Analítico-
Comportamental
em Grupo
E S E T ec
2008
Copyright © desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo A ndré, 2008.
Todos os direito s reservados
Delítti, M.
264p. 23cm
1. Psicologia Comportamental
2. Análise do Comportamento
3. Terapia Analítico Comportamental em GTtipo
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
Bonder, N. (2008)
Sumário
A presentação................................................................................... 9
7
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
9
Terapia Analrtteo-Compoftamental em Grupo
Maly Delitti
e
Priscila Derdyk
Inverno 2008
10
Prefácio
12
Rachel Rodrigues Kerbauy
13
Existem textos que se tornam
alicerces sobre os quais o trabalho de muitos
profissionais é desenvolvido.
O artigo apresentado a seguir, datado de
1980, é um desses textos.
Terapia comportamental
de grupo
Rachel Rodrigues Kerbauy*
Artigo originalmente aceito para publicação na Revista
Psicologia e Psicoterapia 2,1980, quando a autora ocupava a
posição de Professor assistente-doutor do mesmo
departamento. A Revista encerrou atividades sem que ocorresse
a publicação. Desde então, o artigo foi utilizado em diferentes
cursos, e cópias foram cedidas a interessados, todos cientes
da publicação. Decidiu-se, na época, não encaminhar o artigo
para outra publicação. A autora agradece a publicação tardia,
sem atualização, a Maly Delliti.
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Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo
1. O cliente
Uma primeira pergunta: qual é o cliente para terapia de
grupo? Em princípio são todas as pessoas com problemas de
relacionamento, que tenham medo de pessoas ou grupos, bem
como aquelas pessoas que se disponham a trocar opiniões sobre
seus valores, atitudes e comportamentos, a realmente expor-se a
uma crítica construtiva. Segundo Lazarus (1973), aquelas pessoas
extremamente tímidas e hipersensíveis, os depressivos, os hostis
ou paranóicos parece que não se beneficiam muito do trabalho de
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Rachel Rodrigues Kerbauy
2. Decisões do terapeuta
Algumas decisões precisam ser tomadas pelo terapeuta
ao iniciar um grupo. A primeira delas e coriogmente ao local. Todas
as condições sociais e físicas devem ser bem estabelecidas. O
grupo não precisa necessariamente ter o consultório como local de
funcionamento. No entanto, a sala deve estar arrumada e esperando
o grupo, sem dar a impressão de improvisação ou ser sujeita a
interrupções. Os mesmos cuidados dedicados ao atendimento
individual devem existir neste caso.
Outra característica ainda preparatória, mas igualmente
necessária, seria o planejamento da seleção dos possíveis
membros do grupo. Quando se trata de grupo terapêutico, o próprio
terapeuta pode encontrar os membros entre seus clientes ou então
receber encaminhamentos por colegas ou profissionais de áreas
afins. Contudo, grupos também podem ser preventivos. Por
exemplo, visando desenvolver habilidades em mães de primeiro filho,
treinamento de pais quanto à maneira de lidar com seus filhos ou
ainda auxiliar pessoas próximas aposentadoria a planejar sua vida
para as mudanças que ocorrerão, entre outras possibilidades.
Nesses casos, o planejamento de como recrutar interessados é
mais problemático, uma vez que nenhuma urgência ou desconforto
as “obriga” a iniciar esse trabalho.
Juntamente com esse planejamento, antes de iniciar-se o
grupo, o objetivo do mesmo deve ser estabelecido pelo terapeuta.
Essa decisão implica na análise da composição do grupo. É possí
vel maximizar a heterogeneidade do grupo quanto à variação em
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Rachel Rodrigues Kerbauy
3. Condução de um grupo
As sessões iniciais, especialmente a primeira, necessi
tam de um terapeuta treinado e tranquilo, que conduza o grupo a
um estado de confiança e cooperação. Isso geralmente é conse
guido através das palavras iniciais do terapeuta sobre a conveniên
cia de deixar claras as regras que conduzirão todos os trabalhos.
Pode iniciar falando do_sigilo eda.necessidad£-de.não se comentar
com terceiros fatos ocorridos no grupo, a fim de aumentar a proba
bilidade das pessoas expressarem realmente aquilo que sentem,
além daquilo que fazem, e enfatizar como isso permitirá um clima
de confiança entre os membros. Pode-se continuar a estabelecer
as regras do grupo através da discussão quanto a horário, atraso,
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5. Conclusão
Concluindo, diríamos que o trabalho de grupo é gratificante,
os resultados excelentes para a maioria dos participantes, pois,
embora nem sempre mudanças dramáticas ocorram, resta um
saldo positivo de participação em um grupo de discussão bastante
verdadeira e livre e, geralmente, é uma maneira de enfrentar
problemas de um modo mais realista.
Há, ainda, a colocar, um problema de posição pes-soal em
Psicologia. Em um país como o nosso, com problemas de nutrição,
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Referências
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Rachel Rodrigues Kerbauy
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Capítulo 1
Terapia Analítico
Comportamental em
Grupo
Maly Delitti*1
1. Introdução
1 M a ly D elitti - D o u to ra e m P s ic o io g ia - P ro fe s s o ra d o D e p a rta m e n to d e M é to d o s e T é c n ic a s
da F a c u ld a d e de P s ic o lo g ia d a P o n tifíc ia U n iv e rs id a d e C a tó lic a P U C -S P . S u p e rv is o ra do
A m b u la tó rio d e A n s ie d a d e - IPq - HC - FM U S P , C o o rd e n a d o ra e T e ra p e u ta d o C e A C -
C e n tro de A n á lis e d o C o m p o rta m e n to , S ã o P a u lo , e -m a il: m a ly d e l@ u o l.c o m .b r
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Maly Delltti
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Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo
2. Organização do grupo.
2.1. Planejamento
Antes do início da formação do grupo os terapeutas
deverão decidir e planejar vários aspectos em relação ao grupo,
respondendo as questões que se seguem.
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M aly Deliti
c) Quantos terapeutas?
Um terapeuta pode atender ao grupo sozinho. Entretanto,
contar com um co-terapeuta tem se mostrado extremamente produtivo.
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2.2.0 início
Em sessões individuais (uma ou duas) antes da primeira
sessão do grupo, os terapeutas~coletàm TnTõfmáçõessobre as
expectativas dos clientes, os comportamentos que estes consideram
como problema e, se possível,, as contingências de aquisição e a
sua manutenção. A!ém djsso, os terapeutas procuram se estabelecer
como audiência não-punitiya, explicando o processo e os princípios
da terapia em grupo. Desde este" primeiro contato, deve-se ter a
preocupação de criar a coesão do grupo, uma condição
indispensável para o seu bom andamento.
Após essas prímeiraa-entrevistas-4fídivlcluaisT--podern jser
jdentifiçadas.diferentes fases na condução dos grupos. Na primeira
sessão, os T criam condições para os participantes se conhecerem,
com cada um dos membros se apresentando e colocando suas
expectativas iniciais. Uma outra forma de começar o grupo é pedindo
a um membro que se apresente à pessoa que está ao seu lado, falando
de suas características pessoais e de seus maiores interesses. Após
a dupla interagir por alguns minutos (2 ou 3) um apresenta o outro
para o grupo, Esta estratégia (duplas) pode facilitar a emissão de
relato verbal em clientes com mais dificuldade. De qualquer forma, o
importante é que os T esteiam atentos para reforçaras verbalizações
de cada cliente e para. mostrar aspectos de semelhança ou d¥
similaridade entre os membros. No início do grupo (nas primeiras 3
ou 4 sessões), os objetivos principais são reforçar o comportamento
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Maly Deliiti
!
objetivQSJ
a) identificar os comportamentos-alvo e as circunstâncias que
mantêm tais comportamentos;
0 1
00 I
2o 3o 40 5o 6o 7o
1°
LR LR D D N TE N
1 TE
2 TE LR AS D D R TE TE
TE LR LR D D N TE D
3
4 TE AS LR D D N TE TE
CO AS R TE D R C TE
5
6 TE TE R D N R C TE
7 TE AS LR R AS R c TE
8 TE N R D R R TE TE
9 TE N R D TE R C TE
10 TE TE TE D TE R c D
11 TE TE R TE R C TE TE
12 TE TE R D TE D c C
13 TE N R TE TE TE c TE
14 TE N AS CO N D C TE
15 TE TE AS TE N R C TE
16 D TE TE TE N D TE
17 TE TE TE TE N D C
18 D TE TE D N AS TE
19 TE N R D N AS TE
20 TE N TE TE N D TE
21 TE AS R TE N D C
22 R TE AS D N TE C
23 TE TE TE D N TE C
24 R AS D D N TE TE
25 R AS TE D TE D C
26 CO AS LR LR TE D AS
27 R TE LR TE N N AS
28 TE AS LR D N R AS
29 TE LR LR D N CO TE
30 LR LR LR D N TE TE
AS 18 8% LR 16 7%
TE 83 37% C 16 7%
CO 4 2% R 25 11%
D 36 16% N 27 12 %
2 A g ra d e ç o a R e b e c a A y a b e B a ssi p e la o rg a n iz a ç ã o e p e lo e n tu s ia s m o co m os re g istro s
das sessões.
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3 Modeling (inglês) tem sido traduzido por modelação e shaping por modelagem
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6. O término do grupo
A afirmação de Skinner (1953) “uma pequena parte davida
do cliente se passa na presença do terapeuta (...) ocorre uma grande
quantidade de modelagem mútua em encohjos face a face" já citada
neste trabalho, levanta uma pergunta relevante para quem trabalha
em clínica: como facilitar a transposição dos padrões aprendidos
na situação de grupo para a situação natural?
Realmente, no atendimento em grupo assim como na
terapia individual, é importante que o terapeuta crie condições para
a manutenção e generalização dos comportamentos aprendidos na
situação do grupo para a situação natural. “Entretanto ’ aquilo que o
cííérrtêlaz na clínica não é a preocupação básica. O que acontece
lá é uma preparação para um mundo que não está sob controle do
terapeuta.” Skinner Q nhjftttM"» terapeuta não fi.tfir.um
cliente oue se desempenhe bem na sessão ou que sejacompetente
na realização de ensaio de comportamento, mas sim que estes
nnmprtrjamftntns aprendidos sejam emitidos e reforçados em
contingências da vida real e que se mantenham no tempo. Além
flTssnr é im portante também que esses comportamentos se
mantenham após o términoda experiência de oruoo o que pode ser
investigado em entrevistas ó e jo llo w upy por exemplo, seís meses
após a sessão de encerramento. Quando o cliente consegue, em
sua vida cotidiana, aplicar os princípios de cornportamento que
aprendeu no^gaipo-enL-situação natural, pode-se afirmar gue_a
intervenção foi bem sucedida. Entretanto a de generalização (e
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7. Considerações finais
É impossível escrever uma conclusão sobre algo que está
mudando e se desenvolvendo a cada dia, como ocorre com a prática
terapêutica. A avaliação cuidadosa, planejamento e execução de
pesquisas são indispensáveis para que a área continue a se
desenvolver.
Este capítulo (e também este livro) é resultado de como
entendo a análise clínica do comportamento em sua aplicação à
situação de grupo. Trabalho de acordo com o modelo do
behaviorismo radical e meu comportamento tem sido modelado e
mantido por contingências liberadas por meus clientes, meus alunos
e meus colegas. Espero que os leitores aproveitem.
Referências
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Que lição tiro disso? Entre outras, esta, que a dor e a angústia
fazem_partejio real. Que jazem parte da salvação. Que são
eternas e verdadeiras, tanto quanto o resto, Ejguea sabedoria
está na aceitação do real, nào~&m.su&-nagã_çâo. O que mais
natural, quando se sente dor do que gritar? O que mais sábio,
quando se está angustiado, do que aceitá-lo? “Enquanto fazes
uma diferença entre o samsara e o nirvana", dizia Nagarjuna,
“estás no samsaraEnquanto você faz diferença entre sua
pobre vida e a redenção, está em sua pobre vida.” (Comte
Sponville, 1997, pp 19-20)
rLbloqiiftio_dn de iiiga-ffsguiv^na sessão
tempêutiça terri sido amplamente discutido porseussupostosejeitos
aversivos para o cliente e para o terapeuta.
Sabe-se que alguns assuntos e algumas reações
emocionais do terapeuta que acontecem na sessão provocam
estados corporais negativos no cliente, levando-o a fugir e, assim,
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prepara os exercícios que poderão ser úteis, mesmo que alguns deles
já tenham sido vivenciados.
Os exercícios para cada meta da ACT, descritas neste
capitulo, são apresentados aos clientes, sendo que alguns têm se
mostrado mais “naturais” e produzido melhores resultados, segundo
avaliações informais do terapeuta e mudanças do comportamento
do cliente na sessão.
É o caso dosexercfcios para promover o contexto do self,
que podem ser apresentados, segundo Walser e Pistorello (2004),
no começo ou fim de cada sessão grupai. Essa repetição dos
exercícios pode ser usada mesmo em terapia individual, tornando a
experiência do self, como contexto, natural no dia-a-dia dos clientes.
As explicações sobre o self como contexto tendem a criar
certa confusão entre os clientes do grupo, mas essas sensações
podem ser aproveitadas para trabalhar desesperança criativa, falta
de controle e aceitação, £ J s e ií”. çomo contexto é definido como
uma perspectiva de ver a vida a partir de um referencia! unico e
[mutável que permite ao indivíduo “se ver” e "ver o mundo” sem se
confundir com ele. O “eu” não é o seu comportamento; não é seu
sentimento, pensamento ou ação. É o observador de tudo isso; o
contexto em que tudo ocorre.
A metáfora do tabuleiro de xadrez (Hayes, 1987) é muito
interessante para o cliente entender e vivenciar seu eu. É pedido
aos clientes que fechem os olhos e imaginem em jogo de xadrez
em que as peças brancas são seus pensamentos e sentimentos
bons e as pretas os ruins. Todos estão alinhados em cima do tabuleiro
e o jogo começa. Vocês ora correm com a peça branca, ora com a
peça preta. Vocês se sentem divididos nesse jogo. Assim, quem
vocês precisariam ser para sentirem-se melhor? As peças brancas
ou as pretas? A pergunta é lançada ao grupo que fica a vontade para
discutir sua experiência e responder a pergunta. A resposta certa é
que-eles precisariam ser o tabuleiro, onde o jogo acontece.
Outro exercício, para desenvolver o “eu observador"
consiste em pedir aos clientes que, sentados, fechem os olhos e se
imaginem em pé na porta da sala olhando para si mesmos. Depois
de alguns minutos a T pergunta: quem viu você sentado aqui? Quem
estava lá na porta? Por que esse desdobramento do “eu” é possível?
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alguma dor vai acontecer, seja ela alguma morte inesperada ou não
conseguirmos uma promoção, dentre outras. Explique que não há
forma de evitar completamente a dor} mas que se deve avaliar “o
que é que nós tentamos fazer quando experimentamos dor?”. Peça
aos integrantes do grupo para que mostrem algumas formas de
como evitamos a dor. Ao dizer isso desenhe um círculo maior em
volta do primeiro, e escreva o que eles dirão entre os dois círculos.
Algumas das estratégias que eles dirão provavelmente serão a de
beber, buscar brigas, trabalhar longas horas, tentar suicídio e vários
outros. Então, perceba que o círculo vai crescendo: nós sentimos
dor, então bebemos, faltamos às aulas, e depois nos culpamos por
faltar às aulas. Depois de cada camada desenhe outro círculo em
volta e explique que o círculo mais interno de dor é somente isto.
Então escreva “trauma” no círculo mais externo, observando que,
por não aceitar a dor, criamos o trauma.
Os membros do grupo freqüentemente referem-se aos
círculos nas sessões seguintes. Isso pode servir de gancho para
perguntar aos clientes que estão discutindo suas lutas: ‘Você acha
que está dentro ou fora do círculo?”. w
Em sua maioria, as experiências aversivas que tentamos
evitar ou controlar, tornam-se medos de rejeição interpessoal. O
grupo é um meio rico para a exposição e transformação das funções
de estímulos de tais eventos privados. Outros exercícios podem
contribuir para o movimento terapêutico.
Um exemplo disto é o exercício “olhar para”, no qual os
indivíduos sentam-se de frente um para o outro em pares. São
instruídos a olhar o outro nos olhos, sem conversar ou se comunicar,
enquanto percebem as reações e as deixam acontecer. Algumas
das respostas defensivas mais freqüentes são as de risos,
ansiedade e esquiva do contato visual.
Oriente os participantes com sentenças do tipo: “perceba
que os olhos para os quais você está olhando são humanos”; “deixe
qualquer restrição que você tenha sobre a outra pessoa e permita-
se estar com ela". Continue esse processo por mais três ou 5
minutos e, então, permita que os membros do grupo compartilhem
entre eles suas experiências. Evite expressar interpretações
premeditadas em relação aos comentários deles. Este não é um
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91
Capítulo 3
O trabalho em grupo
para ansiedade de
desempenho
Caroline Guisantes Salvo, Gabriela
Mello Sabbag, Taísa Borges Grün, Yara
Kuperstein Ingberm an *1
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Caroline G. Salvo. Gabriela M. Sabbag, Taísa B. Grün, Yara Kuperstein Ingberman
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Caroline G. Salvo, Gabriela M. Sabbag, Taísa B. Grün, Yara Kuperstein Ingberman
101
A autora utilizou o conceito de controle percebido de Skinner (1988,
1990, citado por Mayer, 1998) que é uma capacidade individual que
as pessoas desenvolvem com a intenção de aprender a lidar com
os acontecimentos da vida e entender como e por que estes eventos
acontecem, desenvolvendo uma maneira particular de tratá-los. A
percepção de controle das situações e acontecimentos de vida é
uma habilidade aprendida que pode ser considerada um mecanismo
protetivo. A autora cita estudos nos quais as crianças que acreditam
serem responsáveis por suas boas notas e serem habilidosas,
apresentam melhor desempenho e rendimento acadêmico que as
demais crianças (Harter, 1981; Stipek, 1980, citado em Mayer, 1998).
Quando a criança passa a perceber que é capaz de influenciar as
conseqüências dos eventos através do seu próprio comportamento,
ela pode desenvolver maior auto-controle, o que, no caso do controle
sobre o desempenho acadêmico, pode ser benéfico, pois a criança
aprende a discriminar quais comportamentos serão benéficos para
atingir suas metas e quais influenciarão o fracasso, isso possibilita
o aumento da percepção de controle das situações, o que pode
diminuir a ansiedade pela sensação de incontrolabilidade. Mayer
(1998) sugere a implementação de programas de estimulação para
o desenvolvimento do controle percebido como uma forma de
prevenção ao baixo rendimento e desempenho escolar, contendo
atividades para discriminação da causalidade, responsabilidade
pelos próprios atos e auto-eficácia.
No estudo sobre fatores geradores de ansiedade no
vestibular, a ansiedade é apontada como uma das causas da não
aprovação (D‘Avila & Soares, 2003). Para detectar os fatores
,v geradores de ansiedade em estudantes as pesquisadoras aplicaram,
num primeiro momento, questionários com um mês de antecedência
ao vestibular via internet e num segundo momento realizaram
' entrevistas nos dias de prova. As autoras encontraram fatores
geradores de ansiedade como: a realidade coercitiva brasileira em
que as vagas em universidades públicas são restritas (90% dos
vestibulandos não são aprovados nas universidades públicas); o
fato de três anos do ensino médio serem totalmente dedicados como
preparação para o vestibular e a escolha profissional. Tais eventos
geram sentimentos de ansiedade que dificultam o ato de estudar, a
dificuldade para estudar acarreta a autopunição que por
102
conseqüência provoca a diminuição da auto-eficácia e da auto-
estima, o jovem passa a se sentir culpado pelo fracasso (D‘Avila &
Soares, 2003). Ao serem questionados sobre os métodos de preparo
psicológico para o vestibular 35% dos vestibulandos responderam
que o esporte foi a atividade que mais contribuiu; 26% iam ao cinema
e assistiam TV para relaxar. A partir desta constatação, as autoras
sugeriram que métodos mais adequados sejam utilizados para tal
enfrentamento, justificando e propondo a elaboração de programas
de orientação psicológica para vestibulandos.
Propostas de intervenções para diminuição da ansiedade
de desempenho vêm sendo realizadas, como o trabalho de Oliveira
e Duarte (2004), no qual foi elaborada e realizada uma série de
atividades para diminuição da ansiedade em exposição oral de
alunos universitários em sala de aula. As atividades de intervenção
continham: leitura de textos didáticos; treinamento de exercícios de
respiração abdominal e relaxamento; treinamento de habilidades
sociais, em específico a habilidade para apresentações em público
e aprovação social da adesão às recomendações. O resultado obtido
foi a diminuição da ansiedade medida por três instrumentos, a Escala
de Medo de Avaliação Negativa, o Inventário de Ansiedade e a medida
de Freqüência Cardíaca em situações estruturadas (Oliveira e
Duarte, 2004).
Uma das propostas de tratamento de ansiedade de
desempenho de Lazarus (2004), denominada modelo multimodal
de tratam ento da ansiedade, propõe a atuação sobre sete
dimensões: emoção, pensamento, comportamento, sensação,
imaginação, relações interpessoais e fatores biológicos. Os casos
de ansiedade de desempenho mais difíceis e complexos devem
ser tratados agindo as sete áreas do modelo. O procedimento da
dessensibilização sistemática é adotado e a hierarquização das
situações de ansiedade e medo são construídas abrangendo
diversas dim ensões e suas inter-relações. Além da
dessensibilização, o autor propõe a ação do comportamento
ansiógeno em situação clínica protegida, pelo fato de que na situação
clínica o enfrentamento da ansiedade pode ser menor do que na
situação real, ao mesmo tempo pode ser um treino para o
enfrentamento posterior. No caso da terapia de um violinista que
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C aroline G, Salvo, Gabriela M. Sabbag, Taísa B. Grün, Yara Kuperstein Ingberman
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Caroline G. Salvo. Gabriela M. Sabbag, Taísa B. Grün, Yara Kupersteln Ingberman
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119
Terapia AnalrTico-Comportamental e m Grupo
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Caroline G, Salvo, Gabriela M. Sabbag. Taísa B. Gfün, Yara Kuperstein Ingberman
Nome:
Data: / / Escolaridade: Idade:
Parte 1
Tempo de realização do quebra-cabeça: início fim
Tempo de reação: fs / min)
Supressão de resposta: ( ) sim ( ) não
0-1 0-30
31-60
1 -2 0-30
31-60
2 -3 0-30
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3 -4 0-30
31-60
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Terapia Analftico-Comportamenta! em Grupo
Parte I
Tempo de realização do quebra-cabeça: início fim
Tempo de reação:____________ (s / min)
Supressão de resposta: ( ) sim ( ) não
0-1 .0 -30
31-60
1 -2 0 -30
31-60
2 -3 0 -30
31-60
3 -4 0 -30
31-60
123
Terapia Analftico-Comportamental e m Grupo
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
124
4. Além de brincar com bola, papagaio e peão, o que mais você
poderia brincar?
5. Circule a brincadeira que você mais gosta na questão acima.
$. Por que quanto mais se brinca com as palavras mais novas
elas ficam?
7. Você conhece outros escritores de poesia? Quais?
8. Vá até a cadeira do seu amigo e convide-o para brincar.
9. Releia tudo o que você escreveu até aqui.
10. Faça uma poesia sobre brincar.
11. Agora que você leu as instruções cuidadosamente, faça
apenas aquilo que as sentenças 1 e 2 pedem para fazer. Ignore
todas as outras informações.
12. Por favor, não faça comentários ou dê explicações a seus
companheiros. Se você leu até aqui, faça de conta que ainda
está escrevendo.
Capítulo 4
O uso da psicoterapia
analítico funcional (FAP)
em grupos terapêuticos
Fátima Cristina de Souza C onte 1
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Terapia Analítico-Comportamentai em Grupo
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Fátima Cristina de Souza Conte
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Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
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Fátima Cristina de Souza Conte
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Terapia Anaiítico-Comportamental em Grupo
2 Termo usado aqui somente para ajudar na compreensão, já que neste contexto é possível
ver as duas situações como naturais.
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Terapia Analílico-Comportamental em Grupo
/*\ s"
'. 144
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Fátima Cristina de Souza Conte
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Terapia Analrtico-Compoitamental e m Grupo
5. Considerações finais
A FAP, como bem coloca Alvaréz, (1996), indica, de for
ma, filosófica e conceitualmente coerente com o Behaviorismo Ra
dical, como devem ocorrer os intercâmbios verbais entre o terapeuta
e cliente para que a sua relação possa ter efeitos altamente curati
vos. Os estudos já feitos por seus proponentes e outros, descre
vem diretrizes claras, lógicas e precisas que podem ser seguidas
passo a passo, no decorrer da psicoterapia. A magia que cercava
este processo torna-se cada vez mais cientificamente desvenda
da. O comportamento verbal torna-se* com a FAP, uma ferramenta
definitiva de intervenção terapêutica que, a partir disto, não mais se
limita a falar de algo que ocorre na vida real, distante do terapeuta,
mas traz o foco do trabalho para o momento e tempo presentes.
Poderia se questionar o quanto as contingências podem
manter os comportamentos desenvolvidos no contexto terapêutico,
o quanto a generalização não deveria ser esperada ou o quanto de
empenho seria necessário para fortalecer a força do novo compor
tamento apresentado em sessão, para que ele fosse mais resisten
te a contingências adversas. São aspectos sob os quais cabe pen
sar, assim como há que avaliar ainda o quanto a FAP é necessária
em todos os processos terapêuticos ou descobrir onde sua aplica
ção é especialmente recomendada.
De toda forma, o que se tem até agora sobre ela indica
que ela é altamente indicada para exercer o papel a que se propôs:
o trato e a superação de problemas interpessoais, ao lado daqueles
que sãó de natureza intrapessoal, como os decorrentes de esquiva
experiencial. Neste caso (de esquiva experiencial), o comportamento
152
Fátima Cristina d e Souza Conte
*Sugere-se que se relacione a leitura deste capítulo com o escrito por Brandão sobre ACT,
neste livro.
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Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
154
Fátima Cristina de Souza Conte
Referências
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155
Terapia Analítlco-Comportamental em Grupo
156
Capítulo 5
Transtorno Obsessivo-
Compulsivo (TOC): as
propriedades
terapêuticas dos grupos
de apoio
Regina Christina Wielenska* 1
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Regina Christina Wielenska
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Regina Christina Wielenska
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Regina Christina Wlelenska
169
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
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170
Regina Christina Wielenska
Silvia Sztamfater1
Mariangela Gentil Savoia2
1. Apresentação
Este capítulo decorre de um estudo realizado com
pacientes portadores de fobia social e seus familiares, em uma
instituição de saúde, que ocorreu no período de Outubro de 2006 a
Maio de 2008. Para tanto, está organizado da seguinte forma: há
uma introdução que contextualiza e define fobia social, do ponto de
vista psiquiátrico e psicológico, tendo como enfoque a análise
experimental do comportamento. Após, é fornecido um panorama
da recuperação de portadores de doenças psiquiátricas na atualidade
e o que a análise experimental do comportamento tem a contribuir.
Finalmente, é descrita a forma de intervenção utilizada: terapia em
grupo, tanto para portadores como para familiares.
175
Terapia Analrfico-Comportamental em Grupo
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Silvia Sztamfater e Mariangela Gentil Savoia
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laopiu AnalHco-Comportamental em Grupo
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"... por favor, não comente com minha família sobre isso,
ninguém entende essa doença, acham que é frescura de quem
não tem o que inventar, por isso procurei ajuda fora de casa"
(relato de um portador).
7. Considerações finais
As considerações feitas neste capítulo demonstram alguns
aspectos fundamentais na intervenção do profissional da área de
saúde, principalmente psicólogos, com portadores de fobia sociai.
Podemos destacar: a participação dos familiares no tratamento
auxilia tanto os pacientes como os familiares; o uso da terapia em
grupo, tanto para portadores quanto para familiares, tem se mostrado
a modalidade de terapia mais eficaz, principalmente no treino de
habilidades sociais, o que beneficia o fóbico na diminuição da
ansiedade ao enfrentar contingências aversivas de relacionamento
interpessoal, tendo em vista que os portadores de fobia social emitem
comportamentos mais adaptativos; o uso da psicoeducação como
uma maneira de informar os familiares sobre a doença e formas de
ajudar o portador.
189
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
Referências
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190
Silvia Sztamfater e Mariangela Gentil Savoia
191
Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo
192
Capítulo 7
A terapia analítico-
comportamental em um
grupo especial: a terapia
de famílias
Roberto Alves Ba naco *1
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3. Terapia de família
As características listadas até aqui fazem com que a
terapia de família tenha que ser realizada com alguns cuidados
importantes:
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Roberto Alves Banaco
6. Recomendações finais
Um terapeuta de famílias de abordagem analítico-
comportamental deve, com esses argumentos arrolados neste tex
to, produzir um levantamento de variáveis de controle sobre as quei
xas a ele apresentadas de forma a produzir uma formulação de
problemas compatível com os conhecimentos da análise do com
portamento. Notadamente, a formulação deve considerar primeira
mente se o problema é composto por relações respondentes,
operantes, ou por interação entre as duas. Assim, a formulação em
sí já indíca possíveis operações a serem executadas.
O segundo passo é determinar a parte social do problema,
identificando respostas de pessoas chamadas comumente como
significativas (leia-se aquelas que detêm os reforçadores e estímulos
aversivos) como componentes do problema para continuar o
delineamento da solução procurada. Em geral, essas pessoas se
utilizam de métodos aversivos de controle de comportamento porque
parecem bons, mas são ruins, por duas razões:
a) Têm a aparência de serem efetivos, porque funcionam
imediatamente evitando o que não deve ser feito. No entanto,
o que se observa mais amplamente é que a pessoa evita o
agente punitivo, a punição não ensina o que deve ser feito,
aumenta ó repertório de esquiva e o repertório de habilidades
desejáveis diminui.
b) Adquirem pseudo validade, passando de geração a geração.
Não é incomum em sessões de terapia de família ouvir frases
207
Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo
tais como “Meu avô criou meu pai assim, meu pai me criou
assim e nós demos certo. Então, este é o jeito correto de
criar” . (Latham, 1996). Isto só perpetua um clim a de
aversividade que pode redundar em desistência da vida familiar
e/ou social (Sidman, 1989).
Algumas recomendações de Latham f 1996) para a criação
de filhos podem ser adaptadas para quaisquer relações familiares
que sejam o foco de mudanças.
Uma delas é quando se tem um comportamento do qual
uma das pessoas se queixa. A primeira recomendação a ser dada é
que, se possível, deve-se ignorar o comportamento-queixa.
Conçomitantemente, a La tenção. elogios ou presença devem
acompanhar outros comportamentos que sejam incompatíveis com
aqueles dos quais se queixa, e que não sejam problemáticos.
Quando não houver jeito, parar (impedir a continuidade) o mau
comportamento sem dar destaque a ele, redirecionar a ação
solicitando ou sugerindo uma nova ação e então, muito importante,
elogiar o novo comportamento, ou demonstrar satisfação com ele.
Imprescindível neste ponto é a observação do efeito desta operação
sobre o comportamento-queixa e sobre o comportamento alternativo.
O primeiro deveria diminuir de freqüência e exuberância, e o segundo,
aumentar. Se isto não ocorrer, novos problemas de relacionamento
podem ser identificados. Por exemplo, a pessoa que se queixa pode
ser aversiva para a pessoa que exibe o comportamento-queixa.
Latham indica ainda algumas armadilhas envolvidas em
relações sociais. Uma delas são as chamadas “críticas construtivas”.
Elas dão um destaque demasiado ao comportamento que não deve
ser emitido, e não apontam as alternativas que seriam esperadas.
Além disso, podem representar uma expectativa tão elevada que
em alguns contextos apontam a falha como uma situação de possível
punição, aumentando a produção de ansiedade. Um dos exemplos
bem conhecidos pode ser o seguinte:
“Eu simplesmente não entendo como você pode ir tão ma! nessa
prova! Todos nós sabemos que você tem a capacidade de ser
mais aplicado. É demais pedir para que você se saia tão bem
quanto a gente sabe que você pode se sair?” (Latham, 1996).
208
Roberto Alves Banaco
209
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
210
Roberto Alves Banaco
Referências
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Capítulo 8
A Terapia
Comportamental
Infantil em Grupo
Jaíde Regra1
Míriam Marinotti2
215
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
que deverá mudar alguns comportamentos para que haja maior bem
estar para os pais e irmãos. A terapia é dela.
Na Terapia Comportamental para Adultos, Rose (1989) cita
a técnica de role piav (dramatização), na qual o cliente, frente a um
dado problema, pratica modos majs efetivos de lidar com^uailuação.
Nos relatos abaixo, sobre sessão de grupo com crianças,
foi utilizada esta técnica onde as crianças faziam uma dramatização
a partir do relato de uma criança sobre um evento de confronto,
ocorrido na semana.
A Terapia Comportamental Infantil em grupo se propõe a
traçar objetivos relacionados aos problemas de cada criança. No
vos objetivos podem ser traçados durante o processo terapêutico,
quando forem identificadas novas metas relevantes para o desen
volvimento emocional da criança.
Ao analisar o processo do trabalho em grupo, iremos
descrever algumas aplicações clínicas relacionadas a três tipos de
problemas apresentados pelas crianças:
1) inabilidades sociais e agressividade;
2) problemas de atenção, hiperatividade, dificuldade em lidar com
limites e com situações em que sentem desconforto, os quais
são nomeados pela criança como “medo”;
3) problemas de aprendizagem enfocando a aquisição de
conteúdos acadêmicos.
Na relação um a um, o terapeuta tem maior controle para
conseqüenciar os comportamentos da criança. Neste contexto, o
terapeuta libera conseqüências para o comportamento da criança e
a criança libera conseqüências para o comportamento do terapeuta.
Enfocar a relação terapêutica, conseqüenciando os com
portamentos no momento em que eles ocorrem, foi proposto por
Kohlenberg e Tsai (1991) com adultos, através da FAP (Functtonal
Analytic Psychotherapy- Psicoterapia Analítica Funcional) e adapta
do para a terapia infantil por Conte e Brandão (1999).
No grupo, o terapeuta trabalha as interações entre os
membros do grupo e libera conseqüências para A, B e C e recebe
as conseqüências da emissão de seu comportamento de A, B e C,
isolada ou conjuntamente. Forma-se uma rede de interações.
216
Jaíde Regra e Miriam Marinottl
217
1
Terapia Anatítico-Comportamental e m Grupo
1.1. Grupo 1
a) Composição do Grupo
O Grupo 1 foi formado por três membros4 que haviam
freqüentado sessões de terapia comportamental individual, com
218
Jaíde Regra e Miriam Marinotti
b) Objetivos terapêuticos
Após essas crianças terem sido trabalhadas em terapia
individual e orientação da família, foi proposta Terapia Comporta-
mental em Grupo, com o objetivo de desenvolver padrões de intera
ção sociai necessários a uma adequação em situações de grupo.
Desta forma, podia-se observar como cada criança interagia com
os outros membros do grupo e seria possível aplicar procedimen
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Terapia Analrtíco-Comportamental e m Grupo
tos para lidar com situações grupais. Era necessário que apren
dessem a identificar os comportamentos alternativos que deveriam
emitir nas situações de conflito e que resultariam na solução do
confronto, ao invés de briga. O terapeuta pôde ensinar as crianças
a fazerem análise dos comportamentos em grupo e os comporta
mentos das crianças foram conseqüenciados pelo terapeuta, no
momento em que ocorreram.
Através do exemplo abaixo descrito, de uma sessão de
grupo, quando as três crianças conseguiam contar detalhes sobre
brigas ocorridas, pretende-se mostrar a aplicação dos procedimen
tos em grupo.
Júlio chega contapdo que teve uma briga na escola, com
um menino que é muito chato, o Carlos. O menino estava fazendo
lição escondido da professora, enquanto ela dava aula.
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Jaíde Regra e Míriam Marinotti
(Antônio para Júlio): Qual um outro jeito que você poderia ter feito
para não ter acontecido a briga?
(Júlio para Antônio): Não devia ter contado para a professora o
que o Carlos estava fazendo.
(T) Isso seria interessante porque não teria acontecido nenhuma
briga. Mas vamos supor que isto já aconteceu. O que você
poderia fazer quando o Carlos te xingou?
(Júlio para (T): Eu sairia de perto e ia perto de um adulto. Aí eles
podiam ver que eu não fiz nada.
(T) É uma possibilidade que pode funcionar para brecar uma briga.
Vamos fazer agora a cena em que Júlio não deixa a briga
acontecer.
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Terapia Anafitico-Comportamental em Grupo
c) Tarefas
(T) Agora, cada um vai escolher um comportamento para treinar
durante a semana. Vou dar alguns exemplos:
-Júlio pode treinar não contar nada de outro colega para a professora
e contar quantas brigas teve na semana. Cada semana terá que reduzir
uma briga no total para bater o recordda semana anterior.
- Carlos irá descobrir um jeito de brecar uma briga e nos contará o
que fez para conseguir isso. Quando não conseguir, nós o ajudare
mos aqui a fazer um plano para acabar com as brigas e ele sair
ganhando.
- Fábio irá contar uma situação em que teve coragem de enfrentar.
Pode ser: fazer uma pergunta na classe, fazer a leitura em voz alta
na saia de aula, conversar com um colega da sala ou alguma coisa
que ele decidiu fazer. Vamos contar quantas situações novas
conseguiu enfrentar.
Observa-se que as crianças voltam na próxima sessão e
retomam os combinados da sessão anterior. Contam quando reduzi
ram as brigas e também contam quando brigaram. Isto nos mostra
que o contexto terapêutico onde se realizam as sessões pode ser con
siderado um contexto sem crítica, no qual ocorre o relato do problema
e se procura achar uma solução para ser testada fora do consultório.
O comportamento que ocorre na sessão de grupo está
sob controle do terapeuta e dos outros membros do grupo e pode
ser alterado neste contexto. Os procedimentos devem ser aplica
dos de forma sistemática.
Os relatos sobre os comportamentos ocorridos fora do
consultório que colaboram para execução das cenas de dramatização
favorecem a aprendizagem pelas crianças da análise de comporta-
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1.2. Grupo 2
a) Composição do Grupo
Luís (L), de oito anos, foi encaminhado pela escola por
dificuldades de concentração, autocontrole e interação social,
brigando e batendo nos colegas de classe, em ocorrências diárias.
Na classe, às vezes, se deitava no chão como uma criança pequena.
Demonstrava comportamento opositor e era desafiador. Em casa,
os pais relatavam dificuldades em seguir regras e combinados, o
que dificultava a rotina da casa e gerava muitas brigas familiares.
Cícero (C), oito anos, veio encaminhado pela escola por
atrapalhar as aulas, fazer “gracinhas” , conversar muito durante as
explicações, não esperar a vez para falar e ter dificuldades em seguir
regras. Em casa, a mãe encontrava dificuldades com a rotina e as
lições, embora ele fosse bom aluno. Cícero gritava e emburrava
quando não era atendido imediatamente.
Marc (M), nove anos, bom aluno, morava com a mãe que se
queixava de sua dificuldade em seguir combinados e regras, o que
fazia com que ocorressem muitas brigas entre mãe e filho. Marc relatava
ter medo de escuro e de ficar sozinho em qualquer cômodo da casa.
O grupo foi iniciado com dois membros (Cícero e Luís) e
após 2 meses foi introduzido Marc.
Luís entrava na sala atrasado e ia para o sofá. Tirava os
sapatos e escorregava pelo sofá virando-se de ponta cabeça. Por
outro lado, era meigo e agradável e atendia a alguns combinados.
Cícero era exageradamente adequado com adultos, quando
tinha a atenção só para ele. Procurava a atenção direta do adulto e
dirigia-se apenas a este quando estava ao lado de outra criança.
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c) Condução do trabalho
Sempre havia duas profissionais responsáveis por cada
grupo; em geral, uma psicóloga e uma fonoaudióloga (não neces
sariamente aquelas com quem as crianças faziam o atendimento
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d) Manejo do Grupo
O funcionamento dos grupos era planejado de forma a
atender o objetivo principal dos mesmos, a saber, o aprendizado de
convenções ortográficas da língua portuguesa. Simultaneamente,
eram implementadas regras e dinâmicas que visavam a fortalecer'
o funcionamento adequado de qualquer grupo, independente de sua
meta específica, tais como: coesão grupai; redução da
competitividade e incentivo à cooperação; fortalecimento de
repertórios assertivos, em detrim ento de com portam entos
agressivos ou omissos etc.
Assim, a preocupação inicial centrava-se na constituição
do grupo como tal.
Após a apresentação dos membros e objetivos do grupo,
solicitava-se às crianças que escolhessem um nome e/ou que
elaborassem algum símbolo ou representação para o grupo (por
exemplo, um desenho feito em conjunto que representasse, de
alguma forma, aquele grupo especificamente).
Também era solicitado que as crianças sugerissem regras
para o funcionamento do grupo, tendo como critérios a consecução
dos objetivos (facilitar a aprendizagem) e a convivência harmônica
entre os membros.
Cada regra sugerida era analisada considerando-se sua
conveniência e aplicabilidade.
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e) Diretrizes psicopedagógicas
Visto que o enfoque do presente volume é sobre o trabalho
com grupos, não será possível uma abordagem aprofundada em
relação ao trabalho com ortografia. Serão fornecidas apenas
algumas informações básicas acerca do embasamento do trabalho
e exemplos de atividades que podem ser desenvolvidas, a título de
contextualização do leitor, sendo que uma análise mais detalhada é
fornecida em publicações anteriores (Marinotti, M., 2001; Marinotti,
M., 2004).
De forma bastante sintética, então, podemos dizer que o
planejamento das atividades obedecia a algumas pressuposições
e critérios, descritos abaixo.
Relações entre escrita e leitura
A concepção corrente, entre leigos e muitos educadores,
de que quem lê mais necessariamente escreve melhor, não parece
encontrar subsídios nem nos dados oriundos da prática clínica ou
educacional, nem no que as pesquisas em Análise do
Comportamento têm evidenciado (Lee, V.L. e Pegler, A.M. ,1982;
Lamarre, J. e Holland, J.G. 1985; Polson, D.A., Grabavac, D.M.e
Parsons, J.A .,1997).
Aqueles que têm experiência com crianças que
apresentam dificuldades de aprendizagem constatam com
freqüência que os avanços em algum repertório (por exemplo, na
leitura) não necessariamente se generalizam para avanços
correspondentes em outro (por exemplo, na escrita).
As pesquisas citadas acima, por outro lado, sugerem que
a interdependência de repertórios verbais, longe de ser um fato na
turalmente esperado, muitas vezes requer cuidadoso planejamento
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era ainda intensificada pelo fato de que muitas destas palavras es
tavam presentes em conteúdos de Geografia e Ciências às quais
as crianças estavam expostas.
Finalmente, as palavras sugeridas pelas próprias crianças
eram incorporadas às atividades de forma a ampliar este vocabulário
básico.
Uma vez selecionado o vocabulário básico a ser instalado,
passava-se à seleção daquelas palavras que mais se adequassem
à elaboração da atividade que introduziria o trabalho com a
característica ortográfica atual. Tais atividades introdutórias variavam
muito: textos, músicas, dramatizações etc. O fator comum entre
elas era o fornecimento de um contexto para os vocábulos
apresentados.
Para ilustrar: o levantamento de palavras que contêm uma
sílaba terminada por-/incluía: sol, azul, quintal, avental, varal, lençol,
anzol, anel, cachecol..., palavras estas que favoreciam a elaboração
de histórias cotidianas. A atividade inicial com palavras contendo - I
consistiu em fornecer estas palavras às crianças e solicitar que
montassem uma história a ser dramatizada, utilizando-as. As
crianças elaboraram o cenário e o roteiro que se passava no quintal
de uma chácara, e dramatizaram a história.
A partir deste vocabulário apresentado inicialmente eram
propostas atividades que expandiam o conjunto de vocábulos
trabalhados via processos de derivação, conjugação verbal e outros
atributos lingüísticos que pudessem conferir alguma generalidade
ao conhecimento adquirido.
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Referências
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Lee, V.L. e Pegler, A .M. (1982) Effects on Spelling of Training Children to
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Marinotti, M. (2001) Dificuldades ortográficas: análise de algumas variáveis
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Marinotti, M. (2004) Processos comportamentais envolvidos na aprendizagem
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Rose, D. S. (1989). Working with adults in groups: Integrating Cognitive-
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248
Capítulo 9
Tornando-se um
terapeuta de grupos
Priscila R. Derdyk1e Silvia Sztamfater2
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Priscila R. Derdyk e Silvia Sztamfaíer
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Priscila R. Derdyk © Silvia Sztamfater
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Priscila R. Derdyk e SiMa Sztamfater
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6. Estágios de um grupo
Um grupo passa por diferentes momentos ao longo do
processo terapêutico. Um terapeuta precisa saber da existência
destes momentos a fim de decidir como conduzir a dinâmica do
grupo, levando em conta as particularidades de cada um destes
momentos. A seguir, descreveremos as principais etapas do “ciclo
de vida” de um grupo terapêutico e o que é esperado do líder:
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Priscila R. Derdyk e Silvia Szfamfcrter
Entretanto, isto não quer dizer que o terapeuta não tenha mais
função, ou que a sua atuação seja menos importante. Sua
função será criar condições para que os participantes possam
identificar as variáveis de controle e desenvolver repertórios
alternativos.
Término: Ojérmino. de grupo ocorre quando seus membros já
atingiram seus objetivos e relatam que já emitem novos
cpmportamentos no seu ambiente natural.
7. Considerações finais
Concluindo, para tornar-se um terapeuta de grupo, alguns
aspectos devem ser ressaltados: o primeiro é que aprender uma
nova habilidade complexa leva tempo, portanto, não se deve esperar
reforços imediatos. Outro aspecto é saber que dúvidas, medos e
erros fazem parte da aprendizagem.
Em suma, o terapeuta nunca pode se esquecer de que
ser terapeuta exige um aperfeiçoamento contínuo e que para isso,
deve estar sempre disposto a se aprimorar estudando, participando
de supervisões e, ele próprio, submetendo-se a uma terapia.
Referências
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Kohlenberg, R., Tsai,M (2001) Psícoterapia Analítico Funcional. SanyoAndré:
Esetec.
Skinner,B.F. (1953) Ciência e Comportamento Humano. Martins Fontes
Bibliografia recomendada
Corey, M.A.S, Corey, G. (2002). Groups: process and practice. Brooks/
Cole ed.Yalom
Rose D. R. (1989). Working with adults in groups. Jossey-Bass Inc.
Publishers.
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