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O CONTATO VISUAL

Profa. Nágila Guedes Geraldine

RESUMO

O contato visual é uma habilidade muito importante para a interação


social e para a comunicação, pois olhar nos olhos indica que você está atento
ao que a pessoa está falando e que você está interessado no assunto e na
interação.
O contato visual reduzido é um sinal clássico do autismo. Está presente
nas primeiras descrições do autismo infantil. Crianças autistas tendem a olhar
mais para a boca do que para os olhos daquele que está em interação. Quem
olha pouco nos olhos de outras pessoas têm mais dificuldades em reconhecer
as emoções faciais, o que leva a dificuldades em compreender diferentes
contextos e situações sociais.
O contato visual tem um lugar significativo na comunicação não verbal, pois por
ele é possível captar e responder às pistas sociais das outras pessoas.
Geralmente, a falta do contato visual é considerada um ato de
desatenção, falta de empatia, de interesse ou grosseria. No entanto, um dos
sinais e sintomas característicos do Transtorno do Espectro Autista é a
dificuldade de fazer contato visual.
Esse comportamento se apresenta desde o primeiro ano de vida em
muitas crianças com autismo, sendo essa característica amplamente debatida
e pesquisada em busca de suas possíveis causas.
Entende-se que o contato visual é um dos requisitos mais importantes
para o ensino de habilidades mais complexas.
O contato visual pode acontecer por um breve período ou pode se
sustentar por um tempo maior. Ele também pode ocorrer quando estamos
longe da pessoa que nos chama, quando estamos engajados em alguma
atividade interessante ou quando há mais de uma pessoa no ambiente.
Dessa forma, as crianças com autismo geralmente apresentam
dificuldades em iniciar e manter o contato visual de maneira adequada. Por

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outro lado, o contato visual é uma habilidade aprendida e dessa maneira
podemos ensinar tais crianças a olharem nos olhos de terceiros de modo mais
efetivo.
Tendo em vista que o contato visual é extremamente importante para a
aquisição de outras habilidades, o mesmo pode ser ensinado através de treinos
estruturados, em que o ensino do contato visual será composto por etapas,
organizados em níveis de dificuldade até a criança atingir o critério de
aprendizagem.
Para que as interações sociais sejam bem desenvolvidas entre os pares,
um dos pilares que irá assegurar que elas ocorram é o estabelecimento do
contato visual, pois através dele a atenção é mais provável, possibilitando ao
sujeito condições para responder aos estímulos apresentados no ambiente de
maneira mais eficaz.
Sendo assim, o contato visual com os pares, é um pré-requisito
importante para o início de uma interação social, e para todo o processo de
aquisição de novos comportamentos – dos mais simples, como a imitação, a
mais complexos como a identificação de expressões e emoções – sejam
realizados, e sua falta no início do desenvolvimento pode dificultar as
interações mais complexas em que estes sujeitos serão expostos durante fases
posteriores de sua vida.

Na questão dos pré-requisitos para aprendizagens futuras, são de


grande valia no entendimento posterior de regras, como esperar a vez do outro,
na aquisição da leitura, escrita e aprendizados matemáticos.
O contato visual no autismo precisa ser desenvolvido porque é um item
muito importante dentro da comunicação, das relações interpessoais e de
várias áreas do aprendizado. É fundamental para interagir, porque demonstra
que a pessoa compreende o que está sendo falado, estabelecendo conexão
com as pessoas.
Ele é essencial para o desenvolvimento de outras habilidades, isso
porque as crianças no geral aprendem tudo observando os adultos, se ela não
observa ela também não aprende, e logo não se desenvolve, ou seja, uma
coisa depende da outra, por isso desenvolver o contato visual no autismo é tão
importante a longo prazo.

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  Uma criança que estabelece pouco contato visual tem dificuldades em
compreender o que o outro tenta nos dizer de forma não verbal, impedindo que
tenha compreensão do outro.
E, essa dificuldade que se inicia na infância pode se transpor na idade
adulta, em que o adulto TEA não consegue compreender as comunicações
sutis do outro bem como, colocar-se no lugar dele, ser e estar sob controle da
Teoria da Mente (habilidade de atribuir estados mentais a nós mesmos e aos
outros, é a capacidade que nós, humanos, temos de inferir determinados
aspectos sobre outra pessoa, tais como crenças, desejos, emoções,
pensamentos e comportamentos).
Ensinar a criança a sair do hiperfoco e olhar para estímulos variados,
favorece o estabelecimento de novas relações de aprendizagem, dessa forma,
a criança consegue ser mais pertencente ao ambiente social bem como suas
interações.
Uma das melhores estratégias em aumentar o contato visual é através
da motivação. Formas lúdicas e/ou em brincadeiras também é uma via
adequada de inserção da habilidade. Exemplo: aproximar-se da criança com
um item de interesse da mesma trazendo-o perto do olho e chamar a criança,
ou seja, chamamos a criança para o campo visual o que ela está interessada e
associa com o nome da criança.

É importante bloquear os estímulos distratores que impedem a atenção


da criança. A atenção dividida é uma dificuldade que as crianças, dentro do
espectro apresentam. Sendo assim, é necessário realizar tal manejo de forma
que a criança fique sob o nosso controle.

Algumas brincadeiras podem ser estabelecidas no contato visual, como


por exemplo, brincadeiras de corrida; fazer cócegas; cantar músicas;
brincadeiras de mãos (adoleta); bolinhas de sabão; ioiô e língua de sogra.

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