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Literatura
2ª Geração Modernista - Prosa Data: ___
Os modernistas da Geração de 30 retomam dois causadas pela seca, na figura do jagunço e no poder
diferentes momentos da despótico dos donos da terra.
literatura brasileira: o “Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de
regionalismo romântico e tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem
realismo do século 19. leva as pernas, em vez de ser levado por elas.
Retratam a realidade Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer
brasileira com uma intenção voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam
clara de denúncia social e aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo,
engajamento político. iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão dos maus
Unindo ideologia e análise fados.”
sociológica e psicológica a José Américo de Almeida, A bagaceira
novas técnicas narrativas, o
romance de 30 A prosa de 30: Os Brasis que o Brasil tem: características e
(Neorrealismo) constitui um dos melhores momentos da temas da Geração de 30
ficção brasileira. - Denúncia social ao abordar problemas nacionais e
questões sociais, econômicos e climáticos sem idealização.
Contexto histórico “No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele,
Enquanto os modernistas revolucionavam a literatura, levava, com um gemido abafado, a mãozinha imunda, de
o Brasil e o mundo se dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes.”
transformavam. O quinze, Rachel de Queiroz
- O ano de 1930 marca uma
profunda mudança na estrutura de - Realismo crítico: a seca, a miséria, a exploração do
poder com o fim da República Velha. homem pelo homem, o cangaço, a opressão, o
- Com um golpe, o gaúcho Getúlio coronelismo, a luta pela terra, a crise dos engenhos.
Vargas assume a Presidência e põe “Era bruto sim senhor, nunca havia aprendido, não
fim ao domínio da oligarquia rural sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então
paulista e mineira, conhecida como mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar
política café com leite. direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia
- Getúlio impôs uma Constituição que lhe garantiu plenos trabalhando como um escravo. [...] Tinha culpa de ser
poderes, fechou o Congresso Nacional e os partidos bruto? Quem tinha culpa?”
políticos, instituiu censura à imprensa, interveio nos Vidas secas, Graciliano Ramos
sindicatos, perseguiu os que não concordavam com suas
decisões, pôs em ação uma intensa propaganda política. - Literatura engajada, pois tomou partido dos nordestinos
- Desde a crise de 1929 (paralisação de fábricas, miseráveis, denunciou o despotismo dos coronéis, o
desemprego, fome, miséria), o café caíra abruptamente de sofrimento causado pela seca, a ignorância e a falta de
preço, levando o Brasil à profunda crise econômica e proteção para o trabalhador rural.
enfraquecendo o domínio da oligarquia rural. "...Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia
- Guerras mundiais. defender-se, botar as coisas nos seus lugares..."
Esse quadro político-econômico brasileiro e internacional Vidas secas, Graciliano Ramos
exigia dos artistas e intelectuais uma tomada de posição
ideológica. Dessa exigência resultou numa arte engajada, - Linguagem brasileira: aproveitamento do vocabulário
de clara militância. próprio de cada região.
“Manuel Riachão puxava o eito na frente, como um
A Bagaceira, de José Américo de Almeida, é baliza. Era o mais ligeiro. De cabeça enterrada, a enxada
considerado o primeiro romance da Geração de 30. nas suas mãos raspava como uma máquina a terra que
A narrativa, que trata da vida dos nordestinos castigados aparecesse na frente. Sempre na dianteira, deixando na
pela seca, se passa na paisagem paraibana e se concentra bagagem os companheiros. O moleque Zé Passarinho
na exposição do dia a dia dos engenhos, nas tragédias remanchando, o último do eito. Não havia grito que