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ANA CLAUDIA GIANNINI BORGES

A CONTRIBUIÇÃO DA DANÇA DO VENTRE PARA A


SAÚDE DA MULHER

OSASCO
2016
ANA CLAUDIA GIANNINI BORGES

A CONTRIBUIÇÃO DA DANÇA DO VENTRE PARA A


SAÚDE DA MULHER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Educação Física Bacharelado.

Orientador: Karen Valença

NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA


OSASCO

2016
A CONTRIBUIÇÃO DA DANÇA DO VENTRE PARA A
SAÚDE DA MULHER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Educação Física Bacharelado.

Aprovado em: __/__/____

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)


Dedico este trabalho a todos os familiares
e professores que permitiram que
concluíssemos nossa jornada de estudos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente à professora Natália Datrino pelo auxílio no trabalho e


disponibilização do seu projeto de pesquisa sobre a utilização de dança do ventre
como minimizador de dores na disminorréia primária, de grande valia para nossa
pesquisa.
RESUMO

A dança do ventre, conhecida como arte milenar, é uma atividade que traz inúmeros
benefícios à saúde da mulher. O objetivo dessa pesquisa é pesquisar na literatura o
conceito de dança do ventre e analisar quais são esses benefícios, elencando e
discutindo os mesmos, principalmente, os benefícios físicos. O presente estudo possui
caráter experimental já que visa avaliar os benefícios que a dança do ventre pode
trazer para a saúde da mulher. Concluímos que a dança do ventre traz benefícios e
iremos discutir sobre os mesmos durante o decorrer da pesquisa.

Palavras-chave: Dança do Ventre; Benefícios; Mulher; Saúde.


ABSTRACT

The belly dance, known as ancient art, is an activity that brings numerous benefits to
women's health. The objective of this research is to search the literature the concept
of belly dancing and analyze what are these benefits, listing and discussing the same,
especially the physical benefits. This study has an experimental basis since aims to
evaluate the benefits that belly dancing can bring to women's health. We conclude that
belly dance is beneficial and we will discuss them during the course of the research.

Key-words: Belly dance; Benefits; Woman; Health.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Movimentos neuromusculares ............................................................... 22


Tabela 2 – Movimentos aeróbicos ........................................................................... 25
Tabela 3 – Flexibilidade/Isométricos ........................................................................ 26
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11
2 CONCEITO DE DANÇA DO VENTRE ......ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3 BENEFÍCIOS DA DANÇA DO VENTRE ........................................................... 15
4 BENEFÍCIOS TERAPÊUTICOS ........................................................................ 17
5 BENEFÍCIOS FÍSICOS.......................................................................................19
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................30
11

1 INTRODUÇÃO

A dança do ventre realizada como atividade física pode trazer inúmeros


benefícios à saúde da mulher, sendo estes tanto físicos como psicológicos. Em sua
essência, a dança foi desenvolvida essencialmente e especialmente para as
mulheres. Atualmente uma grande quantidade de homens também pratica a dança do
ventre, mas o enfoque da pesquisa, será somente visando o público feminino.

Apesar de trazer inúmeros benefícios a dança do ventre ainda é vista por muitas
apenas pelo seu caráter místico, como dança milenar ou ainda dança específica para
trabalhar a sensualidade, mas ela é muito mais do que isso e pode trazer inúmeras
melhoras a quem à pratica.

A procura por essa atividade cresce a cada dia e, o objetivo dessa pesquisa, é
entender o que é a dança do ventre e quais os benefícios ela pode trazer às suas
praticantes, tratando, em especial, dos benefícios físicos valendo-se da mesma como
atividade física.
O presente trabalho se justifica porque a dança do ventre é uma atividade que
vem crescendo e se desenvolvendo com o passar dos anos. A cada dia surgem novas
praticantes em busca de diversos objetivos. Muitas praticantes escolhem tal atividade
porque não gostam de frequentar academias de ginástica tradicionais e querem se
exercitar de uma maneira diferente.
A metodologia utilizada será a bibliográfica que será desenvolvida através de
livros e artigos.

1.1 Problema de Pesquisa

Sendo a dança do ventre uma atividade que ganha adeptas todos os dias, pode
a mesma trazer benefícios físicos à saúde da mulher?

1.2 Objetivos do Trabalho

Geral:
12

Analisar se a prática de dança do ventre pelas mulheres pode contribuir para a


melhoria da sua saúde.

Específicos:

• Pesquisar na literatura o conceito de dança do ventre.

• Identificar os benefícios que à dança do ventre pode proporcionar

às suas praticantes.

• Analisar os benefícios elencados.

• Elaborar um relatório final com base nos resultados obtidos na

pesquisa.
13

2 CONCEITO DE DANÇA DO VENTRE

A dança é uma arte milenar em que as pessoas demonstram seus sentimentos


e antigamente era exclusiva da elite, porém hoje em dia acompanha os eventos
sociais recentes (CAPRI & FINCK, 2009, apud DATRINO 2009, p. 03).

O nome verdadeiro da dança do ventre é Racks El Sharqi (que em árabe


significa dança do leste). Na França recebeu o nome de Danse du Ventre e em
seguida Belly Dance pelos norte-americanos e no Brasil foi traduzida para Dança do
Ventre (PEREIRA, 2004, p. 13 apud DATRINO, 2009, p. 04).

Segundo ATON (2000, p. 41) o termo Raqs el Sharqi foi alterado pelos
americanos que depois de assistirem uma apresentação no Chicago Word Fair desta
performance (pela dançarina Little Egypte), no ano de 1893, perceberam a prevalecia
da utilização da parte dos quadris femininos, denominado-a assim de Belly Dance,
que literalmente significa: Dança da Barriga.

Ao estudarmos a história da dança do ventre através dos tempos, fica clara a


sua importância na vida do homem desde a pré-história. Afinal, a dança, como
fenômeno sociocultural, é patrimônio histórico da humanidade (MAHAILA, 2016, p.
11).

Em relação à provável origem da dança do ventre, frequentemente, ela é


associada a rituais antigos de fertilidade e cultos à deusa mãe (MAHAILA, 2016, p.
11). Nesse percurso da evolução a dança do ventre sofreu diversas influências para,
então, se tornar um estilo praticado em diversos países fora do Oriente.

A dança do ventre é proveniente de uma manifestação folclórica com traços de


rituais primitivos femininos que, com o passar do tempo, se torna um show
extremamente sofisticado e atraente ao gosto ocidental (MAHAILA, 2016, p. 12).

RIBEIRO (2008) apud DATRINO (2009), afirma que a dança do ventre se trata
de uma arte milenar que se utiliza de movimentos que imitam os animais, como o
14

camelo e a serpente através de ondulações e movimentos batidos unindo


condicionamento físico, técnica, expressão corporal e beleza plástica.

A Dança do Ventre destina-se, unicamente, ao corpo feminino, enfatizando os


músculos abdominais e os movimentos de quadris e tórax. Ela é praticada com os pés
descalços, firmados no solo, caracterizando-se pelos movimentos suaves, fluidos,
complexos e sensuais do tronco, alternados com movimentos de batida e tremido
(RIBEIRO, 2008 apud DATRINO, 2009, pg. 04).

BRAGA (2007) apud DATRINO (2009) afirma que a dança do ventre merece
seu devido respeito, principalmente por ter exercícios com alto grau de complexidade
que ao serem alcançados levarão à aluna a um ótimo domínio de seu corpo.

ABRÃO (2005) afirma que a dança pode ser feita por mulheres de todas as
idades, não importante o tipo físico, estado civil nem a religião.

Sob um aspecto mais técnico, num conceito específico desta arte, Martins
(2005) diz que a Dança do Ventre apresenta uma subdivisão de três estilos: o clássico,
que é a Dança do Ventre tradicional, a qual funde diversos estilos da região; o
folclórico, que se baseia no folclore regional e frequentemente apresenta-se regrado
e, por fim, o moderno, que costuma mesclar os traços do ocidente com o oriente.

Através dos próximos capítulos iremos ver como a dança do ventre pode trazer
benefícios para a saúde da mulher.
15

3 BENEFÍCIOS DA DANÇA DO VENTRE

Atualmente, a Dança do Ventre é procurada por mulheres de todas as idades,


não só pelo seu aspecto místico, mas principalmente pelos inúmeros benefícios que
proporciona, benefícios esses responsáveis por notáveis modificações no corpo, na
mente e na alma (FAIRUZA; YASMIN, 2002, pg.17).

“A dança ainda trabalha o alongamento, melhorando a flexibilidade das


articulações do corpo. Os exercícios realizados estimulam também a circulação
e a respiração, favorecendo os pulmões com respirações rítmicas. Os
movimentos ondulatórios funcionam como verdadeira massagem nos órgãos
internos, educando a postura e deixando a coluna ereta. Além disso, os
relaxamentos específicos realizados, que trabalham a favor da região lombar
tem feito com que a Dança, seja cada vez mais recomendada por médicos e
terapeutas.

Todos os passos são realizados em associação com as emoções, ajudando a


auto-estima e despertando a sensualidade feminina, conferindo à mulher mais
beleza, suavidade, maior leveza no andar, maior delicadeza e segurança”.
(FAIRUZA; YASMIN, 2002, pg. 18).

Com relação ás mulheres gestantes estas também podem praticar a dança do


ventre, mas com moderação e sob a orientação de uma boa profissional (FAIRUZA;
YASMIN, 2002, pg. 18).

Fairuza e Yasmin (2002) afirmam que a dança trabalha, ainda, pescoço,


ombros, braços, abdômen, afina a cintura, estreita o quadril e enrijece a musculatura
das pernas e dos braços.

Um dos grandes mitos relacionados à dança do ventre é: dança do ventre


aumenta a barriga? Segundo Fairuza e Yasmin (2002) a dança é uma atividade
aeróbica e funciona como uma ginástica, bem elaborada, na região do abdômen.
Portanto, não “dá barriga”. Além disso além do trabalho aeróbico, o esforço muscular
é grande, tornando-se, na verdade, uma opção para quem quer perder peso sem ficar
flácida.

Segundo ABRÃO (2005) ao praticar a dança é possível adquirir sensibilidade


e, consequentemente uma compreensão melhor de tudo que nos cerca. Por meio do
16

som da música é possível refinar o sentido de audição. Mediante a interação de cores


e formas na arte é possível refinar o sentido da visão e mediante a dança se torna
possível refinar o sentido cinestésico.

Como terapia a dança do ventre faz com que os movimentos dos músculos do
ventre “massageiem” os órgãos internos, regulando o metabolismo e melhorando a
circulação. Os movimentos podem ainda ser associados e trabalham com os sete
chakras: básico, sexual, emocional, cardíaco, laríngeo, intuitivo e coronário (ABRÃO,
2005).

Com relação ao plano emocional a dança do ventre atua na transformação da


mulher, despertando sua feminilidade. No plano mental, o raciocínio torna-se mais
ágil, estimula a memória e favorece maior concentração da atenção, despertando a
consciência para o movimento. (ABRÃO, 2005).
17

4 BENEFÍCIOS TERAPÊUTICOS

Segundo pesquisas realizadas por Abrão (2005), a dança do ventre estimula a


criatividade e melhora a comunicação, contribuindo para a diminuição da timidez,
traduzindo-se em um momento para a mulher pensar em si mesma. Assim, a atividade
analisada constitui-se também em um processo terapêutico que leva a um
relaxamento, sincroniza o corpo, a mente e a alma, facilita o extravasamento de
energia e eleva a auto-estima.

A dança do ventre transforma as emoções, dando à mulher mais feminilidade,


beleza e suavidade, mais confiança e segurança (ABRÃO, 2005).

MARQUES (sem data) afirma que sendo o ventre o ponto principal a ser
trabalhado na dança, esta técnica permite uma maior integração do centro com as
demais partes do corpo, ampliando a noção do eixo-corporal. Durante as aulas, a
aluna deve utilizar roupas e acessórios específicos, de forma que o corpo feminino
seja visto com mais detalhes como por exemplo utilizar um lenço em volta da cintura
para acentuar o tamanho e forma do quadril. Os movimentos da dança do ventre são
predominantemente redondos estimulando por um lado a sensualidade e por outro
favorecendo a flexibilidade, leveza e soltura das articulações. Cada seguimento
corporal é trabalhado separadamente para depois fazer uma composição global de
movimentos, o que propicia o contato e a discriminação de cada parte do corpo. A
música, parte integrante da dança, leva a mulher a um contato maior com os seus
sentimentos e desta forma ela pode experimentar a sua totalidade.

A dança do ventre auxilia na melhora dos relacionamentos com as pessoas de


forma geral e, principalmente, com o parceiro. Isso porque a atividade proporciona um
despertar para a sensualidade, permitindo que a mulher se solte mais, primeiramente
para si mesma e, posteriormente para os relacionamentos interpessoais em seu
cotidiano (ABRÃO, 2005).

A dança do ventre traz bem estar com sua prática, para o lado emocional das
mulheres traz maior auto-estima, ela se torna mais feminina, trazendo esta
18

feminilidade para o seu dia-a-dia, levando a mulher a aceitar-se mais, e com isso
aceitar o seu próximo com maior facilidade. Além de trazer para si maior consciência
corporal (BRAGA, 2008).
19

5 BENEFÍCIOS FÍSICOS

Tendo em vista o crescimento pela busca de praticar atividade física para


melhoria da qualidade de vida, a dança se tornou uma grande opção para as pessoas
que buscam mudar seu estilo de vida, por ser uma atividade prazerosa de se praticar.
A dança como atividade física melhora a disposição para as atividades do dia-a-dia
podendo proporcionar ao indivíduo que a pratica, força muscular, estética corporal e
autoestima, através dos movimentos realizados pela atividade (HASS e GARCIA,
2006).

Quanto ao aspecto corporal, a dança do ventre é uma técnica milenar de


intenso condicionamento físico que trabalha de forma completa todos os grupos
musculares que formam o corpo humano. Apresenta um conjunto de movimentos para
estimular o comando neuromotor. Pode, ainda, ser uma alternativa à ginástica
ocidental, a partir do momento em que tonifica e modela o corpo feminino
(BENCARDINI, 2009).

Segundo CENCI (2001) apud DATRINO (2009), a dança das mulheres feitas
por mulheres é caracterizada por delinear a cintura dando uma forma bem feminina,
corrige a postura, tonifica e fortalece a musculatura do corpo todo.

Pesquisas constatam que a atuação dos hormônios sobre as glândulas


endócrinas, estimulando-as, pode conservar uma pessoa jovem, retardando o
envelhecimento (CANOFF, 2011).

CANOFF (2011) afirma que a Dança do Ventre pode tanto estimular e equilibrar
os hormônios femininos, auxiliar na cura da insuficiência ovariana, quanto combater a
prisão de ventre, pois trabalha tônus das paredes abdominais e contribui com o
peristaltismo voluntário. Tudo isso, através das ondulações abdominais, camelo e
serpente, combinados à respiração abdominal – o que ensina a movimentar o
diafragma, ativando o natural funcionamento dos órgãos da região do baixo- ventre.
20

BERGAMO (2003), afirma que muitas alunas procuram a dança do ventre


indicadas pelos ginecologistas que acreditam que ela auxilie no tratamento de
problemas como endometriose, infertilidade, tensão pré-menstrual entre outros.

BENCARDIN (2009), afirma que a dança pode auxiliar no estimulo das funções
ovarianas com o massageamento sobre os ovários, provocado pelos músculos
pélvicos e abdominais; a compressão ritmada e constante estimula o melhor
funcionamento dos movimentos peristálticos dos ovários, tubas uterinas e útero. Os
benefícios proporcionados vão desde a regularidade do ciclo menstrual até a
produção de hormônios secretados pelos ovários. Este efeito massageador atinge
também os intestinos, estimulando seu funcionamento.

A Dança do Ventre pode ativar a circulação sanguínea, principalmente na


região genito-urinária, como também sob a força estática de movimentos como os
tremidos, a circulação sanguínea é ativada e percorre todo o organismo, chegando
inclusive ao cérebro, onde se localizam os neurotransmissores responsáveis pelo
equilíbrio do humor (CANOFF, 2011).

Segundo CANOFF (2011), embora a Dança do Ventre não defina tanto a


musculatura do corpo por não existir um trabalho direcionado exatamente para o
abdome (como por exemplo, aulas de localizada), seu exercício lhe confere
elasticidade e sustentabilidade, principalmente a essa região do abdômen (neste
caso, as ondulações ventrais fortalecem a região como também a definem).

A coluna é muito importante, pois é o local onde encontra-se uma porção de


nervos da medula espinal, é importante no funcionamento fisiológico (órgãos e
glândulas que estão a ela ligados necessitam de elasticidade, flexibilidade e
sustentabilidade). A Dança do Ventre trabalha nos “cambrés”, o alongamento da
coluna em movimentos ântero-posteriores e latero-laterais, gradativamente,
respeitando o estágio de desenvolvimento de cada aluna (CANOFF, 2011).

Segundo BERGAMO (2003) são relatados por diversos autores e intensamente


pelas próprias alunas, inúmeros benefícios que esta dança pode trazer para a
21

praticante. Apesar de, não termos conhecimento de nenhuma publicação científica


confirmando-os, muitos são baseados em relatos das praticantes.

Um benefício maciçamente indicado pelas alunas é a descoberta da pelve,


inicialmente, e depois o domínio. Em quase nenhuma atividade física existem
movimentos pélvicos como os realizados nesta dança. Sendo assim, este é um
importantíssimo segmento de nosso corpo, pois é onde está o centro de gravidade,
onde o alimento se transforma em energia para a vida, onde se tem prazer, enfim
onde se gera uma vida (BERGAMO, 2003).

NACIF, 2014 aponta que as aulas convencionais de dança do ventre, com


duração de 1 hora a 1 hora e 30 minutos trabalham de 70 a 80% foco neuromuscular.
Isto é, a técnica do movimento é ensinada, depois praticada por inúmeras vezes até
que o passo seja compreendido. Os músculos mais requeridos são os do abdômen,
glúteos, região lombar e grande dorsal. Sendo assim, outra grande parte da
musculatura não é trabalhada de forma global, sendo requisitada apenas em alguns
movimentos específicos. As pernas, em grande parte do tempo funcionam apenas
como base para movimentações tradicionais de quadril, porém são fortemente
requisitadas nos grandes deslocamentos, giros e arabesques que compõe os passos
tradicionais.

Para pessoas que nunca praticaram dança do ventre e começam a prática,


percebe-se uma rápida perda de calorias, motivação e mudanças hormonais. Isto
acontece como em qualquer outra nova atividade para quem está começando, o
nosso metabolismo vai se adaptar ao que lhe é proposto. A alta do metabolismo que
acontece em função da nova atividade praticada, acelera a queima calórica, e isto é
um indicador positivo e motivacional para as alunas. Porém, como tudo no nosso
corpo, o metabolismo se adapta muito facilmente, e se a aula proposta seguir sempre
o mesmo padrão, não trará mais efeitos em longo prazo (Nacif, 2014, pg. 04).

Nas tabelas abaixo retiradas de NACIF (2014), é possível analisar e observar


alguns dos principais movimentos tradicionais encontrados na dança do ventre, sua
descrição técnica, e os grupos musculares envolvidos. Os mesmos serão
22

classificados em: movimentos neuromusculares, movimentos aeróbicos, movimentos


de flexibilidade/isométricos.

Tabela 1 – Movimentos neuromusculares

Movimento Descrição Grupo Muscular

Encaixe/Desencaixe Anteroversão e Abdome Infra, Glúteo


Retroversão da cintura Máximo, Adutores.
pélvica.

Batida Lateral Dissociação horizontal Abdome Infra, Glúteo


da cintura pélvica, com Máximo, Bíceps
inclinação de ilíacos, Femoral.
com auxílio de
relaxamento e
extensão do joelho.

Twist Posicionado Torção da cintura Abdome Infra,


(máquina de lavar) pélvica, levando os ílios Oblíquos, Glúteo
as diagonais frente e Máximo, Glúteo
trás de forma Médio.
horizontal.

Básico Egípcio Elevação de um ilíaco Oblíquos, Glúteo


(vertical) (direita ou esquerda), Máximo, Adutores,
subir e descer com o Quadríceps.
auxílio do relaxamento
e extensão do joelho.

Básico Egípcio Elevação de um ilíaco Oblíquos, Fáscia


em direção a diagonal Toracolombar, Glúteo
(torção)
superior, e local de Máximo, Adutores,
base da cintura pélvica. Abdutores,
23

Quadríceps, Bíceps
Femoral.

Redondo de Peito Deslocamento isolado Abdome Supra,


da cintura escapular, Oblíquos, Grande
em forma de círculo Dorsal.
contínuo.

Ondulação abdominal Movimentação Abdome Supra,


(camelo) ondulatória do abdome, Abdome Infra,
através da respiração Oblíquos, Fáscia
combinada com Toracolombar, Glúteo
projeção de quadril Máximo.
mais anteroversão e
retroversão.

Oito para cima/ para Dissociação lateral do Oblíquo interno,


baixo quadril combinada com Glúteo médio,
dissociação vertical, Abdutores,
em movimentação Gastrocnêmio (se o
contínua, elevando um movimento for feito
ílio, descendo outro com elevação de
simultaneamente calcanhares)
formando desenho de
Bíceps Femoral.
um oito maia.

Oito para frente/ para Torção de quadril Fáscia Toracolombar,


trás associada a Oblíquo interno,
dissociação lateral, um Abdome Infra, Glúteo
ílio posicionado na Médio.
diagonal a frente e
outro atrás, fazendo
movimento contínuo de
oito, como se estivesse
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sendo desenhado no
chão.

Meia - Lua Projeção de quadril Glúteo Máximo,


combinada com a Fáscia Toracolombar,
dissociação lateral, Abdome Infra,
desenhando uma meia Oblíquos.
lua projetada de forma
anterior ou posterior do
eixo central.

Redondo Projeção de quadril Abdome Infra,


Grande/Médio com dissociação Oblíquos, Fáscia
lateral, desenhando um Toracolombar, Glúteo
círculo em direção ao Médio, Glúteo
chão, saindo do eixo Máximo.
central que é mantido
pela cintura escapular.

Redondo Pequeno Dissociação Vertical Glúteo Máximo,


combinada com Fáscia Toracolombar,
anteroversão e Abdome Infra,
retroversão de quadril, Oblíquos, Adutores.
desenhando um
pequeno círculo no
próprio eixo central.

Redondo Lateral Movimento unilateral Oblíquos, Abdome


que acontece nos ílios. Infra, Abdutores,
Ele é projetado para Glúteo Médio, Bíceps
trás, para cima, para Femoral.
frente e para baixo,
25

desenhando um círculo
vertical.

Shimmie (tremido) Vibração abdominal Quadríceps, Bíceps


possibilitada pela Femoral, Adutores,
flexão e extensão de Abdutores,
joelhos alternada em Gastrocnêmio, Glúteo
alta velocidade. Máximo, Glúteo
Médio, Abdome Infra.

Fonte: Nacif (2014, p. 08)

Tabela 2 – Movimentos aeróbicos

Movimento Descrição Grupo Muscular


Chassê Deslocamento em meia Gastrocnêmio,
ponta, duas pisadas Quadríceps, Bíceps
principais com a mesma Femoral.
perna, enquanto a outra
perna pisa no
contratempo.
Passo Grego Cruzada de pernas à Adutores, Abdutores,
frente e atrás podendo Quadríceps.
ser um deslocamento
lateral, ou deslocamento
para avanço e recuo.
Mambo/Maroto Caminhada à frente, Oblíquos, Fáscia
sendo que em casa Toracolombar,
pisada há uma grande Abdutores, Adutores,
flexão de joelho Glúteo Máximo, Bíceps
combinada com uma Femoral.
torção de quadril.
Fonte: Nacif (2014, p. 11)
26

Tabela 3 – Flexibilidade/ Isométricos

Movimento Descrição Grupo Muscular

Cambre Hiperextensão da coluna Fáscia Toracolombar,


posteriormente. Abdome Supra, Abdome
Infra, Oblíquos,
Quadríceps, Glúteo
Máximo.

Cambre Lateral Flexão de tronco com Oblíquos, Serrátil


quadril dissociado para o Anterior, Quadríceps,
lado contraria da flexão Abdutores.
superior.

Posicionamento Braço Um braço estendido a Deltoide, Serrátil


em “L” cima e outro braço Anterior, Romboide
estendido na linha do Maior, Trapézio.
ombro, de forma lateral
ou diagonal.

Posicionamento Braço Braços abertos Bíceps, Tríceps,


“Barbie” lateralmente, seguindo Deltoide, Romboide
uma curvatura para Maior, Romboide Menor,
baixo da linha dos Peitoral.
ombros, com cotovelo
voltado para o chão,
antebraço um pouco
mais elevado, e quebra
de punho.

Fonte: Nacif (2014, p. 12)


27

Observa-se, portanto, através das tabelas demonstrativas de movimentos


tradicionais, acima mencionadas que a prática da dança do ventre pode ser muito
benéfica.

NACIF (2014) ressalta, porém, que a dança trabalha especificamente os


mesmos grupos musculares na maior parte de seus movimentos, enquanto outros
grupos musculares ficam comprometidos, tratando-se de uma comparação com
atividade física equilibrada, que trabalhe de maneira geral e global todos os nossos
músculos. Os grupos musculares mais trabalhados são os do abdome, glúteo,
quadríceps, bíceps femoral, fáscia toracolombar. Desta forma, temos um trabalho
mais aplicado a membros superiores somente nos casos de posicionamento estático
(isometria).

É interessante ressaltar, que os membros superiores também podem ser mais


ativados quando incluímos acessórios tradicionais e o manejo dos mesmos. São eles:
Véu, Espada, Bastão, Jarro, Pandeiro, Snujs. Todos estes requerem força e tônus
muscular para seu manejo, além de coordenação motora e fluidez nos seus
movimentos. Estes não estão explícitos na tabela acima por não se tratarem de
movimentos básicos da dança. São movimentos mais aprimorados, com um nível de
dificuldade maior, que requer mais refinamento e mais coordenação motora em sua
aplicação (NACIF, 2014).
28

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dança do ventre vem se proliferando rápida e maciçamente, talvez por


diferentemente do balé clássico e de muitas outras danças, acolher todas as
diversidades femininas (idade, peso, etc). Esta atividade acaba a auxiliar a mulher a
se gostar mais como ela é, e não mais ficar atrás de um corpo atlético e totalmente
esbelto, algo impossível de ser alcançado por grande parte das mulheres.

Por conta disso, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo sobre os
benefícios físicos que tal atividade pode trazer à saúde da mulher. O primeiro passo
do trabalho foi trazer o conceito e história da dança do ventre através das pesquisas
relacionadas sendo possível dimensionar, mesmo que resumidamente, a dança em
análise. O trabalho buscou ainda relacionar os benefícios que a dança pode trazer
sendo eles terapêuticos ou físicos, dando uma maior ênfase aos benefícios físicos, os
quais constituem o problema do trabalho.

A conclusão final é de que inúmeros benefícios são elencados para quem quer
iniciar essa atividade, entretanto, como visto ainda não temos obras científicas que
ressaltem a veracidade dos mesmos, sendo a grande maioria das informações obtidas
através de relatos de alunas e pesquisas de professoras da dança.

Analisamos, portanto, que a dança pode sim ser considerada uma atividade
física que melhora a saúde, desencadeando vários benefícios e melhora ao estilo de
vida da praticante.

Como proposta de trabalhos futuros busca-se a realização de pesquisas


efetivas com praticantes da atividade que possam colaborar para a elaboração de
dados mais precisos sobre a real influência da dança e benefícios que ela pode trazer
à praticante bem como estudos bibliográficos mais aprofundados sobre o tema.
29

REFERÊNCIAS

ABRÃO, Ana Carla Peto e PEDRAO, Luiz Jorge. A contribuição da dança do ventre
para a educação corporal, saúde física e mental de mulheres que frequentam
uma academia de ginática e dança. Ver. Latino-Am. Enfermagem. 2005. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104116920050002000
17&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 01 de abril de 2016.

ATON, Merit. Dança do Ventre: Dança do Coração. São Paulo. Radhu, 2000.

BENCARDINI, Patrícia. Dança do Ventre: ciência e arte. 1ed. São Paulo; Baraúna,
2009.

BERGAMO, Erika. Dança do Ventre na FEF: Conhecimentos envolvidos e


desenvolvidos nesta atividade de extensão. Monografia – Universidade Estadual
de Campinas, São Paulo, 2003. DISPONÍVEL EM: <
periodicos.ufpb.br/index.php/rbcs/article/download/28785/1540>. Acesso em 16 de
outubro de 2016.

BRAGA, Viviane E. M. O resgate do feminino através da Dança do Ventre: uma


forma de ser e estar no mundo, 3º Jornada Científica Universidade Cidade de São
Paulo – UNICID, SP, 2008. DISPONÍVEL EM:
<http://www.centraldancadoventre.com.br/trabalhos/resgate-%20feminino-atraves
danca-do-ventre.pdf> Acesso: 16 de outubro de 2016.

CANOFF, Thaíse Vitória. A Contribuição da Dança do Ventre para a saúde de


mulheres que frequentam academias de dança. Monografia Graduação em
Bacharelado em Educação Física, Universidade Paranaense, UN, Paraná, 2011.
DISPONÍVEL EM: < http://www.centraldancadoventre.com.br/trabalhos/contribuicao-
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