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ESTUDOS PARA O

VII REDE

TEMAS DE ESTUDO

1. A Sagrada Escritura (CIC 101 - 141)


2. Maria (CIC 487 - 511) (CIC 963 - 975)
3. Os símbolos do Espírito Santo (CIC 694 - 701)
4. Os dons e os frutos do Espírito Santo (CIC 1830 - 1832)
5. As virtudes (CIC 1803 - 1830)
6. Os anjos (CIC 328 - 336) (CIC 391 - 395)
7. A providência e o mal (CIC 302 - 324)
8. As características da fé (CIC 153 - 165)
9. O pecado original (CIC 388 - 390) (CIC 369 - 409)
10. A Igreja (CIC 751 - 760) (CIC 774 - 776)
11. Sacramento da Crisma (CIC 1302 - 1305)
12. Os fiéis de Cristo – Hierarquia, leigos e vida consagrada (CIC 871 - 945)
13. Os princípios da Doutrina Social da Igreja (DOCAT 84 - 111)
14. Temas da atualidade:
14.1. Questões sobre a família
14.2. Ideologia de Gênero
14.3. Aborto
14.4. Eutanásia

1. A SAGRADA ESCRITURA (CIC 101-141)


I. Cristo – Palavra única da Sagrada Escritura
 Toda escritura divina fala de Cristo e se cumpre em Cristo.
 Por meio das palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma só palavra.
 Na Sagrada Escritura a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força, pois
nela não acolhe somente uma palavra humana, mas o que ela é realmente: a Palavra
de Deus.
II. Inspiração e verdade da Sagrada Escritura
 A igreja recebe e venera como inspirados os 46 livros do Antigo Testamento e os 27
livros do Novo Testamento, pois, escritos sob a submissão do Espirito Santo, eles têm
Deus como autor.
 A igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo
do Senhor.
 Os quatro evangelhos ocupam lugar central, já que Cristo Jesus é seu centro. –
Mateus, Marcos, Lucas e João.
 Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados, agindo ele próprio neles e por
meios deles, escrevessem tudo e só aquilo que ele próprio queria.
 Os livros da Sagrada Escritura ensinam, com certeza, fielmente e sem erro, a verdade
de Deus.
 O cristianismo é a religião da palavra de Deus, do Verbo encarnado e vivo.
 Para que as Escrituras não pareçam uma letra morta, é preciso que Cristo, pelo Espírito
Santa nos abra o espírito à compreensão das Escrituras.

III. O Espírito Santo, intérprete Da Escritura


 O que vem do Espírito só é plenamente entendido pela ação do Espírito.
 Ao ler as Escrituras é necessário: prestar muita atenção no conteúdo, ler dentro da
tradição viva da igreja inteira e estar atento a analogia da fé.
 Podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual,
sendo este último subdividido em sentido alegórico, moral e anagógico.
 Sentido literal: é o sentido significado pelas palavras da escritura.
 Sentido espiritual: as realidades e os acontecimentos de que Deus nos fala podem ser
sinais.
 Sentido alegórico (o que deves crer): uma compreensão mais profunda dos
acontecimentos, reconhecendo a significação deles em Cristo
 Sentido moral (o que deves fazer): os acontecimentos relatados na Escritura devem
nos conduzir a um justo agir. Eles foram escritos “como advertência para nós”.
 Sentido anagógico (para ondes deves caminhar): Podemos ver realidades e
acontecimentos em sua significação eterna, nos conduzindo a nossa Pátria.

IV. O Cânon das Escrituras


 Antigo Testamento: a Economia do Antigo Testamento está ordenada principalmente
para preparar a vinda de Cristo, Redentor de todos.
 Novo Testamento: Seu objeto central é Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Os
Evangelhos são o coração de todas as Escrituras.
 O Novo Testamento está escondido no Antigo, e o Antigo é desvendado no Novo.
 O Antigo Testamento prepara o Novo enquanto o Novo cumpre o Antigo.
 Que o estudo da Sagrada Escritura seja, portanto, como a alma da sagrada teologia.

V. A Sagrada Escritura na Vida da Igreja


 Pela frequente leitura das divinas Escrituras, aprendemos o conhecimento do Cristo
Jesus.
 Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.

2. MARIA (CIC 487-511 e 963-975)


I. Nascido da Virgem Maria
 Desde toda a eternidade, Deus escolheu Maria para ser a mãe de Seu Filho.
 Assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse
para a vida.
 O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem
Eva ligou pela ingenuidade, a Virgem Maria desligou pela fé.
 Para ser a Mãe do Salvador, Maria foi enriquecida por Deus com os dons dignos para
tamanha função.
 Desde sua concepção foi totalmente preservada da mancha do pecado original e
permaneceu pura de todo o pecado pessoal por toda a sua vida.
 Maria respondeu com a “obediência da fé”, certa de que nada é impossível a Deus.
 Entregou-se ela mesma totalmente á pessoa e à obra de seu filho, para servir, na
obediência dele e com Ele, pela graça de Deus, ao Mistério da Redenção.
 Obedecendo se fez causa de salvação tanto para si como para todo o gênero humano.
 Maria é verdadeiramente Mãe de Deus.
 “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho”.
 Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem ao
carrega-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre.
 Jesus é o Filho único de Maria.
 Maria é virgem porque sua virgindade é sinal de sua fé, absolutamente livre de
qualquer dúvida, e de sua doação sem reservas à vontade de Deus.
 A virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus Encarnação. Jesus tem
um só Pai: Deus.
 Jesus por natureza, filho de seu Pai segundo a divindade; por natureza, Filho de sua
Mãe, segundo a humanidade; mas propriamente Filho de Deus em suas duas
naturezas.
 Jesus o Novo Adão: o primeiro homem, formado na terra, era terrestre; o segundo
homem veio do Céu.
 A participação na vida divina não vem do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus.

II. A Maternidade de Maria com Relação à Igreja


 Maria é Mãe de Cristo e também Mãe da Igreja. – “Mulher, eis aí o seu filho” “Eis aí a
sua mãe”.
 De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela
cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por
este motivo, ela se tornou para nós a mãe na ordem da graça.
 A Igreja sem Maria é como um orfanato, ela é nossa esperança e consolação.
 A bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada,
auxiliadora, protetora, medianeira.
 Maria é um modelo de fé, castidade e obediência.
 Depois de encerrar o percurso de sua vida terrestre, a Santíssima Virgem Maria foi
elevada em corpo e alma à glória do céu.
 Foi assunta de corpo e alma à glória celeste e foi exaltada pelo Senhor como Rainha do
Universo”
 Ela foi glorificada de corpo e alma na Jerusalém celeste. 
 Maria morreu, foi velada e o próprio Jesus a veio buscar, como que a acordando de um
sono e a levando de corpo e alma ao Céu.
 Maria concebeu Jesus com 15 anos; Jesus morreu aos 33 anos; Maria morreu 13 anos
e 2 meses após ascensão de Jesus, então, na morte de Nossa Senhora, ela teria mais
de 61 anos.
 “Então, apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua
debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas”

 Liberdade: a livre escolha de escolher o bem.


 Livre arbítrio: escolher o que eu quero ou não, sendo do bem ou não.

3. OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO (CIC 694-701)


 Água: é significado da ação do Espírito Santo no Batismo, significa o nascimento e a
fecundidade da vida dada no Espírito (vida nova). O Espírito é, pois, também
pessoalmente, a água viva que jorra de Cristo Crucificado como de sua fonte e que nos
jorra para a vida eterna.
 Unção: na iniciação cristã, ela é sinal sacramental da confirmação, a qual é
adequadamente chamada, nas Igrejas do Oriente, de “crismação”. Cristo significa
“ungido” do Espírito de Deus. É o Espírito Santo que plenifica o Cristo, é o poder dele
que sai de Cristo em seus atos de cura e de salvação.
 Fogo: simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo. Sob a forma de
línguas “que se diriam de fogo” o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã
de Pentecostes e os enche de si.
 Nuvem e Luz: a nuvem – ora escura, ora luminosa – revela o Deus vivo e salvador. É
este que paira sobre a Virgem Maria e a cobre “com sua sombra” para que ela conceba
e dê à luz Jesus. É essa Nuvem que “subtrai Jesus aos olhos” dos discípulos no dia de
sua ascensão.
 Selo: é Cristo que Deus Pai “assinalou com seu selo” (Jo 6,27) e é nele também que o
Pai nos marca com seu selo. Por indicar o efeito indelével da unção do Espírito Santo
nos sacramentos do Batismo, da Confirmação, e da Ordem.
 Mão: é impondo as mãos que Jesus cura os doentes e abençoa as crianças. Em nome
dele, os Apóstolos farão o mesmo. É pela imposição das mãos dos Apóstolos que o
Espírito Santo é dado.
 Dedo: “É pelo dedo de Deus que Jesus expulsa os demônios. Deu-lhe as duas tábuas
da aliança que eram feitas de pedra e escritas com o dedo de Deus.
 Pomba: Quando Cristo sobe na água de seu Batismo, o Espírito Santo, em forma de
uma pomba, desce sobre ele e sobre ele permanece. O Espírito desce e repousa no
coração purificado dos batizados. O símbolo da pomba representando o Espírito
Santo é tradicional na iconografia cristã.

4. OS DONS E FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO (CIC 1830-1832)


 A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo.
 Estes são disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir os impulsos
do mesmo espírito.

Sete dons do Espírito Santo


 Sabedoria (verdade de Deus e não do mundo): este dom como que nos emudece
diante das maravilhas de Deus. Ele faz sentir e saborear com docilidade os
mistérios de Deus. Concedendo-nos uma compreensão não humana dos mistérios e
da grandeza divina. É considerado o maior de todos os dons, porque eleva o
homem a uma experiência sobrenatural de Deus. Diz o Senhor: “Feliz aquele que
encontrou a Sabedoria…” (Pv 3, 13).
 Inteligência (aceitar as verdades de Deus): também conhecido como dom de
Inteligência, é o dom que nos faz penetrar na Verdade Divina. Concede-nos um
conhecimento que não está limitado ao esforço humano, mas ultrapassa, dando-nos
a conhecer a Verdade que, simplesmente pela razão humana, não temos
conhecimento.
 Conselho (discernir o certo e o errado):  é o dom que nos faz agir com esperteza
e nos faz escapar das astúcias dos nossos inimigos, muitas vezes, fazendo-nos
escapar dos olhos da prudência simplesmente humana. Concede-nos a maneira
certa de proceder diante de algumas situações que poderiam pôr em risco o
caminho rumo a salvação.
 Fortaleza (coragem para fazer o certo): é o dom que nos move a executar o que
nos ensina o conselho, tendo como finalidade a maior glória de Deus, apesar dos
sacrifícios exigidos para isso. É, frequentemente, encontrado na vida dos mártires,
aqueles que, conduzidos por uma força divina, deram a vida por Cristo.
 Ciência (olhar os fatos da vida com o olhar de Deus): este dom está ligado
intimamente com a Providência Divina, pois, pelo Dom de Ciência, conseguimos ver
a mão de Deus nos acontecimentos mais ordinários do cotidiano. Ensina-nos a olhar
os fatos da vida com o olhar de Deus. É característico na vida de alguns
pregadores, dos santos doutores e dos diretores espirituais, cuja missão é propagar
a fé e conduzir as almas.
 Piedade (gosto de amar e servir a Deus com sabedoria):  é o dom que nos faz
tratar as coisas de Deus como sagradas, e a Ele mesmo com simplicidade,
confiança verdadeira, como um filho deveria tratar o seu Pai. A piedade nos ajuda a
entender o nosso lugar de filhos para com Deus e nos faz tratá-Lo como Pai.
 Temor a Deus (respeito por Deus e receio de o desagradar): não é um dom que
nos faz ter medo de Deus, mas, em tudo, nos faz querer agradar-Lhe. Segundo o
padre Arintero2, “a alma possuída por esse dom quer, a todo custo, destruir, o
quanto antes, o ‘corpo de pecado’, vivendo sempre cercada da mortificação de
Jesus Cristo, para que também, em sua própria carne mortal, manifeste-se a vida do
Salvador”. É característico na vida de todo cristão batizado no início de sua
caminhada com Jesus Cristo, onde busca moldar a sua vida de acordo com a Lei de
Deus.

Frutos do Espírito Santo


 Os frutos do Espírito Santo são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como
primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze:
 Caridade: é o amor a Deus acima de todas as coisas e aos outros por causa de
Deus. 
 Alegria: profunda satisfação espiritual que o Espírito Santo derrama no coração e
na alma.
 Paz: Jesus é a própria paz e suavidade da alma.
 Paciência: A alma paciente é mansa e humilde, não se revolta contra Deus, aceita
os desafios sem se turbar porque sabe que até do mal pode vir o bem.
 Longanimidade: é o perseverar nos caminhos de Deus apesar de quaisquer
adversidades e dificuldades.
 Bondade: É querer e fazer o bem às pessoas de modo gratuito e sincero, sem
segundas intenções, sem interesses, sem esperar nada em troca.
 Benignidade: é fazer ainda mais bem do que o meramente necessário.
 Mansidão: é associada à humildade e à paciência.  A mansidão vai contra a ira e
contra o ódio.
 Fidelidade: nos faz manter a palavra dada, as obrigações assumidas e os contratos
estipulados. Ora, "isso é a fé, tomada no sentido de fidelidade", afirma São Tomás.
 Modéstia: consiste no respeito a nós mesmos como templos do Espírito Santo, o
que inclui o respeito ao nosso próprio corpo e à sua discreta preservação de
exibicionismos, vulgaridades e reducionismos a uma simples mercadoria
consumível. Podemos, é claro, vestir-nos com elegância e cuidar bem da nossa
aparência e forma física, mas por pudor e respeito próprio e não por futilidade e vã
sensualidade.
 Continência: torna o ser humano equilibrado, controlando os apetites dos prazeres
físicos. É saber dominar e ser senhor de si mesmo em relação aos instintos do
corpo.
 Castidade: leva o homem e a mulher a manterem a pureza do corpo e,
consequentemente, da alma, praticando com alegria e plenitude o sexto e o nono
Mandamentos: guardar castidade nas palavras e atos e também nos pensamentos e
desejos. Não se trata apenas de abster-se, mas de elevar-se por sobre os instintos
sexuais.

5. AS VIRTUDES (CIC 1803-1830)


 A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só
praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças sensíveis e
espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, procura-o e escolhe-o na prática.
 Diz São Gregório de Nissa: “O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a
Deus.”
 A finalidade de todas as virtudes é o amor.

I. Virtudes humanas
 Estas virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais
da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e
guiando-nos segundo a razão e a fé. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o
bem.
 Prudência (o que devemos ou não fazer): dispõe a razão pratica a discernir, em
qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para
realizá-lo. Não se confunde com a timidez ou o medo. Exemplo: É “pensar duas vezes”
antes de fazer algo. É chamada “auriga virtutum” (isto é “portadora das virtudes”),
porque conduz as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida. É graças a essa
virtude que aplicamos sem erro os princípios morais aos casos particulares e
superamos as dúvidas sobre o bem a praticar e o mal a evitar.
 Justiça (dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido): consiste na vontade
constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. A justiça para com
Deus chama-se “virtude de religião”. Para com os homens, ela nos dispõe a respeitar
os direitos de cada um e a estabelecer nas relações humanas a harmonia entre as
pessoas e do bem comum.
 Fortaleza (resistir às tentações e superar os obstáculos na vida): é a virtude moral
que dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do bem. Ela firma
a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral. A virtude da
fortaleza nos torna capazes de vencer o medo, inclusive da morte, de suportar a
provação e as perseguições. Exemplo: É resistir à tentação do pecado contra a
castidade.
 Temperança (ter autocontrole): é a virtude moral que modera a atração pelos
prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da
vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade. A
pessoa temperante orienta para o bem seus apetites sensíveis, guarda uma santa
discrição e não “se deixa levar a seguir as paixões do coração”.
 Não é fácil para o homem que ferido pelo pecado manter o equilíbrio moral.
 E para conseguirmos estas virtudes basta, sempre pedir esta graça de luz e de
fortaleza, recorrer os sacramentos, cooperar com o Espírito Santo, seguir seus apelos
de amar o bem e evitar o mal.

II. As virtudes teologais


 As virtudes humanas se fundam nas virtudes teologais que adaptam as faculdades do
homem para que possa participar da natureza divina. As virtudes teologais se referem
diretamente a Santíssima Trindade.
 As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão. São
infundidas por Deus nas almas dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus
filhos e merecer a vida eterna.
 Fé (crer em Deus, no que Ele diz e no que a Igreja diz): onde cremos em Deus e em
tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe para crer, porque Ele é
a própria verdade. Pela fé, “o homem livremente se entrega todo a Deus”. O discípulo
de Cristo não deve penas guardar a fé e nela viver, mas também professá-la e
testemunhá-la. O serviço e o testemunho da fé são os requisitos da salvação. Nos
entregarmos a Deus por inteiro.
 Esperança (esperança nas promessas de Cristo): onde desejamos com felicidade o
Reino dos céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e
apoiando-nos não nossas forças, mas nosso socorro da graça do Espírito Santo. Ela se
exprime e se alimenta na oração, principalmente no Pai-Nosso, resumo de tudo o que a
esperança nos faz desejar.
 Caridade (amar ao próximo como a ti mesmo): é a virtude teologal pela qual
amamos a Deus sobre todas as coisas, e a nosso próximo como a nós mesmos, por
amor a Deus. O Senhor exige que amemos, como Ele, as crianças e os pobres, e até
mesmo os nossos inimigos. A caridade é superior a todas virtudes. O exercício de
todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade, que é o “vínculo da perfeição”. A
caridade tem como frutos a alegria, a paz e a misericórdia; exige a correção fraterna.
6. OS ANJOS (CIC 328-336) (CIC 391-395)
 O anjo, por designação da natureza, é um espírito, já pelo encargo, é um anjo: é
espírito por aquilo que é, é anjo por aquilo que faz.
 Por todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus porque
contemplam sem cessar a face de Deus.
 Como criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e de vontade: são
criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as criaturas visíveis.
 Cristo é o centro do mundo angélico. Os anjos são seus porque foram criados por e
para Ele e porque Ele os fez mensageiros de seu projeto de salvação.
 Os anjos anunciam nascimentos e vocações, é o anjo Gabriel que anuncia o
nascimento do Precursor e o do próprio Jesus.
 Desde o início até a morte, a vida humana é cercada pela proteção dos anjos e por um
anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida.

II. A Queda dos Anjos


 A voz sedutora que se opõe a Deus na desobediência de nossos primeiros pais é um
anjo destronado chamado Satanás ou Diabo.
 O Diabo e outros demônios foram criados por Deus bons em sua natureza, mas se
tornaram maus por sua própria iniciativa.
 Esta “queda” consiste na opção livre desses espíritos criados, que rejeitaram, radical e
irrevogavelmente, Deus e seu Reino. O Diabo é pecador desde o princípio, pai da
mentira.
 O caráter irrevogável de sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia
divina, faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado. Não existe
arrependimento para eles depois da queda, como não existe arrependimento para os
homens após a morte.
 Satanás chegou até a tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai.
 Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo. As
mais graves dessas obras, devido às suas consequências, foi a sedução mentirosa que
induziu o homem a desobedecer a Deus.
 O poder de Satanás, entretanto, não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa
pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação
do reino de Deus.
 A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas sabemos que tudo
contribui para o bem daqueles que amam a Deus. Deus pode fazer vir do mal uma
coisa boa.
7. A PROVIDÊNCIA E O MAL
Divina Providência
 A criação não está acabada, ao decorrer da vida terrena ela vai se aperfeiçoando.
Chamamos de divina providencia as disposições pelas quais Deus conduz sua criação
para a perfeição.
 Providência: ação de Deus nas nossas vidas. Deus vai providenciando meios para
alcançarmos um fim. Deus já previu tudo.
 “Portanto, não vivais preocupados, dizendo: ‘Que vamos comer? Que vamos beber?
Como nos vamos vestir?’ Os pagãos é que vivem procurando todas essas coisas.
Vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar
o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as outras coisas vos serão dadas por
acréscimo” (Mt 6, 31-33).
 Mas essa ação de Deus pressupõe da nossa disposição e coragem de começar, e ter
confiança de que Deus vai providenciar. A divina providencia não nos obriga, nos
liberta.
 Precisamos querer de fato que Deus entre na nossa vida, pois ele nos deu a livre
escolha.
 O Espírito Santo ilumina a nossa razão para alcançarmos o que desejamos seguindo o
caminho de Deus. E para isso temos a divina providência para conseguirmos os meios
para alcançar este fim.
 Plano de Deus=Divina Providência. Quando optamos por seguir a Deus e seu plano
estamos optando por seguir a divina providência.
 A providencia de Deus está nas pequenas coisas (estar no ONDA) e nas grandes
coisas (milagres). Podemos ser a providência de alguém.
 Os homens podem entrar deliberadamente no plano divino, por suas ações, por suas
orações e também por seus sofrimentos. Tornam-se então plenamente cooperadores
de Deus e de seu Reino.

O Mal
 O mal é a ausência do bem.
 Deus permite o mal porque ele não quer invadir nossa liberdade. Deus quis criar um
mundo “em processo de caminhada” para sua perfeição última.
 Por isso existe tanto o perfeito como o imperfeito no mundo: juntamente com as
construções da natureza, existe as destruições; juntamente com o bem físico, existe o
mal físico.
 Porém, Deus é capaz de fazer um mal se transformar em um bem. “Pois o Deus Todo-
Poderoso [...], por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir em
suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar do mal o bem”.
 “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).
 “Tudo procede do amor, tudo está ordenado à salvação do homem, Deus não faz nada
que não seja para esta finalidade”. – Santa Catarina de Sena
 “Ora, tudo o que Ele quer, por pior que possa nos parecer, é o que há de melhor para
nós”. – Santo Tomás More
 Se por um acaso escolhermos o mal, Deus vai encontrar um meio de nos puxar
novamente para o bem.

8. AS CARACTERÍSTICAS DA FÉ
 A fé é uma graça e devemos pedi-la diariamente a Deus.
 A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele.
 Para que se possa manifestar essa fé, é necessária a graça de Deus, que provê e
socorre, e a ajuda interior do Espírito Santo, que move o coração e o leva a Deus, abre
os olhos da mente e confere a todos a docilidade no consentimento e na crença da
verdade.
 Crer é um ato autenticamente humano. Não contraria nem a liberdade nem a
inteligência do homem confiar em Deus e aderir as verdades a Ele reveladas.
 O motivo de crermos não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como
verdadeiras e inteligíveis à luz de nossa razão. Cremos por causa da autoridade de
Deus que revela e que não pode nem se enganar nem nos enganar.
 Os milagres, por exemplo, são motivos de credibilidade que mostram que o
assentimento da fé não é de modo algum um movimento cego do espírito.
 Devemos querer e buscar conhecer cada vez mais a nossa fé. Um conhecimento mais
profundo despertará, por sua vez, maior fé, sempre mais ardente de amor.
 Para termos mais fé precisamos compreender; para compreendermos precisamos ter
fé. (“Eu creio para compreender, e compreendo para crer” – santo Agostinho)
 Se as pesquisas científicas forem feitas de maneira verdadeira nunca irão se opor a fé.
Fé e ciência andam juntas.
 O homem tem a liberdade de escolher crer ou não. Ninguém deve ser forçado, contra a
sua vontade, a abraçar a fé, pois o ato de fé é, por sua natureza, voluntário.
 É necessário, para obter essa salvação, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou
para nossa salvação.
 Sem a fé é impossível agradar a Deus e chegar ao consórcio dos seus filhos, ninguém
jamais poderá ser justificado sem ela, nem conseguirá a vida eterna, se nela não
perseverar até o fim.
 Para viver, crescer e perseverar até o fim na fé, devemos alimenta-la com a Palavra de
Deus; devemos implorar ao Senhor que a aumente; ela deve agir pela caridade, ser
carregada pela esperança e estar enraizada na fé da Igreja.
 A fé é, portanto, o começo da vida eterna: a fé nos faz degustar, como por antecipação,
a alegria e a luz da visão beatífica, meta de nossa caminhada na terra.
 A fé pode ser posta à prova.
 As experiencias do mal e do sofrimento, das injustiças e da morte podem abalar a fé e
tornar-se para ela uma tentação. “Portanto, com tamanha nuvem de testemunhas em
torno de nós, deixemos de lato tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve.
Corramos com perseverança na competição que nos é proposta, com olhos fixos em
Jesus, que vai à frente de nossa fé e a leva à perfeição” (Hb 12, 1-2).
9. O PECADO ORIGINAL (CIC 388-390) (CIC 369-409)
 A realidade do pecado, e mais particularmente a do pecado das origens, só é entendida
à luz da revelação divina.
 O pecado é um abuso da liberdade que Deus dá às pessoas criadas para que possam
amá-lo e amar-se mutualmente.

I. Homem e mulher os criou


 Ser homem e ser mulher é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher
têm uma dignidade insuperável que lhes vem diretamente de Deus, que os cria à Sua
imagem.
 O ser-homem e o ser-mulher refletem a sabedoria e a bondade do Criador.
 Deus não é de modo algum a imagem do homem. Não é nem homem nem mulher.
Deus é puro espírito, não havendo nele lugar para a diferença dos sexos. No entanto,
as “perfeições” do homem e da mulher refletem algo da infinita perfeição de Deus: as
de uma mãe e as de um pai e de um esposo.
 Criados conjuntamente, Deus quer o homem e a mulher um para o outro.

II. O homem no paraíso


 Adão e Eva foram constituídos em um estado “de santidade e de justiça original”. Esta
graça da santidade original era a participação na vida divina.
 A harmonia interior da pessoa humana, a harmonia entre homem e mulher, a harmonia
entre o primeiro casal e toda a criação constituíam o estado denominado “justiça
original”.
 A amizade de Adão e Eva com Deus advinha a felicidade de sua existência no Paraíso.

III. Onde o pecado abundou, a graça superabundou


 Com o progresso da Revelação é estabelecida também a realidade do pecado.
 É preciso conhecer a Cristo como fonte da graça para conhecer Adão como fonte do
pecado.
 A doutrina do pecado original é o reverso da Boa Notícia pela qual Jesus é o Salvador
de todos os homens, de que todos têm necessidade da salvação e de que a salvação é
oferecida a todos graças a Cristo.

IV. O pecado original


 A árvore do conhecimento do bem e do mal evoca simbolicamente o limite intransitável
que o homem, como criatura, deve livremente reconhecer e respeitar com confiança.
 O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu
criador e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus.
 Nisto consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, será uma
desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade.
 Com essa desobediência, Adão e Eva perdem de imediato a graça da santidade
original.
 A harmonia na qual estavam, estabelecida graças à justiça original, está destruída; o
domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é rompido; a união entre
homem e mulher é submetida a tensões; suas relações serão marcadas pela cupidez e
pela dominação.
 A morte entra na história da humanidade.
 A partir do primeiro pecado, uma verdadeira “invasão” do pecado inunda o mundo.
Consequências do pecado de Adão para a humanidade
 Com a certeza de fé que Adão nos transmitiu um pecado que por nascença afeta a
todos e é “morte da alma”, a Igreja ministra o Batismo para remissão dos pecados
mesmo às crianças que não cometeram pecado pessoal.
 Em virtude da “unidade do gênero humano” – o gênero humano inteiro é em Adão
como um só corpo de um só homem – todos os homens estão implicados no pecado de
Adão, como todos estão implicados na justiça de Cristo.
 Por isso o pecado original é denominado “pecado” de maneira analógica: é um pecado
“contraído” e não “cometido”, um estado e não um ato.
 O Batismo, ao conferir a vida de graça de Cristo, apaga o pecado original e faz o
homem voltar para Deus. No entanto, as consequências de tal pecado sobre a
natureza, enfraquecida e inclinada ao mal, permanecem no homem e o inclinam ao
combate espiritual.
 Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade.
Iniciada desde a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do
Senhor. Envolvido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem. Ele
não pode alcançar sua unidade interior senão com grandes esforços e com o auxílio da
graça de Deus.
 A vitória sobre o pecado, conseguida por Cristo, deu-nos bens melhores do que
aqueles que o pecado nos havia tirado: “Onde se multiplicou o pecado, a graça
transbordou” (Rm 5,20).
10. A IGREJA (CIC751-760) (CIC774-776)
I. As denominações e as imagens da Igreja
 Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” significa convocação e designa:
 Toda comunidade universal dos crentes. É o Povo que Deus reúne no mundo
inteiro.
 Existe nas comunidades locais e se realiza como assembleia litúrgica, sobretudo
eucarística.
 A Igreja vive da Palavra e do Corpo de Cristo e se torna, assim ela mesma, corpo de
Cristo.
 Na Sagrada Escritura, encontramos grande quantidade de imagens e figuras
interligadas, pelas quais a Revelação fala do mistério inesgotável da Igreja.
 As imagens encontradas no Antigo Testamento constituem variações de uma ideia de
fundo, a de “povo de Deus”. No Novo testamento, todas essas imagens encontram
novo centro pelo fato de Cristo tornar-se a “cabeça” desse povo, que é, então, seu
corpo.
 A igreja é o rebanho do qual próprio Deus prenunciou que seria o pastor. Suas ovelhas
são conduzidas e alimentadas pelo próprio Cristo.
 A Igreja é a lavoura ou o campo de Deus. Cristo é a videira, que dá a vida e
fecundidade aos ramos, que somos nós.
 A Igreja também é chamada de construção de Deus, onde é construída pelos
apóstolos. Essa construção recebeu vários nomes: casa de Deus na qual habita sua
família; morada de Deus no Espírito; tenta de Deus entre os homens; templo santo que
é representado pelos santuários de pedra; e Jerusalém celeste e nossa mãe. É ainda
descrita como a esposa imaculada do Cordeiro imolado.

II. Origem, fundação e missão da Igreja


 Todos os que creem em Cristo, o Pai quis chamá-los a formarem a santa Igreja.
 Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua
intensão é a salvação dos homens e se chama Igreja.
 A convocação da Igreja é, por assim dizer, a reação de Deus ao caos provocado pelo
pecado.
 Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reio dos Céus na terra. A Igreja é o
Reino de Cristo já misteriosamente presente.
 Este Reino manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença
de Cristo.
 Há antes de tudo a escolha dos Doze, com Pedro como seu chefe. Representando as
doze tribos de Israel, eles são as pedras de fundação da nova Jerusalém.
 Da mesma forma que Eva foi formada do lado de Adão adormecido, assim a Igreja
nasceu do coração transpassado de Cristo morto na cruz.
 Os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quis o Espírito Santo
difunde a graça de Cristo, que é a cabeça, na Igreja, que é seu corpo. A igreja,
portanto, contém e comunica a graça invisível que ela significa. É nesse sentido
analógico que ela é chamada de sacramento.
 A Igreja é, em Cristo como o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com
Deus e da unidade de todo o gênero humano. Ser o sacramento da união íntima dos
homens com Deus é o primeiro objetivo da Igreja.
 Como sacramento, a Igreja é o instrumento de Cristo. Nas mãos dele, ela é o
instrumento da redenção de todos os homens, o sacramento universal da salvação pelo
qual Cristo manifesta e atualiza o amor de Deus pela humanidade.
11. SACRAMENTO DA CRISMA (CIC 1302-1305)
 A confirmação aperfeiçoa a graça batismal.
 O ministro originário da Confirmação é o Bispo.

I. A Confirmação na economia da salvação


 No rito da confirmação há a imposição das mãos (origem do sacramento da
Confirmação) e a unção com óleo perfumado (crisma). Esta unção justifica o nome de
“cristão”, que significa “ungido” e que deriva a sua origem do próprio nome de Cristo,
ele que “foi ungido por Deus com o Espírito Santo”.

II. Os sinais e o rito da Confirmação


 A unção com o óleo dos catecúmenos, antes do batismo, significa purificação e
fortalecimento; a unção com o santo crisma depois do Batismo, na Confirmação e na
Ordenação é sinal de consagração.
 O selo espiritual (a marca) é o sinal da unção e aquilo que a unção designa e exprime.
 Este selo do Espírito Santo marca a pertença total a Cristo, o colocar-se a seu serviço,
para sempre, mas também é a promessa da proteção divina na grande provação
escatológica.

III. Os efeitos da Confirmação


 A confirmação produz crescimento e aprofundamento da graça batismal:
 Nos enraíza mais profundamente na filiação divina e nos une mais solidamente a
Cristo;
 Aumenta em nós os dons do Espírito Santo;
 Torna mais perfeita nossa vinculação com a Igreja;
 Nos dá uma força especial do Espírito Santo para difundir e defender a fé pela
palavra e pela ação, como verdadeiras testemunhas de Cristo; para confessar com
valentia o nome de Cristo; para nunca sentir vergonha em relação à cruz.
 A confirmação é dada uma só vez, pois imprime na alma uma marca espiritual
indelével, o “caráter”, que é sinal de que Jesus Cristo assinalou um cristão com o selo
de seu Espírito, o revestindo da força do alto para ser sua testemunha.
 O confirmado recebe o poder de confessar a fé de Cristo publicamente, e como que em
virtude de um ofício.
 Um candidato à Confirmação, que estiver atingido a idade da razão, deve professar a
fé, estar em estado de graça (confessar-se), ter a intensão de receber o sacramento,
estar preparado para assumir sua função de discípulo e de testemunha de Cristo, na
comunidade eclesial e nas ocupações temporais.
 Quando a confirmação é celebrada em separado do Batismo, sua vinculação com este
é expressa, entre outras coisas, pela renovação dos compromissos batismais.

12. OS FIÉIS DE CRISTO – HIERARQUIA, LEIGOS E VIDA


CONSAGRADA (CIC 871-945)
 Os fiéis são os que, incorporados a Cristo pelo Batismo, foram constituídos em povo de
Deus. Seguindo a condição própria de cada um, são chamados a exercer a missão que
Deus confiou para a Igreja cumprir no mundo.
 Todos os fiéis de Cristo têm verdadeira igualdade de dignidade e de ação, pela qual
todos cooperam na edificação do corpo de Cristo.
 As próprias diferenças que o Senhor quis estabelecer entre os membros de seu corpo
servem à sua unidade e à sua missão.
 Em ambas as categorias (hierarquia e leigos), há fiéis que, pela profissão dos
conselhos evangélicos, consagram-se, em seu modo especial, a Deus e servem à
missão salvífica da Igreja; seu estado, embora não faça parte da estrutura hierárquica
da Igreja, pertence à sua vida e santidade.

I. A constituição hierárquica da Igreja


 O próprio Cristo é a fonte do ministério na Igreja. Instituiu-a, deu-lhe autoridade e
missão, orientação e finalidade.
Por que o ministério eclesial?
 O enviado do Senhor fala e age não por autoridade própria, mas em virtude da
autoridade de Cristo; não como membro da comunidade, mas falando a ela em
nome de Cristo.
 A tradição da Igreja chama de “sacramento” este ministério, pelo qual os enviados
de Cristo fazem e dão, por dom de Deus, o que não podem fazer nem dar por si
mesmos.
 Visto que a palavra e a graça de que são ministros não são deles, mas de Cristo,
que as confiou a eles em vista dos outros, eles se farão livremente servos de todos.
 O ministério sacramental na Igreja é um serviço exercido em nome de Cristo. Ele
tem caráter pessoal e forma colegial. Isto se verifica nos vínculos entre o colégio
episcopal e seu chefe, o sucessor de Pedro, e na relação entre a responsabilidade
pastoral do Bispo por sua Igreja particular e a solicitude comum do colégio episcopal
pela Igreja universal.
O colégio episcopal e seu chefe, o Papa
 Cristo, ao instituir os Doze, os instituiu como colegiado ou grupo estável, ao qual
prepôs Pedro, escolhido dentre eles.
 Assim como, por disposição do Senhor, São Pedro e os outros Apóstolos
constituem um único colégio apostólico, de modo semelhante, o Romano Pontífice,
sucessor de Pedro, e os Bispos, sucessores dos Apóstolos, estão unidos ente si.
 Este ofício pastoral de Pedro e dos Apóstolos faz parte dos fundamentos da Igreja e
é continuado pelos Bispos, sob o primado do Papa.
 Enquanto composto de muitos, este colégio exprime a variedade e a universalidade
do povo de Deus e, enquanto unido sob um só chefe, exprime a unidade do rebanho
de Cristo.
 Os Bispos individualmente são o visível princípio e fundamento da unidade em suas
Igrejas particulares.
 Atualmente, as Conferências Episcopais podem contribuir, de forma múltipla e
fecunda, para que o espírito colegial se realize concretamente.
A tarefa de ensinar
 Os Bispos, junto com os presbíteros, seus cooperadores, “têm como primeira tarefa
anunciar o Evangelho de Deus a todos homens, segundo a ordem do Senhor.
 Pelo sentido sobrenatural da fé, o povo de Deus adere infalivelmente à fé, guiado
pelo Magistério vivo da Igreja.
 O ofício pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao cuidado para que o povo
de Deus permaneça na verdade que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou
ao Pastores do carisma de infalibilidade em matéria de fé e de costumes.
 A assistência divina é também dada aos sucessores dos Apóstolos, ao ensinarem
em comunhão com o sucessor de Pedro.
A tarefa de santificar
 O Bispo tem, igualmente, a responsabilidade de ministrar a graça do sacerdócio
supremo, em particular na Eucaristia, que ele mesmo oferece ou da qual garante
oblação pelos presbíteros, seus cooperadores, pois a Eucaristia é o centro da vida
da Igreja particular.
 O Bispo e os presbíteros santificam a Igreja por sua oração e seu trabalho, pelo
ministério da palavra e dos sacramentos.
A tarefa de reger
 Os Bispos, como vigários e delegados de Cristo, dirigem sua Igrejas particulares com
conselhos, exortações e exemplos, mas também com autoridade e com poder sagrado.
 Por sua vez, os fiéis devem, pois, estar unidos a seu Bispo como a Igreja a Jesus
Cristo, e Jesus Cristo ao Pai.
 Que ninguém faça sem o Bispo nada do que diz respeito à Igreja.

II. Os fiéis leigos


 Por leigos entende-se aqui todos os cristãos, exceto os membros das sagradas ordens
ou do estado religioso reconhecido na Igreja.
A vocação dos leigos
 É específico dos leigos, por suja própria vocação, procurar o Reino de Deus, exercendo
funções temporais e as ordenando segundo Deus.
 A eles, portanto, cabe de, maneira especial, iluminar e ordenar de tal modo todas as
coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam
segundo Cristo, cresçam e contribuam para o louvor do Criador e Redentor.
 A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de
descobrir, de inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e
econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristã.
 Eles têm a obrigação e gozam do direito, individualmente ou agrupados em
associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e
recebida por todos os homens e por toda a terra.
A participação dos leigos na missão sacerdotal de Cristo
 Os leigos, em virtude de sua consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo,
recebem a vocação admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles
frutos sempre mais abundantes.
 Assim, todas as suas obras, preces e iniciativas apostólicas; a vida conjugal e familiar;
o trabalho cotidiano; o descanso do corpo e da alma, se praticados no Espírito, e
mesmo as provações da vida, pacientemente suportadas, tornam-se sacrifícios
espirituais, agradáveis a Deus.
 De maneira especial os pais participam do múnus de santificação e de ensinar ao
levarem uma vida conjugal com espirito cristão e valerem pela educação cristã dos
filhos.
Sua participação no múnus profético de Cristo
 Cristo exerce seu múnus profético por meio dos leigos, fazendo deles testemunhas e os
provendo do sentido da fé e da graça da palavra.
 Os leigos exercem sua missão profética também pela evangelização nas condições
comuns do século, isto é, o anuncio de Cristo feito pelo testemunho da vida e pela
palavra.
 O verdadeiro apóstolo procura as ocasiões para anunciar Cristo pela palavra, seja aos
descrentes, seja para os fiéis.
Sua participação no múnus régio de Cristo
 Cristo comunicou ao seus discípulos o dom da liberdade régia, para que vençam em si
mesmos o reino do pecado, por meio de sua abnegação e vida santa.
 Além disso, unindo suas forças, os leigos purifiquem as instituições e as condições do
mundo, caso estas incitem ao pecado.
 Assim, todo leigo, em virtude dos dons que lhe foram conferidos, é, ao mesmo tempo,
testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja, segundo a medida do dom
de Cristo.

III. Vida consagrada


 Fiéis que pertencem ou aos ministros agrados (clérigos) ou aos leigos que, pela
profissão dos conselhos evangélicos, consagram-se a Deus e servem, assim, à missão
da Igreja.
 Os conselhos evangélicos, em sua multiplicidade, são propostos a todo discípulo de
Cristo.
 A perfeição da caridade, à qual todos os fiéis são chamados, comporta para os que
assumem livremente o chamado à vida consagrada a obrigação de praticar a castidade,
a pobreza e a obediência.
 Na vida consagrada, os fiéis de Cristo, se propõem, sob a moção do Espírito Santo,
seguir a Cristo mais de perto (mais intimamente), doar-se a Deus, amando acima de
tudo e, procurando alcançar a perfeição da caridade a serviço do Reino, significar e
anunciar na Igreja a glória do mundo futuro.
 Muitos dos fiéis que escolheram ter uma vida consagrada a Deus, por inspiração do
Espírito Santo, ou passaram a vida na solidão ou fundaram famílias religiosas, que a
Igreja, de boa vontade, recebeu e aprovou com sua autoridade.
A vida eremítica
 Embora nem sempre professem publicamente os três conselhos evangélicos, os
ermitas, por uma separação mais rígida do mundo, pelo silêncio da solidão, pela
assídua oração e penitência, consagram a vida ao louvor de Deus e à salvação do
mundo com uma profunda intimidade pessoal com Cristo.
As virgens e as viúvas consagradas
 Desde os tempos apostólicos, virgens e viúvas cristãs chamadas pelo Senhor a apegar-
se a Ele, em maior liberdade de coração, de corpo e espírito, tomaram a decisão de
viver respectivamente no estado de virgindade ou de castidade perpétua por causa do
Reino dos Céus.
 Acrescentada às outras formas de vida consagrada, a ordem das virgens constitui a
mulher que vive no mundo na oração, na penitência, no serviço a seus irmãos, no
trabalho apostólico, conforme o estado e os carismas respectivos oferecidos a cada
uma. As virgens consagradas podem se associar para guardar mais fielmente seus
propósitos.
A vida religiosa
 Nascida no Oriente, nos primeiros séculos do cristianismo, e vivida nos institutos
canonicamente erigidos pela Igreja, a vida religiosa distingue-se das outras
modalidades de vida consagrada pelo aspecto cultural, pela profissão pública dos
conselhos evangélicos, pela vida fraterna levada em comum, pelo testemunho da união
de Cristo com a Igreja.
 A vida religiosa é convidada a significar, em suas variadas formas, a própria caridade
de Deus, em linguagem de nossa época.
Os institutos seculares
 Instituto secular é um instituto de vida consagrada no qual os fiéis, vivendo no mundo,
tendem à perfeição da caridade e procuram cooperar para a santificação do mundo,
principalmente atuando em seu interior.
 Por uma vida perfeitamente e inteiramente consagrada a santificação, os membros
desses institutos participam da tarefa de evangelização da Igreja, no mundo e a partir
do mundo.
 Seu testemunho de vida cristã visa organizar as coisas temporais de acordo com Deus
e impregnar o mundo com a força do Evangelho.
As sociedades de vida apostólica
 Seus membros, sem votos religiosos, buscam a finalidade apostólica própria de sua
sociedade e, levando vida fraterna em comum, segundo o próprio modo de vida,
tendem à perfeição da caridade pela observância das constituições.
 Entre elas há sociedade cujos membros assumem os conselhos evangélicos, por meio
de algum vínculo determinado pelas constituições.
Consagração e missão: anunciar o rei que vem
 Entregue a Deus supremamente amado, aquele que, pelo Batismo, já estava a ele
consagrado é assim consagrado mais intimamente ao serviço divino e dedicado ao bem
da Igreja.
 Os que professam os conselhos evangélicos têm, pois, por missão primeira, viver sua
consagração. Mas enquanto dedicados, em virtude da própria consagração, ao serviço
da Igreja, têm obrigação de se entrega, de maneira especial, à ação missionária no
modo próprio de seu instituto.
 Aqueles que estão nessa vida “mais estreita” estimulam seus irmãos por seu exemplo,
dão este testemunho brilhante de que o mundo não pode ser transfigurado e oferecido
a Deus sem o espírito das bem-aventuranças.
 Como o povo de Deus não possui aqui na Terra morada permanente, o estado religioso
manifesta a todos os crentes, já aqui neste mundo, a presença dos bens celestes, dá
testemunho da vida nova e eterna adquirida pela redenção de Cristo, prenuncia a
ressureição futura e a glória do Reino celeste.
13. PRINCÍPIOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (DOCAT 84-
111)
 A Doutrina Social Católica conhece quatro princípios: o princípio da dignidade da
pessoa (personalidade), o princípio do bem comum, o princípio da subsidiariedade e o
princípio da solidariedade. Estes princípios são racionais e resultam da razão iluminada
pela fé cristã.
 Os cristãos atualmente enfrentam múltiplos problemas sociais, a partir desses
princípios é possível conhecer o que é humanamente digno, social e correto.
 Todos os princípios estão articulados uns com os outros. Se os aplicarmos juntos,
temos a possibilidade de compreender em profundidade uma realidade social.

I. Princípio do bem comum


 Pelo mandamento do amor a Deus e ao próximo, os cristãos são moralmente obrigados
a ajudar os outros, a servir ao bem comum, a assistir cada individuo no
desenvolvimento de uma vida humanamente digna e proteger grupos e comunidades
nos seus direitos.
 O bem comum é o conjunto das condições de vida social que permitem, tanto aos
grupos como a cada um dos membros, atingir mais plena e facilmente a própria
perfeição.
 O fim de cada pessoa é realizar o bem, o fim da sociedade é o bem comum.
 Devemos pensar além das próprias necessidades, não só no bem-estar material e
exterior, mas também no bem-estar espiritual.
 Quando existe alguém que tem mais que o suficiente e outro alguém que não tem o
necessário, a questão não é caridade e sim de justiça.
 A propriedade privada torna-se um importante fundamento para a liberdade e
responsabilidade dos cidadãos. Se alguém precisar de ajuda, devemos oferecer o que
temos de privado também a essas pessoas.
 Na utilização de um bem não deve, portanto, ter-se em vista apenas a utilidade própria,
mas o bem-estar de todos os homens, portanto, o bem comum.
II. Princípio da subsidiariedade
 Quando a unidade inferior não tem condições de resolver o problema e precisa de
ajuda, a instancia superior deve dá-la. Pois a iniciativa pessoal deve ser fortalecida,
porque pode ajudar a si mesmo representa um componente significativo na dignidade
da pessoa.
 Cada um de nós deve tratar dos seus problemas e só pedir ajuda a instâncias
superiores quando sozinho não é capaz.
 Os cristãos procuram a participação solidária no destino da sua comunidade civil e
assim, assumem a sua responsabilidade na construção do mundo.

III. Princípio da solidariedade


 Ninguém pode viver apenas para si, é sempre dependente dos outros, e não apenas
para experimentar uma ajuda prática, mas também para ter um interlocutor e poder
crescer e desenvolver plenamente a sua personalidade através do debate de ideias, de
argumentos, de necessidades e de desejos.
 Solidariedade é um princípio social pois serve para vencer as estruturas do pecado e
construir uma civilização no amor; é também uma virtude moral pois quer dizer um
empenho concreto e decidido em favor do bem-estar de todos os homens.
 O princípio da solidariedade pressupõe que os homens do nosso tempo estejam cada
vez mais conscientes dos seus compromissos para com a sociedade a que pertencem.
 Daí resulta a obrigação de estarmos conscientes de que nas próprias ações e decisões
temos de considerar os outros e mesmo as futuras gerações.

IV. Princípio da dignidade


 Todos os valores estão ligados a dignidade da pessoa. Eu tenho de ter determinados
valores e ligar-me pessoalmente a eles para poder ter uma vida comprometida e inserir-
me confiantemente na sociedade.
 Há três valores que são fundamentais: verdade, liberdade (liberdade de escolher, de
dar sua opinião e obter responsabilidades) e justiça (dar a Deus e ao próximo aquilo
que lhes é devido). Todavia, para que a vida humana em sociedade seja realmente
bem-sucedida, é preciso acrescentar a caridade e a misericórdia.
 Todos os valores tem origem em Deus. Deus não tem amor, Deus é amor. Por isso o
amor ao próximo deve ser o ponto central que oriente toda a ação social.
 Se eu tiver caridade, serei honesto, aceitarei a liberdade dos outros e me esforçarei
pela justiça. A caridade ultrapassa a justiça, porque não dou ao outro apenas aquilo a
que ele tem direito, mas quero fazer-lhe bem de todo o coração.
14. TEMAS DA ATUALIDADE

14.1. QUESTÕES SOBRE A FAMÍLIA


Ataques a família
 Divórcio: Mostrando proximidade às famílias destruídas pelo mal da separação, o
Papa pediu aos pais que não transformassem os seus filhos em reféns.
 O que fazer: "Separastes-vos devido a muitas dificuldades e motivos, a vida deu-vos
esta provação, mas os filhos não devem carregar o fardo desta separação", disse
Francisco. "Que eles cresçam ouvindo a mãe falar bem do pai, embora já não
estejam juntos, e o pai falar bem da mãe".
 Ideologia de Gênero: Em vez de reconhecer que Deus criou as pessoas como
homens e mulheres, a ideologia afirma que (o ser homem e o ser mulher) são
construtores sociais e que agora nós podemos decidir o que seremos.
 O que fazer: Deus criou o homem e a mulher, as duas sexualidades distintas, mas
iguais, instituiu o matrimônio e a família, bem como as leis que regulam a moral.
Portanto, os cristãos devem defender a cultura que enfatiza e respeita as diferenças
entre homens e mulheres e o valor da família. Além disso, o pai e a mãe devem ser
capazes de sacrificar o seu egoísmo e suas comodidades para viver o casamento
cristão e educar seus filhos na fé.
 Nas escolas: falam sobre como evitar uma gravidez, ensinam a usar toda sorte de
anticonceptivos; incentivam abertamente a prática da masturbação; Criminosamente,
porém, no meio de tudo isso, não se pronuncia uma palavra sequer a respeito da
família. No sexo, vale tudo (a qualquer momento, com a pessoa que quiser e com “o
gênero” que quiser) – exceto ter filhos. Ter sexo, de qualquer jeito – menos dentro da
família. Parecem ser os lemas dos manuais produzidos pelos pedagogos e educadores
contemporâneos.
 O que fazer: Papa Francisco pediu: “Oremos para que o Senhor conceda aos pais
esta graça: a de não se autoexilarem da educação dos seus filhos."
14.2. IDEOLOGIA DE GÊNERO
O que é
 Entende-se por ideologia de gênero que ninguém nasce homem ou mulher, mas pode
escolher o que quer ser. Pois comportamentos e definições do ser homem ou mulher
não são coisas dadas pela natureza e pela biologia, mas pela cultura e pela sociedade,
segundo a ideologia de gênero.
 Nem tudo que é cultural é errado, muito ao contrário, o cultural pode ser estruturante e
saudável para a sobrevivência de uma sociedade, de uma tribo ou de uma comunidade.
Os papéis (muitas vezes realçados pelos brinquedos infantis, pelas cores etc.) são de
extrema importância para o psiquismo saudável, para que a pessoa possa construir sua
identidade, inclusive a sexual.
 A ideologia de gênero quer incutir na nossa mente que esses papéis são apenas
criações culturais machistas e patriarcais para a dominação do homem sobre as
mulheres. Mas será que um homem pode exercer o papel de mãe? Será que uma
mulher pode ter a mesma força física de um homem de forma natural, sem nenhum
recurso externo como hormônios masculinos? Será que um homem que nasce homem
poderá mesmo ser mulher um dia?

O que diz a Igreja


 O Papa Francisco afirma que “a ideologia de gênero é um erro da mente humana que
provoca muita confusão. Portanto, a família está sendo atacada.” Em vez de
reconhecer que Deus criou as pessoas como homens e mulheres, a ideologia afirma
que (o ser homem e o ser mulher) são construtores sociais e que agora nós podemos
decidir o que seremos.
 A Doutrina Católica não pode ficar indiferente diante de uma ideologia que tem como
objetivo atacar a família, o matrimônio, a maternidade, a paternidade, a moral na vida
sexual e a vida pré-natal. Deus criou o homem e a mulher, as duas sexualidades
distintas, mas iguais, instituiu o matrimônio e a família, bem como as leis que regulam a
moral. Portanto, os cristãos devem defender a cultura que enfatiza e respeita as
diferenças entre homens e mulheres e o valor da família.

Ideologia de gênero nas escolas


 O Papa Francisco afirma ainda que, “isso é colonização ideológica”, ou seja, “coloniza-
se as pessoas com uma ideia que quer mudar uma mentalidade ou uma estrutura.”
Nessa colonização, existe o plano para implantar a ideologia de gênero nas escolas
através dos “Planos Municipais de Educação”.
 Os Bispos católicos do Estado de São Paulo (Regional Sul 1 da CNBB) declaram que,
as consequências da introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas
contradizem frontalmente a configuração antropológica de família, transmitida há
milênios em todas as culturas. Isso submeteria as crianças e os jovens a um processo
de esvaziamento de valores cultivados na família, fundamento insubstituível para a
construção da sociedade.
 Métodos para alterar a moral sexual e remodelar o conceito de família fazem parte de
uma estratégia meticulosamente traçada para manipular as consciências, reduzir o
índice populacional e instaurar um governo totalitário no mundo inteiro. Para atingir tal
objetivo, nada melhor do que começar com a infância: assim como a cera mole pode
ganhar qualquer forma que se queira imprimir-lhe, quanto mais cedo as mentes
humanas recebem as ideias, tanto mais elas se arraigam e mais difícil se torna tirá-las.
 Em resumo, os chamados "especialistas" já se sentem os responsáveis pela educação
das crianças. Pouco importa que os pais sejam a favor ou contra a ideologia de gênero;
que eles tenham lotado as câmaras legislativas do Brasil para protestar contra essa
teoria perversa. Os "especialistas" acham que sabem o que é melhor para os nossos
filhos e vão colocar a matéria dentro das salas de aula, queiram ou não as famílias. Se
isso já não é uma espécie de totalitarismo, estamos bem próximos de chegar lá.

O que fazer
 Como responder a essa ideologia perversa? A solução está dentro das famílias, nas
escolhas que os homens e mulheres de nosso tempo fizerem para esta e para as
futuras gerações. Seremos capazes de sacrificar o nosso egoísmo e as nossas
comodidades para viver o casamento cristão e educar os nossos filhos na fé? Estamos
dispostos a dizer "sim" ao maravilhoso projeto de Deus para o ser humano?
 Deus criou o homem e a mulher, as duas sexualidades distintas, mas iguais, instituiu o
matrimônio e a família, bem como as leis que regulam a moral. Portanto, os cristãos
devem defender a cultura que enfatiza e respeita as diferenças entre homens e
mulheres e o valor da família. Além disso, o pai e a mãe devem ser capazes de
sacrificar o seu egoísmo e suas comodidades para viver o casamento cristão e educar
seus filhos na fé.
14.3. ABORTO
 A realidade do aborto pode acontecer de duas formas: o espontâneo e o provocado. No
aborto espontâneo, acontece a interrupção da gravidez por causa naturais, sem a livre
intervenção humana. No aborto provocado, acontece uma livre intervenção da pessoa
humana.
 A Doutrina da Igreja esclarece que quanto ao aborto espontâneo, isto é, aquele por
causas naturais, não existe aí problemas morais, pois não há ato positivo e livre da
pessoa. Contudo, quando há aborto provocado, a Igreja faz alguns apontamentos com
base numa antropologia-teológica, que são (COELHO, 2007, p. 19):
 Desde o momento da concepção, a vida humana é imediatamente criada por Deus;
 A “alma espiritual” de cada pessoa humana é imediatamente criada por Deus;

Aborto provocado
 Deus [...], Senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum
modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve,
pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da
concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis» (Gaudium et spes, 51).
 “Não matarás” (Ex 20, 13) e vários outros textos bíblicos nos alertam para a importância
de cumprirmos este mandamento.
 A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento
da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos
a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o
ser inocente à vida (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum vitae, 1,
1). «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi: antes que saísses do seio da
tua mãe, Eu te consagrei» (Jr 1, 5). «Vós conhecíeis já a minha alma e nada do meu
ser Vos era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da
terra» (Sl 139, 15).

Consciência em questão
 O grande argumento dos abortistas-assassinos é que cada pessoa responde por sua
consciência. Eles lançam mão do que consideram ser a liberdade do corpo para
justificar tal posicionamento. Porém, a liberdade do corpo requer consciência. Baseado
no catecismo da Igreja Católica sobre o ato moral (1730- 1802), as grandes questões
são: O que é pecado? Quem forma a nossa consciência? Que direito tem a Igreja de
intervir na consciência de uma pessoa?
 Fala-se, erroneamente, que o Estado tem que preservar a pessoa e a Igreja, salvar a
alma! Quem disse que a Igreja quer salvar só almas? Ou a Igreja salva o homem todo,
ou não salva ninguém.
 Se o pecado fosse subjetivo à pessoa, significaria dizer que depende da consciência
dessa pessoa dizer se isso é ou não pecado? Tanto o pecado quanto o moral não são
subjetivos. Isso não significa que você será o juiz dos seus atos.
 Deus disse a Moisés: “Amarás o senhor teu Deus”; “Não Matarás” … Ele não promoveu
uma assembleia para o povo votar. A lei veio de Deus para o homem. Deus revela, o
homem aceita, ou não aceita. Existe elementos na Igreja que nenhum papa pode
mudar, porque foi revelado por Deus. É o caso de: NUNCA se poderá abrir mão dos
dez mandamentos.
 O povo de Deus é a palavra e o magistério. Magistério é quando a Igreja se pronuncia
baseada na Palavra e na sua tradução. Nós, cristãos, podemos não concordar, mas
temos que assentir. Isto é, concordar mesmo tendo incredulidades.
 O próprio catecismo da Igreja Católica traz três regras para a escolha da nossa
consciência:
1ª – Nunca é permitido praticar um mal para que resulte dele um bem. O fim não
justifica os meios. Essa frase nós conhecemos mais.
2ª – Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. (Mt 7, 12).
3ª – A caridade respeita sempre o próximo e sua consciência: “Pecando contra vossos
irmãos e ferindo a sua consciência, pecais contra Cristo” (1Cor 8,12). “É bom se abster
de tudo o que seja causa de tropeço, de queda ou enfraquecimento para teu irmão”
(Rm 14,21) (CIC 1789).
 No que se refere ao aborto provocado em algumas situações difíceis e complexas, é
válido o ensinamento claro e preciso do Papa João Paulo II: “É verdade que, muitas
vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um carácter dramático e doloroso: a
decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente
egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens
importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros
da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam
a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas estas e outras razões
semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a
supressão deliberada de um ser humano inocente” (Evangelium vitae, 58).

Sim à vida
 A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta desde o momento
da concepção. A cooperação formal do aborto constitui uma falta grave. A Igreja é
contra! Veja o que ela diz: “O diagnóstico pré-natal é moralmente lícito desde que
respeite a vida e a integridade do embrião. Qualquer atitude contrária que provoque o
aborto é crime. Um diagnóstico médico não pode ser como uma sentença de morte
para o feto” (Novo catecismo nº 2274). “Um diagnóstico de má formação do cérebro,
dos pés, ou qualquer outro problema não pode ser suficiente para se dar uma pena de
morte para o embrião”. (Gaudium et spes.51§3).
 Ainda que tenha havido uma concepção por estupro, não se justifica esse mal, pois a
justiça deve punir o agressor e não a criança, tirando-lhe a vida. Ainda que uma criança
esteja sendo gerada com alguma deficiência, não se justifica matá-la; ao contrário, as
verdadeiras civilizações se caracterizam por proteger os mais fracos, e não por os
matar.
 A mãe jamais tem o direito de eliminar um filho que está em gestação; é uma vida
independente dela; e a mulher, acima de tudo, foi criada para dar e gerar a vida. Ainda
que o nascituro esteja temporariamente dentro do corpo de sua mãe, ele não é parte
deste corpo. É um descalabro uma mãe matar o próprio filho, nem a cobra venenosa
faz isso.
 A Igreja não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente,
manifesta a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente
que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade.

O que fazer
 Também o Código de Direito Canônico, quando trata sobre a temática do aborto, faz as
seguintes afirmações: “Os fetos abortivos, se tiverem vivos, sejam batizados, enquanto
possível” (Cân. 871). O Código continua ainda: “Quem provocar aborto, seguindo-se o
efeito, incorre em excomunhão “latae sententiae’” (Cân. 1398).
 Não podemos cruzar os braços! Os indefesos, aos quais Jesus se referiu quando disse:
“Aquele que fizer mal a um desses pequeninos será réu do inferno”. Devemos dizer que
somos pró-vida e lutar por esses pequeninos.
14.4. EUTANÁSIA
 Etimologicamente, a palavra eutanásia significava, na antiguidade, uma morte suave
sem sofrimentos atrozes. Acontece ainda que, o termo está a ser utilizado num sentido
mais particular, com o significado de « dar a morte por compaixão », para eliminar
radicalmente os sofrimentos extremos, ou evitar às crianças anormais, aos incuráveis
ou doentes mentais, o prolongamento de uma vida penosa, talvez por muitos anos, que
poderia vir a trazer encargos demasiado pesados para as famílias ou para a sociedade.
 O termo eutanásia é usado quando uma pessoa age diretamente com a intenção de
tirar a vida do outro. Por exemplo, quando um médico dá uma injeção letal ou tira um
remédio para provocar a morte de alguém. Consiste, portanto, em apoderar-se da
morte, provocando-a antes do tempo e, desse modo, pondo fim “docemente” à própria
vida ou à vida alheia.
 A Igreja, “que está sempre ao lado da vida”, como afirmou João Paulo II, ensina que
devemos ter um respeito especial por aqueles cuja vida está diminuída ou
enfraquecida. As pessoas doentes ou deficientes devem ser amparadas para levar uma
vida tão normal quanto possível, e nunca as eliminar ou lhes apressar a morte.
 Ninguém está imune ou livre do sofrimento e da doença (é condição humana). A
experiência da doença revela a fragilidade da existência humana, é uma possibilidade
concreta, eticamente falando, de a pessoa descobrir o valor da vida, porque ou lhe dá
sentido ou fracassa, não tem meio termo. A etapa final da vida merece ser cuidada
assim como as demais fases. Falecer com dignidade traz à discussão a qualidade de
vida no processo de morrer.
 Por isso, na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis, é permitido ao médico
limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente,
garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao
sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do
paciente ou de seu representante legal (Res. n.1.805/2006, CFM). O direito à morte
digna, a partir da ortotanásia, é fundamentado na dignidade da pessoa humana.

Eutanásia direta e indireta


 Distingue-se a eutanásia direta da eutanásia indireta ou negativa. A eutanásia direta é o
ato de matar o paciente. Vem a ser um homicídio ilícito. Nem mesmo a compaixão para
com o paciente justifica a eliminação de sua vida, pois os fins não justificam os meios.
Sabemos que, muitas vezes, é no momento de sofrimento que a pessoa tem seu
encontro com Deus, se converte, se confessa e encontra a salvação de sua alma. Ao
apressar-se a morte da pessoa, por uma falsa caridade, pode-se tirar dela a
oportunidade que o próprio Deus quer lhe dar.
 A eutanásia indireta consiste em não dar ao paciente os meios de subsistência. Estes
podem ser ordinários (soro, alimentação, injeções,…) ou extraordinários
(desproporcionais). Não é lícita a suspensão de meios ordinários, pois equivale ao
homicídio indireto. Quanto aos meios extraordinários, observe-se o seguinte: quando os
recursos extraordinários (maquinaria tecnológica das UTIs) não produzem efeitos
proporcionais à parafernália aplicada, é lícito desligá-las desde que os médicos não
vejam probabilidade de melhora do paciente. Essa possibilidade deve ser
criteriosamente avaliada, de modo a evitar precipitação ou tendências egoístas. Assim
se evita a distanásia (a morte dolorosa) como também se evita a eutanásia direta.
Pratica-se então a ortotanásia, que é o procedimento correto.

O que fazer
 A ortotanásia dá assistência médica e afetiva ao paciente terminal, para ele morrer com
tranquilidade. Nesse caso, o doente recebe cuidados e medicamentos paliativos, que
não vão curá-lo, mas evitam um sofrimento maior até o momento em que a morte
venha naturalmente.
 A bioética, nesse caso, está intrinsecamente ligada ao cuidado, aos prolongamentos e
às abreviações da vida. Ela prega, na verdade, a ortotanásia, que é a morte no seu
tempo certo, reta, digna, sensível ao processo de humanização. Como afirma o
Catecismo da Igreja Católica (2279): “Mesmo quando a morte é considerada iminente,
os cuidados comumente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente
interrompidos. O emprego de analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo,
ainda que com o risco de abreviar seus dias, pode ser moralmente conforme a
dignidade humana se a morte não é desejada, nem como fim nem como meio, mas
somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem numa
forma privilegiada de caridade desinteressada. Por essa razão, devem ser
encorajados”.

 É dever de cada um cuidar da sua saúde ou fazer-se curar. Aqueles que têm o cuidado
dos doentes devem fazê-lo conscienciosamente e administrar-lhes os remédios que se
julgarem necessários ou úteis.

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