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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

PREVIDENCIÁRIO DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE (CIDADE), SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE


(ESPECIFICAR)

Necessário novo requerimento administrativo.

NOME DA PARTE AUTORA e qualificação, por intermédio de seu


procurador, vem, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 201, § 7º, inciso II
da Constituição Federal e art. 48 da Lei nº 8.213/91, propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL, contra

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, situado na


(endereço) pelos fatos e fundamentos jurídicos que ora passa a expor:

I – DOS FATOS

A parte autora é trabalhador rural e exerce atividade como pescador


artesanal em conjunto com o seu grupo familiar (identificar) em embarcação própria sem a
ajuda permanente de empregados ou mão-de-obra. Em suma, a atividade pesqueira (artesanal)
da família consistia na pesca de (especificar), beneficiamento e comercialização de (especificar).

O pescado capturado pelo grupo familiar era comercializado no


comércio local (especificar) após a reserva do necessário para o consumo próprio. Destarte, a
parte autora se enquadra na qualidade de segurado especial, em face do exercício da
atividade de pesca, na forma artesanal.

Verificar se a parte autora recebeu seguro defeso (consultar legislação


do pescador no material).

A parte autora constatou que já havia implementado a idade mínima


(60 anos para homem e 55 anos para mulher) e como exercia a atividade rural na qualidade de
segurado especial a mais de 180 meses, em (data do requerimento administrativo no INSS)
protocolou na Agência de Previdência Social – APS de (cidade), pedido de aposentadoria por
idade rural, consoante se infere da cópia do processo administrativo nº (especificar) que junta à
presente ação.

Destaca-se que, o INSS após analisar o processo administrativo,


indeferiu o pedido de aposentadoria por idade rural. Esta decisão e o cálculo de tempo de
serviço elaborado pelo INSS demonstram que foi desconsiderado o período de (especificar
início e fim), em que a parte autora exerceu a atividade rural na qualidade de segurado
especial.

Destarte, a parte autora recorreu ao poder judiciário, por meio do


processo nº (especificar) ajuizado na (especificar) para reconhecer o período de atividade rural
prestado na qualidade de segurado especial no período de (especificar) e a consequente
concessão de aposentadoria por idade rural. Sobreveio a sentença:

(descrever)

Não contente, o INSS interpôs recurso para a Turma Recursal visando


reformar o julgamento anterior. Em (especificar) a Turma Recursal deu parcial provimento ao
recurso do INSS, não reconhecendo o período rural laborado de (período), senão vejamos o
acórdão:

(descrever)
Ocorre que, conforme fundamentação do v. acórdão, o período de
(especificar), somente não foi reconhecido pela ausência de início de prova material para
comprovação da atividade rural na qualidade de segurado especial.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

1. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO

Após o trânsito em julgado da sentença, a parte autora encontrou


outros documentos contemporâneos ao período de atividade rural que buscou reconhecimento
na via judicial. Diante disso, em (data do requerimento administrativo no INSS) a parte autora
protocolou na Agência de Previdência Social – APS de (cidade), pedido de concessão de
aposentadoria por idade rural, consoante se infere da cópia do processo administrativo nº
(especificar) que junta à presente ação.

Destaca-se que, o INSS após analisar o processo administrativo,


indeferiu o pedido de aposentadoria por idade, sob a seguinte alegação:

Em atençã o ao seu pedido de Aposentadoria por Idade apresentado em (data), informamos que apó s aná lise
da documentaçã o apresentada e entrevista/pesquisa realizada de acordo com o art. 357, do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, combinado com o art. 9 da Pt/MPAS nº 4.273, de
12/12/97, nã o foi reconhecido o direito ao benefício por nã o ter sido comprovada a qualidade de segurado
especial.

A decisão retro, reproduzida demonstra que não foi considerado o


exercício da atividade rural pela parte autora na qualidade de segurado especial.

A parte autora não concorda a decisão administrativa do INSS. Por isso,


recorre ao Poder Judiciário a fim de ver satisfeita a sua pretensão de obter o benefício de
aposentadoria por idade rural.

A parte autora também pretende cobrar as parcelas vencidas, devidas


desde a data da postulação administrativa do benefício (data do agendando do requerimento
administrativo).
2. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE LITISPENDÊNCIA

Inicialmente, registre-se que os fundamentos adotados para o não


reconhecimento de todo tempo de atividade rural consistiram na insuficiência dos elementos
de prova material.

Na demanda anterior, a parte autora tinha apresentado os seguintes


documentos:

 Certidão de casamento;
 Descrever os documentos (tabela elucidativa no material).

No presente processo, a parte autora busca a comprovar o período de


atividade rural, oferecendo os seguintes elementos de prova:

 Certidão de nascimento;
 Descrever os documentos (tabela elucidativa no material).

É certo que esses documentos não são supervenientes ao trânsito em


julgado da decisão proferida na demanda anterior, mas a jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça - STJ tem expressado que "ainda que o documento apresentado seja anterior à ação
originária, esta Corte, nos casos de trabalhadores rurais, tem adotado solução pro misero para
admitir sua análise, como novo, na rescisória" (AR 2.338/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/04/2013, DJe 08/05/2013). 

O conceito de documento novo tem sido compreendido em uma


perspectiva ampla, levando-se em conta a necessidade da proteção social e dos inaceitáveis
efeitos reais que emanam de uma decisão denegatória de benefício previdenciário para a
pessoa que dele necessita. O sentido amplo que se pode atribuir à interolocução "conceito
novo" presta-se, com igual justiça, a todos os casos em que novos elementos de prova revelam-
se hábeis a demonstrar a injustiça da decisão denegatória passada em julgado (In, Recurso Cível
Nº 5006812-44.2012.404.7003/PR. Curitiba, 05 de junho de 2013. Rel. José Antônio Savaris).

Sobre a possibilidade de ajuizamento de nova demanda previdenciária


quando confortada com elementos probatórios decisivos para o reconhecimento do direito
fundamental à proteção social, já decidiu a 3ª Turma Recursal/PR, quando do julgamento do
RCI n.º 5008936-34.2011.404.7003/PR:
 
(...) Nã o demonstrado o fato constitutivo do direito da parte autora, impõ e-se a denegaçã o de proteçã o social
correspondente, "sem prejuízo, contudo, da promoçã o de outra açã o em que se enseje a produçã o de prova
adequada" (Pet 7115/PR, Rel. Ministro Napoleã o Nunes Maia Filho, Terceira Seçã o, julgado em 10/03/2010,
DJe 06/04/2010)" (Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris. Julgamento em 30/01/2013).

E ainda:

DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁ RIO. PROCESSO. SENTENÇA DENEGATÓ RIA DE PROTEÇÃ O


PREVIDENCIÁ RIA. COISA JULGADA. LIMITES. DIREITO FUNDAMENTAL À PREVIDÊ NCIA SOCIAL. NÃ O-
PRECLUSÃ O. NOVO CONTEXTO PROBATÓ RIO. REDISCUSSÃ O DA DEMANDA. POSSIBILIDADE EXCEPCIONAL.
RECURSO PROVIDO.
1. Pela eficá cia normativa do devido processo legal em sua dimensã o substancial, a decisã o denegató ria de
proteçã o social por insuficiências de prova, por afetar o direito fundamental à subsistência digna de pessoa
presumivelmente necessitada, constitui coisa julgada secundum eventum probationes.
2. A segurança jurídica, fundamento axioló gico hospedado na norma constitucional da coisa julgada, nã o é
malferido quando, em uma segunda demanda, à luz de significativa alteraçã o do contexto probató rio, o
segurado da previdência social apresenta elementos novos, há beis a demonstrar a injustiça da primeira
decisã o e o direito do hipossuficiente a direito fundamental de elevada relevâ ncia social e que conforma o
mínimo existencial.
3. Seria desproporcional impor ao indivíduo agravado com a sentença de nã o-proteçã o e que se presume
hipossuficiente em termos econô micos e informacionais a sujeiçã o perpétua aos efeitos deletérios da decisã o
denegató ria, cuja injustiça resta manifesta.
4. A noçã o de "documento novo" tem sido compreendido em uma perspectiva ampla pela jurisprudência do
STJ, para o efeito de rescisã o de decisã o judicial que recusa proteçã o previdenciá ria (AgRg no REsp
1215172/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃ O, QUARTA TURMA, j. 05/03/2013, DJe 11/03/2013).
5. Deve ser anulada a sentença que extingue o processo em razã o da coisa julgada sem ter em consideraçã o
que esse instituto, em tema previdenciá rio, se afigura dentro de uma perspectiva peculiar de segurança
jurídica que consubstancia justa aderência do sistema normativo processual à especificidade do direito
material e à dinâ mica da realidade social.
6. Recurso da parte autora conhecido e provido. Recurso Cível Nº 5006812-44.2012.404.7003/PR. Curitiba,
05 de junho de 2013. Rel. José Antonio Savaris.

Considerando que os documentos acima asseverados não foram


apresentados no processo anterior, devem prestar como início de prova material e
considerando que são contemporâneos aos períodos que se pretende reconhecer  para a
concessão de aposentadoria por tempo de contribuição (especificar), entende-se como
presente um novo conjunto probatório, de modo que a reanálise do direito à proteção social
não encontraria óbice na coisa julgada, como se passa a demonstrar.   
3. PESCADOR ARTESANAL EQUIPARADO A TRABALHADOR RURAL

A atividade de pescador artesanal está prevista no art. 11, inciso VII, da


Lei nº 8.213/91, qualificado como segurado especial.

Pela definição do citado art. 11, tem-se que o pescador artesanal está
equiparado ao trabalhador rural para efeitos previdenciários, quando segurado especial,
razão pela qual se aplicam a ele as mesmas regras, sendo certo que, quando se trata de
concessão de benefício previdenciário, são as vigentes à época em que o segurado preencheu
os pressupostos necessários à sua concessão.

Por sua vez, o art. 39, inciso I, da Lei nº 8.213/91 prevê a possibilidade
da concessão de aposentadoria por idade ou por invalidez, auxílio- doença, auxílio-reclusão ou
pensão, no valor de um salário mínimo, desde que comprovado o exercício da atividade (rural),
ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício requerido.

4. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL

Os fatos jurídicos podem ser provados por todos os meios de prova em


direito admitidos, consoante está disciplinado no arts. 212 a 232 do Código Civil e arts. 332 a
443 do Código de Processo Civil.

No âmbito previdenciário e no que interessa ao presente caso, o art.


106 da Lei nº 8.213/91, estabelece o seguinte:

Art. 106.  A comprovaçã o do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de: (Redaçã o
dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; (Redaçã o dada pela Lei nº
11.718, de 2008)
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; (Redaçã o dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
III – declaraçã o fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de
sindicato ou colô nia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS; (Redaçã o dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonizaçã o e Reforma Agrá ria – INCRA, no caso de
produtores em regime de economia familiar; (Redaçã o dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
V – bloco de notas do produtor rural; (Redaçã o dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de
1991, emitidas pela empresa adquirente da produçã o, com indicaçã o do nome do segurado como
vendedor; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VII – documentos fiscais relativos a entrega de produçã o rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado
ou outros, com indicaçã o do segurado como vendedor ou consignante; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuiçã o à Previdência Social decorrentes da comercializaçã o da
produçã o; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
IX – có pia da declaraçã o de imposto de renda, com indicaçã o de renda proveniente da comercializaçã o de
produçã o rural; ou (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
X – licença de ocupaçã o ou permissã o outorgada pelo Incra. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

O artigo em tela tem regulamentação no art. 62 do Decreto nº 3.048/99


(Regulamento dos Benefícios da Previdência Social), que, inclusive, em seu § 2º, inciso II trouxe,
exemplificativamente, um rol de documentos que podem servir de prova plena do exercício de
atividade a ser contado como tempo de serviços. Nesse sentido também é a jurisprudência
predominante do Superior Tribunal de Justiça - STJ, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL. DOCUMENTOS EM NOME DO EX-CÔ NJUGE. EXTENSÃ O DA PROVA MESMO APÓ S A SEPARAÇÃ O.
1. Dada a notó ria dificuldade de comprovaçã o do exercício da atividade rural, esta Corte Superior de Justiça
considera o rol de documentos previsto no art. 106 da Lei n. 8.213/1991 como meramente exemplificativo.
Nesse sentido, já se manifestou inú meras vezes pela possibilidade de reconhecimento como início de prova
material da certidã o de ó bito do cô njuge, bem como da certidã o de casamento, mesmo que nã o coincidentes
com todo o período de carência do benefício, desde que devidamente referendados por robusta prova
testemunhal que corrobore a observâ ncia do período legalmente exigido.
2. Esta Terceira Seçã o já se manifestou pela aceitaçã o, a título de início de prova material, de documentos
relativos à qualificaçã o do entã o marido da autora, mesmo diante da separaçã o ou do divó rcio do casal,
quando as informaçõ es contidas na documentaçã o foi confirmada pela prova testemunhal. Precedentes.
3. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 47.907/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃ O REIS JÚ NIOR, SEXTA
TURMA, DJe 28/03/2012).

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁ RIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. TEMPO DE


SERVIÇO RURAL. RECONHECIMENTO. INÍCIO RAZOÁ VEL DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHAL.
PERÍODO DE CARÊ NCIA. COMPROVAÇÃ O. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Para fins de concessã o de aposentadoria rural por idade, a lei nã o exige que o início de prova material se
refira precisamente ao período de carência do art. 143 da Lei n.º 8.213/91, desde que robusta prova
testemunhal amplie sua eficá cia probató ria, como ocorre na hipó tese em apreço.
2. Este Tribunal Superior, entendendo que o rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n.º 8.213/91 é
meramente exemplificativo, e nã o taxativo, aceita como início de prova material do tempo de serviço rural as
Certidõ es de ó bito e de casamento, qualificando como lavrador o cô njuge da requerente de benefício
previdenciá rio.
3. In casu, a Corte de origem considerou que o labor rural da Autora restou comprovado pela certidã o de
casamento corroborada por prova testemunhal coerente e robusta, embasando-se na jurisprudência deste
Tribunal Superior, o que faz incidir sobre a hipó tese a Sú mula n.º 83/STJ.
4. Agravo regimental desprovido (AgRg no Ag 1.399.389/GO, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em
21/6/2011, DJe 28/6/2011)
Portanto, segundo a legislação que disciplina a matéria, a comprovação
do exercício de atividade rural pode ser realizada, alternativamente, por qualquer das formas
retro relacionadas.

Os documentos abaixo relacionados (ordenados em função do tempo –


do mais antigo ao mais recente) constituem início de prova material suficiente para demonstrar
o efetivo exercício de atividade rural na qualidade de segurado especial pela parte autora
durante referente a carência do benefício pleiteado.

 Incra
 Certidão nascimento (especificar todos os documentos).

Diante de tais documentos e circunstâncias fica demonstrada que é


totalmente inconsistente a negativa do INSS em não considerar a parte autora como segurado
do Regime Geral de Previdência Social – RGPS na qualidade de segurado especial, uma vez que
efetivamente exerceu a atividade rural.

O fato de o documento estar em nome do(a) companheiro(a) da parte


autora estende a condição de trabalhador rural, configurando como início prova material 1.
Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ:

AGRAVO REGIMENTAL. APOSENTADORIA RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DOCUMENTOS QUE


ATESTAM AQUALIDADE DE RURÍCOLA DO COMPANHEIRO FALECIDO. EXTENSÃ O DA CONDIÇÃ O À AUTORA.
POSSIBILIDADE.
1. É firme o entendimento desta Corte Superior no sentido de que, corroborada por robusta prova
testemunhal, é prescindível que a prova documental abranja todo o período de carência do labor rural.
2. A certidão de óbito, na qual consta a profissão de lavrador atribuída ao companheiro da autora,
estende a esta a condição de rurícola, afastando a aplicação do enunciado da Súmula 149/STJ.
Precedentes.
3. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1199200/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃ O REIS JÚ NIOR, SEXTA
TURMA, DJe 07/12/2011). Grifei

PREVIDENCIÁ RIO. RURAL. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. PROVA MATERIAL. INÍCIO. CERTIDÕ ES DE
ATO DE REGISTRO CIVIL. POSSIBILIDADE. TESE RECURSAL. REEXAME DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.
SÚ MULA N. 7/STJ. Ó BICE.
1. Esta Corte possui entendimento consolidado no sentido de que as certidões de casamento, de óbito
do marido da autora e de nascimento dos filhos, nas quais constam a profissão de agricultor daquele,
constituem razoável início de prova material a corroborar os depoimentos testemunhais.

1
TNU: Súmula nº 6 – COMPROVAÇÃO DE CONDIÇÃO RURÍCOLA: A certidão de casamento ou outro documento
idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da
atividade rurícola.
2. A lei nã o exige que a prova material se refira a todo o período de carência exigido, conforme versa o art.
143 da Lei n. 8.213/1991, desde que ela seja amparada por prova testemunhal harmô nica, no sentido da
prá tica laboral referente ao período objeto de debate.
3. A tese defendida no recurso especial de que nã o ficou demonstrado o labor rural, em regime de economia
familiar, encontra ó bice na Sú mula n. 7/STJ.
4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1.268.557/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado
em 20.3.2012, DJe 3.4.2012.). Grifei

Reafirme-se, ainda, que os documentos em nome dos genitores


também constituem início de prova material. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça – STJ:

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁ RIO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. EXISTÊ NCIA. DOCUMENTAÇÃ O EM
NOME DOS PAIS. CÔ MPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM ATIVIDADE RURAL PARA FINS DE
APOSENTADORIA URBANA POR TEMPO DE SERVIÇO NO MESMO REGIME DE PREVIDÊ NCIA. CONTRIBUIÇÃ O
RELATIVAMENTE AO PERÍODO DE ATIVIDADE RURAL. DESNECESSIDADE. CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE
CARÊ NCIA DURANTE O TEMPO DE SERVIÇO URBANO.
(...)
4. Os documentos em nome do pai do recorrido, que exercia atividade rural em regime familiar,
contemporâneos à época dos fatos alegados, se inserem no conceito de início razoável de prova
material. " (REsp 542.422/PR, da minha Relatoria, in DJ 9/12/2003). (REsp nº 505.429/PR, relator o
Ministro Hamilton Carvalhido , DJ de 17/12/2004). Grifei

Também, não é imperativo que o início de prova material diga respeito a


todo período de carência estabelecido pelo art. 142 da Lei nº 8.213/91, desde que a prova
testemunhal amplie sua eficácia probatória 2. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça – STJ:

PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA. RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DE CARÊ NCIA. NÃ O


COMPROVAÇÃ O. PROVA TESTEMUNHAL INCONSISTENTE. PRETENSÃ O DE REEXAME DE PROVAS. SÚ MULA
7/STJ.
1. Trata-se de demanda na qual se pleiteia aposentadoria rural. Alega a agravante a presença de diversas
provas que asseguram o exercício do labor rural e, portanto, o direito a aposentadoria especial.
2. Esta Corte Superior tem aceitado que a prova material do labor agrícola nã o se refere a todo o período de
carência, desde que haja robusta prova testemunhal apta a ampliar a eficá cia probató ria dos documentos.
3. No caso dos autos, todavia, verifica-se que a prova testemunhal nã o robustece a prova material.
4. Rever o entendimento do Tribunal de origem, quanto à inexistência de início de prova material, apta a
comprovaçã o do período de carência demandaria o reexame do conjunto fá tico-probató rio, providência
sabidamente incompatível com a via estreita do recurso especial. (Sú mula 7 do STJ). Precedentes. Agravo
regimental improvido (AgRg no REsp 1.326.665/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em
28/8/2012, DJe 3/9/2012).

AÇÃ O RESCISÓ RIA. PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA POR IDADE. RURAL. COMPROVAÇÃ O DA
ATIVIDADE AGRÍCOLA NO PERÍODO DE CARÊ NCIA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA
TESTEMUNHAL. PEDIDO PROCEDENTE.
1. É firme a orientaçã o jurisprudencial desta Corte no sentido de que, para concessã o de aposentadoria por
idade rural, nã o se exige que a prova material do labor agrícola se refira a todo o período de carência, desde
que haja prova testemunhal apta a ampliar a eficá cia probató ria dos documentos, como na hipó tese em
exame.

2
TNU: Súmula nº 14 – Para concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova
material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.
2. Pedido julgado procedente para, cassando o julgado rescindendo, dar provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentença (AR 3.986/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seçã o, julgado em
22/6/2011, DJe 1º/8/2011).

A interpretação restritiva apregoada pelo INSS nega a condição de


segurado especial a aqueles a quem a Lei conferiu este atributo.

Além disso, com a produção de prova testemunhal, a parte autora


confirmará o exercício da atividade rural alegada.

5. NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO PARA


OUVIDA DAS TESTEMUNHAS

Conforme já devidamente asseverado não é imperativo que o início de


prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 142 da Lei nº
8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória.

Essa prova testemunhal tem o intuito de comprovar o labor rural da


parte autora na qualidade de segurado especial referente ao período de carência exigido para
obtenção do benefício ora pleiteado e a comprovação do exercício no período imediatamente
anterior ao requerimento administrativo.

Destarte, entende-se necessária a realização de audiência de instrução e


julgamento, por se tratar de matéria que proclama prova testemunhal.

O direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela


inerentes (art. 5º, inciso LV da Constituição Federal) prevê a produção de todos os meios
probatórios, em especial, no presente caso, a prova testemunhal.

Nesse sentido é a jurisprudência:

RECURSO CÍVEL. DIREITO PREVIDENCIÁ RIO. BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR
RURAL. PROVA TESTEMUNHAL. CERCEAMENTO DE DEFESA CARACTERIZADA. NULIDADE DA SENTENÇA.
1. Tratando-se de pedido de concessão de aposentadoria por idade rural, que exige comprovação do
exercício de atividade rurícola, ainda que descontínua, no período correspondente à carência do benefício,
caracteriza cerceamento de defesa a não realização de audiência, utilizando-se como prova emprestada
depoimentos desfavorá veis colhidos em processo anterior de restabelecimento de auxílio-doença.
2. Recurso provido, anulando-se a sentença. Processo nº: 201070600019106. Relatora: Juíza Federal Flavia
da Silva Xavier. DJ Curitiba, 21 de novembro de 2011. Grifei

Ressalvo, por oportuno, que pelo princípio do livre convencimento


motivado, o Douto Juízo pode recorrer a elementos de convencimento diversos, como a prova
emprestada de outros processos, por exemplo, sem, contudo, afrontar os direitos
fundamentais garantidos em sede constitucional.

Evidentemente não se sustenta que a prova emprestada ou a análise


tão somente da prova material não possa ser usada como convicção do magistrado. Entretanto,
a celeridade e informalidade dos Juizados Especiais não serve como justificativa para impedir
que a parte possa exercer seus direitos processuais de produção de provas e não se sobrepõe
às garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa.

6. REQUISITOS PARA O BENEFÍCIO POSTULADO

O art. 201, § 7º, inciso II, da Constituição Federal, assegurou ao


trabalhador rural o direito de se aposentar aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e aos
55 (cinquenta e cinco) anos, se mulher, senão vejamos:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de cará ter contributivo e de
filiaçã o obrigató ria, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá , nos
termos da lei, a:
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
seguintes condiçõ es:
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o
limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

O art. 48 da Lei nº 8.213/91 estabelece que:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei,
completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.
§ 1o Os limites fixados no caput sã o reduzidos para sessenta e cinqü enta e cinco anos no caso de
trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do
inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.
§ 2o  Para os efeitos do disposto no § 1 o deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício
de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, por tempo igual ao nú mero de meses de contribuiçã o correspondente à carência do benefício
pretendido, computado o período  a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei.

E, quanto ao período de carência exigido para o referido benefício, o art.


142 da Lei nº 8.213/91, dispõe:

Art. 142. Para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o
trabalhador e o empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por
idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o
segurado implementou todas as condiçõ es necessá rias à obtençã o do benefício: (Artigo e tabela com nova
redaçã o dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

Ano de implementaçã o das condiçõ es Meses de contribuiçã o exigidos


1991 60 meses
1992 60 meses
1993 66 meses
1994 72 meses
1995 78 meses
1996 90 meses
1997 96 meses
1998 102 meses
1999 108 meses
2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses

Por sua vez, o art. 55, § 2º daquele diploma legal estabelece que “o
tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência desta Lei,
será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento”; e o art.
26, inciso III determina que o benefício de aposentadoria por idade será concedido aos
trabalhadores rurais referidos no art. 11, inciso VII da Lei nº 8213/91, independentemente de
carência.

Assim, são exigidos para concessão de aposentadoria por idade ao


trabalhador rural os seguintes requisitos: (I) implementação da idade (60 anos para homem e
55 anos para mulher); (II) comprovação da qualidade de rurícola (art. 11 da Lei nº 8213/91);
(III) exercício da atividade rural na qualidade de segurado especial. Não se exige, pois, o
pagamento de um número mínimo de contribuições.

No tocante à idade, não resta dúvida de que a parte autora, na data do


requerimento (data), já havia completado a idade mínima exigida. Nascido em (data),
completou os 55 (F) ou 60 (M) anos exigidos pela legislação pátria precisamente em (data),
conforme certidão de nascimento em anexo.

Ademais, a parte autora comprovará sua condição de rurícola na


qualidade de segurado especial através da cópia de documentos os quais, apesar de alguns
documentos não servirem como prova documental stricto sensu, já que não previstas na
legislação, têm o condão de fortalecer a prova testemunhal, funcionando como início de prova
material dos fatos alegados. Destarte, a prova material juntamente com a testemunhal são
robustas para confirmar o exercício de atividade rural na qualidade de segurado especial, ainda
que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em
número de meses equivalentes à carência do benefício.

Diante do quadro que se apresenta, é de se reconhecer que estão


presentes os requisitos que autorizam a concessão do benefício – aposentadoria por idade rural
- na qualidade de segurado especial, tendo por comprovado o efetivo exercício de atividade
rural, atendendo a idade mínima exigida e à carência do benefício.

Nesse contexto, na esteira da sólida jurisprudência é possível a


concessão da aposentadoria por idade rural para a parte autora.
III – PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Conhecer do presente feito determinando as diligências necessárias;

b) A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal (Procurador


Autárquico), o qual pode ser encontrado (endereço), para, querendo, contestar a presente
ação, sob pena de revelia e confissão;

c) Deferir a produção de provas elencadas no art. 212 do Código Civil,


notadamente a ouvida de testemunhas adiante arroladas, para comprovação do exercício de
atividade rural, expedindo-se, para tanto, carta precatória para a Comarca (especificar), a fim
de que as testemunhas sejam ouvidas no Juízo de seu domicílio;
d) Julgar procedente a presente ação de concessão de aposentadoria
por idade rural para:

I – DECLARAR, suficientemente comprovado o exercício de atividade


rural pela parte autora na qualidade de segurado especial e devidamente preenchidos os
requisitos previstos no art. 11 da Lei nº 8.213/91: qualidade de segurado, idade mínima e
cumprimento da carência;

II – CONDENAR, por consequência, o INSS a conceder a parte autora o


benefício de aposentadoria por idade rural e com início na data do agendamento
administrativo (data);

e) Determinar ao INSS para que implante administrativamente o


benefício devido a parte autora e proceda os necessários registros de concessão e manutenção
do benefício que a decisão lhe assegurar;

f) Condenar o INSS a pagar a parte autora as prestações vencidas (data)


e as vincendas, relativas ao benefício que lhe for deferido, corrigidos monetariamente, desde o
vencimento de cada parcela até a data de sua efetiva liquidação;
g) Condenar o INSS a pagar juros moratórios calculados sobre o valor
corrigido das prestações vencidas e contadas a contar da citação, à taxa de 1% (um por cento)
ao mês, conforme precedentes do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 227.369 –
Alagoas – Min. Jorge Scartezzini – DJU 16.11.99, p. 226);

h) A condenação do INSS no pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios no valor de 20% (vinte por cento) da causa, em face das peculiaridades
do presente caso, sua complexidade e trabalho despendido pelos advogados que subscrevem a
presente;

i) A concessão do benefício JUSTIÇA GRATUITA, por  não ter a parte


autora como arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu
sustento;
j) Requer-se, com base no art. 22, § 4º da Lei nº 8.906/94, que, ao final
da presente demanda, caso sejam encontradas diferenças em favor da parte autora, quando da
expedição da RPV ou do precatório, os valores referentes aos honorários contratuais (contrato
de honorário em anexo) sejam expedidos em nome do presente procurador, assim como os
eventuais honorários de sucumbência.

Dá-se à causa o valor de (art. 260 do CPC).

Pede deferimento.

Data....

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. Nome, profissão, residência e o local de trabalho (art. 407 do CPC);


2. Nome, profissão, residência e o local de trabalho (art. 407 do CPC);
3. Nome, profissão, residência e o local de trabalho (art. 407 do CPC).

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