a
instrução dos pais. Pais vocês precisam instruir as suas crianças, ensinem as suas
crianças o temor do Senhor, dêem a elas direção, ajude-as a aprender a ouvi-lo, e você
tenha discernimento para ver se elas estão ouvindo, encontre um jeito de envolvê-las na
conversa como Salomão em Pv. 7:24-27. Como é que o jovem pode alcançar esta
sabedoria? ele a ganha por recebê-la através da instrução dos pais.

A quarta razão é que receber a direção dos pais é o meio pelo qual os filhos podem
desfrutar das bênçãos prometidas. A criança que receber tal instrução, terá poucas lutas
ou dificuldades na vida (Pv.1:8-9). Pois a instrução dos pais será como uma grinalda
sobre a cabeça e como um colar, e a criança que recebe esta instrução será grandemente
abençoada. As palavras dos pais são vida para a criança, trazem saúde para o corpo todo
(Pv.4:20- 22). "Aqueles que me encontram, encontram o favor do Senhor e encontram
vida", e a criança que recebe instrução dos pais, de todos os lados recebe bênçãos para
sua vida (Pv.8:32-36).

A quinta razão pela qual as crianças devem receber instrução dos pais é que recebê-la é
o meio pelo qual o filho ou filha gozará a bênção de uma vida longa. Eles haverão de
prolongar as suas vidas e trazer a prosperidade (Pv.3:1-2 e 4:10). Em Pv.7:2 é dito:
"observe o meu mandamento e vive." A promessa de uma vida longa em Efésios 6:1-3
tem a sua raiz no Velho Testamento. A bênção da vida longa é uma das coisas que Deus
coloca sobre a criança que recebe a instrução dos pais. As crianças precisam da
orientação dos pais. Elas não entendem o quanto elas necessitam disso, pois nós
vivemos em uma época em que não se faz isso com freqüência. A nossa cultura diz que
a criança tem o direito de escolha em tudo e, temos assim, entregado a elas a
responsabilidade da decisão. Mas elas não estão preparadas para tomar as decisões
sábias e acertadas, e a evidência desta falha está em todo o mundo. Nós não podemos
tratá-las como se elas tivessem maturidade para um bom julgamento, nem como se
estivessem equipadas para tomarem decisões sábias. Eu não estou sugerindo que
devamos ser pais duros e ruins, nem que devamos ser super exigentes e nada bondosos,
mas nós precisamos prover direção para nossas crianças. O que eu quero olhar é como
nós podemos dar estas instruções às crianças? Como podemos falar coisas profundas às
suas vidas? Como podemos passar além do comportamento para irmos então até os seus
corações? Nós precisamos aprender como dar a direção para que elas possam aprendê-
las.

Falhas Comumente Cometidas

Há muitas evidências de nossas falhas em fazer e em não fazer isto. E há três falhas que
estão presentes em nossas vidas. Vamos apresentar três exemplos de uma auto-
satisfação indevida, que nossas crianças têm experimentado.

A primeira, é permitirmos que as nossas crianças desenvolvam hábitos de uma vida


vazia, sem ocupação. As crianças tem recebido de nós, o poder de decisão sobre o que
vão fazer com muito do seu tempo, e nós as dispensamos das responsabilidades das
tarefas da casa, deixando que elas sentem e desfrutem das bênçãos da vida sem que elas
trabalhem por aquilo. Como resultado disso nós vemos crianças que, mais tarde, não
verão o trabalho como uma bênção para suas vidas.

A segunda é nós permitirmos, às nossas crianças, hábitos de extravagâncias. Esta se


evidencia facilmente nos detalhes particulares das suas roupas, e exigências quanto as
suas atividades e os seus prazeres.

A terceira evidência, é nós permitirmos que as nossas crianças tenham o hábito de


manifestarem as suas explosões emocionais e de ira. Nós precisamos estar dando
direção bíblica para elas nessas áreas.

Responsabilidade Paterna

Se nós vamos treiná-las, nós precisamos de alvos muito claros em nossa tarefa. Nós não
podemos realizar alguma coisa se não sabemos o queremos realizar. E é uma obrigação
específica para os pais. Em Gn.19 diz: "Eu o escolhi (Abraão)". Em Ef.6:4 nos diz:
"Pais, não provoqueis..." e esta tarefa então, é primariamente dos pais (homens). Por
isso os pais é que são chamados para esta tarefa. Certamente você se utilizará dos
talentos de sua esposa, mas saiba que a responsabilidade é sua. Cabe então ao pai
verificar se esta tarefa está sendo realizada, e que está sendo feita com qualidade. Não
estou sugerindo que as nossas esposas não tenham capacidade para realizá-las bem, mas
sim que compete a nós homens, a responsabilidade de que seja feito e com perfeição.

Alvos Sugeridos

Deixe-me sugerir dez alvos amplos nesta área. Coisas que devemos estar tentando
realizar no nosso treinamento com as crianças.

O primeiro é um ensino geral no conhecimento da Bíblia. Precisamos treiná-las a ter um


conhecimento geral das Escrituras, tal como, saber os livros da Bíblia na ordem em que
eles se encontram. Ser capazes de encontrar os textos principais das Escrituras, como o
Salmo do Bom Pastor, o relato da criação e do dilúvio, a chamada de Abraão e de José,
os dez mandamentos, as bênçãos e as maldições da aliança, a passagem de Isaías sobre
o Servo sofredor, algumas profecias do Velho Testamento sobre o Senhor Jesus Cristo,
onde encontrar as bem-aventuranças, onde se encontra o relato sobre a igreja primitiva,
onde está o relato de Jesus falando com Nicodemos, ou aonde encontrar o fruto do
Espírito, e o capítulo do amor, e ainda as qualificações para os oficiais da Igreja, e ainda
passagens que descrevem o corpo de Cristo. Isto pode ser parte do culto familiar. Eu
uma vez fiquei na casa de um pastor onde as crianças acompanhavam o culto com
cadernos de anotações, e a cada noite elas estavam acrescentando verdades aos seus
cadernos e as suas mentes.

Em segundo lugar, como alvo, nós deveríamos ensinar o Catecismo as nossas crianças.
Ensiná-las as doutrinas bíblicas através de perguntas e respostas. É interessante notar
que Dt. 6 estabelece que o ensino do pai para o filho deve ser feito através da pergunta e
da resposta.

Em terceiro lugar, devemos ensiná-las a lidar com a vida de forma bíblica. Precisamos
ensiná-las a se portar corretamente diante das ofensas e como responder às dificuldades
da vida com uma perspectiva bíblica. Quando seu filho chega em casa chorando porque
alguém o machucou, você tem a oportunidade de, nessa hora, instruir a sua criança a
não pecar nessas circunstâncias. É muito mais necessário a criança aprender a lidar com
as ofensas sofridas do que o pai ir resolver essas questões. Precisamos ensiná-las
passagens como Rm. 12 onde elas aprenderão como retornar o bem pelo mal sofrido.
Também Lc.6 que nos diz para abençoarmos aqueles que nos amaldiçoam.

Em quarto lugar, precisamos estar preocupados em treinar o caráter de nossas crianças.


O caráter delas precisa ser dirigido para dentro da linha do Senhor. Precisamos ensiná-
las a temer ao Senhor, a serem humildes, a possuírem integridade e diligência, gratidão
e lealdade, disciplina e sabedoria, discernimento e atenção, pureza e mansidão. Nós
como pais, precisamos ensiná-las a terem e a refletir estas qualidades. Essas coisas não
fazem parte da nossa cultura e por isso nós precisamos ensiná-las.

Em quinto lugar, nós precisamos ensiná-las um desenvolvimento social geral. Em


Lc.2:52 nos diz que Jesus cresceu em sabedoria e graça diante de Deus. Ele deve ter se
conduzido de tal maneira que as pessoas da sua cultura O respeitaram. Por isso nossas
crianças precisam aprender a se comportar e lidar de forma respeitável nos mais
diversos tipos de relacionamentos. Precisamos ensiná-las em todas as questões e
tentações que dizem respeito a amizades. Há algumas tentações que tem a ver com as
autoridades, outras com os professores, com os demais membros da família, e também
com toda a sociedade. E elas precisam aprender a se comportar convenientemente em
cada caso.

Em sexto lugar, nós precisamos estar preocupados em treiná-las nas questões


acadêmicas. Como pais, precisamos estar envolvidos nas questões de educação dos
nossos filhos, de forma que eles estejam aprendendo a olhar o mundo sob o prisma de
Deus. Há uma passagem muito interessante em I Rs.4:29-34 que nos diz que Salomão
era mais sábio que todos de sua época, possuindo sabedoria sob o prisma divino em
todas as questões. Assim também, devemos nós ensinar as nossas crianças a aprender
todas as questões sob este prisma.

Em sétimo lugar, nós temos de ensiná-las a ter uma visão bíblica sobre possessões. Elas
precisam ver nossas posses como dádivas de Deus e como ferramentas. Precisam ver as
pessoas como sendo mais importantes do que aquilo que possuímos. Em I Tm.5 diz que
nós não devemos confiar nas riquezas e que devemos ser ricos em boas ações.

Em oitavo lugar, temos de ensiná-las o valor do tempo. Ef. 5 nos chama para remir o
tempo porque os dias são maus. E isso não é apenas para os adultos, mas também é para
as crianças. Daí termos de ensiná-las a serem responsáveis pelo seu tempo. Eles
precisam de tempo para brincar, mas precisam entender que a vida é curta, e que há
oportunidades que exigem o uso sábio do tempo.

Em nono lugar, nós precisamos ensiná-las a desenvolver projetos que estejam


relacionados com o interesse delas. Precisamos ajudá-las a encontrar bons livros para
serem lidos, a fazer boas coisas com o seu tempo. Precisamos ensiná-las a ter resistência
e perseverança. Nós podemos fazer muito mais do que aquilo que pensamos que
podemos. Podemos trabalhar mais duro do que aquilo que nós percebemos, e nós
precisamos ensinar as nossas crianças a perseverar e continuar mesmo quando elas
perdem o interesse na tarefa, principalmente quando se tratar de tarefas longas e que
precisam muito de nós.

Em décimo lugar, elas precisam aprender a controlar as suas emoções. Nós precisamos
ensiná-las a serem pessoas que vivam baseadas nas verdades bíblicas e não nas suas
emoções e no seus sentimentos, a encontrarem as suas verdades na Palavra de Deus.
Elas precisam aprender a entender os seus sentimentos, mas a serem guiadas pelos
caminhos bíblicos. Nós precisamos ensiná-las a viver de acordo com aquilo que é justo
e reto.

Nossa Suficiência

Nós temos uma grande missão de treinamento. Será que você se cansou com esta lista
apresentada? É uma grande tarefa que Deus tem nos dado. Nós temos um grande
exército para treinar para a batalha. O inimigo está a nossa volta. Nós precisamos, então,
treinar as nossas crianças para que elas tenham uma vida útil ao Reino de Deus.

Talvez você se pergunte: aonde encontrarei forças para executar esta tarefa? Esta tarefa
é muito grande e eu nunca vou conseguir fazer isto que foi apresentado. Mas para
encerrar, leia a sua Bíblia em Ef.3 e lembre-se que o livro de Efésios tem o seguinte
esboço: Os três primeiros capítulos o Ap. Paulo apresenta a glória do evangelho. Nós
aprendemos ali sobre a grande salvação de Deus e sobre o amor de Deus que nos
elegeu. Nós aprendemos sobre a redenção que há em Cristo e também sobre o poder que
está trabalhando em nós, e como Deus nos levantou dos mortos. Paulo fala sobre a
salvação pela graça mediante a fé. Então a glória da salvação está posta nestes três
primeiros capítulos. Nos capítulos 4 a 6, Paulo focaliza as três maiores áreas da vida. No
cap. 4 ele fala da Igreja, no 5 sobre marido e mulher, e no cap. 6 sobre as crianças,
famílias e trabalho. Então as três áreas focalizadas são a Igreja, a família e o trabalho. E
na transição do capítulo 3 para o 4 nós temos esta oração maravilhosa do Apóstolo.

Leia Ef. 3:14-21, e você verá que Deus tem nos dado, na Sua graça gloriosa, o poder de
que necessitamos. Ele tem trabalhado conosco através do Seu poder em nosso ser
interior. Jesus Cristo habita em nossos corações pela fé. Nós sabemos sobre este amor
de Deus que está acima de todo entendimento, e Ele pode fazer muito mais
abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos. O poder de Deus está agindo
em cada um de nós como filhos de Deus. O Deus da glória tem levado o Seu Filho a
habitar em nossos corações. Ele está operando assim para a Sua própria glória, glória da
Sua igreja. E toda a graça de que nós precisamos para cumprir esta tarefa de pais, nós
encontramos em Jesus Cristo.

Deus tem nos dado uma grande tarefa e aquele que está em nós é maior do que esta
tarefa. E Ele é capaz de nos dar a graça que precisamos para servi-lo, então Ele nos dá
esta graça para assim fazer. E a nossa esperança de poder fazer aquilo que Deus tem nos
chamado para fazer está baseada na pessoa de Jesus Cristo. Que Deus nos dê graça para
que possamos dar a nós mesmos a determinação, e aplicarmos aquilo que Deus tem nos
chamado para fazer. Amém!

Nota: Esta é a primeira das quatro palestras proferidas pelo autor. As demais serão
disponibilizadas            posteriormente.

PASTOREANDO O CORAÇÃO DA
CRIANÇA
II. MUDANDO AS ATITUDES DO CORAÇÃO.

2ª Palestra proferida pelo Dr. Tedd Tripp, no X Encontro da Editora Fiel

***

Gn. 18:19. "Porque Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua
casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor, e
pratiquem a justiça e o juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o
que tem falado a seu respeito."

É um prazer para mim compartilhar com vocês sobre coisas que são preciosas ao meu
coração. Nos últimos anos, eu tenho gasto muito tempo tentando entender as crianças e
como pastoreá-las. E algumas coisas que vamos ver nestes dias irão ajudar-nos a
pastoreá-las. Que o Senhor nos ajude e nos dê entendimento a medida que vamos
estudar a Sua Palavra, e a ver as implicações dela. Que pela consideração da Sua
Palavra o Senhor nos dê a orientação necessária para aprendermos como pastorear as
nossas crianças. Pois nós queremos que o nosso ensino a elas, as leve a presença do
Senhor. Queremos aprender a mostra-las a depravação dos seus corações. Queremos
apontá-las o caminho a Cristo. Queremos pedir e interceder por elas, para que cheguem
a fé e ao conhecimento de Cristo. Portanto, pedimos a Ti, Senhor, que ilumines as
nossas mentes e corações para que possamos cumprir essa tarefa que Tu tens nos dado,
para a Tua própria glória.

Eu creio que nós, como pais, temos experimentado uma grande variedade de frustrações
com as nossas crianças. Quantas vezes nós nos sentimos insuficientes para essa tarefa? e
quantas vezes ficamos desencorajados para cumprir com o que nos compete? olhamos
para as nossas crianças e ficamos pensando o que vai acontecer com elas. Nós as vemos
crescendo e vemos coisas erradas nelas. E vemos que os anos estão passando
rapidamente. Então ficamos pensando como poderemos fazer o que Deus tem nos
chamado para fazer.

Entendendo o Problema Através da Bíblia.

Muitas vezes vemos as necessidades delas e não sabemos como responder às suas
necessidades. E quantas vezes nós respondemos mas não ficamos satisfeitos com a
respostas que damos. Também, com freqüência, evitamos assuntos que precisam ser
abordados. Nós estamos preocupados, nós vemos certos modelos de comportamento e
respostas e nós não sabemos de onde tudo isso vem. Nós queremos ajudá-las, mas não
estamos certos de como fazê-lo. E eu tenho descoberto que muitos pais estão frustrados
com a sua tarefa. Quero então, chamar a atenção para alguns textos que já temos olhado.
Nós precisamos entender o comportamento das crianças com os olhos das Escrituras.
Qual é a visão bíblica do comportamento. Se nós vamos entender as nossa crianças
através das Escrituras, precisamos saber então, o que as Escrituras dizem a respeito do
comportamento delas. O que as Escrituras dizem sobre o porquê as crianças fazem o
que fazem. Nós precisamos entender o que é que causa tal comportamento.

A Origem de Todo Comportamento Humano: O Coração

Leia Lc.6:43-44 e você verá que, neste texto, Deus descreve a origem do
comportamento humano. A nossa fala e o nosso coração refletem aquilo que somos.
Pode-se dizer que o nosso coração determina a nossa fala e a nossa ação. As coisas que
as nossas crianças falam e fazem, vem do coração. Nós precisamos sempre lembrar que
Marcos também ensina isso em Mc.7:20-23. Você pode verificar que algumas das
coisas relacionadas neste texto, também se encontram em sua criança. E assim as
Escrituras estão nos mostrando o que se encontra por baixo do comportamento humano.
Então, olhando para o comportamento, podemos seguir a linha que nos levará ao
coração. A fonte de onde nasce todo comportamento é o coração. E se nós queremos
entender o comportamento de nossos filhos, nós teremos de seguir até a fonte, que é o
coração deles.

Se isso é verdade, então são as atitudes do coração que estão refletidas no


comportamento. O comportamento pecaminoso começa na verdade no coração, e
aquelas atitudes do coração se externam. Isso também é verdadeiro quanto ao
comportamento correto, comportamento espiritual. Ali também o comportamento é um
reflexo da atitude do coração.

Nosso Erro: Abordar Diretamente o Comportamento

Olhando em nossas famílias, nós observamos que isso é verdadeiro. Você tem duas
crianças e um brinquedo. O que acontece? os dois certamente estarão disputando o
mesmo brinquedo. E olhando para o comportamento, verificamos um comportamento
egoísta. Como pais cristãos nós não queremos que nossas crianças tenham esse tipo de
comportamento e nós queremos que esse comportamento seja mudado, então, que
fazemos? Muitas pessoas fazem o seguinte: ‘Quem pegou o brinquedo primeiro?’ e
assim, esta criança não vai observar o ponto correto, porque na verdade você está diante
de duas crianças egoístas. A questão de quem pegou por primeiro é apenas uma questão
de justiça, mas isso não vai lidar com o verdadeiro problema, o egoísmo, pois elas
amam a si mesmas. Então as duas crianças não tem disposição em compartilhar uma
com a outra. Cada uma prefere a si mesma, e as duas estão determinadas a ter o
brinquedo da mesma forma.

Outra forma de abordar o problema é através do apelo emocional. E dizemos algo


assim: ‘eu fico muito triste de vocês agirem dessa forma. Vocês deixam o seu pai e a
sua mãe tristes por agirem assim. E o papai vai sair para o trabalho triste por isso, mas
eu ficaria tão contente de voltar para casa e encontrar vocês agindo de forma diferente’.

Há também a forma de ameaças. ‘Se vocês vão brigar por este brinquedo eu vou tomá-
lo de vocês e dá-lo para outra criança, eu vou tirar tudo de vocês’. Ao ainda: ‘vocês não
querem ser pessoas boas?...’ ou ainda ‘o que é que Jesus está sentido ao ver vocês
agindo assim?’

Eu estou certo de que nenhuma dessas abordagens vai resolver o problema. Todas elas
são tentativas de mudar o comportamento. É verdade que o comportamento precisa ser
mudado, e é óbvio que temos de dizer para elas que precisam compartilhar as suas
coisas, mas o assunto mais profundo aqui não é lidar com o comportamento dessas
crianças.

Eu vou lhes contar uma história que aconteceu comigo enquanto utilizava a forma de
‘quem pegou o brinquedo por primeiro?’. Em uma manhã, quando acordamos, não
havia um brinquedo sequer na caixa que se utilizava para guardá-los. Meu filho mais
velho tinha acordado mais cedo e tinha então se apossado de todos os brinquedos.
Quando ele queria brincar com certo brinquedo ele então ia apanhá-lo no local aonde
estavam escondidos. Ele tinha este direito, pois os tinha pego por primeiro. Veja o
problema que eu tinha criado ali.

A Mudança tem de ser do Coração

Pense o seguinte, se nós formos focalizar apenas o comportamento, nós vamos ficar
perdidos em algum momento, e nunca conseguiremos levar as nossas crianças até a
Cruz de Cristo. Você não vai conseguir levá-las até a cruz com esses tipos de atitudes
descritos anteriormente. Pense no seguinte: vamos supor que venhamos a mudar o
comportamento sem mudar o coração. Então as atitudes do coração não estão mudadas,
mas de alguma forma eu conseguiu manipular a sua criança para que ela não seja
egoísta com os seus brinquedos. Será que é isso que nós queremos para elas? a palavra
bíblica para isso é hipocrisia, moralismo ou legalismo. Isso não é mudança bíblica.

Sabe o que mais acontece quando se tenta mudar apenas o comportamento? a mudança
não será duradoura. Nós já experimentamos isso algumas vezes, como quando as
crianças estão no quarto brigando e você entra no quarto e faz com que elas parem de
brigar. Quando você se retira do quarto elas logo reiniciam a briga novamente. Qual é o
problema? o coração não foi abordado. Esse comportamento egoísta tem sua origem no
coração e está ligado ao fato de elas amarem a si mesmas em primeiro lugar. O
problema é muito mais profundo, pois está ligado a um coração que está longe de Deus.
É um coração que diz que encontrará a sua alegria agradando a si mesmo. E o que o vai
agradar mais, é manter o brinquedo consigo ao invés de com seu irmão. Note que o
problema da luta ou da porfia tem sua origem no coração. O que nós queremos ver é um
coração mudado. Nós queremos ver um coração que mudou do amor por si mesmo para
o amor pelo próximo e pelo Senhor. Nós queremos ver nossas crianças como imitadoras
de Cristo como Fp.2 diz. Queremos vê-las como o Ap. Paulo via a Timóteo. Queremos
vê-las motivadas não pelo auto-interesse, mas pelo interesse pelos outros.

Portanto, um comportamento mudado que dura e permanece, começa pela mudança do


coração. Lembre-se que do que o coração está cheio é o que a boca fala. Enquanto
focalizarmos apenas o comportamento, nós cairemos em todo tipo de problemas no
educar as nossas crianças. Vamos acabar nos tornando em pessoas que vamos viver nos
queixando delas. Ou vamos acabar gritando com elas, ou vamos nos enganar dizendo a
nós mesmos que elas de alguma forma irão superar isso no futuro. Ou o que é pior, nós
daremos a elas alguns parâmetros, que dispensarão o conhecimento da graça de Deus.

Segundo as Escrituras a Mudança Tem de Ser Interna

As Escrituras nos dizem que a lei de Deus se resume em amar a Deus e amar ao
próximo, mas se nós não mexermos com o coração de nossas crianças, nós podemos
acabar por substituir esta lei para nossas crianças, estabelecendo um outro parâmetro do
qual elas sejam capazes de cumprir. Por exemplo, se duas crianças estão brigando pelo
mesmo brinquedo e você diz então que cada uma vai brincar com este brinquedo por
dez minutos. Você então estabeleceu um padrão que elas podem guardar sem conhecer a
graça de Deus. E quando nós reduzimos o comportamento das nossas crianças a esse
tipo de lei, estamos afastando-as de Cristo e da cruz. Não é preciso graça para esperar
por dez minutos por um brinquedo, mas deixar que o meu próximo brinque com o meu
brinquedo, vai exigir de mim graça para amá-lo em primeiro lugar.

Mudanças que vão permanecer nunca acontecerão através da mudança apenas do


comportamento. Mudanças que permanecem acontecem quando não nos limitamos as
mudanças do comportamento, mas vamos até a atitude do coração, e então vamos olhar
a atitude do coração que está por detrás da atitude do comportamento.

Vamos então, falar as nossas crianças da necessidade delas de arrependimento e fé em


Cristo. É Cristo quem pode trazer mudanças permanentes no coração. Arrependimento e
fé em Cristo é que vão mudar um coração que está cheio de amor próprio, por um amor
pelo Senhor e pelo próximo, e aí então, produzirá um comportamento reto. Eu não estou
falando sobre o evento que se chama Salvação, mas em ensinar as nossas crianças,
seguidamente, que o problema está no coração. Assim a questão é o que fazer para
mudar o coração e não apenas o comportamento. Como é que eu posso ir além das
camadas do comportamento e chegar o próprio coração? Como dizer as crianças que o
problema delas não está em ter um único brinquedo mas sim nos seus corações? Como
falar com elas sobre isso de forma que elas apreendam? Como, então, pedir a elas que se
arrependam e confiem em Cristo? Como mostrá-las que Cristo veio para efetuar a
mudança do nosso coração?

Então quando eu vou abordá-las, eu devo ir da seguinte forma: Mudança de


comportamento não é o único problema aqui. É certo que eu devo mudar o
comportamento, mas é preciso entender que a tarefa é maior do que isso. Eu quero que
elas entendam o seu coração, ajudando-as a entender que é o coração delas que tem se
desviado da atitude correta. E a minha intenção é adverti-la de forma que exponha a
questão do coração. Não estou falando de esmagá-las com todo tipo de acusação, mas
de falar-lhes de forma amorosa e gentil do problema exato, e da mudança que o
evangelho traz que haverá de abranger todo o ser. O evangelho é o poder de Deus para
mudar as pessoas de dentro para fora..

Eu não estou falando sobre o novo nascimento, mas sim sobre ensiná-las que o seu
problema é no coração. Eu estou falando sobre usar os problemas do dia a dia como um
trampolim para apresentá-las o coração mau.

Alguns Exemplos Práticos

Como exemplo, gostaria de contar-lhes duas histórias. Esta aconteceu na escola que
pertence a nossa igreja. Um dia estavam dois jovens brigando no parque, e a professora
os trouxe para falar comigo. Eu convidei um dos garotos para entrar na minha sala.
Quando ele entrou, eu comecei a conversar com ele sobre o que havia acontecido no
parque. Então aprendi uma coisa muito interessante. Que naquela classe havia três
garotos que eram muito populares, e que todos queriam tê-los como amigos. E este
menino com quem eu estava falando era um dos que não havia conseguido penetrar no
grupo dos três, mas que estava quase chegando lá. E que o menino com o qual ele
estava brigando no parque, era um dos que estavam ainda muito longe dos três. Então
neste dia ele estava tentando ser aceito pelo grupo dos três. E o garoto com quem eu
estava conversando ficou muito bravo, pois ele se sentiu desafiado pelo outro que estava
muito mais distante do grupo, por isso iniciaram a briga.

Comecei, então, a conversar com ele sobre o seu comportamento e eu disse a ele que ele
não estava sendo bondoso para com o outro garoto. Você sabe que precisa ser bondoso
com o seu colega. Então, depois de lhe apresentar a causa real do problema, lhe
indaguei sobre qual era a atitude do coração que o levava a tratar o outro daquela forma.
Tendo me respondido de maneira tríplice. Que era o orgulho, egoísmo e sem amor. Ao
que lhe apresentei a Cristo e o poder do evangelho. Que Jesus veio ao mundo para
mudar pessoas como você e eu de dentro para fora., e Jesus pode mudar você de
maneira que não seja egoísta e tenha amor pelos outros. Depois falei a ele sobre estas
coisas já mencionadas, orei com ele e o mandei volta para a classe.

Eu sabia qual era o problema do outro menino. Era alguém que se encontrava muito
ferido por estar sendo excluído do grupo. Falei a ele que conhecia esta sentimento de ser
excluído pelos outros; que é uma coisa muito dolorosa ser uma pessoa rejeitada pelos
outros colegas; é muito doloroso ser considerado como alguém que não é atrativo.
Comecei a falar-lhe sobre Alguém que sabia muito bem o que é não ser atrativo aos
outros. Lembra-se de Is. 53? "Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens; não havia
nEle formosura para que o desejássemos". E ao falar sobre esta pessoa, Jesus, as
lágrimas começaram a rolar dos olhos do menino. Depois de orar com ele, mandei-o de
volta a classe.

Mais tarde a professora deles me telefonou dizendo que não sabia o que eu tinha feito
com os garotos, mas que tinha visto o primeiro garoto ser bondoso para com o segundo
por todo o restante do dia.

Eu poderia ter falado com estes garotos dizendo que na escola era proibido brigas e que
se eles brigassem outra vez seriam mandados de volta para as suas casas. Ou fazê-los
escrever cem vezes a frase ‘não vou mais brigar na escola’. Se mais uma vez eu os
encontrar brigando , vocês vão ver uma coisa.... O que não os mudaria em nada, pois o
problema deles era mais profundo do que simplesmente uma briga. O problema era que
eles tinham pecado no coração e que precisavam da graça de Cristo.

A outra história aconteceu num domingo pela manhã, após a pregação. Um jovem
recém-convertido veio falar comigo muito perturbado e ele me disse que havia visto um
garoto roubando dinheiro de dentro do gasofilácio. Então lhe mandei falar com o pai do
garoto sobre o que ele tinha visto, e em poucos minutos o pai e o garoto vieram ter
comigo. O pai do garoto me disse que o seu filho havia roubado dois dólares da coleta, e
mandou então que ele me desse o dinheiro. E o garoto me deu os dois dólares.

Comecei a falar para aquele garoto sobre a graça maravilhosa de Deus. Disse-lhe: ‘Deus
é tão bom para você! Pois Ele demonstrou graça não permitindo que você obtivesse
sucesso no seu intento. Porque se você tivesse conseguido fazer sem que ninguém o
percebesse, isso lhe causaria um grande mal ao coração. Mas o problema está no seu
coração, Há algo dentro dele que faz você desejar tanto aquele dinheiro que o leva a
roubá-lo. Mas eu tenho uma boa notícia para você: ‘o Senhor Jesus é poderoso para o
salvar, se você confiar em Cristo, Ele vai mudar o seu coração. Mas se não tiver o seu
coração mudado por Cristo, você irá continuar roubando por toda a sua vida. Jesus está
tão cheio de graça e de misericórdia, que Ele não deixou você ter êxito no seu plano, e
isto lhe deu a oportunidade de ouvir isso que estou lhe falando. Então lhe perguntei:
Jesus não é mesmo maravilhoso? e naquele momento ele parou, enfiou a mão no bolso e
retirou uma nota de vinte dólares, e me entregou.

Ele estava pronto a me devolver os dois e guardar os vinte. Iria fingir que estava muito
sentido com o que havia feito. Diria que estava muito triste com aquilo, e me daria os
dois dólares, mas ficaria com os vinte. O pior de tudo é que ele continuaria fazendo a
mesma coisa, pois obtivera bom êxito. Quando eu comecei a falar-lhe sobre a graça de
Deus, então o seu coração de desmanchou diante de nós. E quando falei sobre a
misericórdia de Deus, ele não podia mais continuar escondendo os vinte dólares.

Isso é o que precisamos fazer com as nossas crianças. Fazê-las entender que o problema
delas não é apenas de comportamento, mas é o que está por detrás do comportamento. O
problema são as atitudes do coração que Deus condena. Estas são as más notícias. E as
boas notícias é que Jesus veio mudar o coração e através do arrependimento e da fé em
Cristo, nós podemos ter um novo coração. Deus faz transplante de coração, Ele tira o
coração de pedra e coloca o coração de carne. Nos dá do Seu Espírito, que faz-nos andar
nos seus caminhos. Precisamos colocar sempre e de forma contínua estas informações
diante de nossas crianças.

Você pode ver que se continuar sempre mudando o comportamento, não chegará nunca
nisso? É preciso chegar no coração para que se possa chegar na cruz.

Conhecendo Primeiramente o Meu Coração

Podemos dizer que estas coisas só serão perfeitamente compreendidas quando


experimentados e não apenas faladas. Como que as suas crianças vão aprender estas
coisas? Se nós, como pais, temos corações duros, elas nunca irão aprender estas coisas.
Precisamos primeiramente compreender o que está por trás do nosso comportamento
entendendo o nosso próprio coração. Somente depois disso é que nós poderemos
ministrar o coração de nossas crianças. Nos posicionando acima delas, como
autoridades, por estar aplicando primeiramente a nós mesmos, mas também ao lado
delas como quem entende e sofre também esta mesma luta.

Quando eu comecei a ensinar as minhas crianças sobre o egoísmo, eu comecei a


entender um pouco melhor, como estas coisas acontecem no coração humano, pois vi no
meu próprio coração o desejo de ser o primeiro em tudo e então pude me colocar lado a
lado com elas. E pude então dizer para elas que há esperança para alguém nós, porque o
Senhor Jesus veio para mudar os nossos corações. Ele veio para nos fazer novo de
dentro para fora.

Que Deus nos dê graça para podermos abordar a questão real com as nossas crianças.

Eu creio que a maioria destas coisas são novas para você. Quero então desafiá-lo a
pensar sobre estas coisas. Que você comece consigo avaliando as atitudes do seu
próprio coração. Então leve a sua criança junto com você para o caminho que conduz à
cruz de Cristo.

Oração Final

Ó Deus! queremos Te pedir que tomes estas coisas e as tornes clara para nós. Que Tu
nos dê entendimento sobre as nossas crianças. Ajuda-nos a nunca manipulá-las. Dá-nos
uma preocupação, por elas, que vá além da superfície do comportamento. Ajuda-nos a
leva-las a ver a necessidade do coração delas, e a sermos capazes de lhes mostrar a
beleza de Cristo, para que possamos lhes apresentar este Salvador que é poderoso para
nos salvar, e que pode mudar-nos a partir do nosso interior, que trabalha através do Seu
Espírito no nosso homem interior. Ajuda-nos, Senhor, a pastorear as nossas crianças
desta formar, em nome de Jesus. Amém!

PASTOREANDO O CORAÇÃO DA CRIANÇA


 

III. OBEDIÊNCIA: UMA BÊNÇÃO PARA A CRIANÇA.

3ª Palestra proferida pelo Dr. Tedd Tripp, no X Encontro da Editora Fiel

***

Gn. 18:19. "Porque Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua
casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor, e
pratiquem a justiça e o juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o
que tem falado a seu respeito."

 
Nós vimos anteriormente, que o problema das nossas crianças não está limitado ao
comportamento, mas está diretamente ligado ao coração pecador. Que não basta mudar
o comportamento, e sim o próprio coração. Que precisamos fazer com que as nossas
crianças vejam que o problema real está no seu coração. Assim poderemos educar
corretamente as nossas crianças, livrando-nos da tendência errada de corrigir meramente
o comportamento e não desprezando a mudança de coração.
 
Conhecendo as Atitudes do Coração
Agora vamos ver mais detalhadamente as possibilidades das atitudes do coração, como
por exemplo a motivação para vingança que pode estar infiltrada no coração da criança.
O qual pode ser expresso na atitude de bater em alguém, que é apenas uma
exteriorização da atitude vingativa do coração. Sendo que o contrário desta atitude seria
o confiar a Deus esta vingança, o que gostaríamos de ver nelas.
Outra atitude que pode estar no seu coração é o temor do homem, o que seria o oposto
do temor a Deus. Ou ainda pelo orgulho, que é o oposto da humildade. O amor próprio
em oposição ao amar ao próximo (Fl.2). A motivação pela auto-preservação, ao invés de
dar a sua vida por outro (Mc.19). Talvez esteja motivado pelo temor ao invés do amor
perfeito que lança fora o medo. A cobiça em oposição a generosidade. A inveja ao invés
do desejo do bem para os outros. O ódio ao invés do amor.
Veja que aí nós encontramos uma grande variedade de atitudes do coração. E em cada
uma delas não nos cabe impor as nossas crianças a atitude correta apenas. Mas em
aconselhá-las e levá-las a entender estas coisas. Eu quero ajudá-las a entender o que vai
dentro dos seus corações.
Isto que foi apresentado, não esgota todas as atitudes do coração, mas serve apenas
como exemplos para você poder entender corretamente o que estou falando.
No próximo capítulo, nós abordaremos sobre a punição e castigos físicos. Mas mesmo
quando se estiver usando a disciplina física, deve-se ter em mente que o problema é a
atitude do coração. Pode ter momentos em que não se pode esclarecer isso a criança,
mas eu, na minha mente, tenho de ter esta consciência. Vamos sempre lembrar que a
"boca fala do que está cheio o coração".
 
Conhecendo o Sentimento do Coração
Como sugestão eu gostaria de abordar agora sobre a necessidade de se perguntar sempre
o ‘por quê’ para as nossas crianças. Esta pergunta é sempre terrível para elas. Quando se
pergunta a elas: ‘por que você fez
isto?’ mas elas podem nos responder de forma bem elaborada. Então quando quisermos
entender a situação devemos perguntar o que elas estavam sentindo quando fizeram
aquilo, ou como você se sente quando vê alguém agindo assim? ou perguntar-lhes sobre
aquelas coisas que as ferem, ou sobre os desapontamentos. Nós precisamos aprender a
fazer perguntas que as sondem e que faça com que elas abram o coração. Em oposição a
isso é comum nós vermos os pais dizerem para as suas crianças que elas não devem se
sentir feridas ou magoadas, mas agindo assim, é como se estivessem dizendo que não
querem ouvir sobre os seus sentimentos. Esta atitude não vai fazer com que elas deixem
de sentir-se mal por algo que sofreram, mas serão desincentivadas a nos falar sobre
estes assuntos. É assim que nós queremos que elas ajam para conosco? Você quer que
elas cheguem a conclusão de que não está interessado em falar sobre o que está lhes
provocando sofrimento? Não seria melhor ouvi-las e ajudá-las a entender o que está
acontecendo e a responder de forma bíblica sobre todas estas questões?
Quando a minha filha estava no colegial, aconteceu que ela tinha um professor que não
gostava dela. E isto era verdade somente pelo fato de ela ser irmã de um outro aluno que
ele gostava muito, e ela não era muito amiga do irmão. E ela passou quatro anos
estudando com este professor que lhe perseguiu durante este tempo todo. O que você
acha se nós lhes tivéssemos dito que não deveria se sentir assim para com o professor?
que ela não deveria falar sobre este assunto em casa? provavelmente nós encerraríamos
as reclamações dela, mas não resolveríamos o problema para ela. Nós teríamos apenas
nos demovido da posição de pais que poderiam ajudá-la. Ao invés disso, nós buscamos
e tivemos muitas oportunidades para falar com ela sobre aquele problema. Olhamos
muitas passagens bíblicas que nos ensinam como podemos responder quando somos
tratados com injustiça.
Há passagens como 1Pe.2. A segunda parte deste capítulo é sobre como responder a
injustiça, onde estabelece uma base muito mais segura para como abordar este tipo de
problema. Portanto não tenha medo de validar aquilo que causa sofrimento as suas
crianças. Deixe que elas percebam que você entende o problema, para que você possa
manter a posição da onde possa
dar discernimento bíblico sobre o problema. E para fazer isso é necessário que
estejamos preparados para conversar com as nossas crianças. Com as crianças pequenas
nós vamos ter de falar sobre isso uma vez, mas com as maiores, elas vão precisar de
tempo para pensar sobre isto. Então nossa forma de abordagem deve ser diferente,
como: "talvez o que esteja acontecendo com você seja isso..." E depois voltar
novamente e falar mais um pouco. Temos de tomar cuidado para não fecharmos a porta
da conversa com a nossa resposta brusca ou irada.
Tg.1:19 nos diz que não será através da nossa ira que nossos filhos obterão retidão
diante de Deus. Quando nós abordamos ou respondemos com ira eles não falarão
conosco, apenas ouvirão, pois eles sabem que quando se está irado não há resposta certa
para todas as questões envolvidas no problema. E que não poderão fazer nada para
retirar a nossa ira. Seja então pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar,
porque a ira do homem não causa a vida reta que Deus deseja. As nossas crianças não
vão corresponder acertadamente, simplesmente porque nos iramos.
 
Empatia: Abertura para o Diálogo
Também é necessário que façamos no nosso lar um ambiente de aceitação para as
nossas crianças. Onde não há nenhum assunto proibido que não possa ser conversado.
Precisamos dizer algo como: "Não há nada que você venha a me dizer que eu não vá
ouvir de forma séria. Talvez eu não concorde com você, mas eu vou ouvi-lo, e eu vou
falar com você seriamente sobre as suas idéias e seus problemas". Então, precisamos
ajudar nossas crianças a caminharem do comportamento para a atitude do coração.
Para podermos fazer assim, teremos uma grande ajuda se nós mesmos entendermos
como o pecado age em nós. Se soubermos como o pecado age conosco teremos
discernimento para ajudar as nossas crianças nessas mesmas questões. As Escrituras nos
dizem que os mesmos problemas com o pecado enfrentam todos os homens, inclusive as
crianças. Use então este entendimento para trabalhar e atrair as suas crianças, pois assim
fazendo, estaremos comunicado-lhes que nós as entendemos e que estamos juntos com
elas, e podemos mostra-lhes então, a solução destes problemas em Cristo. É importante
para elas perceberem que nós, os pais, somo iguais a elas. E que nós também
necessitamos buscar graça em Cristo para os nossos problemas com o pecado, assim
como elas.
 
O Círculo da Bênção
Ef. 6:1-3 "Vós filhos sedes obedientes a vossos pais, no Senhor, porque isto é justo.
Honra a teu pai e a tua mãe que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá
bem e sejas de longa vida sobre a terra". Quando meus pais se converteram, eu era ainda
muito jovem e eles começaram desde cedo a nos ensinar a memorizar versículos. Um
dos primeiros que nós aprendemos foi exatamente este. E certa noite, meu pai tinha um
amigo seu em casa para o jantar e quando nós fazíamos qualquer tipo de desobediência,
ele simplesmente nos dizia: Ef.6:1, e nós então o obedecíamos. Então o seu amigo lhe
perguntou: o que é Ef.6:1? eu estou precisando disso em minha casa, pois vejo que aqui
isso funciona de forma maravilhosa. Este é um bom trecho das escrituras para ensinar as
nossas crianças.
Agora, o que Deus tem feito em Ef.6:1 é o seguinte diagrama:
 
Círculo da Bênção
Ef. 6:1-3
                          DESOBEDECER

                                Insegurança


 
Deus tem neste diagrama desenhado um circulo dentro do qual a criança deve obedecer.
Os limites deste círculo é que a criança tem de honrar e obedecer seu pai e sua mãe. E
Deus diz que a criança tem de ficar dentro dos limites deste círculo e ele coloca junto
duas promessas: Vida longa e tudo irá bem. Então, este círculo de bênção, formado por
Deus, coloca a criança debaixo da autoridade dos pais, para poder desfrutar de proteção.
E esta obediência é extensiva a Deus, pois quando elas obedecem aos pais estão sendo
obedientes a Deus. Por isso elas devem obedecer aos pais no Senhor.
As crianças devem estar familiarizadas com o conceito de que elas foram criadas para o
Senhor. E o Senhor tem prometido grandes bênçãos se elas ficarem dentro deste círculo.
 
O Que o Texto nos Ensina?
Vamos definir melhor as palavras "Honra" e "Obediência".
Honrar os pais significa estimá-los e respeitá-los por causa da posição de autoridade
deles. E elas nos honrarão como resultado de duas coisas. Mas antes de adentrarmos
nestes conceitos, temos de ver a necessidade de incutir nelas a importância de se honrar
a quem merece honra, pois em nossos dias não se atribui honra a ninguém, não se
respeita ninguém. Elas devem ser orientadas a falar de maneira correta com as pessoas
que merecem honra. Nunca deverão falar, aos pais, de forma imperativa. Devem
aprender a expressar seus pensamentos de uma forma que demonstre respeito para com
seus pais. Podemos dizer-lhes algo assim: "Desculpe querido(a), mas Deus me fez seu
pai e você deve me tratar com honra. Vamos ver se você consegue encontrar uma forma
respeitosa de expressar o mesmo pensamento." ou "querido(a), eu não sou um de seus
amigos, talvez você possa falar assim com ele, mas eu sou seu pai e você me deve
respeito no falar", ou ainda "Querido, você não pode dar ordens ao seu pai, você pode
pedir alguma coisa, mas não dar ordens, porque Deus me fez o seu pai e você precisa
me tratar com honra, e Deus diz que se você fizer assim, Ele dará a você vida longa e
tudo te irá bem". Este tipo de ação nossa deve ser estendida a qualquer forma ou
expressão de desrespeito ou desonra, como gestos, caretas, olhares, palavras ou atitudes.
Este treinamento deve ter início o mais cedo possível, não espere a adolescência, pois
você terá de enfrentar o comportamento de desonra delas para com você, e poderá não
ter mais solução. Adolescentes que sabem respeitar, aprenderam isso com idade entre 1
e 5 anos, após isso torna-se muito mais difícil o aprendizado da criança nesta área de
comportamento.
Também é necessário que tenhamos em nossas mentes que é necessário, de nossa parte,
respeito para com elas. Quando errarmos, devemos pedir-lhes desculpas, pois está
envolvido aqui a regra do que se planta é o que se colhe. E isto é verdadeiro no processo
de educar as crianças, como também em outras áreas da vida.
 
Vamos, então, definir Obediência.
Esta palavra não é muito popular em nossos dias e na verdade é popular hoje a idéia de
se ser positivo, afirmativo, e de reagir as coisas que nos são apresentadas. Sendo que,
obediência é submissão a alguém em autoridade, ou seja, obedecer ao que lhe foi
mandado, e fazer quando lhe foi mandado. Eu tenho em minha casa um cartaz com a
seguinte expressão: "OBEDECER É OBEDECER SEM DESAFIAR, SEM
DESCULPAS E SEM ATRASOS". E os meus filhos fizeram para si este mesmo cartaz
para utilizar em suas casas. E isto demonstra a importância que estas coisas tiveram em
suas vidas, de como foram benéficas para eles e as querem também estendê-las aos seus
filhos. Como pais é preciso termos as nossas crianças nos obedecendo e nos honrando,
pois é isto que Deus disse que elas devem fazer.
Quem é Beneficiado com a Obediência e a Honra?
Agora vamos analisar a seguinte questão: Quem é que vai se beneficiar do ato de uma
criança honrar e obedecer seus pais? É claro que a criança será a beneficiada, pois é isto
que o texto de Ef..6:1 nos diz. Portanto aprender a obedecer é para o benefício da
própria criança. Não é simplesmente para o nosso agrado como autoridades. Mas isto é
bom para elas e Deus assim o manda fazer, em benefício delas.
Precisamos treiná-las a obedecer de pronto, não após ameaças ou quando elas quiserem.
Também, conseguir que nossas crianças façam aquilo que queremos que façam não
significa exatamente obediência, pois poderá ser através de uma simples negociação -
faça isso que eu lhe dou isso..., mas nós precisamos faze-las sentir prazer em nos
obedecer, porque isso será bom para elas. E precisamos ser constantes em nosso
treinamento, e prontos a enfrentar a cultura de nossa época, que perdeu o conceito de
autoridade. Precisamos ser consistentes, e nossas regras precisam ser as mesmas todos
os dias, assim como as expectativas também.
Se o círculo da obediência e da honra é o lugar onde a criança poderá desfrutar de
segurança e bênção, por implicação quando ela se afasta deste local ela está em local de
perigo, pois ao abandonar o círculo, terá perdido a promessa de que tudo lhe irá bem e
que serão longos os seus dias. Portanto a desobediência é a causa do afastamento da
promessa de Deus e o caminho da correção e da disciplina por parte dos pais, é o
caminho de volta ao local da bênção para nossos filhos.
Quem é beneficiado com a disciplina e a correção? claro que é a criança. Se moramos
em uma rua movimentada e nossa criança vai para o meio da rua, não vamos ficar
parados observando para ver o que acontece a ela, mas nós vamos logo tirá-la de onde
está e a colocamos de volta num local seguro. Isto é o que a disciplina e a correção faz
com a criança. Disciplina e correção é uma missão de resgate. É tirar a criança de um
lugar de perigo e colocá-la em um lugar seguro. Então, o benefício é todo para a
criança. Quando nós somos os beneficiados com o processo, então estamos invertendo
todo o processo, e estamos passando para elas o conceito que diz: nenhuma criança
minha vai me desobedecer. Nós as estamos corrigindo porque não queremos que elas
sejam inconvenientes a nós.
Nós temos neste texto uma mandato para agir. Mas é para o benefício da criança, para
traze-la de volta ao lugar onde tudo lhe irá bem e terá vida longa - Bênção de Deus.
 
Senhor dá-nos sabedoria, pois reconhecemos que esta tarefa é muito grande e é demais
para nós. Lembra-nos que aquilo que Tu nos ordenas, também nos capacitas. Que Tu
nos deste o mandamento para treinar nossas criança. Dá-nos, também a força e a
habilidade para cumpri-lo. Ajuda-nos a sermos resolutos e fortes para que tenhamos
coragem para fazer aquilo que Tu nos mandas. E nós Te pedimos isto para que Cristo
seja glorificado na Tua igreja, no nome de quem oramos. Amém.

Uma Palavra aos Pais

A.      W. Pink

***

Uma das mais infelizes e trágicas características de nossa civilização é a excessiva


desobediência aos pais da parte dos filhos, quando menores, e a falta de reverência e
respeito, quando grandes. Infelizmente, isto se evidencia de muitas maneiras inclusive
em famílias cristãs.

Em nossas abundantes viagens nestes últimos trinta anos, fomos recebidos em muitos
lares. A piedade e a beleza de alguns deles ainda permanecem em nossos corações como
agradáveis e singelas recordações. Outros lares, porém, nos transmitiram as mais
dolorosas impressões. Os filhos obstinados ou mimados não apenas trazem para si
mesmos perpétua infelicidade, mas também causam desconforto para todos que se
relacionam com eles e prenunciam coisas ruins para os dias vindouros.

Na maioria dos casos, os filhos são menos culpados do que seus pais. A falta de honra
aos pais, onde quer que a achemos, deve-se, em grande medida, aos pais afastarem-se
do padrão das Escrituras. Atualmente, o pai imagina que cumpre suas obrigações ao
fornecer alimento e vestuário para os filhos e, ocasionalmente, ao agir como um tipo de
policial de moralidade. Com muita freqüência, a mãe se contenta em desempenhar a
função de uma criada doméstica, tornando-se escrava dos filhos, realizando várias
tarefas que estes poderiam fazer, para deixá-los livres em atividades frívolas, ao invés
de treiná-los a serem pessoas úteis. A conseqüência tem sido que o lar, o qual deveria
ser, por causa de sua ordem, santidade e amor, uma miniatura do céu, degenerou-se em
“um ponto de parada para o dia e um estacionamento para a noite”, conforme alguém
sucintamente afirmou. Antes de esboçarmos os deveres dos pais em relação aos filhos,
devemos ressaltar que eles não podem disciplinar adequadamente seus filhos, a menos
que primeiramente tenham aprendido a governar a si mesmos. Como podem eles
esperar que a obstinação de suas crianças sejam dominadas e controladas as
manifestações de ira, se eles mesmos dão livre curso à seus próprios sentimentos. O
caráter dos pais é amplamente reproduzido em seus descendentes. “Viveu Adão cento e
trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn 5.3). Os
pais devem eles mesmos viver em submissão a Deus, se desejam obediência da parte de
seus filhos. Este princípio é enfatizado muitas e muitas vezes nas Escrituras. “Tu, pois,
que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo?” (Rm 2.21). A respeito do pastor ou
presbítero da igreja está escrito que ele tem de ser alguém “que governe bem a própria
casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe
governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (1 Tm 3.5). E, se um
homem ou uma mulher não sabem como dominar seu próprio espírito (Pv 25.28), como
poderão cuidar de seus filhos? Deus confiou aos pais um solene e valoroso privilégio.
Não exageramos ao afirmar que em suas mãos estão depositadas a esperança e a bênção,
ou a maldição e a ruína da próxima geração.

Suas famílias são os berçários da Igreja e do Estado, e, de acordo com o que agora
cultivam, tais serão os frutos que colherão posteriormente.

Eles deveriam cumprir seu privilégio com bastante diligência e oração. Com certeza,
Deus lhes pedirá contas referente à maneira de criarem seus filhos, que a Ele pertencem,
sendo-lhes confiados para receberem cuidado e preservação.

A tarefa que Deus confiou aos pais não é fácil, em especial nestes dias excessivamente
maus. Entretanto, poderão obter a graça de Deus, se a buscarem com sinceridade e
confiança. As Escrituras nos fornecem as regras pelas quais devemos viver, as
promessas das quais temos de nos apropriar e, precisamos acrescentar, as terríveis
advertências, para que não realizemos essa tarefa de maneira leviana.

 Instrua seu filho


Queremos mencionar aqui quatro dos principais deveres confiados aos pais. Primeiro,
instruir seus filhos. “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as in-
culcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
ao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6.6-7). Este dever é sobremodo importante para ser
transferido aos outros; Deus exige dos pais, e não dos professores da Escola Dominical,
a responsabilidade de educarem seus filhos. Tampouco essa tarefa deve ser realizada de
maneira esporádica ou ocasional, mas precisa receber constante atenção. O glorioso
caráter de Deus, as exigências de sua lei, a excessiva malignidade do homem, o
maravilhoso dom de seu Filho e a terrível condenação que será a recompensa de todos
aqueles que O desprezam e rejeitam — estas coisas precisam ser apresentadas
constantemente aos filhos. “Eles são pequenos demais para entendê-las” é o argumento
de Satanás, visando impedir os pais de cumprirem seu dever.  “E vós, pais, não
provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”
(Ef 6.4). Temos de observar que os “pais” são especificamente mencionados neste
versículo, por duas razões: eles são os cabeças das famílias e o governo desta lhes foi
confiado; os pais são inclinados a transferir sua responsabilidade às esposas. Essa
instrução deve ser ministrada através da leitura da Bíblia e de explicar aos filhos as
coisas adequadas à sua idade. Isto deveria ser acompanhado de ensinar-lhes um
catecismo. Um constante falar aos mais novos não se mostra tão eficiente quanto a
diversificação com perguntas e respostas. Se nossos filhos sabem que serão
questionados após ou durante a leitura bíblica, ouvirão mais atentamente: fazer
perguntas os ensina a pensarem por si mesmos. Este método também leva a memória a
reter mais os ensinos, pois o responder perguntas definidas, fixa idéias específicas em
nossas mentes. Observe quantas vezes Jesus fez perguntas aos seus discípulos.
Seja um bom exemplo
Segundo, boas instruções precisam ser acompanhadas de bons exemplos. O ensino
proveniente apenas dos lábios provavelmente será ineficaz. Os filhos são espertíssimos
em detectar inconsistências e rejeitar a hipocrisia. Neste aspecto, os pais precisam
humilhar-se diante de Deus, buscando todos os dias a graça que desesperadamente
necessitam e somente Ele pode dar. Que cuidado eles precisam ter, para que diante de
suas crianças não digam e façam coisas que tendem a corromper suas mentes ou
produzam más conseqüências, se elas as imitarem! Os pais necessitam estar
constantemente alertas contra aquilo que pode torná-los desprezíveis aos olhos daqueles
que deveriam respeitá-los e honrá-los. Não apenas devem instruir seus filhos no
caminho da santidade, mas eles mesmos devem andar neste caminho, mostrando por sua
prática e conduta quão agradável e proveitoso é ser orientado pela lei de Deus. No lar de
pessoas crentes, o supremo alvo deve ser a piedade familiar — honrar a Deus em todas
as ocasiões —, e as outras coisas, subordinadas a este alvo.

Quanto à vida familiar, nem o esposo nem a esposa deve transferir para o outro toda a
responsabilidade pelo aspecto espiritual da vida da família. A mãe com certeza tem a
incumbência de suplementar os esforços do pai, pois os filhos desfrutam mais de sua
companhia. Se existe a tendência de os pais serem muito rígidos e severos, as mães são
propensas a serem muito brandas e clementes; portanto, têm de vigiar mais contra
qualquer coisa que enfraquecerá a autoridade do pai. Quando este proibir alguma coisa,
ela não deve consenti-la às crianças. É admirável observar que a exortação dada em
Efésios 6.4 é precedida por “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18); enquanto a exortação
correspondente em Colossenses 3.21 é precedida por “habite, ricamente, em vós a
palavra de Cristo” (v. 16), demonstrando que os pais não podem cumprir seus deveres, a
menos que estejam cheios do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

Discipline seu filho


Terceiro, a instrução e o exemplo precisam ser reforçados mediante a correção e a
disciplina. Antes de tudo, isto implica no exercício de autoridade — a correta aplicação
da lei divina. A respeito de Abraão, o pai dos fiéis, Deus afirmou: “Porque eu o escolhi
para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho
do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão
o que tem falado a seu respeito” (Gn 18.19).

Pais crentes, meditem nestas palavras com cuidado. Abraão fez mais do que
simplesmente dar conselhos: ele ensinou com vigor a lei de Deus e ordenou sua casa. As
regras com que ele administrou seu lar tinham o objetivo de seus filhos guardarem “o
caminho do SENHOR” — aquilo que era correto aos olhos de Deus. Este dever foi
cumprido pelo patriarca a fim de que a bênção de Deus estivesse sobre sua família.
Nenhuma família pode crescer adequadamente sem leis familiares, que incluem
recompensas e castigos. Isto é especialmente importante na primeira infância, quando
ainda o caráter moral não está formado e as crianças não apreciam ou entendem seus
motivos morais. As regras devem ser simples, claras, lógicas e flexíveis, tais como os
Dez Mandamentos — poucas mas relevantes regras morais, ao invés de centenas de
restrições insignificantes.
Uma das maneiras de provocarmos desnecessariamente nossos filhos à ira é atrapalhá-
los com muitas restrições insignificantes e regras detalhadas e arbitrárias, procedentes
de pais perfeccionistas. É de vital importância para o bom futuro dos filhos que estes
sejam trazidos em submissão desde cedo. Uma criança malcriada representa um adulto
ímpio — nossas prisões estão superlotadas com pessoas que tiveram a liberdade de
seguirem seus próprios caminhos durante sua infância. A mais leve ofensa de uma
criança quebrando as regras do lar não deve ficar sem a devida correção; pois, se ela
achar clemência ao transgredir uma regra, esperará a mesma clemência em relação a
outras ofensas, e sua desobediência se tornará mais freqüente, até que os pais não
tenham mais controle, exceto através do exercício de força brutal. O ensino das
Escrituras é claro quanto a este assunto. “A estultícia está ligada ao coração da criança,
mas a vara da disciplina a afastará dela” (Pv 22.15; ver também 23.13- 14). Por isso,
Deus afirmou: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o
disciplina” (Pv 13.24). E, ainda: “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te
excedas a ponto de matá-lo” (Pv 19.18). Não permita que uma afeição insensata o
impeça de cumprir seu dever. Com certeza, Deus ama seus filhos com um sentimento
paternal mais profundo do que você ama seus filhos, mas Ele nos diz: “Eu repreendo e
disciplino a quantos amo” (Ap 3.19; cf. Hb 12.6). “A vara e a disciplina dão sabedoria,
mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe” (Pv 29.15). A
severidade tem de ser utilizada nos primeiros anos de uma criança, antes que a idade e a
obstinação endureçam-na contra o temor e a pungência da correção. Poupe a vara e você
arruinará seu filho; não a utilize e terá de sofrer as conseqüências. É quase
desnecessário salientar que as Escrituras citadas anteriormente não têm o propósito de
incutir- nos a idéia de que nosso lar deve ser caracterizado por um reino de terror. Os
filhos podem ser governados e disciplinados de tal maneira, que não percam o respeito e
as afeições por seus pais. Estejamos atentos para não estragarmos seus temperamentos,
por fazermos exigências ilógicas, e provocá-los à ira, por castigá-los expressando nossa
própria ira. O pai têm de punir um filho desobediente não porque ficou bravo, e sim
porque é correto fazer isso — Deus o exige, bem como a rebeldia de seu filho. Nunca
faça uma ameaça, se não tenciona cumpri-la. Lembre que estar bem informado é bom
para seu filho, mas ser bem controlado é ainda melhor. Esteja atento às inconscientes
influências que cercam seu filho. Estude meios para tornar seu lar atraente, não pela
utilização de recursos carnais e mundanos, mas por servir-se de ideais nobres, por
incutir- lhes um espírito de altruísmo e desenvolver uma comunhão agradável e feliz.
Não permita que seus filhos se associem a más companhias. Verifique cautelosamente
as revistas e livros que entram em seu lar, observe os amigos que ocasionalmente seus
filhos convidam para vir ao lar e as amizades que eles estabelecem. Antes mesmo de o
reconhecerem, muitos pais permitem seus filhos relacionarem-se com pessoas que
arruinam a autoridade paternal, transtornam seus ideais e semeiam frivolidade e pecado.

Ore por seus filhos


Quarto, o último e mais importante dever, no que se refere ao bem-estar físico e
espiritual de seus filhos, é a intensa súplica a Deus em favor deles. Sem isto, todos os
outros deveres são ineficazes. Os meios são inúteis, exceto quando o Senhor os abençoa.
O trono da graça tem de ser fervorosamente buscado, para que sejam coroados de
sucesso  os nossos esforços em educar os filhos para a glória de Deus. É verdade que
precisa haver uma humilde submissão à soberana vontade de Deus, um prostrar-se ante
a verdade da eleição. Por outro lado, o privilégio da fé consiste em apropriar-se das
promessas divinas e em recordar que a ardente e eficaz oração de um justo produz
muitos resultados. A Bíblia nos diz que o piedoso Jó “chamava... a seus filhos e os
santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de
todos eles” (Jó 1.5). Uma atmosfera de oração deve permear o lar e ser respirada por
todos os que dele compartilham.

Como Mandar seus Filhos para o


Inferno
Por Steve M. Schissel

***

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho,
não se desviará dele.” (Pv. 22:6)

O provérbio acima é uma promessa ou uma advertência? Segundo o hebraico, a frase


“no caminho em que deve andar” não está traduzida de maneira correta. Ela deveria ser
“de acordo com seu próprio caminho”. Assim, você tem no capítulo 22, versículo 6, uma
predição proverbial de que a criança educada e ensinada, desde o começo, a seguir
seu próprio caminho, estará, para todo sempre, ligada a ele. 

O provérbio pode ser visto como uma “promessa” encorajadora de dois modos
possíveis. Um, o mais comum, o apresenta ensinando que se você “pai-storear”
corretamente seu filho de acordo com o seu chamado da aliança, isto resultará em
fidelidade eterna. A outra forma “positiva” de entendê-lo, revela um sentido
diferente. Salomão aqui, estaria falando do reconhecimento, de antemão, da
propensão vocacional existente em seu filho. Se esta propensão for cultivada, ela
resultará numa devoção eterna e frutífera para o ofício escolhido. Como tal, o
provérbio pode ser tomado como algum tipo de indução a um aprendizado precoce.
Se você observa que seu filho gosta de cavalos, por exemplo,  deixe-o, o quanto antes,
ser treinado nesta área por um perito. A frase ensinar poderia ter então, o sentido de
“dedicar” ou mesmo “estimular”. Deixe-o empregar seus dons naturais o quanto
antes, e ele os usará naquela área por toda vida.

Mas há um terceiro modo de entender este verso, e esse não como uma promessa, mas
como uma advertência. A Palavra pode estar nos ensinando que se você educar a
criança de acordo com suas próprias (pecaminosas, naturais) inclinações, você a terá
arruinado para a vida.

Assim, este provérbio poderia ser um complemento a muitos outros provérbios que
tratam do mesmo assunto. Por exemplo, em 22:15 encontramos: “A estultícia está
ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” e em 19:18 há a
admoestação: “Corrige a teu filho, enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto
de matá-lo.” Dizendo enquanto há esperança, encontramos o autor sugerindo que
haverá um tempo quando o treinamento ou a disciplina serão, humanamente falando,
vãos, sem esperança, infrutíferos, inúteis. Se você deixá-lo seguir seus instintos
corrompidos fora da porteira (conforme 22:6), mais tarde você não o terá de volta ao
caminho.
Este último modo de interpretar Pv. 22:6 é o mais recomendado. Primeiro, ele permite
a versão literal a fim de  transmitir uma mensagem coerente, sem emendas. Segundo,
ele é apoiado por instruções e admoestações  muito similares quando o mesmo
assunto (criação de filhos) é tratado no mesmo livro inspirado. Terceiro, e este é de
vital importância ao testar a interpretação apropriada de um provérbio inspirado, é
que ele é legítimo no que se refere à vida e a experiência comum. “Há pouca esperança
para crianças que são educadas de maneira imprópria. Se a tinta respingou na lã, é muito
difícil tira-la da roupa” diz Jeremiah Burroughs. E muitos são os que têm notado, como
fez William Gurnall, que a “Religião cristã não cresce sem que se plante, mas murchará,
mesmo onde foi plantada, se não for aguada. Ateísmo, irreligião e profanidade são ervas
daninhas que crescerão sem semeadura, mas não morrerão sem que sejam arrancadas”.  Deixe
uma criança seguir seu próprio caminho quando for jovem e ela crescerá para ser um
“jardim” de ervas daninhas.

 Acima e abaixo de todas as possíveis interpretações de Provérbios 22:6, está uma


pressuposição da maior importância:  Como os pais lidam com as dificuldades de suas
crianças. Aqueles que principiam seus conceitos com a eleição ao invés de com a
aliança podem facilmente cair em alguma sorte de fatalismo não bíblico. Mas pelo fato
de Provérbios (para não mencionar o restante das Escrituras) nos falar de diversas
conseqüências provenientes de diferentes ações humanas, somos seguramente
levados a crer que o modo pelo qual eu crio meus filhos é realmente um assunto
muito importante, que, mais do que um modo de falar, pode muito bem influir na
definição de onde eles passarão a eternidade.

Nunca é uma honra a Deus que Seu povo fale de Sua soberania de modo a desobrigá-
los de suas responsabilidades. Somos levados a crer pelas Escrituras que podemos e
devemos ter uma influência tal sobre nossos filhos que não é incomum que ela os
conduza à salvação, com a bênção de Deus e o suporte da comunidade da aliança,
conforme Gn 18: 16-19; 1 Tm 3: 4,5; Tt.1:6 e também 2 Tm. 3: 14,15.

Assim sendo, devemos saber que nossa ação ou inação bem pode conduzi-los à
condenação. E, se falhamos em ouvir os avisos e a direção de Deus encontrados por
toda a Escritura, no último dia não seremos autorizados para suplicar pelos decretos
de Deus em nossa defesa!

Visto que o inferno é a eterna e atormentadora separação de Deus e do conforto,


alguém poderia pensar que o mais fervoroso desejo de um pai seria educar seus
filhos, rigorosa e conscientemente, para que  escapassem da perdição e achassem
refúgio e plenitude de vida em Deus através de Cristo e da aliança. Ainda assim,
muitos são os que parecem considerar isto como sendo muito trabalhoso. Para
aqueles tão completamente perversos a ponto de serem indiferentes à questão, eu
apresento um método para fazer com que isto seja uma certeza. Aqui, através de 18
meios bem fáceis de seguir, está a fórmula comprovada de como mandar seus filhos para
o inferno:

1)      Crie seu filho para buscar seu próprio caminho. Ignore com todo seu coração o
que J. C. Ryle aconselha em The Duties of Parents (Os Deveres dos Pais):

“Se você for educar seus filhos corretamente,  então, em primeiro lugar, eduque-os no
caminho em que devem andar e não no caminho em que eles escolheriam. Lembre-se:
crianças nascem com uma inclinação decidida para o erro, e portanto, se você permitir que
escolham por si mesmas, elas certamente escolherão errado”.
A mãe não pode dizer o que seu frágil infante será ao crescer: alto ou baixo, fraco ou forte,
sábio ou tolo; ele pode ser qualquer uma destas coisas ou nenhuma delas, pois elas são
incertas. Mas uma coisa a mãe pode dizer com certeza: ele terá um coração corrupto e
pecador. É natural para nós portar-nos mal. “A estultícia”, diz Salomão, “está ligada ao
coração da criança”             (Pv. 22:15). “A criança entregue a si mesma vem a envergonhar
a sua mãe”(Pv. 29:15). Nossos corações são como a terra que pisamos; deixe-a abandonada e
certamente produzirá ervas daninhas.
Se então, você for lidar de modo sábio com seu filho, não deve deixá-lo sujeito a sua própria
vontade. Pense por ele, julgue por ele, aja por ele, do mesmo modo que você faria por uma
pessoa fraca e cega; mas, pelo amor de Deus, não o entregue aos seus próprios gostos e
inclinações voluntariosos. Não devem ser suas preferências e desejos que são consultados.
Ele ainda não sabe o que é bom para sua mente e alma, mais do que o que é bom para seu
corpo. Não o deixe decidir o que ele deve comer, o que ele deve beber, e como ele deve se
vestir. Seja consistente, e lide com a mente dele da mesma maneira. Eduque-o no caminho
que é bíblico e correto e não do jeito que ele imagina.
Se você não pode decidir-se a este primeiro princípio da educação cristã, é inútil continuar
lendo. A vontade própria está perto de ser a primeira coisa que se manifesta na mente da
criança, e precisa ser sua primeira resolução, resistir a ela.
Ignore este conselho se você for colocar seu filho rumo à destruição, e ao invés disto, ensine-
lhe auto-estima positiva; ensine-o que o maior amor está dentro dele e que o mundo, de fato,
gira ao seu redor”.
  2)      Nunca o discipline corporalmente. Os provérbios que sugerem punição
corporal, são bárbaros e ultrapassados. Nós somos civilizados. Nós temos o Ano da
Criança! Nós erguemos nossas consciências, não palmatórias! Provérbios 13:24 “O
que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” está
errado. Ignore-o. O 22:15 “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara
da disciplina a afastará dela”, também. E esqueça 23:13-14 “Não retires da criança a
disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara
e livrarás a sua alma do inferno”. Se você for tentado a discipliná-los
corporalmente, tente estas desculpas: a) “Eu apanhei quando criança e não quero
bater nos meus filhos”. Claro, que é o mesmo que dizer “Minha mãe era gorda, por
isso eu não alimento meus filhos”; b) É contra a lei; c) Minha sogra não gosta disso.
Seja criativo e pense em outras desculpas; você achará fácil criá-las.
3)      Quase tão proveitoso quanto nunca discipliná-los é discipliná-los
corporalmente insensata e/ou severamente. A correção bíblica é amorosa, firme e
controlada. Excesso de correção bíblica o conduziria à outra direção.

 4)      Esta é a favorita de muitos pais: nunca use a Escritura na correção. Nunca
explique para seus filhos qual é a vontade de Deus sobre o assunto. Não tome
Deuteronômio 6: 4-9 literalmente (“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único
SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te
serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas
portas”).

 5)      Nunca admita que você está errado. Se você deseja que seus filhos cresçam
descorteses e hostis, nunca os deixe vê-lo humilhado ou aceitando correção. Nunca
lhes peça desculpas; nunca reprima seu orgulho.
 6)      Seja hipócrita. Esta é boa para lembrar. Ensine-os através das suas ações, que
suas palavras não têm valor para você.

 7)      Instrua-os para escolher sua própria religião. Afinal, você não pode forçá-los a
crer.

 8)      Não ore com eles ou por eles, publica ou privadamente. Se você precisa de uma
desculpa, lembre que eles acharam graça de você da primeira vez que você tentou.
Normalmente isto é suficiente para fazê-lo desistir.

 9)      Evite cantar salmos e hinos com seus filhos. Mas se por alguma razão você achar
que deve, nunca lhes explique o sentido.

 10)  Responda cada pergunta religiosa com “Porque nós sempre fizemos assim”.
Este é um dos meios mais eficazes de convencê-los que o cristianismo é meramente
uma tradição e não a Verdade.

 11)  Não os previna sobre evolução ou outros mitos populares. Não os informe sobre
heresias da história ou suas modernas iterações. Não lhes fale nada sobre teologias
antagônicas e o porquê as igrejas ortodoxas as rejeitam.

 12)  Deixe-os expressarem-se de qualquer modo que escolherem, seja no seu jeito
de vestir, no jeito que usam seu cabelo ou no seu linguajar. As novidades sempre
devem ser seguidas. Se eles desejam tatuagens ou vários piercings, relaxe e aproveite.
Não interfira. Afinal a vida é deles. E nunca olhe aquilo que eles lêem. Eles têm
direitos, você sabe. Você não lê os boletins da ACLU (União Americana para
Liberdades Civis)?

 13)  Não os faça trabalhar por nada. O amor, apesar de tudo, deve ser incondicional,
certo? Então, lhes dê tudo e não espere nada. (Isto é exatamente o que você obterá).

 14)  Desde a infância, use uma linguagem simples ao falar com eles. Não espere que
alcancem a maturidade e eles satisfarão suas expectativas!

15)  Não os abrace ou beije ou lhes faça cócegas, e seja muito parcimonioso com
respeito a lhes dizer que os ama. Evite por completo, se possível. Afinal, isto não é
muito másculo.

 16)  Deixe-os mentir sem sofrer punição. Prove com isto que a verdade tem pouco
valor em sua casa.

 17)  Deixe-os desperdiçar tempo, a esmo e sem propósito. Prive-os daquela idéia
puritana que descansamos bem para melhor trabalhar. Tente incutir neles a moderna
noção que trabalho existe a fim de  custear nossa diversão nos fins de semana; damos
duro para podermos “badalar”!

 18)   Mantenha a TV sempre ligada, especialmente durante os  comerciais. Este é o


meio mais fácil e certo de guiar seus filhos para o inferno. Pense! Ela pode ser pode
ser o terceiro (e o único realmente presente) "pai" delas, e a sua melhor amiga. Duas
horas na igreja aos domingos não terão um papel eficiente na formação do caráter
delas, quando confrontadas com 25 horas de televisão. Todo absoluto, de qualquer
fonte, será “relativizado” para sempre. A televisão tem sido a melhor amiga do diabo,
então a deixe possuir a sala de estar e a cozinha também. Se possível, deixe-a ligada
durante o jantar, assim ela pode reivindicar, sozinha, o título de senhora e mediadora
da verdade em sua casa.

Se você seguir estes 18 passos, há pouca dúvida de que seu filho estará entre
aquela população infernal.

Mas eu, particularmente, penso que você rejeitará toda esta horrenda insensatez
acima e se curvará a  mais solene responsabilidade que Deus já lhe deu: Ser pai e mãe.
Se Deus nos concede a aptidão de conduzir nossas crianças à perdição, porque
alguém duvidaria que Ele nos dá a habilidade, a responsabilidade, na verdade, o
privilégio, de conduzi-los ao céu? Se nós fielmente seguirmos Seu método de criação
de crianças da aliança, elas estarão entre a população celeste por toda a eternidade.
Que incentivo à fidelidade!

A aliança continua por gerações, mas ela continua junto ao caminho da fidelidade,
não o da presunção. Nós temos incomparavelmente grandes e preciosas promessas da
parte de Deus, bem como admoestações. Ele nos exorta que não fazer nada é a coisa
errada. Ensine a criança em seus próprios caminhos, e quando ela for velha, não se
desviará dele. Mas Ele promete que fazer a coisa certa ocasionará a uma colheita de
promessas cumpridas. Ouça Deus meditando consigo mesmo  concernente a Seu
amigo Abraão: “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a
fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o
SENHOR faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito” (Gênesis 18:19).

 Esta promessa é para você e para seus filhos, e para tantos quantos o Senhor, nosso Deus,
vier a chamar. É uma promessa com condições; que alegria é cumpri-las, visando a
recompensa a que elas conduzem! Amém.

O Ensino sob a Perspectiva Cristã

Dr. Joel Beeke

***

Neste capítulo, gostaríamos de examinar três questões principais:

1)     Como CONCEITUAR a criança?


2)     Como ENSINAR a criança?
3)     Como DISCIPLINAR a criança?
Ao examinarmos o primeiro tema, como conceituar a criança, precisamos focalizar
quatro princípios bíblicos básicos. Precisamos considerar nossas crianças como:

1)     Especialmente criadas e estimadas por Deus


2)     Especialmente formadas à imagem de Deus
3)     Pecadoras caídas (pelos méritos do homem)
4)     Pecadoras regeneráveis (pelos méritos de Cristo)
Primeiro, considerando nossas crianças como especialmente criadas e estimadas
por Deus.  
Em Gênesis 1 e 2 a especialidade da criação do homem está indicada em diversas
maneiras. Somente no caso do homem nós lemos que:

1)                A criação do homem procede de um conselho especial do Deus Triúno.


Antes de criar o homem, Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo
tomaram juntos conselho especial. “Também disse Deus: façamos o
homem” (Gn. 1: 26a).
2)                A criação do homem se realizou através de um ato especial e pessoal
de Deus.
Na criação das plantas nós lemos: “E disse Deus, produza a terra erva”
(Gn. 1:11a). Na criação do homem, entretanto, a Escritura usa a
linguagem mais pessoal, direta e imediata possível: “Também disse
Deus: façamos o homem” (Gn. 1:26a).
3)                O ser humano foi criado à imagem de Deus
4)                O ser humano foi criado com uma alma (único)
5)                O ser humano foi estabelecido para dominar a criação terrena
Ao ensinar e interagir com a criança, reconhecemos a importância e a grande
responsabilidade de estarmos lidando com criaturas especiais de Deus?

Quando estudamos a importância e a especialidade de cada criança biblicamente,


devemos nos concentrar também sobre o tema complementar da humildade. A fim
de que não nos tornemos orgulhosos de nossa criação e posição especiais, para
cultivar humildade, Deus nos formou do pó da terra. Portanto, encontramos na
nossa criação tanto o mais, quanto o menos elevado dos elementos. Não podemos
imaginar nada mais sublime do que ser formado pelo sopro do próprio Deus.
Entretanto, também não podemos pensar em uma substância menos digna do que o
pó da terra para se formar algo.

Somos proibidos a exaltar as virtudes e os feitos humanos como se pertencessem a


nós – como se fossem de origem humana. O espírito soberbo de Nabucodonosor,
“Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?” (Dn. 4: 30a), deve ser evitado em
nossas classes. O erro oposto, entretanto, também deve ser evitado. Nunca
devemos desprezar os talentos dados por Deus. Devemos reconhecer e valorizar as
habilidades individuais de nossos alunos. Cada dom pessoal é dado por Deus.
Podemos promover erroneamente, por comissão ou omissão em nosso ensino, o
enterro dos talentos preciosos de nossos alunos. Estamos enfatizando, encorajando
e reconhecendo o desenvolvimento das habilidades de nossos estudantes como dons
dados por Deus? Aqueles com um, dois ou cinco talentos são encorajados a duplicá-
los? Estamos enfatizando que a razão suprema das habilidades dadas por Deus é
dedicá-las ao seu doador, usá-las para a honra de Deus e o benefício do próximo?

Imagine uma professora da 2ª série voltando de um passeio escolar ao Correio local,


no qual muitos alunos não se comportaram bem. Na sua frustração com um grupo
que desconsiderou o funcionário do Correio encarregado pela visita, não o ouvindo
educadamente, ela pune a classe inteira. Acusa-os de serem barulhentos, rudes e
sem consideração; sarcasticamente os compara a uma manada de elefantes.

Esta atmosfera de degradação pública da classe está sustentada pela visão bíblica
da singularidade e valor de cada ser humano? O ensino dos ideais e das perspectivas
bíblicas na aula de Educação Religiosa é importante, mas quando estas crianças
retornaram do seu passeio, elas lidaram com a realidade prática. Como nos
aproximamos e interagimos com nossos semelhantes?

O homem é conclamado a amar e servir a Deus acima de todas as coisas, mas esta
relação vertical não é tudo. Ela deve ser balanceada, no ensino e na prática, com
apropriadas relações horizontais.

Embora não estejamos promovendo abertamente o humanismo secular em nenhuma


de nossas escolas cristãs, ainda precisamos vigiar contra suas invasões mais sutis.
Muitos de nós, como professores, fomos ensinados em universidades públicas que
esposam esta religião humanista secular. Quando aconselhando um aluno, por
exemplo, podemos achar muito natural abordar o assunto da seguinte maneira: -
Bem, o que você acha? Como você se sente sobre isto? Isto é importante para você?
Quais são suas reações quanto a isto? O que você acha melhor?

Ao considerarmos a questão, como conceituar a criança, um segundo tema bíblico


importante a considerar é sua criação à imagem de Deus.

Vamos continuar a questão, compreendendo nossas crianças como:

1)                Pecadoras caídas (através dos méritos do homem)


2)                Pecadoras regeneráveis (através dos méritos de Cristo)
Ao vistoriar muitas igrejas e escolas cristãs em nosso país, podemos observar uma
sub-enfatização da triste realidade de nossa profunda queda em Adão. A depravação
total é frequentemente negada, desprezada ou ignorada. Em conseqüência desta
distorção da doutrina bíblica está o erro prático de não enxergarmos nossos alunos
como pecadores caídos. É que nossos alunos são pecadores regeneráveis através dos
méritos de Cristo - não regenerados, mas regeneráveis.

Como um pastor é chamado a traçar uma linha de distinção dentre a sua


congregação, distinguindo as marcas bíblicas dos convertidos e não convertidos,
assim um professor deve fazer em sua classe.

No seu ensino, a incapacidade humana está balanceada com a capacidade de Deus?


A força do pecado com o poder de Deus? Desesperança em si mesmo com esperança
em Deus? A livre, soberana e conquistadora graça de Deus é proclamada em seu
ensino? Você está ensinando seus alunos que eles são pecadores por causa de seus
próprios méritos, mas regeneráveis por causa dos méritos de Cristo? Louvado seja
Deus, pois sua graça transcende nosso pecado.

Como ensinar a criança?


Vamos observar Jesus Cristo, o exemplo para todos os professores de escolas cristãs.
Ele é o ideal, o padrão, o ponto central sobre o qual devemos colocar nossa
atenção. Vamos fazer isto sob as três categorias a seguir:

1)                 Nossa abordagem e metodologia de ensino, ou o falar de Cristo


2)                 Nosso exemplo, ou o andar de Cristo
3)                 Nossa personalidade e experiência, ou o amar de Cristo
Em primeiro lugar, vamos nos concentrar na abordagem e metodologia de ensino,
ou o falar de Cristo. Do ministério e do ensino do Senhor Jesus Cristo, podemos
aprender muito sobre abordagem e metodologia. Em sua instrução Ele empregou os
oito métodos de ensino relacionados abaixo:

1)                 Questionamento
2)                 Preleção
3)                 Contar história
4)                 Debate
5)                 Exemplo
6)                 Relato
7)                 Concreto ao abstrato
8)                Individualização
1)                 Ele utilizou o método de questionamento. Os evangelhos contêm mais de
cem perguntas feitas por Jesus Cristo durante seu ministério de ensino na Terra.
Isto deve nos dizer algo como professores. Ainda como menino, ele perguntava aos
escribas que ensinavam no templo. Imagine o interesse gerado por perguntas como,
“É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la?”; “Quem
diz o povo ser o Filho do Homem?”; “De onde era o batismo de João, do céu ou dos
homens?” Você percebe o interesse que Ele despertou em seus alunos através destas
perguntas que provocam reflexão e interesse? Imagine o interesse que você pode
produzir na sua sala, ao começar a lição com perguntas como: O que o seu batismo
significa para você hoje? Milhares de exemplos são possíveis. Milhares de perguntas
que despertam interesse. Mas note que Jesus não perguntava simplesmente por
perguntar. Suas perguntas eram propositais e práticas. Teste-se nesta técnica.
Deixe que seu diretor lhe ajude. Peça-lhe antes que visite a sua classe, para
observar: - Você poderia prestar atenção na maneira como estou usando perguntas?
Usarei várias perguntas nesta lição. Você poderia verificar quão direcionadas elas
são? Quão claras são suas seqüências?
2)                 Encontro Jesus ensinando através do método de preleção ou apresentação
oral. Considere o modo amoroso que ele ensinou em todo lugar – fora, dentro, nas
cidades, no interior, nas montanhas, nos lagos, nas sinagogas, nas casas. Em
resumo, onde tinha oportunidade. Estude o lindo Sermão do Monte para obter um
exemplo maravilhoso de um ensino bem organizado e poderoso. Note mais uma vez
que Ele não está discursando por discursar. Seu ensino é autocentrado ou focalizado
no aluno? Seus alunos serão capazes de lhe dizer.
3)                 ... (Não traduzido por extravio desta porção no original - NT)
4)                 O Senhor Jesus usou o debate como um método de ensino. Lembre dos
instrutivos debates com Nicodemos, a mulher samaritana, o jovem rico e os
apóstolos em inúmeras ocasiões. Através do debate, Cristo direcionou seus alunos ao
entendimento mais profundo de várias verdades. O debate encoraja nossos alunos a
pensar, a expressar seus pensamentos e a se envolver ativamente no processo de
aprendizagem. Observe, entretanto, que não se trata de debater por debater. O
debate do grande mestre não era como o dos atenienses, que se ajuntavam somente
para ouvir e falar sobre as últimas novidades. Debates significativos precisam ser
direcionados.
Há um outro benefício proveniente do método de debate que é importante. Quantos de nossos alunos, na igreja ou na escola,
sentem um distanciamento entre eles e seus líderes? O emprego do método do debate provê uma rica oportunidade para
aproximar, proporcionar uma troca de pensamentos mais informal, significativa e pessoal, com os estudantes que estão sob os
nossos cuidados. Se os jovens vêm a conhecer seus líderes espirituais como pessoas, como sendo humanos, isto produzirá um
vínculo mais íntimo.
5)       Jesus Cristo, como o Mestre dos mestres, também empregou o método “aprendendo através do exemplo”. Eu creio que
nenhum dos apóstolos jamais esqueceu a verdade ensinada quando Jesus pegou uma toalha e lavou seus pés um por um. Não
acredito que os homens que estavam com Davi na caverna, esqueceram o que aconteceu quando aquele que estava
perseguindo injustamente sua vida, descansou à entrada da caverna. Quando encorajaram Davi a matar Saul para se livrar deste
inimigo e conquistar o reino, ele cortou um pedaço do manto de Saul. Entretanto, quando voltou para seus homens seu coração
agitou-se por haver feito isso.

6)       O Senhor Jesus empregou o método do relato quando enviou os setenta para
pregar. Quando retornaram, Ele pediu-lhes que relatassem sobre como havia sido e
o que haviam experimentado. Só podemos imaginar a troca de ensino que
aconteceu. Mas note outra vez aqui, uma lição de ensino prática e importante. Esta
foi uma experiência conduzida. Jesus lhes disse o que levar, o que fazer, aonde ir e
como agir. Ele lhes deu um projeto claro, um ensino completo e boas instruções
antes de enviá-los. Você está guiando seus alunos passo-a-passo através da sua
instrução precisa?

7)       Cristo usou o método do concreto ao abstrato. Ele frequentemente usou


objetos físicos em seu ensino. Pense na lição que ensinou usando a figueira. Ao
ensinar sobre nosso relacionamento com o governo civil, mostrou uma moeda de
César. Ao tratar da humildade cristã, tomou uma criança e a colocou no meio para
que todos a vissem.

8)       Cristo utilizou também, o método de instrução individualizada. Você alguma


vez examinou o ensino de Jesus para observar quão individualistas e precisas eram
suas palavras, ações e abordagens para os indivíduos a quem instruía? A um cego
curou instantaneamente, somente através da palavra; a um outro, curou por etapas
(quando este homem viu homens como árvores que andavam); e a um terceiro usou
argila para que a pessoa pudesse sentir os meios que estava usando. Você já notou
alguma vez o cuidado carinhoso e a alta estima por indivíduos em particular
demonstrados pelo Senhor Jesus durante sua peregrinação?Ao andar entre numerosa
multidão, com toda a comoção e excitação que ela produz, ele poderia parar por
ouvir uma voz, ver uma pessoa ou sentir o toque de um indivíduo necessitado.

Imagine o pátio de uma escola primária pela manhã, antes do início das aulas, com todo o tumulto da entrada das crianças. Uma
professora primária, ocupada com uma porção de material para reproduzir, ouve a voz de uma criancinha. Ela pára e se inclina
para ouvir uma aluna da 2ª série dizer: - Professora, a senhora sabe o que aconteceu ontem à noite? Ali, no meio da multidão e
confusão, uma criança está animada e agitada. Um interesse cuidadoso e generoso é comunicado para aquela pessoa por sua
professora.

Apesar de não sermos divinos, somos chamados a seguir seus passos. Que bênção
poder ver, pela graça de Deus, doenças aparentemente incuráveis como a
insegurança, solidão e falta de auto-estima, curadas através de toques miraculosos
de cuidado e atenção. Tais ações transmitem os sentimentos interiores de um
coração amoroso.

O Senhor Jesus Cristo, como o perfeito Mestre, Mestre dos mestres, empregou estes
oito métodos de ensino. Ele os empregou de forma intercambiável à medida que a
situação requeria. Que Deus permita que também nós nos esforcemos como
professores, a seguir o exemplo do ensino de Cristo, tanto na abordagem quanto na
metodologia.

Em segundo lugar, vamos considerar como ensinar a criança/ o aluno pelo


exemplo, pelo modelo – o andar de Cristo.  
Como mencionado anteriormente, o modo como ensinamos a criança provém do
modo como a conceituamos.

Você crê que as crianças as quais você ensina são especialmente criadas por Deus e
de valor eterno? O modo como você as vê será refletido no modo como você as
trata. Se eu a visse segurando um vaso, por exemplo, poderia observar por suas
ações, o quanto você valoriza aquele objeto. Se você mexe nele de maneira
rotineira e, algumas vezes, descuidada, isto reflete que sua consideração pelo vaso
não é nada especial. No entanto, seu trato com respeito e zelo, revelaria sua alta
estima e apreço por ele.

Você está modelando, mostrando pelo exemplo, que todo ser humano é uma criação
especial de Deus e de eterno valor, que muito excede o valor de qualquer vaso? Se
alguém sentar no fundo da sua classe para observar seu ensino, ele perceberia que
você considera seus alunos como quem tem valor eterno? Estas questões são de
importância crucial; elas tratam da realidade prática – o colocar as doutrinas na
prática diária.

Quando professamos que as crianças são pecadoras caídas, esta confissão é


verdadeira na nossa realidade diária? Se alguém ficasse na sala dos professores,
despercebidamente, ouviria repetidamente observações semelhantes às seguintes: -
Não posso entender por que ele faz isso!! Vocês sabem o que ele disse depois? O que
será que deu neles?! Eu não acredito nisso! Por que estão sempre me testando? Por
que não se comportam? Na realidade, estas perguntas revelam que não cremos
verdadeiramente, na nossa confissão a respeito de nossas crianças serem pecadoras
caídas e depravadas. Conhecemos algo sobre nosso próprio coração sobre este
aspecto e portanto, não é tão difícil entender os pecados dos outros. Quanto mais
próximo vivemos do Senhor, mais vividamente nos conscientizamos da nossa
natureza pecaminosa e menos críticos seremos para com outros. Isto não significa
que você não deva censurar o erro e nem punir os culpados na sua classe; você deve
fazer isto. Entretanto, há uma diferença significativa em fazê-lo com um espírito
que reconhece a pecaminosidade que há em todos nós e com a qual devemos lidar
ou com uma atitude de surpresa, aversão e um “não posso entender estes terríveis
alunos”.

Nós cremos e ensinamos muitas verdades morais cristãs, não é? Você tem sido
modelo destas verdades? Seu exemplo revela sinceridade ou insinceridade hipócrita?
Atente para estes exemplos da vida diária:

1)                    Se você ensina sobre a importância da clareza e faz com que os alunos
reescrevam redações malfeitas, mas eles não conseguem ler o que você
anotou no caderno deles ou no quadro negro, o que você está ensinando de
fato?
2)                    Se você exige que seus alunos mantenham suas carteiras arrumadas e
os proíbe de ir ao recreio se elas não estiverem, enquanto sua mesa e gavetas
estão longe disto, o que você está ensinando de fato?
3)                    Se você exige que seus alunos usem o dicionário para pronunciar
corretamente as palavras, mas você não o faz, o que você está ensinando de
fato?
4)                    Se você enfatiza para os alunos a necessidade de planejamento e
organização, embora seu plano de aulas não esteja completo para o dia
seguinte, o que você está ensinando de fato?
Os valores que vivenciamos falam mais alto do que os valores sobre os quais
falamos.

Existem “valas” opostas que devemos evitar para permanecer no caminho


apropriado visando dar exemplo. Um exemplo é pensarmos que podemos ser o ideal
perfeito; o outro é não se esforçar para seguir este ideal. O primeiro leva ao
desespero. O segundo leva à preguiça. Não há esforço para o aprimoramento, só
desculpas. Jesus Cristo é o ideal, o Mestre maior, o exemplo perfeito.

Jesus Cristo, o Mestre maior, é novamente aqui nosso mentor perfeito. Seu falar e
viver foram unidos consistente e graciosamente.

No Evangelho de Mateus lemos “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do


reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e me
deste de comer; tive sede e me deste de beber; era forasteiro e me hospedaste;
estava nu e me vestiste; enfermo, e me visitaste; preso e foste ver-me” (Mt. 25:
34b-36). Quando chegamos às nossas escolas como administradores, professores ou
auxiliares, nós estamos “indo fazendo o bem”? Estamos alimentando os famintos –
os que têm fome de atenção? Estamos acolhendo os estrangeiros – os que
frequentemente se sentem excluídos? Estamos provendo cuidado especial aos
fracos, feridos e necessitados – os que sofrem acadêmica, emocional e socialmente?
Estamos nos esforçando para vestir o que está nu – aqueles deixados descobertos
pela brincadeira de mau gosto e escárnio? Estamos visitando os que estão em prisões
– aqueles trancados em prisões internas de temores e dúvidas? Creio que quanto
mais seguimos as pegadas do Mestre neste aspecto, mais poderemos observar uma
atmosfera de cuidado e zelo para com outros nas nossas escolas cristãs, à
semelhança de Cristo.

Somos verdadeiramente pessoas diferentes? Somos realmente diferentes de acordo


com a Lei de Deus, a Lei que requer amor, amor a Deus e ao próximo? As pessoas
que visitam nossas escolas podem sentir a diferença?

O mundo é egocêntrico e preocupado com seus próprios interesses. Somos


teocêntricos e nos preocupamos com os interesses dos outros? Pode-se dizer das
nossas escolas o que disseram da igreja no Novo Testamento: Vede como amam uns
aos outros?

Você tem se esforçado para andar nas pisadas do Mestre? Você suplica em suas
orações matinais, por graça que lhe habilite evidenciar amor e interesse verdadeiros
em todos os encontros com funcionários e estudantes no seu dia? Você tem lutado
para colocar estes ideais em prática? Teste-se ao anoitecer. Pergunte a si mesmo: -
A quantos alunos carentes eu, particularmente, estendi a mão hoje?

Vamos focalizar nossos pensamentos, rapidamente, sobre as seguintes perguntas:

1)                 Vocês têm ensinado com uma sincera consciência da presença de


Deus?
2)                 Vocês têm ensinado com uma sincera consciência de estar sendo
empregado no serviço de Deus?
3)                 Vocês têm ensinado com uma sincera consciência da dependência de
Deus?
Primeiramente, é necessária uma sincera consciência da presença de Deus. Toda
verdade é verdade de Deus.

Para ensinar uma consciência da presença de Deus, primeiro você deve estar ciente
dela. Entretanto, se já tem ciência dela, então como ensiná-la? Deve haver
profunda reverência e respeito pela fidelidade de Deus em sustentar fielmente Seu
mundo. Devemos entender que estamos lidando com o mundo de Deus.

Na revelação natural (mundo de Deus) cada impressão revela seu artista divino; na
revelação especial (Palavra de Deus) cada impressão revela seu divino Autor.

Seus alunos estão plenamente conscientes disto?

Em segundo lugar, vamos considerar ensinar com uma sincera consciência de estar
servindo a Deus.

Você vê a si mesmo como responsável perante Deus, ou somente por si? Ao ensinar,
minha responsabilidade se multiplica. Ao ensinar, eu toco na vida de outros.

Podemos nos testar perguntando: buscamos agradar a Deus ou só a nós mesmos?


Servimos a outros ou só a nós? Como vemos nosso chamado como professores de
escolas cristãs? Nossos tementes antepassados puritanos mantiveram com firmeza, o
princípio de que tudo na vida é sagrado, tudo na vida é religioso. Todas as nossas
ações são religiosas porque são realizadas na presença de Deus.

Vamos examinar alguns exemplos de um dia escolar, à luz desta realidade:

1)                   Se você chega à escola pela manhã, mais tarde do que o horário
normal, você se preocupa principalmente se os outros notaram, ou com Deus?
Você essencialmente busca agradar aos homens ou a Deus?
2)                   Se você esqueceu sua tarefa de supervisionar o recreio, você fica mais
preocupado em se o diretor vai descobrir, ou você serve a um Patrão superior?
3)                   Se você vê papéis jogados no corredor, você pára para apanhá-los ou
não pára porque eles não são seus? Você é alguém que serve a outros, ou só a
si mesmo?
Quando João Batista perguntou a Jesus se Ele era ou não o Messias prometido, Jesus
lhe respondeu: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos vêem,
os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são
ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mt. 11: 4-5). A
realidade do Cristo, a sua presença, foi confirmada por estes frutos. Estes eventos
são vistos na sua escola cristã, na sua classe? Aqueles que são cegos com relação a
sua condição e ao propósito de suas vidas estão começando a ver? Os que não
escutam os sons gloriosos do Evangelho estão começando a ouvir? O paralítico
espiritual está começando a andar? Os leprosos espirituais estão sendo purificados,
os mortos espirituais são ressuscitados, o rico Evangelho da graça é pregado para o
pobre espiritual? Isto está acontecendo na sua escola? Na sua classe?

Isto nunca é possível por nossa própria força; mas isto é possível através dos méritos
e do poder de Cristo. Como Jacó, vocês estão lutando por uma bênção, dizendo: eu
não Te deixarei até que Tu abençoes a mim e aos meus alunos? Nossas
impossibilidades, a Tua possibilidade; nosso vazio, a Tua plenitude; nossa pobreza,
a Tua riqueza. Vocês têm servido como professores, ou como professores cristãos?
Já consideramos as questões de “como devo avaliar a criança” e “como devo
ensinar a criança” e examinaremos agora a terceira e final dessas questões
principais, “como devo disciplinar a criança/aluno”.

Vamos focalizar nossa atenção sobre estes três temas principais, que dizem respeito
à disciplina:

1)                 A base bíblica da disciplina


2)                 Os componentes bíblicos da disciplina
3)                 A prática bíblica da disciplina
A palavra disciplina encontra sua origem e raiz na palavra discípulo. Um discípulo é
alguém que segue seu mestre. Ser um discípulo significa mais do que simplesmente
ser um aluno; mais do que alguém que é ensinado.

Como os pais e professores devem disciplinar seus filhos ou alunos? Eles devem
discipulá-los, treiná-los a seguir e a abraçar o caminho que lhes é ensinado. Isto, é
claro, suscita a questão pertinente sobre quem ensina e quais são os ensinamentos.

É importante para os jovens entenderem que seus pais e professores são


responsáveis diante de Deus sobre como usam a autoridade que lhes foi concedida
para governarem suas casas ou salas de aula. Eles não podem governar como
querem; eles são chamados para governarem como Deus quer.

Examinemos os componentes bíblicos da disciplina.

Existem dois componentes inerentes à disciplina bíblica, ou seja:

1)                      Disciplina preventiva


2)                      Disciplina corretiva
Primeiro, vamos examinar a disciplina preventiva ou instrução bíblica. Por exemplo,
uma coisa é punir severamente um aluno da 3ª série por copiar as respostas de um
colega e outra é instruí-lo sobre o porquê copiar respostas de outra pessoa é ao
mesmo tempo, mentir e roubar, e como isto é pecado à vista de Deus. A “cola”
rouba aquilo que não é meu e quando aquele que colou coloca seu próprio nome na
prova, está mentindo, pois as respostas no papel não são suas.

Uma coisa é punir uma garota da 1ª série do ensino médio por usar algo indecente.
Outra coisa é instruir os jovens que a personalidade, beleza e a atração humana é
mais do que superficial. Atrair alguém fisicamente é atrair para o corpo, não para a
pessoa. A sensualidade difere profundamente do amor. A Palavra de Deus fala de
um amor muito mais elevado, nobre e autêntico do que a atração física superficial,
vazia, do mundo.

Estes são três exemplos práticos. A instrução bíblica prática é um meio que Deus
pode abençoar para reduzir o pecado. É disciplina preventiva. A instrução deveria
preceder, acompanhar e seguir a punição.

Uma disciplina preventiva efetiva pode ser um meio para reduzir vários tipos de
ofensas rotineiras.
Pense por um momento, em duas salas da 1ª série. Numa delas, a professora
pergunta para a sua turma: quanto é 9 + 5? Doze alunos respondem, alguns bem alto
(para serem ouvidos primeiro): 14! A professora responde de maneira bastante
exasperada: quantas vezes já disse para não responderem todos juntos?! Vão perder
10 minutos do recreio! Na outra sala, o professor diz: levantem as mãos os alunos
que sabem quanto é 9 + 5. Doze alunos levantam as mãos, um é chamado para
responder e a aula continua calmamente.

A disciplina preventiva não deveria somente ensinar as expectativas da Lei de Deus,


mas também transmitir o espírito da Lei. Deve transmitir amor e compreensão para
nossos alunos.

Procedimentos preventivos transmitem uma importante mensagem aos nossos


alunos, especialmente aos de maior idade. Quando eles percebem que desejamos
evitar que eles recebam punições ao invés de estarmos ansiosos por puni-los, um
fundamento importante foi estabelecido.

A disciplina preventiva requer expectativas e rotinas consistentes.

A disciplina corretiva deve ser motivada pela mesma fonte da disciplina preventiva,
que é o amor.

Disciplinar um aluno firmemente, quando se está emocionalmente alterado, é


arriscado. Vocês são humanos. Depois de trabalhar até tarde na noite anterior e
planejar tudo detalhadamente para que a aula do dia seguinte ocorra calmamente,
é muito frustrante presenciar um comportamento desordeiro, especialmente se for
freqüente. É difícil não perceber estas ações como motivadas pessoalmente contra
você, como se tivessem feito propositalmente para atrapalhar sua aula. Na verdade,
a opinião dos outros alunos provavelmente significa muito mais para eles, do que as
suas. Mande o aluno se retirar da sala para que você possa conversar com ele mais
tarde. Isto traz duas vantagens: vocês dois podem se entender antes de tomar uma
resolução e, você terá tempo para organizar seus pensamentos e tomar uma decisão
cuidadosa, ao invés de aleatória.

Ao administrar disciplina corretiva, pergunte a si mesmo:

1)                      Estou motivado por preocupação amorosa (não por razões pessoais)?
2)                      Estou visando a consciência (não o castigo)?
3)                      Estou fazendo conscientemente (não por impulso)?
4)                      Estou buscando correção (não retaliação)?
A punição não bíblica se concentra nos erros que foram cometidos no passado. A
disciplina bíblica visa o futuro, busca a correção do mau comportamento. Enfatiza o
aperfeiçoamento e a correção.

Vamos examinar cinco princípios bíblicos (orientações práticas) com relação ao


exercício da disciplina estudantil.

1)                   Discipline com amor e zelo. Uma coisa é amá-los, outra coisa é
transmitir nosso amor. Eles devem sentir nosso amor pela maneira com que
falamos com eles e sobre eles. Nunca devemos degradar ou insultar nossos
alunos. Nunca devemos ridicularizá-los ou humilhá-los. Devemos demonstrar
interesse sobre suas preocupações e apreciação por suas idéias.
Use todas as oportunidades. Use o tempo informal disponível. Chegue à escola cedo
suficiente para dizer-lhes “oi” e mostrar-lhes interesse. Se você chega tarde e
precisa correr para preparar tudo para aquele dia, perderá oportunidades preciosas
de demonstrar interesse e cuidado. Você prefere que seus alunos estejam fora da
escola até o começo da aula ou você valoriza este tempo informal? Como você vê as
suas obrigações do meio-dia?Você também procura oportunidades para se misturar e
conversar com seus alunos?

2)                   Discipline com firmeza. “Não retires da criança a disciplina, pois se a


fustigares com a vara, não morrerá” (Pv. 23:13).
O excesso de disciplina derrama combustível sobre as chamas da rebelião inata.

Excesso de sermão, advertência e gritos, tornam-se formadores de hábito. Fazendo


isto, treinamos nossos filhos a não escutarem até que falemos pela terceira vez, ou
os ameacemos, ou gritemos com eles.

Gritos freqüentes produzem esgotamento emocional e raiva no professor e apenas


treina nossos alunos a não ouvir até que nossas vozes alcancem uma potência mais
alta. Aqueles que vivem perto de uma cachoeira ou de um trilho de trem, nunca
ouvem o barulho. Às vezes a raiva deve ser demonstrada como Jesus mostrou ao
limpar o templo dos cambistas, mas isto deve ser a exceção, não a regra. A raiva
freqüente, somente agrava a situação e perde todo poder efetivo.

3)                   Discipline pelo exemplo. Explique, modele, mas acima de tudo, seja
aquilo que você deseja que seus filhos e alunos sejam.
4)                   Discipline através do controle. Controle não significa somente dizer,
“não”. Devemos treiná-los a pedir nossa permissão. Dizer sempre “não”, os
desencorajará a pedir e se abrir conosco e os encorajará a serem desonestos.
5)                   Discipline com consistência. Se não conseguimos nos controlar, como
controlaremos outros? Controle próprio é essencial. Se um dia estamos de bom
humor e tudo está bem e no outro dia estamos de mau humor e nada está
bom, nossos alunos se tornarão confusos e desencorajados. Uma boa liderança
é 10% inspiração e 90% transpiração.
Para conseguir consistência em casa, é necessário harmonia entre os pais; na escola
é necessária a unidade entre os professores. “Se uma casa estiver dividida contra si
mesma, tal casa não poderá subsistir” (Mc. 3: 25). O professor inconsistente sempre
enfrentará problemas disciplinares.

Quando consideramos a enorme responsabilidade de ensinar e treinar nossas


crianças, as quais Deus nos confiou, devemos exclamar: “quem é suficiente para
estas coisas?” (2 Co. 2: 16). Lidamos com seres humanos, isto é, com almas
destinadas à eternidade. Da nossa perspectiva, cada uma delas têm possibilidade de
ser restaurada à imagem de Deus, pelo Espírito Santo, eternamente. Todas têm a
possibilidade de serem regeneradas como filhos de Deus. Cada criança é muito
preciosa. Cada uma tem um valor inestimável! Que responsabilidade tremenda!

Isto deveria nos conduzir ao Senhor em oração. Necessitamos diariamente a


orientação e direção divina. Deus nos instrui a trazer nossas necessidades diárias até
Ele.

Sejamos pois encorajados em Deus, em Sua Palavra e fidelidade. Num espírito de


esperança diante do Senhor, vamos orar e trabalhar. Sem o Senhor nada podemos
fazer, mas nEle e através dEle todas as coisas são possíveis.
Não sejamos desencorajados por não vermos frutos imediatos na vida de nossas
crianças. Deus prometeu: “Lança o teu pão sobre as águas”. Mas Ele acrescentou:
“porque depois de muitos dias, o acharás” (Ec. 11: 1). O modo e o tempo de Deus
são mais elevados do que os nossos.

Obs: Traduzido por Tânia Gueiros e publicado com autorização do


autor

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