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AMBIGUIDADE

Qual o sentido?
AMBIGUIDADE - Também conhecida como anfibologia, ocorre quando uma
mensagem ganha mais de um significado, o que ocorre devido à disposição
inadequada das palavras em uma frase. Muitas vezes a ambiguidade pode ser
um recurso expressivo; em outras, um defeito de construção do texto. Como
recurso, é muito encontrada em textos publicitários e humorísticos. Vejamos um
exemplo usado em campanha governamental de conscientização sobre o uso
do cinto de segurança:

“Para não quebrar a cara, use o cinto de segurança.”


A expressão em destaque, na frase, pode ter dupla interpretação: ou a
pessoa que não usar o cinto pode dar-se mal (ser multada) ou machucar-se,
caso ocorra algum imprevisto.
Em textos argumentativos, didáticos, jornalísticos e outros de função informativa, a
ambiguidade é considerada um defeito. Nesses tipos de texto, a mensagem deve
ser o mais clara e objetiva possível. Por isso, deve-se evitar expressões que
possam gerar algum tipo de ambiguidade. Um exemplo de ambiguidade intencional
pode ser visto na tirinha abaixo:

A ambiguidade aqui é proposital. O objetivo é explorar as duas possibilidades da palavra “paciente”:


•substantivo, significando pessoa que será atendida pelo médico;
•ou adjetivo, significando característica de pessoa que tem paciência. É nessa ambiguidade que reside o humor
da tirinha.
EXISTEM QUATRO TIPOS DE AMBIGUIDADE:

 A POLISSÊMICA, quando um mesmo vocábulo apresenta mais de um significado:

I. As ações lhe trouxeram grande fortuna. (As ações são atitudes ou aplicações
financeiras?)

II. Procurava balas perto de sua casa. (As balas são projéteis ou guloseimas?)

Caso a dupla interpretação não seja intencional, para evitá-la, faz-se necessário reconstruir
a frase a fim de que o vocábulo em questão alcance o entendimento desejado. Veja:

I. O dinheiro que aplicou em ações na Bolsa de Valores trouxe grande fortuna.

II. Procurava uma loja, perto de sua casa, que vendesse balas para sua aula de tiro ao alvo.
 A ESTRUTURAL, que pode ocorrer pela má construção da frase, pelo mau uso dos
pronomes possessivos e de pronomes relativos, entre outros problemas:

I. Papai falou à secretária que mora neste bairro. (Papai mora neste bairro ou a
secretária?)

II. Encontrei Marcos e a namorada na rua. Informe-lhe que sua irmã estava chegando
do exterior. (Irmã de quem: de Marcos ou da namorada?)

Como resolver: “Papai, que mora neste bairro, falou com…” ou “A secretária que mora
neste bairro ouviu de papai…”

Como resolver: “Informei ao Marcos que a irmã dele…” ou “Informei à


namorada que a irmã dela…”
 A SEMÂNTICA. A ambiguidade é gerada pelo fato de os pronomes poderem ter
diversos antecedentes. Por isso é chamada de ambiguidade semântica, pois é uma
questão relacionada à correferencialidade. Esse tipo de ambiguidade também pode
ocorrer quando se omitir um termo integrante ou acessório de uma frase.

I. O ladrão roubou a casa de José com sua própria arma. (A arma era do José ou do
ladrão)

II. Eu o vi. (Eu vi você ou vi ele? )

III. Conheci-o quando era sargento. (quando eu era ou quando ele era sargento?)
 A DE ESCOPO. A ambiguidade decorre de uma estrutura, mas não, da estrutura
sintática, e, sim, da estrutura semântica da sentença, que gera duas interpretações: é
a maneira de organizar a relação de distribuição entre palavras que expressam uma
quantificação que gera ambiguidade. OU SEJA, a ambiguidade de escopo sempre
envolve ideia de distribuição coletiva ou individual.

I. Os alunos comeram seis sanduíches. (os alunos todos comeram um total de seis
sanduíches, ou cada aluno comeu seis sanduíches?)

Ou temos uma interpretação coletiva, em que a expressão “os alunos” tem como
alcance, ou ESCOPO, seis sanduíches, como um todo. Ou temos uma interpretação
distributiva, em que cada aluno tem seis sanduíches como ESCOPO.
O juiz declarou ter julgado o réu errado.
(O juiz fez um julgamento inadequado ou não era aquele o réu que deveria
ser julgado?)
Alguns casos de ambiguidade podem ser vistos a partir das seguintes situações:
1. Uso do sujeito após um verbo transitivo direto
Venceu o Brasil a Argentina. (não dá para saber quem venceu, se foi o Brasil ou a Argentina)

2. Uso dos possessivos em terceira pessoa


Minha irmã foi à casa da amiga em sua bicicleta. (não dá pra saber se a bicicleta é da irmã ou da
amiga)

3. Uso incorreto de algumas comparações


Na década de 70, os jogadores do Vasco não levavam os treinos a sério, como acontecia no
Cruzeiro. (não dá pra saber se os jogadores do Vasco não levavam os treinos, igual acontecia no
Cruzeiro, ou se eles não levavam os treinos a sério, ao contrário do que acontecia no Cruzeiro)

4. Uso indevido de preposição "de" entre os substantivos


Onde está a cadela da sua irmã? (aqui, não se sabe se é atribuído um adjetivo pejorativo dado à
irmã ou se trata-se de um animal)

5. Uso dos relativos quando temos um substantivo num adjunto adnominal


Um ladrão roubou o carro do homem que estava perto da árvore. (não dá pra saber se é o carro ou
se é o homem que está perto da árvore)
6. Uso de determinados adjuntos adverbiais entre duas orações
Pessoas que desobedecem as leis de trânsito frequentemente são multadas. (há uma
dúvida se as pessoas desobedecem às leis frequentemente ou se elas são multadas com
frequência)

7. Confusão em relação ao que o termo se refere


Júlio conversou com Paulo sentado no muro. (não se sabe quem está sentado no muro)

8. Uso dos verbos deixar e ficar


João deixou as pessoas felizes (não dá pra saber se João fez as pessoas felizes ou se João
saiu de um lugar onde as pessoas estão felizes)

Após o leilão, a empresa francesa ficou com a empresa italiana. (não dá pra saber se a
empresa francesa ficou junto da empresa italiana ou se a empresa francesa comprou a
italiana)
Ambiguidade é um fenômeno comum em qualquer língua.

 Quando não intencional pode gerar um problema de


compreensão.

 Quando intencional é chamada de DUPLO SENTIDO,


sendo uma estratégia argumentativa bastante
poderosa.
AMBIGUIDADE NA PROPAGANDA
FERRACINI CALÇADOS,
SEMPRE PRESENTE
AMBIGUIDADE NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
AMBIGUIDADE NAS ARTES
AMBIGUIDADE NO COTIDIANO
Questão 1- (UFPR 2010):

•Os economistas são entendidos em mercado financeiro.


•Os economistas descreveram os efeitos dos juros.
•Os juros são altos.
•Todos os efeitos são arrasadores.

Assinale a alternativa em que as informações acima foram reunidas adequadamente e sem


ambiguidade:

a) Os economistas que são entendidos em mercado financeiro descreveram os efeitos dos


juros altos, que são arrasadores.
b) Os economistas entendidos em mercado financeiro descreveram os efeitos que são
arrasadores dos altos juros.
c) Entendidos em mercado financeiro, os economistas descreveram os efeitos dos altos juros
que são arrasadores.
d) Em relação aos juros altos, os economistas, entendidos em mercado financeiros,
descreveram os efeitos que são arrasadores.
e) Os economistas, que são entendidos em mercado financeiro, descreveram os efeitos,
arrasadores, dos juros, que são altos.
Questão 2- (UFPR 2009) Todas as sentenças abaixo apresentam ambiguidades. Assinale a
alternativa em que a ambiguidade não pode ser desfeita com a simples alteração na ordem
das palavras:

a) As crianças comeram bolo e sorvete de chocolate.


b) Ele viu a moça com um binóculo.
c) Ela saiu da loja de roupa.
d) As crianças esconderam os brinquedos que encontraram no porão.
e) Acabaram de roubar o banco da entrada da universidade.
Questão 3 – (CEFET/PR) Assinale a única frase em que a ordem de colocação das palavras
NÃO produz ambiguidade.

a) Rossi pede ao STF processo por calúnia contra Motta.


b) É só colocar as moedas, girar a manivela e ter a escova já com a pasta embalada nas
mãos.
c) Casal procura filho sequestrado via Internet.
d) Câmara torna crime porte ilegal de armas.
e) Regressou a Brasília depois de uma cirurgia cardíaca com cerimonial de chefe de Estado.
Você está indo muito bem! Chegamos à metade dos Exercícios de Ambiguidade.
Questão 4 – (FGV/RJ) Dentre as seguintes frases, assinale aquela que não contém
ambiguidade:
a) Peguei o ônibus correndo.
b) Esta palavra pode ter mais de um sentido.
c) O menino viu o incêndio do prédio.
d) Deputado fala da reunião no Canal 2.
e) Vi um desfile andando pela cidade.

Questão 5 – (CEFET/PR) Leia o texto a seguir:“Quando Milton Campos foi governador de


Minas Gerais, teve como secretário o Sr. Pedro Aleixo. Contam os mineiros que, para
qualquer providência, Sua Excelência anunciava: Preciso falar com o Pedro, primeiro. O Dr.
Milton quase foi eleito vice-presidente da República. Se tivesse chegado à presidência,
estaríamos, no mínimo, com a monarquia instaurada no Brasil, pois os brasileiros que
pretendessem realizar qualquer empreendimento teriam que falar com Pedro, primeiro.” O
texto acima trabalha com a possibilidade da ambiguidade obtida devido à:
a) semelhança sonora entre numeral e adjetivo;
b) posposição do adjetivo;
c) leitura do advérbio como numeral;
d) leitura do numeral como advérbio;
e) utilização da vírgula antes do numeral.
Questão 6 – (ENEM) No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir
os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete:
“CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA
FASE”A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o
objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:
a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase.
b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha.
c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência.
d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase
e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase
Questão 7 – (ITA) Assinale a opção em que a ambiguidade ou o efeito cômico NÃO decorre
da ordem dos termos.
a) O estudo analisou, por 16 anos, hábitos como caminhar e subir escadas de homens com
idade média de 58 anos. (Equilíbrio. “Folha de S. Paulo”, 19/10/2000)
b) Andando pela zona rural do litoral norte, facilmente se encontram casas de veraneio e
moradores de alto padrão. (“Folha de S. Paulo”, 26/01/2003)
c) Atendimento preferencial para: idosos, gestantes, deficientes, crianças de colo. (Placa
sobre um dos caixas de um banco.)
d) Temos vaga para rapaz com refeição. (Placa em frente a uma casa em Campinas, SP.)
e) Detido acusado de furtos de processos. (“Folha de S. Paulo”, 8/7/2000)
5.

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